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Conceito e função
O IRDR é instituto previsto no art. 976, caput, do NCPC, utilizado nas hipóteses em que há a
efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão
unicamente de direito e risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
Por meio do IRDR, busca-se dar tratamento isonômico a diferentes processos que versem
sobre a mesma matéria, a fim de gerar igualdade e segurança jurídica à aplicação do direito.
A diversidade fática apta a afastar a incidência do instituto deve ser aquela que influencie a
aplicação do direito ao caso concreto, pois com fatos diferentes de origem comum, o incidente
deve ser aplicado.
A instauração do IRDR demanda maturação, debate e divergência sobre a matéria, mas não
pode demorar demasiadamente a ocorrer, sob pena de ineficácia prática do instituto quanto à
segurança jurídica e promoção da isonomia.
Inadmissibilidade
Nos termos do art. 976, § 4º, do NCPC, não se admitirá a instauração do incidente quando um
dos tribunais superiores, em sua competência, tiver afetado o recurso para definição de tese
sobre questão de direito material ou processual repetitiva, com previsão dentre os arts. 1.036
e 1.041, do NCPC, o que evita decisões conflitantes ou contraditórias na fixação da tese
jurídica, bem como permite a fixação de tese vinculante com eficácia em todo o território
nacional.
Legitimidade
A legitimidade para a instauração do IRDR tem previsão no art. 977 e incisos do NCPC, que
inclui a legitimidade do juiz ou relator, que se dará de ofício. Ademais, a iniciativa pode ser das
partes, por petição, bem como do Ministério Público ou Defensoria Pública, também por
petição.
No art. 976, há previsão de intervenção do Ministério Público como custos juris, quando não
atuar como parte, e, em caso de desistência da parte que o suscitar, será responsável por
assumir sua titularidade, nos termos do § 2º. Ademais, como preceitua o § 5º, do mesmo
dispositivo, não são exigidas custas processuais para a sua instauração.
Limites temporais
Isso porque, neste caso, não se pode aferir que há risco à isonomia e à segurança jurídica.
Ademais, como se depreende da leitura do art. 978, pu, do NCPC, é imprescindível que o IRDR
origine-se de medida de competência do tribunal.
Há, ainda, limite temporal máximo, podendo ser instaurado frente a tribunal local apenas
enquanto não for instaurado procedimento de julgamento de recursos especial ou
extraordinário nos tribunais superiores, sobre a mesma questão, por haver maior abrangência
territorial e ainda maior definitividade.
Competência
A competência para processo e julgamento do IRDR, como se depreende do art. 978, do NCPC,
é o tribunal de 2º grau, Tribunal de Justiça ou TRF.
Ademais, pode-se chegar à mesma conclusão da análise do art. 987, caput, do NCPC, que
determina o cabimento de recurso especial e extraordinário contra a decisão que resolve o
incidente, bem como, nos termos do art. 982, I, do NCPC, há previsão de que a suspensão dos
processos pendentes se dará nos limites do estado ou da região.
Por fim, é válido ressaltar que, nos termos do Enunciado 343 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis, “O incidente de resolução de demandas repetitivas compete ao tribunal
de justiça ou tribunal regional”.
A competência será designada, dentro do tribunal, de acordo com o regimento interno, e será
competente o órgão responsável pela uniformização da jurisprudência.
Após a distribuição, nos termos do art. 981, caput, do NCPC, o órgão colegiado competente
para julgar o incidente será responsável pelo juízo de admissibilidade, verificando-se a
existência dos requisitos previstos em lei. A decisão, portanto, não pode ser unipessoal do
relator.
Segundo o art. 987, caput, do NCPC, eventual interposição de RE ou RESP é cabível apenas
contra a decisão que julga o mérito do incidente. Assim, da decisão de inadmissão do IRDR,
não é cabível recurso ao STJ, fundado no art. 105, III, a, da CF.
Ademais, nos termos do art. 976, § 3º, do NCPC, é válido ressaltar que a inadmissão do IRDR,
por ausência de qualquer de seus pressupostos legais não impede que, satisfeito o requisito,
seja o incidente suscitado e admitido, passando-se ao julgamento do mérito da causa.
Como preceitua o art. 982, § 3º, do NCPC, é possível que as partes, em nome da segurança
jurídica, requeiram aos tribunais superiores a suspensão de todos os processos individuais e
coletivos em curso em todo o território nacional, que versem sobre a questão objeto do
incidente instaurado.
Imperioso destacar que, nos termos do art. 982, § 4º, do NCPC, há previsão de legitimidade
das partes em processo no qual se discuta a mesma questão objeto do incidente,
independentemente dos limites da competência territorial. Assim, qualquer parte, mesmo que
figure em processo em região ou estado distinto daquele em que tramita o processo que deu
origem ao IRDR, pode pedir a suspensão dos processos em todo o território nacional, diante da
interposição de RE ou RESP.
Como preceitua o art. 980, do NCPC, o IRDR será julgado no prazo de 1 ano, com preferência
sobre os demais feitos, exceto os casos com réu preso e pedidos de habeas corpus. Superado
este prazo, o parágrafo único do dispositivo legal prevê que cessa a suspensão dos processos
prevista no art. 982, salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário.
Ademais, é válido ressaltar que o julgamento do incidente ocorrerá mesmo que o autor do
processo em primeiro grau desista de seu processo ou o abandone (desistência tácita), com a
finalidade de evitar a fixação de tese jurídica contrária aos seus interesses, o que é vedado
pelo NCPC, nos termos do art. 976, §1º, como se verá adiante.
Nos termos do art. 985, I, do NCPC, julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada a todos os
processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que
tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que transitem nos
juizados especiais do estado ou região respectivos. É a eficácia vinculante, obrigatória, do
precedente criado no julgamento do IRDR.
Ademais, a aplicação, nos termos do inciso II, se dará aos casos futuros que versem sobre
idêntica questão de direito e que venham a transitar no território de competência do
respectivo tribunal, até que esta revise a tese. Nesses casos, inclusive, é cabível a concessão de
tutela de evidência, nos termos do art. 311, II, do NCPC, e o julgamento liminar de
improcedência do pedido (art. 332, III, do NCPC).
É válido ressaltar que somente o tribunal que julgou o IRDR pode proceder à revisão da tese
fixada, em respeito à eficácia vinculante que dele provém.
Além disso, a eficácia vinculante do IRDR possui outra função importante, prevista no art. 985,
§ 2º, do NCPC, uma vez que tendo o incidente como objeto questão relativa à prestação de
serviços concedidos, autorizados ou permitidos, o resultado do julgamento será comunicado
ao órgão, ente ou agência reguladora responsável pela fiscalização da aplicação, por parte dos
entes sujeitos à regulação, da tese jurídica fixada, e o respeito a estes precedentes pode levar
à redução do número de processos ajuizados.
Por fim, importante ressaltar que em caso de inobservância dos precedentes pelo juízo de
primeiro grau e pelo próprio tribunal, permite a propositura de reclamação constitucional, nos
termos do § 1º, do art. 985, do NCPC, remédio processual contra o desrespeito à eficácia
vinculante do precedente criado no julgamento do IRDR.
Nos termos do art. 976, §1º, do NCPC, a desistência ou abandono do processo onde se
originou o IRDR será homologado pelo Juízo, de forma que aquele processo será extinto sem
resolução de mérito.
Embora alguns entendam que o IRDR possa ser instaurado apenas em processos que tramitem
frente ao segundo grau de jurisdição, quando, neste caso, a norma seria aplicável apenas a
processos de competência originária ou a recursos, a ratio da norma busca determinar que a
desistência ou abandono do processo ou do recurso não pode ser capaz de evitar que o
tribunal fixe a tese jurídica.
Trata-se de exceção à regra de que o acessório segue o principal, pois haverá o julgamento do
incidente ainda que tenha havido extinção do processo que o originou, em nome da segurança
jurídica, economia processual, previsibilidade e isonomia.
Questões e gabarito
Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-CE Prova: CESPE - 2020 - MPE-CE - Promotor
de Justiça de Entrância Inicial
De acordo com a legislação processual civil em vigor, desde que não esteja atuando como
parte ou requerente, o Ministério Público deve obrigatoriamente ser intimado para
manifestação em qualquer hipótese de processo ou procedimento
Ano: 2019 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2019 - MPE-SP - Promotor de Justiça
Substituto
Ano: 2019 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2019 - MPE-SP - Promotor de Justiça
Substituto
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-AC Prova: VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito
Substituto
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2017 - TJ-SP - Juiz Substituto
A) tanto que seja admitido, a suspensão dos processos pendentes em que se discuta a
questão controvertida poderá ser determinada pelo relator ou eventualmente pelo
tribunal superior competente para conhecer do recurso extraordinário ou especial.
B) poderá ser instaurado quando houver risco de multiplicação de processos como
decorrência de controvérsia sobre questão unicamente de direito, de que possa
resultar prejuízo à isonomia e à segurança jurídica.
C) pode tramitar, paralela e concorrentemente, com a afetação, perante tribunal
superior, de recurso para definição de tese sobre questão material ou processual
repetitiva.
D) o órgão colegiado incumbido de julgá-lo fixará a tese e, para preservar o juiz natural,
devolverá o julgamento do recurso, da remessa necessária ou do processo de
competência originária para que se complete o julgamento perante o órgão de onde
se originou o incidente.
GABARITO:
1. C
2. C
3. A
4. C
5. A