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Visão da sociedade para Émile Durkheim

David Émile Durkheim é considerado um clássico da sociologia, porque ele foi um dos
principais pensadores, um dos fundadores de todo o pensamento sociológico no final do
século 19, início do século XX. Ele nasceu em 1858, na França, em uma região de
Fronteira com a Alemanha, na cidade de Épinal. Então, durante toda sua infância e
adolescência ele vivenciou muito caos social, muita desordem por conta dos conflitos
que existiam no local em que morava. Isso acaba levando com que ele, em sua formação
de psicólogo, filósofo e sociólogo, procura-se formular as regras do método sociológico
a fim de emancipar a ciência da sociologia de modo autônomo, tornando assim possível
que se usasse dessa ciência para compreensão dos conflitos sociais, para o entendimento
da sociedade e então para que possibilita se, desse modo, os cientistas resolverem os
problemas sociais que ali se encontravam. Émile Durkheim produziu muitos estudos na
área da educação, ele foi professor de pedagogia por muito tempo, mas também exerceu
funções na área da economia e da religião. É visto que ele tinha grande preocupação
com a ordem social, com o bom funcionamento da sociedade e com a moral.

Durkheim utiliza o método funcionalista. Ele vivia em um momento histórico onde


havia grande influência do positivismo de Augusto Conte, uma perspectiva que valoriza
a ciência entendendo-a como o ponto máximo de desenvolvimento da sociedade, que
ela resolveria os problemas da sociedade com ordem, e só com a resolução desses
problemas, a comunidade poderia progredir. O organicismo que compreendia a
sociedade como um organismo vivo, em que cada parte desta sociedade desempenha
uma função essencial para que todo o corpo social se mantenha bem. E como influência
também tem o Evolucionismo, que começou na biologia, com o Charles Darwin; mas
que com o tempo ele foi sendo adaptado por Herbert Spencer e Francis Galton; esse
pensamento acabou gerando alguns conflitos porque ele era muito visto como
preconceituoso, determinista e bem problemático quando aplicado as regras da
sociedade e da dinamicidade que existe dentro do corpo social; visto inclusive como
como pensamento etnocentrista, que colocava a sociedade europeia no centro desta
perspectiva de mundo desenvolvido. O método funcionalista traz a perspectiva de que é
importante perceber como as coisas funcionam, ou seja, saber quais são suas regras e
suas leis. Ele defende a neutralidade e a objetividade absoluta extrema. Nessa
perspectiva o sociólogo precisa se distanciar do seu objeto de pesquisa, que deve ser
visto como um (negócio; coisa) separada da realidade do pesquisador. O fato social, que
seria esse (negócio; coisa) ele deve ser tratado de forma distante, ou seja, não deve fazer
nenhuma forma de juízos de valor sobre esses fatos sociais. Então por mais que alguma
realidade pesquisada, alguma situação em que o cientista está se debruçando, seja uma
circunstância que vá contra os valores, as crenças daquele pesquisador, o Durkheim
acredita que esse pesquisador tem que saber se manter afastado emocionalmente destes
aspectos que ele está pesquisando.

Na perspectiva de Émile Durkheim, a sociedade prevalece sobre o indivíduo. Isso quer


dizer que a pessoa não tem tanta autonomia quanto ela pensa que tem. A maneira com
que esse sujeito pensa, age e inclusive como ele sente as suas emoções, está sendo
determinada, influenciada pela coletividade na qual esse indivíduo está inserido. Por
isso Durkheim se preocupa com três aspectos fundamentais para o bom funcionamento
da manutenção da ordem dessa comunidade. O primeiro deles é a coesão social, que é
quando todas as peças estão se encaixando, um bom funcionamento, um bom equilíbrio
entre toda a estrutura e toda integração social, ou seja, as leis, as normas, as regras, elas
que são dinâmicas e necessárias são respeitadas pelo tudo social, todos estão falando na
mesma língua. O segundo aspecto é a consciência coletiva, que é a forma moral vigente,
ela é todo esse conjunto das regras sociais estabelecidas, atribuem a todo momento
valores e operam em um consenso dentro da sociedade. Então a consciência coletiva são
aquelas percepções que nós temos enquanto próprias da nossa realidade, por isso que
todos seguimos as mesmas leis, as mesmas normas, porque todos temos as mesmas
expectativas sobre o comportamento da sociedade, o nosso comportamento social e o
comportamento dos outros que. O terceiro aspecto é a integração social, quando estamos
seguindo essa mesma coesão e partilhando dessa consciência coletiva, ou seja, é quando
há aí um sentido de significado, de propósito para a vida de todos. Nós conseguimos
seguir as mesmas leis, as mesmas regras, e nós entendemos o quanto isso é importante
para o bom funcionamento da nossa sociedade. Isso tudo permite um suporte social que
vai evitar aí que ocorram personalidades ou comportamentos desviantes, de pessoas que
não se encaixam nessas regras, nessas normas e nessas expectativas.

O Durkheim estabeleceu a solidariedade mecânica e orgânica. Ele dizia que a


solidariedade provém da divisão social do trabalho. A sociedade cresceu e os papeis de
cada um nela também cresceram decorrentes da evolução humana e da diferenciação
dos papeis dentro da sociedade. Assim ele estabeleceu a primeira espécie como
solidariedade mecânica e a segunda como orgânica. Na primeira ele diz que a uma
ligação do indivíduo diretamente a sociedade, já na orgânica a sociedade vai depender
das partes e dos indivíduos que compõe para ter um bom funcionamento.

Para Durkheim a revolução industrial é um ponto chave da teoria dele para separar o
tipo de trabalho em solidariedade mecânica e orgânica. A solidariedade mecânica
consiste em sociedades pré-capitalistas um pouco mais primitivas, menos avançadas,
que funcionavam como um tipo de engrenagem simples, por isso o nome mecânica. É
um mecanismo um pouco mais simples em que a sociedade está funcionando. Pensa
então, que na solidariedade mecânica as pessoas não tinham tanto acesso a produtos
industrializados e o trabalho ele funcionava de uma maneira menos dividida, ou seja,
não tinha muita complexidade. Então ele é muito mais simplificado. Na solidariedade
mecânica as pessoas estavam vivendo antes da revolução industrial, então elas teriam
que conhecer esse processo do trabalho para poder garantir a sua subsistência. Essas
sociedades que contam com uma solidariedade mecânica estão mais apoiadas nas
tradições que passam de gerações em gerações para poder saber no que consiste, precisa
haver plena consciência de todo o processo produtivo de uma maneira muito mais
global e coletiva também, porque as pessoas teriam que fazer essa engrenagem coletiva
funcionar. Nessa mesma sociedade o direito entra como mais primitivo e punitivo, por
que quando uma pessoa age contra o grupo, entende-se que ele está agindo por interesse
próprio, prejudicando aquela comunidade e deve ser punida por isso, inclusive essa
punição serve também para educar a população para que ela não siga o mesmo exemplo
da pessoa que errou.

Depois da revolução industrial a sociedade passou a ser muito mais complexa, porque
as pessoas já não faziam tudo que era da demanda delas, elas precisavam comprar
muitas coisas, por isso, a sociedade orgânica, pensando nela funcionando como um
corpo humano, se você tirar um órgão e deixar ele de fora, esse órgão não vai sobreviver
e o corpo humano também não. E é esse organismo que o Durkheim tentava ilustrar,
numa sociedade com a solidariedade orgânica, que é mais desenvolvida e vem nas
sociedades mais capitalistas. Então passou a se ter um alto grau de divisão do trabalho,
as pessoas ficavam muito restritas a realizar apenas um tipo de trabalho, um trabalho
mais complexo. Se antes essa pessoa sabia todo o processo produtivo de um produto,
agora ela já não conhece mais, porque ela compra esse produto e ela não tem meios para
poder fazer. Então a sociedade começa a ficar também muito mais individualista e o
trabalho muito mais interdependente, ou seja, muitas vezes um trabalho realizado aqui
vai depender do trabalho de outras pessoas. Com essa divisão do trabalho já tem uma
nova maneira de se fazer o direito, que vai ser restritivo e readaptativo, porque quando
alguém age contra a sociedade por interesse particular ele vai ter os seus direitos
restringidos e terá uma espécie de reeducação. Então essa sociedade que é inclusive a
que nós vivemos hoje que está numa solidariedade orgânica. Ela é totalmente, apesar de
individualista, interdependente. O trabalho de uma depende do trabalho de outras
pessoas.

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