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Programa Operacional do Potencial Humano (POPH)

Tipologia de Intervenção 1.3. – Cursos de Educação e Formação de Jovens

PROJECTO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL – 2010 – 2012

TEXTOS DE APOIO

Área Tecnológica
Unidade: Atividades Económicas
Domínio ou Unidade:
Módulo: O Consumo e os Consumidores

Duração: 30 HORAS

Formador(a): MANUELA SAMPAIO

Projecto Financiado no âmbito dos Apoios:


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Manual de Apontamentos – Cursos de Educação e Formação de Jovens
Domínio / Unidade: Atividades Económicas
Módulo: O Consumo e os Consumidores

Domínio: Atividades Económicas


Módulo 4: O Consumo e os Consumidores

Objectivos de Aprendizagem:

Para este módulo definem-se os objectivos que seguidamente se enunciam.


● Dar a noção de consumo;
● Distinguir os diferentes tipos de consumo
● Explicar de que modo o rendimento e os preços influenciam o consumo
● Explicar de que modo factores extra-económicos, como a moda ou a publicidade,
influenciam o consumo
● Explicar em que consiste o consumismo
● Referir consequências do consumismo
● Justificar o aparecimento do consumerismo e do movimento dos consumidores
● Enumerar direitos e deveres dos consumidores
• Distinguir as fontes de rendimento dos consumidores (salário, juros, rendas e lucros)
• Justificar a necessidade de recurso ao crédito
• Referir as desigualdades da repartição pessoal dos rendimentos
• Explicitar o conceito de poder de compra
• Definir inflação
• Relacionar a inflação com o poder de compra
● Distinguir consumo de poupança
● Referir os destinos da poupança

4 Conteúdos
● Consumo
- Noção
- Tipos (final/intermédio; essencial/supérfluo)
- Fatores explicativos: rendimento, preços, moda e publicidade
- Consumismo:
. Noção

Formadora: Manuela Sampaio


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Módulo: O Consumo e os Consumidores

. Consequências: endividamento e problemas ambientais


- Consumerismo e o movimento dos consumidores
- Direitos e deveres dos consumidores

● Rendimentos e poder de compra


- Rendimentos primários
- Outras fontes de rendimento: crédito
- Desigualdades de rendimento
- Poder de compra
. Noção
. O poder de compra e a inflação
● Poupança
- Noção
- Destinos (entesouramento, depósitos e investimento)

Formadora: Manuela Sampaio


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Módulo: O Consumo e os Consumidores

MÓDULO IV – O CONSUMO E OS CONSUMIDORES

1. CONSUMO
1.1 Noção
Na nossa vida diária sentimos várias necessidades: de nos alimentarmos, de ouvirmos
musica, de irmos ao médico ou de ler um livro…Para satisfazer todas estas
necessidades utilizamos bens e/ou serviços, isto é, consumimos.

Consideremos a seguinte situação:


Diariamente, enquanto esperamos pelo autocarro que nos leva à escola, ouvimos
música, através do MP3. Neste exemplo estamos a utilizar um bem económico, o MP3
para a satisfação da necessidade de ouvir musica, utilizamos o autocarro que nos
transportará até à escola, conduzido pelo motorista que nos presta um serviço.
Em qualquer uma destas situações estamos a consumir quer bens materiais quer
serviços que nos permitem satisfazer diferentes necessidades.

O consumo é a atividade humana que consiste na utilização de bens e serviços


com vista à satisfação das necessidades.

1.2 .Tipos (final/intermédio; essencial/supérfluo)

Ao falarmos de consumo verificamos que os bens e serviços podem ser utilizados por
diferentes agentes económicos e podem satisfazer diferentes tipos de necessidades.
Assim, é habitual distinguirmos os seguintes tipos de consumo:

Final: corresponde a todos os bens e serviços que são utilizados diretamente


na satisfação das necessidades dos indivíduos. A utilização de pão e de manteiga ao
pequeno almoço e a ida ao cabeleireiro para cortar o cabelo, são exemplos de bens e
serviços de consumo final;

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Intermédio: corresponde à utilização de bens e serviços na produção de outros


bens e serviços. Ou bens utilizados no processo produtivo podem ser destruídos como
a energia, ou incorporados no novo bem, como farinha, na produção de pão.

Essencial: corresponde à utilização de bens e serviços que satisfazem


necessidades primárias. O consumo de leite e de pão ao pequeno almoço, a ida ao
medico de família para tratar uma gripe, são exemplos de consumos essenciais.

Supérfluo: corresponde à satisfação de necessidades terciárias. O consumo de


vestuário de alta costura, de jóias, de peles, de perfumes ou de operações estéticas,
são exemplos de consumos supérfluos.

1.3 Fatores explicativos: Rendimento, preços, moda e publicidade

As populações de cada região manifestam os seus costumes, as suas tradições e a


sua capacidade de compra de bens e serviços, através dos consumos que efetuam,
ou seja, da utilização dos bens e dos serviços que realizam.

Verificamos que, com o passar do tempo, as sociedades integram novos costumes; é


o caso do consumo de pizas, de hambúrgueres, das férias no Continente Asiático, dos
desportos radicais, etc.

As sociedades vão-se desenvolvendo e proporcionando o aumento do rendimento por


habitante. As famílias vão adquirindo maior capacidade financeira possibilitando-lhes o
acesso a outros bens e à satisfação de novas necessidades. A escolha de novos
destinos de férias e a utilização do telemóvel são exemplos dessas alterações, que
ocorrem hoje com maior facilidade e rapidez devido ao desenvolvimento das
tecnologias de informação e comunicação e à crescente globalização económica e
cultural.

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Módulo: O Consumo e os Consumidores

Esta relatividade dos padrões de consumo existentes em cada sociedade não impede
a ciência económica de estabelecer relações entre a variação de várias variáveis e o
impacto das mesmas no consumo ou na estrutura de consumo das famílias. Podemos
desta forma falar em fatores explicativos do consumo e podemos agrupá-los em dois
conjuntos distintos:

Económicos Extra Económicos

Moda e
Rendimento
Publicidade

Preços

Fatores Económicos:

Estudaremos o efeito dos fatores: rendimentos das famílias, preços e inovação


tecnológica sobre o consumo. Quais as mudanças ocorridas nas despesas do
consumo devido à alteração, por exemplo, nos preços de bens substitutos daqueles
que habitualmente utilizávamos na satisfação das nossas necessidades. Será que
vamos consumir mais? Estas são algumas das questões a que vamos dar resposta
seguidamente.

Nota:
Teremos de ter sempre presente que o estudo de cada um dos fatores responsáveis
pela alteração do consumo é realizado com base no pressuposto de que os restantes
fatores se mantêm inalteráveis. Assim, no estudo do rendimento consideramos que
todos os outros fatores não sofrem qualquer alteração, mantêm-se constantes (ceteris
paribus, tudo o resto constante) ao longo da análise.

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Módulo: O Consumo e os Consumidores

i) O rendimento
O nível de rendimento das famílias é um dos fatores que influencia o consumo.

Sabemos que não podemos adquirir tudo o que desejamos pois o orçamento de que
dispomos é limitado, por isso temos de atribuir uma determinada hierarquia aos
consumos que pretendemos efetuar.

Desta forma é habitual analisarmos a estrutura do consumo, a forma como os


consumidores repartem as suas despesas de consumo pelos diferentes grupos de
bens e serviços, ou seja, conhecemos a estrutura do consumo dos agregados
familiares.

Estrutura de consumo é a forma como os consumidores repartem


as suas despesas de consumo pelos diferentes grupos de bens.

Para melhor conhecermos a estrutura dos consumos dos agregados familiares temos
de calcular os coeficientes orçamentais, ou seja, o peso que a despesa de consumo
efetuada num determinado grupo de bens ou serviços ocupa relativamente ao total
das despesas realizadas pelo agregado familiar.

Coeficiente Orçamental

Valor da despesa efetuada


X 100
Total das despesas de Consumo

Exemplo:
Consideremos que a família Santos gasta no total dos seus consumos mensais,
2.000,00€, afetando 750,00€ em alimentação. Assim, o coeficiente orçamental da
alimentação será:

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Coeficiente Orçamental em alimentação da família Santos:

750,00€
X 100 = 37,5%
2.000,00€ A família Santos afeta 37,5% do total das suas
despesas em alimentação.

Observemos o seguinte quadro que nos mostra a estrutura e o consumo das famílias
portuguesas em 1995 e em 2000.

1995 2000

€ % € %

Total 11.692 100,0 13.828 100,0

Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas 2435 20,8 2579 18,7

Bebidas alcoólicas e tabaco 325 2,8 391 2,8

Vestuário e calçado 725 6,2 912 6,6

Habitação: despesas com água, eletricidade, gás e outros


2382 20,4 2734 19,8
combustíveis

Móveis e artigos de decoração, equipamento doméstico e


773 6,6 989 7,32
despesas correntes de manutenção da habitação

Saúde 529 4,5 719 5,2

Transportes 1802 15,4 2070 14,97

Comunicações 226 1,9 451 3,3

Lazer, distração e cultura 425 3,6 663 4,8

Ensino 145 1,2 175 1,3

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Hotéis, restaurantes, cafés e similares 1178 10,1 1307 9,5

Outros bens e serviços 747 6,4 837 6,1

Da observação do quadro podemos retirar algumas conclusões, nomeadamente que:

● O total das despesas medias anuais de consumo aumentou entre 1995 e


2000, passando respetivamente de 11.692€ para 13.828€;
● O peso das despesas em alimentação baixou de 20,8% em 1995, para
18,7% em 2000, apesar de, em termos absolutos, ter aumentado
(2435€ em 1995, para 2579€ em 2000);
● A alimentação deixou de ser a rubrica com maior peso nas despesas totais
dos agregados familiares portugueses para passar a ser a rubrica
“habitação”;
● O peso da rubrica “lazer, distração e cultura” aumentou no período em causa,
passando de 3,6% para 4,8% em 2000.

Se partirmos da hipótese que os agregados familiares afetam todo o seu rendimento


às despesas de consumo, ou seja, que o seu rendimento é igual ao total das despesas
de consumo, podemos verificar no quadro anterior que, perante um aumento de
rendimento, o peso das despesas em alimentação baixou e, em contrapartida,
aumentou o peso das despesas destinadas a lazer, distração e cultura.

Inquéritos realizados a uma amostra alargada e diversificada de famílias com


diferentes níveis de rendimento mostraram que se verificava esse facto.
Assim, o Estatístico Ernest Engel pôde anunciar a lei que é conhecida pelo seu nome
– Lei de Engel.

A lei de Engel diz-nos que à medida que o rendimento das famílias aumenta, o peso
nas despesas de alimentação vai baixando, aumentando por sua vez o peso das
despesas destinadas à cultura lazer e distração.

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ii) Os preços

Os consumidores reagem a alterações dos preços de formas distintas, consoante se


trate do preço do bem escolhido, do preço de um seu substituto e tendo em atenção o
carácter prioritário desses bens.
Estas reações ocorrem tendo sempre presente que o consumidor procura rentabilizar
os seus recursos: Na posse de um determinado rendimento irá selecionar o conjunto
de bens que lhe proporcionarão a máxima satisfação.
Analisemos o impacto que o preço de um bem tem sobre o seu consumo,
considerando constantes os restantes fatores (ceteris paribus).

Na posse de um determinado rendimento, as famílias pretendem adquirir a maior


quantidade de bens possível ao menor preço. Assim, à medida que o preço do bem
aumenta a tendência é para a redução do consumo desse bem, ocorrendo o inverso
se o preço do bem diminuir.

Verificamos que, na realidade, a maior parte dos bens apresenta bens substituíveis; a
carne de vaca pode ser substituída pela carne de porco, um casaco pode ser
substituído por uma camisola…

Consideremos que o bem A possui como substituto o bem B e que o preço do bem A
aumentou.
Perante esta situação o consumidor irá transferir o consumo do bem A para consumo
do bem B, procurando desta forma evitar penalização resultante do agravamento do
preço do bem A, uma vez que o preço do bem B se manteve inalterável.

Por exemplo, se o preço da chávena de chocolate quente aumentar, então


reduziremos o seu consumo ou eliminamos esse consumo e começaremos a consumir
mais chávenas de café com leite. Esta mudança no consumo é designada de efeito
substituição.

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Efeito substituição resulta da deslocação do consumo de um bem para outro


que lhe seja substituível, em virtude do aumento do seu preço (mantendo-se
constantes todos os outros fatores).

Consideremos que o bem A representa um consumo essencial, como o pão. O


aumento do preço do pão provoca a redução do aumento no consumidor, do poder de
compra, uma vez que este vai continuar a consumir a mesma quantidade ou reduzir
ligeiramente a quantidade de pão consumida. O consumidor após ter consumido o
pão, fica com menos capacidade de aquisição reduzindo o consumo dos restantes
bens.

No caso de o preço do pão diminuir verificamos que o poder de compra aumenta e,


como tal, aumenta o consumo de todos os outros bens. Esta mudança no consumo, e
resultado da alteração do preço de um bem de consumo essencial, é designada por
efeito rendimento.

Efeito rendimento resulta do aumento do preço de um bem funcionar com uma


baixa no poder de compra do consumidor, provocando a redução do consumo
de todos os bens (mantendo-se tudo o resto constante).

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1.2.2- Factores económicos

a) Rendimento
- lei de Engel

1.2.2- Factores económicos

a) Rendimento

coeficiente orçamental

 O peso das despesas de
consumo de um grupo de
bens no total das despesas
de consumo
=

valor da rubrica orçamental x 100


Total do consumo

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1.2.2- Factores económicos


b) Preços
c) Inovação tecnológica

 B) Preços
 - efeito substituição: face ao aumento do
preço de um bem, o consumidor irá procurar
consumir um bem que lhe seja substituível.
 - efeito rendimento: o aumento do preço de
um bem, fará baixar o rendimento e, por
isso, o consumo de outros bens; a baixa do
preço do bem, fará aumentar o poder de
compra do consumidor, podendo consumir
mais de outros bens.
 - efeito de snobismo ou de Veblen: o
consumo de um bem aumenta quando o
preço sobe, por parte dos consumidores que
pretendem exteriorizar o seu poder de
compra.

 C) Inovação tecnológica .....

Fatores extra económicos

O consumo é, para além de um ato económico, é um ato social.


As sociedades através dos bens utilizados na satisfação das suas necessidades
manifestam, por exemplo, as opções religiosas, os seus hábitos e costumes, em
suma, aspetos da sua cultura.

O Homem, pelo facto de viver em sociedade, apresenta necessidades que decorrem


dessa vivência. A ida ao futebol, a um concerto, a uma festa ou a comemoração de
datas festivas, representam a satisfação de necessidades que são, em grande parte,

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determinadas pelo grupo a que pertencemos. A indumentária do adepto de futebol é


diferente da utilizada num concerto musical ou numa festa de aniversário.

As situações mencionadas permitem-nos verificar que o consumo é determinado por


fatores extraeconomicos como a estrutura etária dos agregados familiares, o modo de
vida, a moda e a publicidade.

→ Moda e Publicidade

A moda representa aquilo que é mais utilizado/consumido na satisfação de uma


necessidade por parte da sociedade, num determinado momento.
A publicidade, ao possibilitar a divulgação e a informação acerca dos novos
bens e serviços vai contribuir para estimular o desejo de possuirmos
determinado bem, desencadeando em nós a correspondente necessidade.

A publicidade vai despertar a necessidade, estimulando a possibilidade de o cidadão


comum aproximar a sua imagem do ídolo de futebol ou da manequim internacional.
O consumo acaba por acontecer em resposta, muitas vezes, a um impulso de fazer
parte de um grupo social, de identificar-se com uma determinada figura pública, de ter
sucesso, de ser elegante…

As mensagens publicitárias fazem apelo a esses aspetos, os reclamos são realizados


por jovens, na sua maioria, com corpos esbeltos, cabelos luminosos e prometendo
transformações radicais, autênticos milagres, o feio torna-se belo, a falta de dinheiro
elimina-se através do recurso ao credito sem custos, a falta de determinação de um
individuo combate-se com a compra de um automóvel…

A publicidade é a principal forma de divulgar os novos produtos relativos à nova moda,


quer seja o telemóvel, quer seja a calça de ganga.

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1.2.3- Factores extra-


económicos

 a) Moda

 b)Publicidade

 c) Meio social

 d) Estrutura
etária
 e) Modos de
vida
 f) muitos
outros
factores ....

1.4 CONSUMISMO

Noção

A maioria das sociedades desenvolvidas vive em plena sociedade de consumo,


caracterizada pelo consumo em quantidade e em variedade, preocupada em valorizar
o material e o aspeto visual das coisas e das pessoas. Os bens apresentam um
período de vida útil reduzido e, de preferência, são bens de usar e deitar fora.

Esta sociedade conduziu ao consumo de grandes quantidades de produtos


padronizados e comercializados normalmente a baixo preço com curta duração, que
obrigam o consumidor a procurar constantemente novos bens mais inovadores ou
mais de acordo com os padrões da moda.

A sociedade de consumo tornou o consumo na finalidade única da vida. O desejo do


consumidor é em quantidade e em variedade e dispor da ultima inovação do mercado.

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Consequências: endividamento e problemas ambientais

A sociedade de consumo desprezou os efeitos do consumo sobre o ambiente, a


degradação ambiental não foi considerada com o reverso da sociedade de consumo.
É um tipo de sociedade que apresenta poucas preocupações em contribuir para a
redução do impacto ambiental, comportamentos como a separação do lixo com vista à
sua reciclagem e a reutilização dos bens, não são ponderados.

Considera-se, neste tipo de sociedade, que o crescimento económico é eterno e


sustentará o aumento do rendimento das famílias, possibilitando o crescimento infinito
e exponencial do consumo. O comportamento irresponsável dos consumidores
contribui para que as sociedades apresentem cada vez mais problemas ambientais
que se refletem na própria saúde dos indivíduos.

Hoje as consequências do consumismo são as piores, pois o consumismo sem limites


está a levar muita gente ao caos financeiro, pois é tão fácil e aprazível comprar, e com
as facilidades dos cartões de crédito tudo é muito facultado.

O susto vem com a chegada da factura, que se não for paga no total transforma-se
numa bola de neve. O desejo excessivo de comprar, o endividamento pelo excesso de
compras e o sofrimento psicológico provocado pelo descontrole desse tipo de
comportamento podem indicar uma dependência comportamental de consumo.

Podemos pensar e retorquir que estas três características evidenciam o consumo sem
controlo, ou doença do consumo.

O consumismo é um fenómeno que cresceu nos últimos quinze anos, quando houve
uma reorientação do comércio para o público consumidor com as ofertas de consumo
e as campanhas publicitárias votadas para população que tem, "uma certa avidez
natural por experimentar coisas novas".

Formadora: Manuela Sampaio


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Módulo: O Consumo e os Consumidores

O ritmo da modernidade impulsiona a explosão de consumo, formulando a ideologia


do conforto e do desperdício, sendo amplamente reforçada pelos média (propaganda,
filmes, novelas, programas televisivos, revistas), que influencia os padrões de beleza e
comportamento social que, por sua vez, se manifestam na moda, nas artes, no lazer e
no trabalho.
Os problemas originados pela ideologia do consumismo estão no amplo contingente
de fatores de risco e comportamentos que geram reações nocivas à saúde (colesterol
aumentado, hipertensão arterial, utilização de drogas, alimentação inadequada, altos
níveis de stress e sedentarismo).

Os mundos de mercado e da propaganda são grandes incentivadores do consumo


desenfreado. Mas o mais cruel é que o marketing é democrático. O apelo ao consumo
atinge a todos, sejam pobres ou ricos. As grifes não fazem propagandas diferenciadas.
Isso gera a frustração, que é a mãe da violência.

Consumismo – Comportamento patológico

O chamado "Síndrome da moda" é o fenómeno mais recente e sobre ele estão-se a


estudar um grande número de casos em todo mundo. Os experientes definiram o
"Síndrome da moda" como um comportamento patológico que se caracteriza pela
dependência crescente do desejo de adquirir roupa e complementos do vestir que não
são necessários, até ao ponto de que os afetados presenteiam pouco tempo depois
prendas cuja compra representou um sério quebranto para sua economia.

Sentimento de culpa.

A maior parte dos casos estudados demonstra que a pessoa adquire roupa ou
complementos não só desnecessários, senão inapropriados para o estilo ou a
personalidade do comprador, inclusive talhas maiores ou menores das que se
precisam. Estas aquisições desproporcionadas arcam sentimentos de culpa, falta de
senso, da auto-estima e numerosos problemas com a família.

Formadora: Manuela Sampaio


P.18
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As pessoas mais propensas a padecer desta síndrome são mulheres entre os 18 e os


35 anos com um nível económico média-alta e estudos preferencialmente médios e
inclusive universitários. O culto à beleza motiva todo tipo de gastos de tempo, dinheiro
e energia, e não há melhor forma de demonstração do próprio status do que a
utilização ostentosa de uma actuação visível.

Em qualquer caso, não deve confundir-se o consumismo moderado, o de permitir-se


um capricho que levanta o ânimo num dia desmoralizador com a compra à discrição,
que é o que define a síndrome da moda.

Os meninos, afetados.

O problema complica-se quando se trata de meninos ou adolescentes. Ninguém os


educou antes para o consumo e são as principais vítimas e as mais indefesas ante o
consumismo em massa que bombardeia constantemente a publicidade de uma ou
outra forma.

Para começar, para os meninos o dinheiro não está unido a esforço pessoal algum. É
como o Grande Maná que baixa do céu, põe-se nas suas mãos e serve-lhes para
adquirir qualquer outro capricho.

Muitas famílias endividam-se hoje sem necessidade imperiosa, e apenas para


satisfazer o desejo de possuir bens a que antes não tinham acesso e que pensam que
lhes dão uma melhor posição social. Antes, estes casos eram raros, mas hoje,
especialmente nas gerações mais jovens, a ânsia de comprar tornou-se uma autêntica
doença, como a droga, a que não resistem, e que as leva a adquirir sem se pôr o
problema de saber como vão pagar, fazendo simplesmente aumentar o volume de
crédito malparado. Em Espanha, cerca de metade dos jovens consome em excesso,
sem se preocupar em poupar, recorrendo ao crédito para depois passarem a vida num
estado permanente endividamento.

Formadora: Manuela Sampaio


P.19
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Módulo: O Consumo e os Consumidores

Como alguém disse, já se não constroem catedrais, mas multiplicam-se os centros


comerciais, ou templos do consumismo, que constituem cada vez mais lugares de
atracção, sob a pressão de uma publicidade agressiva e por vezes enganadora!

Com este aumento e com a nossa sociedade cada vez mais consumista, perguntamos
a nós próprios como pode ser possível haver cada vez mais empréstimos e mais
dívidas?

Não encontrámos resposta, porque isto tudo torna-se num ciclo vicioso, que as
pessoas nem se apercebem do dinheiro que gastam e dão por elas à frente de um
banco a pedir empréstimos, muitas das vezes para pagarem coisas sem mera
importância... Mas fazem isto sempre com a mentalidade de terem mais que os outros,
como por exemplo, carros topo de gama em frente à porta de casa, ter telefone fixo e
ao mesmo tempo telemóvel, prestação da casa e muito mais, e são capazes de
passarem o mês a comerem enlatados e comidas plásticas para terem o que não
podem ter.

Muitos destes empréstimos, que depois vão levar às futuras prestações, dão-se devido
à grande publicidade enganosa, o que infelizmente há cada vez mais pessoas a
deixarem-se enganar...

A publicidade é um dos fatores que leva as pessoas cada vez mais a aderir ao
consumismo, estas ficam com uma imagem iludida em relação aos produtos e em vez
de se informarem para saberem se é uma publicidade enganosa ou não, deixam-se
levar pela linda aparência, e aí tudo começa com um simples empréstimo, amanhã
mais um e torna-se num «hábito». A grande maioria dos ordenados tende para se
manterem ou até mesmo continuarem a baixar, e o aumento dos empréstimos
continua.

O Consumismo e os Problemas Ambientais

Formadora: Manuela Sampaio


P.20
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O mundo passa por uma terrível crise ambiental, pois as sociedades actuais estão a
sentir os problemas provocados ao longo de centenas de anos.

O homem iniciou o processo de devastação ambiental, principalmente no século XX,


embora tenha começado durante a Primeira Revolução Industrial.

No decorrer de aproximadamente 100 anos o homem usou a natureza e os seus


recursos de forma desordenada e inconsciente quanto à preservação dos mesmos.
Actualmente o mundo está extremamente poluído e degradado. A poluição ocorre de
diversas formas, tais como do ar, atmosfera, águas, solos, entre outras, além da
degradação envolvendo a vegetação, a extracção de minérios e a ocupação
agropecuária.

Aquecimento global, efeito estufa, derretimento das geleiras, tempestades, mudanças


climáticas são alguns dos resultados directos do modelo de sociedade que optamos,
vinculados ao consumo e automaticamente ao capitalismo.

A partir dos itens apresentados acerca dos problemas vivenciados recentemente,


grande parte da classe científica ligada às questões ambientais realiza frequentemente
inúmeros estudos nesse sentido, e o resultado quanto às perspectivas para o futuro
sempre são pessimistas. O século atual provavelmente enfrentará sérios problemas
decorrentes das questões ambientais, como falta de água, aumento do preço dos
alimentos, aumento da temperatura global, elevação dos níveis dos oceanos, dentre
muitos outros.

Diante de toda esta situação, existem diversas teorias que garantem solucionar os
problemas ambientais, algumas radicais outras mais flexíveis e coerentes.
O mundo detém actualmente uma população de aproximadamente 6, 7 bilhões de
pessoas. Para que o mundo não entre em colapso é preciso encontrar formas

Formadora: Manuela Sampaio


P.21
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sustentáveis de desenvolvimento, além de integrar as questões sociais e ambientais


nesse processo.

Um dos primeiros procedimentos a serem colocados em prática é o maior controlo da


natalidade, especialmente em países em desenvolvimento, como o caso da China,
que tem cerca de 1,3 bilhões de pessoas.

O controlo de natalidade permite simultaneamente uma melhoria ambiental e social,


uma vez que evita o aumento da extração de recursos, além de diminuir a oferta de
mão-de-obra, o que favorece o crescimento salarial, pois as empresas teriam que lutar
para conseguir trabalhadores, facilitaria a implantação de serviços públicos de
qualidade, entre muitos outros benefícios.

Outro fator que pode ser extremamente eficiente no processo de conservação está
inserido no contexto da educação. Essa forma ocorre na construção de um ensino
ligado à qualidade e não à quantidade.

Formar pessoas conscientes ambientalmente a partir de aulas específicas de


educação ambiental possibilita a produção de resultados positivos de médio a longo
prazo. O lado positivo deste item é que a mudança ocorre na base da sociedade
(jovens), originando pessoas preocupadas com os problemas relacionados ao
ambiente.

Formadora: Manuela Sampaio


P.22
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Para contribuir com os itens anteriores é importante a implantação de medidas


comuns a todos os países do mundo, com a finalidade de surtir efeito na mesma
escala, nesse caso seria necessária a participação efetiva das nações desenvolvidas.

O desenvolvimento sustentável praticado de forma planeada produz resultados


significativos, aliar crescimento económico e ambiental é o principal foco desse
processo. Além disso, a criação de novos materiais de maior vida útil para diminuir a
rotatividade de produtos faz-se necessária, atitude esta que está vinculada ao
consumo.

No caso das águas é preciso que haja um processo de despoluição dos mananciais
que se encontram poluídos, preservação dos recursos hídricos e fiscalização do uso
dos mesmos, tratamento rigoroso do esgoto, implantação residencial, comercial e

Formadora: Manuela Sampaio


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Módulo: O Consumo e os Consumidores

industrial de reciclagem de água, recuperação de áreas onde as matas ciliares se


encontram degradas.

Outro fator extremamente poluidor é o lixo, nesse sentido a reciclagem e a coleta


seletiva são indispensáveis, além de designar responsabilidade às empresas no
sentido dos resíduos industriais e as mercadorias que terminaram sua vida útil, como
baterias de telemóveis, embalagens de plástico, pneus, entre muitos outros
seguimentos.
As fontes energéticas também são agentes poluidores ou degradantes, especialmente
aquelas oriundas de combustíveis fósseis como carros, indústrias, camiões, entre
muitos outros, a energia eléctrica produz gigantescos impactos ambientais na sua
implantação.

A China está entre os grandes poluidores do mundo, isso deve-se ao número de


habitantes e ao crescimento económico que o país tem demonstrado. Dessa forma, os
prejuízos ambientais são elevados e devem ser repensados pelas autoridades locais,
para isso é indispensável a aplicação efetiva do desenvolvimento sustentável.

O conjunto de medidas que contribuem para a melhoria das condições ambientais no


mundo necessita da participação de todos os países, isso é imprescindível, apesar
disso, medidas individuais podem contribuir para a melhoria do mundo em aspetos
sociais e ambientais, ou seja, cada indivíduo faz a sua parte.

Todas as atitudes apontadas não são conclusivas e estão sujeitas às divergências por
parte de diversas ciências e concepções.

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Módulo: O Consumo e os Consumidores

1.5 Consumerismo e o movimento dos consumidores

Perante esta realidade começam a surgir, nos finais dos anos 50 do Sec. XX,
movimentos e organizações com o objetivo de criar as condições para a
responsabilização do indivíduo como consumidor.
Em reação ao consumismo impulsivo, indiscriminado e nocivo, para as pessoas e para
o ambiente, surge o consumo responsável, esclarecido e consciente do impacto
sobre o ambiente.
Assim, o consumidor, consciente das novas responsabilidades sociais no âmbito do
consumo, começa por organizar-se para conhecer os seus direitos e exigir que os
mesmos sejam reconhecidos através da Lei. Este desejo e em simultâneo a
necessidade de defender os interesses do consumidor, conduz ao aparecimento de
movimentos organizados de consumidores que procuram pressionar os poderes
políticos e obriga-los a definirem normas que estabeleçam os direitos e os deveres do
consumidor.

O movimento de procura de informação sobre os deveres e os direitos dos


consumidores e, em simultâneo, de maior responsabilização dos consumidores
perante o consumo é designado por Consumerismo.

O Consumerismo procura criar um novo consumidor, mais informado, mais esclarecido


e mais interveniente, capaz de viver na sociedade de consumo, tirando partido do bem
estar que a mesma proporciona e contribuindo para a superação dos seus impactos
negativos sobre o seu rendimento, o ambiente e a saúde.

O Consumerismo pressupõe que o consumo atual não limite a capacidade de


consumo no futuro e para que tal aconteça é necessário que o desenvolvimento
(melhoria das condições de vida das pessoas) seja sustentável (que preserve o
ambiente).

1.6 Direitos e Deveres dos Consumidores

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Módulo: O Consumo e os Consumidores

DIREITOS E DEVERES
Segundo a legislação, consumidores são todas as pessoas que compram bens para
uso pessoal, a alguém que faça da venda a sua profissão.
A Lei n.º 24/96, de 31 de Julho estabelece os direitos e deveres dos
consumidores, alterada pelo Decreto – Lei n.º 67/2003, de 8 de Abril.

Como referimos anteriormente, o Consumerismo procura criar um novo perfil de


consumidor, o consumidor responsável e conhecedor dos seus direitos. Os
Consumidores passaram a ter consagrado na Lei nacional e nas Normas comunitárias
um conjunto de Deveres, ou seja, responsabilidades, que devem assumir quando
decidem consumir.

Assim, são Deveres dos Consumidores:

i) Ter consciência critica – antes de adquirirmos bens e serviços devemos


efetuar uma seleção criteriosa dos mesmos;
ii) Ter capacidade de ação – devemos, enquanto consumidores, defender os
nossos interesses;
iii) Ter preocupação social – devemos ter em atenção as consequências dos
nossos consumos sobre outros cidadãos;
iv) Ter espírito solidário – devemos associar-nos, formal ou informalmente,
para, em conjunto, protegermos os interesses e direitos dos consumidores.

Em simultâneo, a Lei Portuguesa define como Direitos dos Consumidores:


i) Direito à proteção, saúde e segurança;
ii) Direito à qualidade de bens e serviços;
iii) Direito de prevenção e à reparação do prejuízos;
iv) Direito à proteção dos interesses económicos;
v) Direito à formação e à educação para o consumo;
vi) Direito à informação para o consumo;
vii) Direito de representação e de consulta;
viii) Direito de proteção jurídica e a uma justiça acessível e pronta.

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Direitos e Deveres dos Consumidores trocados por miúdos:

Em

É muito importante conheceres os teus direitos e deveres para seres um cidadão


lúcido, crítico e responsável, e assim agires melhor no mundo em que vivemos.
Em Portugal, os Direitos dos Consumidores estão consagrados na Constituição da
República (art.º 60º) e na Lei de Defesa do Consumidor (Lei nº24/96, de 31 de Julho).

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Em resumo, Quais são os Direitos Fundamentais dos Consumidores?

> DIREITO À PROTECÇÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA


> DIREITO À QUALIDADE DOS BENS E SERVIÇOS
> DIREITO À PROTECÇÃO DOS INTERESSES ECONÓMICOS
> DIREITO À PREVENÇÃO E À REPARAÇÃO DOS BENS
> DIREITO À FORMAÇÃO E À EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO
> DIREITO À INFORMAÇÃO PARA O CONSUMO
> DIREITO À REPRESENTAÇÃO E CONSULTA
> DIREITO À PROTECÇÃO JURÍDICA E A UMA JUSTIÇAACESSÍVEL E PRONTA

E, os Deveres?

> DEVER DE CONSCIÊNCIA CRÍTICA


Questionar, emitir opiniões, tomar atitudes
> DEVER DE AGIR
Combater a passividade, ser capaz de intervenção

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> DEVER DE PREOCUPAÇÃO SOCIAL


Ter consciência das consequências das nossas opções de consumo,
reconhecer grupos desfavorecidos
> DEVER DE CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
Compreender as consequências ambientais do consumo e a
responsabilidade pessoal e colectiva na conservação dos recursos
existentes
> DEVER DE SOLIDARIEDADE
Ser solidário com os outros, compreender o mundo numa perspectiva
global e interligada).

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2. RENDIMENTOS E PODER DE COMPRA


2.1. Rendimentos Primários

Rendimentos de que dispõem as unidades residentes em resultado da sua


participação direta no processo produtivo e os rendimentos que recebe o proprietário
de um ativo financeiro ou de um ativo corpóreo não produzido em retribuição da
colocação destes à disposição de uma ou outra entidade institucional.

Rendimentos e poder de compra

Rendimento – Quantia em dinheiro que uma pessoa aufere ao longo de um


determinado período de tempo.

Rendimento Bruto – Rendimento de uma pessoa antes da dedução das quantias


devidas a título de segurança social e outros impostos.

Rendimento Liquido – O rendimento de uma pessoa depois de deduzidas as


contribuições para a segurança social e outros impostos.

Poder de compra, é o valor de uma moeda, expresso em termos da quantidade de


bens ou serviços que uma unidade dessa moeda pode pagar. Quando se consegue
comprar a mesma quantidade de bens ou serviços em duas moedas diferentes
fazendo o câmbio de uma para a outra, diz-se que a taxa de câmbio expressa
paridade do poder de compra entre as duas moedas.

Se o rendimento em dinheiro se mantém constante, mas o nível de preços aumenta


(portanto verifica-se inflação), o poder de compra desse rendimento diminui, porque o
mesmo rendimento compra, agora, menos dos mesmos bens e serviços.

A inflação, por si só, nem sempre implica a queda do poder de compra do rendimento
real, posto que o rendimento pode subir mais rapidamente do que a inflação.

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Em economia, inflação, é o aumento generalizado do nível de preços dos bens e


serviços de uma economia, durante um período de tempo. Quando o nível geral dos
preços aumenta, cada unidade da moeda compra menos bens e serviços. A principal
medida da inflação é a taxa de inflação, isto é, a percentagem de variação dos preços
no tempo.

Mais formalmente, poder de compra é o montante de valor de um bem ou serviço,


comparado com o montante pago em moeda. Neste contexto, moeda pode ser uma
moeda – corrente, como o ouro ou a prata, ou uma moeda fiduciária como euros ou
dólares, sendo o dólar a moeda de reserva mundial.

Tal como Adam Smith (Economista) salientou, a posse do dinheiro dá-nos a


capacidade de "comandar" o trabalho dos outros, por isso, em certa medida, o poder
de compra é poder sobre outras pessoas, na medida em que elas estejam dispostas a
trocar o seu trabalho ou bens por dinheiro ou moeda.

Moeda é qualquer coisa que numa determinada comunidade, serve como instrumento
geral de troca e medida comum de valor. Na sua forma mais ampla, é tudo o que pode
ser utilizado, com a aceitação de todas as partes envolvidas, no pagamento de contas
e liquidação de débitos.

Fatores de Trabalho
produção Capital

Rendimento Salários Rendas Juros Lucros

Trabalhadores Proprietários Investidores Empresários


Destinatário
de imóveis financeiros
s

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Rendimentos Primários:

Aos rendimentos que remuneram os factores de produção (trabalho e capital), atribui-


se a designação de rendimentos primários.

Factor de produção Rendimentos Destinatário


Trabalho Salário Trabalhadores
Renda Proprietário
Capital Juro Capitalista financeiro
Lucro Empresário

A Remuneração do Trabalho
O salário é a remuneração atribuída ao factor trabalho, isto é, o preço do trabalho
realizado.
No entanto, temos de distinguir entre salário nominal e salário real:

- O salário nominal é a quantidade de moeda que o trabalhador recebe pelo trabalho


prestado num determinado período de tempo;

- O salário real corresponde à quantidade de bens e serviços que o trabalhador pode


adquirir com o salário nominal. O salário real traduz, assim, o poder de compra dos
trabalhadores e o nível de vida das famílias.

Pode ainda fazer-se a distinção entre salário ilíquido (ou bruto) e salário líquido:
- O salário ilíquido (ou bruto) corresponde ao salário antes de impostos e descontos
para a segurança social

- O salário líquido corresponde à quantia que fica após os descontos atrás referidos.

Porque razão existe diferenciação nos salários?

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As diferenças nos níveis salariais pagos aos trabalhadores por conta de outrem podem
ter várias origens, nomeadamente:
- Setor ou Ramo de atividade;
- Idade;
- Dimensão da empresa;
- Sexo;
- Tipo de profissão;
- Habilitações académicas profissionais
- Qualificação,
- Nível do desenvolvimento regional, (disparidades regionais),
- Nacionalidade
- etc.
As diferenças salariais, tendo em conta o género masculino ou feminino mostram que
os níveis salariais inferiores em Portugal atingem mais as mulheres do que os
homens.

Esta situação deve-se, fundamentalmente ao facto de, para o geral da população


nacional, o nível escolar de formação feminino ser mais baixo do que o masculino.

Outras fontes de rendimento:

Rendimento Pessoal Disponível


O rendimento pessoal disponível é um indicador do rendimento pessoal. Como
sabemos, as famílias têm por principal função consumir. Os seus recursos são
constituídos, fundamentalmente, pelas remunerações pagas pelos outros setores
institucionais, provenientes principalmente do seu trabalho.

Vamos verificar, por exemplo, quais os recursos de que dispõe a família Silva,
constituída por pai, mãe, avô e dois filhos:

Assim, vejamos na imagem seguinte

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Assim, o rendimento de que esta família pode dispor é constituído, quer por
rendimentos primários, isto é, aqueles que provêm do capital e do trabalho (no
exemplo, os salários e os juros), quer ainda pelas prestações sociais (abono de família
e reforma).
Podemos, pois, afirmar que o rendimento das famílias tem origem nas receitas
provenientes:
- Da actividade produtiva: salários, juros, rendas, lucros;
- Das transferências internas: as prestações sociais feitas pela Administração
Pública e Privada (pensões, abonos, diversos subsídios, etc.);
- Das transferências externas: nestes têm especial relevância os rendimentos
provenientes do estrangeiro (remessas de emigrantes e outras).

No entanto, as famílias têm que pagar impostos sobre o rendimento (impostos


diretos) e outras contribuições sociais à Administração Pública. Deste modo, o seu
rendimento ficará diminuído.

O Rendimento Disponível das Famílias é, então, constituído pelo montante dos


recursos monetários de que as famílias dispõem para aplicar em consumo e
poupança, ou seja, é constituído pelo total de rendimentos recebidos pela participação

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na atividade produtiva e pelas transferências (internas e externas) depois de


subtraídos os impostos diretos e as contribuições sociais.

Rendimento Pessoal Disponível = Rendimento do Trabalho + Rendimentos do


Capital + Transferências Totais – Impostos Diretos – Contribuições Sociais.

2.2. Outras fontes de rendimento: crédito

definição de crédito

Crédito pode ser definido como sendo uma soma em dinheiro disponibilizada por uma
pessoa, uma entidade financeira ou um banco, durante determinado período. O
beneficiário deve pagar uma forma de remuneração, designada por juro, como
contrapartida da disponibilização do dinheiro. Implica, geralmente, a prestação de uma
garantia ao banco, pela quantia esperada.

Principais causas do recurso ao crédito

Podem ser apontadas como sendo as principais causas do recurso ao crédito, as


seguintes:
i) O desemprego;
ii) A insuficiência de rendimento;
iii) A má gestão do rendimento familiar;
iv) Os problemas de saúde;
v) A alteração do agregado familiar (divorcio ou morte);
vi) O agravamento do custo de créditos anteriores.

Geralmente as famílias recorrem ao crédito com o objetivo de comprar uma habitação,


um automóvel, melhorar/renovar o lar, entre outros.

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2.3. Desigualdades de rendimento

Repartição pessoal corresponde à repartição dos rendimentos pelos indivíduos ou


agregados familiares de uma determinada região.

2.4. Poder de compra

Noção

O poder de compra dos salários é a quantidade de bens e/ou serviços que é


possível comprar com o rendimento disponível.

O poder de compra e a Inflação

Qualquer um de nós já se apercebeu, da nossa experiencia quotidiana, que os preços


não se mantêm inalteráveis ao longo do ano. É o caso de alguns produtos hortícolas
que, devido a fatores sazonais e climáticos, verificam subidas e descidas dos preços
ao longo do ano.
Por exemplo, no inverno a alface tem um preço mais elevado do que na primavera, o
mesmo acontecendo com as primeiras colheitas de morangos. No entanto, verifica-se
que, desaparecendo essas condições, o preço destes bens vai descendo
gradualmente.
As situações apresentadas anteriormente traduzem uma subida dos preços, no
entanto não se trata de um fenómeno inflacionista, mas apenas de uma subida
sazonal ou ocasional do preço de alguns bens, voltando estes a baixar logo que o
fenómeno que o originou esteja controlado.

Com efeito falamos de inflação quando se verificam as seguintes situações:

● Uma subida generalizada dos preços de todos os bens e serviços e não apenas de
um ou de um conjunto de bens;

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● Uma subida sustentada e continuada dos preços e não uma subida ocasional ou
sazonal.

Em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou poder de compra do


dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preços dos bens e dos
serviços. Inflação é o oposto de deflação. Inflação zero, ou muito baixa, é uma
situação chamada de estabilidade de preços.
Inflação

Como vimos, então, inflação, é o aumento generalizado do nível de preços dos bens
e serviços de uma economia, durante um período de tempo.

Quando o nível geral dos preços aumenta, cada unidade da moeda compra menos
bens e serviços. A principal medida da inflação é a taxa de inflação, isto é, a
percentagem de variação de um índice de preços no tempo.

A inflação pode ter efeitos adversos na economia. Por exemplo, incerteza acerca da
inflação futura pode desencorajar o investimento e a poupança. A inflação pode
aumentar a diferença no rendimento entre aqueles com rendimentos fixos e aqueles
com rendimentos variáveis. Uma inflação elevada pode causar escassez de bens
porque os consumidores os açambarcam por receio de que os seus preços venham a
aumentar.

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Efeitos da inflação

Um aumento do nível geral dos preços acarreta uma redução do poder de compra da
moeda. Isto é, quando o nível geral dos preços aumenta, cada unidade monetária
compra menos bens e serviços.

O efeito da inflação não é distribuído uniformemente na economia. Em consequência,


devido à redução do poder de compra, há custos escondidos para alguns e benefícios
para outros. Por exemplo, com a inflação os credores (mutuantes) ou depositantes que
recebem uma taxa de juro fixa por empréstimos ou depósitos, perdem poder de
compra nos juros que recebem, para benefício dos seus devedores (mutuários).
Os indivíduos ou instituições com activos na forma de dinheiro, sofrem um declínio no
poder de compra desses activos. Os aumentos nos salários dos trabalhadores e nas
pensões, muitas vezes ocorrem com atraso em relação à inflação, especialmente
aqueles com pagamentos fixos.

Taxas de inflação altas ou imprevisíveis são consideradas prejudiciais para a


economia. Geram ineficiências no mercado e, para as empresas, dificultam a
elaboração de orçamentos e o planeamento de longo – prazo.

A inflação pode ser um entrave à produtividade, na medida em que as empresas, ao


focarem os lucros e prejuízos devidos à inflação monetária, são forçadas a desviar
recursos da produção de produtos e serviços.

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A incerteza acerca do poder de compra futuro do dinheiro desencoraja o investimento


e as poupanças.

Depreciação Redução
Inflação do poder
do valor da
de
moeda compra

Índice de Preços no Consumidor (IPC)

De forma a medir a evolução dos preços numa economia, num determinado período
de tempo, utiliza-se o Índice de Preços no Consumidor (IPC), o qual constitui uma
das medidas da inflação.

Vejamos como se calcula o IPC:

Através da realização de inquéritos junto de uma amostra significativa de famílias das


várias regiões do país, determinam-se as quantidades de cada bem que cada família
consome anualmente e o respetivo peso que ocupam no total das despesas familiares,
obtendo-se desta forma, o que se designa por cabaz de bens e serviços.

i) Calcula-se seguidamente o preço desse cabaz para um ano


considerado como base (ano base);
ii) Calcula-se o preço do cabaz para o ano que se pretende considerar;
iii) Relaciona-se o preço dos dois cabazes obtidos.

Vejamos num exemplo prático:

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P.40
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Supondo que no ano de 2007 o preço do cabaz era de 1.000€ e que em 2008 era de
1.100€, para obtermos o IPC procederíamos do seguinte modo:

1.100
IPC 07/08 = X 100 = 110
1.000

O resultado obtido (110) significa que o que se comprava em 2007 com 1,00€, em
2008 custa 1,10€…gasta-se 1,10€ em 2008 para comprar o mesmo bem que em 2007
custava 1,00€.
Preço do cabaz do ano b em que a = ano
IPC ano b/ano a = X 100
Preço do cabaz do ano a base

Sendo o IPC a medida da inflação, podemos dizer que os preços, em média, subiram
10%, ou seja, a taxa de inflação foi de 10%.

IPC – 100 = Taxa de Inflação

Índice Harmonizado de Preços no Consumidor

O índice Harmonizado de Preços no Consumidor foi criado para se poder comparar a


evolução dos preços nos diferentes países da União Europeia.
Desta forma tem-se vindo a uniformizar a fórmula de cálculo do IPC, de foram a torná-
lo numa base comparável no espaço da União.
Assim o IHPC decorre não só do critério de Maastricht relativo à estabilidade dos
preços, mas também para que numa união económica e monetária exista uma
harmonização no cálculo do Índice de preços do consumidor.

O IHPC inclui bens e serviços que não estão contemplados no cálculo do IPC, como é
o caso dos medicamentos que não são comparticipados, os seguros ligados à
habitação e os serviços de educação que são integralmente suportados pelos
cidadãos.

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taxa de inflação média anual e taxa de inflação homologa

Como já vimos, o IPC constitui a medida da inflação, assim, é habitual distinguirmos a


taxa de variação homóloga do IPC e a taxa de variação média anual (dos últimos doze
meses).

A variação homóloga estabelece a comparação entre o nível do Índice no mês


corrente e o nível do Índice no mesmo mês do ano anterior (taxa de variação
homologa).
A limitação desta comparação reside no facto de poder refletir um efeito ocorrido
naquele mês específico.

Índice do mês n no ano N


TIH = -1 X 100
Índice do mês n do ano (N-1)

A variação média anual compara o nível do índice médio nos últimos doze
meses, com os doze meses imediatamente anteriores (taxa de inflação media
anual).
Esta variação, uma vez que se trata de uma média, é menos influenciada pelos efeitos
localizados no tempo, ou seja, por alterações esporádicas nos preços.

Σ Índice dos últimos 12 meses ate ao mês n do ano N

TIM (12) = -1 X 100

Σ Índice dos 12 meses anteriores, até ao mês n do ano (N-1)

Consequências da Inflação

A subida generalizada do preço dos bens e dos serviços – a inflação – tem,


naturalmente, efeitos sobre a economia, nomeadamente sobre:
i) O valor da moeda;
ii) O poder de compra.

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Um dos efeitos da inflação faz-se sentir ao nível do valor da moeda. Uma vez que o
preço se traduz na quantidade de moeda que é necessário despender para obter um
bem, se o preço do bem aumentar significa que teremos de dar uma maior quantidade
de moeda para obter o mesmo bem, ou seja, o valor da moeda baixou, pois a mesma
quantidade já não é suficiente para adquirir o bem. Podemos, assim, dizer que o valor
da moeda se depreciou.

A inflação reflete-se, ainda, diretamente no poder de compra dos consumidores. Se


considerarmos que o rendimento das pessoas se mantém constante, um aumento
generalizado do preço dos bens e serviços irá traduzir-se numa menor capacidade
para adquirir bens e serviços, ou seja, o poder de compra deteriorou-se.

No caso de se verificar um aumento do rendimento das famílias na mesma porproção


da subida de preços, então o seu poder de compra manter-se-á.

A inflação provoca uma deterioração das condições de vida da população, embora os


seus efeitos não sejam sentidos de igual forma por todos os grupos de rendimentos.

Os titulares de rendimentos fixos, em especial os pensionistas e os reformados, são os


mais atingidos, pois com um baixo poder reivindicativo, vêem os seus rendimentos
aumentarem muito abaixo da taxa de inflação, perdendo poder de compra
consecutivamente.

Para além dos aspetos anteriormente apresentados, a inflação provoca ainda outras
consequências, nomeadamente:
i) A redução do investimento – a inflação cria alguma insegurança e
desequilíbrio, retraindo ou fazendo adiar as decisões de investimento, pois
torna-se difícil prever os custos futuros. As empresas / investidores terão
tendência a deslocar as suas aplicações para áreas mais rentáveis ou
mesmo especulativas.

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ii) O aumento do recurso do recurso ao crédito, pois os devedores ficam a


“ganhar”, uma vez que a subida das taxas de inflação, havendo um período
de tempo em que a inflação é superior à taxa de juro, traduz-se em
vantagens para os devedores. Acresce a tudo isto que o valor real da
moeda a pagar pelo devedor decresce com o aumento dos preços.

3. POUPANÇA
3.1. Noção

Cada família dispõe de um determinado rendimento que utiliza de diferentes formas.


Com parte desse rendimento as famílias adquirem os bens e os serviços que lhes
permitem satisfazer as suas necessidades e desejos. A outra parte dos seus
rendimentos deve ser destinada à poupança.

As famílias, bem como cada um de nós tomados individualmente, têm de tomar


decisões de como aplicar o seu rendimento. A primeira questão que se coloca é
decidir que parte se irá destinar à poupança.

De facto, a poupança das famílias é a parte do seu rendimento disponível que não é
canalizada para o consumo.

Poupança = Rendimento Disponível - Consumo

A decisão de poupar traduz-se numa renúncia em efetuar determinados consumos


num determinado momento, podendo ter em vista um consumo no futuro. Ou seja, o
ato de poupar traduz a possibilidade de diferir o consumo no tempo, decidindo não
consumir hoje para o poder fazer no futuro.

Suponha que os pais da Joana lhe dão mensalmente 40,00€ para as suas despesas
de consumo. No entanto, pensando na viagem de finalistas que irá efetuar no próximo
ano, a Joana decidiu gastar 30,00€ e poupar 10,00€ todos os meses. Assim, por
exemplo, a Joana poderá ir ao cinema uma vez por mês e comprar menos DVD’s do

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que comprava anteriormente. Neste caso, Joana está a diferir o ato do consumo no
tempo, deixando de consumir hoje para o poder fazer no ano seguinte. No entanto, ela
teve de tomar a decisão hoje entre o consumir ou o poupar.

3.2. Destinos (entesouramento, depósitos e investimento)

Uma vez constituída a poupança é necessário decidir como a aplicar, ou seja, que
destino lhe dar, para que, sempre que possível, se possa obter algum rendimento
proporcionado por essa aplicação.

São três os possíveis destinos da poupança:


i) O entesouramento;
ii) Os depósitos bancários;
iii) O investimento.

O entesouramento consiste na conservação da poupança sob a forma de valores


monetários, guardados em casa, por exemplo, num cofre, ou na sua conservação sob
a forma de ouro, jóias ou obras de arte, ficando assim a poupança inerte e não
proporcionando qualquer tipo de rendimento.

No caso da conservação de valores monetários em períodos de inflação, o valor da


poupança não acompanhará a perda do valor da moeda associada à subida dos
preços e, no caso de uma futura utilização da poupança na satisfação de
necessidades, esta traduzir-se-á num menor conjunto de bens e serviços a adquirir.

Outra alternativa de aplicação da poupança consiste na constituição de depósitos


bancários, por exemplo, depósitos a prazo.
Neste caso, a poupança vai gerando um determinado rendimento em função da taxa
de juro praticada (para alem do montante aplicado e do tempo disponibilizado)

Um outro destino que pode ser dão à poupança é o investimento.

Formadora: Manuela Sampaio


P.45
Manual de Apontamentos – Cursos de Educação e Formação de Jovens
Domínio / Unidade: Atividades Económicas
Módulo: O Consumo e os Consumidores

Neste caso, a poupança é canalizada para a atividade produtiva através da aquisição


de bens como o equipamento e/ou instalações.

Taxa de poupança

A taxa de poupança é um indicador que nos dá a conhecer o peso da poupança


relativamente ao Rendimento Disponível dos Particulares, ou seja, qual é a parcela do
Rendimento Disponível que é destinada à poupança.

Taxa de poupança em Portugal

2005 2006 2007

Rendimento disponível 3,6 3,8 3,4

Taxa de poupança 9,2 8,4 7,9

Fonte: Banco de Portugal

Como podemos observar no quadro anterior, a taxa de poupança em Portugal tem


vindo a desacelerar nos últimos anos passando de 9,2% do Rendimento Disponível,
em 2005, para 7,9% em 2007.

A taxa de poupança calcula-se através da seguinte fórmula:

Poupança
Taxa de Poupança = X 100
Rendimento Disponível

Formadora: Manuela Sampaio

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