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Artigo

Juizados Especiais - Procedimentos


Aspectos relevantes da Lei dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais – Lei nº
9.099/95

Juizado Especial Cível – JEC – Lei nº 9.099/95 –


20 (vinte) salários mínimos – condenação
superior a 40 (quarenta) salários mínimos -
artigo 275, inciso II, do CPC/1973 – art. 275 do
CPC//1973 não tem mais artigo
correspondente no CPC/2015 - artigo 1.06

Amanda Moura Pierini

20/12/2018 às 16:05

Os Juizados Especiais tem como


característica a economia processual e a
:
celeridade, sempre buscando a conciliação entre
as partes em processos de menor complexidade.

A celeridade é marcada pelo seguinte fato:


“Os prazos processuais nos procedimentos
sujeitos ao rito especial dos Juizados Especiais
não se suspendem e nem se interrompem” (FPJC,
enunciado 86).

Nos Juizados Especiais Cíveis o valor das


causas não podem exceder a 40 (quarenta) vezes
o salário mínimo, podendo ser ações possessórias
sobre bens imóveis de valor não excedente a 40
(quarenta) vezes o salário mínimo.

Nas causas que não excedam a 40 (quarenta)


vezes o salário mínimo é opção do autor escolher
que seu processo tramite nos JEC.

A respeito do teto do valor da causa,


importante mencionar que, a opção pelo
procedimento previsto nesta lei importará em
renúncia ao crédito excedente ao limite
estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese
de conciliação (§3º do artigo 3º da Lei nº
9.099/95).
:
Nesse sentido: “O ajuizamento da ação
perante o Juizado Especial é uma opção do autor”
(STJ-4ª T., RE 151.703, Min. Ruy Rosado, j. 24.3.98,
DJU 8.6.98). No mesmo sentido: STJ-2ª Seção,
CC 90.218, Min. Ari Pargendler, j. 14.11.07, DJU
10.12.07.

“Ao autor é facultada a opção entre, de um


lado, ajuizar a sua demanda no Juizado Especial,
desfrutando de uma via rápida, econômica e
desburocratizada, ou, de outro no Juízo comum”
(RSTJ 113/284 e STJ-RF 346/261).

“As ações cíveis sujeitas aos procedimentos


especiais não são admissíveis nos Juizados
Especiais” (FPJC, enunciado 8).

“Não são admissíveis as ações coletivas nos


Juizados Especiais Cíveis” (FPJC, enunciado 32).

“São cabíveis a tutela acautelatória e a


antecipatória nos Juizados Especiais Cíveis” (FPJC,
enunciado 26).
:
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“A prerrogativa de foro na esfera penal não


afasta a competência dos Juizados Especiais
Cíveis” (FPJC, enunciado 74).

“As causas de competência dos Juizados


Especiais em que forem comuns o objeto ou a
causa de pedir poderão ser reunidas para efeito
de instrução, se necessária, e julgamento” (FPJC,
enunciado 73).

O art. 3º da Lei nº 9.9099/95 determina a


competência dos Juizados Especiais Cíveis,
considerando que são causas cíveis de menor
complexidade e que são assim consideradas:

I – as causas cujo valor não exceda a quarenta


vezes o salário mínimo;

II – as enumeradas no art. 275, inciso II, do


Código de Processo Civil;
:
III – a ação de despejo para uso próprio;

IV – as ações possessórias sobre bens imóveis


de valor não excedente ao fixado no inciso I deste
artigo.

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Primeiro ponto a ser observado: Para as


causas dos incisos II e III, os Juizados Especiais tem
competência independentemente do valor, ou
seja, o valor pode ser superior a 40 (quarenta)
salários mínimos.

Segundo ponto: O art. 275 do CPC//1973 que


tratava do Procedimento Sumário não tem mais
artigo correspondente no CPC/2015, porém, os
JEC continuam competentes para processar e
julgar as causas previstas no art. 275, inciso II, do
CPC/1973, devido à disposição do art. 1.063 do
:
CPC/2015.

“As causas cíveis enumeradas no art. 275, II, do


CPC, admitem condenação superior a 40
(quarenta) salários mínimos e sua respectiva
execução, no próprio Juizado” (FPJC, enunciado
58, que substituiu o enunciado 2).

Art. 1.063. Até a edição de lei específica, os


juizados especiais cíveis previstos na Lei no 9.099,
de 26 de setembro de 1995, continuam
competentes para o processamento e julgamento
das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.

(CPC/1973) Art. 275. Observar-se-á o


procedimento sumário:

I – nas causas cujo valor não exceda a 60


(sessenta) vezes o valor do salário mínimo;

II – nas causas, qualquer que seja o valor:


:
II – nas causas, qualquer que seja o valor:

a) de arrendamento rural e de parceria


agrícola;

b) de cobrança ao condômino de quaisquer


quantias devidas ao condomínio;

c) de ressarcimento por danos em prédio


urbano ou rústico;

d) de ressarcimento por danos causados em


acidente de veículo de via terrestre;

e) de cobrança de seguro, relativamente aos


danos causados em acidente de veículo,
ressalvados os casos de processo de execução;

f) de cobrança de honorários dos


profissionais liberais, ressalvado o disposto em
legislação especial;

g) que versem sobre revogação de doação;

h) nos demais casos previstos em lei.

Parágrafo único. Este procedimento não será


:
observado nas ações relativas ao estado e à
capacidade das pessoas.

Somente poderão ser partes nos Juizados


Especiais Cíveis as pessoas físicas capazes,
excluídas os cessionários de direito de pessoas
jurídicas, as pessoas enquadradas como
microempreendedores individuais,
microempresas e empresas de pequeno porte na
forma da Lei Complementar n. 123, de 14 de
dezembro de 2006, as pessoas jurídicas
qualificadas como Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público, nos termos da Lei n.
9.790, de 23/03/1999 e as sociedades de crédito
ao microempreendedor, nos termos do art. 1º da
Lei n. 10.194, de 14/02/2001 (art. 8º da Lei nº
9.099/95).

*Nas causas de valor até 20 (vinte) salários


mínimos, as partes comparecerão pessoalmente,
podendo ser assistidas por advogados. Nas
ações cujo valor seja superior a 20 (vinte) salários
mínimos a assistência de advogado é obrigatória.
(art. 9º da Lei nº 9.099/95).

A contestação será oral ou escrita e poderá


ser apresentada até a audiência de instrução e
julgamento (art. 30 da Lei nº 9.099/95).

Não é admitida a reconvenção, mas a parte


:
Não é admitida a reconvenção, mas a parte
poderá fazer Pedido Contraposto, isto é, o réu na
contestação formula pedidos em seu favor (art.
31 da Lei nº 9.099/95).

São aceitas até 03 (três) testemunhas para


cada parte que comparecerão à audiência de
instrução e julgamento (art. 34 da Lei nº
9.099/95).

Da sentença caberá Recurso Inominado. O


Recurso Inominado no Juizado Especial Cível
corresponde, no processo comum, ao Recurso de
Apelação.

Prazo do Recurso Inominado: 10 (dez) dias (art.


42 da Lei nº 9.099/95). O recurso terá apenas
efeito devolutivo, podendo o juiz dar-lhe efeito
suspensivo, para evitar dano irreparável à parte
(art. 43 da Lei nº 9.099/95).

“O recurso inominado será julgado deserto


quando não houver o recolhimento integral do
preparo e sua respectiva comprovação pela parte,
no prazo de 48 horas, não admitida a
complementação intempestiva (FPJC, enunciado
80).

“Nos Juizados Especiais não é cabível o


:
recurso de agravo, exceto nas hipóteses dos arts.
544 e 557 do CPC” (FPJC, enunciado 15).

Quem julga os recursos são as Turmas


Recursais, órgão de segunda instância ou segundo
grau, composta por 03 (três) juízes e as partes
serão obrigatoriamente representadas por
advogado (art. 41, §§ 1º e 2º da Lei nº 9.099/95).

Cabe Embargos de Declaração contra


sentença ou acórdão no prazo de 05 (cinco) dias,
podendo ser interposto por escrito ou oralmente
(artigos 48 e 49 da Lei nº 9.099/95).

Os Embargos de Declaração (ED)


interrompem o prazo para a interposição de
recurso (art. 50 da Lei nº 9.099/95).

A execução da sentença processar-se-á no


próprio juizado (art. 52 da Lei nº 9.099/95).

“É cabível a aplicação da desconsideração da


personalidade jurídica, inclusive na fase de
execução” (FPJC, enunciado 60).

Bibliografia

Código de Processo Civil e legislação


:
Código de Processo Civil e legislação
processual em vigor/ Theotonio Negrão, José
Roberto F. Gouvêa, Luis Guilherme Aidar Bondioli,
João Francisco Naves da Fonseca. – 47. Ed. atual. e
reform. – São Paulo: Saraiva, 2016.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20
15−2018/2015/Lei/L13105.htm

Sobre a autora

Amanda Moura Pierini


Advogada Sênior em renomado
Escritório de Advocacia da capital de
São Paulo. Pós-graduada em Direito
Civil pela FMU.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores.


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