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Guilherme Peña
Aula 1
● NORMAS CONSTITUCIONAIS
A) Definição:
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Lei – é espécie normativa que possui fundamentação de validade direta e imediata,
direta na Constituição;
b) CARÁTER POLÍTICO:
O STF deve ser um tribunal político, pois interpreta a Constituição, que tem caráter
político.
Isso quer dizer que a Constituição pode desempenhar duplo papel: ora de
legitimação, ora de limitação.
Deve haver separação clara entre o que é público e o que é privado, entre Estado e
sociedade.
O poder do Estado só é legítimo porque a sociedade lhe deu, e sua atuação deve ser
limitada pela Constituição.
c) CONTEÚDO ESPECÍFICO:
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Normas constitucionais não tratam sobre quaisquer matérias.
OBS 1: Fala-se divisão do poder político por questão de praxe, mas quando
falarmos divisão do poder político, leia-se divisão do EXERCÍCIO do poder
político, pois o poder politico é uno e indivisível, razão pela qual a divisão
do poder político não se dá sobre a sua essência.
● Entidade x Órgão
Essa matéria tem a ver com as formas de Estado (Título III da CF).
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A DIVISÃO DO PODER POLÍTICO FUNCIONAL (em plano horizontal) não é
repartido entre entidades, mas sim entre ÓRGÃOS, havendo a subdivisão
entre Poder Legislativo, Poder Judiciário e Poder Executivo (são órgãos
vinculados a algumas entidades – União, DF, Estados e Municípios).
▪ Deve ser feita distinção entre direito, garantia e remédio. Qual é a distinção técnica entre
estes instrumentos? E a distinção prática?
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determinará que se for rompida a garantia, para que seja efetiva,
disponibilizará remédio constitucional.
Exemplos:
- Direito à liberdade ambulatorial (ir, vir e ficar): trata-se de direito individual e fundamental, e
para que fosse assegurado, a Constituição trouxe algumas garantias, como as
formalidades da prisão provisória, anterior ao trânsito em julgado da sentença ou
acórdão fundamentado, e há três requisitos para isso: decisão fundamentada de juiz
competente, flagrante delito ou punição militar disciplinar. São formalidades da prisão
provisória e garantias constitucionais que pretendem tornar efetivo este direito,
assegurando-o. Se houver violação às garantias constitucionais, cabe HC, remédio
cabível quando houver questão que envolva direito de ir vir e ficar e a garantia
correspondente a ele não for o suficiente.
Nossa constituição é analítica, e trata de diversos temas além destes, e é por isso que nossa
constituição possui muitas normas não só materialmente constitucionais, mas
também formalmente constitucionais.
Em regra, a constituição trata sobre essas matérias, mas não somente sobre elas ( divisão do
poder político e direitos, garantias e remédios constitucionais).
A primeira parte é a parte orgânica (que diz respeito à divisão do exercício do poder político),
e a segunda (direitos, garantias e remédios constitucionais), a parte dogmática,
constituída a partir da dignidade da pessoa humana, que deve ser fim em si própria.
Esse processo envolve a ciência jurídica e o direito positivo (nossa CF é a primeira na história
que trata dos direitos fundamentais no inicio do texto, entre o art. 5º e 14, pois a
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mensagem que o constituinte quer passar é que a prioridade são os direitos, e depois
o Estado, pois os direitos limitam a atuação do Estado e a concepção não é mais
aquela de que a prioridade é o Estado pois é este que garante o direito).
As normas que envolvem a Constituição têm alto grau de abertura e baixo grau de
densidade, ao contrário do que, em regra, ocorre no sistema jurídico, pois as normas
legais possuem alto grau de densidade e baixo grau de abertura.
Assim, por serem muito abertas, dotadas de alto grau de abstração, e pouco densas, o
intérprete deve atuar na sua concretização, pois a norma é abstrata e o caso é
concreto, e pela sua concretização, permite-se a sua subsunção ao caso concreto.
B) CLASSIFICAÇÃO:
a) QUANTO AO CONTEÚDO:
Ex. Art. 242, §§ 1º e 2º da CF – são normas muito especificas, e para a sua alteração,
terá que ser realizada EC. São normas formalmente constitucionais, porque
inseridas no texto constitucional.
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materialmente constitucional, mesmo não estando presente no texto
constitucional.
Assim como a Constituição pode trazer normas de matérias que lhes são estranhas, ou
seja, que não sejam relativas à divisão do poder político, ou a direitos,
garantias e remédios constitucionais, que são as normas formalmente
constitucionais, pode haver, fora da Constituição, normas cuja matéria é
própria de Constituição, mas não contidas em seu texto, que são as normas
materialmente constitucionais.
- Ex. Art. 16 do CC – Direito ao nome (a constituição não fala em nome, mas sim em
honra, imagem, etc. – nome é direito fundamental, matéria típica de
constituição, prevista no CC), razão pela qual a norma é materialmente
constitucional.
- Ex. NCPC faz alusão à citação, trata-se de norma materialmente constitucional, pois
permite o contraditório e a ampla defesa, que são direitos fundamentais.
- Ex. CPP – alude às formalidades da prisão provisória, que só pode ser proferida em
caso de punição disciplinar militar, decisão fundamentada por juiz competente
e flagrante delito, que é norma materialmente constitucional, que regula o
direito de ir e vir;
- Ex. CTN – art. 9º - traz limitações ao poder de tributar, que são garantias dos
contribuintes, que é norma materialmente constitucional.
● Questão polêmica:
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CONSTITUIÇÃO FORMAL é conjunto de normas formalmente constitucionais, normas
previstas pelo texto da constituição, mesmo que não versem sobre o tema a
ela adequado.
No século XIX, foi feita distinção entre constituição em sentido formal e em sentido
material.
Atualmente, isso tem outra roupagem, e uma questão possível para concurso seria
sobre o chamado BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE.
Alguns autores chamam esse termo de BLOCO CONSTITUCIONAL, pois sua origem é
francesa, e não americana, em que se fala em bloco constitucional.
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quando alude a domicílio, e seria possível o controle de lei ou ato normativo
em face do CPP quando alude às formalidades da prisão provisória. É colocar
na posição de parâmetro e não de objeto normas legais desde que o
substrato seja constitucional.
Nos olhos do professor Guilherme Peña, a fundamentação seria o art. 5º, § 3º, da
forma dada pela EC 45/2004, pois afirma que tratados que o Brasil tenha
ratificado, que discutam DH, com formatação própria de EC tem caráter de
EC.
Isso identifica o bloco pois se fala em equivalência à EC para fins de controle, e isso
faz com que se aproxime à ideia de bloco de constitucionalidade, pela ideia
de equivalência do tratado de DH à EC, mas isso não seria fundamentação
perfeita, pois o bloco envolve tratado ou legislação, além de qualquer
matéria constitucional, de direito humano ou não, pois envolve também
Teoria do Estado.
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Para o professor, não seria possível a aplicação do bloco de
constitucionalidade no Brasil, pois este conceito é cunhado para constituições
sintéticas, como a francesa, e não para a brasileira, analítica.
Assim, seria mais fácil recorrer aos princípios constitucionais, anda que
implícitos, que recorrer a normas materialmente constitucionais, mas previstas
fora do texto constitucional.
b) FINALIDADE:
Organização tem a ver então com a divisão do exercício poder político, ou seja, com
a parte orgânica da constituição.
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d.2) NORMAS DEFINIDORAS DE DIREITOS
d.3) PROGRAMÁTICAS
Há controvérsia doutrinária.
Para eles, não seria peça de direito, mas peça de política, não sendo produto de
direito constitucional, mas sim da ciência de política, sendo meras
proclamações políticas, gerando o preâmbulo, que não pertence à
Constituição.
A questão chegou ao STF e lá, por meio da ADI 2076/2002, acolheu a TEORIA
POLÍTICA, que entende que o preâmbulo possui força hermenêutica
importante, para a interpretação constitucional, mas não pertence à
Constituição e não tem eficácia jurídica, mas sim política.
Não possui aplicação cogente, pois serve de parâmetro interpretativo, e não pode
servir de parâmetro para controle de constitucionalidade.
Obs: Para o professor não há harmonia de entendimento pelo STF. Os dois acórdãos
são contraditórios, pois a ADI 595 e 514 reconhecem o bloco de
constitucionalidade, mas a 2076 nega o preâmbulo como parte integrante da
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Constituição, pois ao afirmar a existência do bloco, amplia o conceito de
Constituição, e ao negar a integração do preambulo à constituição, reduz-se o
conceito de Constituição.
c) ESTRUTURA
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juspositivistas, e nem nos princípios, como para os jusnaturalistas, pois para
os neoconstitucionalistas ambos são espécies do gênero norma, que possuem
diferenças mas são dotados de caráter normativo.
1) OBJETO
3) FORMA DE APLICAÇÃO:
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O PRINCÍPIO não aceita aplicação cogente, mas no máximo INFLUENCIA E
INFORMA a solução a ser buscada ao caso concreto, mas não há como
aplicá-lo coercitivamente ao caso concreto, então não aceita subsunção,
em razão de seu alto grau de abstração.
5) FUNÇÃO
A regra é monofuncional pois seu único objetivo é regular o caso concreto, para
resolver a questão concreta, dispondo de apenas uma função.
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Para o Humberto Bergman Ávila, AS REGRAS SÃO CONCRETIZAÇÕES DE PRINCÍPIOS E
PRINCÍPIOS SÃO CONCRETIZAÇÕES DOS POSTULADOS NORMATIVOS.
Existem processos legislativos especiais, quando pode ser que haja ausência de
alguns dos supracitados atos.
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tem efeitos jurídicos e depois será sujeita à deliberação do
Congresso.
Art. 66, § 1º (quem exerce o veto é o Presidente da República, que poderá ocorrer no todo ou em
parte, por inconstitucionalidade ou contrariedade ao interesse público, e nascem duas
classificações do veto: veto total (no todo), parcial (em parte), veto jurídico (por
inconstitucionalidade) e veto político (por contrariedade ao interesse público), sendo o
prazo para veto de 15 dias úteis. Aqui, falamos em projeto de lei, e o disposto neste §
ocorre entre a votação e a sanção/veto). Já o § 7º, do mesmo artigo, alude a lei, dizendo
que quem tem atribuição para promulgação da lei é o Chefe do Executivo, e se não o
fizer, a competência será do presidente do Senado, e se não o fizer, será do vice da casa,
com prazo 48h para cada autoridade afirmada.
Se antes da sanção e rejeição ao veto, a Constituição fala em projeto de lei, e após a sanção e veto,
até a promulgação, fala em lei, o termo inicial de vigência de norma legal, o momento de
metamorfose de projeto em lei ocorre com a sanção ou rejeição/derrubada do veto, em
que a norma ordinária, sujeita a processo legislativo ordinário, tem início de sua existência
com a sanção ou rejeição ao veto.
● VALIDADE: é a compatibilidade de uma norma com outra que lhe venha a ser superior.
Há norma inferior e outra que lhe é superior, e se forem compatíveis, será válida a
norma.
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OBS: DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E REVOGAÇÃO NÃO SE CONFUNDEM.
A REVOGAÇÃO atinge a norma no campo de sua vigência, sendo a cessação de vigência, e por
isso só pode ser realizada por outra norma jurídica, de igual ou superior estatura.
- CAUSA: SEPARAÇÃO DE PODERES. O Poder Judiciário não pode retirar a existência (vigência) de
um ato que não lhe pertence, o que se relaciona com o DÉFICIT DEMOCRÁTICO DO PODER
JUDICIÁRIO, não tendo a legitimação do voto, dado ao Legislativo e ao Executivo, em que o
primeiro aprova o projeto e o Executivo sanciona, transformando em lei, de modo que
quem pode retirar vigência é o poder que criou a norma, dando-lhe vigência, ou seja, o
Executivo e Legislativo, de maneira que no máximo, o Judiciário pode dizer que a norma é
inválida, fazendo cessar seus efeitos, aguardando que um dia seja revogado, por outro ato
do poder que lhe fez, no caso o Executivo e Legislativo (art. 2º da CF).
- Efeito prático:
É possível a revogação de lei declarada inconstitucional, o que produz poucos efeitos, pois a partir
da declaração de inconstitucionalidade, a norma não produz mais efeitos, mas por motivos
de segurança jurídica, pode ser que haja a revogação de norma jurídica que o STF já tenha
declarado inconstitucional, pois para que haja revogação, basta que haja vigência, e lei
inconstitucional tem vigência, mas não tem validade e eficácia, para evitar que alguém
lhe de aplicação, afetando a segurança jurídica, por exemplo.
● EFICÁCIA:
É aptidão da norma de produzir seus efeitos jurídicos, ou seja, os efeitos que lhes são inerentes.
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Vacacio é conceito ligado umbilicalmente à eficácia, podendo haver vacacio legis ou
constitucionalis, que pode envolver a lei ou a constituição.
Vacacio é intervalo de tempo no qual a norma tem vigência , há presunção de ser válida, pois não
há termo inicial de validade, cuja presunção é relativa, que pode ser afastada ou
confirmada, e não tem eficácia.
Ultrapassado o prazo de vacacio, a norma continua a ter vigência, a não ser que venha a ser
revogada, continua a ter presunção de validade, a não ser que seja declarada
inconstitucional, e passa a ter EFICÁCIA.
“essa lei entrará em vigor no dia tal” – deve-se ler que a lei PASSARÁ A TER EFICÁCIA no dia tal.
É possível que a norma seja eficaz e tenha ou não aplicabilidade, assim como é possível que seja
eficaz e tenha ou não efetividade.
É a qualidade da norma que pode ser aplicada a casos concretos. É qualidade da norma de
subsunção ao caso concreto.
Para que se possa verificar se há aplicabilidade ou não, deve-se avaliar o caso concreto.
É a qualidade da norma que é efetivamente cumprida pelo meio social, que para Hans Kelsen é a
dotada de EFICÁCIA SOCIAL.
Kelsen fazia distinção entre EFICÁCIA JURÍDICA e EFICÁCIA SOCIAL. A eficácia jurídica é eficácia
(aptidão da norma para produção dos efeitos jurídicos). EFICÁCIA SOCIAL é diferente, que
é a qualidade da norma que é efetivamente cumprida pelo corpo social.
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Ex. LEP que prevê as condições do cárcere, em que o STF reconheceu Estado de Coisa
Inconstitucional, pois a norma não possui eficácia social, não é efetivamente cumprida
pelo meio social.
Aula 2
● Normas constitucionais:
Características peculiares que as normas veiculadas pela constituição podem ter: VIGÊNCIA,
VALIDADE, EFICÁCIA - APLICABILIDADE e EFETIVIDADE (atributos que a eficácia pode
ter).
EFICÁCIA: é a aptidão da norma jurídica para a produção dos efeitos jurídicos que lhe são
próprios.
O principal autor brasileiro é Manoel Gonçalves Ferreira Filho, e nos EUA, Thomas Cully.
a) Normas autoaplicáveis:
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As NORMAS CONSTITUCIONAIS AUTOAPLICÁVEIS são aquelas cuja aplicabilidade não
depende da produção de norma legal , ou seja, é A NORMA CONSTITUCIONAL
CUJA APLICABILIDADE NÃO DEPENDE DE INTERPOSIÇÃO DO LEGISLADOR
ORDINÁRIO.
Assim, pode ser aplicada ao caso concreto mesmo que não haja a produção de norma
legal, podendo ser aplicada diretamente ao caso concreto desde o momento de
sua existência.
Por isso é NORMA BASTANTE EM SI, pois desde o momento de sua criação, pode ser
aplicada ao caso concreto.
Art. 1º, pu, da CF – nasce a soberania popular, titular do poder constituinte é o povo, a
democracia semidireta, pois o Brasil admite institutos de exercício direto do poder
pelo povo.
Da Constituição, é possível extrair que o poder político emana do povo e que o povo, em
determinadas circunstâncias, poderá exercê-lo diretamente.
Art. 2º - para que a República tenha 3 poderes que sejam independentes e convivam de
modo harmônico, basta a norma constitucional para que isto ocorra, que se
autoaplica aos casos concretos, ainda que não haja norma legal a regular o tema.
No caso da previdência social, nos termos previstos, como universal e equilibrada, não foi
o suficiente para que fosse criada nestes termos, e somente quando foram criadas
as leis 8212 (organização da seguridade social) e 8213 (benefícios previdenciários),
ambas de 1991, é que a norma constitucional passou a ter autoaplicabilidade.
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● Críticas a esta teoria:
São críticas dirigidas à terminologia utilizada, que ora é excessiva, e ora é insuficiente,
não sendo críticas à substância da teoria, que foi utilizada pelas posteriores
classificações.
Isso porque existem normas que tem EFEITOS DE CONTENÇÃO DE EFICÁCIA, ou seja,
não é norma constitucional em relação à qual a norma legal deva existir para
garantir aplicabilidade, pois a norma constitucional é autoaplicável, mas se
trata de norma legal que pode existir, e se o fizer, TERÁ COMO MISSÃO O
AFASTAMENTO DE SUA APLICAÇÃO AO CASO CONCRETO. A norma legal não
tem existência obrigatória para a aplicabilidade da norma constitucional,
mas é de existência facultativa, e se existir, a sua missão será de restrição à
aplicação da norma constitucional, quando for dotada do EFEITO DA
CONTENÇÃO DE EFICÁCIA.
Ex. Art. 5º, XIII – afirma como direitos a liberdade de trabalho, ofício e profissão – “(...)
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” – a norma seria
autoaplicável independentemente de existência de norma legal, que é a CLT,
impondo salário mínimo, condições mínimas de higiene, salubridade e
segurança, além de idade mínima. Assim, a CLT traz EFEITOS DE CONTENÇÃO
DE EFICÁCIA DA NORMA AUTOAPLICÁVEL, pois se não forem atendidas as
restrições, o trabalho, ofício e profissão não serão livres.
art. 93, IX – publicidade dos atos processuais do poder judiciário – “podendo a lei
limitar a presença (...)” – mesmo que não houvesse legislação
infraconstitucional, os atos processuais do poder judiciário seriam públicos,
pois se trata de norma autoaplicável, mas a legislação existe: o NCPC e o CPP,
trazendo o segredo de justiça. Os atos serão públicos se não houver sigilo.
Não é norma legal que tem que existir, pois a norma constitucional seria
autoaplicável, mas já que existe, por ter como missão CONTER A EFICÁCIA DA
NORMA CONSTITUCIONAL, o sigilo afasta a aplicação da norma
constitucional, uma vez preenchidos os requisitos legais.
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norma legal afaste sua aplicação no caso concreto, de modo que NÃO SERÁ
AUTOAPLICÁVEL A TODOS OS CASOS, CASO HAJA A CONTENÇÃO DE
EFICÁCIA.
O mesmo vale para as normas não autoaplicáveis, pois mesmo que sejam assim
classificadas, não serão totalmente não autoaplicáveis.
O termo não autoaplicável é termo insuficiente, pois ao se afirmar que algo pode não ser
aplicado, passa-se à impressão de que a norma é mera admoestação, que é mero
conselho, quando na realidade, AS NORMAS JURÍDICAS TEM EFICÁCIA PRÓPRIA
DO DIREITO, ou seja, são dotadas de imperatividade e cogencia, pois têm caráter
imperativo e obrigatório direcionado ao destinatário.
Qualquer norma jurídica veiculada pela constituição, por mais que seja abstrata ou
genérica, produzirá ao menos dois efeitos: um ex tunc e um ex nunc, o que
demonstra seu CARÁTER IMPERATIVO E COGENTE.
O seu efeito para o PASSADO, ou seja, EX TUNC, gera a REVOGAÇÃO, ou seja, o simples
fato de existir revoga o que havia antes.
Assim, a norma da constituição tem sempre dois efeitos: seja REVOGATÓRIO (ex tunc) e
INIBITÓRIO (ex nunc).
2) TEORIA MODERNA:
É A ATUAL TEORIA SEGUIDA PELO STF*, que surgiu a partir das críticas à teoria anterior.
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- Essa norma possui TRÊS ATRIBUTOS: APLICABILIDADE DIRETA, INTEGRAL e
IMEDIATA.
A norma terá APLICABILIDADE DIRETA pois poderá ser aplicada a casos concretos a
despeito da produção de norma legal, assim como será dotada de
APLICABILIDADE IMEDIATA, pois a norma constitucional pode ser aplicada a
casos concretos a partir de sua produção.
É a resposta dada à crítica feita à outra teoria, pois se trata de norma que aceita
contenção de eficácia por norma legal, sendo norma intermediária,
classificada até então como norma autoaplicável, mas que poderia haver
contenção de sua eficácia por norma legal, sendo possível a restrição de seus
efeitos.
c) DE EFICÁCIA LIMITADA:
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Lhe falta, portanto, APLICABILIDADE DIRETA (SE) e IMEDIATA (QUANDO). Assim, a
norma constitucional só pode ser aplicada ao caso concreto se houver norma
legal que a regulamente, então não é dotada de aplicabilidade direta, pois
aguardará que a legislação seja produzida para que possa ser aplicada ao
caso concreto. Ademais, não tem aplicabilidade imediata pois só será
aplicada ao caso concreto quando a norma legal for produzida.
Ex. art. 134, § 1º - adquiriu aplicabilidade quando foi editada lei orgânica nacional
sobre a defensoria pública – LC 80/94.
Ex. art. 201, CF – adquiriu aplicabilidade com as leis 8212 e 8213 de 91, sobre o custeio
e benefícios previdenciários, respectivamente.
✔ Essa doutrina é moderna, mas não é contemporânea, tendo sofrido críticas que
geraram a teoria contemporânea. Quais foram essas, que justificaram seu
enfraquecimento?
Em situação com norma de eficácia limitada, pode ser que declare princípio
programático ou institutivo/organizatório, mas tanto faz, o fato é que há
norma constitucional de eficácia limitada, que, via de regra, será programática,
mas não sempre.
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Por enquanto não há produção de norma legal para a regulação da norma
constitucional.
3) DOUTRINA CONTEMPORÂNEA:
A tese central é de que menor importância deve ser dada à classificação em abstrato das
normas constitucionais, e deve ser dada maior importância à efetivação em
concreto dos direitos fundamentais.
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“As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tem aplicação imediata” –
com isso, alguns doutrinadores afirmaram que seriam classificadas em abstrato
como normas de eficácia plena; Isto, contudo, deve ser desconsiderado, pois se
encontra em descompasso com a tese desenvolvida, pois menor importância
deve ser dada à classificação em abstrato das normas constitucionais.
O art. 5º, § 1º, da CF, deve ser interpretado no sentido de que a norma constitucional
que defina direitos fundamentais, independentemente da classificação em
abstrato que comportem, DÃO ENSEJO À PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NAQUILO
QUE COMPORTAREM. Não se aborda a classificação, pois tem menor importância,
dando relevo à aplicação da jurisdição, não se podendo negar a aplicação pelo
argumento de que falta norma legal que regulamente a norma constitucional,
dentro das possibilidades e limites que a norma constitucional aceitar.
A jurisdição deve ser prestada, havendo norma legal que regulamente a norma
constitucional ou não, evidente que nos limites da prestação determinada pela
norma constitucional.
A ação cabível será ação de conação e obrigação de fazer com tutela antecipada. A
obrigação é de fazer e não de dar, pois o que se quer é que se implemente
políticas públicas de saúde, não apenas a entrega do remédio, e a tutela
antecipada se chama inibitória, segundo Marinoni, pois seria tutela antecipada em
obrigação de fazer.
Caberia MI ou MS? Sim, ambos, mas não seria a ação mais efetiva ao caso concreto, pois
não haveria como obter reiteração em razão da prestação, podendo-se, pelo MS,
haver impugnação da negatória, mas não seria possível obter reiteração da
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prestação, e com o MI, se poderia construir a norma faltante para o caso concreto,
mas não seria obter reiteração por parte do Estado. Obrigação de fazer e não de
dar – controle judicial de políticas públicas.
O STF entende que o art. 196 da CF consagra responsabilidade solidária de modo que a
ação pode ser proposta em face da União, Estado ou município, isoladamente ou
em litisconsórcio facultativo.
Muitos autores entendem que não se pondera o mínimo existencial, o que o STF nega,
pois o utiliza em ponderação, sendo princípio constitucional como qualquer
outro, e então relativo e suscetível de ponderação, apesar de ter carga axiológica
alta.
O CC/16 previa essa ponderação no art. 400, entre devedor de alimentos e alimentando.
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Para que exista a configuração da inconstitucionalidade por omissão, há um
PRESSUPOSTO MATERIAL (MATÉRIA) e DOIS REQUISITOS FORMAIS (FORMA).
Requisitos: inércia de quaisquer dos poderes do Estado (não só do legislativo, pois pode
se dar do Executivo ou Judiciário se a normatização decorrer dele e for inerte) e
durante intervalo de tempo razoável, em que se configurará o vício que aqui se
fala.
Ex. art. 192, § 3º, da CF – juros legais na taxa de 12% ao ano – norma constitucional de
eficácia limitada de fixação de juros legais e não houve produção legal no prazo de
10 anos, prazo este razoável para a produção.
A EC 45/2003 revogou este parágrafo, então este exemplo não existe mais.
Há norma constitucional de eficácia limitada, tão abstrata e genérica que não se pode
extrair dela nenhum direito.
Se essa norma constitucional for regulada por norma legal, e por ela, se atribui direito a
alguém, e o direito não tem sede na constituição, mas sim na lei ordinária, vedar o
retrocesso social significa impedir que a norma legal venha a ser por outra
revogada sem ao menos, haver política protetiva de substituição, pois se isto
ocorrer, haverá retrocesso, o que é vedado.
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Surge, então, posteriormente, a lei 8078/90, o CDC, que no art. 22, equipara consumidor a
usuário de serviços públicos, e que quando essenciais, devem ser contínuos –
surge direito subjetivo de continuidade na prestação de serviço público essencial.
Posteriormente, surge a Lei 8.987/95, que em seu art. 6º, II, traz hipóteses de interrupção
de serviços públicos em dois casos, um deles o inadimplemento do usuário, desde
que atendido o interesse da coletividade e tendo havido aviso prévio.
Isso seria retrocesso, pois lei posterior reduz o direito subjetivo antes garantido.
Assim, o princípio poderia ser utilizado para dizer que a interrupção seria impossível, pois
há vedação ao retrocesso.
O STJ* tem aceitado sim a possibilidade de interrupção desde que se refira ao período em
curso, não sendo possível o corte em caso de débito consolidado, em que deveria
ser realizada execução ou ação monitória e DEVE SE COLOCAR A SALVO
UNIDADES PROVEDORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS, pois a interrupção da
prestação do serviço iria em confronto ao interesse da coletividade, como é o
caso de creches, hospitais e escolas, por exemplo.
O STF tem caso recente em que se assegurou a aplicabilidade do princípio: União estável e
sucessão de companheiros. O Art. 226, § 3º garante a união estável como entidade
familiar. Não há, então, nenhum direito daqui derivado, pois só se reconhece que
a união estável é entidade familiar.
Não se engessa a norma, podendo haver revogação, mas se impede que não se
substancie direito de igual ou superior estatura com políticas substitutivas.
● HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL:
1) Definição:
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A atividade é intelectual e não mecânica, pertencendo ao intelecto de homens e mulheres,
dos intérpretes de constituição.
O termo utilizado é revelação, termo utilizado por CANOTILHO, pois a norma tem sentido,
conteúdo e alcance inatos a ela, e o que se quer é realizar a sua revelação e
exposição do sentido, alcance e conteúdo das normas constitucionais.
Deve-se levar em consideração que a norma tem sentido, alcance e conteúdo que
pertencem à norma constitucional, pois a interpretação é de normas
constitucionais e não se trata de mera interpretação legal.
2) Princípios
a) SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO:
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O intérprete da Constituição deve estar atento que interpreta norma que ocupa
posição maior do ordenamento jurídico , que é característica da norma
constitucional e que também é princípio de interpretação constitucional.
b) UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO:
A Constituição traz valores como vida, propriedade, liberdade, etc, e as demais normas
serão interpretadas a luz deles.
Isso não se relaciona somente com a modificação constitucional, mas tem relevância
sobre a mutação constitucional.
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CHAMA-SE MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL, SENDO PROCESSO INFORMAL DE
MUDANÇA DA CONSTITUIÇÃO.
A mutação pode ser feita pelo Judiciário como um todo, pelo STF ou não, ou por
outros poderes.
Ex. No STF, pode-se citar como exemplos o HC 82959 (art. 5º), o MS 26602 (art. 55) e a
ADPF 132 (art. 226).
MS 26602 – a infidelidade partidária. Até hoje, a CF, no art. 55, prevê a hipótese de
perda de mandato parlamentar de deputados e senadores, e o STF sempre
entendeu que a infidelidade não é causa de perda de mandato, pois seria mais
um principio ético que jurídico, e então não pode ser causa pois a CF
enumerou de maneira exaustiva as hipóteses que levam a perda do mandato.
Contudo, o STF passou a entender que há rol exemplificativo, e podendo haver outras
hipóteses de perda de mandato, por construção principiológica, caso da
infidelidade do partido político, chegando, inclusive a dizer os casos em que
isso ocorria (desfiliação ao partido político, com ou sem filiação a outro, sem
justa causa, pois caso contrário, seria perseguição política, mudança de ideário
ou criação de partido político novo). O texto se encontra idêntico, mas a
interpretação foi modificada.
ADPF 132 – união estável entre pessoas do mesmo sexo. A CF fala em união estável
entre homem e mulher, pois exigia diversidade de sexo, mas o STF passou a
entender que seria pessoa humana, mesmo sem modificação do texto
constitucional.
Esse princípio não se aplica apenas à mutação, mas tem sua relevância, pois é aqui que
o intérprete deve observar os limites impostos pela constituição.
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O último limite é o LIMITE SEMÂNTICO, então se O TEXTO COMPORTAR AQUELA
HIPÓTESE INTERPRETATIVA, será constitucional, e a interpretação será
válida, mas SE O TEXTO FOR ROMPIDO, HAVERÁ INTERPRETAÇÃO
INCONSTITUCIONAL.
Isso se chama DÉFICIT DEMOCRÁTICO DO PODER JUDICIÁRIO, que não tem batismo
popular, não tem legitimação do voto, sendo poder contramajoritário, os
poderes que tem legitimidade do voto são Executivo e Legislativo, e são
responsáveis por fazer a lei, e então o Judiciário não tem autoridade para
declarar norma inconstitucional se houver dúvida acerca disso, e nem pode
tirar da norma sua existência, podendo afirmar que é inválida, e apenas se
não houver dúvida sobre a sua constitucionalidade, pois não há o batismo
popular. Assim, o Poder Judiciário só pode declarar a norma inconstitucional
se não houver qualquer dúvida acerca de sua constitucionalidade.
33
2) A intenção, o propósito do tribunal que realiza o controle de
constitucionalidade é de preservação da norma, de não a ter como
inconstitucional, e na interpretação conforme a constituição, também.
Em ambas as hipóteses, órgão, então, toma duas condutas: uma ação e uma omissão.
✔ Há DISTINÇÃO ARTIFICIAL:
34
Interpretação conforme a CF ora é princípio de interpretação ora é técnica de decisão.
Aqui, é princípio interpretativo.
e) PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE:
Isso porque a Constituição, ao tratar de efeitos vinculantes no art. 102, § 2º, o fez
oponível aos demais órgãos do poder judiciário e administração pública
direta e indireta dos Estados, União e Municípios, e a contrariu sensu, esse
efeito vinculante não se aplica ao STF, ao Governo e ao Legislativo inteiro,
até PARA QUE NÃO FICASSE ENGESSADO AO SEU ENTENDIMENTO,
PODENDO REALIZAR A REVERSÃO DE SUA JURISPRUDÊNCIA.
EFICÁCIA INTEGRADORA quer dizer que a interpretação deve servir como forma de
garantir harmonização entre os poderes.
SÃO CONCRETIZAÇÕES DA SEPARAÇÃO DE PODERES, tanto que a CF, no art. 2º, fala
em harmonia, que é a ideia central de eficácia integradora.
35
O ponto de separação entre eles é a relação entre causas e efeitos.
g) Máxima efetividade:
Eficácia é aptidão da norma jurídica para a produção dos efeitos que lhes são
próprios.
h) Proporcionalidade
✔ Origem:
36
A PROPORCIONALIDADE TEM ESTRUTURA TRÍPLICE, formada por adequação,
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
É através do seu somatório que se chega ao conceito de proporcionalidade.
Esse princípio é cumulativo, e os três vetores devem estar presentes para que esteja
presente o princípio da proporcionalidade, para que a norma seja
proporcional.
Aula 3
● Hermenêutica Constitucional
Autores como Gilmar Ferreira Mendes (Brasil) e José Joaquim Gomes Canotilho (Portugal)
tratam desse princípio.
Tudo aquilo que envolve este princípio se relaciona com a escolha de meios que deve ser
adequada, necessária e proporcional para se alcançar determinados fins. O estudo, então, se
dá entre meios e fins.
Esse princípio é cumulativo, então deve-se atender a todos os vetores para que o princípio
seja satisfeito, pois se houver falha de um deles, a norma será desproporcional.
1. Adequação:
Nas palavras de Virgílio Afonso da Silva, adequado é o meio com cuja utilização um objetivo
é alcançado, mas também o meio com cuja utilização a realização de um objetivo é
fomentada, promovida, ainda que o objetivo não seja completamente realizado.
Deve haver adequação entre o meio e o fim. O meio deve se mostrar adequado para alcançar
ou ao menos fomentar o fim que se busca.
37
Um exemplo de norma que seria desproporcional pela falta de adequação seria: Durante o
carnaval, é proibida a venda de qualquer bebida alcoólica, sob o argumento de que o consumo
de álcool aumenta o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Não há regra constitucional frontalmente lesionada, mas sim há violação de um dos requisitos
do princípio da proporcionalidade: a adequação.
2. Necessidade:
Nas palavras de Virgílio Afonso da Silva, um ato estatal que limita um direito fundamental só
é necessário caso a realização do objetivo perseguido não possa ser promovida, com a
mesma intensidade, por meio de outro ato que limite, em menor medida, o direito
fundamental atingido.
O meio escolhido deve ser necessário para alcançar o fim visado. Muitos autores afirmam
que não pode haver excesso, mas também não pode haver insuficiência.
O meio não pode ser excessivo e nem insuficiente, devendo ser meio necessário, justo e
preciso para que o fim possa ser alcançado.
Ex. Há rio e às margens há indústria que despeja detritos químicos no rio, causando dano
ambiental. O MP postula ACP ambiental por conta da poluição que é causada ao rio, supondo-
se que há prova pericial demonstrativa de que basta a instalação de filtros nas saídas para o rio
para cessar a poluição e há ato do poder público que fecha a indústria, seja por expropriação
da área, ou porque torna área de preservação ambiental, tudo para haver a redução da
poluição ambiental. É possível concluir que o meio é o fechamento da indústria e o fim a
redução da poluição ambiental. Para que a poluição fosse reduzida, seria possível alcançar o
fim com meio menos gravoso, que restringisse menos direitos? Sim, e então é desproporcional
por faltar o subprincípio da necessidade.
Aqui, há adequação entre meio e fim, pois é possível buscar a redução da poluição com o
fechamento da indústria, mas abstratamente a medida é excessiva, enquanto no exemplo
trazido à adequação, o meio sequer é adequado para que se chegue ao fim.
Na prática recebe o nome de ponderação, que é tratada como método, princípio ou critério,
mas em qualquer tratamento, significa que deve o meio deve ser ponderável para o fim,
devendo haver ponderação entre meio e fim.
38
Os autores norte-americanos falam em balancing, sopesamento, ponderação, equalização,
sopesamento, colocando em balança imaginária os princípios em choque para então buscar a
solução mais adequada ao caso concreto, de modo que o meio utilizado se chama ponderação
e o resultado obtido é a restrição de um ou dos dois princípios em choque.
Ex. Lei que determina que qualquer monumento público, para evitar dano ao patrimônio, será
cercado com cercas elétricas, que terão voltagem tão alta que qualquer pessoa que deseje
pixá-lo poderá sofrer descarga elétrica o suficiente para causar a morte humana.
É ponderável, para proteger o patrimônio público, que se sacrifique a vida humana? Não, pois
falta ponderação entre meio e fim, de maneira que a norma é desproporcional em sentido
estrito, e inconstitucional.
Ou seja, da análise do direito que se pretende restringir, sopesado com o direito que se
pretende realizar, e que fundamenta a medida restritiva a ser utilizada, falta a
proporcionalidade em sentido estrito, uma vez que não se justifica a restrição do bem jurídico
vida para resguardar o patrimônio público, pois o bem jurídico vida tem carga axiológica
superior.
Há caso que não afronta diretamente a Constituição, mas falta um dos subprincípios do
princípio da proporcionalidade.
Aqui, há adequação entre meio e fim, em tese não há excesso, não sendo excessivo pensar em
proteger o patrimônio público com cercas elétricas, mas no caso concreto o excesso ocorreu,
pois pela voltagem empregada naquele caso, a medida se torna excessiva, com a aplicação de
voltagem, naquele caso concreto, que possa ceifar a vida humana.
Há, portanto, excesso prático, in concreto, que faz com que a norma se torne
inconstitucional.
Vem-se ampliando a aplicação desse princípio para as diversas cearas do direito material,
havendo a sua aplicação, inclusive, no direito formal, processual, sendo aplicado, inclusive, no
Direito Penal.
A CF traz este princípio no art, 5º, LXXVIII, na forma proposta pela EC 45/2004.
39
O artigo fala “a todos no âmbito judicial e administrativo”, mas o legislador esqueceu-se do
processo legislativo, pois há processo em qualquer local em que há função do Estado. Se a
função for legislativa, há processo legislativo, e onde houver processo, haverá tempo
proporcional.
No Processo Civil, costuma-se ter como bem da vida que se busca o patrimônio, razão pela
qual o tempo tende a ser menor, enquanto no Processo Penal, o valor que se encontra em
jogo é a vida e a liberdade, razão pela qual o tempo de razoável duração tende a ser maior.
3) Métodos:
1. Origem
40
INAPLICAÇÃO POR INCONSTITUCIONALIDADE
# Pode um chefe de poder, em especial chefe do Poder Executivo, negar a aplicação de norma
que entenda inconstitucional, sem postular a ação correspondente ora porque não pode (não
tem legitimação ativa) ou por que não deseja propor a ação? Isso tem o nome de
INAPLICAÇÃO POR INCONSTITUCIONALIDADE. É aplicável?
- A posição de Luis Roberto Barroso, posição aceita pelo STF*, aceita a INAPLICAÇÃO POR
INCONSTITUCIONALIDADE, admitindo a inaplicação sem postular a ação correspondente pois
há poder-dever de defesa da Constituição, que se manifesta por qualquer mecanismo, até
por esse, havendo dever que ao mesmo tempo é poder de defender a Constituição, podendo
ser exercido pela INAPLICABILIDADE DA NORMA CASO SE ENTENDA INCONSTITUCIONAL .
O TCU não pertence ao Judiciário, e então não teria a possibilidade de apreciação de lei ou ato
normativo federal. Essa resposta é errônea, pois declarar e apreciar são institutos distintos.
O TCU não pode declarar norma inconstitucional, pois não tem competência para isso, já que não é
integrante do Poder Judiciário. Contudo, pode apreciar sua constitucionalidade.
41
“DECLARA QUEM PODE, APRECIA QUEM QUER”.
Diante disso, qualquer intérprete da Constituição pode apreciar a constitucionalidade da norma, mas
só o intérprete com autorização para tal, pode declarar a inconstitucionalidade, que é o
órgão autorizado para isso, o Poder Judiciário, seu intérprete formal.
Peter Habelle traz a tese da “Sociedade Aberta de Intérpretes da Constituição” – Assim, diz que a
sociedade de intérpretes da Constituição não é fechada, limitada aos intérpretes formais, os
magistrados, mas sim aberta, podendo os intérpretes informais realizarem a sua
interpretação.
2. Meio de Interpretação:
2.2. HISTÓRICA: o meio para a interpretação são os antecedentes históricos, que também
leva em consideração o processo legislativo, o histórico da norma, o que o legislativo
levou em consideração para produzi-la, etc.
2.3. SISTEMÁTICA: leva-se em consideração o caráter sistemático que a norma porventura tenha.
A Constituição, pelo PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO, confere esse caráter
sistemático à ordem jurídica, que é um sistema que mantem lógica sistemática entre si, não
sendo formada por elementos isolados.
2.5. TELEOLÓGICA: o meio de interpretação são os valores que as normas possuem. As normas
tem valores distintos e esses serão levados em consideração para a realização da
interpretação.
A Constituição é ser vivo suscetível de mudança, mudança que pode ser formal (reforma
constitucional, que pode se dar via emenda constitucional ou revisão), com alteração do
texto constitucional, e informal.
42
Carloz Menot – É mudança de contexto sem mudança de texto.
Ex. 2 MS 26602 – Caso da Infidelidade Partidária (O STF entendia que era mais diretriz ética
que princípio jurídico, que não geraria consequências jurídicas) – mutação do art. 55 da CF;
Ex 3. ADPF 132 – mutação do art. 226, § 3º CF – A CF fala em união estável entre homem e
mulher, e o STF entendia ser parceria civil, e não união estável, a união entre pessoas do
mesmo sexo, pois estabelecia como pressuposto a diversidade de sexo.
▪ Aceita a tese da mutação constitucional, qual é o limite último para que possa ser feita?
Pode haver mutações inconstitucionais.
Há limite semântico, podendo-se construir tudo, desde que o texto da Constituição aceite a
interpretação proposta, pois caso contrário haverá mutação inconstitucional. A mutação tem
o limite semântico, limite do texto constitucional, razão pela qual existe conexão entre
mutação constitucional e interpretação gramatical, pois a mutação e a interpretação levam
em consideração o texto, o enunciado linguístico, ora como meio de interpretação, ora como
limite para a mutação.
3. Finalidade
43
Então, passa a haver discussão sobre o sentido do enunciado normativo. O sentido será reduzido
ou ampliado? A finalidade é reduzir ou ampliar o enunciado normativo, pois não há
correspondência entre significado (a mensagem em si) e o signo de linguagem (a forma
como a mensagem é veiculada).
3.2. RESTRITIVA: há redução do sentido do enunciado normativo, que diz mais do que deveria
ter sido dito, e há redução.
3.3. EXTENSIVA: há ampliação do sentido do enunciado normativo, pois a norma diz menos
do que deveria.
ATENÇÃO!
- TEMPO:
1) A lacuna é automática, bastando que haja situação não contemplada por lei .
2) A inconstitucionalidade por omissão demanda intervalo de tempo razoável
associado à omissão de poder do Estado.
A interpretação constitucional deve girar em torno da realidade da vida, que ele chama
de CONCRETUDE DA EXISTÊNCIA.
Para isso, propõe que haja apreciação global do texto constitucional, dizendo que o texto
veiculado pela Constituição não merece ter interpretação parcial, para que
44
justamente a apreciação global possa captar a REALIDADE DA VIDA ou
CONCRETUDE DA EXISTÊNCIA.
O texto da Constituição deve ser avaliado de maneira global, para que se possa, então,
interpretá-la e aplicá-la a casos concretos, a partir de seu caráter pragmático.
Assim, o texto da Constituição apresenta múltiplos sentidos possíveis, e isso tem assento
na tese do autor.
De acordo com essa tese, as questões suscetíveis à interpretação constitucional não são
teóricas ou abstratas, mas sim práticas e concretas, e a interpretação da
Constituição deve se levar em consideração a análise de casos concretos.
Para ele, deve ser feita distinção entre enunciado prescritivo, realidade social e
contextualização.
Para ele, as normas são veiculadas através de enunciados prescritivos, que descrevem
situações de fato de possível ocorrência, prescrevendo conduta que tem modais
deônticos, ou seja, ora será proibida, ora permitida, ora obrigatória, dirigindo-se
a uma realidade social, a fatos que existem no campo social, e que deve merecer
interpretação, devendo haver subsunção da norma ao caso concreto, por meio
da contextualização.
45
A interpretação da constituição deve ser forma de contextualização entre enunciado
prescritivo e realidade social.
De acordo com esse método, deveria haver diferenciação entre pré-compreensão a ser
feita acerca do problema concreto e problema concreto.
Assim, o autor faz alusão a Juízo abstrato sobre a norma constitucional, situação de fato e
norma constitucional como produto da atividade hermenêutica.
A preocupação central desta teoria se dirige à subsunção da norma ao caso concreto, para
tornar a norma constitucional efetiva.
● PODERES:
1. Poder Legislativo:
a) Estrutura
Como esse poder pode ser visto externamente, principalmente a outros órgãos independentes
(MP e TC) ou outros poderes?
O Estado brasileiro é federal, e tem características mínimas de constituição, para que se inicie
a sua existência, e características mínimas para a sua manutenção.
● Características de Constituição:
46
- Bicameralismo significa que o Poder Legislativo da União é decomposto em duas casas:
Câmara dos Deputados e Senado Federal.
O que confere essa garantia é o Senado Federal, que confere a garantia de que a vontade
regional participe da vontade nacional, enquanto na Câmara dos Deputados não há
esta garantia, pois há composição proporcional à população dos estados ou do DF.
Na Câmara dos Deputados, as armas são desiguais, pois estados mais populosos terão mais
representantes, enquanto no Senado Federal, não há composição proporcional, mas
sim paritária entre os estados e o DF, e há paridade de membros: 3 por estado e pelo
DF, havendo a garantia de que estados menos populosos participem efetivamente da
formação da vontade nacional, havendo paridade de armas.
Isso porque a Câmara dos Deputados pode ter interesse regional manifestado, e então será a
Casa iniciadora, enquanto o Senado Federal, ao ter papel de revisor, poderá realizar
a neutralização do interesse regional e promover o equilíbrio do vínculo federativo.
- POLÍTICA: Na Câmara dos Deputados, o domínio político pertence ao Sul e Sudeste, enquanto
no Senado Federal, pertence ao Norte e Nordeste. Isso porque ainda há maior
concentração populacional no Sul e Sudeste, o que faz com que tenham o maior
número de representantes e dominem a representação na Câmara, enquanto no
Norte e Nordeste há maior número de estados, apesar de haver menor concentração
populacional.
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A Câmara é órgão de inovação, razão pela qual é voltada para cima, e tem iniciativa no
processo legislativo, buscando inspiração e luz, enquanto o Senado é órgão de
equilíbrio, e sua função central é de equilíbrio, equilibrando a federação, neutralizando
eventual interesse regional que tenha se manifestado na Câmara, buscando
restabelecer o vínculo federativo, razão pela qual busca o solo, o equilíbrio que o chão
pode lhe dar.
Ao se falar em estrutura externa, diz-se que este poder é composto por duas casas: Câmara
dos Deputados e Senado Federal, que tem três principais distinções possíveis.
Não decorre de maioria, e sim de proporção, e É o sistema eleitoral no qual o mandato eletivo é obtido
o mandato eletivo é alcançado pela força pelo candidato, decorrente do sistema de maioria.
demonstrada pelo partido político.
48
- é possível ao final a renovação total - há necessidade de renovação parcial – não é
possível a renovação total, sendo de 1/3 e 2/3 a
renovação, de modo alternado. A RENOVAÇÃO É
SEMPRE PARCIAL.
I. Mesa diretora/diretiva;
II. Comissões (podem ser permanentes ou temporárias – especiais,
externas ou de inquérito)
III. Serviço administrativo (serviço auxiliar): é o órgão que responde por
qualquer atividade meio da casa;
IV. Polícia (guarda);
Ora plenário é local físico onde se reúnem os membros da casa, ora é reunião de
membros da casa, que se encontram reunidos em plenário.
49
II. A casa atua através de COMISSÕES, que são OS ÓRGÃOS QUE
DESEMPENHAM A ATIVIDADE FIM DA CASA.
- PERMANENTES:
- TEMPORÁRIAS:
1. ESPECIAL:
50
Art. 85 – valores tutelados pelo crime de responsabilidade, e em que hipóteses
pode ser configurado;
Art. 86 – trata do rito, que é bifásico: há juízo de admissibilidade da acusação
na Câmara e de mérito no Senado Federal.
ATENÇÃO!
A matéria é regulada pela CF no art. 57, §5º, da CF: “A Mesa do Congresso Nacional
será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão
exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara
dos Deputados e no Senado Federal”.
No Brasil, ocorreram dois casos em que houve situação sobre como seria realizada a
substituição dos membros da mesa caso houvesse licença de seu membro.
O referido artigo fixa a regra pelo qual essa mesa será constituída:
51
O presidente do Senado exerce a presidência da Mesa do CN. O primeiro vice da
Câmara vem para o primeiro vice da mesa da CN, e o segundo vice da mesa do
Senado será o segundo vice da mesa da CN, e assim sucessivamente.
O STF* entendeu que nem um e nem outro, pois o Presidente da Câmara não ocupa assento
na mesa e o Vice do senado também não.
A Constituição compensa politicamente o Presidente da Câmara por não ter assento na mesa
do CN, pois quando fala em substituição do Presidente da República, sucederá o seu
vice, e depois o Presidente da Câmara, e depois o Presidente do Senado, e
posteriormente o Presidente do STF.
b) Funcionamento
- Processo legislativo
Aula 4
52
● Funcionamento do Poder Legislativo:
- Qual é o processo pelo qual passam a ser incorporados? Que status normativo possuem com
este processo, ou seja, qual status hierárquico terão na ordem jurídica pátria, uma vez
incorporados?
Para esta corrente, os tratados e convenções que versam sobre Direitos Humanos não tem o
condão de complementar ou contrariar a Constituição, pois os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos tem caráter legal, e a Constituição, como
vértice do ordenamento jurídico, tem status superior à lei.
Ex. Art. 5º, LXVII, CF – Pela CF não há prisão civil por dívidas, exceto em caso de
inadimplemento de obrigação alimentícia de modo voluntário e inescusável e prisão
civil por dívida do depositário infiel.
Em 1993 o Brasil ratificou o Pacto de San Jose da Costa Rica, que em seu art. 7º, n. 7, proíbe a
prisão civil por dívida, salvo a do alimentante.
De acordo com esta posição, a prisão civil por dívida no caso do depositário infiel é possível,
pois prevalece a Constituição, que tem status superior aos tratados internacionais de
direitos humanos, que são equivalentes à legislação, não tendo o condão de alterar
ou complementar a Constituição, ainda que o tratado verse sobre direitos humanos.
53
Assim, esses tratados não podem alcançar a Constituição, pois se encontram em posição
inferior a ela, mas atingem eventual legislação contrária, imprimindo a ela a
EFICÁCIA ou EFEITO PARALISANTE, impedindo que possa ser aplicada a casos
concretos se estiver em contramão ao que preveem os tratados e convenções
internacionais de direitos humanos.
Isso é importante ao pensarmos nas normas constitucionais de eficácia limitada, pois impede
que a legislação possa ser aplicada ao caso concreto, impedindo que a Constituição
seja aplicada, por extensão da norma legal, ao caso concreto , já que é esta que irá
viabilizar a sua aplicabilidade, ao regulament ar as normas constitucionais de eficácia
limitada, deverá ser compatível com os tratados internacionais que versarem sobre
direitos humanos, que possuem status supralegal.
Assim, em relação ao caso concreto acima exposto, a prisão não continuaria a existir no
ordenamento jurídico pátrio, pois a Constituição continuaria prevendo a prisão civil
por dívida de eventual depositário infiel, e não seria alcançada pelo tratado ou
convenção que verse sobre direitos humanos, em razão de sua inferioridade
hierárquica, mas por se tratar de lei de eficácia limitada, eventual legislação que
viabilizasse que a prisão fosse efetivada estaria em contramão ao tratado, mas em
razão da EFICÁCIA ou EFEITO PARALISANTE, a norma legal responsável por
regulamentar a norma constitucional não seria aplicável aos casos concretos.
No caso concreto supracitado, a prisão civil não continuaria a existir, pois a Constituição seria
atingida, prevalecendo o tratado internacional em detrimento da Constituição, por ser
mais benéfico à pessoa humana.
Para esta corrente, o status dos tratados e convenções internacionais seria superior à
Constituição, que levaria à releitura da pirâmide de Kelsen, pois no ápice do
ordenamento jurídico estariam os tratados e convenções internacionais que versem
sobre direitos humanos, e não mais a Constituição.
54
los, de modo a garantir que em qualquer situação, prevale ça a norma mais benéfica
à pessoa humana, portanto o próprio tratado, desde que mais benéfico ao ser
humano.
- RE n. 466.343 e SV n. 25
Para o STF, passou a haver separação entre tratados e convenções anteriores à EC n. 45/04,
que criou o art. 5º, § 3º.
- Os tratados anteriores seguiriam o rito dos arts. 49, I, e 84, VIII, ambos da CF. O art. 84
discute atribuições do Presidente, prevendo que é sua atribuição celebrar tratados
internacionais. O 49 prevê que é atribuição do CN para ratificar os tratados.
Aprovado o tratado com esse rito, segundo o STF*, os tratados têm status SUPRALEGAL,
intermediário entre legislação e Constituição, não havendo o condão de alcançar a
Constituição, mas sim de atingir a legislação, imprimindo-lhe EFICÁCIA PARALISANTE,
tendo sido este o argumento utilizado pelo STF* no sentido de proibir a prisão civil por
dívida de eventual depositário infiel.
OBS: Nesse ponto, o Brasil se contrapõe à tendência mundial de pensamento sobre o tema,
pois prevalece a ideia de que tratados e convenções podem ter status constitucional,
como Portugal, Espanha e Alemanha, pressupondo-se que o status é constitucional, e
em Costa Rica, em que entendem que o status é supraconstitucional.
- Após a EC 45/04:
55
- De acordo com o referido artigo, se o CN ratificar o tratado ou convenção internacional que
verse sobre Direitos Humanos, haverá rito composto por 3 regras:
1. Não haverá sessão conjunta, mas sim sessões separadas na Câmara e no Senado.
2. Não haverá uma votação, mas sim dois turnos por casa, e ao total serão 4 turnos.
3. Não basta maioria simples, mas deverá ser maioria qualificada, de 3/5, em todas as
votações.
Este é o mesmo procedimento da EC, e a CF prevê que, com a sua incorporação por este rito,
será equivalente a EC, mas não é EC, pois não há poder constituinte internacional.
- Ser equivalente à emenda, na prática, sem ser emenda, produz dois grandes efeitos práticos:
1. O tratado não terá numeração de EC, e por ser equivalente à EC e não EC.
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2. Não haverá incorporação ao texto da Constituição, pois não se trata de EC, mas
de equivalente à EC, com advertência do rito pelo qual foi aprovado.
3. Se um dia ocorrer a sua extinção, apesar de ser vedado pelo princípio da vedação
ao retrocesso, será feito com base no art. 5º, § 3º, CF.
Há 2 tratados aprovados com base nesse artigo, um deles foi o DL 186/2008 (Versa sobre
Direitos das Pessoas com Deficiência);
1. Definição:
a) Natureza do órgão:
b) Natureza da função:
- FINANCEIRO-ORÇAMENTÁRIA;
- POLÍTICO-ADMINISTRATIVA;
O que prevalece atualmente é de que seria quase quarto poder (Hugo Nigro
Mazzili), órgão com elevado status constitucional (Paulo Cesar
57
Pinheiro Carneiro) ou organismo constitucional independente (Diogo
de Figueiredo Moreira Neto), tudo indicando que há características
materiais de poder conferidas pela Constituição, mas não tratamento
formal de poder.
ATENÇÃO!
O STF* entende ser possível que a CPI investigue fato diferente daquele que
motivou a sua criação, desde que seja conexo àquele, conexão que
pode ser probatória, instrumental, ou qualquer outra.
Ex. CPI do narcotráfico – o fato para o qual foi criado foi tráfico interno e
externo de entorpecentes, mas acabou investigando tráfico de
pessoas, órgãos, tráfico de armas, milícias e grupos de extermínio.
Assim, por serem assuntos conexos, foi admitida a investigação de
fatos diferentes dos que motivaram a sua criação, pois eram conexos
ao que se pretendia, desde o início, investigar.
O STF* tem entendido ser possível que a CPI tenha seu prazo prorrogado,
não sendo peremptório, ou seja, que a CPI não tenha sua atuação
58
limitada ao prazo para o qual foi criada, desde que sua prorrogação
ocorra na mesma legislatura (intervalo de tempo de 4 anos).
Um senador possui como mandato duas legislaturas, enquanto um deputado possui um.
- Razão lógica:
Prevê que qualquer assunto discutido em uma legislatura deve ser encerrado na mesma
legislatura na qual iniciou a sua discussão.
- Razão Prática:
A CPI é longa manus da casa na qual faz parte, e como dependeria da reeleição de seus
membros, impede-se que a prorrogação avance sobre a legislatura, podendo ser o
caso de eventual membro não ser reeleito, o que prejudicaria o trabalho da CPI.
3. Requisitos formais:
a) REQUERIMENTO DE CONSTITUIÇÃO:
Uma CPI se inicia quando se requer a sua constituição, nos termos em que a CF prevê no
art. 58, § 3º, que deve ser subscrito por 1/3 dos membros da Câmara ou do
Senado, ou do CN se for caso de CPMI (Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito), ou seja, de Deputados e Senadores em conjunto.
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b) INQUÉRITO PARLAMENTAR:
A CPI produz peça de informação, mas não possui poder acusatório e nem julgador.
c) RELATÓRIO DA INVESTIGAÇÃO;
- Explicação genérica:
REGRA DA MAIORIA é o respeito à vontade majoritária, que se expressa por voto, que tem
caráter transitório.
- Explicação específica:
O STF* vem entendendo que basta que se formule requerimento de constituição de 1/3 dos
membros para que a casa esteja vinculada à CPI. Não se trata de ato discricionário,
sendo ATO VINCULADO, bastando que a casa receba requerimento de constituição
para que seja obrigada à sua instituição, não havendo qualquer deliberação sobre
conveniência e oportunidade, pois se houvesse, a minoria seria sempre vencida, e
nunca haveria a constituição da CPI.
O STF* hoje entende que a vinculação da casa à criação da CPI é dúplice: É vinculada à
criação da CPI se houver seu requerimento por 1/3 dos membros, e atendido esse
60
quórum, a instauração é vinculante, e deve se dar, ainda, NOS TERMOS DO PEDIDO,
para evitar que se altere o seu objeto, desnaturando o caráter da investigação.
4. Limites:
A CF utiliza a expressão poder investigatório próprio de autoridades judiciais (Art. 58, § 3º,
CF).
O sistema acusatório é aquele no qual há clara separação entre a função de acusador, julgador
e defesa.
No Brasil a autoridade judicial não tem poder investigatório, pois haveria a ruptura de sua
imparcialidade, o que não impede que possa conhecer de determinadas cautelares
durante a investigação, mas não se pode admitir que haja posicionamento ativo na
investigação, comprometendo a imparcialidade do Juízo para julgar determinada
ação penal eventualmente deflagrada.
O que a CF quis dizer com a utilização de tal expressão (atécnica, pelo já exposto) é de que a
CPI atua como se juiz fosse, e, portanto, ordena, e seus atos possuem caráter de
COGENCIA e OBRIGATORIEDADE, não sendo meras admoestações.
a) Competência:
A CPI tem limite da competência da Casa a qual pertence, pois seria projeção, longa
manus e parte constitutiva da casa da qual faz parte.
Ex. Criação de CPI estadual para investigar agentes públicos do estado em que se investiga
atos de agentes da União ou do município sem que haja conexão entre os fatos
para o qual foi criada e os que se pretende investigar, havendo violação à
competência da CPI, que é limitada à casa da qual seja parte, por ser longa manus,
órgão pertencente à Casa instituidora.
b) Conteúdo:
A CPI tem como limite de conteúdo o INTERESSE PÚBLICO, não podendo investigar fatos
de interesse meramente privado entre pessoas naturais ou pessoas jurídicas de
direito privado.
Ex. Contrato privado entre duas entidades privadas sem recursos públicos envolvidos, e
então a CPI não poderia investigar, pois se trata de interesse meramente privado,
não havendo interesse público envolvido.
Se a entidade for privada e os recursos não forem públicos, a investigação é juridicamente
impossível, ainda que seja fato conexo ao principal.
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Se não houver interesse público envolvido quanto à matéria a ser investigada, a
investigação a ser realizada pela CPI será juridicamente impossível.
c) Matéria:
Sim, pois é poder como outro qualquer, desde que os pressupostos e requisitos sejam
preenchidos.
ATO JURISDICIONAL – Ato praticado pelo Judiciário no desempenho de sua função típica,
jurisdicional. Sobre os atos jurisdicionais há incidência do PRINCÍPIO DA RESERVA
CONSTITUCIONAL DE JURISDIÇÃO.
ATO JUDICIÁRIO – São atos praticados pelo Poder Judiciário no desempenho da função
administrativa, atípica.
A investigação da CPI só pode recair sobre atos judiciários, pois em relação aos atos
jurisdicionais, a CF reserva o seu conhecimento ao próprio Poder Judiciário, a
controle interno via recurso ou ação autônoma de impugnação (rescisória ou
revisão criminal) – há incidência do PRINCÍPIO DA RESERVA CONSTITUCIONAL DE
JURISDIÇÃO.
a) Meios admissíveis:
A CPI pode realizar a oitiva de depoentes, ora como indiciados, ora como testemunhas.
62
Para fins de Inquérito Policial, quem o preside é a autoridade policial, que realiza o
indiciamento.
Ex. Busca e apreensão determinada pela CPI – sofreu medida de constrição patrimonial.
Prisão provisória determinada pela CPI – sofreu medida de constrição pessoal.
Assim, o depoente será ouvido na condição de indiciado.
✔ Essa separação produz efeitos para fins de direito ao silêncio? O direito ao silêncio
existe em matéria de CPI?
Isso porque, na CPI, a condição de testemunha é muito volátil, já que basta que sofra
constrição pessoal ou patrimonial determinado pela CPI para que se converta a
condição de testemunha a indiciado.
Não é fundamental, pois o silêncio decorre da Constituição, mas a CPI também atua com
motivação política, razão pela qual é oportuno e conveniente que se impetre HC e
se requeira salvo conduto.
Com o salvo conduto, ao depor, deve-se aguardar que a pergunta seja feita, para então se
recuse sob o argumento de que pode haver autoincriminação.
Se houver recusa a responder qualquer pergunta antes que seja feita, antes de saber seu
teor, não há silêncio, mas sim desobediência, e, portanto, flagrante delito,
admitindo-se prisão. Para que haja silêncio, pressupõe-se que haja pergunta feita.
63
O SALVO-CONDUTO GARANTE AO DEPOENTE O DIREITO DE RECUSAR-SE A RESPONDER
PERGUNTA PELO REGULAR EXERCÍCIO DO DIREITO AO SILÊNCIO, EVITANDO-SE A
DECRETAÇÃO DE PRISÃO.
Condição imposta pelo STF* para a sua determinação: ocorrerá desde que a quebra tenha sido
suficientemente fundamentada, sendo esta a condição sine qua non para a sua
decretação.
A CPI tem dever inerente ao de Juiz, assim como poderes, devendo haver motivação de todas as
medidas que tomar.
ATENÇÃO!
✔ Em relação ao MP, foi revista a sua posição, pois o STF* entende que o poder que o
MP tem é amplo, mas não amplíssimo, ou seja, compreende qualquer documento
desde que não haja sigilo sobre ele, pois se assim for, deverá requerer ao Judiciário
a quebra de sigilo, pela via judicial, pois o poder de requisição é amplo e não
amplíssimo.
ATENÇÃO!
- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA:
✔ É autorizada judicialmente;
64
✔ Não há conhecimento dos interlocutores acerca da interceptação ;
✔ Possui, sobre si, cláusula de reserva de jurisdição, e só pode ser autorizada pela
autoridade judiciária competente;
OBS:
A prova é lícita ou não conforme colhida conforme a Constituição ou as normas legais, ou não.
A prova será admissível ou não conforme se possa ou não a utilizar no processo.
A prova lícita será sempre admissível.
Contudo, a prova ilícita, em regra, é inadmissível, mas pode ser utilizada desde que por
ponderação se justifique que o bônus trazido à investigação é superior ao ônus imposto
ao investigado como parte.
OBS:
- STF*: prova ilícita pro societate seria admissível desde que haja prova de ato ilícito não
obrigatoriamente criminal contra o outro interlocutor ou coletividade como um todo. A
prova é ilícita, mas pode ser admissível contra o réu desde que se prove as condições
acima.
a.3. REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES, ATÉ MESMO SIGILOSOS, POIS A CPI PODE
QUEBRAR SIGILO TELEFÔNICO, FISCAL OU BANCÁRIO.
❖ O seu poder é amplíssimo, mas há algum documento ou informação que não possa
ser obtido por requisição?
- Nelson Hungria:
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- Escrituração mercantil – a CPI não pode obter livros mercantis (Nelson Hungria), porque:
- Não há interesse público (um dos limites de conteúdo da CPI) – se fosse livro fiscal, poderia
haver interesse público, de eventual prova de prática de fraude tributária, mas a
escrituração mercantil relata apenas transações comerciais entre empresários e
empresas;
- Poderá haver prejuízo irreparável à livre concorrência no mercado de consumo entre empresas
e empresários, pela ciência pública das relações comerciais estabelecidas ;
- O CC prevê exibição judicial de livro mercantil, e não se pode permitir a sua exibição em sede de
CPI.
- STF*:
- Colaboração premiada:
A CPI não pode obter autos de colaboração premiada, pois enquanto não houver denúncia
recebida, os autos da colaboração premiada são de conhecimento do colaborador, sua
defesa, MP, polícia judiciária e judiciário. Quando houver o recebimento da denúncia, os
autos tornam-se públicos e a CPI, bem como qualquer do povo podem ter acesso às
informações.
b) Meios inadmissíveis:
Os inadmissíveis são meios de que a CPI não pode fazer uso, a não ser que haja autorização
judicial, quando esta for juridicamente possível.
Não pode haver decretação de medida cautelar pela CPI, seja típica ou atípica, penal ou civil,
pois há incidência do PRINCÍPIO DE RESERVA CONSTITUCIONAL DE JURISDIÇÃO, pois o
PODER GERAL DE CAUTELA É RESERVADO AO JUDICIÁRIO, e deve ser requerida e
concedida pelo Judiciário.
Não pode ser decretada pela CPI a prisão preventiva e temporária, devendo haver requerimento
da prisão;
É ressalvada a prisão em flagrante delito pois qualquer do povo pode realizá-la e qualquer
agente público deve fazê-la, e a CPI o deve, pois são agentes políticos que ali atuam.
66
Ex. Desobediência em depoimento prestado à CPI.
A CPI não pode restringir ou proibir a assistência jurídica, pois a CPI tem poder inerente à
autoridade judicial, e, portanto, dever inerente a ela, e dentre uma delas, é o respeito às
prerrogativas dos profissionais que perante eles atuam.
● PROCESSO LEGISLATIVO:
1. Conceito:
Ex. EC – não há sanção de proposta de EC, pois o constituinte quer excluir do Executivo
qualquer interferência no processo de reforma da CF.
Em proposta de EC, as duas casas aprovam e se aprovarem, as duas mesas promulgam e
publicam, sem que se fale em sanção.
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Ex 2. Medida Provisória – não há deliberação antes da produção de efeitos pela norma
jurídica, pois quando houver deliberação, a MP já estará produzindo seus efeitos.
- GERAL: a iniciativa pode se dar sobre qualquer matéria, ressalvadas aquelas que a CF
houver reservado.
- Não há preocupação em separar quem são os titulares da iniciativa geral e reservada, sem
categorizá-los.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou
Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional,
ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores,
ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição.
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1. O Presidente da República é a única autoridade que tem as duas iniciativas
(geral e reservada).
2. Art. 93 – não foi feito ainda o estatuto da magistratura, e seria LC de iniciativa do
STF, ainda não editada;
3. Art. 96 – trata de matéria administrativa, ou seja, a divisão interna do próprio
tribunal superior;
4. Art. 73 – estende ao TCU normas aplicadas ao STJ;
5. 127, § 2º - o MP não tem tratamento formal de poder, mas característica material
de poder, e isso é outra exemplificação disto;
6. O art. 134, § 4º, da CF não é originário, mas decorrente da EC 80/14. Até 2014, a
iniciativa sobre a estruturação organização da DP era do chefe do Executivo da
sua entidade federativa, baseada a norma no art. 61, § 1º, II, a e c – O STF estende
a norma por simetria ao Estado e DF – presidente ou governador do Estado ou DF;
O art. 61 caput da CF nunca teve a separação das iniciativas, mas possuía numeração
exaustiva das autoridades, mas é exemplificativa, pois a EC não o alterou para
incluir o Defensor Público Geral Federal – estende-se por simetria à DP estadual.
Se houver reserva, só seu titular pode oferecer o projeto, pois se outra autoridade a
oferecer, haverá inconstitucionalidade formal por usurpação da iniciativa reservada , que
corre desde a instauração do processo, e a sanção não tem efeito convalidatório, pois no
Brasil o ato inconstitucional é ato nulo, e ato nulo não se convalida.
Se não houver reserva, a iniciativa é geral, conforme supracitado em grifos ao art. 61 da CF.
- Art. 61, § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos
Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos
por cento dos eleitores de cada um deles.
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- Trata-se de lacuna técnica ou de silêncio eloquente?
Sendo lacuna técnica, seria possível utilizar-se da analogia. Sendo silêncio eloquente,
proposital, não se pode suprir a vontade do legislador por analogia.
A POSIÇÃO MINORITÁRIA (José Afonso da Silva e Pedro Lenza) – iniciativa popular de PEC
existe no Brasil, pois é caso de lacuna técnica, em que o constituinte não previu sua
possibilidade, mas poderia ser prevista, e poderia ser possível utilizar-se da analogia
para a construção de tal possibilidade.
A POSIÇÃO MAJORITÁRIA (Manoel Gonçalves Ferreira Filho) – não é possível PEC por
iniciativa de cidadãos, sendo caso de silêncio eloquente, e se não foi da vontade do
constituinte originário assim ser feito, o intérprete não pode substituir a sua vontade
por meio da analogia. É esta a posição do STF. Assim, ninguém fora do rol previsto no
art. 60 poderia propor PEC, em plano federal, sendo iniciativa reservada.
- Sim, pois o Poder Legislativo exerce função de freios e contrapesos, e não pode ratificar ato
que outro poder pratique, por mais arbitrário que seja, sendo possível a sua emenda.
Ex. PL para aumentar remuneração de servidor público da união (Art. 61, § 1º, II, a e c) –
Supondo-se que se trate de PL e o CN aprove emenda não para aumentar
remuneração, mas sim para criar cargos públicos novos, redestinando o dinheiro a
cargos novos e realização de concursos e não ao aumento de remuneração. O teor é o
mesmo, servidores públicos, mas o tema foi completamente modificado.
Sim, mas há duas condições impostas, uma explícita e outra implícita na CF, que se não forem
atendidas, gerará vício formal na norma.
1. Deve haver pertinência temática, ou seja, o tema de emenda deve ser o tema do
projeto. O STF* confere o nome de “CONTRABANDO LEGISLATIVO”, para evitar
que haja contrabando de lei, ou seja, que se insira matéria estranha à que já era
objeto de projeto de lei.
2. Art. 63, I – desde que não haja aumento de despesas. Não se pode aumentar
despesa pois o Legislativo não tem atribuição de execução orçamentária, então
não pode legislar sobre algo que gerará interferência em matéria que não lhe
confere.
70
❖ Em plano estadual, municipal e distrital se aplica o princípio da simetria, normas
gerais da União, relativa ao processo legislativo?
ATENÇÃO!
Aula 5
● Fase constitutiva do processo legislativo : é formada por deliberação, votação, sanção e veto.
- Deliberação quer dizer discussão, e então é ato que sujeita propositura do Poder Legislativo a
discussão.
- Votação quer dizer escrutínio, e então é ato que sujeita propositura do Poder Legislativo a
escrutínio.
ATENÇÃO!
No Brasil, confunde-se quórum e maioria, pois se referem a atos diferentes da fase constitutiva, ora a
deliberação, ora a votação. Quórum é número invariável e maioria é número variável.
Quórum é número mínimo para que a sessão seja instalada. Na nossa CF, o quórum é previsto no art.
47, parte final - “presente maioria absoluta dos membros”.
Em sentido matemático, maioria não é metade mais um, pois não se aplica a órgãos que tenham
número ímpar de membro. Maioria em sentido matemático é o primeiro número inteiro após a
metade.
Maioria absoluta significa que se levará em consideração quantos membros na casa existem,
independentemente de quantos na sessão estejam presentes.
Câmara - existem 513 membros, metade é 256,5, primeiro número inteiro após este número é 257.
Assim, só se começa qualquer sessão no plenário da Câmara presentes 257 deputados federais.
Senado - existem 81 membros, metade 40,5, primeiro número inteiro após este número é 41.
O quórum é invariável para o início da sessão. É o primeiro número inteiro após a metade do número
de membros existentes na Casa.
Maioria significa número mínimo de membros para que a matéria seja aprovada. Já foi iniciada a
sessão e houve discussão, mas para que a matéria seja aprovada, deve haver maioria.
71
Maioria é gênero, e admite-se, a princípio, sua divisão em MAIORIA SIMPLES/RELATIVA e
QUALIFICADA/ABSOLUTA.
A maioria simples é a regra, a não ser que haja disposição em contrário, prevista no art. 47, primeira
parte, da CF.
Contudo, ao se falar em maioria simples ou relativa, há o primeiro número inteiro após a metade
LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO OS PRESENTES NA SESSÃO (número variável).
Presentes: 300
Há quórum.
Senado:
Existem 81
Presentes 50
Há quórum.
- Sanção/Veto
Sanção é concordância, e veto é discordância por parte do Chefe do Poder Executivo em relação ao
Projeto de Lei, que o transforma em lei, que evita a princípio que se transforme em lei, a não ser que
tenha seu veto posteriormente derrubado. Proposta de EC é procedimento especial que não tem
sanção e nem veto.
★ A sanção ou rejeição ao veto demarca a passagem do projeto de lei para lei (sistematização
entre art. 66, §§ 1º (alude a instante anterior a sanção/rejeição ao veto, quando a CF fala em
projeto de lei) e 7º (alude a momento posterior à sanção/rejeição ao veto, em que se fala em
lei).
72
★ O veto, à luz do art. 66, § 1º, tem classificação FORMAL (TOTAL/PARCIAL) e MATERIAL
(JURÍDICO/POLÍTICO)
No Brasil, a unidade mínima do veto é alínea, não havendo veto parcial de palavra. Pode
haver, então, veto parcial de alínea, inciso, parágrafo ou artigo, e será veto parcial. Se houver
veto de todo o projeto, será veto total.
Ex. Se o Presidente tiver prazo de 15 dias úteis para vetar e no 5º dia, veta. Poderia utilizar os
próximos 10 dias para retratar-se e sancionar o PL?
Como não pode retratar-se, se sancionar e entender que é caso de veto, a saída que a CF traz é
possibilidade de ser legitimado ativo na ADI. Não há preclusão lógica pois a matéria é de ordem
pública e pode haver impugnação da lei que o próprio Presidente sancionou.
★ Se houver veto, quais são as condições previstas na CF para que possa haver rejeição ao
veto?
Havia quarta condição que era a votação secreta, desde a EC 76/13, que a tornou pública, bem como
tornou pública a votação do decoro parlamentar, prevista no art. 55, § 2º, da CF.
- FASE COMPLEMENTAR
Promulgação é o ato que atesta que a lei existe. Já existe lei desde a sanção ou da rejeição ao veto.
O termo inicial de vigência, existência, é a sanção/rejeição ao veto, mas o termo inicial de eficácia é
no mínimo a publicação.
Eficácia é a aptidão da norma para produção dos efeitos que lhe são próprios.
Só existe essa aptidão quando por ventura houver publicação, se não houver vacatio, pois vacatio é o
período de tempo em que não há eficácia mas há vigência, e após a vacatio, há a vigência e, se não
houver revogação, a norma passa a ter eficácia.
73
O termo inicial de eficácia da norma é NO MÍNIMO a publicação, pois se houver vacatio, é publicação
+ vacatio, e se não houver vacatio, é publicação.
- ESPÉCIES NORMATIVAS
I - emendas à Constituição;
Diferença formal (de procedimento) - Art. 60, § 2º (EC) e ADCT (Art. 3º) - Quando a CF
fala de emenda no supracitado artigo, determina que a proposta de emenda será
discutida e votada em 2 turnos, em cada casa, sendo considerada aprovada se
houver em todas ⅗ dos votos.
A revisão, por outro lado, será feita uma vez pelo CN, em sessão unicameral, por
maioria de votos absoluta.
OBS: Já que a revisão é mais extensa e mais fácil, pode haver interesse político em
convocar outra revisão à constituição atualmente, com qualquer nome que se dê a isso,
como mini constituintes, assembleia constituinte com poderes limitados ou parcial, reforma
política e até lipoaspiração constitucional, mas qualquer modificação que ocorra e não seja
por EC, seria revisão. Seria possível cogitar, atualmente, de outra revisão à Constituição (a
última se deu em 1994)?
74
houvesse EC a convocando, pois não há nenhuma limitação explícita à reforma
constitucional acerca disto, não havendo proibição na Constituição.
- Corrente majoritária (Fábio Conner Comparato e Eduardo Ribeiro Moreira):
qualquer outra revisão constitucional, com qualquer nome que se dê seria
juridicamente impossível, pois não há nenhuma limitação material explícita,
mas sim implícita, que seria extraída do ADCT, art. 3º. Lá se fala que a revisão
será feita após 5 anos, contados da promulgação da CF. “A” é artigo definido
singular e a CF haveria previsto apenas uma oportunidade de sua
modificação, que já foi feita, e desde 93, qualquer alteração deve ser feita via
EC, como até hoje é feita.
- O STF na ADI 981 fixou a tese de que a revisão seria feita apenas uma vez. É
possível que o STF se altere, pois o efeito vinculante não se aplica ao próprio STF,
mas entende o STF não ser cabível a alteração da CF por meio que não seja
EC.
II - leis complementares;
Paulo de Barros Carvalho diz que o que caracteriza LC é seu caráter ontológico-
formal, pois ontologia é matéria, e então LC só regula matérias que a CF tiver
textualmente atribuído a ela. A CF, ao falar em LEI se refere a lei ordinária. Caráter
formal, forma é procedimento, ou seja, no procedimento de sua feitura, exige-se
maioria de votos absoluta, não bastando maioria de votos simples.
# Dessa questão, nasce outra. Esse caráter ontológico formal é o suficiente para
reconhecer à LC em hierarquia superior?
75
status supralegal. A CF delegou, neste caso, a forma de edição de Lei
Ordinária. - O STF IGNORA ESTA HIPÓTESE E ENTENDE QUE EM NENHUMA
HIPÓTESE HÁ HIERARQUIA ENTRE LC E LO.
Ex. Direito Administrativo - Greve de Servidores Públicos (Art. 37, VII, CF - lei específica
federal, da União, exclusiva acerca do tema, que será Lei Ordinária).
Ex 2. Direito Financeiro - Renúncia de Receita Pública (Art. 150, § 6º, CF) - a CF fala em
lei específica federal, estadual ou municipal, com competência concorrente, que deve ser
lei específica, ordinária, para cada renúncia feita.
IV - leis delegadas;
O grau de formalidade é o que distingue as MP’s e LD’s, que são exercício da função
Legislativa de forma atípica pelo Chefe do Executivo.
As Leis delegadas, por outro lado, são absolutamente formais, aguarda e obtém
delegação legislativa, que tem duas funções: autorização para a produção da lei
delegada e delimitação das matérias sobre as quais poderá versar.
V - medidas provisórias;
- Art. 62, CF, com redação dada pela EC 32/2001, que trouxe algumas
modificações:
1. Duplicou o prazo de vigência, antes de 30 dias, atualmente de 60 dias corridos;
2. Não havia matérias reguladas pela CF que não pudessem ser reguladas por
MP, e, agora, algumas matérias são vedadas e não podem ser reguladas via
76
MP (Art. 62, § 1º, CF). Essa vedação, então, passou a ser expressa, pois
apesar de haver construção de doutrina e do STF, não havia de forma
explícita na CF.
3. Previsão de sua reedição limitada a apenas uma vez.
- Definição:
Nagib Slibe Filho diz que MP, no Brasil, é a principal influência parlamentarista em nossa
Constituição presidencialista. Nossa MP, na realidade, tem inspiração na Constituição
Italiana (1948), em seu art. 66, e Espanhola (1976), no seu art. 77.
Até o ano de 2001, o posicionamento era um, de que não era possível, em controle de
constitucionalidade sobre MP, poderia o STF apenas: validar formalmente (é o modo
77
adequado para regulação do tema?) e validar materialmente (se a matéria editada via
MP encontra-se de acordo com a CF) a MP. Assim, segundo o STF, relevância e
urgência seriam conceitos discricionários cuja aferição competiria exclusivamente
ao Presidente e sua interferência seria controle externo do mérito.
A partir de 2001, o STF mudou de posição, entendendo que pode realizar validação
formal, material, bem como dos pressupostos relevância e urgência, podendo haver
sua declaração como inconstitucional como falta de relevância e urgência, se sua
ausência for manifesta, pois se for necessário juízo de mérito sobre a sua ausência,
não poderá realizar controle de constitucionalidade com base na ausência dos
pressupostos da MP (relevância e urgência).
Ex. o presidente 1º de março edita MP através da qual cria imposto, o que é possível (art.
62, § 2º, CF). Há falta de urgência manifesta, pois pelo princípio da anterioridade tributária
(art. 150, III, b), o tributo só poderá ser cobrado no exercício financeiro seguinte, dez
meses depois, e então haveria tempo para a edição de lei para tal, e pela falta de urgência
manifesta, seria inconstitucional a MP, que poderia ser decretada pelo STF.
Não se fala em edição pelo titular da Presidência da República, de forma que não
obrigatoriamente quem edita a MP é o presidente titular do cargo, e havendo sucessão
ou substituição, é possível que seu sucessor ou substituto editem MP. Não se exige
que o titular do cargo, eleito de forma direta, ou excepcionalmente, de forma indireta,
venha a editar a MP, podendo se aceitar que seu sucessor definitivo ou substituto
transitório, interino, venha a fazê-lo.
Em todos os livros, se diz que haverá submissão imediata ao Congresso Nacional. Vale
ressaltar, contudo, que nem sempre a submissão será imediata.
Art. 62, § 4º, da CF - Se houver recesso, o prazo para a conversão da MP em lei ficará
suspenso, enquanto houver recesso. Antes da EC, se houvesse edição durante o
recesso, haveria convocação extraordinária para apreciação da MP editada. Atualmente,
se houver recesso, enquanto houver edição aguardar-se-á o seu término para
submissão ao CN. Se o CN está atuando, a submissão será imediata, e havendo
recesso, deverá transcorrer o prazo do recesso para então haver a submissão da MP
ao CN.
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É possível a edição de MP por prazo de 60 dias. Se ao final dele, dentro do prazo,
não for apreciada a MP pelo CN, pode ser que haja reedição por igual prazo (60
dias).
- Para que haja reedição, há duas condições : não ter sido apreciada e ter
ocorrido reedição no transcorrer do prazo, pois se este transcorrer, não haverá
reedição, mas sim nova edição de MP, devendo atribuir a esta novo número.
- A CF prevê que 45 dias após a sua reedição, não havendo a sua apreciação,
entrará em regime de urgência, e trancará a pauta, ou seja, impedirá que a
Casa discuta qualquer outra matéria enquanto esta não for apreciada. Assim,
importou-se a norma do art. 64, §§ 1º e 2º, e o constituinte derivado limitou a
reedição a apenas uma, trazendo o regime de urgência, não podendo a casa
discutir nada sem haver o tratamento da matéria.
Para efeitos de estancamento, entende-se que deve ser feita distinção entre pauta
ordinária (leis ordinárias e complementares) e extraordinária (demais matérias). Na
visão atualmente do Poder Legislativo, ratificada pelo STF, só seria trancada a pauta
ordinária, e as demais pautas são destrancadas, pois havendo guerra, por exemplo, com
MP trancando a pauta, não teria como o CN apreciar a guerra sem destrancar a pauta da
MP antes, o que seria absurdo, e então criou-se esta distinção entre pautas ordinárias e
não ordinárias, que continuarão tramitando.
VI - decretos legislativos;
Tudo o que a CF trouxer no art. 49, tem a forma obrigatória de decretos legislativos,
pois no caput, fala em CONGRESSO NACIONAL.
VII - resoluções.
São as resoluções das Casas Legislativas. Tudo o que a CF trouxer nos arts. 51 e 52,
terá forma obrigatória de resoluções, ora da Câmara, ora do Senado. Os artigos
reportam-se às Casas, especificamente, cada uma, via resolução.
Arts. 51 e 52, CF -
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- O rol de espécies normativas, com fundamentação imediata de validade na Constituição,
seria rol exaustivo ou exemplificativo?
Essa questão foi levada ao STF na ADI 12, em que se discutia sobre a Resolução do CNJ nº 7/2005 e
Resolução do CNMP 1/2005, que deu ensejo à S. Vinculante 13, do STF, sobre regra de nepotismo.
A causa disso, o antecedente é que o STF entendeu que os dois Conselhos Nacionais possuem o
chamado “Poder Normativo Primário”, poder de elaborar normas jurídicas, primário pois é o primeiro
nível abaixo da Constituição, com fundamentação de validade direta e imediata na Constituição .
Assim, status normativo reconhecido às resoluções do CNMP e CNJ não é infralegal, mas
infraconstitucional, não se assemelhando a Decreto, mas sim a lei. O efeito é submeter as resoluções
destes Conselhos Nacionais a controle de constitucionalidade.
Ao falarmos em garantias, lembra-se dos foros especiais e imunidades parlamentares, mas são 5
garantias conferidas pelo Constituição aos membros do CN. Vejamos:
A retribuição pecuniária paga ao Deputado e Senador é subsídio e não remuneração, e o valor pago
deve ser idêntico entre deputados e senadores. Câmara tem 513 deputados e Senado, 81, e então o
orçamento de custeio de pessoas na Câmara tende a ser maior que o do Senado.
Deputados e Senadores não são obrigados a prestar testemunho sobre fatos e pessoas que
conheceram enquanto o mandato parlamentar era desempenhado. Não é sigilo profissional, pois ser
Deputado ou Senador não é profissão que a lei regule, e mesmo que assim não fosse, sigilo profissional
tem viés objetivo, não sendo obrigado a testemunhar sobre fatos ou pessoas que conheceu enquanto
desempenhava a função profissional, e aqui, trata-se de fatos e pessoas, e a limitação ao dever de
testemunhar do parlamentar tem viés objetivo (fatos) e subjetivo (pessoas).
A eventual incorporação do parlamentar ao serviço militar, às Forças Armadas, ainda que militar e em
guerra, depende da autorização da Casa a que pertence o Deputado ou Senador. Existia, no passado,
licença para processamento e licença para a integração ao serviço militar, e última que ainda existe é a
incorporação às forças armadas por licença, e se aplica ainda que o deputado ou senador seja militar,
pois pelo art. 14, § 8º, militar eleito e diplomado é reformado e continua como militar reservista.
Ainda que haja guerra externa (art. 5º, XLVII, a), que gera efeitos drásticos, como a pena de morte, deve
haver licença da casa para incorporação às forças armadas.
Essa norma fixa que foro especial pela prática de crime comum seria o STF, e a outra norma confirma
isto, prevendo seu termo inicial, que é a data da diplomação.
OBS: Diplomação é ato solene praticado por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, no caso da União o
TSE, para habilitação ao mandato eletivo, declarando que alguém foi eleito.
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Privilégio é pessoal, conferido a pessoa por ser quem é, o que é antirrepublicano.
Aqui, não se protege a pessoa, mas sim a função desempenhada, tão importante que merece proteção
específica conferida pela Constituição.
OBS 3: Existe sucessão de aquisição ou perda de mandato? Há foro especial para ex deputado e ex
senador?
Em agosto de 99, a S. foi cancelada, e entendeu-se que haveria baixa dos autos do processo ao
Juízo competente, assegurando a simetria entre as hipóteses 2 e 4.
Até o final de 2002, quando adveio o CPP, no art. 94, § 1º, pela lei 10.628/2002, que
estabeleceu a posição anterior, com a S. 394, não ocorrendo a perda superveniente do foro
especial.
Essa orientação prevaleceu até setembro de 2005, quando na ADI 2797, entendeu o dispositivo
inconstitucional por vício material (se há foro ao ex deputado e ex senador, não se protege a
função, mas sim a pessoa, o que é contrário aos ideais republicanos) e formal (foro
competente, quando há prerrogativa de função, é previsto na Constituição, e não se pode
aceitar que lei ordinária federal amplie rol taxativo previsto em lei constitucional, não havendo
perpetuação da jurisdição.
No IPL 608, a partir da TEORIA DA FUGA DE FORO, é o único caso no qual o STF até hoje aceita
que continue julgando Deputado e Senador após o encerramento de seu mandato eletivo, no
qual se exige dois requisitos: término do mandato pela renúncia e que, pelas condições da
renúncia, se possa presumir a intenção e propósito do ex parlamentar de subtração à
jurisdição do STF, abusando do direito de defesa. Isso é muito subjetivo, sendo complexo
saber o propósito, e atualmente, houve o refinamento da teoria, e entende-se configurada a
fuga de foro se o mandato terminar por renúncia e se a renúncia ocorrer em momento que se
possa presumir este propósito de fuga de foro. Entende-se configurada o propósito de fuga
de foro se a renúncia ocorrer após o encerramento da instrução processual penal, e se
ocorrer antes, o STF perderá a competência para processar e julgar a demanda.
5. Agente pratica o fato após e é julgado após o seu encerramento - não há que se configurar o
foro especial por prerrogativa de função.
Até o ano de 2018, o STF garantia a simetria entre as hipóteses 2 e 4, com exceção aos casos
em que se aplicasse a TEORIA DA FUGA DE FORO. Com o julgamento do supracitado caso, o STF
passou a entender que:
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- Aplicar-se-á o foro especial por prerrogativa de função se o crime for praticado em
razão do mandato e no mandato, impondo-se duas condições para o foro especial :
que fosse praticado após a investidura no mandato, após a POSSE, quando se
cristaliza a investidura no mandato eletivo, e que o crime venha a ser praticado em
respeito às atribuições do cargo, em razão do cargo, ou seja, que na tipificação do
crime conste como elementar típica o desempenho do mandato eletivo.
O STF passou a entender que não haverá aquisição superveniente de foro especial, e como o
fato é praticado antes da posse, não há foro especial. Só há foro especial com crime praticado
após a posse e caso se dê em função do cargo.
Na hipótese 3, não se pode falar que todo e qualquer crime será alvo de foro especial, pois
somente se o crime for afeto às atribuições do cargo, haverá incidência do foro especial.
Quanto à imunidade parlamentar material ou penal, até então entendia-se, como até hoje se entende,
que a imunidade parlamentar material importava a exclusão de responsabilidade penal, de qualquer
infração penal, e começou a haver questionamento sobre a exclusão de responsabilidade civil, moral ou
patrimonial. O STF já teve entendimento no sentido de que haveria a exclusão de responsabilidade civil,
para que houvesse independência no desempenho de seu mandato parlamentar. Essa EC positivou o
que o STF já pensava, como prevê o art. 53 da CF, sendo os parlamentares invioláveis civil e
penalmente.
Quanto à imunidade formal, havia condição de procedibilidade (causa que impedia o processo),
atualmente, talvez haja condição de prosseguibilidade (causa que suspendia o processo).
Implica na inviolabilidade dos membros do Poder Legislativo por suas opiniões, palavras e votos, na
medida em que exclui a caracterização da infração penal, não havendo a instalação de inquérito e
processo criminal.
Assim, por suas opiniões, palavras e votos, não há configuração de nenhuma infração penal, não
podendo haver IPL, e não pode haver ação, o que garante de fato a sua inviolabilidade.
Para o Direito Constitucional, é suficiente dizer que não há a configuração de nenhuma infração penal.
Contudo, em Direito Penal, qual seria sua natureza jurídica? A posição majoritária pertence a Carlos
Ayres Brito, sustentando que seria causa de exclusão da tipicidade, excluindo-se a subsunção do fato
sob a norma penal incriminadora. No entanto, há posição minoritária, seguida por Damásio de Jesus, de
que seria causa de exclusão de punibilidade.
- Só há proteção por fato praticado dentro da Casa, ou haveria proteção por fato praticado fora
da Casa?
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Segundo o STF, deve haver vínculo funcional entre o ato perpetrado e a função desempenhada.
O STF faz distinção entre fatos praticados in officium e propter officium. Não há necessidade que a sua
prática se dê no estrito desempenho da função, mas pode se dar em razão dela, com correlação entre
o fato praticado e a função desempenhada.
O STF, no julgamento da ação penal 480/MG - mensalão - e entendeu que se o ato foi praticado dentro
da casa do parlamentar, há presunção absoluta de que atuou em ofício, pode ser que responda por
quebra de decoro (art. 55, CF) mas fora da casa, há presunção relativa de que atuou em razão exercício
da função (propter officium).
Não se fala, aqui, em inviolabilidade, havendo a configuração de infrações penais. Não há configuração
de palavra, voto ou opinião, e haverá a instauração de IPL e deflagração de ação penal. Assim, há duas
imunidades parlamentares formais: uma relativa à prisão provisória e outra relativa à ação penal
pública incondicionada.
a) Não há flagrante
b) Há flagrante e o crime é afiançável
c) Há flagrante e o crime é inafiançável
Nos dois primeiros casos, não pode haver prisão provisória, pois só poderá haver esta em caso de
flagrante e se o crime for inafiançável. Nessa hipótese, caberá à autoridade policial lavrar o APF e
encaminhar a prisão autuada à casa a qual pertence o parlamentar, que terá competência para
deliberar sobre a conservação da prisão ou não, no prazo de 24h, caso entendesse inconveniente ou
inoportuna, podendo então relaxá-la caso entenda inconveniente e inoportuna. O STF utiliza o termo
relaxamento ou prisão, embora devesse ser aplicada ao poder judiciário caso a prisão fosse ilegal,
podendo haver relaxamento de prisão válida por critério político, de conveniência e oportunidade,
por órgão não integrante do Poder Judiciário.
O STF entende que é possível que o Poder Judiciário imponha ao parlamentar medida
cautelar diversa da prisão, já que se é possível a maior restrição, também seria possível a
menor.
Quanto ao controle político acerca da manutenção ou não da medida, deverá se verificar se a medida
cautelar diversa da prisão tem a potencialidade de afetar, ainda que de modo indireto, a liberdade
para o exercício do mandato parlamentar, e conclui o STF que se não houver a possibilidade de sequer
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indiretamente afetar o exercício, não será submetida ao controle político, mas caso contrário, será
admitido o controle político, podendo haver o relaxamento a medida.
Antes, havia condição de procedibilidade (causa que impedia o processo), e atualmente talvez haja
causa de prosseguibilidade (que suspenda o processo).
Até a EC 35/2001, havia o fato, que ensejava o IPL, e se houvesse justa causa para a ação penal, poderia
haver o oferecimento da denúncia, que só poderia ser oferecida com licença, mas que foi extinta.
Quando houvesse o requerimento à Casa de licença para processamento, pelo relator do STF, o prazo
ficaria suspenso para a concessão da licença. Concedida, havia condição de procedibilidade, e poderia
haver recebimento da denúncia, e quando o mandato fosse perdido, poderia haver o processamento
posterior, com a deflagração da ação penal perante o Juízo competente, já que o prazo prescricional
estava suspenso.
Com a EC 35/2001, esta licença foi abolida, e o regime atual é que continua havendo IPL, mas a
denúncia será diretamente recebida pelo STF, competindo unicamente a este o juízo sobre o
recebimento, não havendo necessidade de concessão de licença para tal.
O que pode ocorrer é que um partido político que tenha assento na Casa a qual pertence o
parlamentar que pode ser partido do qual pertença ou não, que inste à casa para que delibere sobre a
possibilidade de requerimento da suspensão, podendo REQUERER a suspensão, e o STF que tem juízo
de conveniência e oportunidade sobre o seu deferimento ou não. É pedido e não ordem, pois se fosse
ordem, violaria a separação de poderes.
Havia condição de procedibilidade, e atualmente, há talvez condição de prosseguibilidade, pois pode ser
que haja pedido ou não, e só se prosseguirá o processo se não for suspenso. Antes, havia causa que
impedia o processo, e atualmente pode ser que este seja suspenso se houver pedido da casa a qual
pertença o parlamentar. É causa de suspensão do processo penal prevista na CF e não no CPP.
Questões finais:
Titularidade x Exercício
Durante o exercício como Ministro de Estado ou Secretários, o STF entende que o decoro parlamentar
se liga ao cargo, à sua titularidade, e então poderia haver a sua perda mesmo sem o seu exercício
efetivo, e o foro especial por prerrogativa de função se relaciona ao exercício do cargo (AP 470/MG).
Para deputados estaduais, aplica-se a regra do art. 27, § 1º, da CF, e para os vereadores, o art. 29, VIII,
da CF.
Quando a CF se reporta aos Vereadores, determina no caput do art. 29 que a lei orgânica “poderá
prever (...)”, de maneira que há menção a inviolabilidade por crimes praticados no território do
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município. Assim, deputados estaduais têm ambas as imunidades, e os vereadores só possuem a
imunidade parlamentar material. Ademais, deputados estaduais tem as duas garantias, mesmo omissa
a constituição do Estado, e os vereadores só gozarão da imunidade material se houver sua previsão na
Lei Orgânica. Os deputados estaduais têm ambas as garantias sem limitação quanto ao espaço, e os
vereadores terão imunidade material se prevista expressamente na Lei Orgânica, com limitação
espacial, por crimes praticados nos limites do município.
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