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Políticas e Instituições
Programa de Educação a Distância
MINISTRO DA SAÚDE
Humberto Costa
PRESIDENTE
Paulo Marchiori Buss
COORDENADOR GERAL
Antonio Ivo de Carvalho
COORDENADOR
Paulo Amarante
COORDENADORES ADJUNTOS
João Paulo Lyra da Silva
Rosemary Corrêa Pereira
AUTORES
Ana Carla Silva
André Luís Duval Milagres
Denise Dias Barros
Ernesto Aranha Andrade
Jacob Portela
João Paulo Lyra da Silva
Maria Goretti Andrade Rodrigues
Marta Moreira Nunes
Patty Fideles da Silva
Paulo Amarante
Rosemary Corrêa Pereira
Waldir da Silva Souza
EQUIPE TÉCNICA-PEDAGÓGICA
Lúcia Maria Dupret Vassalo do Amaral Baptista
Henriette Santos
PRODUÇÃO
Interligar Comunicação Interativa
www.interligar.com.br
PROJETO GRÁFICO
Heron Machado Rocha
Ana Cristina Secco
CAPA
Ilustração de Heron Machado Rocha com base em desenho de M. C. Escher (1898 - 1972)
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Lila Montezuma Gomes
Luciana Gomes
REVISÃO
Fernanda Veneu
Agradecimentos
Ernesto Venturini, CEBES, Cláudia Ehrenfreund, Pasquale Evaristo, Giuseppe Dell’Acqua, Manuel Desviat, Thiago de França,
Alexandre Bellagamba e Leandra Brasil da Cruz.
Sumário
GUIA DO ESTUDANTE 7
MÓDULO 1 23
As Origens Históricas e Conceituais da Medicina Moderna e das
Políticas de Saúde
MÓDULO 2 39
A Transformação do Hospital em Instituição Médica e sua
Importância no Desenvolvimento da Medicina Contemporânea
MÓDULO 3 51
A Clínica e a Anatomia Patológica como Bases da
Medicina Científica Moderna
Apresentação
Parabéns por sua iniciativa!
A partir de agora você é aluno do Curso de Educação a Distância em Saúde Mental da Escola Nacional de
Saúde Pública (Ensp), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Nosso desejo é poder fazer, junto com você, um
bom trabalho.
Para o melhor proveito é importante que você compreenda o porquê desse curso, em que ele se baseia, a
quem ele se dirige e de que forma ele vai funcionar. Sendo assim, sugerimos que você leia com atenção este
Guia do Estudante.
Lembre-se de que, com nossa equipe de especialistas e orientadores da aprendizagem, estaremos sempre
ao seu lado neste caminho.
• O material didático
• A orientação
• A avaliação
Como já foi dito, além do acesso pela página Web do curso, você terá à sua
disposição diversas outras maneiras de se comunicar com seu orientador.
Através do telefone 0800-225530 você poderá, em horário e dias predetermina-
dos, fazer contato com seu orientador, apresentando seus problemas e
dúvidas.
Podem ser feitas também consultas individuais ou em grupo por fax ou correio
eletrônico. Assim, suas questões, argumentações e respostas podem ser coloca-
das por escrito. Alunos que moram próximos podem se reunir e elaborar consultas
de caráter coletivo.
A vantagem de escrever suas questões e argumentações é que ajuda você a
elaborar mais precisamente a discussão ou dúvida que tenha. É um esforço que,
por si mesmo, contribui para ir solucionando os problemas. O retorno será dado no
menor tempo possível e pelo mesmo meio utilizado por você.
Informações adicionais
Após você ter concluído o seu curso a distância em Saúde Mental, você passa-
rá integrar o nosso fórum de ex-alunos. Esse fórum tem como objetivo mantê-lo
atualizado e participando das discussões do campo da Saúde Mental. A organiza-
ção do fórum promoverá, entre outras atividades, listas de discussões, intercâm-
bio entre profissionais, acesso a informações atualizadas sobre a área. O fórum
privilegiará as ferramentas da Internet para o seu funcionamento.
Uma observação importante: uma vez iniciado, o curso é individual e
intransferível.
Somente após a confirmação de sua matrícula por correspondência pela Ensp,
você poderá solicitar a orientação à distância (esclarecimento de dúvidas via
correio, fax e correio eletrônico).
Apresentação
Neste módulo, estudaremos as origens da medicina dita moderna. Serão abordados os principais proces-
sos de constituição da medicina como práticas públicas, experiências pioneiras fundamentais que ocorreram
na Alemanha, na França e na Inglaterra.
Objetivos
• Conhecer e analisar as características históricas do nascimento da medicina social na Alemanha,
na França e na Inglaterra.
• Refletir sobre as relações entre o desenvolvimento da medicina e as condições históricas e sociais.
• Analisar e refletir sobre o processo de formulação de políticas públicas de saúde.
• Construir um pensamento crítico sobre as práticas de saúde e suas relações com o processo social.
Neste contexto, pela ação da medicina urbana, a prática médica começou a ter
contatos com outras áreas de conhecimento. Foi devido a este investimento de
analisar o ar, as águas, os esgotos e assim por diante, que a medicina passou a
relacionar-se regularmente com algumas ciências não médicas, principalmente a
química, mas também a física.
Neste contexto, a pobreza passou a ser vista como ameaçadora à ordem pública,
seja como potencial força revolucionária, seja como possível portadora e transmis-
sora de doenças (por exemplo, na década de 1830 houve uma grave epidemia de
cólera na Europa). Essa era a pobreza que se tornou objeto de políticas públicas.
Workhouses – Asilos de trabalho Os curadores, função criada pela Emenda de 1834, serviam não aos interesses
– instituições para o provimento de dos pobres, mas dos pagadores de taxas, ricos como eles. Costumavam defender
emprego para os pobres e de
subsistência para os “fracos”. que os pobres eram responsáveis pelo estado de miséria em que viviam. Cada
Existiram na Inglaterra do século paróquia ou consórcio de paróquias teria uma workhouse. O sistema da assistên-
XVII até o século XIX e também em
países como a Holanda e os da
cia externa, que havia mantido os pobres em suas próprias comunidades (com
América Colonial. algumas exceções), foi abolido.
Leituras recomendadas
FOUCAULT, Michel, 1977. O Nascimento da Clínica. Rio de Janeiro: Editora Foren-
se Universitária.
MACHADO, Roberto, 1988. Ciência e Saber: a trajetória da arqueologia de Michel
Foucault. Rio de Janeiro, Graal.
Dicas de filmes
Tempos modernos – Direção de Charles Chaplin, com Charles Chaplin e
Paulette Goddard. Sátira sobre o processo de industrialização e à mecanização
do trabalho que levam um operário à loucura. Na época de seu lançamento, foi
proibido na Itália e na Alemanha.
Avaliação
Você poderia estabelecer relações entre as experiências históricas que
estudamos (medicina de Estado, medicina urbana e medicina da força
de trabalho) com alguma política atual de saúde (vigilância sanitária, vigilância
epidemiológica, saúde e meio ambiente, medicina do trabalho) existentes no
Brasil, ou em seu estado ou cidade? Pense bem, pesquise e envie seu texto.
Estamos esperando!
Apresentação
Neste módulo veremos as transformações ocorridas com o hospital que, de instituição religiosa e filantrópi-
ca, de caridade aos pobres e necessitados, tornou-se uma instituição médica. Analisaremos como se deu este
processo e quais foram as estratégias que possibilitaram tal transformação. Estudaremos ainda a importância
que o hospital passou a ter no desenvolvimento da medicina, tanto no que diz respeito à produção de conhe-
cimentos médicos, quanto para a própria reprodução do saber e da prática médica, como um espaço privile-
giado de formação dos quadros de saúde.
Objetivos
• Conhecer as características do hospital como instituição religiosa e filantrópica de assistência aos pobres e
necessitados.
• Analisar as condições que possibilitaram a transformação do hospital em instituição médica.
• Identificar as condições históricas de possibilidades nas quais se deu tal transformação.
• Reconhecer a importância do hospital no desenvolvimento e na reprodução do saber e da prática médica
contemporâneos.
Não. O hospital não era uma instituição médica, e sim religiosa, filantrópica, de
caridade, de assistência aos pobres e desamparados.
Como sabemos, o termo hospital vem do latim hospitale, que significa hos-
pedaria, hospedagem, ou aquele/aquilo que pratica a hospitalidade, que é
hospitaleiro.
Sua missão era praticar a caridade, prover um teto, uma roupa, um prato de
comida aos necessitados; estender a mão a quem nada tinha; sobretudo, pregar
e praticar a palavra de Deus servindo ao próximo.
Mas o Hospital Geral de Paris não parece ter sido uma insti-
tuição médica!?
Leituras recomendadas
FOUCAULT, Michel, 1977. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes.
GOFFMAN, Erwin, 1977. Manicômios, Prisões e Conventos. São Paulo: Perspectiva.
MACHADO, Roberto; MURICY, Kátia; LOUREIRO, Angela & LUZ, Ricardo, 1978.
Danação da Norma – Medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de
Janeiro: Graal.
Avaliação
Vimos que a medicina contemporânea desenvolveu-se basicamente
no interior do hospital. Desta feita, o saber médico sobre as doenças
seria um saber construído sobre uma doença transformada pela experiência
da institucionalização. Em outras palavras, ao isolar os doentes no hospital para
poder conhecer as doenças, a medicina teria interferido sobre o próprio processo
patológico. Procure, assim, desenvolver, quais as conseqüências da instituciona-
lização sobre as doenças mentais; seria possível que a hospitalização tivesse
transformado as doenças mentais?
Escreva suas considerações em duas ou três páginas e envie para seu orienta-
dor. Lembre-se que, nas referências bibliográficas e na leitura recomendada, você
poderá encontrar mais informações e argumentos.
Bom trabalho! Estamos aguardando seu texto!
Apresentação
Nesta unidade, veremos de que maneira a medicina, como ciência, associa duas vertentes: 1) a da prática
médica, aqui denominada “experiência clínica”, o lugar da relação médico-paciente e 2) a da “medicina
interna”, ou a vertente da anatomia patológica, que “abre os corpos” para ver o que existe em seu interior, para
ver as causas internas das doenças. Se a primeira busca tanto o discurso quanto a experiência do indivíduo
como doente, a segunda é o domínio do saber exclusivo do médico, que olha e identifica o que “há de errado
nos órgãos, nos exames”. A associação das duas vertentes vai desenhar a medicina moderna, nascida no
século XVIII.
Abordaremos, aqui, as origens e a constituição da experiência clínica e da anatomia patológica como base
da ciência médica. Veremos a transformação da prática médica clássica em uma medicina considerada
científica, que caracteriza o que denominamos medicina moderna. Estudaremos as bases históricas e institu-
cionais da clínica e da anatomia patológica, assim como os princípios teóricos e conceituais da nova experiên-
cia, denominada anátomo-clínica.
Objetivos
• Analisar a ruptura entre a medicina clássica e a medicina moderna.
• Conhecer o nascimento da clínica e da anatomia patológica como bases da medicina científica.
• Identificar as condições históricas que possibilitaram tais experiências.
• Identificar os princípios teóricos e conceituais da clínica médica e da anátomo-clínica.
A anátomo-clínica
Paralelamente ao início da atuação regular do médico no hospital, como vimos
no módulo anterior, ocorria a superação de racionalidades místicas e mágico-
religiosas, tornando possível a abertura de cadáveres: o corpo humano deixava
de ser sagrado para tornar-se objeto de conhecimento científico.
Como o próprio nome indica, o nascimento da anátomo-clínica foi o resultado
da relação constitutiva da clínica com a anatomia patológica. Seria a reunião da
experiência vivida pelo doente, a narrativa de sua doença, com a escuta do médi-
co e seu exame de sinais e sintomas, com a possibilidade de ter acesso ao
mecanismo interno de funcionamento de órgão e tecidos, identificando as causas
das disfunções.
A clínica foi buscar na filosofia de Condillac a descoberta de um princípio que é,
ao mesmo tempo, universal e uma leitura metódica que, percorrendo as formas de
decomposição, descrevia as leis da composição. Assim, começou a se produzir Sinais – São os aspectos
uma mudança fundamental com relação à clínica e à medicina classificatória que constatáveis, verificáveis pelos
sentidos de um observador,
implicou o deslocamento do espaço da percepção da doença considerada como associados à experiência de uma
essência nosológica para o corpo doente. doença vivida por alguém.
Exemplo: aumento da temperatura
corporal na febre.
Leituras recomendadas
MACHADO, Roberto, 1988. Ciência e Saber: a trajetória da arqueologia de Michel
Foucault. Rio de Janeiro: Graal.
BERCHERIE, Paul, 1989. Os Fundamentos da Clínica – história e estrutura do saber
psiquiátrico. Rio de Janeiro: Zahar.
Dicas de filmes
O outro lado da nobreza – Direção de Michael Hoffman. Com Robert Downey
Jr., Meg Ryan e Hugh Grant. Ganhador de dois Oscar, retrata a história de um
estudante de medicina no século XVII, abordando a concepção científica da me-
dicina moderna, que então surgia, e a estrutura social da época.
Avaliação
Faça uma pesquisa nos livros que você tem ou conhece, sobre como os
autores definem clínica. Procure debater e questionar com os mesmos:
levante questões e faça comentários sobre as definições que você encontrar. Ou,
se preferir, faça uma ou duas entrevistas com clínicos que você conhece, ou com
os quais você trabalha, sobre as opiniões que têm, conceitos e técnicas relaciona-
das à clínica que praticam. Lembre-se, a questão não deve ultrapassar duas pági-
nas. Boa sorte! Aguardamos seu texto!
Módulo 1
Módulo 2
Pág. 46 - A liberdade liderando o povo, pintura de Eugène Delacroix (1798-1863), Museu do Louvre, Paris
Módulo 3
Pág. 53 - Hospital em Arles, pintura de Vincent Van Gogh (1853-1890), coleção Oscar Reinhart
Pág. 56 - A lição de anatomia do dr. Nicolaes Tulp, pintura de Rembrandt van Rijn (1606-1669), Museu Mauritshuis, Haia