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Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores
que, por diversas vezes, quase provocaram a extinção da língua patxôhã. Mergulhou na história do Brasil
e descobriu fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a abandonar a própria língua para
escapar da perseguição. “Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do Fogo de 1951.
Queimaram tudo e expulsaram a gente das nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje”, conta
Txaywa, estudante da Universidade Federal de Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de
Porto Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois, membros da etnia retornaram ao antigo local e
iniciaram um movimento de recuperação da língua patxôhã. Os filhos de Sameary Pataxó já são fluentes
– e ela, que se mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um pouco com eles. “É a nossa
identidade. Você diz quem você é por meio da sua língua”, afirma a professora de ensino fundamental
sobre a importância de restaurar a língua dos pataxós. O patxôhã está entre as línguas indígenas faladas
no Brasil: o IBGE estimou 274 línguas no último censo. A publicação Povos indígenas no Brasil
2011/2016, do Instituto Socioambiental, calcula 160. Antes da chegada dos portugueses, elas
totalizavam mais de mil.
2. (Enem) Na Grécia, o conceito de povo abrange tão somente aqueles indivíduos considerados
cidadãos. Assim é possível perceber que o conceito de povo era muito restritivo. Mesmo tendo isso em
conta, a forma democrática vivenciada e experimentada pelos gregos atenienses nos séculos IV e V a.C.
pode ser caracterizada, fundamentalmente, como direta.
3. (Enem) O povo Kambeba é o povo das águas. Os mais velhos costumam contar que o povo nasceu de
uma gota-d’água que caiu do céu em uma grande chuva. Nessa gota estavam duas gotículas: o homem e
a mulher. “Por essa narrativa e cosmologia indígena de que nós somos o povo das águas é que o rio nos
tem fundamental importância”, diz Márcia Wayna Kambeba, mestre em Geografia e escritora. Todos os
dias, ela ia com o pai observar o rio. Ia em silêncio e, antes que tomasse para si a palavra, era
interrompida. “Ouço o rio”, o pai dizia. Depois de cerca de duas horas a ouvir as águas do Solimões, ela
mergulhava. “Confie no rio e aprenda com ele”. “Fui entender mais tarde, com meus estudos e
vivências, que meu pai estava me apresentando à sabedoria milenar do rio”.
Rios amazônicos influenciam no agro e em reservatórios do Sudeste. Disponível em: www.uol.com.br.
Acesso em: 14 out. 2021.
4. (Enem) Quando os espanhóis chegaram à América, estava em seu apogeu o império teocrático dos
Incas, que estendia seu poder sobre o que hoje chamamos Peru, Bolívia e Equador, abarcava parte da
Colômbia e do Chile e alcançava até o norte argentino e a selva brasileira; a confederação dos Astecas
tinha conquistado um alto nível de eficiência no vale do México, e no Yucatán, na América Central, a
esplêndida civilização dos Maias persistia nos povos herdeiros, organizados para o trabalho e para a
guerra. Os Maias tinham sido grandes astrônomos, mediram o tempo e o espaço com assombrosa
precisão, e tinham descoberto o valor do número zero antes de qualquer povo da história. No museu de
Lima, podem ser vistos centenas de crânios que receberam placas de ouro e prata por parte dos
cirurgiões Incas.
5. (Enem) TEXTO I
TEXTO II
A repugnante tarefa de carregar lixo e os dejetos da casa para as praças e praias era geralmente
destinada ao único escravo da família ou ao de menor status ou valor. Todas as noites, depois das dez
horas, os escravos conhecidos popularmente como “tigres” levavam tubos ou barris de excremento e
lixo sobre a cabeça pelas ruas do Rio.
KARASCH. M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1950. Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2000.
A ação representada na imagem e descrita no texto evidencia uma prática do cotidiano nas cidades no
Brasil nos séculos XVIII e XIX caracterizada pela
a) valorização do trabalho braçal.
b) reiteração das hierarquias sociais.
c) sacralização das atividades laborais.
d) superação das exclusões econômicas.
e) ressignificação das heranças religiosas.
Os representantes do povo francês, tendo em vista que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos
direitos do homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos governos, resolveram
declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que esta
declaração, sempre presente em todos os membros do corpo social, lhes lembre permanentemente
seus direitos e seus deveres; a fim de que as reivindicações dos cidadãos, fundadas em princípios
simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Esse documento, elaborado no contexto da Revolução Francesa, reflete uma profunda mudança social
ao estabelecer a
a) manutenção das terras comunais.
b) supressão do poder constituinte.
c) falência da sociedade burguesa.
d) paridade do tratamento jurídico.
e) abolição dos partidos políticos.
7. (Enem) Sexto rei sumério (governante entre os séculos XVIII e XVII a.C.) e nascido em Babel,
“Khammu-rabi” (pronúncia em babilônio) foi fundador do I Império Babilônico (correspondente ao atual
Iraque), unificando amplamente o mundo mesopotâmico, unindo os semitas e os sumérios e levando a
Babilônia ao máximo esplendor. O nome de Hamurabi permanece indissociavelmente ligado ao código
jurídico tido como o mais remoto já descoberto: o Código de Hamurabi. O legislador babilônico
consolidou a tradição jurídica, harmonizou os costumes e estendeu o direito e a lei a todos os súditos.
Nesse contexto de organização da vida social, as leis contidas no Código citado tinham o sentido de
a) assegurar garantias individuais aos cidadãos livres.
b) tipificar regras referentes aos atos dignos de punição.
c) conceder benefícios de indulto aos prisioneiros de guerra.
d) promover distribuição de terras aos desempregados urbanos.
e) conferir prerrogativas políticas aos descendentes de estrangeiros.
Kl-ZERBO, J. A arte pré-histórica africana, In: KI-ZERBO, J. (Org.) História geral da África, I: metodologia e
pré-história da África. Brasília: Unesco, 2010.
De acordo com o texto, a arte mencionada é importante para os povos que a cultivam por colaborar
para o(a)
a) transmissão dos saberes acumulados.
b) expansão da propriedade individual.
c) ruptura da disciplina hierárquica.
d) surgimento dos laços familiares.
e) rejeição de práticas exógenas.
9. (Enem) Os caixeiros do comércio a retalho do Rio de Janeiro estiveram entre as primeiras categorias
de trabalhadores a se organizar em associações e a exigir a intervenção dos poderes públicos na
mediação de suas lutas por direitos. Na década de 1880, os caixeiros participaram da arena política e
ganharam as ruas com vários outros, como os republicanos e os abolicionistas.
POPINIGIS, F. “Todas as liberdades são irmãs”: os caixeiros e as lutas dos trabalhadores por direitos
entre o Império e a República. Estudos Históricos, n. 59, set-dez. 2018 (adaptado)
10. (Enem) O número cada vez maior de mulheres letradas e interessadas pela literatura e pelas
novelas, muitas divulgadas em capítulos, seções, classificadas comumente como folhetim, alçou a um
gênero de ficção corrente já em 1840, fazendo parte do florescimento da literatura nacional brasileira,
instigando a formação e a ampliação de um público leitor feminino, ávido por novidades, pelo apelo dos
folhetins e “narrativas modernas” que encenavam “os dramas e os conflitos de uma mulher em
processo de transformação patriarcal e provinciana que, progressivamente, começava a se abrir para
modernizar seus costumes”. No Segundo Reinado, as mulheres foram se tornando público determinante
na construção da literatura e da imprensa nacional. E não apenas público, porquanto crescerá o número
de escritoras que colaboram para isso e emergirá uma imprensa feminina, editada, escrita e dirigida por
e para mulheres.
ABRANTES, A. Do álbum de família à vitrine impressa: trajetos de retratos (PB, 1920). Revista Temas em
Educação, n. 24, 2015 (adaptado).
O registro das atividades descritas associa a inserção da figura feminina nos espaços de leitura e escrita
do Segundo Reinado ao(à)
a) surgimento de novas práticas culturais.
b) contestação de antigos hábitos masculinos.
c) valorização de recentes publicações juvenis.
d) circulação de variados manuais pedagógicos.
e) aparecimento de diversas editoras comerciais.
BRASIL apud CARONE, E. A Terceira República. (1937-1945). São Paulo: Difel, 1982. (adaptado).
Com base nos trechos do decreto, as finalidades do órgão criado permitiram ao governo promover o(a)
a) diversificação da opinião pública.
b) mercantilização da cultura popular.
c) controle das organizações sindicais.
d) cerceamento da liberdade de expressão.
e) privatização dos meios de comunicação.
12. (Enem) Para os Impérios Coloniais, o problema das doenças que atingiam os escravos era algo com
que cotidianamente deparavam os senhores. Em vista disso, uma série de obras dedicadas à
administração de escravos foi publicada com vista a implementar uma moderna gestão da mão de obra
escravista em convergência com O Iluminismo. Nesse contexto, o saber médico adquiria um papel
extremamente relevante. Este era encarado como um instrumento fundamental ao desenvolvimento
colonial, dada a percepção do impacto que as doenças tropicais causavam na população branca e nos
povos escravizados.
ABREU, J. L. N. A Colônia enferma e a saúde dos povos: a medicina das “luzes” e as informações sobre as
enfermidades da América portuguesa. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, n. 3, jul.-set. 2007
(adaptado).
13. (Enem) Ainda que a fome ocorrida na Itália em 536 tenha origem nos eventos climáticos, suas
implicações são tanto políticas quanto econômicas. Nos primeiros séculos da Idade Média, o auxílio aos
famintos se inscreve no domínio da gestão pública, mesmo quando a ação de seus agentes é
apresentada sob o ângulo da piedade e da caridade individuais, como é o caso da Gália merovíngia.
Assim, o fato de que as respostas à fome são mostradas, na Gália, como o fruto de iniciativas pessoais
fundadas no imperativo da caridade deriva da natureza das fontes do século VI.
SILVA, M.C. Os agentes públicos e a fome nos primeiros séculos da Idade Média. Varia História, n. 60,
set-dez. 2016 (Adaptado).
Na conjuntura histórica destacada no texto, o dever de agir em face da situação de crise apresentada
pertencia à jurisdição
a) da nobreza, proveniente da obrigação de proteção ao campesinato livre.
b) da realeza, decorrente do conceito de governo subjacente à monarquia cristã.
c) dos mosteiros, resultante do caráter fraternal afirmado nas regras monásticas.
d) dos bispados, consequente da participação dos clérigos nos assuntos comunitários.
e) das corporações, procedente do padrão assistencialista previsto nas normas estatutárias.
Em março de 1889, quando apareceram as primeiras romarias atraídas pelos milagres da beata Maria de
Araújo, Juazeiro inseriu-se no rol da fundação do espaço religioso. Construía-se mais um centro, como
Aparecida do Norte, Canindé ou Lourdes.
RAMOS, F. R. L. O meio do mundo: território sagrado em Juazeiro do Padre Cícero. Fortaleza: Imprensa
Universitária, 2014.
TEXTO II
Não sabemos ao certo quantas pessoas estavam presentes na capela no momento em que a hóstia
sangrou na boca de Maria de Araújo. O Padre Cícero nos conta que o fato surpreendeu não só aos
presentes, mas o fenômeno continuou acontecendo todas as quartas e sextas na Capela de Nossa
Senhora das Dores a partir daquele dia. Os paninhos manchados do sangue que escorria da hóstia e da
boca da beata, a princípio ficaram sob a guarda do Padre Cícero, mas logo foram expostos à visitação
pública e, além disso, o sangramento foi proclamado como milagre sem o conhecimento e sem a
autorização do bispo diocesano.
15. (Enem) Hoje sou um ser inanimado, mas já tive vida pulsante em seivas vegetais, fui um ser vivo; é
bem verdade que do reino vegetal, mas isso não me tirou a percepção de vida vivida como tamborete.
Guardo apreço pelos meus criadores, as mãos que me fizeram, me venderam, 6 pelas mulheres que me
usaram para suas vendas e de tantas outras maneiras. Essas pessoas, sim, tiveram suas subjetividades,
singularidades e pluralidades, que estão incorporadas a mim. É preciso considerar que a nossa história,
de móveis de museus, está para além da mera vinculação aos estilos e à patrimonialização que
recebemos como bem material vinculado ao patrimônio imaterial. A nossa história está ligada aos dons
individuais das pessoas e suas práticas sociais. Alguns indivíduos consagravam-se por terem
determinados requisitos, tais como o conhecimento de modelos clássicos ou destreza nos desenhos.
Ao descrever-se como patrimônio museológico, o objeto abordado no texto associa a sua história às
a) habilidades artísticas e culturais dos sujeitos.
b) vocações religiosas e pedagógicas dos mestres.
c) naturezas antropológica e etnográfica dos expositores.
d) preservações arquitetônica e visual dos conservatórios.
e) competências econômica e financeira dos comerciantes.
Manda o Santo Ofício da Inquisição que ninguém, seja qual for seu estado, idade ou condição, pare com
carroça, caleça ou montaria nem atrapalhe com mesas ou cadeiras o centro das ruas, que vão da
Inquisição a São Domingos, nem atravesse a procissão em ponto algum da ida ou da volta, amanhã, 19
do corrente, em que se celebrará auto de fé. E também que nem nesse dia nem nos dos açoites ouse
alguém atirar nos réus maçãs, pedras, laranjas nem outra coisa qualquer.
PALMA, R. Anais da Inquisição de Lima. São Paulo: Edusp; Giordano, 1992 (adaptado).
TEXTO II
Como acontece em todos os ritos, o sentido do auto da fé é conferido pela sequência dos atos que o
compõem. Os lugares, as posturas, os gestos, as palavras são fixados previamente em toda a sua
complexidade. Por isso, o auto da fé apresenta momentos fortes – durante a preparação, a encenação,
o ato e a recepção – que convém seguir em seus pormenores.
BETHENCOURT, F. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – séculos XV-XIX. São Paulo: Cia.
das Letras, 2000.
17. (Enem) De um lado, ancorados pela prática médica europeia, por outro, pela terapêutica indígena,
com seu amplo uso da flora nativa, os jesuítas foram os reais iniciadores do exercício de uma medicina
híbrida que se tomou marca do Brasil colonial. Alguns religiosos vinham de Portugal já versados nas
artes de curar, mas a maioria aprendeu na prática diária as funções que deveriam ser atribuídas a um
físico, cirurgião, barbeiro ou boticário.
GURGEL, C. Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos. São Paulo: Contexto 2010, (adaptado).
Conforme o texto, o que caracteriza a construção da prática medicinal descrita é a e adoção de rituais
místicos.
a) adoção de rituais místicos.
b) rejeição dos dogmas cristãos.
c) superação da tradição popular.
d) imposição da farmacologia nativa.
e) conjugação de saberes empíricos.
18. (Enem) Eu, Dom João, pela graça de Deus, faço saber a V. Mercê que me aprouve banir para essa
cidade vários ciganos – homens, mulheres e crianças – devido ao seu escandaloso procedimento neste
reino. Tiveram ordem de seguir em diversos navios destinados a esse porto, e, tendo eu proibido, por lei
recente, o uso da sua língua habitual, ordeno a V. Mercê que cumpra essa lei sob ameaça de
penalidades, não permitindo que ensinem dita língua a seus filhos, de maneira que daqui por diante o
seu uso desapareça.
TEIXEIRA, R. C. História dos ciganos no Brasil. Recife: Núcleo da Estudos Ciganos, 2000.
A ordem emanada da Coroa portuguesa para sua colônia americana, em 1718, apresentava um
tratamento da identidade cultural pautado em
a) converter grupos infiéis à religião oficial.
b) suprimir formas divergentes de interação social.
c) evitar envolvimento estrangeiro na economia local.
d) reprimir indivíduos engajados em revoltas nativistas.
e) controlar manifestações artísticas de comunidades autóctones.
19. (Enem)
No anúncio publicado na segunda metade do século XIX, qual a estratégia de resistência escrava
apresentada?
a) Criação de relações de trabalho.
b) Fundação de territórios quilombolas.
c) Suavização da aplicação de normas.
d) Regularização das funções remuneradas.
e) Constituição de economia de subsistência.
20. (Enem) Durante os anos de 1854-55, o governo brasileiro – por meio de sua representação
diplomática em Londres – e os livre-cambistas ingleses – nas colunas do Daily News e na Câmara dos
Comuns – aumentaram a pressão pela revogação da Lei Aberdeen. O governo britânico, entretanto,
ainda receava que, sem um tratado anglo-brasileiro satisfatório para substituí-la, não haveria nada que
impedisse os brasileiros de um dia voltarem aos seus velhos hábitos.
BETHELL, L. A abolição do comércio brasileiro de escravos. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).
A Educação Nova, alargando a sua finalidade para além dos limites das classes, assume, com uma feição
mais humana, a sua verdadeira função social, preparando-se para formar “a hierarquia democrática”
pela “hierarquia das capacidades”, recrutadas em todos os grupos sociais, a que se abrem as mesmas
oportunidades de educação. Ela tem, por objeto, organizar e desenvolver os meios de ação durável com
o fim de “dirigir os desenvolvimentos natural e integral do ser humano em cada uma das etapas de seu
crescimento”, de acordo com uma certa concepção do mundo.
Disponível em: www.histedbr.fe.unicamp.br. Acesso em: 7 out. 2015.
22. (Enem) O governo Vargas, principalmente durante o Estado Novo (1937-1945), pretendeu construir
um Estado capaz de criar uma nova sociedade. Uma dimensão-chave desse projeto tinha no território
seu foco principal. Não por acaso, foram criadas então instituições encarregadas de fornecer dados
confiáveis para a ação do governo, como o Conselho Nacional de Geografia, o Conselho Nacional de
Cartografia, o Conselho Nacional de Estatística e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
este de 1938.
LIPPI, L. A conquista do Oeste. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br. Acesso em: 7 nov. 2014 (adaptado).
A criação dessas instituições pelo governo Vargas representava uma estratégia política de
a) levantar informações para a preservação da paisagem dos sertões.
b) controlar o crescimento exponencial da população brasileira.
c) obter conhecimento científico das diversidades regionais.
d) conter o fluxo migratório do campo para a cidade.
e) propor a criação de novas unidades da federação.
23. (Enem) Quando Getúlio Vargas se suicidou, em agosto de 1954, o país parecia à beira do caos.
Acuado por uma grave crise política, o velho líder preferiu uma bala no peito à humilhação de aceitar
uma nova deposição, como a que sofrera em outubro de 1945. Entretanto, ao contrário do que
imaginavam os inimigos, ao ruído do estampido não se seguiu o silêncio que cerca a derrota.
REIS FILHO, D. A. O Estado à sombra de Vargas. Revista Nossa História, n. 7, maio 2004.
24. (Enem) Nem guerras, nem revoltas. Os incêndios eram o mais frequente tormento da vida urbana
no Regnum Italicum. Entre 880 e 1080, as cidades estiveram constantemente entregues ao apetite das
chamas. A certa altura, a documentação parece vencer pela insistência do vocabulário, levando até o
leitor mais crítico a cogitar que os medievais tinham razão ao tratar aqueles acontecimentos como
castigos que antecediam o julgamento final. Como um quinto cavaleiro apocalíptico, o incêndio agia ao
feitio da peste ou da fome: vagando mundo afora, retornava de tempos em tempos e expurgava justos e
pecadores num tormento derradeiro, como insistiam os textos do século X. O impacto acarretado sobre
as relações sociais era imediato e prolongava-se para além da destruição material. As medidas
proclamadas pelas autoridades faziam mais do que reparar os danos e reconstruir a paisagem: elas
convertiam a devastação em uma ocasião para alterar e expandir não só a topografia urbana, mas as
práticas sociais até então vigentes.
RUST, L. D. Uma calamidade insaciável. Rev. Bras. Hist., n. 72. maio-ago. 2016 (adaptado).
De acordo com o texto, a catástrofe descrita impactava as sociedades medievais por proporcionar a
a) correção dos métodos preventivos e das regras sanitárias.
b) revelação do descaso público e das degradações ambientais.
c) transformação do imaginário popular e das crenças religiosas.
d) remodelação dos sistemas políticos e das administrações locais.
e) reconfiguração dos espaços ocupados e das dinâmicas comunitárias.
25. (Enem) Desde o século XII que a cristandade ocidental era agitada pelo desafio lançado pela cultura
profana – a dos romances de cavalaria, mas também a cultura folclórica dos camponeses e igualmente a
dos citadinos, de caráter mais jurídico – à cultura eclesiástica, cujo veículo era o latim. Francisco de Assis
veio alterar a situação, propondo aos seus ouvintes uma mensagem acessível a todos e,
simultaneamente, enobrecendo a língua vulgar através do seu uso na religião.
VAUCHEZ, A. A espiritualidade da Idade Média Ocidental, séc. VIII-XIII. Lisboa: Estampa, 1995.
O comportamento desse religioso demonstra uma preocupação com as características assumidas pela
Igreja e com as desigualdades sociais compartilhada no seu tempo pelos(as)
a) senhores feudais.
b) movimentos heréticos.
c) integrantes das Cruzadas.
d) corporações de ofícios.
e) universidades medievais.
26. (Enem) Por que o Brasil continuou um só enquanto a América espanhola se dividiu em vários
países?
Para o historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, no Brasil, parte da sociedade era muito mais coesa
ideologicamente do que a espanhola. Carvalho argumenta que isso se deveu à tradição burocrática
portuguesa. “Portugal nunca permitiu a criação de universidades em sua colônia”. Por outro lado, na
América espanhola, entre 1772 e 1872, 150 mil estudantes se formaram em universidades locais. Para o
historiador mexicano Alfredo Ávila Rueda, as universidades na América espanhola eram, em sua
maioria, reacionárias. Nesse sentido, o historiador mexicano diz acreditar que a livre circulação de
impressos (jornais, livros e panfletos) na América espanhola, que não era permitida na América
portuguesa (a proibição só foi revertida em 1808), teve função muito mais importante na construção de
regionalismos do que propriamente as universidades.
27. (Enem) O movimento sedicioso ocorrido na capitania de Pernambuco, no ano 1817, foi analisado de
formas diferentes por dois meios de comunicação daquela época. O Correio Braziliense apontou para o
fato de ser "a comoção no Brasil motivada por um descontentamento geral, e não por maquinações de
alguns indivíduos". Já a Gazeta do Rio de Janeiro considerou o movimento como um "pontual desvio de
norma, apenas uma ‘mancha’ nas ‘páginas da História Portuguesa’, tão distinta pelos testemunhos de
amor e respeito que os vassalos desta nação consagram ao seu soberano".
JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA C. G. (Org.). Viagem incompleta: a
experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
Os fragmentos das matérias jornalísticas sobre o acontecimento, embora com percepções diversas,
relacionam-se a um aspecto do processo de independência da colônia luso-americana expresso em
dissensões entre
a) quadros dirigentes em torno da abolição da ordem escravocrata.
b) grupos regionais acerca da configuração político-territorial.
c) e intelectuais laicos acerca da revogação do domínio eclesiástico.
d) homens livres em tomo da extensão do direito de voto.
e) elites locais acerca da ordenação do monopólio fundiário.
28. (Enem) É difícil imaginar que nos anos 1990, num país com setores da população na pobreza
absoluta e sem uma rede de benefícios sociais em que se apoiar, um governo possa abandonar o papel
de promotor de programas de geração de emprego, de assistência social, de desenvolvimento da
infraestrutura e de promoção de regiões excluídas, na expectativa de que o mercado venha algum dia a
dar uma resposta adequada a tudo isso.
SORJ, B. A nova sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000 (adaptado).
Nesse contexto, a criticada postura dos governos frente à situação social do país coincidiu com a
priorização de que medidas?
a) Expansão dos investimentos nas empresas públicas e nos bancos estatais.
b) Democratização do crédito habitacional e da aquisição de moradias populares.
c) Enxugamento da carga fiscal individual e da contribuição tributária empresarial.
d) Reformulação do acesso ao ensino superior e do financiamento científico nacional.
e) Reforma das políticas macroeconômicas e dos mecanismos de controle inflacionário.
29. (Enem) Com efeito, até a destruição de Cartago, o povo e o Senado romano governavam a
República em harmonia e sem paixão, e não havia entre os cidadãos luta por glória ou dominação; o
medo do inimigo mantinha a cidade no cumprimento do dever. Mas, assim que o medo desapareceu
dos espíritos, introduziram-se os males pelos quais a prosperidade tem predileção, isto é, a libertinagem
e o orgulho.
30. (Enem) A partir da segunda metade do século XVIII, o número de escravos recém-chegados cresce
no Rio e se estabiliza na Bahia. Nenhum lugar servia tão bem à recepção de escravos quanto o Rio de
Janeiro.
FRANÇA, R. O tamanho real da escravidão. O Globo, 5 abr. 2015 (adaptado).
Na matéria, o jornalista informa uma mudança na dinâmica do tráfico atlântico que está relacionada à
seguinte atividade:
a) Coleta de drogas do sertão.
b) Extração de metais preciosos.
c) Adoção da pecuária extensiva.
d) Retirada de madeira do litoral.
e) Exploração da lavoura de tabaco.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[B]
Resposta da questão 2:
[E]
Resposta da questão 3:
[E]
A alternativa [A] está incorreta pois, para o povo Kambeba, o rio não é um objeto tombado ou de valor
museológico, mas sim elemento mítico que compõe a cosmologia desse povo.
A alternativa [B] está incorreta pois, ainda que a cosmologia Kambeba possa ser interpretada a partir de
um viés religioso pelas culturas não indígenas, não significa que o rio seja visto por esse povo como
“herança sacralizada”. Para o povo Kambeba, o rio é parte de sua origem e tradição.
A alternativa [C] está incorreta pois o valor que o rio representa para o povo Kambeba não se resume à
elementos estéticos ou paisagísticos. Observar o rio, para eles, é entrar em contato com uma sabedoria
milenar e cultural, mais do que simplesmente observar algo belo ou bucólico.
A alternativa [D] está incorreta pois o texto revela que o rio possui significado para o povo Kambeba
enquanto um coletivo. O valor cultural do rio possui importância para além do nível individual,
construindo a identidade do povo Kambeba como um todo. Ainda, esta identidade não possui caráter
efêmero.
Resposta da questão 4:
[C]
A alternativa [A] está incorreta pois a religiosidade dos povos Inca, Asteca e Maia não era de matriz
cristã. Cabe lembrar que o cristianismo chegou ao continente americano apenas com os espanhóis e
portugueses.
A alternativa [B] está incorreta pois materiais bélicos não foram deixados pelos povos Inca, Asteca e
Maia. Ainda, as batalhas coloniais representaram enormes perdas para esses povos.
A alternativa [D] está incorreta pois a cultura Asteca, Inca e Maia não era baseada em estilos
estrangeiros. Ao contrário, o contato desses povos com outras culturas é conhecido apenas a partir da
chegada dos espanhóis.
A alternativa [E] está incorreta pois, ainda que os povos Asteca, Inca e Maia possuíssem suas práticas
medicinais, não é correto afirmar que tais práticas se baseavam no conhecimento “científico”, já que a
ciência, como conhecemos, é uma prática originalmente ocidental alicerçada em métodos específicos.
Resposta da questão 5:
[B]
Resposta da questão 6:
[D]
Resposta da questão 7:
[B]
Resposta da questão 8:
[A]
Resposta da questão 9:
[E]
A atuação dos trabalhadores mencionados no texto insere-se no contexto de crise do Segundo Reinado,
entre as décadas de 1870 e 1880. Tal crise contou com vários elementos, dentre os quais a oposição de
republicanos, abolicionistas e militares, em um cenário que vai levar a queda do Imperador.
O texto é direto ao associar o aumento das atividades socioculturais femininas ao surgimento de novas
práticas culturais no Império, como a imprensa feminina.
O DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda –, criado durante o Estado Novo, tinha como funções
básicas exaltar a figura de Vargas e impedir que qualquer notícia ou acontecimento contrários a ele
viessem à tona. Nesse sentido, esse órgão promovia um controle ideológico sobre os meios de
comunicação e sobre os meios culturais do país, em especial a partir da censura.
O texto trata do crescimento, entre os senhores de escravos, do entendimento do valor material dos
cativos. Nesse sentido, Manuais Escravistas passaram a ser escritos com o intuito de racionalizar a
administração dos cativos, uma vez que o cativo saudável aumentava a lucratividade e a exploração por
parte de seu senhor.
Ambos os textos mostram experiências criadas a partir do catolicismo pelo povo. No texto I destaca-se a
transformação da cidade de Juazeiro em um local de culto ao Padre Cícero e à beata Maria de Araújo.
No texto II destaca-se a crença nas graças e bençãos relacionadas a objetos transformados em sagrados,
como os paninhos manchados de sangue.
A questão trata de Patrimônio Histórico. O texto busca dar aos objetos que habitam os museus vida
própria a partir da sua importância histórica e, também, da importância histórica daqueles que os
criaram.
O rito mencionado nos textos é o Auto da Fé, praticado pela Igreja Católica durante muito tempo. Tal
rito tinha função pedagógica e punitiva, a partir da afirmação da autoridade da Inquisição sobre os fiéis.
Sendo assim, o rito também acabava por formar padrões de conduta junto aos católicos, uma vez que
determinava os comportamentos considerados aceitáveis ao longo da cerimônia.
Ao apontar que os jesuítas mesclavam conhecimentos médicos europeus e indígenas, o texto enfatiza
que esses saberes, além de configurarem uma conjugação de conhecimentos culturais, eram, na sua
essência, empíricos, uma vez que os padres não eram formados em medicina.
A ordem real para banir o povo cigano – minoria em Portugal e em boa parte da Europa,
costumeiramente perseguida cultural e socialmente – mostra como, fazendo uso do Absolutismo
Monárquico, um Rei podia impor sua cultura e seus costumes a todos no seu Reino.
No anúncio de jornal foi explicado que essa era a segunda vez que o citado escravo fugia e que, na
primeira vez, ele havia se passado por forro para ser empregado em uma fazenda. Logo, identificamos a
criação de relações de trabalho como uma forma de resistência escrava.
Podemos perceber, pelo texto, que a tensão que pairava entre Brasil e Inglaterra na década de 1850
concentrava-se na insistência inglesa em impedir o tráfico negreiro feito por ou para o Brasil, através da
Lei Aberdeen (inglesa) e da Lei Eusébio de Queiróz (brasileira).
A criação das instituições citadas tinha por função auxiliar o governo brasileiro a entender e desvendar
as diferentes realidades regionais do país, uma vez que o Brasil possui dimensões continentais.
Costumamos dizer que Vargas “virou o jogo” depois de morto, uma vez que seu suicídio causou enorme
comoção popular, o que fez com que seus adversários públicos – Carlos Lacerda, a UDN e os militares –
tivessem que recuar politicamente em 1954.
Na passagem da Alta para a Baixa Idade Média, algumas mudanças de hábito, bem como o crescimento
populacional – aliado a um crescimento urbano mal planejado – acabaram por contribuir para a
ocorrência recorrente de incêndios, o que levou as populações a ter que reconfigurar espaços e
construções e a desenvolver novas formas de convívio.
Os caminhos de Francisco de Assis e dos movimentos heréticos se cruzam na Baixa Idade Média na
medida em que ambos questionavam os desvios da Igreja Católica, como a vida sem regras, a
ostentação e o afastamento dos dogmas iniciais.
Questão respondida com base na interpretação de texto. Enquanto José Murilo de Carvalho defende
que a unidade territorial do Brasil é resultado da transferência da estrutura burocrática portuguesa para
cá, Alfredo Ávila Rueda afirma que a existência de universidades e a circulação maior de impressos
contribuiu para a fragmentação territorial da América Espanhola.
Resposta da questão 27:
[B]
O texto fala sobre a expansão territorial romana durante o período da República. A partir de tal
expansão, houve o avanço das fronteiras extrapeninsulares – a ponto de os romanos passarem a chamar
o Mar Mediterrâneo de Mare Nostrum – e o crescimento da escravidão de guerra em Roma.
Questão respondida pela temporalidade. No século XVIII, o Brasil vivia o Ciclo do Ouro, que forçou o
deslocamento de mão de obra escrava do Nordeste para o Sudeste.