Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ijuí (RS)
2015
2
Ijuí (RS)
2015
3
AGRADECIMENTOS
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso faz uma exposição e análise de alguns dos
principais movimentos sociais ocorridos principalmente no Brasil e, verificando registros de
como foi sua evolução ao longo do tempo, como estes movimentos influenciaram na
efetivação de direitos humanos. Dos inúmeros movimentos, e de suas diversidades, como
estes movimentos conquistaram não somente seu espaço, mas a efetivação de suas propostas,
e sua consequente eficácia no ordenamento jurídico brasileiro..
ABSTRACT
This course conclusion work is an exposition and analysis of some of the major social
movements mainly occurred in Brazil and checking records of how it was its evolution over
time, as these movements influenced the realization of human rights. The numerous
movements, and their diversity, as these movements have gained not only their space, but the
effectiveness of their proposals, and their consequent effect in the Brazilian legal system ..
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .....................................................................................................................09
2. DIREITOS HUMANOS.....................................................................................................21
2.1 Apontamentos históricos..................................................................................................21
2.2 Gerações de direitos humanos ........................................................................................27
2.2.1 Direitos humanos de primeira dimensão .....................................................................27
2.2.2 Direito humanos de segunda dimensão........................................................................28
2.2.3 Direito humanos de terceira dimensão..........................................................................29
2.2.4 Direito humanos de quarta dimensão...........................................................................31
CONCLUSÃO ........................................................................................................................41
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................43
9
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo verificar os movimentos sociais, a sua história e
evolução, mas principalmente como esses movimentos influenciaram na efetivação dos
Direitos Humanos. Os movimentos sociais que ocorrem hoje são decorrentes dos movimentos
das mais antigas civilizações é o somatório de lutas que acompanham o homem através dos
tempos, em busca da garantia de direitos humanos.
1 MOVIMENTOS SOCIAIS
A presente pesquisa procura retratar sobre os movimentos sociais e sua influencia das
conquistas nos direitos humanos, dai a importância de conhecer a história da humanidade para
que possa entender como se desenvolveu ao longo dos anos as conquistas dos homens no que
diz respeito aos seus direitos fundamentais, ou como alguns autores referem os direitos
humanos.
Movimentos sociais é a expressão técnica pela qual, grupos de uma sociedade lutam
por interesses coletivos, a manutenção de direitos conquistados e por outros aos quais
entendem que lhes são justos.
Muitos conflitos e lutas travadas no decorrer dos séculos até o período atual, muitas
evoluções ocorreram nas áreas politica, econômica, sociais e por que não dizer jurídica,
mudanças lentas, mas que permitiu avançar gradualmente nas conquistas dos direitos
humanos, que procurava melhorar a sobrevivência individual, gradativamente o coletivo se
tornou uma forma de melhor alcançar muitos direitos.
Importante entender como se construiu as conquistas ao longo dos tempos, para que os
erros cometidos no passado não se repitam, esses movimentos sociais desencadearam as
maiores conquistas dos direitos humanos, a concretização dos direitos humanos, que
permitiram à sociedade e o Estado modernos parâmetros de desenvolvimento e ação.
movimentos sociais são a ação conflitante de agentes das classes sociais, lutando
pelo controle do sistema de ação histórica". Para o autor, em cada sociedade existe
um movimento social que encarna não uma simples mobilização mas um projeto de
mudança social.
A revolução de 1848 fez insurgir ainda mais os movimentos de massa, que atingiram
as principais cidades e capitais da Europa, e refletiram ainda em movimentos na América
Latina.
No Brasil desde o período colonial os movimentos sociais existiram nem sempre para
garantir direitos aos trabalhadores, mas na maioria das vezes com a participação destes, na
defesa de interesses patronais.
Dos apanhados sobre a história do Brasil colônia um dos primeiros e mais importantes
movimentos foi a confederação dos Tamoios, índios brasileiros que viviam na costa brasileira
e que lutaram contra a dominação dos colonizadores, resistências que ocorrem entre 1554 e
1567, movimento liderado pelos nativos Índios Tupinambás, contra a ocupação portuguesa no
Vale do Paraíba
A inconfidência mineira datada de 1789, uma das mais conhecidas revoltas, que
acabou por não acontecer por que três dos inconfidentes procuraram o governador e delataram
15
A Cabanagem foi uma revolta popular que aconteceu entre os anos de 1835 e 1840,
assim chamada, pois grande parte dos revoltosos era formada por pessoas pobres que
moravam em cabanas nas beiras dos rios da região e pelo sentimento de abandono com
relação ao governo central, os cabanos pretendiam obter melhores condições de vida
(trabalho, moradia, comida) (MORIM, 2014).
No sul do Brasil a Guerra dos Farrapos foi uma das mais longas (1835 a 1845) lutas
contra a pesada taxação do charque e do couro, tendo inclusive o rio grande do sul
proclamado sua independência. Exigindo voto livre e democrático, liberdade de imprensa e
trabalho para todos (MOVIMENTO..., 2015).
fértil para o messianismo e via crescer a insatisfação popular com a miséria e a insensibilidade
política (MOVIMENTO..., 2015).
A Revolução de 1930 e 1932 tinha a burguesia na sua base, com uma tímida
participação popular. Em 1934 em decorrência dos últimos movimentos, mesmo que
burgueses, faz-se a segunda Constituição Republicana (GONZALEZ, 2015).
O fato de colocarmos a termos os direitos conquistados não significa que estes sejam
mansamente alcançados, mesmo sendo declarados os direitos fundamentais em textos legais, a
luta para sua concretização ainda é muito presente. A exploração do ser humano que acontece
ao longo da história se repete de alguma forma desde os primórdios até os tempos atuais, as
formas de exploração evoluíram, e a busca para limitar essas formas de exploração e
excludentes para muitos não cessam.
o instrumento legal, por si só, não dá conta de impor o novo nessa relação. Esse
novo é estabilizado pelo movimento social, pelas reivindicações dos trabalhadores,
pela presença das classes subalternas na luta por verem reconhecidos seus interesses.
Esse novo o tempo todo está se debatendo com o velho.
17
Para Rocha (2015), o termo participação social faz parte de todos os projetos,
atendendo as mais diversificadas demandas, e segundo ele:
Conforme Alexandre Ciconello (2008, p. 2), citado por Rocha (2015, p. 134),
em artigo publicado pela Oxfam International (2008), sobre a articulação e estratégias usadas
na mobilização popular nos novos movimentos sociais, afirma ele:
Maria da Glória Gohn (2003), citada por Paulista (2015), diz que:
Neste período nasce a Central Única dos Trabalhadores - CUT e o Movimento dos
Sem Terra - MST, alguns movimentos estruturados ou não, reivindicam moradia, serviços
urbanos. Ainda nesse momento surgem grupos focados em determinados direitos, tais como
raça, sexo, movimento por meio ambiente, grupos religiosos.
Segundo Jose Murilo de Carvalho (apud ROCHA, 2015, p. 132) observa que:
Parece-nos que a década de 90 mais no seu final, todo aquele movimento existente nos
anos 80 por direitos e uma participação popular maior, a constituição federal acabou por
19
concretizar, no entanto, se observa também que começa por parte do poder público uma
transferência de responsabilidade para sociedade civil, tirando do estado a carga de
responsabilidade pelas decisões tomadas, o que poderia ser chamado de estado mínimo.
Os direitos, porém, não são uma dádiva, nem uma concessão. Foram ‘arrancados’
por lutas e operações políticas complexas. [...] não são uma doação dos poderosos,
mas um recurso com o qual os poderosos se adaptam às novas circunstancias
histórico-sociais, dobrando-se com isso, contraditoriamente, às exigências e pressões
20
Os movimentos sociais, embora tenham sofrido um desgaste entre outras causas pela
força da mídia que criminaliza os grupos que se reúnem em torno de praças e desfilam pelas
ruas das grandes e pequenas cidades, reivindicando de um estado mais presente, um estado
que concretize pelo menos as garantias que são constitucionais, não estão totalmente
desacreditados, e precisam continuar a pressionar as autoridades.
21
2. DIREITOS HUMANOS
Direitos humanos nas mais diversas definições tratam de direitos naturais, são
inerentes a todos os seres humanos, sem que haja distinção de raça, sexo, nacionalidade
idioma, religião ou qualquer outra condição.
O Rei persa Ciro II em 539 AC, após tomar a Babilônia sem batalha, contextualizou o
que representa a primeira declaração dos direitos humanos, que ficou conhecido pelo Cilindro
de Ciro, cilindro de barro que continha o decreto que permitiuo regresso dos povos exilados
22
na Babilônia as suas terras de origem. Descoberto pela ONU em meados de 1879 foi
traduzido para todos os idiomas oficiais reconhecidos pela ONU no ano de 1971
(ANTECEDENTES HISTÓRICOS....., 2015).
Siqueira e Piccirillo (2015), dizem que o cristianismo na Idade Média marca pela sua
luta na defesa da igualdade dos homens, nesta mesma época os cientistas cristãos
desenvolveram a teoria do direito natural, considerando o individuo como centro de tudo, a lei
divina é maior que a lei dos homens.
É com o cristianismo que todos os seres humanos, só por o serem e sem acepção de
condições, são considerados pessoas dotadas de um eminente valor. Criados a
imagem e semelhança de Deus, todos os homens e mulheres são chamados à
salvação através de Jesus, que, por eles, verteu o seu sangue. Criados à imagem e
semelhança de Deus, todos têm uma liberdade irrenunciável que nenhuma sujeição
política ou social pode destruir.
Nesse período muitas teorias com relação aos direitos do homem, como a teoria do
direito natural onde o indivíduo é o centro da ordem social e jurídica, mas (grifo nosso) a lei
divina está acima do direito do estado criado pelo imperador, rei ou príncipe.
No final da Idade Média, no século XIII, aparece a grande figura de Santo Tomás de
Aquino, que, tomando a vontade de Deus como fundamento dos direitos humanos,
condenou as violências e discriminações, dizendo que o ser humano tem direitos
naturais que devem ser sempre respeitados, chegando a afirmar o direito de rebelião
dos que forem submetidos a condições indignas (DALLARI, 2000 apud SIQUEIRA;
PICCIRILLO, 2015).
Na idade moderna, nos séculos XVII e XVIII, a relação do direito natural perde a
vinculação com a divindade, neste período os chamados racionalistas entendem que o homem
é livre por natureza, e possuidor de direitos que não se perdem em sociedade, esta teoria
inspirou o atual entendimento internacional de proteção dos direitos humanos.
23
A evolução destas correntes veio a dar frutos pela primeira vez na Inglaterra, e
depois nos Estados Unidos. A Magna Carta (1215) deu garantias contra a
arbitrariedade da Coroa, e influenciou diversos documentos, como por exemplo o
Acto Habeas Corpus (1679), que foi a primeira tentativa para impedir as detenções
ilegais. A Declaração Americana da Independência surgiu a 4 de Julho de 1776,
onde constavam os direitos naturais do ser humano que o poder político deve
respeitar, esta declaração teve como base a Declaração de Virgínia proclamada a 12
de Junho de 1776, onde estava expressa a noção de direitos individuais (SIQUEIRA;
PICCIRILLO, 2015).
[...] a tensão entre o papel do Estado e da sociedade civil e o tema dos direitos
humanos, nos anos 60 e 70 a violência arbitrária do Estado e o desrespeito às
garantias fundamentais fez com que indivíduos e grupos se voltassem contra o
regime autoritário em nome da defesa dos direitos humanos. As primeiras comissões
de Justiça e Paz foram instituídas pela igreja católica a partir da década de 70 e
denunciaram a tortura e os assassinatos de dissidentes e presos políticos, revelando
as condições aviltantes das prisões brasileiras. Nesta perspectiva, a Comissão de
Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo exerceu um papel especialmente
significativo. (SACAVINO, 2015).
A década de oitenta é marcada pela Constituição de 1988: elo entre o período ditatorial
e a nova etapa de construção democrática, foi uma conquista aos anseios de liberdade de todo
o povo, é a concretização legal da justiça social, e o amparo à proteção e dignidade humana,
trouxe consigo a inclusão social daqueles desassistidos até então, nasce assim a constituição
cidadã.
afirma que, sem sombra de dúvida, essa Constituição, pela intensa participação
popular assim como pelo conteúdo, é a mais democrática de todas que o Brasil já
teve. Houve condições para dar ao Brasil uma Constituição democrática e
comprometida com a supremacia do direito e a promoção da justiça e isso foi feito
pelos constituintes.
Maria da Glória Gohn, citada por Juliana Pinto Carvalhalos (2015), diz que os anos
80 foram muito ricos sob o aspecto das “experiências político-sociais”: a luta pelas
Diretas-Já em 1984 e pela implantação de um calendário político que trouxesse de
volta as eleições para a Presidência do país, a luta pela redução do mandato
presidencial, o processo Constituinte, o surgimento das Centrais Sindicais
(CONCLAT, CGT, CUT, USIS, FORÇA SINDICAL), a criação de entidades
organizativas amplas do movimento popular (ANAMPOS, CONAN, PRÓ-
CENTRAL), o surgimento de inúmeros movimentos sociais em todo o território
nacional, abrangendo diversas e diferentes temáticas e problemáticas, como das
mulheres, negros, crianças, meio ambiente, saúde, transportes, moradia, estudantes,
idosos, aposentados, desempregados, ambulantes, escolas, creche, etc., todos, em
seu conjunto, revelavam a face de sujeitos até então ocultos ou com as vozes
sufocadas nas últimas décadas.
criminalidade sob a estrutura de um regime democrático, fazendo com que uma parcela da
sociedade se volte contra os direitos humanos. Nesta mesma década muitos movimentos
buscam através de legislação vigente a reabilitação e reparação para as vitimas do regime
militar ou seus familiares.
Desde o inicio do século XXI, há uma diversificação dos movimentos, uma busca por
inclusão social, politica e cultural, uma luta pela plena cidadania. É nesse cenário que vai se
delineando os novos direitos, estabelecendo novas práticas na composição do cotidiano.
Importante aqui destacar que alguns autores entendem que direitos humanos e direitos
fundamentais se confundem e no fim acabam por ser a mesma coisa, no entanto, há autores
que fazem uma separação em que direitos humanos atendem a uma comunidade internacional,
e os direitos fundamentais ficam delineados pelo estado de sua origem, é especifico de uma
nação.
27
[...] adota-se o entendimento de que uma geração de direitos não substitui a outra,
mas com ela interage. Isto é, afasta-se a idéia da sucessão “geracional” de direitos,
na medida em que acolhe a idéia da expansão, cumulação e fortalecimento dos
direitos humanos consagrados, todos essencialmente complementares e em
constante dinâmica de interação. Logo, apresentando os direitos humanos uma
unidade indivisível, revela-se esvaziado o direito à liberdade, quando não
assegurado o direito à igualdade e, por sua vez, esvaziado revela-se o direito à
igualdade, quando não assegurada a liberdade.
A expressão maior que faz referencia a liberdade individual da época esta no Código
Napoleônico do ano de 1804, o mais importante código privado da época a tratar dessa
geração. Os direitos sociais, econômicos e culturais, fundados nos princípios da igualdade
porém sem oposição ao estado, por isso positivo, são os direitos de segunda dimensão os
quais o estado garante a concessão a todos.
Esses direitos são como assevera Celso Lafer por Wolkmer (2001), direitos de crédito
do indivíduo em relação à coletividade.
Tais direitos – como o direito ao trabalho, à saúde, à educação – têm como sujeito
passivo o Estado, porque [...] foi a coletividade que assumiu a responsabilidade de
atendê-los. O titular desse direito, no entanto, continua sendo, como nos direitos de
primeira geração, o homem na sua individualidade.
Não menos importante para os avanços sociais são: a posição da Igreja Católica com
sua doutrina social (a Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, 1891); os efeitos
29
Na terceira dimensão dos direitos humanos, os direitos são coletivos e difusos, etapa
deixamos o homem o individuo para trás e passamos a tratar as relações de grupos, não
havendo classificação de público ou privado. Neste contexto, vão surgir duas interpretações
sobre os direitos meta-individuais. Na primeira interpretação que é abrangente o que se busca
é o desenvolvimento, paz, à autodeterminação dos povos, proteção ao meio ambiente, à
qualidade de vida, entre outros, na segunda interpretação que é especifica trata de direito a
titularidade coletiva e difusa, está faz um incremento nas questões de direito ambiental e
direito de consumidor.
Ensinam que os direitos meta-individuais, sob o ponto de vista subjetivo (ou seja,
quanto a sua titularidade), se caracterizam pela indeterminação dos titulares dos
interesses, indeterminação (um grupo mais ou menos indeterminado de
indivíduos)Do ponto de vista objetivo, tais direitos se caracterizam pela sua
indivisibilidade, ou seja, a satisfação ou lesão do interesse não se pode dar de modo
fracionado para um ou para alguns dos interessados e não para outros
A dificuldade de definir direitos difusos e coletivos que nem sempre foi muito clara,
usamos critérios subjetivos que pela maior ou menor indeterminação dos titulares do direito
chegamos ao que é difuso ou coletivo. O difuso direciona a realidade fática em que tem
satisfação comum de pessoas, e em relação ao direito coletivo trata de organizações sociais,
associações, etc.
Nesta fase de terceira dimensão ainda nas últimas décadas ocorreu uma diversificação
dos sujeitos coletivos, inseridos como direitos de gênero, tais como a dignidade da mulher,
direito de crianças, direitos de idosos ou terceira idade, as questões sobre deficientes físicos e
mentais, as relações religiosas, homossexuais, transexuais, e de etnias, fizeram surgir novas
discussões. O que encontramos de fundamentação para estes questões esta na Lei da Ação
Civil Pública (nº 7.347/85), na Constituição Brasileira de 1988, no Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei nº 8.069/90) e no Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei nº
8.078, de 11/09/1990).
Podemos dizer que nos anos 90 começam a surgir novos agentes de movimentos
identitários, quanto a gênero, portadores de necessidades especiais, étnico-raciais, religiosos
entre outros. Tanto na área urbana como rural há uma busca por melhores condições de
trabalho, moradia, acesso a equipamentos mesmo na forma coletiva, e ainda presente a
necessidade ter sua área de terra para cultivo. Os movimentos internacionais ou globais como
Fórum Social Mundial, Via-Campesina e outros fortalecem as discussões acerca dessas
reivindicações.
Outro movimento que por mais tradicional que seja ainda é muito presente, é a luta por
terras, trabalho e habitação, tanto na área rural como urbana, as associações de moradores, de
31
O marco para a sua visibilidade pública e sua irrupção nos meios de comunicação de
massa foram às manifestações de protesto que paralisaram a Cúpula da Organização Mundial
do Comércio (OMC), em Seattle, em 1998. O Movimento Antiglobalização inaugurou uma
nova gramática no repertório das demandas e dos conflitos sociais, inserindo seu ideário e o
debate sobre o capitalismo e os processos de globalização com seus efeitos no
aprofundamento das desigualdades sociais e econômicas bem como seus efeitos destrutivos
em relação ao meio ambiente. Uma expressão desse movimento é o Fórum Social Mundial 8 ,
que foge dos modelos habituais de representação e mobilização (GOHN, 2003, apud
MUTZENBERG, 2011).
além de humanistas e profissionais da saúde. Diz Norberto Bobbio, apud Wolkmer (2001)
serem direitos de “quarta geração”, espelhando os “efeitos cada vez mais traumáticos da
pesquisa biológica, que permitirá manipulações do patrimônio genético de cada indivíduo”
O direito a vida, por ser essencial ao ser humano, condiciona os demais direitos da
personalidade. A constituição de 1988, no artigo 5º caput, assegura a inviolabilidade
do direito a vida, ou seja, a integralidade existencial, consequentemente a vida é um
bem jurídico tutelado, como direito fundamental básico desde a concepção,
momento especifico, comprovado cientificamente, da formação da pessoa. Se assim
é, a vida humana deve ser protegida contra tudo e contra todos, pois é objeto de
direito personalíssimo[ ...]
As dimensões ou gerações, não podem ser vistas como partes, mas sim como uma
continuidade do processo evolutivo e do crescimento dos direitos humanos ao longo da
história, a medida que há uma evolução das teorias, uma evolução tecnológica, os direitos
avançam acompanhando as necessidades que vão surgindo.
33
Muito embora o Brasil tenha feito a adesão a diversos tratados de direitos humanos, e
tenha aberto espaço para uma discussão acerca do tema entre as medidas adotadas e a
cobrança internacional que existe, não foi suficiente para garantir a efetivação de direitos
humanos, está muito longe de atingir as necessidades primordiais, o sistema econômico que
se estabeleceu nas ultimas décadas, voltado à concentração de renda, não permitiu avanços
significativos nas politicas sociais, há um grande desrespeito com a dignidade humana, a
pobreza e a desigualdade é muito grande.
Casado Filho (2012), citado por Teixeira (2014), diz que os avanços obtidos até 1964,
quando iniciou o período ditatorial foram por assim dizer limitados, com os atos institucionais
34
houve um retrocesso nos direitos conquistados, além do que, conforme Herkenhoff (2011),
citado por Teixeira (2014) diz o regime que toma o poder desrespeita inclusive normas de
direitos humanos internacionais, fazendo prisões sem que os presos tivessem direito a defesa,
essas irregularidades se estenderam até 1979 quando da lei da anistia.
[...] Nunca haverá uma teoria completamente pronta e acabada sobre eles
(movimentos sociais). Trata-se de uma característica do próprio objeto de estudos.
Os movimentos são fluidos, fragmentados, perpassados por outros processos sociais.
Como uma teia de aranha eles tecem redes que se quebram facilmente, dada sua
fragilidade[...] Mas, sempre presentes. (p.343)
Com essa evolução ou ampliação de direitos que mencionamos, surgem novos grupos
de movimentos reivindicando seus direitos. Para os negros que há muito tempo lutam por uma
inclusão social, e surgem legislações especificas, são proporcionadas cotas, cotas estas que
permitem o acesso a educandários, a concursos públicos, entre outros meios que lhes é dado o
direito de participar mais efetivamente da sociedade, há uma inclusão social. Muito embora há
legislação protetiva para esses grupos, na mesma medida há um desrespeito social
Consta no Relatório Direitos Humanos sobre o Brasil no período de 2002 a 2005, uma
violação muito grande dos direitos humanos, o que a lei máxima do país estabelece como
garantia constitucional, é descumprida, ou seja, há uma grande dificuldade do poder público
fazer e cumprir com o que é fundamental para a dignidade humana. Saúde, educação, escola,
alimentação, moradia, segurança são deficitárias, uma grande parcela da população não tem
acesso (PASSOS, 2009).
humanos, nas mais diversas instâncias do poder publico e no campo da sociedade civil.
(TERRA DE DIREITOS, 2009).
Esboçar um panorama da situação atual dos direitos humanos no Brasil constitui tarefa
sobremaneira difícil, em decorrência da extraordinária diversidade e complexidade do quadro
e, além disso, por conta da sintomática falta de dados mais exatos, qualificados e de escala
nacional a respeito de uma série de indicadores que seriam cruciais para o entendimento da
realidade do país, como, por exemplo, as cifras sobre a letalidade policial, os dados
concernentes à superlotação no sistema prisional, os que permitiriam mapear de maneira mais
precisa a ocorrência das múltiplas formas de violência contra a mulher, ou os dados relativos
ao trabalho infantil e à exploração sexual de crianças e de adolescentes. Mas, a despeito das
dificuldades em questão, há um número crescente, ainda que insuficiente, de relatórios
quantitativos e/ou descritivos voltados a delinear e ilustrar a magnitude dos fenômenos que
resultam na violação sistemática ou na não efetivação das garantias jurídicas e políticas
consagradas sob o título de “direitos humanos”. Isto é, tem aumentado o número dos
relatórios, geralmente produzidos na academia ou por grupos da sociedade civil vinculados à
defesa dos direitos humanos, que, não obstante se revelem precários e limitados, tendendo a
subnotificar os processos de violação de direitos humanos, configuram recurso significativo e
indispensável que se tem à disposição para tornar público e inserir na agenda política nacional
o tema da promoção dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais (PASSOS,
2009)
3.2 A contribuição dos movimentos sociais para efetivação e eficácia dos direitos
humanos no Brasil
[...] não significa que a forma movimento social tradicional por excelência tenha
desaparecido [...]. Ou seja, o coletivo de atores em ação, em luta, com líderes, bases
demandatárias e assessorias, mobilizados e em ação direta por meio de atos de
protesto coletivo, existiu, existe e sempre existirá porque o grande conceito que os
articula e explica é o de luta social. E lutas sociais são partes constitutivas das
sociedades humanas desde os primórdios da humanidade. (GOHN apud XIMENES,
2009).
Ocorre que direitos sociais previstos na referida constituição impõe ao estado uma
série de prestações de direitos sociais que ultrapassam os limites do modelo politico liberal
existente, há uma pressão politica, além das manifestações públicas organizadas sobre o
legislativo e executivo para implementação de politicas públicas eficazes.
efetivação dos direitos humanos, esses movimentos são fundamentais em todos os processos
de politicas pública, tanto na escolha como fiscalização de sua concretização, ou até mesmo
quando por meio de ações judiciais para se fazer cumpri-las.
um novo ciclo indicando novas oportunidades políticas. Por outro lado, esse novo
quadro coloca desafios teóricos e analíticos para interpretar a interconexão entre
Estado-Governo e sua relação com os movimentos sociais. Essa relação tem sido
objeto de pesquisas realizadas, tanto na área da Ciência Política, da Sociologia e da
Sociologia Política.
Com o envolvimento dos movimentos sociais entorno de questões politicas, com uma
participação mais efetiva neste quadro, acreditando com isso ter uma participação maior nas
decisões, abre espaço para que novos grupos representativos de uma população subjugada,
trabalhadores, desempregados, mulheres, crianças, índios, negros, homossexuais, estes entre
outros passam de forma organizada a criar novas demandas baseadas em direitos sociais
pertencentes a segunda dimensão dos direitos fundamentais, que exigem do estado uma
39
prestação, que diferente dos direitos de primeira dimensão, geram custos para o estado a sua
efetivação.
A ineficácia jurídica não deve estar atrelada ao aspecto jurídico, devemos ter um ponto
de vista social e politico, pois depende muito das decisões politicas quando da discussão de
orçamento público, que mesmo sendo limitado temos que considerar o principio da reserva
possível. Entre as prioridades do estado deve estar a destinação de recursos suficientes para
garantir a implantação de politicas públicas, atendendo dessa forma o que é essencial dos
direitos fundamentais constantes na constituição federal.
Nesse sentido, a luta “pelo direito a ter direitos” (Hannah Arendt), dos movimentos
sociais se revelou como uma luta política contra uma cultura difusa do autoritarismo social,
estabelecendo as bases para que vários movimentos estabelecessem conexão entre cultura e
40
política como constitutivas de sua ação coletiva. Essa conexão constitui um elemento
fundamental para o estabelecimento de um campo comum de articulação entre os diferentes
movimentos, tais como os étnicos, de mulheres, de homossexuais, ecológicos, de defesa dos
direitos das crianças e adolescentes, pela reforma agrária, na busca de relações mais
igualitárias em todos os níveis, ajudando a demarcar uma visão mais ampliada de democracia,
reconfigurando também a própria noção de cidadania (DAGNINO, 2000, apud SACAVINO,
2008).
CONCLUSÃO
No Brasil não diferente de outros Estados, desde sua colonização houve um processo
evolutivo e de continuidade de diversos movimentos, cada um em busca de suas ideologias,
da luta por direitos fundamentais, desde revoltas indígenas do inicio da exploração do Brasil,
resignados contra exploração de sua gente, como dos negros traficados e escravizados, em
conflito contra a forma desumana como eram tratados, disputas politicas, lutas pela terra, e os
movimentos que ocorreram durante e após o período em que os militares estiveram no poder,
nas décadas de 70 e 80, pela redemocratização do pais.
A normatização de direitos fundamentais e sociais através da constituição federal de
1988, permitiu um avanço significativo em relação aos movimentos sociais, muitas
organizações passam a fazer parte, muito na intermediação, das relações com o estado e o
cidadão, impondo ao estado uma série de responsabilidades mas envolvendo o cidadão nestas,
deixando assim amarras ao coletivo na efetivação dos direitos normatizados.
As dimensões ou gerações desses direitos demonstram que ocorreram uma evolução
que acompanha a humanidade, a cada tempo surgem novos direitos, uma progressão, não
devendo entender como uma divisão, sendo cada uma das gerações importante para efetivação
de direitos.
A presente pesquisa objetivou verificar os movimentos sociais, sua contribuição para
a efetivação e eficácia dos direitos humanos no Brasil, do que podemos observar que esses
movimentos foram e ainda são da maior importância no processo democrático, nos processos
que envolvem a garantia de melhores condições de vida para os mais desamparados pelo
42
REFERÊNCIAS
CASTRO, Fernanda Barroso de; MAIA, Christianny Diógenes. A Efetividade dos direitos
sociais e o ativismo judicial. V Encontro Anual da ANDHEP – Direitos Humanos,
Democracia e Diversidade. Ano 2009. UFPA, BELÉM (PA)
CRUZ, Fabio Souza de; e MOURA, Marcelo Oliveira. Direitos humanos, movimentos
sociais e mídia: Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt> Acesso em: 6 jun 2015.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. 2. ed. reform. São Paulo:
Moderna, 2004. (Coleção Ciências Sociais).
GOHN, Maria da Glória. 500 Anos de Lutas Sociais no Brasil: movimentos sociais, ONGs e
terceiro setor. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas> Acesso em: 15 jun 2015.
HERKENHOFF, João Batista. Curso de direitos humanos. São Paulo: Editora Acadêmica,
1994.
LONARDONI, Eliana; OLIVEIRA JulieneAglio de. Serviço social e direitos sociais: entre a
garantia legal e o acesso. Disponível em: <http://intertemas.unitoledo.br> Acesso em: 25 maio
2015.
PASSOS, Tiago Eli de Lima. Direitos humanos no Brasil: Quadro atual, avanços e
retrocessos. Disponível em: http://periodicos.uniso.br. Acesso em: 28 out 2015.
SCHILLING, Voltaire. A rebelião das massas: a origem dos movimentos sociais. Disponível
em: <http://www.noticias.terra.com.br>. Acesso em: 27 jun. 2015.