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1. ACTOS EM GERAL
1.1. Disposições Comuns
- Princípio da limitação dos actos
- Forma dos actos
- Língua a empregar nos actos
- Obrigatoriedade de tradução de documentos em língua
estrangeira
- Quando se praticam os actos
- Regra da continuidade dos prazos
- Modalidades do prazo: dilatório e peremptório
- Conceito de justo impedimento
1.2. Actos das partes
1.3. Actos dos magistrados
1.4. Actos da secretaria
1.5. Comunicação dos actos e formas de requisição
1.6. Nulidade dos actos: regras gerais e as especialmente previstas no
Código de Processo Civil; regra geral sobre o prazo de arguição
2. ACTOS EM ESPECIAL
2.1 Distribuição e disposições gerais;
2.2 Citações e Notificações
- Disposições comuns
2.3 Citação
- Modalidades: via postal, por funcionário judicial, com hora certa,
por mandatário judicial, por solicitador de execução, edital.
- Dilação
2.4. Notificação
2.5. Notificações judiciais avulsas
I. Noção:
1) Efeitos Processuais:
Os actos processuais são os actos jurídicos que produzem directamente efeitos em
processo. Esses efeitos traduzem-se na constituição, modificação ou extinção de uma
situação processual; isto é, numa determinada conformação da instância.
Tendendo ao critério da produção de efeitos em processo, são actos processuais quer
aqueles que são regulados por normas processuais e que são praticados num
processo pendente – como por exemplo a contestação do réu (art.º 486º, nº 1 e art.ºs
783º e 794º do CPC), quer aqueles que estão integrados em actos extra processuais,
mas que se destinam a produzir efeitos num determinado processo: é o caso, por
exemplo, da convenção de arbitragem ou dos contratos probatórios (art.º 345º do
C.C.).
II. Características
1. Utilidade ou economia
Os actos processuais são submetidos a um princípio de utilidade ou economia: no
processo não devem ser realizados actos inúteis pelas partes ou funcionários judiciais
3. Revogabilidade
Os actos das partes são revogáveis enquanto não tiverem constituído uma situação
favorável para a contraparte. Deste modo, a afirmação de um facto favorável ao
declarante é livremente revogável. Em contrapartida, são irrevogáveis os actos
desfavoráveis para a parte ou que constituíram uma posição favorável para a
contraparte. Neste sentido, são irrevogáveis, por exemplo, a confissão de factos – art.º
567º, nº1 “irretractibilidade da confissão”, ou a desistência do pedido depois da sua
homologação – art.º 300º, nº3 “Como se realiza a confissão, desistência ou
transacção”.
Deve admitir-se, no entanto, que os actos das partes são livremente revogáveis,
qualquer que seja a sua natureza, quando se verifique um dos fundamentos da revisão
da sentença – que se encontram numerados no art.º 771º - “Fundamento do recurso”
-, pois não seria razoável exigir-se o trânsito em julgado da decisão antes de se poder
impugnar o acto praticado. Assim, o acto é livremente revogável quando, por exemplo,
tenha tido por base um documento que uma decisão transitada em julgado considerou
ser falso – art.º 771º.
Os actos do juiz são sempre irrevogáveis pelo próprio, porque proferida a sentença ou
o despacho, fica esgotado o seu poder jurisdicional quanto à matéria decidida - art.º
666º, nºs 1 e 3 – “ Extinção do poder jurisdicional e suas limitações”.
III. Forma
1. Princípio geral
A forma dos actos processuais é a que melhor corresponde à sua finalidade – art.º
138º, nº 1 – “Forma dos actos”- e pode obedecer a modelos aprovados – art.º 138º, nº
2-. Também a forma dos actos processuais se subordina a um princípio de economia:
essa forma é a que com maior grau de simplificação possível, permite alcançar os fins
pretendidos com o acto. Nos actos judiciais deve, ainda, utilizar-se a língua portuguesa
– art.º 139º, nº 1 – “Língua a empregar nos actos”.
2. Lei reguladora
Essa forma é regulada pela Lei vigente no momento da prática do acto – art.º 142º -
“Lei reguladora da forma dos actos e do processo”, pelo que a Lei nova sobre a forma
dos actos processuais é de aplicação imediata nos processos pendentes. Note-se que
o art.º 142º trata, apenas, a Lei reguladora da forma de cada um dos actos
processuais e que, por isso, esse preceito não determina a aplicação imediata da Lei
nova sobre a própria tramitação do processo. De referir, também, que o art.º 140º
remete-nos para a tradução de documentos escritos em língua estrangeira, isto é,
quando se ofereçam documentos escritos em língua estrangeira que careçam de
tradução, o juiz ordena que o representante junte a tradução.
I. Actos do tribunal
Os actos processuais distinguem-se em actos do tribunal e actos das partes.
Os actos do tribunal comportam várias modalidades. Os principais actos do tribunal
são as decisões, que podem ser sentenças e despachos – art.º 156.º, nº 1 – “Dever de
administrar a justiça – conceito de sentença:
Note-se que o acto não perde o seu carácter constitutivo pelo facto de a sua eficácia
estar submetida a uma sentença homologatória do tribunal. Assim, a confissão e a
desistência do pedido ou a transacção são actos constitutivos, ainda que devam ser
homologados pelo tribunal – art.º 300º - “Como se realiza a confissão, desistência ou
transacção”, nºs 3 e 4, pois que produzem imediatamente os seus efeitos, como se
depreende, por exemplo do art.º 13º, nºs 1 e 2 do C.C.
I. Generalidades
A produção de efeitos pelos actos processuais depende do preenchimento dos
respectivos pressupostos. Tal como os actos processuais se distinguem em actos das
partes e actos do tribunal, também os pressupostos são distintos para cada uma
dessas categorias de actos processuais.
a) Actos do tribunal
A falta dos pressupostos dos actos determina uma multiplicidade de consequências.
Antes de mais, importa distinguir entre os actos do tribunal e os actos das partes.
Quando o tribunal (ou um dos seus órgãos) pratica um acto sem a respectiva
competência funcional, está-se perante uma nulidade processual, porque este tribunal
(ou órgão) realiza um acto que a lei não lhe admite – art.º 201º, nº1 “Regras gerais
sobre nulidade dos actos”.
Relativamente aos actos das partes, a relevância da falta e vícios da vontade depende
da situação concreta: Se a parte omitiu involuntariamente a pratica do acto, a
circunstância de essa omissão resultar de uma falta ou de um vício.
Prazos Processuais
Os prazos dilatórios ou iniciais são aqueles que fixam o momento antes do qual o
acto não pode ser praticado (ne ante quem) ou o momento após o qual o acto pode
ser praticado (terminus post quem) – art.º 145º, nº2.
b) Tolerância de prazo
A prática dos actos sujeitos a um prazo peremptório pode verificar-se fora do prazo em
duas situações: em caso de justo impedimento – art.º 145º, nº4 “Modalidades dos
prazos” e, independentemente desse impedimento, dentro dos três dias úteis
subsequentes ao termo do prazo – art.º 145.º nº5.
NOTA:
Nulidades Processuais
I. Generalidades:
a) Noção:
Verifica-se uma nulidade processual sempre que é praticado um acto não permitido ou
é omitido um acto imposto ou uma formalidade essencial – art.º 201º, nº1 “Regras
gerais sobre a nulidade dos actos”.
b) Efeitos:
As nulidades processuais, apesar dessa designação, implicam apenas quando
relevantes, a anulabilidade do acto praticado e dos demais actos dependentes do acto
realizado ou omitido – art.º 201º, nº2. Ressalva-se o caso em que a validade do acto
processual representa uma excepção dilatória: Cfr. Art.º 494º, nº1 al. a) “Excepções
dilatórias”.
Nota: Importa referir que as sentenças e despachos possuem um regime específico de
nulidade – art.ºs 668º, 666º, 716º e 762º.
a) Essencialidade da nulidade:
As nulidades processuais regem-se pelos princípios da essencialidade, doo
aproveitamento e de não renovação do acto nulo. Segundo aquele princípio da
essencialidade, a nulidade não se verifica se a prática ou a omissão do acto ou da
formalidade não influi no exame ou na decisão da causa – art.º 201º, nº1, art.º 198º,
nº2, 2ª parte “Dispensa de citação, nulidade da citação”.
Finalmente, o principio da não renovação do acto nulo determina que esse acto só
pode ser renovado se ainda não tiver decorrido o prazo para a prática do acto ou se,
tendo já expirado esse prazo, a renovação do acto a aproveitar à parte não
responsável pela sua nulidade – art.º 208º “Não renovação dos actos”.
III. Modalidades
a) Nulidades nominadas e inominadas
As nulidades processuais podem ser nominadas (ou primárias) ou inominadas (ou
secundárias).
As nulidades nominadas são aquelas que estão legalmente previstas – a ineptidão
da petição inicial (art.º 193º “Ineptidão da petição inicial, a falta de citação, art.º 194º
“Anulação do processo posterior à petição, e art.º 195º “Quando se verifica falta de
citação); a nulidade da citação (art.º 198º); o erro na forma do processo (art.º 199º
“Erro na forma do processo); e a falta de vista ao Ministério Publico (art.º 200º “falta de
vista ou exame ao MP como parte acessória).
Citação
Citação do réu
I. Momento
a) A citação é o acto pelo qual se dá conhecimento ao réu que foi proposta
contra ele determinada acção e se chama ao processo para se defender – art.º 228º
“Funções da citação e da notificação”, nº1 1ª parte.
Em regra a citação é posterior à distribuição mas quando aquela não deva realizar-se
editalmente – Cfr. Art.º 233º, nº6 “Modalidades da citação”, o autor pode requerer,
invocando os respectivos motivos, que a citação preceda a distribuição – art.º 478º,
nº2 e art.º 234º, al. f) nº4, para que o juiz possa apreciar os fundamentos da urgência,
pouco compreensivelmente a lei não estende esta hipótese à possibilidade de o juiz,
em vez de ordenar a citação, indeferir liminarmente a petição – Cfr. Art.º 234º A, nº1
“Casos em que é admissível indeferimento liminar (prévio) ”.
II. Procedimento
A citação do réu está submetida aos princípios da oficiosidade e da celeridade. Em
regra, cabe à secretaria promover oficiosamente sem necessidade de despacho prévio
do juiz, as diligencias que se mostrem adequadas à efectivação da regular citação
pessoal do réu e à rápida remoção das dificuldades que obstem à realização do acto –
art.º 234º, nº1 e nº2 e art.º 479º.
Decorridos 30 dias sem que a citação se mostre efectuada, o autor é informado das
diligências efectuadas e dos motivos da sua não realização – art.º 234º, nº2.
Passados outros 30 dias sem que a citação tenha sido realizada, o processo é
concluso ao juiz, com informação das diligências efectuadas e das razões da não
realização desse acto – art.º 234º, nº3.
O acto da citação implica a remessa ou entrega ao citando do duplicado da petição
inicial e da cópia dos documentos que a acompanhem, comunicando-se-lhe que fica
citado para a acção a que o duplicado se refere e, se já tiver havido distribuição,
indicando-se o tribunal, juízo, vara e secção por onde corre o processo – art.º 235º,
nº1 “Elementos a transmitir obrigatoriamente ao citado”.
Nesse mesmo acto, deverão ainda ser indicados ao réu o prazo dentro do qual pode
oferecer a defesa, a necessidade de patrocínio judiciário e as cominações (ameaças)
em caso de revelia (rebeldia, contumácia, persistência), isto é, de falta de contestação
– art.º 235º, nº2.
III. Efeitos
A citação do réu produz efeitos processuais e substantivos. São os seguintes os
efeitos processuais:
i) A estabilidade dos elementos subjectivos e objectivos da instancia – art.º
481º, al. b) “Efeitos da citação” e art.º 268º “Principio da estabilidade da
instância”;
ii) A inadmissibilidade da propositura pelo réu de uma acção contra o autor
com o mesmo objectivo – art.º 481º, al. c);
Modalidades da citação
Enunciado
A citação pode ser pessoal ou edital – art.º 233º, nº1 “Modalidades da citação”.
A citação pessoal é aquela que é feita através do contacto directo com o demandado
ou que é efectuada em pessoa diversa do citando, mas encarregado de lhe transmitir
o conteúdo do acto – art.º 233º, nº4; sobre as situações, Cfr art.º 233º, nº5, art.º 236º,
nº2 “Citação por via postal” e art.º 240º, nº2, 2ª parte “Citação com hora certa”.
A citação pessoal pode ser realizada através da entrega ao citando de carta registada
com aviso de recepção, nos casos da citação postal – art.º 233º, nº2, al. a), mas
também pode ser efectuada através de contacto pessoal do funcionário judicial – art.º
233º, nº2 al. b), ou do mandatário judicial do autor com o citando – art.º 233º, nº3. Em
regra, a citação é pessoal – art.º
233º, nº6, e em regra também, é realizada pela via postal – Cfr. Art.º 239º, nº1 e art.º
245º, nº2.
Citação postal
A citação por via postal faz-se por meio de carta registada com aviso de recepção, de
modelo oficialmente aprovado, dirigida ao citando e endereçada para a sua residência
ou local de trabalho ou, tratando-se de pessoa colectiva ou sociedade, para a sede ou
No caso de citação de pessoa singular, a carta pode ser entregue, após a assinatura
do aviso de recepção, ao citando ou a qualquer pessoa que se encontre na sua
residência ou local de trabalho e que declare encontrar-se em condições de a entregar
prontamente – art.º 236º, nº2.
Quanto às pessoas colectivas e sociedades, se não se puder efectuar a citação por via
postal na sua sede ou no local onde funciona normalmente a administração, pelo facto
de aí não se encontrar nem o representante legal nem qualquer empregado ao seu
serviço procede-se à citação do seu representante ao seu serviço, procede-se à
citação do seu representante, mediante carta registada com aviso de recepção,
remetida para a sua residência ou local de trabalho – art.º 237º “Impossibilidade de
citação pelo correio da pessoa colectiva ou sociedade” .
A citação por via postal considera-se feita no dia em que for assinado o aviso de
recepção e tem-se efectuada na própria pessoa do citando, mesmo que esse aviso
haja sido assinado por terceiro, porque se presume, salvo prova em contrario, que a
carta foi oportunamente entregue ao destinatário – art.º 238º “Data e valor da citação
via postal”.
Sempre que a carta não seja entregue ao citando, ser-lhe-á enviada uma outra carta
registada, na qual lhe são comunicados a data e o modo por que o acto se considera
realizado, o prazo para o oferecimento da defesa, as cominações aplicáveis à revelia,
o destino dado ao duplicado da petição inicial e a identidade da pessoa em quem a
citação foi realizada – art.º 241º “Advertência ao citando, quando a citação não haja
sido na própria pessoa deste”.
Se se frustrar a citação por via postal, a citação será efectuada mediante contacto
pessoal do funcionário de justiça com o citando, que lhe entrega os elementos e lhe dá
as indicações impostas pela lei – Cfr. Art.º 235º “Elementos a transmitir
obrigatoriamente ao citando”, lavrando-se em seguida certidão assinada pelo citado –
art.º 239º, nº1 “Citação por agente de execução ou funcionário judicial”. Se o
Com a citação deve ser entregue ao citando o duplicado da petição inicial e a cópia
dos documentos que a acompanhem, deve ser-lhe comunicado que fica citado para a
acção a que o duplicado se refere e devem, ainda, ser indicados o tribunal, juízo vara,
patrocínio judiciário e as cominações de revelia – art.º 246º, nº1 e art.º 235º.
A citação edital motivada pela incerteza do lugar é feita pela afixação de editais – art.º
248º, nºs 1 e 2 “Formalidades da citação edital por incerteza do lugar”, e pela
publicação de anúncios em dois números seguidos de um dos jornais, de âmbito
nacional ou regional, mais lidos na localidade da última residência do citando – art.º
248º, nºs 1 e 3.
No caso da citação edital pela incerteza das pessoas, utilizam-se meios semelhantes –
art.º 251º “Formalidades da citação edital por incerteza das pessoas”.
Citação no estrangeiro
Impossibilidade
Por fim, no terceiro caso, procura-se obter junto de quaisquer entidades, serviços ou
autoridades policiais, informações sobre o paradeiro ou a ultima residência conhecida
do citando – art.º 244º; utilizando-se em seguida, se essa ausência for confirmada, a
citação edital – art.º 233º, nº6 e art.º 248º.
Falsidade
A citação, também, pode ser afectada por um vício de falsidade. Isso pode suceder,
por exemplo, tanto quando o funcionário judicial atestou na sua certidão que procedeu
à citação do réu quando tal não aconteceu. (falsidade material), como quando esse
funcionário certificou que entregou duplicado da petição inicial a quem pensava ser o
citando e tal não corresponde à verdade (falsidade ideológica).
As consequências desta falsidade constam do art.º 551º A: essa falsidade deve ser
arguida nos 10 dias seguintes à intervenção do réu no processo – art.º 551º A, nº1,
prazo que parece dever ser consumido pelo da contestação e, portanto, só se aplicar
quando o réu não quiser contestar ou só tiver conhecimento do facto que fundamenta
a arguição em momento posterior. À invocação da falsidade aplica-se com as
necessárias adaptações, o disposto nos art.ºs 546º a 550º e, se a falsidade puder
prejudicar a defesa do citando, a causa pode suspender-se logo que ela seja arguida –
art.º 551º A, nº4. 1ª parte.
ANEXOS
Fichas de trabalho
Antunes Varela, J. Miguel Beleza Sampaio e Nora, Manual de Processo Civil, 2ª Edição, Coimbra
Editora; Lda
Abílio Neto, Advogado, Código de Processo Civil Anotado, 14ª Edição, Ediforum, Edições Jurídicas, Lda,
Lisboa
Código Civil
Código Processual Civil