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Especial Cível
Prezados leitores,
Antes de falar de como “entrar” com uma ação no JEC, façamos uma breve
digressão sobre ele:
O JEC está disciplinado pela Lei Federal n. 9.099/95, lei essa que tem o
objetivo de realizar a conciliação, julgamento e execução de causas cíveis de
menor complexidade - art. 98, I, CF/88.
O inciso II acima fala do artigo 275, inciso II, do Código de Processo Civil.
Vamos ao que ele prescreve:
Sem entrar em maiores detalhes - porque não se busca escrever aqui com
tecnicismos -, em nossa prática forense, constatamos que a maioria das ações
propostas perante os JECs são de cobrança, de devolução de quantia cobrada e
paga indevidamente, indenização por danos materiais e morais, esta por
negativação indevida no SPC/Serasa, não entrega de produtos comprados
pela internet no prazo correto, entre outros constrangimentos sofridos; obrigação
de fazer no sentido de cumprir garantia de produtos vendidos a consumidores e
que estragaram, compra de produtos vencidos em supermercados e que não
houve a troca devida, desacordos comerciais de pequeno valor etc.
Com essa minha afirmação, pode surgir uma pergunta: mas eu posso entrar
sozinho com uma ação no JEC? Sim, a resposta é positiva, desde que a sua
demanda não seja de valor superior a vinte salários mínimos. Veja o que estatui o
artigo 9º, da lei n. 9.099/95:
No caso da ação de até vinte salários mínimos sem advogado, a prática dos
fóruns é a seguinte: se você chega com sua petição pronta, descrevendo de forma
concisa os fatos e fazendo o seu pedido, há o protocolo dela; nesse momento, o
cartório já faz a designação da data da audiência de conciliação;
Lado outro, se você vai até ao fórum sem uma petição elaborada, você é
encaminhado para o setor de atermação, que é o local em que a sua demanda é
registrada, ou seja, é elaborada sua petição por um servidor da justiça com os
fatos narrados e o seu pedido ao final; em seguida, há o protocolo. Após isso, da
mesma forma que explicado há pouco, há a designação de audiência de
conciliação.
Assim, importante que o leitor tenha em mente que a justiça está acessível,
dispensando, em alguns casos, inclusive o patrocínio de advogado.
Se de um lado é assim, de outro, importante salientar que algumas pessoas
não podem ser partes perante o JEC, conforme descrito no art. 8º:
“Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei,
o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as
empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil”.
Bem, são estes os pontos que queria tratar no texto de hoje. Desse modo,
com esses esclarecimentos, espero ter contribuído para que o leitor possa, se
necessário, buscar seus direitos com mais tranquilidade.
Esclareço que não tratei aqui dos juizados especiais cíveis federais, que fica
para outro texto.
Reafirmo mais uma vez que os textos aqui postados não têm o intuito de
exaurir os assuntos tratados, mas sim o de esclarecer pelo menos um pouco o
leitor sobre determinados pontos que considero mais relevantes para o exercício
da cidadania.
Vou colocar em anexo a este texto modelos de petição que podem ser
usados perante os JECivs desde que feitas algumas adaptações de jurisprudência,
que podem ser buscadas na internet. (clique aqui e faça o download dos modelos)
Até a próxima.
Promotor de Justiça