Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
78
administrativo. Entende-se por regime jurídico A autoridade, no exercício das prerrogativas
administrativo a supremacia do interesse público de seu cargo, deverá atuar no limite de suas
sobre o particular, a indisponibilidade desse direito e atribuições. Se ultrapassá-lo, incidirá em vícios
os princípios norteadores da Administração Pública (excesso de poder) quando o ato é incompatível com
a competência.
Os atributos do ato administrativo são:
A competência é um elemento vinculado, previsto
Presunção de legitimidade: presume-se que
em Lei, como base a Constituição:
possui competência para decidir. Assim, uma
vez praticado, presume-se sua legalidade, Art. 21: exclusivas da União;
veracidade e moralidade. No entanto, essa Art. 22: privativas da União (delegável);
presunção é relativa, pois admite prova em Art. 23: comuns a União, Estados, Municípios
contrário, com ônus probatório do e DF;
administrado. Art. 24: concorrente: União faz regra geral e
o Veracidade. Estado faz regra complementar (Municípios
Imperatividade: o ato constitui obrigação estão como subsidiários dos Estados);
unilateral, ou seja, é imposto a coercibilidade Art. 25: residual do Estado;
para o cumprimento ou execução. Art. 30: residual do Município.
Autoexecutoriedade: possibilidade de
A titularidade da competência é intrasferível,
executar determinados atos diretamente sem
no entanto, o exercicio de parte das atribuições pode
ordem judicial, apenas quando previsto em lei
ser transferido em caráter temporário, por meio de
ou em casos de urgência.
delegação ou avocação.
Tipicidade: para cada finalidade que a
Administração pretende alcançar, existe um A delegação é a atribuição para terceiro, com
ato definido em lei. Isso é uma garantia ao ou sem hierarquia, do exercicio de atribuição do
administrado, a fim de evitar atos delegante, podendo ser realizada, exceto se houver
discricionários. vedação legal. Em suma, não pode haver delegação
em atos de competência exclusiva, atos normativos e
5.3. Elementos dos atos administrativos
recursos administrativos.
São as partes que integram os atos
A avocação é atrair para si competência de
administrativos:
subordinado, logo, existe hierarquia. Além disso, em
Sujeito ou competência: regra, não pode ser realizado, exceto em caso
o em razão da matéria: a função exige excepcionais, por motivos relevantes e justificados,
critérios particulares além de ser temporário.
o em relação à hierarquia: critérios de
Finalidade:
maior e menor relevância;
o Geral: satisfazer ao interesse público;
o em razão do lugar.
79
o Específica: é aquela em que a lei elegeu Ela poderá, motivadamente, convalidar os
para o ato em específico. atos inválidos quando a invalidade decorrer de
vício de ordem formal, desde que possa ser
Como não se concebe que o ato não satisfaça
suprimo de modo eficaz. No entanto, não será
ao interesse público ou da finalidade prevista em lei,
admitida quando dela resultar prejuízo a
é um elemento vinculado.
Administração ou a terceiros, ou se for ato
O desvio de finalidade configura-se na fuga ao impugnado.
interesse público, no desvio da finalidade
OBS.: A forma é vinculada ou discricionária?
determinada pelas normas de regência. Portanto, o
Depende se estiver prevista em lei.
vício que atinge o interesse público (finalidade) é um
vício que ofende de morte o ato, sendo impossível Motivo:
sua convalidação.
Representa a situação (de fato ou de direito) que
Forma: autoriza a Administração a manifestar-se em um
determinado sentido (atuar). A inexistência ou a
Forma é o meio pelo qual se exterioriza a vontade
impropriedade do motivo não permite sua
da Administração. Em sentido amplo, também se
convalidação, levando à invalidação do ato.
incluem como formas as exigências procedimentais
para realização do ato. O motivo pode ser vinculado ou
discricionário.
A forma escrita é a regra, mas a exceções, como
no caso dos sinais de trânsito, porém, deve estar Todo ato deve ter um motivo, mas nem todo
expressamente prevista em lei e ser de conhecimento ato precisa da exposição dele Ex. a exoneração de
público. ocupante de cargo de provimento em comissão não
precisa de motivação, mas precisa de motivo
A forma pode ser entendida como formalidade
que cerca a prática do ato, a publicação, a motivação, Teoria dos motivos determinantes:
o direito de defesa e as formalidades essenciais à
Em síntese, essa teoria expressa uma verdade
validade do ato.
incontestável, ou seja, o motivo indicado
Convalidação: (determinante) para a decisão da
Administração deve ser verdadeiro, deve, de
A lei de ação popular aponta:
fato, existir ou ter existido. A ausência do
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio motivo implica, necessariamente,
das entidades mencionadas no artigo anterior, nos a invalidade do ato, não se falando, por óbvio,
casos de: b) o vício de forma consiste na omissão em convalidação.
ou na observância incompleta ou irregular de
OBS.: A existência de vícios com relação ao motiva
formalidades indispensáveis à existência ou
não comporta convalidação.
seriedade do ato;
Objeto/conteúdo:
80
É o efeito jurídico imediato que o ato produz. O incompetente, mas não em caso de
conteúdo vem descrito na norma, correspondendo ao competência exclusiva;
próprio enunciado do ato. Forma:
o Desde que possa ser
A validade do conteúdo (objeto) deve atender a
suprido de modo eficaz.
alguns requisitos: ser lícito, ser possível de fato e de
o Não se admite convalidação nos casos que
direito, ser certo quanto aos destinatários e observar
resultarem em prejuízo para a
a necessária adequação entre meios e fins, vedada a
Administração ou terceiros ou, ainda, atos
imposição de obrigações, restrições e sanções em
impugnados.
medida superior àquelas estritamente necessárias ao
o Tipos de convalidação:
atendimento do interesse público. Fugindo disso,
Ratificação: correção dos vícios de
haverá vício.
competência;
5.4. Vícios dos Atos Administrativos Conversão: mantém a parte válida, tira
Exemplos a inválida e substitui por uma válida –
81
≠ entre revogação e anulação o Unilateral: praticado somente pela
Revogação Anulação administração;
Conveniência e Ilegalidade o Gratuito ou oneroso
oportunidade o Vinculado (requisitos)
Efeitos ex nunc Efeitos ex tunc
Permissão (licitação):
Somente a Tanto a
administração pública administração Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da
realiza quanto o poder
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
judiciário podem
anular o ato permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos.
poder de anular o ato ilegal. Mais segura concessão é apenas pessoas jurídicas.
Atos anuláveis: vícios sanáveis, corrigíveis o Vinculado (tem requisitos, uma vez
82
o É um ato vinculado (quesitos) o Autônomo: não é baseado em lei e é usado
Ex.: advogado e OAB para extinção de cargo ou órgão público.
o Preenchido os quesitos, gerará direito Resolução: expedidos pelas altas autoridades
adquirido. do executivo para regulamentar matéria
o É um ato em que a administração permite exclusiva. Sendo obrigatória, poque é baseada
ao particular a realização de uma atividade em lei.
fiscalizada, é um ato de polícia. o É emitida pelos Ministros ou secretários
Homologação: estaduais ou municipais.
o Controle dos próprios atos da Regulamentos: visa especificar
administração mandamentos previstos ou não em leis.
o É um ato de controle de ato ou acordo Deliberação: são decisões tomadas por
anterior; órgãos colegiados.
o Ato praticado por uma autoridade e OBS.: Se não concordar com a
controlado por outra. classificação de um concurso público,
o Ex.: o governador autoriza o defensor geral deve abrir um mandado de segurança
Atos complementares
83
Circular: são normas internas, escritas, Simples: nasce por meio da manifestação de
voltadas a determinados agentes (ex.: vontade de um órgão ou agente da
definição de horário) Administração.
Atestado: são atos pelos quais a Complexo: nasce da manifestação da vontade
Administração Pública comprova um fato ou de mais de um órgão ou agente;
uma situação de que tenha conhecimento por Composto: nasce da manifestação de vontade
seus órgãos competentes. de um órgão ou agente, mas dependendo de
Certidão: são cópias ou fotocópias fiéis e outra vontade que o ratifique para produzir
autenticadas de atos ou fatos constantes em efeitos (vontade principal + acessória).
processo, livros ou documentos que se
Quanto ao objeto:
encontrem na repartição pública.
Império: praticados com supremacia em
5.7. Classificação
relação ao particular e servidor, impondo o
Quanto ao alcance: seu cumprimento obrigatório. São atos de
ofício e impostos coercitivamente aos
Interno: praticado no âmbito interno da
administrados.
Administração, incidindo sobre órgãos e
Gestão: praticados em igualdade de condição
agentes administrativos. Voltados para a
com o particular, ou seja, sem usar de suas
própria administração.
prerrogativas sobre o destinatário. A
Externo: no âmbito externo, atingindo
administração atua sem utilizar da
administrados e contratados. Sua
supremacia;
obrigatoriedade só incide após a publicação
Expediente: praticados para dar andamento a
no Diário Oficial.
processos e papéis que tramitam internamente
Quanto aos destinatários: na administração pública. São atos de rotina
84
Consumador: os efeitos já foram exauridos, próprios atos. Assim, quando um ato foi produzido
mas poderá gerar responsabilidade ao Estado. com alguma ilegalidade, a própria administração
declara sua anulação (nada impede que o Judiciário
Quanto ao conteúdo:
o faça). Seus efeitos são retroativos, “ex tunc”, ou
Constitutivo: é o ato que vai criar uma nova seja, será como se nunca tivesse existido exceto
situação jurídica, criando, modificando ou quando atinge terceiro de boa-fé.
extinguindo seu direito.
Objeto: ato ilegal
Extintivo: extingue situações jurídicas.
Competência: Administração ou Judiciário
Declaratório ou enunciativos: este ato vai
Efeito: ex tunc
reconhecer um direito já existente.
o Exceto: funcionário de fato (atos
Modificativo: alteram situações preexistente.
ampliativos) em que o efeito é ex nunc.
Abdicativo: aquele em que o titular abre mão
de um direito. Art. 54. O direito da Administração de anular os
atos administrativos de que decorram efeitos
Quanto ao objeto: favoráveis para os destinatários decai em cinco
Ato principal: encerra a manifestação de anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.
vontade final da Administração.
Ato complementar: um ato que aprova ou Decorrendo efeitos favoráveis ao destinatário, e o
ratifica o ato principal (aprovação, visto, ato não sendo anulado neste prazo, o ato será
Ato intermediários: aquele que concorre para § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o
a formação de um ato principal e final (edital) prazo de decadência contar-se-á da percepção do
85
OBS.: Ab-rogação: revogação total e; Derrogação: condições para sua manutenção. Seus efeitos são “ex
revogação parcial. tunc”, proativos, ou seja, contados da data de sua
produção a diante.
Objeto: ato eficaz e discricionário
Competência: administração A caducidade, outra forma de extinção, se dá
Efeito: ex nunc quando por lei superveniente, o ato administrativo
tem sua manutenção impedida. Quando surgi um ato
Súmula 346: A Administração pública pode
geral, este prevalece sobre o específico.
declarar a nulidade dos seus próprios atos.
A contraposição ou também, derrubada, é a
Súmula 473: A Administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os retirada do ato por edição de outro ato que impede a
tornam ilegais, porque deles não se originam manutenção do ato vigente. Em outras palavras, um
direitos; ou revoga-los, por motivo de ato até então vigente é impedido de surtir efeitos
conveniência ou oportunidade, respeitados os devido a edição de um outro ato que trata da mesma
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os matéria. Um ato específico se contra dispõe com
casos, a apreciação judicial. outro ato específico.
Lei nº 9.784/99, Art. 53. A Administração deve
A renúncia, por sua vez, é a retirada do ato
anular seus próprios atos, quando eivados de vício
pela rejeição pelo próprio beneficiário do ato.
de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os Quanto a convalidação dos atos
direitos adquiridos. administrativos, trata-se de um ato jurídico praticado
pela própria Administração para corrigir
Há, porém, atos administrativos que não
determinado ato anulável, para que este possa
podem ser revogados, são aquele vinculados ou já
continuar surtindo efeito no mundo jurídico. Ou seja,
consumados, complexo, entre outros.
convalidar é tornar o ato válido.
≠ entre revogação e anulação
Assim, vai sanar os defeitos de forma a
REVOGAÇÃO ANULAÇÃO
validade o ato, porém, se esses defeitos não forem
Conveniência e Ilegalidade
supridos, o ato será nulo.
oportunidade
Efeitos ex nunc Efeitos ex tunc Ademais, há uma possibilidade prevista em
Somente a adm. Pública Tanto a adm. quanto o lei (nº 9.784/99) em que é expresso a convalidação
realiza poder judiciário (se sobre processo administrativo federal, exceto se
provocado). acarretar em lesão ao interesse público ou prejuízo a
terceiros.
A cassação trata-se da retirada do ato em Seus efeitos serão sempre retroativos, “ex
virtude do descumprimento pelo beneficiário de uma tunc”, além de que, não pode ser praticado para
condição imposta pela Administração. Ou seja, é a atender interesse privado (visto que essa não é a
extinção do ato válido por descumprimento das
86
finalidade do ato público). Outrossim, caso não seja
sobre matéria exclusiva, pode ser delegado.
87