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CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – FACISA


CURSO DE RELAÇÔES PÚBLICAS

FATO SOCIAL

Anália Maria Simão da Rocha


Daisymara da Silva Pereira
Luciani de Oliveira
Maria Aparecida Moura
Natália Miranda
Sandra Maria de Castro

MARÇO/2008
CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – FACISA
CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS

FATO SOCIAL

RELATÓRIO APRESENTADO AO
CURSO DE COMUNICAÇÃO
SOCIAL - RELAÇÕES PÚBLICAS-
DO CENTRO UNIVERSITÁRIO
NEWTON PAIVA COMO
REQUISITO DE APROVAÇÃO NA
DISCIPLINA DE COMUNICAÇÃO E
SOCIEDADE SOB ORIENTAÇÃO
DA PROFESSORA RUTH RIBEIRO.

MARÇO/2008
FATO SOCIAL
“Quanto mais Complexa e diversificada uma
sociedade, maior a necessidade de regras que
equilibrem direitos deveres e privilégios.”
Roberto DaMatta, Antropólogo.

BIOGRAFIA:

D avid Émile Durkheim nasceu em 15 de abril de 1858, em Épinal, na França, de


família judia. Formou-se em Direito, Economia e estudou na Escola Superior
de Paris, onde fez doutorado em Filosofia. Dedicou-se à Sociologia quando esta era
vista com restrições na França. Em 1885 foi para a Alemanha e ocupou a primeira
cadeira de Sociologia na Universidade de Bordéus, em 1887.
Em 1902, foi convidado a lecionar Sociologia e Pedagogia em Sorbonne. É
considerado o fundador da Sociologia Moderna. Ressaltou-se pelo seu sistema
sociológico implementando a Sociologia como Ciência, a realidade dos fenômenos
coletivos, o fato social e suas características.
Suas obras mais conhecidas são: A Divisão do Trabalho Social em 1893, As
Regras do Método Sociológico em 1894 e O Suicídio em 1897. Ressaltando que ele
foi um grande defensor do Realismo Sociológico.
Morreu em Paris, em 15 de novembro de 1917, com 59 anos.

FATO SOCIAL:

O trabalho de Durkheim se principia na reflexão e no reconhecimento da


existência de uma “Consciência Coletiva”. Ele parte do principio que o homem seria
apenas um animal selvagem que só se tornou humano porque passou a ser
sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu
grupo social para poder conviverem no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de “socialização”, a
consciência coletiva seria, então, formada durante a nossa socialização sendo
composta por tudo aquilo que habita as nossas mentes e que serve para nos orientar
como devemos ser, sentir e nos comportar. E esse “tudo” ele chamou de “Fatos
Sociais”, e disse que eram esses os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
Consideram-se Fato Social, todos os fenômenos da Sociedade que
regulamentam e condicionam as ações e comportamento do indivíduo,
caracterizando-o como um ser sociável. Para consolidação da sua existência é
necessária uma base formada com as seguintes características: Coercitividade,
Exterioridade e Generalidade.

 Coercitividade: é a imposição de regras e procedimentos impostos


pelos padrões culturais que os indivíduos integram, obrigando-os a
cumprir.

 Exterioridade: Caracterizada pelo fato das regras impostas ao indivíduo


serem anteriores à sua existência e independente de sua consciência ou
vontade.

 Generalidade: A existência do Fato Social é de caráter coletivo e não


individual, ou seja, se aplica a sociedade como um todo.

Todo grupo social, independente da sua complexidade, necessita de regras


para sua evolução. A imposição dessas regras tem a sua inicialização na infância,
pois desde o nascimento a criança é imposta às normas para a sua adaptação ao
meio que está inserido.
Em seus estudos Durkheim conclui que os fatos sociais atingem toda
sociedade, o que só é possível se admitirmos que a sociedade um todo integrado.
Assim sendo, qualquer alteração afeta toda a sociedade. Partindo deste raciocínio
ele desenvolve dois dos seus principais conceitos: Instituição Social e Anomia.
A instituição social é um mecanismo de proteção à sociedade que visa manter
a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele
participam. São conservadoras por essência (família, escola, governo, etc.) agem
fazendo força contra as mudanças pela manutenção da ordem. Segundo Durkheim
uma sociedade sem regras claras, valores ou limites estariam em estado de anomia
o que levaria o homem ao desespero. A anomia é o estado de uma sociedade
caracterizada pela desintegração das normas que regem as condutas dos homens
que asseguram a ordem social, anarquia e ilegalidade; sendo a mesma uma grande
inimiga da sociedade, devendo, portanto ser vencida. E a Sociologia era um meio
para isso. Os estudos de Durkheim foram fundamentais para o desenvolvimento da
obra de outro grande homem: Freud.

Os Fatos Sociais podem ser divididos em duas partes: Normal e Patológico.

 Normal: quando voltado a um tipo social delimitado. Por exemplo, numa


sociedade isolada das grandes civilizações, são aceitas certas atitudes,
comportamentos e costumes que são “normais” aos habitantes desta.

 Patológico: é aquele que avança esta taxa dita “normal” e que causa
estranheza a um determinado grupo social. Exemplo: O alto índice de suicídio de
jovem no Japão.

“É um fato Social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer


sobre o indivíduo uma coação exterior.” Ou ainda, “que é geral no conjunto de uma
dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das
suas manifestações individuais.” Assim como, todas as maneiras de ser, fazer,
pensar, agir e sentir desde que compartilhadas coletivamente. Variam de cultura
para cultura e tem como base moral social, estabelecendo um conjunto de regras
determinando o que é certo ou errado, permitido ou proibido.

“Os Fatos deviam ser tratados como coisas!”


Emile Durkheim
O Voto

O Voto se enquadra como exemplo de Fato Social por apresentar


características de Coercitividade, Exterioridade e Generalidade.
Assim, olhando voto e eleições através de diferentes filtros - classe, etnia,
família, vizinhança e considerando tanto os discursos como os processos e relações
que subjazem a esses discursos, os autores acabam alcançando seu objetivo,
fazendo do voto um tipo de fato social total que revela as especificidades simbólicas
e sociais do contexto político brasileiro.
No Brasil o voto é obrigatório em todos os estados. O cidadão, que porventura
optar por não votar ou não justificar seu voto, estará sujeito às punições legais:
cancelamento de Título Eleitoral, proibição na participação de concursos públicos,
obtenção de passaporte, entre outros.
Estas imposições são involuntárias aos indivíduos, cabendo aos mesmos
adaptar-se às normas impostas sem o poder de resistência.
A história do voto no Brasil começou 32 anos após Cabral ter desembarcado
no País. Foi no dia 23 de janeiro de 1532 que os moradores da primeira vila fundada
na colônia portuguesa - São Vicente, em São Paulo - foram às urnas para eleger o
Conselho Municipal.
A votação foi indireta: o povo elegeu seis representantes, que, em seguida,
escolheram os oficiais do Conselho. Já naquela época, era proibida a presença de
autoridades do Reino nos locais de votação, para evitar que os eleitores fossem
intimidados. As eleições eram orientadas por uma legislação de Portugal - o Livro
das Ordenações, elaborado em 1603.
Os eleitores eram os homens livres e, diferentemente de outras épocas da
história do Brasil, os analfabetos também podiam votar. Os partidos políticos não
existiam e o voto não era secreto. 
Com a independência do Brasil de Portugal, foi elaborada a primeira
legislação eleitoral brasileira, por ordem de Dom Pedro I. Essa lei seria utilizada na
eleição da Assembléia Geral Constituinte de 1824.
 Os períodos colonial e imperial foram marcados pelo chamado voto censitário
e por episódios freqüentes de fraudes eleitorais. Havia, por exemplo, o voto por
procuração, no qual o eleitor transferia seu direito de voto para outra pessoa.
Em mais uma medida moralizadora, o título de eleitor foi instituído em 1881,
por meio da chamada Lei Saraiva. Mas o novo documento não adiantou muito: os
casos de fraude continuaram a acontecer porque o título não possuía a foto do
eleitor.
As leis já refletiam a preocupação de que realmente se apurasse a vontade
daqueles poucos que integravam o universo dos eleitores. Mas, sem dúvida alguma,
era um processo eleitoral direcionado, que não revelava um nível sequer razoável de
exercício de democracia.
Depois da Proclamação da República, em 1889, o voto ainda não era direito
de todos. Menores de 21 anos, mulheres, analfabetos, mendigos, soldados rasos,
indígenas e integrantes do clero estavam impedidos de votar.
 Em 1932, foi instituída uma nova legislação eleitoral e as mulheres
conquistaram o direito ao voto. A professora Ana Maria Amarante, juíza do Tribunal
Regional Eleitoral do Distrito Federal, analisa essa difícil conquista: "A mulher
conquistou o direito ao voto, mas pouco pode exercê-lo durante um período bastante
longo. Só com a redemocratização de 1945 é que se abririam os horizontes para o
pleno exercício do sufrágio feminino", afirma.
 Somente em 1955, a Justiça Eleitoral encarregou-se de produzir as cédulas.
E para diminuir as fraudes, começou a ser exigida a foto no título eleitoral.
 O golpe militar de 1964 impediu a manifestação mais legítima de cidadania,
ao proibir o voto direto para presidente da República e representantes de outros
cargos majoritários, como governador, prefeito e senador. Apenas deputados
federais, estaduais e vereadores eram escolhidos pelas urnas.
Década de 80: as Diretas-Já. Em 1984, milhares de pessoas foram às ruas
exigir a volta das eleições diretas para presidente. A juíza do Tribunal Regional
Eleitoral do Distrito Federal, Ana Maria Amarante, explica que, apesar dos apelos, a
emenda das Diretas não foi aprovada naquele período porque não era conveniente
para importantes lideranças, não apenas militares.
 Fim do regime militar. Em 1985, o primeiro presidente civil após o Golpe de
64 foi eleito: Tancredo Neves. Apesar de indireta, sua escolha entusiasmou a
maioria dos brasileiros, marcando o fim do Regime Militar e o início da
redemocratização do País. Com a morte de Tancredo, logo após sua eleição a
presidência foi ocupada pelo vice, José Sarney, que, ironicamente, era um dos
principais líderes da Arena, partido que apoiava o Regime Militar.
 Apesar disso, o período conhecido como Nova República trouxe avanços
importantes: ainda em 1985, uma emenda constitucional restabeleceu eleições
diretas para a presidência e para as prefeituras das cidades consideradas como área
de segurança nacional pelo Regime Militar. A emenda também concedeu direito de
voto aos maiores de 16 anos e, pela primeira vez na história republicana, os
analfabetos também passaram a votar, um dos grandes avanços das eleições.
 A década de 90 trouxe uma grande novidade na história do voto no Brasil: as
urnas eletrônicas. Em 1996, elas foram utilizadas pela primeira vez nas eleições
municipais e, em 2000, foram introduzidas em todo o País. 
Hoje, há um consenso entre os historiadores e as autoridades ligadas à
questão eleitoral de que o sistema brasileiro é um dos mais avançados do mundo.
Um exemplo disso é que observadores dos Estados Unidos vieram ao País para
aprender sobre o voto eletrônico. Ainda assim, o Legislativo brasileiro estuda uma
série de mudanças para aprimorar o sistema, entre elas, a fidelidade partidária e o
financiamento público das campanhas.  
Neste ano, o Brasil volta às urnas, tornando o País uma das maiores
democracias do mundo. São 19 anos ininterruptos em que o eleitor escolhe seus
representantes por meio do voto. Nessas eleições, mais de 119 milhões de eleitores
estarão exercendo esse legítimo direito.

A Valorização do Voto

“Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente”. Constituição da República, 5 de outubro de 1988 1
Com base na Constituição da República vigente, e dentro do modelo de
Estado Democrático, nosso país periodicamente se mobiliza para escolha dos
representantes da população na estrutura do Estado. O processo que participamos
hoje, resultado da conquista dos movimentos sociais.

1
Parágrafo Único do artigo 1º da Constituição da República, 5 de outubro de 1988.
Através do voto, o cidadão tem a prerrogativa de exercer seu poder de
escolha sobre a composição do Governo, ou seja, do grupo que ocupará durante um
período, os órgãos do Estado, teoricamente, em função do bem comum, que deveria
ser a grande função daquele governo eleito. “Voto é poder. Voto é o verbo mais
vigoroso do cidadão. É sua voz que se faz soar para a plenificação da democracia
representativa.”

Mas, como qualquer sistema político, a Democracia Representativa deve ser


avaliada pelo que tem sido a sua aplicação na prática. “O voto se sujeita a todas as
insidiosas manifestações de corrupção neste que é sempre o seu terreno mais
fecundo: o poder”.

Entre a liberdade do cidadão e a sua manifestação externa pelo voto, muitas


vontades e interesses podem pender e buscar mudar, assim, o curso da vontade que
se quer expressar nele. Na prática, o processo de eleição dos representantes dos
cidadãos é dominado pelos partidos políticos de maior poder, que se encarregam de
polarizar a sociedade. Estes partidos escolhem os candidatos geralmente pela sua
fidelidade ao líder, ou como pagamento de favores prestados ao partido, e não pela
sua representatividade e integridade.

Campanhas pela Valorização do Voto e pela Ética na Política já vêm sendo


desenvolvidas em eleições anteriores, para exigir de candidatos comportamentos
éticos na condução de suas campanhas. Nas eleições anteriores, a Ordem dos
Advogados do Brasil, Seccional de São Paulo, fez um apelo aos cidadãos para que
estes acompanhassem de perto o desenvolvimento das campanhas eleitorais,
prestando como orientações:

 Há de se exigir plataformas eleitorais que venham atender às


verdadeiras e legítimas aspirações dos grupamentos sociais. E que possam
efetivamente ser implantadas, com apresentação de sólida argumentação para sua
viabilidade.
 Há de se atentar para a “espetacularização” das campanhas, fenômeno
que se observa por meio de recursos técnicos fantasiosos, discursos mirabolantes,
efeitos emotivos e ações de impacto com o objetivo de enganar o eleitorado.
 Há de se buscar a plena transparência das campanhas, com a
exposição aberta de receitas, despesas e recursos, obrigando-se o candidato ao
cumprimento da legislação eleitoral.

 A lisura de comportamentos e atitudes implica, ainda, o respeito mútuo


entre adversários, o compromisso com a verdade, evitando-se acusações
irresponsáveis, frívolas e desrespeitosas à honra e à dignidade dos participantes
políticos.

 A denúncia e a comprovação de práticas ilícitas e corruptas de


candidatos e/ou detentores de mandato nos Poderes Executivo e Legislativo, feitas
pelos órgãos competentes da sociedade organizada, devem obrigá-los ao ato de
renúncia à candidatura e/ou ao mandato, razão pela qual o eleitor deve permanecer
atento ao comportamento dos agentes políticos.

Esforços são continuamente necessários para que a sociedade valorize esta


oportunidade de escolha e que cada um, no ato da votação, tenha plena consciência
e informação para boas escolhas. No momento que apertamos o sim, depositamos
ali a nossa vontade de construir uma sociedade justa, fraterna, com desenvolvimento
e qualidade de vida para todos e é preciso que a justiça prevaleça. O momento do
voto é de reflexão quanto ao destino político de nossa sociedade, por isso não
devemos negociar nossa esperança ou vender nossa alma.

"Voto não tem preço, tem conseqüências".

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