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2008

GRELHA DE CORRECÇÃO 2008.05.02 Prof. Doutor Sérvulo Correia


I
Os (principais) princípios gerais da actividade administrativa vêm enunciados no artigo 266.º da Constituição e nos
artigos 3.º a 12.º do Código do Procedimento Administrativo. Nos termos artigo 2.º-5, deste Código, são aplicáveis a
toda a qualquer actuação da Administração Pública, ainda que meramente técnica ou de gestão privada. Estes
princípios aplicam-se no plano das relações jurídicas administrativas substantivas. O procedimento administrativo só
se aplica às actividades administrativas de gestão pública (CPA, 2.º-6). Os princípios gerais do procedimento (54.º a
60.º) não são de índole substantiva, mas sim funcional, e regem a dinâmica do procedimento administrativo.
Os actos normativos (incluindo os emitidos pela Administração no exercício da função administrativa) caracterizam-
se pela generalidade e abstracção. Significa isto que esses comandos se dirigem a destinatários à partida
indeterminados e a toda uma sucessão de casos concretos que venham a cair sob a sua previsão. Pelo contrário,
os actos administrativos distinguem-se pela individualidade e pela singularidade. Convencionou-se, porém, que os
comandos com uma só destas características também são considerados actos administrativos (exemplo, actos
plurais). O relevo da qualificação tem a ver com a profunda diferença no regime do acto administrativo e do
regulamento administrativo enquanto formas típicas de conduta jurídica, incluindo no plano da impugnação
contenciosa.
II
a) A excessiva abertura na previsão e na estatuição de uma norma de competência administrativa viola o princípio
constitucional da legalidade administrativa, na vertente da reserva de lei (também chamada reserva de norma
jurídica). Por outras palavras, o legislador não pode conceder poderes administrativos através de «cheques em
branco». A discricionariedade não se confunde com a ausência de quaisquer parâmetros normativos de conduta
administrativa.
b) A Directiva do Ministro do Ambiente, destinada a harmonizar o exercício de uma competência discricionária,
enferma de erro de direito com violação do artigo 98.º, n.º 2, do CPA. Com efeito, o facto de a lei prever a audição
de um parecer significa que essa audição é obrigatória mas não que o sentido do parecer seja vinculativo. Para que
um parecer seja vinculativo, é preciso que a lei o qualifique expressamente como tal.
c) Não procede o argumento da associação. Com efeito, uma praxis administrativa não vincula a Administração, em
face do princípio da igualdade, a agir do mesmo modo no futuro perante casos semelhantes quando a anterior
conduta habitual fosse ilegal. O princípio da igualdade de tratamento não prevalece contra o princípio da legalidade
administrativa.
d) O acto enferma de vício de forma por insuficiência de fundamentação (125.º-2, CPA). Não basta, para que o acto
se considere fundamentado, o emprego de uma forma vazia (fórmula « passe-partout»), que não esclareça
concretamente sobre os seus motivos tal como eles se manifestam no caso concreto. Não chega invocar em
abstracto um fim de interesse público, quando se não fica a perceber porque motivo a Administração pensa que a
decisão discricionária será idónea à sua concretização. E tratava-se de um acto sujeito ao dever de fundamentar
(124.º-1, c) CPA).
e) Deveria ter sido recolhido o recibo da entrega do requerimento, nos termos do artigo 81.º do CPA. Sem este
recibo, o interessado não está em condições de demonstrar que se formou uma situação de inércia administrativa
devido à passagem – sobre a data de entrega do requerimento – do prazo legal para o cumprimento do dever de
decidir (58.º e 109.º-2 e 3 CPA). Para propor uma acção administrativa especial de condenação à prática de acto
administrativo devido, António carecia de exibir o recibo ou outro documento comprovativo da entrada do
requerimento nos serviços competentes (79.º-5 CPTA).
TESTE DE DIREITO ADMINISTRATIVO II 26.3.2008
1 – Análise do artigo 89.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro:
n.º 1 – A fiscalização do cumprimento dos deveres jurídicos dos proprietários pela câmara municipal constitui um
poder vinculado;
n.º 2 – poder discricionário da câmara para determinar a execução de obras de conservação. Os conceitos utilizados
são conceitos classificatórios;
n.º 3 - poder discricionário da câmara para determinar a demolição das construções. Os conceitos utilizados são
conceitos classificatórios.
2 – Os actos administrativos padecem dos seguintes vícios:
Incompetência relativa geradora de anulabilidade, pois, não tendo os actos de delegação de competências sido
publicados no boletim municipal (37.º-2, CPA), o presidente da câmara exerceu competências do órgão executivo
(64.º-5, a) e c) LAL). De assinalar, que ambas as competências eram delegáveis (65.º-1, LAL);
Vício de violação de lei por ofensa ao princípio da imparcialidade (artigo 6.º do CPA), visto que o presidente da
câmara se encontrava impedido de praticar actos administrativos em que era interessado um irmão seu (44.º-1, b)
CPA), o que gera a sua anulabilidade (51.º-1, CPA). Para além disso, existiria sempre fundamento de escusa e
suspeição (48.º-1, d) CPA), atendendo à inimizade grave entre A e B;
Vício da vontade por erro nos pressupostos de facto gerador de anulabilidade, dado que a moradia de A tinha sido
pintada de fresco há menos de dois meses.
3 – O acto administrativo de demolição está ainda inquinado por vício de violação de lei por preterição do princípio
da proporcionalidade (5.º-2, CPA), em virtude de o incumprimento da ordem por A poder justificar a adopção de
outras medidas antes de se avançar imediatamente para a demolição da construção. A actuação do presidente
contende com os vectores da necessidade e da proporcionalidade em sentido estrito. O vício em causa implica a
anulabilidade do acto.
4 – Complementarmente e ainda que tal não fosse exigido na resolução da hipótese, podia ainda dizer-se que B
violou o princípio da boa fé (6.º-A e 60.º, n.º 1, do CPA).
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TESTE ESCRITO (18.Mai.2008)
Com vista a combater situações de exclusão social em bairros problemáticos, o Governo aprovou o Decreto-Lei n.º
111/09, de 11 de Maio, que atribuía poderes aos municípios para organizarem redes de apoio geridas por
instituições particulares de solidariedade social (IPSS´s), mediante o pagamento de verbas àquelas instituições. A
Assembleia Municipal de Setúbal autorizou a respectiva Câmara Municipal a adoptar um “Regulamento de Gestão
das Redes de Apoio aos Bairros Problemáticos” que, entre outras, estabelecia, como condição de atribuição de
financiamento, que as IPSS´s tivessem exercido actividades de acção social no concelho durante os últimos 3 anos.
Após a concessão de um apoio financeiro à ASSOCIAÇÃO PAZ & RECONCILIAÇÃO, por despacho da Presidente de
Câmara, a OFICINA OPERÁRIA SADINA, associação que havia sido preterida no procedimento de escolha, dirige um
ofício à Câmara Municipal de Setúbal, através do qual afirma que:
A ASSOCIAÇÃO PAZ & RECONCILIAÇÃO nunca exerceu qualquer actividade no concelho de Setúbal;
A Presidente da Câmara Municipal não ouviu a ASSOCIAÇÃO PAZ & RECONCILIAÇÃO antes da atribuição do apoio
financeiro;
Reunida em plenário, a Câmara Municipal de Setúbal delibera cancelar o pagamento do apoio financeiro à
ASSOCIAÇÃO PAZ & RECONCILIAÇÃO, limitando-se a inscrever em acta que “a decisão de pagamento não respeitou as
normas regulamentares aplicáveis”.
Surpreendida com tal decisão, a ASSOCIAÇÃO PAZ & RECONCILIAÇÃO decide dirigir-se ao Secretário de Estado
Adjunto e da Administração Local, solicitando que aquela reponha o pagamento do apoio financeiro, na medida em
que:
A Câmara Municipal de Setúbal não dispunha de poderes para aprovar aquele regulamento municipal;
O referido regulamento municipal contraria o Decreto-Lei n.º 111/09, que não impõe como condição de pagamento o
exercício de actividade social no concelho, durante os 3 anos que precedem a sua atribuição;
A Câmara Municipal não explicitou, de modo claro, quais as razões de cancelamento do pagamento do apoio
financeiro.
Informada pelo Chefe de Gabinete do Secretário de Estado destas objecções, a Câmara Municipal de Setúbal
decide fazer cessar a vigência do “Regulamento de Gestão das Redes de Apoio aos Bairros Problemáticos” e
notifica a ASSOCIAÇÃO PAZ & RECONCILIAÇÃO que a decisão de pagamento foi cancelada porque aquela não
respeitava o n.º 1 do artigo 8º do Decreto-Lei n.º 111/09, que exigia que as IPSS´s encarregues da gestão de redes
de apoio social tivessem ao seu serviço, pelo menos, 10 trabalhadores com contrato a tempo indeterminado.

1. Aprecie a legalidade do despacho que autoriza o pagamento de verba à ASSOCIAÇÃO PAZ &
RECONCILIAÇÃO e, caso se justifique, as eventuais consequências de uma eventual ilegalidade. (3 v)
- Violação de norma regulamentar
. norma regulamentar é “norma jurídica”, pelo que violação gera anulabilidade (135º/CPA) – 1 v;- Falta de audiência
prévia;. dever de audiência prévia, logo que finda a instrução (100º/CPA) – 0,5 v
. possibilidade de dispensa pelo instrutor, porque decisão é favorável [103º/2, b)/CPA] – 1 v; . discussão sobre
desvalor: i) anulabilidade (135º/CPA) – de acordo com unanimidade da jurisprudência administrativa); ou ii) nulidade
[133º/2, d)/CPA e 16º/1/CRP) – posição de Sérvulo Correia – 1,5 v

2. Comente a decisão tomada pela Câmara Municipal de Setúbal. (7 valores)


- Validade do regulamento administrativo
. problema da competência regulamentar, que cabe originariamente à Assembleia Municipal, por ter eficácia externa
[53º/2, a)/LAL] – 1 v possibilidade de delegação de competência regulamentar, apenas se decreto-lei autorizasse,
uma vez que a LAL não autoriza delegação (35º/1, por analogia) – 1 v regulamento contraria lei que visa
desenvolver, aditando novas condições para concessão de verbas, pelo que é ilegal (112º/4/6/CRP) – 1 v
- Acto válido
. considerando que o regulamento era inválido e que havia possibilidade de dispensa de audiência prévia, acto
administrativo a revogar era válido – 0,5 v
- Violação de lei
. Impossibilidade de revogação de acto administrativo constitutivo de direito subjectivo [140º/1, b)/CPA] – 1 v
. discussão sobre desvalor: i) violação de lei gera anulabilidade (135º/CPA); ou ii) violação de direito subjectivo de
natureza jus-fundamental (direito à propriedade privada – 62º/CRP) permite discutir inclusão no desvalor da nulidade
– ii.a) Sérvulo Correia – seria sempre direito fundamental, ainda que considerado apenas como direito social,
económico e cultural (16º/1/CRP); ii.b) Freitas do Amaral – apenas se fosse considerado direito análogo (17º/CRP),
poderia gerar nulidade – 2 v
- Falta de fundamentação
Fundamentação obscura ou insuficiente é equiparável à falta de fundamentação (125º/2/CPA) – 1 v.
Fundamentação obscura é geradora de anulabilidade (135º/CPA), na medida em que aparenta ser difícil defender
que existe privação do “conteúdo essencial” do direito à fundamentação em caso de afectação de direitos
subjectivos (268º/3/CRP); ainda assim, na medida em que priva o administrado do conhecimento concreto da
motivação do acto, importa ponderar sobre se poderia gerar nulidade, por violação de direito fundamental [133º/2,
d)/CPA) – 1,5 v
3. Seria juridicamente admissível a intervenção solicitada ao Secretário de Estado Adjunto e das Autarquias
Locais? (2 valores)
Recurso tutelar
. Só é admissível quando lei expressamente o preveja (177º/2/CPA), sendo que nem a Lei da Tutela do Estado
sobre as Autarquias Locais (Lei n.º 27/96), nem qualquer outra lei o prevê – 1 va. Secretário de Estado Adjunto e
das Autarquias Locais, com competência delegada pelo Primeiro-Ministro, não dispõe de tutela revogatória ou
substitutória sobre actos administrativos praticados por órgãos autárquicos (177º/4/CPA) - 1 v
4. Pronuncie-se sobre a reacção adoptada pela Câmara Municipal de Setúbal, após ter sido informada das
objecções levantadas à decisão de cancelamento. (3 valores)
Revogação global de regulamento
É legalmente inadmissível por privar a lei em vigor de exequibilidade (119º/1/CPA) – 1 v- Sanação de acto
revogatório;. possibilidade de sanação circunscrita a actos anuláveis (137º/2/CPA); caso se qualificasse como nulo o
acto de revogação, sanação seria inadmissível (137º/1/CPA) – 2 v . nova fundamentação ultrapassa o vício de
violação de direito subjectivo [140º/1/ b)/CPA], visto que demonstra que acto administrativo de autorização de
pagamento é anulável, por ter constituído violação do decreto-lei n.º 111/09 – 1 v
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2010
TESTE ESCRITO (19.Mai.2010)
Informado da visita a Portugal do líder religioso muçulmano, o Ayattollah iraniano ALI KHAMENE´I, o Governo aprovou
em Conselho de Ministros uma Resolução nos termos da qual concedia à COMISSÃO DE LIBERDADE RELIGIOSA os
poderes para adoptar os regulamentos necessários a garantir a segurança pública e o livre exercício do culto
religioso. Nos termos do referido regulamento, determinou-se que as câmaras municipais teriam poder para: a)
autorizar a realização de manifestações religiosas em espaços públicos; b) limitar o uso de vestuário ou de símbolos
religiosos, durante e no local das referidas manifestações.
Durante uma cerimónia religiosa que se realiza no Castelo de São Jorge, agentes da Polícia Municipal dão ordens a
vários crentes para que interrompam o culto e retirem símbolos e vestes muçulmanas Para tal, invocam um edital do
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, afixado no local, que determina: “Por razões de segurança pública, fica
proibido o uso de véus, túnicas, burkhas ou quaisquer outros símbolos muçulmanos durante a cerimónia religiosa a
ter lugar no próximo dia 29 de Maio”.
Perante a recusa dos crentes a cumprir aquelas ordens, a Polícia Municipal informa o plenário da Câmara que
profere, de imediato, deliberação nos termos do qual cancela a autorização para o exercício do culto religioso no
Castelo de São Jorge. Ao ser confrontado com tal deliberação, o Ayattollah ALI KHAMENE´I afirma que:
O regulamento aprovado pela Comissão de Liberdade Religiosa é ilegal, quer por falta de competência
daquele órgão, quer por atentar contra a liberdade de culto religioso;
A manifestação religiosa foi comunicada ao Governador Civil de Lisboa por ofício datado de 15 de Janeiro
de 2010, não tendo sido recebida qualquer resposta até à data da realização da mesma, pelo que a
presumiu concedida;
A deliberação que cancela a autorização não cumpre as formalidades legalmente previstas.
Sob estes argumentos, o Ayattollah ALI KHAMENE´I prossegue a cerimónia religiosa e é detido, em flagrante delito,
sob a alegação de prática de crime de desobediência qualificada.
Aprecie a legalidade do regulamento adoptado pela Comissão da Liberdade Religiosa. (4 valores)
- Competência regulamentar
. competência regulamentar originária cabe ao Governo [199º/ c)/CRP] – 0,5 v. possibilidade de delegação de
competência regulamentar na Comissão dependia de expressa previsão pela lei (35º/1/CPA, por analogia) – 0,5 v.
resolução do Conselho Ministros não configura acto legislativo (112º/1/CRP), constituindo antes um acto de
delegação de poderes (37º/38º/CPA) – 0,25 v. impossibilidade de transferência legal ou de delegação de poderes
regulamentares conferidos pela Constituição a determinado órgão (posição Paulo Otero) – 0,5 v
- Violação de direito fundamental
. restrição de vários direitos, liberdades e garantias, designadamente: i) direito ao livre desenvolvimento da
personalidade (26º/1/CRP); ii) liberdade de expressão (37º/CRP); iii) liberdade de culto religioso (41º/1/4/CRP); iv)
liberdade de reunião e de manifestação (45º/CRP) – 0,5 v. restrição de direitos, liberdades e garantias só é
admissível mediante acto legislativo (18º/2/3/CRP) – 0,25 v. regulamento é ilegal ( amplo sensu) por violação da
Constituição e da lei (in casu, da Lei da Liberdade Religiosa – Decreto-Lei n.º 16/2001), devendo indicar qual a lei
que visava regulamentar (112º/7/CRP) – 0,5 v. normas regulamentares seriam nulas, por aplicação analógica do
regime de invalidade dos actos administrativos [133º/2/alínea d)/CPA] – 0,5 v
- Falta de audiência dos interessados
. aprovação de regulamentos administrativos que imponha deveres, sujeições ou encargos deve ser precedida de
audiência dos interessados sobre o teor do projecto de regulamento (117º/1/CPA) – 0,5 v
Comente a reacção dos crentes muçulmanos ao despacho do Presidente de Câmara que ordenou a retirada de
símbolos e de vestuário religiosos, apreciando a legalidade do despacho. (9 valores)
- Incompetência
. nos termos da lei e do regulamento, a competência originária cabe à Câmara Municipal e não ao respectivo
Presidente, pelo que se trata de vício de incompetência relativa – 0,5 v. Presidente da Câmara só podia praticar acto
administrativo ao abrigo de delegação de poderes (35º/1/CPA e 65º/LAL) – 0,5 v. incompetência relativa gera
anulabilidade do acto (135º/CPA) – 0,5 v
- Falta de fundamentação
. Fundamentação obscura ou insuficiente é equiparável à falta de fundamentação (125º/2/CPA) – 0,5 v.
Fundamentação obscura (mediante recurso ao conceito jurídico indeterminado “por razões de segurança pública”) é
geradora de anulabilidade (135º/CPA – posição da maioria da jurisprudência administrativa e Prof. Vieira de
Andrade), na medida em que aparenta ser difícil defender que existe privação do “conteúdo essencial” do direito à
fundamentação em caso de afectação de direitos subjectivos (artigo 268º/3/CRP) – 0,5 v ainda assim, na medida em
que priva o administrado do conhecimento concreto da motivação do acto, importa ponderar sobre se poderia gerar
nulidade, por violação de direito fundamental [133º/2, al. d)/CPA) – posição Sérvulo Correia–1 v análise e discussão
sobre conceito jurídico de “direito fundamental” (posições restritivas Prof. Freitas do Amaral vs posições
declarativas) – 0,5 v
- Falta de audiência prévia
. em regra, existe dever de audiência prévia, logo que finda a instrução (100º/CPA) – 0,25 v. neste caso,
excepcionalmente (em função do elevado número de potenciais participantes na cerimónia religiosa),não haveria
lugar a audiência prévia [103º/1, al. c)/CPA] – 0,5 v. discussão sobre desvalor: i) anulabilidade (135º/CPA) – de
acordo com unanimidade da jurisprudência administrativa); ou ii) nulidade [133º/2, al. d)/CPA e 16º/1/CRP) –
posição Sérvulo Correia – 1,5 v. configuração do direito de audiência prévia como “direito fundamental” – 0,5 v
- Dever de notificação
. decisão do Presidente de Câmara Municipal corresponde a acto administrativo geral, na medida em que os crentes
sejam presencialmente identificáveis pela Polícia Municipal (nota – admite-se eventual qualificação da decisão como
acto genérico-regulamento administrativo) – 0,25 v. proibição de envergar símbolos e vestuário religiosos configura
imposição de dever ou sujeição, pelo que há dever de notificar [66º/ b)/CPA] – 0,5 v. na medida em que se trata de
acto administrativo geral e, portanto, destinado a vários interessados desconhecidos, mas identificáveis (no
momento da cerimónia religiosa), notificação poderia ter lugar mediante afixação de edital [70º/1/ d)/CPA] – 0,5 v
- Violação de direito fundamental
proibição envergar símbolos e vestuário religioso configura violação conteúdo essencial vários direitos fundamentais
– v.g. direito ao livre desenvolvimento da personalidade (26º/1/CRP); liberdade de expressão (37º/CRP); e liberdade
de culto religioso (41º/1/4/CRP) –, pelo que acto administrativo seria nulo [133º/2/ d)/CPA)] – 0,5 v
- Direito de resistência pelos crentes muçulmanos
. caso se qualificasse o acto administrativo como nulo (134º/CRP), poderia equacionar-se o exercício do direito de
resistência por parte dos crentes (21º/CRP) – 0,5 v
Pronuncie-se sobre a admissibilidade legal do cancelamento da autorização da manifestação religiosa, pela Câmara
Municipal, bem como sobre as consequências da falta de resposta por parte do Governador Civil.
- Objecto do acto de revogação
. a revogação da autorização para realização da cerimónia religiosa só é admissível se esta última for válida ou, pelo
menos, anulável [139º/1/a)/CPA] – 0,5 v. na medida em que a Constituição e a lei consagram o direito de reunião,
independentemente de qualquer autorização administrativa, o acto administrativo a revogar seria sempre nulo, por
violação de direito fundamental [133º/2/c)/CPA] – 0,5 v
NOTA – apesar desta conclusão, aluno deve prosseguir a resolução da hipótese, equacionando a hipótese de o
acto a revogar ser válido ou meramente anulável
- Competência revogatória
. como Câmara Municipal era órgão delegante, poderia revogar acto praticado por órgão delegado (39º/2 e
142º/2/CPA) – 0,5 v
- Formalidades do acto de revogação
. acto de revogação está sujeito às formalidade do acto a revogar (144º/CPA) -0,5 v. falta de audiência prévia
(100º/CPA – idem, quanto à qualificação da invalidade a aplicar) – 0,25 v. falta de fundamentação (124º/CPA) –
idem, quanto à qualificação da invalidade a aplicar) – 0,25 v
- Revogação de acto inválido
. caso se admitisse que o acto administrativo a revogar era anulável, acto de revogação poderia ser praticado até 1
ano a contar da data da prática do acto a revogar (141º/1/2/CPA, 58º/2/ a) e 59º/6/CPTA) – 0,5 v

- Revogação de acto válido


. admitindo que o acto administrativo de concessão de autorização era válido, a revogação seria legalmente
inadmissível porque se tratava de acto constitutivo de direitos [140º/1/ b)/CPA], não havendo acordo dos
administrados nesse sentido [140º/2/CPA] – 1 v. discussão sobre se acto de revogação estava viciado por violação
de lei, geradora de anulabilidade (135º/CPA) ou por violação de direito fundamental [133º/2/ d)/CPA] – 0,5 v
- Indeferimento tácito
salvo previsão em lei especial, a falta de resposta a requerimento do administrado no prazo de 90 dias, gera
indeferimento tácito (109º/1/2/CPA) – 0,5 v . discussão sobre eventual revogação tácita do artigo 109º-1, CPA, em
função da entrada em vigor do CPTA – ex: acção de condenação à prática de acto devido (51º/4 e 66º e ss./CPTA)
– posição de Aroso de Almeida / Sérvulo Correia / Cabral de Moncada – 1 v
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VÁRIAS QUESTÕES
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Em não mais do que 20 linhas, compare, designadamente quanto ao campo de aplicação, os princípios gerais da
actividade administrativa e os princípios gerais do procedimento administrativo.
Os (principais) princípios gerais da actividade administrativa vêm enunciados no artigo 266.º da Constituição e nos
artigos 3.º a 12.º do Código do Procedimento Administrativo. Nos termos do artigo 2.º, n.º 5, deste Código, são
aplicáveis a toda e qualquer actuação da Administração Pública, ainda que meramente técnica ou de gestão
privada. Estes princípios aplicam-se no plano das relações jurídicas administrativas substantivas.
O procedimento administrativo só se aplica às actividades administrativas de gestão pública (CPA, art. 2.º, n.º 6). Os
princípios gerais do procedimento (artigos 54.º a 60.º) não são de índole substantiva, mas sim funcional, e regem a
dinâmica do procedimento administrativo.
Em não mais do que 20 linhas, explique se, perante o presente regime da inércia administrativa, ainda se mantém
um princípio geral do acto tácito negativo.
O princípio geral do acto tácito negativo tinha o seu assento no art. 109.º, n.º 1, do CPA. Segundo este preceito, a
falta, no prazo fixado para a emissão, de decisão final sobre a pretensão dirigida a órgão administrativo competente
confere ao interessado, salvo disposição em contrário, a faculdade de presumir indeferida essa pretensão para
poder exercer o respectivo meio legal de impugnação.
Porém, o CPTA veio estabelecer como único meio processual adequado para reagir contra a inércia administrativa a
acção administrativa especial de condenação à prática de acto administrativo devido. Já não há, pois, que presumir
um acto de indeferimento tacitamente contido na omissão administrativa para vir pedir a sua anulação. Nos termos
do art. 71.º, n.º 1, do CPTA, ainda que o requerimento apresentado não tenha tido resposta, o objecto do processo
não é uma recusa, mas a pretensão material do interessado. Tendo-se, pois, tornado incompatível com o modo de
tutela processual, deve considerar-se revogado o n.º 1 do artigo 109.º do CPA.

Em não mais do que 20 linhas, refira se o Estado pode exercer tutela de mérito sobre as autarquias locais e sobre
as associações públicas.
O Estado não pode exercer tutela de mérito sobre as autarquias locais, à luz do disposto no artigo 242.º, n.º 1, da
Constituição. Apenas é admissível a tutela administrativa destinada a garantir a legalidade da actuação dos órgãos
autárquicos. Tal é uma decorrência natural de outros princípios com assento constitucional, designadamente dos
princípios da descentralização e da autonomia local (artigo 6.º, n.º 1, da Constituição).
A Constituição não contém, relativamente às associações públicas, disposições idênticas às que foram referidas
para as autarquias locais. A Constituição refere-se-lhes apenas no n.º 4 do artigo 267.º. No entanto, tem-se
considerado que a integração destas entidades na administração autónoma justifica que o controlo que sobre elas é
exercido pelo Estado seja idêntico ao acima referido para as autarquias locais.

Em não mais do que 20 linhas, diga como se distingue um acto administrativo de um acto normativo da
Administração e qual o relevo prático de tal qualificação.
Em não mais do que 20 linhas, compare, designadamente quanto à sua natureza jurídica e quanto à sua inserção
na Administração Pública a Direcção-Geral de Veterinária com a Ordem dos Médicos Veterinários, bem como refira
os poderes que o Governo exerce sobre estas entidades.

Em não mais do que 20 linhas, refira em que casos pode o subalterno recusar-se a acatar uma ordem dada pelo
seu superior hierárquico.

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Imagine que a Universidade da Covilhã, que é pública, tinha uma Faculdade de Arquitectura (que na realidade não
existe). A Faculdade abriu um concurso para um lugar de professor auxiliar do grupo de arquitectura industrial e o
seu Conselho Científico aprovou um regulamento do qual consta que, para efeito de avaliação dos curricula, o júri
apreciará os trabalhos dos candidatos que estes tenham mencionado no currículo e juntado ao procedimento
concursal. Durante a reunião do júri, alguns membros trazem consigo outros trabalhos do candidato Abel que este
não juntou nem mencionou no seu currículo. Aqueles membros sustentam que a regra do regulamento contraria um
preceito do Código do Procedimento Administrativo sobre a amplitude do poder de cognição do órgão competente
para a instrução do procedimento e que tais trabalhos são relevantes para uma correcta avaliação do candidato.
a) Deveria o júri tomar em consideração os trabalhos em causa na avaliação do candidato Abel ?
Em tudo aquilo em que não haja lei estabelecendo um regime especial de procedimento, a actividade de gestão
pública da Administração rege-se pelo Código do Procedimento Administrativo (art. 2.º, n.º 6, do CPA). Uma
universidade pública integra a Administração Pública e um júri de concurso formado no seu seio é um seu órgão
(ainda que ad hoc).
A apreciação dos curriculos dos candidatos integra a fase de instrução do procedimento concursal. Aplica-se-lhe
assim o princípio do inquisitório, enunciado no n.º 1 do art.º 87.º do CPA, segundo o qual o órgão competente deve
procurar averiguar todos os factos cujo conhecimento releve para a decisão, não ficando confinado aos factos
alegados pelos interessados.
Esta norma legal é contrariada pela regra do regulamento que faz depender da vontade do candidato as peças do
seu currículo que poderão ser apreciadas pelo júri. Em face da contradição entre uma norma regulamentar e uma
norma legal, a Administração está vinculada a cumprir esta última por força do princípio da legalidade administrativa
(Constituição, art.º 266.º, n.º 2). A ideia de uma vinculação primária ao regulamento como fonte mais «próxima»
equivaleria ao absurdo de dar mão livre à Administração para se furtar ao cumprimento das leis editando
regulamentos ilegais.
O júri deveria, pois, aplicar o artigo 87.º, n.º 1, do CPA, tomando em conta todos os trabalhos do candidato cuja
existência ele próprio averiguasse. E isto tanto num sentido favorável como desfavorável ao candidato, pois aquilo
que releva para a satisfação do interesse público é uma apreciação tão objectiva quanto possível do respectivo
mérito científico e pedagógico.

Suponha ainda que, sem que isso contrariasse qualquer lei vigente, o regulamento do concurso previa
simplesmente que se ouvisse o parecer da Ordem dos Arquitectos sobre o projecto arquitectónico que cada um dos
candidatos tem de elaborar como prova inserida no concurso. O júri entendeu, porém, que, uma vez que «tal
parecer seria necessariamente vinculativo», a regra do regulamento «transferia a competência decisória para o
exterior da Universidade, que assim renunciava às suas atribuições e competências». E, em consequência,
considerou a regra inválida e não solicitou o parecer da Ordem dos Arquitectos.
b) Considera correcto o fundamento desta decisão procedimental ?
Não era inválida a regra do regulamento do concurso que previa a solicitação de um parecer à Ordem dos
Arquitectos. Na verdade, nos termos do n.º 2 do art.º 98.º do CPA, «salvo disposição expressa em contrário, os
pareceres referidos na lei consideram-se obrigatórios e não vinculativos».
Portanto, a circunstância de se dever ouvir o parecer da Ordem dos Arquitectos não implicava que o sentido do
mesmo fosse necessariamente acatado. Ao submeter-se à necessidade de ouvir um parecer, não vinculativo, a
Universidade não renunciou assim a qualquer competência. Se o tivesse feito, a norma regulamentar seria de facto
nula (artigo 29.º, n.º 2, do CPA).
c) Supondo que a decisão procedimental em causa foi ilegal, quais as consequências de tal ilegalidade
quanto ao acto final do procedimento concursal ?
Uma vez que se recusou observância a uma norma regulamentar que prescrevia a audição de um parecer, ocorreu
preterição de formalidade legalmente exigida. A verificação deste vício de procedimento acarreta a invalidade do
acto administrativo final ou conclusivo por vício de forma. Tanto mais que se não pode afirmar com certeza que o
sentido da decisão haveria sido o mesmo ainda que a formalidade tivesse sido cumprida.

Tendo, por fim, o júri estabelecido uma graduação entre os cinco candidatos, proclamou imediatamente vencedor do
concurso o candidato Bento, classificado em primeiro lugar.
d) Encontra alguma fonte específica de ilegalidade neste comportamento apressado do júri ?
Deveria ter sido proporcionado aos candidatos preteridos o exercício do direito de audiência nos termos dos arts.
100.º e seguintes do CPA. Tratava-se de uma decisão desfavorável a esses candidatos e nada nos termos da
hipótese nos diz que se verificasse inexistência ou dispensa de audiência dos interessados.
O acto administrativo final enferma, pois, de um novo vício de forma, com a natureza de vício de procedimento.

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1. Imagine que um preceito de um Decreto-lei dispunha: «Os Directores Regionais do Ambiente poderão
licenciar por acto administrativo a instalação de tanques de criação piscícola em barragens». O diploma não
estabelecia quaisquer pressupostos da tomada de tais decisões.
a) Suscitaria a amplitude deste poder administrativo dúvidas de constitucionalidade ?

2. O Decreto-Lei prevê, porém, que antes de poderem começar a ser concedidas tais licenças, o Ministério
do Ambiente solicite um parecer de política geral ao Presidente do Instituto da Água.
Obtido este parecer, o Ministro emitiu uma directiva para os Directores Regionais na qual considera: «Uma vez que
o parecer vai no sentido de que a dimensão de cada exploração não deveria exceder os 10.000m3, deverão os
senhores Directores-Regionais considerar-se vinculados a este limite, independentemente do volume da barragem
em causa, do fluxo de água que nela transita ou da espécie animal de que se trate».
b) São válidas as recusas de licenciamento de tanques de dimensão superior com o fundamento de
aplicação da directiva ?

3. Mais tarde, a directiva vem a ser revogada. Mas uma associação de defesa do ambiente opõe-se à
concessão de licenças para tanques de maior dimensão com o fundamento de que ficaria com isso infringido o
princípio da igualdade de tratamento em face daqueles interessados a quem, antes, fora imposto o limite de
10.000m3.
c) Procede este argumento ?

4. Um pedido de instalação de tanques é indeferido por um Director-Regional exclusivamente nos seguintes


termos: «Indefiro, dado o imperativo de defesa da biodiversidade».
d) Sofre este acto administrativo de algum vício ?

5. António requereu uma licença de instalação há seis meses e o Director-Regional ainda se não pronunciou
sobre o pedido. Mas António esqueceu-se de colher recibo do seu requerimento.
e) Quais as consequências processuais da distracção de António ?
Art 54 iniciativa oficiosa ou particular
Oficiosamente – feito por iniciativa e da própria Adm púb. AP sempre que entender pode iniciar um procedimento.
Principios Gerais
Art º 3 (...) – Principio da Legalidade –AP só pode accionar um PA quando a Lei o autorize. É sempre assim.
Por vezes a Lei atribui a AP um poder discriccionário, tem de ser atribuido um fim para o qual esse poder foi
atribuido
Art º 4 – (...) – os órgãos adm também compete prosseguir o Interesse Público
Mas deve inicar sempre ?
Só deve se a lei impor
Distinção entre poder vinculado e poder discriccionário
Ex: a AP inicia um processo expropriativo quando achar que é conveniente. A AP entende que aquele terreno
justifique que seja expropriado, então é iniciado um processo expropriativo. (vide código anotado).
2 ª forma – requerimento dos interessados (art 74 ss) o particular desencadea o PA.
Nota : Mas há quem defenda que há PA que têm carácter misto ex, concursos públicos .
O PA desencadea-se pelo org adm, mas só procede com a iniciativa dos interessados – a iniciativa não é oficiosa
nem particular.
A regra geral – AP quando inicia um PA é para prejuducar um particular, i é são sempre ablativos ex, quando impõe
um encargo ou sacrifica um direito.
É o art 52 que é o corolário do art 9 CPA – há um dever de decidir da AP. Quando há um dever, há
necessariamente um direito subjectivo (neste caso de particulares) de exigir um comportamento i é, dela se
pronunciar-se sobre os seus requerimentos. Se não se pronunciar há problemas.
Como se inicia esse PA ?
- Art 74 ss
- Art 54

Art 55
Incio oficioso “comunicado”
Art 6, 6-A, 8
Não há Procedimentos secretos, deve ser público e mais, deve dar conhecimento as pessoas porque foi feita
oficiosamente essa posição, para que as pessoas interessadas possam acompanhar o PA tudo o que se passa (o
objecto e seu fim). Analogia com o Processo Penal, mas é de gravidade diferente.
O principio da Boa-fé (art 6-A) impede o segredo ou o secretismo
Art 7 de forma taxativa “designadamente”
Art 8
A intenção foi deixar vincado bem os direitos e deveres da AP.
Art 55/1 – Regra geral é a da comunicação
Art 55/2 – Excepção – não há uma comunicação quando a Lei dispense, a própria Lei fixa.
Se o 55/2 é uma excepção não pode ser interpretado analogicamente. São normas excepcionais, não é passível de
interpretação analogica, não se pode aplicar aos casos que não estejam previstos na previsão legal.
A Regra Geral é da Administração Aberta – não há documentos classificados nem procedimentos secretos
55/3 é uma norma imperativa, não pode ser desrespeitada.
Art 56 – Principio do Inquisitório Principio do Dispositivo.
Nos tribunais cíveis a regra é o Principio Dispositivo, só se pode iniciar por um particular. A decisão, em regra vai
ser limitada consoante o pedido formulado ex, não é possível condenar em quantidade superior ao que foi pedido. O
andamento do Processo depende das partes.
Na Administração Pública vigora o Principio inquisitório, a AP pode realizar todas as diligências que sejam
necessárias (art 56).
Quando nós um requerimento perante a AP, a decisão da AP pode ultrapassar em muito aquilo pedimos. Tanto
pode acontecer na iniciativa oficiosa e ou iniciativa particular.
Então o Principio Inquisitório implica :
1. Ao nível de Instrução – adm não está cingida as matérias que foram propostas pelos próprios particulares ex,
para fazer prova factos denuncia e arrola , o orgão é que tem de decidir pode aproveitar-se de outros meios de
prova.
2. A decisão a tomar não se limita àquilo que foi pedido, a decisão pode ser mais abrangente, amplo, ou onerosa
daquilo que se pediu.
Mais aparente : vamos ver como corolário destes princípios. AP pode tomar decisão sem ouvir o interessado – art
100 é a pedra de toque do PA.
Se Adm dedide ampliar esse mesmo decisão, deve ouvir os interessados (Audiência dos interessados).
Objecto inicial do PA – AP tem o direito de realizar as instruções que bem entender por forma a seguir uma decisão
justa ou equitativa.
Pode, também, ampliar o objecto de PA, ligado a Principio Inquisitório existe esse liberdade da AP de permitir que o
particular pronuncie.
Art º 59 (...) – consagra o Principio do Contraditório (e obtem-se a sua consagração máxima no art 100)- não pode
ser tomada de decisão contra uma pessoa. È também corolário do principio de não pode haver decisões secretas.
Art 59 (...) – dever de Audiência dos interessados não é uma mera faculdade, é também um dever (de ser ouvido –
acompanhado com art 59), pois pode ser arguida o vicio
Está consagrada de uma maneira mais ampla, i é, a fazer sentir para além do dever de fazer ouvir os interesses,
ainda ouvir qualquer questão – está relacionado com art 8.
Dever geral – é o corolário de principio da Boa-fé (art 6-A); P. colaboração (art 7); P. Decisão (art 9); aliena a e b) 1
– exige também um dever de boa-fé e de urbanidade.
Art 60 consagra duas características, por um lado é um dever que consiste numa atitude de abstenção que os
particulares não devem deduzir factos ...... (as chamadas manobras dilatórias – n.º1).
Mas o art 60/2 há dever positivo i é, dever de actuação dos particulares).
Do ponto de vista Adm:
1. Obrigação de indemnizar – direito subjectivo de ser indemnizado se implicar prejuízos ex, crime de denúncia
caluniosa)
Art 57 (...) também como consequência art 9 – é importante que as decisões sejam rápidas para serem eficientes.
Mas não pode ser apressados porque o tempo é fundamental na vida. È um direito dos particulares de existir uma
decisão aficaz – o critério é o critério de eficácia.
O prazo geral é de 90 dias excepto – há circunstâncias excepcionais, mas essa dilação tem limites.
No máximo tem de estar concluído em 180 dias (art 3) – justificação oficiosa porque não foi tomada essa decisão.

AULA 2ª 12/03
Direito a informação
Art 55 (iniciativa oficiosa) – Principio Administração Aberta (art 65), que têm consagração constitucional (art 268, n.º
1,2,3 CRP).
Art 7, 8 e o 9 – também é retirado este principio – o legislador sentiu ao órgãos de Estado que é um principio
fundamental - art 65) que não há matérias sigilosas na actividade administrativa – todos nós temos o direito ao
aceso, mesmo quando não nos dizem respeito directamente.
È uma consequência do Principio da Boa-fé, e do art 1000 – devem de fundamentar e também corolário de uma
Administração Aberta (acórdão).
A regra geral é Administração Aberta. Todas as pessoas tem acesso.
Classificação de normas excepcionais e dos outros – sempre que excepcional for impedido o acesso
– essa lei tem um caracter excepcional – não cumpre aplica-la analogicamente, não pode ser aplicada a outros
situações não consagradas.
Principio a contrario sensu – nós a partir de uma norma excepcional, podemos retirar uma norma geral, i é, de
acesso livre. O segredo é uma excepção.
Acordão n.º 23/5/92 – refere a um elenco de excepções (elencou a matéria excepcional que impede o acesso):
1. Defesa Nacional e Segurança do Estado
2. Relações exteriores e relação com organizações internacionais.
3. Segredos comerciais, financeiros ou fiscais.(ex, prática concentrada –abuso de posição dominante, Dumping).
4. Segredos judiciários
5. Procedimento geral e prevenção do criminalidade
6. Dossiers Pessoais
7. Elementos de informação diverso, cuja a comunicação e consequente publicitação possa constituir um atentado a
vida privada sem prejuízo do acesso dos cidadãos, as informações que lhes respeitam pessoalmente.
Isto varia de cultura para cultura. Os países escandinavos tem um principio de Adm Aberta mais aberto, por ex (não
existe sigilo bancário ou comercial, existem declaração de rendimentos públicas).
Nos EUA há uma certa latitude mas nem tanto, França taxativamente os documentos de acesso não livre, Alemanha
dá exemplo (conceitos indeterminados) que tem demostrar que tem um interesse substancial na obtenção da
informação. Existem recomendações do Conselho da Europa é uma matéria complexa) è util mas nós gostaríamos
de ver direito de reserva da intimidade ceder perante o direito da informação.
Art 61 a 64 e também 66 – o cidadão tem de ser informado.
Art 61 n.º1 e também resulta do n.º 7 (também resulta do art 268 CRP) é uma consagração concreta das normas
natureza constitucuional , que suplanta o valor das leis oridnárias (por ex, CPA).
Este Principio é revolucionário: o PA era antes secreto, os cidadãos mesmo nos PA que diziam respeito. È a
consagração do estudo do Direito.
Fala no Direito subjectivo dos interessados (então há uma dever juridico da AP de fornecer a informação e fazer
dentro dos prazos.
LPTA – processo de intimação para a passagem de certidões (cód Processo Adm) – se for ultrapassado o prazo, de
se obter uma informação (por ex, quer que seja passado uma certidão). Há 1 processo próprio ao juiz que intime a
Adm a fornecer esse esclarecimento.
Requisitos de Dever de Informação:
1. Dever não é oficiosa – o cidadão tem de requer. E só há o dever de informação quando é solicitado (quando o
direito é exercido).
2. Quando incide o PA sobre o cidadão seja de esclarecimento interesse – i é, afecta a sua esfera juridica,
normalmente corre contra o interessado. Há PA cuja a decisºao não é Ablativo (retira direitos ou imponha encargos
no cidadão)
Art 64 – Aproxima-se da Legislação alemã, o cidadão para obter determinados elementos (mesmo secretas) deve
provar que tem um interesse legitimo na obtenção desses elementos. È um acto contencioso impugnável. Apesar do
61 restringir dalguma forma ao interesse directo do particular em obter informação, mas estende-se sempre que o
particular pretende obter um interesse, é casuisticamente a AP vai decidir se o interesse em facultar essa
informação.
Sigilo – TESTE
62 e 63 – problema de consulta do processo e passagem de certidões (...) obtenção de elementos
(n.º3).
63 (...) é também um PA rápido que visa a obtenção de certidão (mas queremos é a informação das certidões.
Mas há situações que não é necessário passas a despacho (art 63) – o que se pretende é um dado objectivo da PA
desde que não esteja classificado matéria sigilosa (e não instrução) Há matéria de legislação especial.
DL 84/84 – Estatuto do Ordem dos Advogados podem solicitar livremente qualquer documento:
1. Sigilo profissional
2. Para facilitar o processo juducial, não precisa de justificação.
AULA 3ª 17/03
Capitulo III – A.A é uma decisão que emana do PA. Estudar os pormenores para ser válido tem que se sujeitar a
determinados requisitos ou preencher condições legais impostas (P.Legalidade). Se falta um desses requisitos, ele
é impugnável, porque se faz uma invalidade, consoante a gravidade desses vicios (anulavel ou nulo).
Estes requisitos são considerados requisitos internos, o A.A para existir precisa de os ter. Se não tiver, a Lei diz que
não há A.A (inexistência) ou está ferido de invalidade que não pode produzir quaisquer efeitos (nulidade ) ou então
produz efeitos, mas está dependente de alguém argui-la (Anulabilidade).
Estes requisitos fazem parte do próprio A.A, são essenciais para existência do próprio A.A.
A par destes, há outros – requisitos externos que não fazem parte dele, estão ao seu redor.
Podemos ter um A.A válido, mas se faltar um desses requisitos (externos) pode ser declarado ineficaz. Ele existe, é
válido, está apto a produzir efeitos, mas para produ<ir efeitos precisa de alguma coisa..
Requisitos de validade do A.A (internos) – o próprio A.A.
Requisitos ou condições de eficácia (externos) ao AA – tem haver com a produção de efeitos.
– tem haver com a falta do seu conhecimento dos destinatários, para que o A.A passa a produzir os seus efeitos e
precisa levar ao seu conhecimento. Os actos A.A são recepticios.(art 66) são actos que podem interferir na nossa
esfera juridica.
A notificação é , também, um A.A (também é preciso abrir um PA), mas que se integra no PA principal, são não-
autonomos, i é, são actos integrativos (sem autonomia), mas que servem para dar eficácia ex, – notificação pessoal
– é preciso avisar.
Quando não é necessária a notificação (art 67) dispensa de notificação.
Art 127; 132/1
Polémica – se os actos orais são válidos, desde que praticados na s (levanta muitas dúvidas).
Esta consagração legal do Acto oral é nova. São válidos ou não ? no caso de presença dos interessados, não
precisa de notificação, porque o notificou e a sua validade do acto são quase simultânea
132/2 (...) – não vamos estar a praticar um acto inutil. O CPA está imbuido do Principio da Economia processual, se
já sabe.
O problema está na contagem dos prazos (i é, quando se começa a contar, se inicia com a notificação (67/2 no dia
útil seguinte), é importante para saber quando e que condições pode ser impugnado este acto
O dia em que é praticado o acto não conta para a contagem do prazo ex, um acto é notificado, o prazo para
impugnar só se inicia no dia seguinte.
Nos actos orais (aliena a) ex, no dia em que é praticad, é no dia seguinte ; no caso da aliena b, no dia em que revela
conhecimento.
Conteúdo da notificação (art 68) é a consagração dos principios da legalidade; Colaboração
(art7); Desburocratização (art 10) e Boa-fé (art 6-A).
A Lei não pertence que a notificação seja uma formalidade sem consequência ao nível jurídico, tem de conter todos
os elementos que levam ao conhecimento do acto proferido.
Art 124/125/126 – tratam de questões de fundamentação. A notificação para poder ser eficaz obriga que o
interessado tenha conhecimento do texto integral.
Isto é pode ser dispensado – art 68/2 a Lei distingui a 2 situações :
1. Deferimento – a notificação pode conter uma mera sumula do A.A (ou no caso de meras diligências processuais,
ouca-se a testemunha.
2. Indeferimento – é um acto interno do PA (é uma manobra dilatória ou a testumunha não vai acrescentar nada).
Art 69
Art 72/b
Como podem ser notificadas ? art 10 (via postal, pessoal, telegrama, telex,fax, edital).
Por vezes é comunicado por telefone, mas a notificação comprova que houve um telefonema e para haver um certo
controlo. (notificação não faz parte do Acto, não produz efeitos.
Prazo geral – 10 dias (prazo supletivo) se não houver nenhum prazo.
Como se contam os prazos?
1. No dia em que o acto é praticado e só começa no dia seguinte
2. Suspende-se nos dias (sabádos, domingos, feriados) são sempre 12, no mínimo 15 dias uteis.
3. Quando o termo do prazo (...) aliena c.
É uma norma excepecional (72/2) – se tiver mais 6 meses, conta-se os sabados, domingos e feriados.
Art 73 – dilação: as pessoas estão longe em termos geográficos, do prazo de destino).
AULA 4ª 19/03
Marcha do PA
Art 74 ss
Começamos com art 54, uma das formas é através de requerimentos.
Na marcha do PA tem haver com o PA de iniciativa dos particulares (e não oficiosa) que precisam de um impulso de
um interessado para começar.
Art 74 – 83, são um afloramento de que já contém o art 54.
Nestas matérias processuais há 2 escolas ou correntes que de alguma forma se contradizem
1. Uma escola que defendem que as materias processuais devem ser menos burocráticas. A maioria dos actos adm
são em regra orais. Fala dos regimes de cultura dos paises anglo-saxonicos (processo juducial americano), mas
eles não dispensam de passa-los a escrito.( até mesmo os requerimentos são orais).
2. Paises de cultura continental, há forte tradição escrita, os actos procidementais são escritos. O CPA consagra no
art 10 (...) como principio orientador da AP, devia ser menos burocrática, aproxima-se mais dos cidadãos e não
praticar actos inuteis. Há que encontrar um ponto de equilibrio entre ausencia de burocracia e os formalismos. Mas
os formalismos também protegem, ex, fundamentação constitui uma garantia que não podemos dispensar. O ponto
de equilibrio foi achado no art 10. (os requisitos dos requerimentos estão no art 74). Os requerimentos não são
todos iguais.
Art 10/1 e 2 (...)
Em todos os requerimentos é necessário que existam 2 coisas:
1. Causa de Pedir (são os fundamentos que justificam o pedido, é aquela que se refere ao art 74/1/c.
2. Pedido
Em todos os Requerimentos o mais essencial é a formulação dos factos. Todas as Normas jurídicas tem hipótese
ou estatuição. Na hipotese tem situações de factos. Todo o raciocinio logico-dedutivo, i é, silogismo é integrado por
factos na premissa menor.
Quando se formula uma Petição inicial uma coisa é a descrição dos factos. A norma jurídica adequada a ser
aplicado depende de quem tiver que decidir. Quem pedir e cita determinadas normas não vincula quem vai decidir.
Exige-se que quem formula tem que ser preciso e esse grau de precisão depende quem pediu. Se apresenta de
forma deficiente, essa deficiência é imputável quem pediu.
Se erro de apresentar de apresentar de forma deficiente esses factos, essa deficiência é imutavel a quem pediu.
Todos os requerimentos quem alguma coisa tem que formulatr o pedido ou solicitar o pedido ( é um dos elementos
do requerimento). Vai exigir-se que o pedido seja racionalemente compativel com a causa de pedir, não pode haver
inconsequência.
O pedido tem se ser uma consequência lógica da causa de pedir (pela leitura dos fundamentos apercebe-se qual
será a natureza de pedido. Mas nem sempre é assim, porque há vicios formais, indeferimento liminar de pretensão(
in linime ) art 76 /1,2,3
Este artigo em especial o n.º2 consagra o P.Desburocratização ou celeridade. O PA são meios para atingir um fim
(uma decisão da AP).
Todo o Direito processual é sempre um direito adjectivo (não tem haver com a substância da causa ou do Direito
que está na base (ou questão de facto que se discute). É um direito instrumental. É um meio para atingir o fim, não
é por insuficiência de meio que não se vai realizar o fim, em determinados circunstâncias, devemos contar com a
menos a preparação ou instrução das pessoas. Não se deve prejudicar a pessoa por 1 deficiência de um documento
mal apresentado. Se pela simples leitura (art 76/1) esqueceu-se de identificar.
O principio que o processo é sempre instrumento de um fim ( ou principio da desburocratização) sempre que a AP
possa suprir oficiosamente deve faze-lo ex, erro de identiifcação. Esqueceu-se de mencionar a profissão, mas
enviou um documento que atesta a sua residência, então não é necessário.
É a consequência do Inquisitório (art 54). A própria AP pode desenvolver as diligências necessárias para ....É uma
questão de filosofia do processo. Ponto de Equilibrio ou tabela máxima é o art 73/3 – requerimento é identificado é
cujo o pedido seja inintiligivel – não se entende ex, as pessoas pedem duas coisas incompativeis,. Não se retirar
nenhum sentido (são apenas estes 2).
Art 74/2 – em cada requerimento ser formulado mais do que um pedido. Pedidos alternativos ou subsidiários. Em
regra cada requerimento deve ter só um pedido, pode se formular 1 pretensão, pode formular-se outra pretensão
que seja mais restrita.
Um pedido está dependente de outro. Faz uma denúncia que peça uma ordem de demolição, senão seja obrigado a
construir um muro. (pedido subsidiário ou alternativo).
Pode formular “...se assim não entende deve-se fazer assim...”.
Se formula mais do pedido, i én é incompativel, a pessoa é convidade a suprir (art 76/1).
Isto é assim para requerimentos escritos, os requerimentos podem ser orais (art 75 – (...) a Lei exige
que haja uma certificação desse pedido , tem de ser reduzido a escrito (pelo menos para os serviços,
para o particular é oral).
Art 77 diz-nos o local onde devem ser paresentados (n.1) – P.Desburocratização.
Art 78 – não tem prazo – vigorando o prazo supletivo em toda a PA (10 dias).
Art 79 e 80 (..)
Há determinada direitos que prevalecem sobre outros. O primeiro direito no tempo é o primeiro direito.
Art 81/82 (...) 83 (...) é a consagração do P. Desburocratizarão e da eficiência.
São questões formais (com excepção da caducidade de direitos).
Logo apanhado assim que órgão adm verifica que a PA não pode prosseguir uma PA que nasce torto, sem
condições de vingar, o orgão adm deve por termo.
Medidas provisórias ou medidas cautelares – quando está em risco a eficiência do PA ou não ser atingindo a
cautela do Direito, na pendência do PA.
Art 84 (...) se o requerimento nã o tinha falhas, foi recebido instrução é a fase seguinte à fase inicial, é o preciso dar
andamento.
Significa realizar um conjunto de actos que permitam realizar a decisão, quando tomamos uma decisão, procuramos
fundamenta-la (mesmo que seja intelectual), todos nós procuramos fundamentar as razões para as nossas
decisões. Quando há PA deve haver diligências instruir para aprofundar conhecimento, quem é responsável pela
instrução do processo, quem instrui é diferente de quem decidem, pois já tomou decisão preconceituosa, para
garantir a imparcialidade.
AULA 5ª 23/03
Instrução – P.inquisitório – P verdade material
No racicionio juridico importa distinguir formal e material ex, casados vs separados. O formal devia ser o espelho da
realidade das coisas. Quando estamos a instruir o processo, procuramos uma verdade formal e não verdade
material ex, a pessoa não tem de saber a razão de ciência.
No código civil – P dispositivo, no dominio das liberdades das partes – justifica-se que haja maior responsabilidade
no processo (verdade formal).
No PA – P verdade material (art 65, é uma derivação do P inquisitório) . O orgão adm deve procurar a verdade tal
como ela não se deve bastar por 1 realidade aparente, tem de ser honesto, não vale acertos sobre aquilo que
existe.
Principio da Imediação – é um principio processual que se autonomizou do sec. XX do direito processual moderno,
quem decide deve estar em contacto directo com as provas, com os fundamentos dessa decisão. Vigora no PA,
processo adm, processo penal, civil.
Art 86 (...) quem decide é quem instrui – é o principio de imediação, sofre derrogações por forças das circunstâncias
ex, código civil, se eu tenho de ouvir um testemunho na Aústria, delego a competência instrutória à um juiz
austriaco. E agora tornado mais fácil, com as novas tecnologias (videoconferência)
Art 86 /1 – P Necessidade de celeridade – o orgão quem decide é quem não instrui, desde que se justifique através
de preceitos especiais e diplomas orgânicos – pode delegar a competência instrutória noutro orgão subordinado,
delegar total ou especifica determinado orgão a proceder a determinadas medidas. Nos orgãos colegiais pode ser
delegado num membro desse orgão.
O art 87/1 resulta do P da liberdade de produção de provas ( que também resulta do P Verdade material, que tem
dignidade constitucional. Não se limita à partida todo o tipo de prova em abstracto
ex, tipo de provas cuja a vericidade pode ser susceptival de especulação. Ex, não deve ter provas testemunhais nos
processos de prova de paternidade. Mas temos que analisar caso a caso o melhor tipo de prova. Em determinado
tipo de decisões há tipos de prova que se sobrepõe-se a outro tipo de provas .
Os meios de prova (no código civil)
1. Prova documental – provas em documentos de suporte físico.
a. Documentos autênticos – tem fé pública, o Estado delega poderes de certificação.
Prova plena ex, notarios, conservadores, a função é assegurar a autenticidade dos documentos.
b. Documentos particulares
c. Documentos autenticados
A força probatória varia. A força probatória autentica ou plena , só possuir pelos factos que ele pode atestar e não
os outros.
Os documentos autênticos podem (genuidade de assinaturas) são autênticos. Os documentos particulares quando
são autenticados, certifica que aquela cópia é igual ao original ( e que não é falso), mas que é original. Os
documentos particulares, o facto de estarem assinados não fazem prova plena de , é mais facil de contestar.
Provas:
1. Prova por Presunção – de um facto conhecido se retira um facto desconhecido. Ex, um documento foi elaborado
por um orgão juridico presume-se que é um documento autenticado, Presunções absolutas e Presunções relativas.
2. Prova Pericial – que consiste na verificação técnica de determinados factos ex, entidades com autoridade
cientifica v.g., Policia cientifica, Instituto Médico Legal.
3. Prova por Inspecção – quando a autoridade que decide vai ela própria tomar conta de que é objecto de prova ex,
caso do Presidente que vai ver com os seus olhos se a obra está em perigo.
4. Prova Testemunhal – é mais recorrente dos processos judiciais do que PA, são terceiros que depõem.
5. Prova por confissão – resulta da aceitação pelo próprio de determinados factos que lhe são imputados, faz-se
pelo depoimento da parte, intimado a comparecer para depor, i é, confirmar factos que lhe são desfavoráveis, esses
factos são considerados provados. Esta prova tem limites:
a. Direitos em discussão tem de ser disponíveis (distinto das indisponíveis, por ex, acções de divorcio não é
admissível, os direitos pessoais, tem de ter capacidade jurídica para depor.
No PA todos os meios de prova são admissíveis, não pode ser negada a produção de provas.
Quando o interesse requer com base de dizer que é um meio inadequado, desde que seja adequado para provar, a
prova não pode ser afastada. n.º 2 – não carecem de prova
No Direito português, os factos notórios não tem de ser provados (pois são do conhecimento geral) ex, Madrid é a
capital da Espanha era um facto notório., é do conhecimento comum.
n.º 3 – (...) Principio da Oficiosidade (art 56) e Principio da decisão (art 9) praticar actos inuteis (em termos de
economia processual). Interesse também é fundamental essa decisão.
Art 88 – quem alega um facto tem de provar. Há também inversão do onús da prova em determinados casos, por
ex, quando se presume determinado facto.
A regra é quem invoca tem de fazer provar o facto que a constitue, modifiquem, ou impeditiva, ou quem alega um
facto que seja modoficativa ou extintiva do direito tem de fazer prova desse facto ex, tu deves 10 euros, eu tenho de
provar, se provar que paguei com o recibo, é um facto extintivo. Quem beneficia de uma presunção da paternidade,
prova que aquele pai não é pai da criança (inversão do onus de prova).
n.º 2 – P liberdade de prova
Art 89/2 – E se recusar fazer ? A pessoa não é obrigada a colaborar a sua conduta é apreciada livremente (pode ser
usada contra ela) pode sofrer as consequencias da duvidam, por não ter podido esclarecer. A sanção é : pela não
colaboração – quando é legitima a recusa (a,b,c.,d), não presta colaboração dentro da essencia (in dubio pro reu).
Eu não sou obrigado a colaborar com a entidade que me quer punir. Aliena d ) erro moral ou material .
prazo de censura sobre a pessoa ex, “o meu irmão é maricas”

P: Quais as duas grandes formas de actuação (de exercício) da Administração Publica?


R: formas jurídicas e não jurídicas.
Formas jurídicas são: regulamentos pela via normativa, actos administrativos por via unilateral (actuação para o
caso concreto) e actuação com outra manifestação através da via contratual. Estas produzem alterações na ordem
jurídica e visam a produção de efeitos jurídicos.
Formas não jurídicas: operações materiais. Não visam nem produzir alterações nem produzir efeitos jurídicos na
ordem jurídica.

P: As operações materiais são sujeitas a desvalor jurídico?


R: resultam do intervencionismo do estado no modelo de bem-estar. Visam a preparação, a execução de uma
situação de facto. No visam a produção de actos adm. O seu regime esta no art. 2/5 do CPA: encontram-se
englobadas na expressão “operações meramente técnicas”. Mecanismo para as cessar é a providência cautelar
para suspender a eficácia do acto. As operações podem ser válidas ou inválidas, podem ser tituladas, não tituladas
ou equiparadas a não tituladas. O particular goza de mecanismos de privilégio de protecção. Todos os danos
resultantes da actuação da ADM são passíveis de indemnização.
As operações materiais não estão sujeitas a desvalor jurídico. As operações materiais carecem de título. Quem fica
sujeita de desvalor (nulidade, anulabilidade, inexistência) é o título. Trata-se de saber se as operações materiais são
válidas ou inválidas. Se a operação material não é uma forma jurídica, não pode estar sujeita a desvalor. No
entanto, está sempre sujeita a controlo de legalidade da actuação).
P: O desvalor jurídico para as formas de actuação da administração enquanto irregular, é sempre o mesmo?
R: Não. A prática de um acto administrativo dependendo da gravidade pode encontrar-se sujeita a regimes mais ou
menos severos. Respectivamente nulidade ou anulabilidade. Ambas modalidades de invalidade.

P: A CML elabora um regulamento da competência da ASS. Municipal de Lisboa. Este regulamento é válido?
O regulamento é ferido do vício de incompetência relativa (pratica de acto fora das suas competências mas que
pertencem à competência de outro órgão dentro da mesma pessoa colectiva) caso não exista acto de delegação de
poderes. Se houver o regulamento é valido. Não existindo é invalido sendo-lhe aplicado o desvalor da anulabilidade.
P: Quais os traços mais distintivos da nulidade face à anulabilidade?
R: a nulidade é o desvalor mais grave. Totalmente ineficaz ab initio (desde o inicio), não produz efeitos, é insanável,
o acto nulo é passível de impugnação contenciosa ilimitada no tempo, qualquer tribunal ou órgão administrativo
pode declarar a sua nulidade, a sentença que o declara tem natureza declarativa, particulares e funcionários tem o
direito de desobedecer a quaisquer ordens que constem de um acto nulo, direito de resistência pelos particulares à
tentativa coactiva pela ADM de acto nulo.
A anulabilidade (regime regra) é eficaz até ser anulada embora a sua anulação produza efeitos retroactivos até ao
momento da sua pratica. Sana-se pelo decurso do tempo, por ratificação, reforma ou conversão. Tem prazo limitado
para ser impugnado passado esse torna-se inatacável, apenas os tribunais administrativos podem anular o acto, a
sentença judicial de anulação tem natureza constitutiva, não assiste o direito de desobediência ou resistência uma
vez que o acto goza de presunção de legalidade até ser anulado (por razões de segurança e certezas jurídicas).
P: Qual o prazo para revogar um regulamento?
R: desde 1997 está consagrado constitucionalmente o direito de impugnação judicial directa de normas
administrativas com eficácia externa qdo sejam lesivas de direitos ou interesses legalmente protegidos dos
cidadãos. Assim o CPTA prevê: impugnação de normas e a declaração de ilegalidade da omissão de normas. A
declaração de ilegalidade (artigo 74) pode ser pedida a todo o tempo podendo este ser acumulado com o de
anulação ou declaração de nulidade ou inexistência de acto administrativo que tenha aplicado a norma e pedido de
condenação da administração ao restabelecimento da situação actual hipotética.
Mas há duas excepções. Não pode ser revogado quando a lei não é exequível por si só; pelo menos revogação
simples, só revogação substitutiva.
E tem revogação de carácter obrigatória quando é ilegal, porque a Administração tem o dever de repor a legalidade.
P: A anulabilidade dos regulamentos, difere do regime da anulabilidade do acto administrativo?
R: (penso que seja esta a resposta) os termos de impugnação são diferentes os regulamentos são impugnáveis em
qualquer tribunal os actos apenas em tribunais administrativos.
P: Qual o regime jurídico do regulamento?
R: O regime está contemplado no CPA do artigo 114 ao 119. Tratando-se de um regime diminuto aplica-se por
analogia o regime jurídico do acto administrativo.
10 - Em nome de que valor, os actos não podem ser alterados e sim apenas os seus efeitos?
Da Segurança jurídica e tutela da confiança.
11 – Quem pode revogar um regulamento inválido?
O autor do acto (só? Mas se se aplica por analogia o regime do acto não se aplica também o 142º?
12 – E se o autor não tiver competência?
Pode revogar um terceiro órgão que tenha poder revogatório sobre o autor do acto. Ou o delegante sobre o
delegado
13 – O que é o desvio de poder?
Exercício de um poder discricionário por motivo desconforme com a finalidade que a lei atribuiu a tal poder. Ex.
Policia multa para arrecadar receitas.
Trata-se da utilização de determinado procedimento para um fim diferente daquele para o qual a lei o criou,
consubstancia-se na prática de um acto cujo motivo principal não corresponde ao fim pretendido pela lei. O desvio
de poder pode ser para prosseguir fins públicos (anulabilidade) ou privados (nulidade).
14 - Como se sabe que o fim prosseguido é diferente do fim atribuído por lei?
É através da fundamentação das decisões que nos apercebemos se a administração prosseguiu ou não os fins para
que lhe foi atribuído competência.
P: Quais os indícios que podemos encontrar no acto que nos leve a considerar que o fim prosseguido é diferente do
atribuído por lei?
R: (não tenho certeza) através da analise dos motivos que o agente deverá expor. Estes estão normalmente
associados à violação dos princípios gerais da actividade administrativa: princípio da imparcialidade, justiça,
igualdade, racionalidade e veracidade. Poderão ainda estar em causa vícios da vontade a contribuir para esse
desvio de poder.
P: Confirmação/ homologação, como se distinguem?
R: São ambos actos administrativos secundários integrativos. A confirmação é um juízo de conformidade com o
conteúdo de acto anterior autoria do mesmo órgão ou de um subordinado seu. Quem confirma confere ao acto a
ultima palavra da Administração. A homologação é uma apropriação dos fundamentos e conclusões de uma
proposta autoria de outro órgão. Torna seu o acto. Todos os vícios do acto homologado se transferem para o acto.
P: A confirmação pode confundir-se com a aprovação?
R:Não. Embora sejam ambas juízos de conformidade do acto diferenciam-se porque quem confirma confere ao acto
a ultima palavra da Administração e a aprovação é apenas um requisito para a perfeição do acto.
P: Na homologação há sempre um acto anterior?
R: (não sei se esta correcto) Não. A homologação aceita a proposta ou parecer que é apresentado por outro órgão.
Torna sua essa proposta que posteriormente será o acto homologado.
P: A falta de publicação de uma delegação o que gera?
R: Ineficácia jurídica, aplicando analogicamente o art.º 130/2

Orais de Administrativo II (25.06.2009)


Quando é que há desvio de poder?
Quando se utiliza um poder discricionário com objectivo diferente que o fim que a lei lhe conferiu. Poderá ser por
motivo de interesse público ou privado.
O que é a usurpação de poderes?
Vicio que consiste na prática por um órgão administrativo de um acto incluído nas atribuições do poder legislativo,
moderador ou judicial. Traduz uma violação do principio da separação de poderes, artigo 111/2 crp.
Se a Lei atribuir como limite de um subsídio €100,00, e a Administração atribuir a um particular subsídio no valor de
€150,00, qual é o vício?
(penso ser) violação de lei. Pois existe uma discrepância entre o conteúdo ou o objecto do acto e as normas
jurídicas que lhes são aplicáveis. Em regra este vicio surge quando no exercício de poderes vinculados e a ADM
decide coisa contraria à lei ou nada decide quando a lei lhe o exige.
O que é o caderno de encargos, para o concurso público? Qual é a sua natureza jurídica?
O caderno de encargos são os termos fixados pela ADM do modo como quer que seja realizada a prestação. “O
Caderno de Encargos é a peça do procedimento que contém as cláusulas a incluir no contrato a celebrar”. Natureza
jurídica do caderno de encargos: auto vinculação do Estado em nome da segurança jurídica e da tutela da confiança
dos administrados. Enquadra isso também na necessidade de garantia da transparência do processo e do respeito
da igualdade entre os vários concorrentes. No fundo o caderno de encargos apresenta-se como um documento
público que apresenta o concurso e através do qual o Estado fica auto vinculado.

O que é o ajuste directo?


É um procedimento regra.É a escolha pela ADM do co-contratante, directamente, sem a intervenção de uma
pluralidade de concorrentes.
Há regras diferentes para a escolha de um co-contratante de direito privado e a escolha de um co-contratante de
direito Administrativo?
(não tenho certeza) não? O código dos contratos vem determinar que há regras que se aplicam a contratos públicos
e privados. Verifica-se uma publicizaçao do direito privado. Uma uniformização.
Como se distingue concurso publico do concurso limitado por prévia qualificação?
São ambos procedimento regra da escolha do co-contratante. O Concurso público é a forma por excelência da
garantia do princípio da igualdade, transparência e da concorrência. Concurso limitado por prévia qualificação é
também um concurso público mas com um primeiro momento em que a ADM selecciona os concorrentes.
Qual é o sentido do nº2 do art. 1º do CCP?
É uma cláusula aberta. Vai articular-se com o 1/5 do CCP
Distinga Homologação de Aprovação.
Homologação: apropriação dos fundamentos e conclusões de uma proposta ou parecer de autoria de outro órgão.
Aprovação: concordância com um acto praticado por outro órgão.
Actos meramente confirmativos, o q é?
(actos meramente confirmativos = a confirmação??? ) Acto que reitera e mantém em vigor um acto administrativo
anterior da autoria do mesmo órgão ou de um subordinado seu.
Quais são os pressupostos do acto tácito de indeferimento?
A iniciativa de um particular, a competência do órgão administrativo interpelado para decidir o assunto (segundo as
regras do 34º CPA), o dever legal de decidir (9/2 CPA), o decurso do prazo estabelecido na lei (90 dias se outro não
especificado 108/2 e 109/2 CPA)
Todos os actos inválidos são revogáveis?
(sem certezas) São revogáveis mas somente com fundamento em invalidade e dentro do prazo limite para tal.
Quem é que dentro da Administração pode declarar um acto nulo?
Qualquer tribunal ou órgão dentro da Administração
Um particular entrega um requerimento a órgão incompetente a decidir naquela matéria (e ser para o particular um
erro desculpável), e não obter qualquer resposta por parte da Administração. Quid iuris.
Artigo 76 cpa nº 2 – a ADM deve procurar suprir as deficiências de modo a evitar prejuízos para os particulares –
dever de colaboração com os particulares artigo 7º, principio da boa fe artigo 6-a, principio da eficiência artigo 10º e
principio da decisão artigo 9º.
Incompetência absoluta / usurpação de poderes, qual é a diferença? E o q há de comum?
Pratica por um órgão de um acto incluído nas atribuições de outra pessoa colectiva. Usurpação de poderes: ofensa
de um órgão administrativo do principio da separação de poderes por via de pratica de um acto incluído nas
atribuições do poder judicial ou legislativo.
Os actos inválidos podem ser revogados?
Podem. Artigo 141/1 cpa.
Que tipos de delegação de competência conhece?
Delegação de poderes expressa (resulta de um acto entre pessoas da mesma pessoa colectiva – delegação intra
subjectiva - ou entre pessoas colectivas distintas – delegação inter subjectiva), delegação de poderes tácita (sempre
que é a lei a fazer a delegação e não quando resulta de um acto) e subdelegação (delegação de poderes que por
sua vez já haviam sido delegados).
O que é a delegação tácita?
Verifica-se quando a própria lei considera delegadas num determinado órgão competências que atribui a outro
mantendo neste o poder de revogar os actos praticados pelo “delegado”nessa matéria, como o poder de fazer
cessar a “delegação” chamando a si o exercício da competência.
O que é a delegação de assinatura?
Não constitui uma delegação. Um determinado órgão permite que um outro agente da ADM assine em substituição
do seu titular. Não afecta o exercício da competência uma vez que os actos praticados continuam a ser imputados
ao órgão que “delega” a assinatura. É meramente a habilitação para a pratica de uma operação material não para o
exercício do acto jurídico.
A falta de publicação de uma delegação de poderes intersubjectiva gera q vício? E qual é o desvalor jurídico? No
caso de haver um acto praticado sob essa delegação, de que desvalor padece?
Delegação de poderes inter-subjectiva = entre órgãos de diferentes pessoas colectivas públicas. Artigo 37/2 cpa - A
publicação é um formalidade (CERTO??) logo a falta desta significa preterição de formalidades posteriores à pratica
do acto ADM, não produz ilegalidade apenas pode produzir ineficácia. A validade do acto afere-se pela
conformidade desse acto como ordenamento jurídico no momento em que ele é praticado. O acto não é ilegal a sua
execução é que será artigo 149/1 e 150/1.
Um acto nulo pode produzir efeitos na ordem jurídica?
R: em regra não, mas há excepções. Devido à tutela da confiança e da segurança jurídica levam a que em certos
casos se possam atribuir alguns efeitos de facto a actos nulos (134/3 cpa) ex. Prof. que teve a sua nomeação
resultante de um acto nulo contudo durante o tempo que exerceu os seus actos devem ser mantidos sob quebra de
uma confiança institucional.
O que é o vicio de forma? E qual é o seu desvalor jurídico?
Carência de forma legal ou preterição de formalidades essenciais. Nulidade ou anulabilidade consoante os casos.
Ex. Carência absoluta de forma, deliberações tumultuosas, deliberações sem quórum, sem a maioria exigida por lei
e deliberações que nomeiam ilegalmente geram nulidade. Os restantes casos geram anulabilidade.
Se um acto da competência do M. Negócios estrangeiros for praticado pelo M. Finanças, o acto é válido? Qual é o
desvalor jurídico?
O acto é inválido, há uma incompetência absoluta, que gera a nulidade, alínea b) nº1 art. 133º CPA.
Um acto constitutivo de direitos pode ser revogado?
Podem na parte que forem desfavoráveis aos interessados ou quando estes concordem com a revogação e não
estejam em causa direitos indisponíveis.
Natureza jurídica concurso publico?
Conceito: conjunto de procedimentos conducentes à prática de um contrato administrativo.
No fundo é um procedimento paralelo ao acto administrativo mas que, por ter regras especiais, derroga o
procedimento de adopção de um acto administrativo previsto no CPA. Enquadramento: dentro dos princípios do acto
administrativo como a igualdade, a prossecução do bem comum e todos os outros princípios da CRP e do início do
CPA, apenas não se pode atribuir ao concurso as regras procedimentais porque para a adopção de contratos
administrativos existe um quadro normativo especial que derroga os princípios gerais do CPA.

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EXAME DE FREQUÊNCIA (Coincidência - 17.Jun.09)


I. (12 valores)
Em 17 de Junho de 2009, o PARTIDO PAZ & PROGRESSO [PPP], partido maioritário na Câmara
Municipal de Lisboa, cansado de ser sistematicamente prejudicado pelas sondagens realizadas a
propósito das próximas eleições autárquicas, apresenta uma queixa perante o Conselho Regulador da
ENTIDADE REGULADORA PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL [ERC], órgão legalmente competente para
fiscalizar a isenção e a objectividade de sondagens divulgadas ao público. Na sequência de tal queixa,
em 15 de Junho de 2009, o Director Executivo da ERC, em substituição e a pedido do Conselho
Regulador, decide retirar a credenciação atribuída à RESULTADOS NA HORA, LDA., com fundamento na
violação de regras previstas no Regulamento de Sondagens, aprovado pela referida entidade
administrativa independente.
No dia seguinte à notificação, a RESULTADOS NA HORA, LDA. decide então dirigir uma carta ao
Primeiro-Ministro, nos termos da qual solicita o cancelamento da decisão tomada pela ERC, com
fundamento na sua ilegalidade. Notificado para se pronunciar sobre aquela queixa, o Conselho Regulador
da ERC opta por ouvir a queixosa, mas confirma, em 20 de Setembro de 2009, a decisão tomada pelo
Director Executivo, ainda que fazendo depender a retirada da credenciação da recusa de ressarcimento
dos prejuízos causados ao PPP.
Em contrapartida, o Presidente da Câmara do Porto, simultaneamente Vice-Presidente do PPP, em sinal
de boa vontade, decide disponibilizar, gratuitamente, um edifício que pertence àquela autarquia, para que
a RESULTADOS NA HORA, LDA. instale a sua delegação no Porto. ADALBERTO SEGISMUNDO,
munícipe a quem havia sido recusada uma habitação em bairro camarário, decide impugnar aquela
“oferta” perante a Assembleia Municipal, durante o período destinado à intervenção do público.
O Governo decide aprovar um decreto-lei que fixa o novo regime jurídico das sondagens e que revoga o
Regulamento das Sondagens, aprovado pelo Conselho Regulador da ERC, pelo que a RESULTADOS
NA HORA, LDA. recusa indemnizar o PPP e alega que a decisão da ERC perdeu qualquer força jurídica.
Aprecie todas as questões jurídico-administrativas relevantes.
Competência do Director Executivo
- competência legalmente conferida ao Conselho Regulador- exercício de competência delegada (ou em
regime de substituição) pelo Director Executivo depende da previsão em lei habilitante (35º/1/CPA) -
necessidade de respeito pelas formalidades do acto de delegação - incompetência relativa gera
anulabilidade do acto praticado (135º/CPA) - Vícios do acto de revogação do acto administrativo de
credenciação- violação de regras regulamentares só constitui fundamento de revogação (141º/1), se
aquelas estiverem em conformidade e forem mera decorrência da lei - falta de audiência prévia
(100º/CPA) - fundamentação obscura equivale a falta de fundamentação (124º/CPA) - discussão sobre
desvalor: anulabilidade (jurisprudência / Freitas do Amaral) Vs nulidade (Sérvulo Correia)
- Impugnação perante o Primeiro-Ministro
- não há relação de hierarquia, de superintendência ou sequer de tutela entre Primeiro- Ministro e ERC
porque está é uma entidade administrativa independente (39º/CRP) - impossibilidade de qualquer tipo de
recurso gracioso- inexistência de poder revogatório - possibilidade de recurso contencioso para o tribunal
administrativo competente (51º/CPTA)
- Ratificação do acto administrativo de revogação da credenciação
- órgão delegante pode avocar o revogar acto praticado ao abrigo dos poderes delegados (39º/2/CPA);-
órgão originariamente competente pode sanar acto administrativo inquinado de incompetência, mediante
ratificação, quando aquele seja anulável (137º/1/CPA) - sanação do vício de falta de audiência prévia,
quando o acto administrativo seja anulável (137º/1/CPA) - aposição de condição suspensiva do acto de
revogação é admissível (121º/CPA)
- Acto de disponibilização de edifício
competência para deliberar sobre oneração (v.g., cedência gratuita) de bens móveis cabe à Câmara
Municipal [64º/1/f)/LAL], quando valor seja inferior a 1000 vezes o índice 100 ou, mediante autorização da
Assembleia Municipal [53º/2/i)/LAL], quando seja superior. competência é passível de delegação no
Presidente da Câmara (65º/1/LAL), mas acto de oneração pode ser revogado pelo plenário da Câmara
(65º/2/LAL)
. incompetência relativa gera mera anulabilidade (135º/CPA) . exercício de poder discricionário com vista
a favorecer um partido político, por via indirecta de obtenção de acordo com empresa de sondagens,
pode constituir desvio de poder e, como tal, gerar anulabilidade do acto (135º/CPA)
- Impugnação do acto por Adalberto
. Adalberto é interessado por haver afectação de bem público do município no qual ele reside [53º/2,
b)/CPA], podendo ser questionável se tem interesse directo, pessoal e legítimo por lhe ter sido negado
um direito fundamental à habitação [53º/1/2/a)/LAL]. órgãos executivos e deliberativos das autarquias
devem assegurar período para participação do público, nas respectivas reuniões (84º/5/6/LAL) . não há
relação de hierarquia entre Presidente da Câmara e Assembleia Municipal, pelo que não é admissível
reclamação graciosa
Revogação de regulamento por acto legislativo. violação do princípio da separação de poderes. só é
admissível revogação de regulamento adoptado pelo Governo, quando este adopte decreto-lei sobre
matéria da sua competência administrativa ( mero excesso de forma). novo regime jurídico não beneficia
de aplicação retroactiva, pelo que – caso sejam legais – normas regulamentares mantém-se aplicáveis a
caso administrativo anterior
II. (4 valores)
Será admissível a sanação por decurso do tempo de um acto administrativo praticado por órgão de
pessoa colectiva pública sem atribuições para tal?
- incompetência absoluta é geradora de nulidade [133º/2/al. b)/CPA];- actos nulos são insanáveis, seja
por vontade de órgão administrativo (137º/1/CPA), seja por decurso do tempo, na medida em que a
respectiva nulidade é invocável a todo o tempo perante a administração (134º/2/CPA) e perante os
tribunais administrativos (58º/1/CPTA);- excepções: i) usucapião decorrente do aproveitamento de
determinado bem por força de situação fáctica; ii) aplicação do prazo geral de 20 anos para a prescrição
do direito de invocação da nulidade (?)
Poderá um acto legislativo proceder à revogação directa de um regulamento?
- Por via indirecta, a aprovação de lei nova incompatível com o regulamento antigo implica a sua
cessação de vigência;- Lei da Assembleia não pode proceder a revogação directa, sob pena de violação
do princípio da separação de poderes;- Decreto-Lei pode proceder a revogação directa de regulamentos,
desde que aqueles tenham sido aprovados pelo Governo e versem sobre matérias relativamente às quais
aquele disponha de competência regulamentar fixada na lei
III. (4 valores)
“A possibilidade de sujeição a tribunais arbitrais de contratos celebrados pela Administração Pública
permite um esvaziamento do âmbito da jurisdição dos tribunais administrativos e uma fuga preocupante
para o Direito Privado”.
- Só é possível sujeição a arbitragem voluntária (1º/2/LAV) questões que sejam da competência de
tribunal judicial - ou seja, excluem-se as questões sujeitas aos tribunais administrativos (4º/ETAF) - ou
que digam respeito a contratos de Direito Privado;
- A sujeição a arbitragem voluntária depende sempre da inclusão de uma cláusula arbitral no contrato a
celebrar entre as partes (2º/LAV); a arbitragem necessária (portanto, obrigatória) depende de previsão
legal expressa; - O Estado e as demais pessoas colectivas públicas podem submeter questões relativas a
contratos por si celebrados a arbitragem: a) sempre que digam respeito a Direito Privado (1º/4, in
fine/LAV); b) quando a lei os autorize, estando em causa contratos administrativos (1º/4, 1ª parte); - O
artigo 180º/CPTA estende ainda essa possibilidade, designadamente quanto a actos administrativos de
execução de contratos e quanto a actos administrativos que possam ser revogados, com fundamento
exclusivo no respectivo mérito; - Possibilidade de escolha dos árbitros e do Direito aplicável, por acordo
com administrado (7º, 15º e 22º/LAV, ex vi 181º/2/CPTA), envolve um risco de fuga ao Direito
Administrativo e à jurisdição administrativa
“A delegação de poderes pressupõe, necessariamente, uma transferência do poder originário de exercício
da função administrativa pelo delegante, ficando este apenas detentor dos poderes previstos no artigo 39º
do CPA”.
- Concepções sobre natureza jurídica da delegação de poderes;- Titularidade Vs exercício do poder
delegado;- Âmbito dos poderes do delegante;- Consequência do ponto de vista da incompetência no
exercício de poderes delegados.

EXAME DE FREQUÊNCIA (Época de Recurso) (20.Jul.09) Doutor Paulo Otero


I.
Em 16.07.2009, o Conselho de Ministros aprovou uma Resolução, nos termos da qual:
a) Procede-se à suspensão, por quatro anos, dos Planos Directores Municipais [PDM´s] dos
municípios pelos quais irá passar o traçado ferroviário do TGV, com vista a permitir o início os
trabalhos de construção em terrenos nos quais aquela é actualmente proibida;
b) Conferem-se poderes aos referidos municípios os poderes para lançar, em nome e por conta do
Estado português, concursos de empreitada das obras de construção do TGV.
Após a publicação da Resolução em Diário da República, António Vigário, que havia adquirido vários
terrenos em zona na qual o PDM do Montijo permitia a construção, fica furioso por perceber que a linha
do TGV já não passará pelos seus terrenos e dirige-se ao balcão da Imprensa Nacional / Casa da Moeda,
S.A. para solicitar as plantas completas do traçado do TGV. A funcionária que o recebe nega prestar-lhe
tal informação, alegando que a sua chefe de departamento se encontra em gozo de férias e que só
aquela pode tomar tal decisão.
Perante esta recusa, em 10.08.09, António Vigário dirige uma carta de protesto ao Ministro das Obras
Públicas, Transportes e Comunicações [MOPTC], solicitando que aquele ordene à Imprensa Nacional /
Casa da Moeda a entrega de cópias das referidas plantas. Como não obtém qualquer resposta, em
15.09.09, António Vigário instaura uma acção administrativa contra o Estado português na qual solicita a
entrega das plantas, a extinção da decisão de suspensão do PDM do Montijo e uma indemnização a ser
paga, pessoalmente, pelo referido Ministro, alegando que:
a) A Resolução foi adoptada por órgão incompetente, na medida em que as decisões concretas sobre a
construção do TGV cabem ao MOPTC, de acordo com a Lei Orgânica do Governo;
b) A Resolução não foi precedida de qualquer consulta aos interessados;
c) A Resolução não contém qualquer preâmbulo justificativo, pelo que não é possível aferir dos seus
fundamentos.
Após as eleições, em 15.10.2009, o novo Governo decide cumprir as suas promessas eleitorais de
suspensão de grandes obras públicas e faz cessar a referida Resolução, mediante despacho da Primeira-
Ministra. Logo que o despacho é publicado, diversas empresas de obras públicas e os proprietários dos
terrenos que beneficiavam da suspensão do PDM do Montijo apresentam reclamação perante o
Presidente da República, solicitando que aquele faça cessar o despacho proferido pela Primeira-Ministra,
por não terem sido ouvidos os interessados.
Informada imediatamente pelo Presidente da República, a Primeira-Ministra incumbe a Ministra do
Planeamento e do Ordenamento do Território de reunir com os interessados e, após realização de tais
encontros, profere novo despacho, em 30.10.2009, que reitera a cessação da Resolução adoptada pelo
Governo anterior.
Acto administrativo praticado mediante resolução: noção substancial de acto administrativo (120º/CPA);
não depende do instrumento no qual este se corporiza; apesar de resolução ser acto político, decisões
nele contidos visam produzir efeitos em situações individuais e concretas
Delegação de poderes nos municípios: acto de delegação pode constar de resolução. contudo, delegação
pressupõe sempre lei habilitante (35º/1/CPA), não constituindo a resolução (que não é acto legislativo)
base habilitante idónea para posterior acto de delegação
Conceito de interessado: António Vigário detém expectativa jurídica de lucro com venda dos terrenos que
adquiriu; discussão sobre se é detentor de direito subjectivo ou interesse juridicamente protegido
(53º/1/CPA) Nota - posição adoptada, mas susceptível de contradição: mera expectativa jurídica
Direito à informação: Independentemente discussão sobre se é interessado, António Vigário tem direito
de acesso aos arquivos administrativos, nos termos de lei especial (65º/1/2/CPA); caso fosse interessado,
teria direito a ser informado sobre o procedimento administrativo em curso (61º/CPA) e a obter cópias das
plantas, mediante pagamento do custo (62º/3/CPA); funcionária não está obrigada a passar certidão
independentemente de despacho da superiora, pois plantas não se inserem nas alíneas do 63º/1/CPA
Recurso gracioso: MOPTC não é superior hierárquico da INCM, S.A., pelo que não é possível recurso
hierárquico (166º/CPA); MOPTC não exerce nem superintendência, nem tutela, pelo que não é possível
recurso tutelar (177º/CPA); INCM, S.A. encontra-se sujeito a superintendência do SEPCM, nos termos da
Lei Orgânica do Governo e da PCM: a) aferição da possibilidade de remessa do recurso para o órgão
competente (34º/CPA); b) mesmo que órgão competente apreciasse recurso tutelar, este carecia sempre
de expressa previsão na lei (177º/2/CPA)
Falta de resposta: apesar de existir direito de resposta, no prazo de 90 dias (58º/1/CPA, contado nos
termos do artigo 72º/CPA), não ocorre indeferimento tácito, por não se ter esgotado o prazo (109º/CPA)
Incompetência: Competência depende de expressa previsão legal (29º/1/CPA); Conselho de Ministros
dispõe de poderes para dar orientações genéricas quanto ao exercício da actividade administrativa
concreta (posição de Freitas do Amaral) Ministros exercem poderes que lhes são próprios, ainda que em
nome do Governo; discussão sobre incompetência absoluta [133º-2, b)/CPA] ou incompetência relativa
(135º/CPA)
Direito de audiência prévia: Existência de direito de consulta prévia à decisão, apesar de só ser aplicável
aos interessados (100º/CPA); violação de mera formalidade (135º/CPA) ou violação de direito
fundamental [133º-2, d)/CPA]; discussão doutrinária e jurisprudencial; consequências jurídicas da
qualificação como anulabilidade ou nulidade
Direito à fundamentação: Fundamentação deve permitir conhecimento dos fundamentos de direito e de
facto que conduziram à adopção do acto administrativo (125º/1/CPA); quando actos administrativos se
encontram vertidos em actos legislativos ou actos políticos, exige-se que dos mesmos seja possível
retirar tal fundamentação, designadamente, através dos respectivos preâmbulos; violação de mera
formalidade (135º/CPA) ou violação de direito fundamental [133º-2 d)/CPA]
Revogação: se acto administrativo corporizado na resolução for nulo, não é possível a sua revogação,
pois este já não produz efeitos [134º/CPA e 139º/1/a)/CPA]; revogação de acto válido não pode atentar
contra direitos subjectivos constituídos pelo acto administrativo a revogar [140º/1/b)/CPA]; não podia
haver revogação por mero despacho, visto que deve haver paralelismo de forma do acto a revogar, que
foi adoptado por resolução (143º/1/2/CPA) revogação deve obedecer a todas as formalidades do acto a
revogar (144º/1/CPA) acto de revogação não foi precedido de audiência prévia, pelo que é anulável
(135º/CPA) ou nulo [133º/2/d)/CPA]
Poderes do Presidente da República: não exerce função executiva; não é possível recurso gracioso
dirigido ao PR
Sanação de acto de revogação: se for nulo, por falta de audiência prévia, não é possível sanação
(137º/1/CPA); delegação na MPOT depende de expressa previsão legal; caso acto de revogação fosse
apenas anulável, audiência dos interessados permitira a reforma do acto
II. (4 valores)
Distinga actos administrativos colectivos, plurais e gerais de regulamentos administrativos.
- noção de acto administrativo e de regulamento administrativo (distinção)- distinção entre actos
colectivos, plurais e gerais; Identifique os limites impostos ao princípio da administração aberta.-
delimitação positiva do direito de acesso aos documentos administrativos- delimitação negativa do direito
de acesso aos documentos administrativos: a)existência de interesse relevante na consulta; b) segredo
de Estado; c) segredo de Justiça, d)segredo privado (ex: sigilo profissional de médicos, jornalistas,
bancários, etc.); e) protecção da intimidade das pessoas e dos dados pessoais.
O regime português de responsabilidade civil extra-contratual das entidades públicas equivale a um
sistema de culpa presumida?- noção de responsabilidade por culpa e responsabilidade pelo risco
(distinção)- presunção de culpa leve da administração quando ocorre prática de acto ilícito ou violação d e
deveres de vigilância (10º- 2 e 3, Lei 67/2007)- quanto à culpa grave e moderada, há necessidade
prova
III. (4 valores)
“Desde que a lei processual administrativa passou a consagrar acções de condenação à prática de acto
devido, o mecanismo do indeferimento tácito deixou de ter qualquer utilidade prática”.
- noção de acção de condenação à prática de acto devido- noção de indeferimento tácito e da finalidade
da presunção de acto administrativo de indeferimento (109º/CPA)- discussão sobre eventual revogação
tácita do artigo 109º/CPA- administrado mantém interesse em obter decisão presumida de indeferimento,
visto que pode já não ter interesse na adopção do acto administrativo positivo e, consequentemente,
apenas pretender exigir indemnização civil ao Estado pela ilegalidade administrativa (Paulo Otero)
“A presunção de legalidade constitui um traço comum a toda a actividade da Administração Pública e
decorre da necessidade de respeito pelo princípio da separação de poderes”
- distinção entre actos administrativos nulos e anuláveis- presunção de legalidade é restrita aos actos
administrativos anuláveis, na medida em que os actos administrativos nulos não produzem quaisquer
efeitos jurídicos- noção do princípio da separação de poderes- presunção de legalidade impede que
tribunais administrativos e demais órgãos do Estado sem funções executivas coloquem em causa o livre
exercício da actividade administrativa
Direito Administrativo II 2º ano - turma B 12-6-2009
I
- Pode-se admitir 2 hipóteses: a competência do DGSS é própria ou (o que parece ser o caso) é
exclusiva. Em que consiste
- A empresa desencadeia o procedimento administrativo com o requerimento.
- Despacho de deferimento: sua caracterização: acto administrativo expresso, primário,
constitutivo de direitos
- Despacho de 27-4-2009: revogação tácita do despacho anterior. Sua caracterização: acto
secundário, acto revogatório de um acto constitutivo de direitos e, enquanto tal, acto ilegal
(violação de lei) porque praticado fora do prazo de um ano (141º CPA), acto externo, acto lesivo.
Fundamento da revogação: invalidade do Despacho de 4-3- 2008 (confronto do Despacho de 27-
4-2009 com a Lei). Desrespeito pelo direito à audiência prévia (vício de forma). Fundamentação
insuficiente ou obscura (vício de forma, se não violação de lei constitucional – neste último caso,
factor de valorização) enquanto o Despacho ao dizer “cessa” não diz se cessa desde o
Despacho de 4-3-08 ou desde o Despacho de 27-4-2009. Todavia, por força do 145º-2, CPA, a
revogação tem efeito retroactivo. Como tal, a revogação retroage à data do Despacho de 4-3-08
- O que a empresa está a fazer é interpor um recurso hierárquico do Despacho de 27-4- 2009.
Pode o Secretário de Estado não ser competente para o conhecer porque não sediz se possui
delegação para o efeito e o Secretário de Estado só tem competência delegada. Mas cabe neste
caso recurso hierárquico embora, se a competência do DGSS for exclusiva, o órgão competente
para o conhecer possa revogar o acto mas não possa modificá-lo nem substitui-lo (174º CPA).
Sendo o Despacho um acto lesivo, o recurso hierárquico é facultativo. Se não for decidido dentro
do prazo forma-se indeferimento tácito (175º-3, CPA). Mas a empresa pode interpor uma acção
administrativa especial contra o acto lesivo (51º-1, CPTA). E tem interesse em fazê-lo porque só
por essa via pode obter a suspensão da eficácia do acto, em providência cautelar (112º-2, a)
CPTA), e, também, por essa via pode pedir uma indemnização pelos prejuízos causados com o
acto (47º-1, CPTA).
Demonstração da verificação dos pressupostos processuais, inclusive tribunal competente.
Providências cautelares: suspensão da eficácia e (factor de valorização do exame escrito)
regulação provisória do pagamento de quantias por carência económica (133º CPTA) e
produção antecipada de prova (por causa do risco de perda da certidão – 134º CPTA)
II
a) Acto tácito: ficção legal - o silêncio valorado pela lei (109º CPA). Acto devido: o particular pode
obter por via contenciosa a prática do próprio acto em falta (47º, nº 2, CPTA)
b) A lei administrativa portuguesa distingue os actos juridicamente inexistentes e os actos nulos
(137º-1, e 139º-1, CPA). Na inexistência jurídica não há sequer acto, há só uma aparência de
acto, porque o acto não reúne os elementos que definem o tipo legal desse acto; na nulidade o
acto reúne os elementos do seu tipo legal mas um ou mais desses elementos estão viciados de
forma muito grave. O regime do acto inexistente e do acto nulo é praticamente o mesmo: são
ineficazes desde o início, a inexistência e a nulidade são insanáveis, o acto inexistente e o acto
nulo não têm que ser obedecidos, podem ser impugnados a qualquer tempo, a inexistência e a
nulidade podem ser declaradas por qualquer tribunal e por sua iniciativa, uma e outra podem ser
objecto do direito de resistência. Mas há uma grande diferença nesse regime: ao acto nulo
podem ser atribuídos, a título excepcional, alguns efeitos (134º-3, CPA), o que nunca acontece
com o acto inexistente
c) Regulamento administrativo: norma geral e abstracta provinda da Administração Pública; acto
plural: acto administrativo que encerra uma decisão individual e concreta, tomada de modo igual
para várias pessoas
d) A autorização é um acto primário, permissivo, que confere ou amplia vantagens. Defini-la. A
aprovação é um acto secundário, integrativo. Defini-la.

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