Você está na página 1de 75

POLÍCIA CIVIL

RN
DIREITO
FINANCEIRO

Li El t ô i
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro

Sumário
MANUEL REGIS PINON

Apresentação.. .................................................................................................................................. 4
Análise da Banca FGV. . .................................................................................................................... 4
Conteúdos mais Cobrados nas Últimas Provas (2017, 2018, 2019 e 2020)......................... 5
Direito Financeiro. . ........................................................................................................................... 8
1. LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal...................................................................................... 8
1.1. Abrangência................................................................................................................................ 8
1.2. Anexos Citados na LRF Presentes na LDO........................................................................... 9
1.3. Instrumentos de Transparência.. ......................................................................................... 10
1.4. Receita Corrente Líquida....................................................................................................... 10
1.5. Renúncia da Receitas............................................................................................................. 10
1.6. DOCC- Despesa Obrigatória de Caráter Continuado........................................................ 11
1.7. Regra de Ouro. . ..........................................................................................................................12
1.8. Despesa com Pessoal.............................................................................................................12
1.9. Despesas na LRF – Principais Pontos.. ................................................................................16
1.10. Destinação de Recursos para Setor Privado....................................................................16
1.11. Transferências Voluntárias na LRF.. .................................................................................... 17
1.12. Dívida na LRF........................................................................................................................... 17
2. Despesa Pública. . ....................................................................................................................... 18
2.1. Estágios/Fases da Despesa Pública....................................................................................19
2.2. Classificação da Despesa Orçamentária quanto à Natureza Econômica.................. 22
2.3. Classificação da Despesa pela Lei n. 4.320/1964........................................................... 23
2.4. Classificação por Estrutura Programática....................................................................... 23
3. Receita Pública........................................................................................................................... 25
3.1. Estágios da Receita Pública Orçamentária. . ...................................................................... 26
3.2. Classificações das Receitas Orçamentárias. . ................................................................... 28
3.3. Classificação Econômica pela Lei n. 4.320/1964.. ........................................................... 28
3.4. Classificação quanto à Origem, Coercitividade ou Procedência.................................. 29
3.5. Classificação por Fontes. . ..................................................................................................... 30
3.6. Classificação por Natureza de Receita.............................................................................. 30
4. Instrumentos de Planejamento.. ............................................................................................ 33
4.1. PPA............................................................................................................................................. 33
4.2. LDO............................................................................................................................................ 34
4.3. LOA............................................................................................................................................. 35
4.4. Aspectos Normativos Recentes Relevantes.................................................................... 37
5. Princípios Orçamentários........................................................................................................ 38
6. Créditos Adicionais.. ..................................................................................................................40
7. Ciclo Orçamentário – com Foco na Fiscalização e Controle Externo e Interno dos
Orçamentos..................................................................................................................................... 43
Questões de Concursos................................................................................................................ 54
Gabarito............................................................................................................................................ 74
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Apresentação
Olá, GRAN CONCURSEIRO(A) e futuro(a) Delegado(a) da PC-RN!
Tudo bem?
Essa aula é um pouco diferente das demais. A ideia aqui é apresentar um “bizu” dos assun-
tos e tópicos mais relevantes para a sua prova, baseado em estatísticas da disciplina em pro-
vas anteriores, recorrências da banca, direcionamentos históricos do órgão, enfim, um retrato
daquilo que pode vir a ser cobrado com maior probabilidade.
Faremos uma abordagem bem direcionada sobre o conteúdo de cada um dos assuntos
mais cobrados pela banca, apresentando dicas e esquemas baseados nas estatísticas. Tam-
bém chamaremos a sua atenção para detalhes importantes e específicos, adicionando, ao
final, questões selecionadas para o conteúdo dessa aula.
Uma última observação: esta Aula 80/20 pressupõe uma articulação com os conteúdos
abordados no nosso curso para esse certame (aulas autossuficientes em PDF). No decorrer
das aulas do curso, fizemos uma abordagem mais ampla dos conteúdos (abarcando todos os
tópicos do edital) e, aqui, vamos otimizar ao máximo a sua preparação, direcionando as
suas forças para os conteúdos mais avaliados pela banca.
Espero que você goste desse material e que possa ser um diferencial para a sua aprovação!
Conte sempre conosco!
Professor Manuel Piñon

Análise da Banca FGV


Conteúdo Programático:
De acordo com o edital n. 1 – Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte – Delegado,
de 25 de novembro de 2020, em seu ANEXO I, temos a exigência dos seguintes tópicos para
a matéria Direito Financeiro:
Finanças Públicas e AFO na Constituição Federal de 1988:
Finanças públicas na Constituição Federal de 1988. Normas gerais de direito financeiro
(Lei n. 4.320/1964).
Instrumentos de Planejamento:
Finanças públicas na Constituição Federal de 1988. Normas gerais de direito financeiro
(Lei n. 4.320/1964).
Ciclo Orçamentário:
Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. Finanças públicas na Constitui-
ção Federal de 1988. Normas gerais de direito financeiro (Lei n. 4.320/1964).
Créditos Adicionais:
Finanças públicas na Constituição Federal de 1988. Normas gerais de direito financeiro
(Lei n. 4.320/1964).
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Princípios orçamentários:
Princípios orçamentários. Finanças públicas na Constituição Federal de 1988. Normas ge-
rais de direito financeiro (Lei n. 4.320/1964).
Orçamento Público:
Orçamento: conceito e espécies, natureza jurídica. Finanças públicas na Constituição Fe-
deral de 1988. Normas gerais de direito financeiro (Lei n. 4.320/1964).
Receita Pública:
Receita pública. Conceito, ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e recei-
tas derivadas. Normas gerais de direito financeiro (Lei n. 4.320/1964).
Despesa Pública:
Despesa pública. Conceito e classificação. Normas gerais de direito financeiro (Lei n.
4.320/1964).
LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal:
Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000).
Crédito Público, Dívida Pública e Precatórios:
Disciplina constitucional dos precatórios. Crédito público; dívida pública. Finanças públicas
na Constituição Federal de 1988.Normas gerais de direito financeiro (Lei n. 4.320/1964).
Lei 4.320/1964:
Normas gerais de direito financeiro (Lei n. 4.320/1964).
Crimes contra as finanças públicas:
Crimes contra as finanças públicas.
Como já afirmamos, todos os conteúdos elencados anteriormente são contemplados no
nosso curso completo de Direito Financeiro (aulas autossuficientes em PDF).
Como o objetivo dessa aula é otimizar a sua preparação, abordaremos, de forma objetiva
e concisa, os conteúdos mais relevantes para a sua preparação – isto é, os conteúdos mais
cobrados nas últimas provas, considerando os anos de 2017, 2018, 2019 e 2020.
A seguir, faremos a análise das provas anteriores e, na sequência, apresentaremos dida-
ticamente os conteúdos teóricos mais importantes agrupando os tópicos do edital conforme
exposição anterior. Por fim, vamos trabalhar questões essenciais, que ilustram o modo como
cada um dos conteúdos é abordado pela banca.

Conteúdos mais Cobrados nas Últimas Provas (2017, 2018, 2019 e


2020)
Considerando os assuntos mais cobrados nas provas aplicadas pela banca nos anos de
2017, 2018, 2019 e 2020, chegamos ao seguinte quadro:
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Conteúdo n. questões % Acumu-


lado
LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal 66 25,98 25,98
Despesa Pública 52 20,47 46,46
Receita Pública 30 11,81 58,27
Instrumentos de Planejamento 28 11,02 69,29
Princípios Orçamentários 20 7,87 77,17
Créditos Adicionais 20 7,87 85,04
Finanças Públicas na CF/1988 15 5,91 90,94
Orçamento Público 10 3,94 94,88
Crédito Público, Dívida Pública e Precatórios 8 3,15 98,03
Ciclo Orçamentário 5 1,97 100,00
Lei 4.320/1964 (*)
Crimes contra as Finanças Públicas (**)
TOTAL 254 100

(*) a Lei n. 4.320/1964 teve as suas questões diluídas entre os demais temas.
(**) o tema “Crimes contra as Finanças Públicas é muito pouco cobrado na matéria Direito
Financeiro, sendo, em verdade, objeto de cobrança na matéria Direito Penal.
Resumidamente, veja esse levantamento na figura seguinte:
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Analisando os números, podemos notar que os conteúdos Despesa Pública, LRF e Receita
Pública respondem por mais de 50% das questões cobradas pela banca para o período sob
análise. São temas certos em sua prova.
No segundo pelotão temos os temas Instrumentos de Planejamento, Princípios Orçamen-
tários e Créditos Orçamentários Adicionais, assuntos que vão aparecer em sua prova em sua
prova e que tem excelente relação custo-benefício.
Considerando que os dados foram extraídos de provas da FGV para cargos diversos, e
levando em consideração as atribuições específicas do cargo em tela e relação com cada um
dos assuntos, vamos incluir também o tema Ciclo Orçamentário, mas com foco apenas na
parte relativa à fiscalização e ao controle externo e interno dos orçamentos.
Dessa forma, nossa abordagem será estudar os principais tópicos relativos a cada um
desses sete temas.
Feita apresentação dos números e da sua análise, vamos ao que interessa: para cada as-
sunto, vamos revisar os pontos mais cobrados em provas e resolver questões.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

DIREITO FINANCEIRO
1. LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal
1.1. Abrangência
A LRF obriga todos os órgãos, autarquias, fundações, entidades de todos os entes federa-
tivos e empresas estatais dependentes (que recebem recursos do ente para pagamento dos
gastos com pessoal ou custeio), com exceção apenas das empresas estatais independentes.

Princípios da LRF

Planejamento na LRF
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

1.2. Anexos Citados na LRF Presentes na LDO


Anexo de Metas Fiscais: avaliação do cumprimento das metas do ano anterior, demons-
trativo das metas anuais, evolução do patrimônio líquido nos últimos 3 exercícios, avaliação
da situação financeira e demonstrativo de estimativa e compensação de renúncia de receita.
Anexo de Riscos Fiscais: são avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes
de afetar as contas públicas.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

1.3. Instrumentos de Transparência

1.4. Receita Corrente Líquida


A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em
referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades (portanto pode exceder um exer-
cício financeiro).

1.5. Renúncia da Receitas


A LRF também determinou que as renúncias de receitas devem ser acompanhadas de esti-
mativa do impacto financeiro no exercício e nos 2 seguintes. Além disso, deve atender a pelo
menos uma dessas condições:
• Demonstração de que tal renúncia foi considerada na estimativa de receita da LOA.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

• Medidas de compensação, por meio do aumento de receita (elevação de alíquotas, am-


pliação da base de cálculo, majoração de tributos etc.).

1.6. DOCC- Despesa Obrigatória de Caráter Continuado


A LRF definiu e deu grande importância à gestão da chamada Despesa de caráter conti-
nuado, que é aquela que fixa despesas por um período superior a 2 exercícios, obrigando que
estejam acompanhadas da estimativa do impacto financeiro e do demonstrativo da origem
dos recursos para o seu custeio.
Deve ser acompanhada de comprovação de que não afetará o cumprimento das metas fis-
cais, devendo seus efeitos financeiros ser compensados pelo aumento da receita nos períodos
seguintes.
Agora confira os principais pontos relativos às DOCCs:

Demonstrar Origem dos Recursos


Demonstrar que não afeta as metas fiscais

Medidas que devem ser adotadas Estimar o impacto financeiro e orçamentário


no exercício inicial e nos 2 seguintes
Adotar medidas compensatória via aumento de
receitas ou redução permanente da despesa
DOCC - DESPESAS
OBRIGATÓRIAS DE
CARÁTER CONTINUADO

Serviço da Dívida
Exceções às medias Reajuste da remuneração de pessoal conforme
inciso X do artigo 37 da CF/88
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

1.7. Regra de Ouro


A “regra de ouro”, prevista na CF/1988, que visa coibir o financiamento, via operação de
crédito, de despesas correntes, era matéria orçamentária, ou seja, o limite das operações de
crédito é o montante das despesas de capital previsto na lei orçamentária anual, mas após a
LRF passou a ser também matéria financeira.

1.8. Despesa com Pessoal


No que concerne a aumento de despesa com pessoal, guarde que é nulo de pleno direito o
ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos 180 dias anteriores ao final
do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão.
A CF/1988 veda a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos,
inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições fi-
nanceiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios. A ideia aqui também é evitar o aumento do endividamento
para gastar com despesas correntes, o que agride frontalmente a regra de ouro.
A LRF estabelece os limites máximos para a despesa total com com pessoal de cada Po-
der e órgão, sendo que a verificação do cumprimento dos limites estabelecidos para as despe-
sas com pessoal será realizada ao final de cada quadrimestre.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

A Lei Complementar pedida pela Constituição Federal - LRF estabeleceu em seu artigo 18
o que se entende por despesa total com pessoal, compreendendo: o somatório dos gastos do
ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos,
cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies
remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da
aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vanta-
gens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições
recolhidas pelo ente às entidades de previdência.
Importante destacar que outras despesas consideradas como indenizatórias não são
consideradas espécies remuneratórias, não entrando, dessa forma, no cálculo do percentual
de despesas com pessoal, tais como auxílio-alimentação, assistência pré-escolar e auxílio-
-transporte.
Importante destacar ainda que os Tribunais de Contas devem alertar os Poderes quando
constatarem que a despesa com pessoal chegou a 90% do limite, os montantes de dívida
consolidada e mobiliária forem superiores a 90% do limite e quando os gastos com inativos e
pensionistas esteja acima do limite definido em lei.
Vale ressaltar que se a despesa com pessoal exceder 95% dos limites estabelecidos, o
Poder ou órgão NÃO PODE: dar aumento aos servidores - ressalvada a revisão anual (inflação),
criar cargo, emprego ou função, conceder hora extra, fazer alteração na estrutura que gere
aumento de despesa, dar provimento de cargo público (a não ser que haja aposentadoria ou
falecimento do servidor nas áreas de saúde, educação e segurança.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Em relação aos estouros das Despesas com pessoal, a LRF determina que deve ser re-
conduzida ao limite nos próximos 2 quadrimestres, sendo de pelo menos 1/3 nos primeiros 4
meses. No tocante à Dívida pública, a LRF obriga o ente a reconduzi-la ao limite nos próximos
3 quadrimestres, sendo pelo menos 25% no primeiro.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

No que diz respeito às despesas com a seguridade social, guarde a regra geral é que ne-
nhum benefício ou serviço relativo à Seguridade Social poderá ser criado, majorado ou esten-
dido sem a indicação da fonte de custeio total, atendidas ainda as exigências do artigo 17 da
LRF que trata das despesas obrigatórias de caráter continuado.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

1.9. Despesas na LRF – Principais Pontos

1.10. Destinação de Recursos para Setor Privado


Basicamente guarde que o artigo 26 da LRF estabelece a regra básica para toda e qualquer
destinação de recursos públicos ao setor privado: a sua autorização por lei específica. E, como
requisitos adicionais, é exigida a observância das disposições da LDO, além da sua previsão na
lei orçamentária ou em crédito adicional.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

1.11. Transferências Voluntárias na LRF

Relacionamos a seguir as exigências para a realização de transferência voluntária, além


daquelas estabelecidas na respectiva LDO:
• dotação específica;
• não usar os recursos para pagar despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
• comprovar que o beneficiário:
− que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamen-
tos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de recur-
sos anteriormente dele recebidos;
− cumpre os limites constitucionais relativos à educação e à saúde;
− observa os limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito,
inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa
total com pessoal;
− dispões de previsão orçamentária de contrapartida.

Guarde ainda que é vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da


pactuada e que, para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntá-
rias constantes da LRF, são exceção ações das áreas de educação, saúde e assistência social.

1.12. Dívida na LRF


No tocante à Dívida pública, a LRF obriga o ente a reconduzi-la ao limite nos próximos 3
quadrimestres, sendo pelo menos 25% no primeiro.
A LRF também determinou que os recursos destinados a cobrir deficits de pessoas físicas
e jurídicas (inclusive instituições do Sistema Financeiro) só podem ser autorizados mediante
lei específica.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Reforçou o papel do Senado Federal no que diz respeito à dívida consolidada e do Congres-
so Nacional no tocante à dívida mobiliária federal.
A LRF vedou expressamente a realização de operações de crédito entre um ente e outro,
com exceção do caso de operações entre instituição financeira estatal e outro ente da Fede-
ração, desde que não se trate de financiamento de despesa corrente ou refinanciamento de
dívidas, sendo, portanto, proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal
e o ente da Federação que a controle.
A LRF também proibiu os entes de realizar operação de crédito por antecipação de receita
no último ano de mandato do Executivo.
A LRF permitiu aos entes conceder garantia em operações de crédito interna ou externa,
observados os limites definidos pelo Senado. A garantia é condicionada ao oferecimento de
contra garantia, ressaltando que essa deve ser igual ou superior ao valor da garantia.
A LRF determinou ainda que, no caso do DF, Estados ou Municípios, a União pode exigir
como garantia a vinculação de receitas provenientes de transferências constitucionais.
A LRF proibiu ainda que o titular de Poder ou órgão possa contrair, nos últimos 2 quadri-
mestres de seu mandato, obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente
dentro do mandato.

2. Despesa Pública
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Os chamados “desembolsos extraorçamentários” não caracterizam uma despesa pública,


assim como uma despesa enquadrada como intraorçamentária (mera “arrumação” de contas
dentro do próprio orçamento do ente, sem alterar o total da despesa pública).

2.1. Estágios/Fases da Despesa Pública


A execução da despesa orçamentária pública transcorre em três estágios, que conforme
previsto na Lei n. 4.320/1964 são: empenho, liquidação e pagamento. No entanto, a doutrina ma-
joritária inclui a Fixação da despesa como sendo um dos estágios, integrando o Planejamento.
A etapa do planejamento e contratação abrange, de modo geral, a fixação da despesa or-
çamentária, a descentralização e movimentação de créditos, a programação orçamentária e
financeira e o processo de licitação.
Veja os estágios da Despesa de acordo com a Doutrina:
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Planejamento
Execução
ou pré-empenho

Fixação da despesa. Empenho.

Descentralização
Liquidação.
dos créditos.

Programação
Pagamento.
orçamentária
e financeira.

Licitação
e contratação.

A fase de fixação engloba a adoção de medidas em direção a uma situação idealizada,


tendo em vista os recursos disponíveis e observando as diretrizes e prioridades traçadas pelo
governo. A criação ou expansão da despesa requer adequação orçamentária e compatibilida-
de com a LDO e o PPA.
O empenho é o primeiro estágio de execução da despesa. Nos termos do disposto no art.
58 da Lei n. 4.320/1964, o empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente
que cria para o Estado obrigação de pagamento, pendente ou não de implemento de condição.
O empenho não cria obrigação jurídica de pagar, mas destaca, das dotações orçamentárias
destinadas à satisfação da despesa, a quantia necessária ao resgate do débito.
Usa-se o empenho ordinário para acudir despesas com montante previamente conhecido
e cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez.
Já o empenho global atende às despesas com montante previamente conhecido, mas cujo
pagamento seja parcelado.
Por seu turno, para acolher despesas cujo valor não se possa determinar previamente,
usa-se o empenho por estimativa, como nos casos de contas de água, luz, telefone, diárias etc.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Empenho

Ordinário Estimativo Global

Tipo de empenho utilizado Empenho utilizado


Empenho utilizado para as despesas
para as despesas de valor para as despesas
cujo montante não se pode determi-
fixo e previamente contratuais ou outras de
nar previamente, tais como serviços
determinado cujo valor determinado, sujeitas
de fornecimento de água e energia
pagamento deva ocorrer a parcelamento, como,
elétrica, aquisição de combustíveis e
de uma vez por exemplo,
lubrificantes e outros.
os compromissos
decorrentes de aluguéis.

A liquidação é o segundo estágio da despesa e é caracterizada pela entrega dos bens e


serviços contratados. Nos termos do disposto no art. 63 da Lei n. 4.320/1964, a liquidação da
despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e
documentos comprobatórios do respectivo crédito.
O pagamento é o terceiro e último estágio da despesa. Dispositivo constante do artigo 64
da Lei n. 4.320/1964 define: a ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade com-
petente, determinando que a despesa seja paga.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

2.2. Classificação da Despesa Orçamentária quanto à Natureza


Econômica

Para que servem algumas classificações das despesas:

responde à indagação; “quem” é o responsável pela progra-


Classificação Institucional
mação?

responde à indagação; “em que área” de ação governamental


Classificação Funcional
a despesa será realizada?

responde à indagação; “para que” os recursos são alocados?


Estrutura Programática
(finalidade).

Classificação da Despesa por responde à indagação; “o que” será adquirido e “qual” o efeito
Natureza econômico da realização da despesa?
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

2.3. Classificação da Despesa pela Lei n. 4.320/1964


Quanto à
LEI N. 46320/1964

Despesas Correntes Despesas de Capital

Transferências Despesas de Inversões Transferências


Investimentos
Correntes Custeio Financeiras de Capital

2.4. Classificação por Estrutura Programática


Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização dos
objetivos estratégicos definidos para o período do PPA, ou seja, quatro anos.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

3. Receita Pública
A receita pública em sentido estrito, que é o conceito que vem sendo considerado pelas
bancas, engloba apenas os ingressos de caráter não devolutivo auferidos pelo Estado, com-
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

preendendo qualquer ente da Federação ou suas entidades, com o fito de atender às despe-
sas públicas.

3.1. Estágios da Receita Pública Orçamentária


1: Previsão: a receita não pode ser fixada, mas prevista, uma vez que não há certeza, ante-
cipadamente, do volume de ingressos financeiros ao longo do exercício.
2: Lançamento: ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal
e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.
Veja a seguir uma arte relacionado os artigos do CTN – Código Tributário Nacional com as
modalidades de lançamento e o grau de participação do Fisco.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

3: Arrecadação: se dá no momento que o contribuinte recolhe, ao agente arrecadador, o


valor do seu débito.
4: Recolhimento: acontece no momento em que o agente arrecadador repassa o produto
arrecadado ao Tesouro Nacional, Estadual ou Municipal.

Previsão Lançamento Arrecadação Recolhimento

(PLANEJAMENTO) (EXECUÇÃO)
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

3.2. Classificações das Receitas Orçamentárias


As classificações orçamentárias das receitas públicas orçamentárias (e das despesas
orçamentárias) ajudam a dotar de transparência o orçamento, sendo toda a informação orça-
mentária apresentada de acordo com algum tipo de classificação. Vamos ver as mais cobra-
das pela banca.

3.3. Classificação Econômica pela Lei n. 4.320/1964


AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Recentemente a nomenclatura relativa às Receitas Tributárias foi modificada para Receitas


com Impostos, Taxas e Contribuições, mas a Lei n. 4.320/1964 ainda utiliza o Termo “Receitas
Tributárias”.
Receitas correntes: são as receitas das quais não resulta contraprestação financeira, em
qualquer momento, por parte do Estado e são destinadas a atender despesas classificáveis
em Despesas Correntes.
Receitas de capital: são aquelas provenientes da realização de recursos financeiros oriun-
dos de constituição de dívidas; da conversão em espécie, de bens e direitos; os recursos rece-
bidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classifi-
cáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superavit do Orçamento Corrente.

3.4. Classificação quanto à Origem, Coercitividade ou Procedência


Receitas Originárias: são aquelas que têm origem no próprio patrimônio público. O Estado
é o produtor de bens e serviços, praticando atividades típicas do setor privado, independem de
autorização legal e podem ocorrer a qualquer momento.
Receitas Derivadas: são obtidas do patrimônio particular, por meio de atividade coercitiva
do Estado sobre os particulares, ou seja, são aquelas cobradas pelo Estado, por força do seu
poder de império, sobre as relações econômicas praticadas pelos particulares, pessoas físicas
ou jurídicas, ou sobre seus bens. Temos como exemplos as receitas relativas a tributos, confis-
cos, apreensões, penalidades pecuniárias etc.
Cada tipo de receita pública acaba por demonstrar um maior ou menor interesse público
em comparação com o interesse privado.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

3.5. Classificação por Fontes


A classificação por fontes ou por destinação de recursos vem atender a necessidade de
classificar a receita conforme a destinação legal dos recursos arrecadados. É um código de
três dígitos com as seguintes finalidades:
1º dígito – indica o grupo de fontes de recursos;
2º e 3º – dígitos indicam a especificação das fontes de recursos.
O grupo de fontes de recursos identifica se o recurso é ou não originário do Tesouro Nacio-
nal e se pertence ao exercício corrente ou a exercícios anteriores. Confira:

1º DÍGITO: GRUPO DE FONTES DE RECURSOS


1 – Recursos do Tesouro – Exercício Corrente
2 – Recursos de Outras Fontes – Exercício Corrente
3 – Recursos do Tesouro – Exercícios Anteriores
6 – Recursos de Outras Fontes – Exercícios Anteriores
9 – Recursos Condicionados

3.6. Classificação por Natureza de Receita


A classificação se dá conforme a seguir:
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

• Categoria Econômica – um dígito.


• Origem – um dígito.
• Espécie – um dígito.
• Desdobramentos para identificação de peculiaridades – 4 dígitos.
• Tipo – um dígito.

Mnemônico:
COEDDDDT

Perceba, portanto, que a estrutura contempla 5 níveis e que a estrutura da codificação


cria possibilidade de associar, de forma imediata, a receita principal com aquelas dela origi-
nadas: Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros da Dívida Ativa. A associação é efetuada
por meio de um código numérico de 8 dígitos, cujas posições ordinais passam a ter o seguinte
significado:
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

C O E DDDD T
Categoria Econômica Origem Espécie Desdobramentos para Tipo
identificação de peculiari-
dades da receita

Categoria econômica
Origem
Espécie
Desdobramento para identificação
de peculiaridades
Tipo

1 1 1 3.01.1 1

Principal

Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF)

Impostos

Impostos, taxas e contribuições de melhoria

Receita corrente

Tabela – resumo das principais classificações da receita orçamentária


AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

4. Instrumentos de Planejamento
O artigo 165 da CF/1988 trata das Leis Orçamentárias ou Instrumentos de Planejamen-
to que são:
• PPA – Plano Plurianual;
• LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias;
• LOA – Lei Orçamentária Anual, composta pelos Orçamentos Fiscal (OF), da Seguridade
Social (OSS) e de Investimentos da Estatais não dependentes (OI).

4.1. PPA
O PPA deve estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas (DOM) da
administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para
as relativas aos programas de duração continuada.
Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro pode ser iniciado
sem prévia inclusão no PPA, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de respon-
sabilidade.
Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na CF/1988 devem ser
elaborados em consonância com o PPA e apreciados pelo Congresso Nacional.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

4.2. LDO
A LDO deve compreender as metas e prioridades da administração pública federal, incluin-
do as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da
lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a
política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
A CF/1988 determina que a LDO considere as alterações na legislação tributária, mas a LDO
não pode criar, aumentar, suprimir, diminuir ou autorizar tributos, o que deve ser feito por outras
leis. Também não existe regra determinando que tais leis sejam aprovadas antes da LDO.
A LRF atribuiu à LDO o papel de dispor sobre equilíbrio entre receita e despesa, critérios e
formas de limitação de empenho, condições para transferência de recursos.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

4.3. LOA
A LOA, embora seja um única Lei e um único orçamento, compreende:

I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da adminis-
tração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a
maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados,
da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
Poder Público.

Os orçamentos fiscais e de investimentos das estatais, compatibilizados com o plano plu-


rianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério
populacional, ou seja, o orçamento da seguridade social não tem essa função.
O projeto de LOA deve ser acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre
as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de
natureza financeira, tributária e creditícia.
É vedada a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos
fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir deficit de empresas, fundações
e fundos, inclusive daqueles que compõem os próprios orçamentos fiscal, de investimentos
das estatais e da seguridade social.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

A LOA ou Orçamento Público é um documento que prevê as quantias de moeda que, num
período determinado (normalmente um ano), devem entrar e sair dos cofres públicos (receitas
e despesas públicas), com especificação de suas principais fontes de financiamento e das
categorias de despesas mais relevantes.
• É o Programa econômico-financeira do Estado, sendo o seu plano operacional detalha-
do de trabalho, materializando o PPA anulamente.
• É um Lei autorizativa, ou seja, em regra, para as despesas discricionárias, não gera di-
reitos subjetivos para os administrados, exceto nos casos previstos na própria CF/1988.
• É rígido, em função da forte concentração de receitas vinculadas.
• Tem que ser compatível com o PPA e LDO.
• Pode-se dizer que é composto por três suborçamentos: Fiscal de Investimento e da Se-
guridade Social (art. 165, § 5º, CF/1988).
• Atendendo ao Princípio da Unidade, temos uma só LOA para cada ente político em cada
exercício.
• Em regra, deve atender ao Princípio da exclusividade, devendo contemplar somente
duas matérias: previsão de receita e fixação de despesa orçamentária, entretanto, po-
derá conter matérias não relacionadas diretamente a orçamento público, de acordo com
o disposto no artigo 165, § 8º, da CF/1988, sendo um exceção à exclusividade, nesse
caso.
• Engloba três funções: alocativa, distributiva e estabilizadora.
• É lei ordinária especial (iniciativa única do Executivo e processo legislativo peculiar ou
especial, conf. art. 165, caput, e art. 166, CF/1988).
• Lei de Processo Legislativo Vinculado (prazos do art.35, ADCT).
• Para a União, deve ser aprovada em sessão conjunta e bicameral.
• É uma Lei temporária, periódica e de efeitos concretos.
• É Lei quanto à forma no sentido de ser um ato de natureza concreta, mas não quanto à
matéria, embora seja admitida pelo STF a possibilidade de controle concentrado de sua
constitucionalidade, normalmente típica de leis materiais.
• Suas normas não podem aprensentar abstração e generalidade.
• Quanto ao aspecto material é um ato condição.
• Deve ser regionalizado (art. 165, § 6º, CF/1988).
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

4.4. Aspectos Normativos Recentes Relevantes


Até a EC n. 86/2015 inexistia dúvida: para qualquer questão de prova você podia marcar
que o orçamento brasileiro era autorizativo. De lá para cá temos ainda que a maior parte do
Orçamento Brasileiro continua sendo autorizativo para as despesas discricionárias, MAS NÃO
MAIS 100% AUTORIZATIVO. Assim, HOJE leve para a prova que a maior parte do Orçamento
Brasileiro continua sendo autorizativo, mas em menor parte também impositivo.
A entrada da Emenda Constitucional – EC n. 86/2015, apelidada de “EC do orçamento im-
positivo”, tornou obrigatória a execução da programação orçamentária relativas às emendas
individuais à LOA por parte dos congressistas, sendo que tais emendas serão aprovadas até
1,2% da Receita Corrente Líquida - RCL prevista no projeto de LOA encaminhado ao Congres-
so Nacional.
Com a promulgação da EC n. 100/2019, é que as emendas de bancada também passaram
a ser obrigatórias (limite para a execução de 0,8% em 2020 e, a partir de 2021, de 1% da RCL)
Após a EC n. 105/2019, o parlamentar pode escolher se o dinheiro de sua Emenda Parla-
mentar Individual será transferido com vinculação a um objeto específico (transferência com
finalidade definida) ou para uso livre (transferência especial) sob certas condições.
Importante deixar registrado que embora tenha formato de lei, sendo aprovado como tal,
entende-se que o orçamento público, no Brasil, é lei apenas em sentido formal. Embora com
natureza de lei formal de efeitos concretos, pode objeto de controle concentrado de constitu-
cionalidade, característica essa típica de lei em sentido material. Em suma, não é uma lei tipi-
camente material, mas não é uma lei apenas formal em sentido estrito, o que vai exigir muita
atenção na hora da prova.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

A EC n. 95/2016, também chamada de “PEC dos Gastos”, que estabeleceu o “Novo Regi-
me Fiscal da União”, que se aplica aos orçamentos fiscal e da seguridade social da União em
20 exercícios financeiros, e deve ser calculado sobre as despesas primárias.
Dessa forma, não são objeto do Novo Regime Fiscal da União, as despesas do orçamento
de investimentos da União e as despesas financeiras dos orçamentos fiscal e da seguridade
social. Obviamente, também ficam de fora os orçamentos dos Estados, DF e Municípios.
Apelidado de Emenda Constitucional do Orçamento de Guerra, a EC n. 106/2020 publicada
em 07/05/2020 implantou em nosso país o chamado regime extraordinário fiscal, financeiro
e de contratações para enfrentamento de calamidade pública nacional decorrente de pan-
demia”. Basicamente, seu objetivo é dar maior flexibilidade aos gastos do governo federal de
modo a facilitar a tomada de medidas para combater a pandemia (COVID-19) e seus efeitos.
Entenda o orçamento de guerra como um orçamento separado do orçamento normal, que
foi objeto de LOA, ou seja, o orçamento de guerra tem seus gastos vinculados ao combate da
pandemia, ficando os demais alocados na LOA.

5. Princípios Orçamentários
Os Princípios Orçamentários são regras básicas estabelecidas por normas tanto constitu-
cionais quanto infraconstitucionais e pela doutrina, que devem ser observadas rigorosamente
durante o ciclo orçamentário (planejamento, execução e controle do Orçamento Público) por
todos os entes federados.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Ideia-chave de cada Princípio Orçamentário:

Exceções mais cobradas em prova pela banca:

6. Créditos Adicionais
São créditos adicionais as despesas não computadas ou insuficiente dotadas na lei de orça-
mento. Os Créditos Adicionais classificam-se em suplementares, especiais e extraordinárias.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Os créditos adicionais terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados.


No caso dos créditos especiais e extraordinários, se o ato de autorização for promulgado nos
últimos quatro meses daquele exercício, serão reabertos nos limites de seus saldos, e incor-
porados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

7. Ciclo Orçamentário – com Foco na Fiscalização e Controle Externo e


Interno dos Orçamentos
O ciclo orçamentário é um processo que abrange as etapas do planejamento ao controle,
passando pela elaboração e a própria execução da LOA - Lei Orçamentária Anual. É um proces-
so dinâmico, flexível e contínuo, que passa pelas etapas de planejamento/elaboração, discus-
são/aprovação, execução, controle e avaliação no que diz respeito à programação de gastos
do setor público do ponto de vista físico e financeiro, integrando planejamento e orçamento.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Nosso foco é a avaliação, por meio da qual o Poder Público fiscalizaria e controlaria os
gastos efetuados a fim de verificar a acuidade da programação. As informações obtidas pela
fiscalização e controle externo e interno dos orçamentos e dos gastos públicos, nas quais
estarão destacadas as falhas e os méritos do planejamento vigente, irão orientar no planeja-
mento para o exercício subsequente.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Assim, superada a fase de execução, cabe agora ao Poder Executivo a obrigação de dar
publicidade da execução orçamentária até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
submetendo todo o processo à avaliação da sociedade.
Em termos de União, o Presidente deverá prestar contas ao Congresso Nacional, anual-
mente, até sessenta dias (60 dias) após o início da sessão legislativa.
Se as contas do Presidente da República não forem apresentadas ao Congresso Nacional
até sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, a Câmara dos Deputados deverá pro-
ceder à tomada de contas.
Quer as contas do Presidente da República sejam apresentadas espontaneamente no pra-
zo constitucional, quer sejam tomadas pela Câmara dos Deputados, dentro de sessenta dias
após o seu recebimento, o Tribunal de Contas da União deverá apreciá-las mediante parecer
prévio. O parecer prévio será encaminhado de volta ao Congresso Nacional.
Podemos dizer que a avaliação orçamentária integra o controle orçamentário, consistindo
em uma análise da eficácia e da eficiência
das ações realizadas, servindo também para avaliar os responsáveis da gestão no que diz
respeito ao alcance dos objetivos e maximização
da utilização dos recursos públicos.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Quando falamos em análise da eficiência, avalia-se a medida da relação entre os recursos


efetivamente utilizados para a realização de uma meta para um projeto, atividade ou programa
frente a padrões estabelecidos.
Por outro lado, quando falamos em análise da eficácia, avalia-se a medida do grau de al-
cance das metas fixadas para um determinado projeto, atividade ou programa em relação
ao previsto.
Temos ainda a avaliação da efetividade, que é relação entre os resultados alcançados
(impactos observados) e os objetivos (impactos esperados) que motivaram a atuação institu-
cional. A efetividade possibilita que seja verificado se um dado programa produziu efeitos no
ambiente externo em que interveio, em termos econômicos, técnicos, socioculturais, institucio-
nais ou ambientais.

No âmbito do controle, merece destaque a fiscalização orçamentária e financeira do Esta-


do, que possui caráter político no sentido de impedir que o Poder Executivo exceda os créditos
que lhe foram concedidos, o desperdício dos recursos públicos e a dilapidação do patrimônio
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

público, mas sem atrasar/parar a execução orçamentária para não prejudicar vida da popula-
ção e do próprio Estado.
A fundamentação legal da fiscalização dos Controles Interno e Externo tem sede no artigo
70 da CF/1988, cujo objeto de análise tem três elementos distintos: legalidade, legitimidade e
economicidade no que diz respeito à despesa pública.

Confira a literalidade que pode aparecer em sua prova, com grifos nossos:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Sob o ponto de vista da legitimidade verifica-se se houve eficiência do gasto em atender


as necessidades públicas, conferindo se a despesa atingiu o bem jurídico valorado pela norma
ao autorizá-la.
Quando a fiscalização é feita para a avaliar o nível de economicidade alcançado, confere-se
se despesa foi realizada com o menor custo possível, se houve a melhor relação custo/benefí-
cio para alcançar a finalidade pretendida.
No que diz respeito à aplicação de subvenções, a ideia verificar se os valores repassados
a entidades sem fins lucrativos, como ONGs e OSs, foram efetivamente aplicados naquilo que
devia ter sido, bem como aprovar as respectivas prestações de contas.
Note que também foi dado destaque à fiscalização da renúncia de receitas. A ideia do
constituinte foi reforçar a necessidade de sejam realizadas fiscalizações para verificar se as
desonerações fiscais nas suas variadas formas (isenções, reduções de alíquotas, crédito pre-
sumido etc.) atingiram ou não a sua finalidade. Registre-se que esse tema recebeu atenção
especial no artigo 14 da LRF.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Vale destacar que o foco dessa fiscalização é contábil, financeiro, orçamentária, operacio-
nal e patrimonial da Fazenda Pública do Estado, nas 3 esferas: federal, estadual e municipal.

A fiscalização contábil tem foco também no aspecto da legalidade, e visa verificar se a


despesa está acordo com as normas previstas na Constituição, na Lei n. 4.320/1964 e na LRF
- Lei de Responsabilidade Fiscal.
A fiscalização operacional é relacionada ao procedimento de arrecadação e liberação
de verbas.
Vale destacar, a fiscalização financeira, quando temos a verificação da entrada e da sa-
ída de dinheiro, enquanto na fiscalização orçamentária fiscaliza-se a correta execução do
orçamento.
A fiscalização orçamentária envolve todas as etapas do ciclo orçamentário, ou seja, todas
as etapas do ciclo orçamentário devem ser objeto de controle e fiscalização.
Já a fiscalização patrimonial está relacionada à própria execução orçamentária no sentido
de mudanças patrimoniais, sendo que as alterações patrimoniais devem ser fiscalizadas per-
manentemente pelo Estado.
A CMO - Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização examinará e emi-
tirá parecer sobre as contas e o Plenário do Congresso Nacional deliberará sobre sua aprova-
ção. Não há prazo legal para apreciação das contas pelo Congresso.
As contas podem ser aprovadas ou rejeitadas. Se forem rejeitadas, o Senado Federal irá
processar e julgar o Presidente da República, funcionando como presidente, o do Supremo
Tribunal Federal, exigindo-se quórum de dois terços dos votos do Senado.
Tanto a nossa Carta Magna quanto a própria Lei n. 4.320/1964 determinam a coexistência
de dois sistemas de controle: interno e externo. O controle interno é aquele realizado pelo ór-
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

gão no âmbito da própria Administração, do próprio Poder, dentro de sua estrutura. O controle
externo é aquele realizado por uma instituição independente e autônoma.
Veja o dispositivo da Lei n. 4.320/1964:

Art. 75. O controle da execução orçamentária compreenderá:


I – a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o
nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;
II – a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e valores públicos;
III – o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos de reali-
zação de obras e prestação de serviços.

Em nível federal, de acordo com o site do Ministério da Economia, “a fiscalização do Orça-


mento Público é realizada oficialmente de duas formas: pelos controles interno e externo”.

Sisitemas de Controle Sistema de Secretaria de Con- Unidades no País


da Administração Federal Controle Interno trole Interno Postas no Exterior

Secretaria de Con- Unidades das Forças


Sistema de trole Interno Armadas
Poder
Controle Externo
Executivo
Secretaria de Con- Órgãos da
Tribunal de trole Interno Presidência e AGU
Contas da União

Assessores de Con- Órgãos da


trole Interno Administração Direta
Congresso Controladoria Geral
Nacional da União
Auditorias Entidades da
Administração
Internas
Indireta

Poder Sistema de Secretaria de Con-


CNJ e Tribunais
Judiciário Controle Interno trole Interno

Poder Sistema de Secretaria de Con- Câmara,


Legislativo Controle Interno trole Interno Senado e TCU

Controle Interno:
Quando o controle é feito pelos órgãos do próprio Poder Executivo, especialmente pela
Controladoria-Geral da União - CGU e, ainda, cada Ministério possui um Assessor de Controle
Interno, vinculado tecnicamente à CGU.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

O controle interno tem previsão constitucional no artigo 74 da CF/1988, e consiste em um


sistema integrado de fiscalização dos três Poderes com o objetivo de apoiar o controle externo
em sua missão institucional.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:
I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orça-
mentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da
aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;
IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade
ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade
solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da
lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Veja agora os principais pontos da Lei n. 4.320/1964 acerca do controle interno:


• O Poder Executivo exercerá os três tipos de controle: legalidade, fidelidade funcional
e cumprimento do programa de trabalho, sem prejuízo das atribuições do Tribunal de
Contas ou órgão equivalente.
• O órgão incumbido da elaboração da proposta orçamentária ou a outro indicado na le-
gislação, caberá o controle estabelecido no cumprimento do programa de trabalho. Esse
controle far-se-á, quando for o caso, em termos de unidades de medida, previamente
estabelecidos para cada atividade.
• No que diz respeito à verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária,
guarde que ela deve ser prévia, concomitante e subsequente.
• No que diz respeito à prestação ou tomada de contas anual, quando instituída em lei, ou
por fim de gestão, poderá haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada
de contas de todos os responsáveis por bens ou valores públicos.
• É da competência dos serviços de contabilidade ou órgãos equivalentes verificar a exata
observância os limites das cotas trimestrais atribuídas a cada unidade orçamentária,
dentro do sistema que for instituído para esse fim.

Guarde ainda que, ao tomar conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, o res-


ponsável pelo controle interno deve comunicar o TCU ou ao Tribunal de Contas do Estado,
Município ou dos Municípios, sob pena de responsabilidade solidária do chefe do Poder que se
omitiu a esse respeito.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

O controle da execução orçamentária, previsto na Lei n. 4.320/1964, estabelece três tipos


de controle orçamentário.

Controle Externo:
Em nível federal, é exercido pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas da
União - TCU.
Registre-se que nos outros entes que integram o nosso Brasil, o controle externo é exercido
de forma similar, aplicando as disposições federais naquilo que couber.
Nessa toada, para os estados, cabe a sua realização à Assembleia Legislativa, com auxílio
do TCE- Tribunal de Contas do Estado.
Já em âmbito municipal, é exercido pela Câmara Municipal, com auxílio também do TCE
- Tribunal de Contas do Estado (regra geral) ou do Tribunal de Contas do Município (São Paulo-
TCM-SP e Rio de Janeiro – TCM-RJ) ou, quando for o caso, do Tribunal de Contas dos Municí-
pios, no caso da Bahia – TCM-BA, Pará – TCM-PA e Goiás – TCM-GO.
Dessa mesma forma, no DF o Controle Externo é exercido pela Câmara Legislativa com o
auxílio do TCDF - Tribunal de Contas do Distrito Federal.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Em nível federal, nós já temos consciência que é do Poder Legislativo a responsabilidade


pela realização do controle externo, com o auxílio do Tribunal de Contas da União, cujas fun-
ções estão delineadas no artigo 71 e 49, X, da CF/1988.
A fiscalização externa por parte do Congresso Nacional se dá especialmente na CMO - Co-
missão Mista permanente de Senadores e Deputados, que nos termos do artigo 166, § 1º, da
CF/1988, é constituída para examinar e emitir pareceres sobre os projetos das leis orçamen-
tárias e as contas apresentadas pelo Presidente da República e, também acerca dos planos
e programas previstos na Magna Carta, com acompanhamento e fiscalização das gestões
orçamentárias respectivas.
Vale destacar essa CMO, no exercício de suas atividades, poderá verificar indícios de des-
pesas não autorizadas e, nessa situação, de acordo com o artigo 72, caput, da CF/1988, poderá
solicitar esclarecimentos à autoridade responsável.
Entretanto, caso os esclarecimentos solicitados não sejam prestados, ou considerados
insuficientes, a CMO encaminha o caso para o TCU, a quem será solicitado que, no prazo de
30 dias, se pronuncie conclusivamente sobre o assunto. Caso o TCU entenda que a despesa
é irregular, a Comissão Mista poderá propor ao Congresso Nacional sua sustação, desde que
possa causar “dano irreparável ou grave lesão à economia pública”, como consta o artigo 72,
§ 1º, § 2º, da CF/1988.
O TCU, mesmo sendo um órgão que auxilia o Congresso Nacional no Controle Externo,
possui atribuições constitucionais próprias, as quais não dependem de autorização ou neces-
sariamente de provocação do Poder Legislativo.
Compete ao TCU apreciar (e não julgar) as contas prestadas anualmente pelo Presidente
da República, mediante parecer prévio. Em outras palavras, é da competência exclusiva do
Congresso Nacional julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo. Para os demais administra-
dores e responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos compete ao TCU o julgamento
das contas.
Importante chamar a sua atenção também ao fato de que, no caso de contrato, o ato de
sustação será adotado diretamente pelo CN - Congresso Nacional, que solicitará, de imediato,
ao Poder Executivo as medidas cabíveis. Todavia, se o CN ou o Poder Executivo, no prazo de
90 dias, não efetivar as medidas cabíveis, o Tribunal decidirá a respeito.
Devemos guardar também que as decisões do TCU resultarem imputação de débito ou
multa têm eficácia de título executivo extrajudicial, e assim, a dívida passa a ser líquida e certa.
Importante registrar que de acordo com o artigo 75 da nossa CF/1988, as normas estabe-
lecidas em sua seção IX, “DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA”, se
aplicam no que couber à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Vamos aos principais pontos na Lei n. 4.320/1964 sobre o Controle Externo:
• O controle da execução orçamentária, pelo Poder Legislativo, terá por objetivo verificar a
probidade da administração, a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos e o cum-
primento da Lei de Orçamento.
• O Poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo, no prazo estabele-
cido nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios.
• As contas do Poder Executivo serão submetidas ao Poder Legislativo, com Parecer pré-
vio do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.
• Quando, no Município não houver Tribunal de Contas ou órgão equivalente, Câmara de
Vereadores poderá designar peritos contadores para verificarem as contas do prefeito e
sobre elas emitirem parecer.

Existe também o Controle Social, que é realizado pela sociedade, tanto nos espaços insti-
tucionais de participação, como Conselhos e Conferências, quanto nos espaços de articulação
da própria sociedade, como nas Redes e Fóruns”.
Alguns autores classificam o controle social como controle privado ou popular, sendo efe-
tivado por meio de denúncias ao TCU, como determina o artigo 74 da CF/1988 em seu pa-
rágrafo 2º.
Nessa linha, temos ainda o artigo 73-A da LRF, introduzido pela LC n. 131/2009, que de-
terminou ser qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato parte legítima para
apresentar denúncia junto ao respectivo Tribunal de Contas (não só ao TCU) e ao órgão com-
petente do Ministério Público.
Podemos dizer que Controle Social é a integração da sociedade com a administração pú-
blica, com a finalidade de solucionar problemas e as deficiências sociais com mais eficiência.
Assim, o controle social efetiva a participação do cidadão na gestão pública e acaba sendo
um mecanismo de prevenção da corrupção e de fortalecimento da cidadania.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

QUESTÕES DE CONCURSOS
001. (FGV/CM-SALVADOR/ANALISTA/2018) Os recursos recebidos por entidades públicas
decorrentes de royalties pelo uso de ativos de longo prazo dessas entidades podem ser clas-
sificados como receita:
a) derivada.
b) de contribuições.
c) extraorçamentária.
d) com contraprestação.
e) de transferências correntes.

Importante destacar que nas transações classificadas como receitas sem contraprestação, a
entidade recebe o valor da outra parte sem dar diretamente em troca valor aproximadamente
igual, como tributos e as transferências (monetárias ou não monetárias), incluindo subsídios,
perdão de dívidas, multas, heranças, presentes e doações.
Já a transação de receita com contraprestação é aquela segundo a qual a entidade recebe
ativos ou serviços, ou tem passivos extintos, e diretamente entrega em troca um valor aproxi-
madamente equivalente (prioritariamente sob a forma de bens, serviços ou uso de ativos) à
outra parte.
Assim, a maior parte das receitas dos governos e de outras entidades do setor público é deri-
vada, advinda do poder soberano do Estado, tipicamente de transações sem contraprestação,
a exemplo dos tributos. Já as transações com contraprestação se relacionam com as receitas
originárias, advindas de atividades empresariais, comerciais ou industriais do Estado.
Na situação em tela, os recursos recebidos por entidades públicas decorrentes de royalties
pelo uso de ativos de longo prazo dessas entidades são recursos tipicamente de natureza em-
presarial do Estado que exige uma contraprestação de mesmo valor.
Letra d.

002. (FGV/SEFIN-RO/CONTADOR/2019) O Anexo de Riscos Fiscais é parte da Lei de Diretri-


zes Orçamentárias. Além dos riscos capazes de afetar as contas públicas, nele serão avaliados:
a) o risco de inadimplência dos valores a receber.
b) as provisões constituídas.
c) os passivos contingentes.
d) a recuperabilidade dos ativos.
e) o grau de solvência dos entes envolvidos.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

A LRF ampliou o rol de atribuições da LDO, incluindo nela o Anexo de Riscos Fiscais, que além
dos riscos capazes de afetar as contas públicas, nele serão avaliados além dos riscos capazes
de afetar as contas públicas, no anexo de riscos fiscais serão avaliados os passivos contin-
gentes, conforme § 3º do art. 4º da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Letra c.

003. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO/2019) A determinação de que a Lei Orçamentária Anual não


deve consignar dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal,
material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras refere-se ao princípio do(a):
a) exclusividade.
b) especificação.
c) transparência.
d) universalidade.
e) orçamento bruto.

Perceba que o enunciado da questão indica o princípio da especificação, também conhecido


como princípio da especialização ou da discriminação da despesa. Confira artigo 2º combina-
do com o artigo 15, § 1º, da Lei n. 4.320/1964, com grifos nossos:

Art. 2º A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a


política econômica-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de
unidade universalidade e anualidade.
(...)
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos.
§ 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, obras
e outros meios de que se serve a administração pública para consecução dos seus fins.
Letra b.

004. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO-SUPERIOR/2019) Os créditos adicionais são autorizações de


despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento que, em geral,
têm vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem abertos, mas uma das exceções
refere-se aos créditos:
a) suplementares, com saldo em aberto.
b) extraordinários, abertos por decreto do Poder Executivo.
c) especiais, com saldo inscrito em restos a pagar.
d) especiais e extraordinários, abertos nos últimos quatro meses do exercício.
e) suplementares, abertos nos últimos quatro meses do exercício.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Não se esqueça que os créditos ESPECIAIS e EXTRAORDINÁRIOS quando AUTORIZADOS nos


últimos QUATRO meses do exercício (01/09 a 31/12) é que podem ser reabertos no limite dos
seus saldos. Confira diretamente na CF/1988 com grifos nossos:

Art. 167. § 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que
forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do
exercício financeiro subsequente.
Letra d.

005. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO-SUPERIOR/2019) O estágio da execução da despesa no qual


são identificados, em documento próprio, o nome do credor, a especificação do credor e a
importância da despesa, bem como os demais dados necessários ao controle da execução
orçamentária, é o(a):
a) fixação.
b) licitação.
c) empenho.
d) liquidação.
e) lançamento.

Importante destacar que o documento próprio a que se refere o enunciado é a nota de empe-
nho. Assim, o estágio da execução da despesa é o empenho. Vamos rever os artigos 58 e 61
da Lei n. 4.320/1964, como grifos nossos:

Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado
obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.
(...)
Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado “nota de empenho” que in-
dicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa bem como a dedução desta
do saldo da dotação própria.
Letra c.

006. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO-SUPERIOR/2019) Conforme previsto na Constituição da Repú-


blica de 1988, o Plano Plurianual (PPA) é um dos instrumentos do planejamento público, que
estabelece “de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos progra-
mas de duração continuada”.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Em relação ao processo orçamentário do PPA e a sua vigência relativamente ao mandato do


chefe do Poder Executivo, é correto afirmar que:
a) sua vigência se confunde com o mandato, vigendo durante os quatro anos do governo.
b) entra em vigor no segundo ano do mandato, mantendo-se vigente até o final do primeiro ano
do mandato seguinte.
c) entra em vigor no terceiro ano do mandato, mantendo-se vigente até o final do segundo ano
do mandato seguinte.
d) entra em vigor no quarto ano do mandato, mantendo-se vigente até o final do terceiro ano
do mandato seguinte.
e) tem a vigência prescrita em decreto específico do chefe do Poder Executivo, podendo variar
entre dois e quatro anos desde o início do mandato.

O projeto de PPA deve ser enviado ao Congresso Nacional no primeiro ano de mandato do go-
vernante eleito para valer nos 4 anos seguintes. Assim, a vigência do PPA vai do segundo ano
do mandato até o encerramento do primeiro exercício financeiro seguinte (já em outro manda-
to) conforme previsto no ADCT. Confira:

Art. 35º
(...)
§ 2º I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do
mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento
do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa;
Letra b.

007. (FGV/CGM-NITERÓI/AUDITOR/2018) Após ultrapassar os limites de despesa com pes-


soal na Receita Corrente Líquida, definidos na Lei de Responsabilidade Fiscal, o Brasil entrou
em guerra com um país vizinho. Considerando essa situação hipotética, espera-se que os
prazos para a retomada dos limites:
a) sejam suspensos.
b) sejam duplicados.
c) sejam triplicados.
d) mantenham-se inalterados.
e) tenham aplicação imediata.

De acordo com o artigo 65 da LRF, caso o estado calamidade pública seja reconhecida pelo
Congresso Nacional (União) ou pelas Assembleias/Câmaras Legislativas (Estados e Municí-
pio), enquanto perdurar a situação, ficam suspensos os prazos e as disposições relativos aos
limites da despesa com pessoal. Também vale para situação de estado de defesa ou de sítio.
Letra a.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

008. (FGV/ALERJ/PROCURADOR/2017) O Estado do Rio de Janeiro pretende criar um novo


órgão até então inexistente. Contudo, não houve dotação orçamentária específica na lei orça-
mentária anual para essa criação.
Nessa situação, e de acordo com o previsto na Lei n. 4.320/1964, deverão ser aprovados cré-
ditos adicionais da seguinte espécie:
a) suplementares.
b) especiais.
c) extraordinários.
d) supletórios.
e) subsidiários.

Os créditos especiais são aqueles destinados a despesas para as quais não haja dotação or-
çamentária específica, como no caso da criação de um novo órgão até então inexistente para
o qual não houve dotação orçamentária específica na lei orçamentária anual.
Letra b.

009. (FGV/SEPOG-RO/ANALISTA/2017) Considerando as receitas: preço público, multa e he-


rança vacante, assinale a opção que indica a correta classificação desses ingressos.
a) Originária/contratual/ordinária.
b) Derivada/originária/coercitiva.
c) Originária/derivada/extraordinária.
d) Derivada/voluntária/extraordinária.
e) Voluntária/derivada/onerosa.

O preço público é pago pelo cidadão facultativamente, caso queira usar o serviço público cor-
respondente, logo é uma receita originária.
A multa decorre de imposição do Estado, logo é uma receita derivada.
Finalmente, no caso da “herança vacante”, aquela que “não tem dono” e foi parar nas mãos do
Estado depois de 5 anos sem “aparecer” nenhum herdeiro. Durante esses 5 anos, o Estado fica
como fiel depositário desse valor, sendo a receita correspondente registrada como extraordi-
nária, já que é eventual e ainda, se for o caso, não permanente.
Letra c.

010. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO-SUPERIOR/2019) As classificações legais da despesa pública


foram criadas com o objetivo de gerar informações que subsidiem a aplicação e o controle dos
recursos públicos.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Uma das classificações mais relevantes do ponto de vista informacional é a programática, que
pode ser caracterizada por:
a) organizar as despesas em categorias econômicas.
b) categorizar as ações como atividades, projetos ou operações especiais.
c) identificar em que área de ação governamental a despesa será realizada.
d) ser acrescida da informação gerencial denominada modalidade de aplicação.
e) refletir a estrutura de alocação dos créditos orçamentários em níveis hierárquicos.

É por meio da classificação por estrutura programática (ou simplesmente classificação pro-
gramática) que dividimos as ações em atividades, projetos ou operações especiais. Confira
diretamente no MCASP:

4.2.3. Classificação por Estrutura Programática


(...)
O orçamento Federal está organizado em programas, a partir dos quais são relacionadas às ações
sob a forma de atividades, projetos ou operações especiais, especificando os respectivos valores e
metas e as unidades orçamentárias responsáveis pela realização da ação.
Vamos agora apontar os erros das demais alternativas:
a) Errada. Já que, na verdade, é a classificação por natureza que categoriza as despesas por
categoria econômica.
c) Errada. Já que, na verdade, é a classificação funcional que tem essa finalidade.
d) Errada. Já que é a classificação por natureza que é acrescido desta informação gerencial.
Confira no MCASP, com grifos nossos:

Classificação da Despesa Orçamentária por Natureza:


A natureza da despesa será complementada pela informação gerencial denominada “Modalidade
de Aplicação”, a qual tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por ór-
gãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da Federação e suas
respectivas entidades, e objetiva, precipuamente, possibilitar a eliminação da dupla contagem dos
recursos transferidos ou descentralizados.
e) Errada. Já que, na verdade, é a classificação institucional que reflete a estrutura de alocação
dos créditos orçamentários em níveis hierárquicos.
Letra b.

011. (FGV/ALERJ/ESPECIALISTA/2017) Na apuração da Receita Corrente Líquida (RCL) de


um ente estadual, conforme definido pela LRF (Lei Complementar n. 101/2000 - Lei de Res-
ponsabilidade Fiscal), alguns itens devem ser deduzidos do somatório das receitas correntes.
Dos itens a seguir, o que NÃO representa uma dedução da RCL estadual é:
a) contribuições para custeio de pensões militares.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

b) contribuições para custeio do sistema de previdência dos servidores.


c) contribuições dos empregadores e trabalhadores para a Seguridade Social.
d) dedução da receita para formação do FUNDEB.
e) transferências constitucionais e legais.

PEGADINHA DA BANCA
A FGV jogou uma casca de banana e deve ter derrubado muita gente.
Leia atentamente a letra “c”.
c) contribuições dos empregadores e trabalhadores para a Seguridade Social;
Agora leia a alínea c do inciso IV do artigo 2º da LRF com grifos nossos:

c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu
sistema de previdência e assistência social.
Veja, somente a contribuição dos servidores deve ser deduzida e não a dos empregadores.
Letra c.

012. (FGV/CGM-NITERÓI/ANALISTA/2018) Algumas fontes de recursos para créditos adi-


cionais provocam um aumento no valor global do orçamento, estando incluída(s), entre elas,
a) as operações de crédito.
b) a reserva de contingência.
c) as receitas sem despesas correspondentes.
d) a anulação parcial de dotações.
e) a anulação total de dotações.

A ideia é que usar uma operação de crédito para a abertura de crédito adicional aumenta o
valor global do orçamento, já que o valor das receitas é aumentado para também aumentar
a despesa.
Vamos apontar as falhas das demais alternativas:
b) Errada. Já que, na verdade, a reserva de contingência já está prevista na Lei Orçamentária
para fazer frente a eventuais necessidades, não podendo gerar aumento do o valor global do
orçamento.
c) Errada. Já que receitas sem despesas correspondentes já estão previstas no orçamento e
sua utilização para a abertura de crédito adicional não altera o valor global.
d) Errada. Já que anular dotações de outra despesa gera apenas uma permuta entre despesas,
sem aumentar o valor global.
e) Errada. Já que anular dotações de outra despesa causa apenas troca entre despesas, sem
aumentar o valor global.
Letra a.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

013. (FGV/ALERO/CONSULTOR-LEGISLATIVO/2018) Assinale a opção que indica a denomi-


nação que recebem as dotações para manutenção de serviços criados anteriormente, inclusi-
ve as destinadas a atender obras de conservação e adaptação de bens imóveis.
a) Operações de crédito.
b) Investimentos.
c) Inversões Financeiras.
d) Despesas de capital.
e) Despesas de custeio.

Embora atualmente não seja mais usada a nomenclatura de classificação da despesa como
despesa de custeio, na literalidade da Lei n. 4.320/1964 essa terminologia ainda aparece e
pode aparecer também na sua prova. Confira com grifos nossos:

Art. 12. § 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços
anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de
bens imóveis.
Letra e.

014. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO-SUPERIOR/2019) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é


uma importante inovação trazida pela Constituição da República de 1988 ao ordenamento
político brasileiro, estipulando metas e prioridades da Administração Pública.
Trata-se de uma de suas atribuições constitucionais:
a) conter reserva de contingência com a finalidade de atender os passivos contingentes e ou-
tros riscos fiscais imprevistos;
b) fixar prazos para elaboração das leis orçamentárias, enquanto não houver a edição de lei
ordinária específica para a matéria;
c) modificar e atualizar elementos materiais da legislação tributária;
d) dispor sobre alterações nas despesas de capital no exercício corrente;
e) estabelecer políticas de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

Confira essa atribuição constitucional da LDO, com grifos nossos:

Art. 165. § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da adminis-


tração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária
e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
Agora vamos apontar os erros das demais alternativas:
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

a) Errada. Já que conter reserva de contingência com a finalidade de atender os passivos con-
tingentes e outros riscos fiscais imprevistos é uma das atribuições da LOA e não da LDO.
b) Errada. Já que a LDO, nessa seara, apenas traz orientações para a elaboração da LOA.
c) Errada. Já que a LDO apenas dispõe sobre alterações na legislação tributária.
d) Errada. Já que LDO compreende despesas de capital para o exercício financeiro subsequente.
Letra e.

015. (FGV/ALERJ/PROCURADOR/2017) Imagine, por hipótese, que a Assembleia Legislativa


descumpriu o limite individual de despesas a ela determinado pela Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF - Lei Complementar n. 101/2000). Em razão desse fato, a União impôs ao Poder
Executivo do Estado restrições em matéria de realização de operações de crédito por des-
cumprimento da LRF. A esse respeito e à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é
correto afirmar que a União:
a) não pode impor tais restrições ao Poder Executivo do Estado-membro, pois é necessária a
deliberação da matéria na Assembleia Legislativa, em razão da autonomia dos Estados-mem-
bros e da ausência de hierarquia entre os entes federados.
b) não pode impor tais restrições ao Poder Executivo do Estado-membro, pois a independência
e autonomia entre os Poderes impede que um poder interfira sobre o outro quanto ao uso dos
recursos públicos destinados a cada um deles.
c) pode impor tais restrições ao Poder Executivo do Estado-membro, pois este é o responsável
pela consolidação e elaboração do orçamento de todos os Poderes e órgãos autônomos.
d) pode impor tais restrições ao Poder Executivo do Estado-membro, pois o limite de despesas
previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal deve ser globalmente considerado para efeito de
restrições e sanções.
e) pode impor tais restrições ao Poder Executivo do Estado-membro, pois este poderá contin-
genciar a entrega de recursos ao Poder ou órgão autônomo que descumprir os limites da Lei
de Responsabilidade Fiscal.

Nessa seara, a nossa Suprema Corte firmou entendimento de que o Poder Executivo não pode
ser punido por outro Poder descumprir os limites determinados pela LRF, assim, de acordo
com o princípio da separação dos poderes, o Executivo não possui gerência sobre a gestão
orçamentária dos outros poderes, não podendo, dessa forma, ser responsabilizado.
Letra b.

016. (FGV/CM-SALVADOR/ANALISTA/2018) Após o estágio da previsão orçamentária, as re-


ceitas públicas são registradas por ato da repartição competente, que verifica a procedência
do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora. São objetos desse segundo estágio:
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

a) apenas receitas correntes.


b) apenas receitas tributárias.
c) receitas orçamentárias e extraorçamentárias.
d) receitas correntes, exceto transferências correntes.
e) todas as receitas orçamentárias.

Apenas aplicável no caso das receitas públicas de origem tributária, o lançamento deve obser-
var o disposto no art. 142 da Lei n. 5.172/1966 (Código Tributário Nacional) que o define como
procedimento privativo da autoridade administrativa tendente a verificar a ocorrência do fato
gerador, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o
sujeito passivo e, se for o caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
Aproveite para revisar as três modalidades diferentes de lançamento tributário:
• Lançamento por declaração ou misto que é aquele concede a espontaneidade ao sujeito
passivo para declarar corretamente. Assim, O próprio contribuinte apura o valor devido e
presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à
sua efetivação, como nos casos dos Impostos de Importação e de Exportação.
• Lançamento por homologação ou autolançamento é aquele em que o pagamento e as
informações prestadas pelo contribuinte são realizados sem qualquer exame prévio da
autoridade administrativa, como nos casos do Imposto de Renda e do ICMS.
• Lançamento de ofício ou direto que é aquele usado para tributos que têm como fato
gerador uma situação cujos dados constam dos cadastros de suas Secretarias de Fa-
zenda, de modo que basta à autoridade administrativa a consulta a aqueles registros
para que se tenha às mãos dados fáticos necessários à realização do lançamento. Des-
ta forma, é efetuado pela Administração sem a participação do contribuinte, como nos
casos do IPTU e do IPVA.
Letra b.

017. (FGV/ALERO/CONSULTOR-LEGISLATIVO/2018) Considerando o processo de execução


das despesas orçamentárias, assinale a opção que apresenta a sequência correta.
a) Ordem de empenho / Fixação da Despesa na LOA / Liquidação / Ordem de Pagamento.
b) Dotação Orçamentária / Liquidação / Ordem de empenho / Pagamento.
c) Verificação da execução do serviço ou entrega do bem / Emissão de Nota de Empenho /
Ordem de Pagamento.
d) Fixação da despesa na LOA / Empenho / Liquidação / Ordem de Pagamento / Pagamento.
e) Apuração sobre a obrigação de pagamento / Liquidação / Emissão de Nota de Empenho /
Ordem de Pagamento / Pagamento.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

A questão aborda as fases da Despesa Pública segundo a Doutrina.


Inicialmente temos a fixação da despesa como sendo um dos estágios, integrando o Plane-
jamento e atividades como a descentralização e movimentação de créditos, a programação
orçamentária e financeira e o processo de licitação.
Em seguida temos o empenho que é o ato emanado de autoridade competente que cria para o
Estado obrigação de pagamento, pendente ou não de implemento de condição.
Depois vem a liquidação que é caracterizada pela entrega dos bens e serviços contratados.
Nos termos do disposto no art. 63 da Lei n. 4.320, de 17/03/1964, a liquidação da despesa
consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos
comprobatórios do respectivo crédito.
O pagamento que é transferência de recursos ao credor.
Entretanto, a questão em tela considerou ainda uma fase que ocorre entre a Liquidação e o
pagamento, a chamada ordem de pagamento. Confira o seu conceito na Lei n. 4.320/1964:

Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando
que a despesa seja paga.
Letra d.

018. (FGV/ALERJ/ESPECIALISTA/2017) De acordo com a LRF, a renúncia de receita decorre


da concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária que correspondam
a tratamento diferenciado.
A renúncia de receita em que um ente estatal exclui do crédito tributário a parte relativa à multa
aplicada ao sujeito passivo por infrações cometidas é denominada:
a) isenção.
b) anistia.
c) redução.
d) remissão.
e) subsídio.

Vamos analisar as alternativas de acordo com as espécies de renúncia de receita e marcar


a correta.
a) Errada. Já que, na verdade, a isenção é a espécie mais usual de renúncia e define-se como
a dispensa legal, pelo Estado, do débito tributário devido. Neste caso, o montante da renúncia
será considerado no momento da elaboração da LOA, ou seja, a estimativa da receita orçamen-
tária já contempla a renúncia e, portanto, não há registro orçamentário ou patrimonial.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

b) Certo. Isso mesmo! A anistia é o perdão da multa, que visa excluir o crédito tributário na par-
te relativa à multa aplicada pelo sujeito ativo ao sujeito passivo, por infrações cometidas por
este anteriormente à vigência da lei que a concedeu. A anistia não abrange o crédito tributário
já em cobrança, em débito para com a Fazenda, cuja incidência também já havia ocorrido.
Neste caso, o controle é patrimonial por não envolver fluxo de caixa, provocando a baixa de
eventuais ativos já constituídos.
c) Errada. Já que, na verdade, a modificação de base de cálculo que implique redução discri-
minada de tributos ou contribuições é o incentivo fiscal por meio do qual a lei modifica para
menos sua base tributável pela exclusão de quaisquer de seus elementos constitutivos. Pode
ocorrer isoladamente ou associada a uma redução de alíquota, expressa na aplicação de um
percentual de redução.
d) Errada. Já que, na verdade, a remissão é o perdão da dívida, que se dá em determinadas
circunstâncias previstas na lei, tais como valor diminuto da dívida, situação difícil que torna
impossível ao sujeito passivo solver o débito, inconveniência do processamento da cobrança
dado o alto custo não compensável com a quantia em cobrança, probabilidade de não receber,
erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, equidade etc. Não implica em perdoar a con-
duta ilícita, concretizada na infração penal, nem em perdoar a sanção aplicada ao contribuinte.
Contudo, não se considera renúncia de receita o cancelamento de débito cujo montante seja
inferior ao dos respectivos custos de cobrança. Neste caso, o controle é patrimonial por não
envolver fluxo de caixa, provocando a baixa de eventuais ativos já constituídos.
e) Errada. Já que, na verdade, O subsídio é a transferência de recursos públicos a terceiros,
com a finalidade de fomentar alguma atividade.
Letra b.

019. (FGV/CGM-NITERÓI/ANALISTA/2018) Relacione os diferentes orçamentos da Lei Orça-


mentária Anual aos seus respectivos exemplos.
I – Orçamento Fiscal
II – Orçamento de Investimento das Estatais
III – Orçamento de Seguridade Social

( ) Aquisição de um ativo imobilizado por uma estatal independente


( ) Pagamento de Bolsa Família
( ) Amortização da Dívida Pública Federal

Assinale a opção que apresenta a relação correta, segundo a ordem apresentada.


a) I – II – III.
b) III – I – II.
c) III – II – I.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

d) II – III – I.
e) II – I – III.

(II) Aquisição de um ativo imobilizado por uma estatal independente.


As empresas dependentes constam apenas no orçamento fiscal e as independentes não. Já
os investimentos das empresas estatais independentes figuram apenas no orçamento de in-
vestimento.
(III) Pagamento de Bolsa Família.
O bolsa família é um benefício assistencial e, assim, integra o orçamento da seguridade social.
(I) Amortização da Dívida Pública Federal.
Fora os investimentos das empresas independentes e as despesas da seguridade social, todas
as outras despesas constam no orçamento fiscal. O orçamento fiscal contém o maior montan-
te de receitas e despesas do Ente, incluindo a amortização da Dívida.
Letra d.

020. (FGV/PREF-SALVADOR/FISCAL/2019) Leia o fragmento a seguir.


“O orçamento não deve incluir em seu projeto de lei assuntos estranhos à previsão de receitas
e à fixação de despesas”.
Assinale a opção que indica o princípio orçamentário a que o fragmento se refere.
a) Programação.
b) Equilíbrio.
c) Legalidade.
d) Especificação.
e) Exclusividade.

De acordo com o princípio da exclusividade, a LOA não pode ter dispositivo estranho à fixação
das despesas e previsão das receitas, ou seja, a LOA SOMENTE pode conter a previsão de
receita e fixação de despesa, com as exceções previstas na própria CF/1988. Confira, com
grifos nossos:

Art. 165. § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suple-
mentares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos
da lei.
Letra e.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

021. (FGV/CGM-NITERÓI/AUDITOR/2018) O Estado do Rio de Janeiro aluga as vagas do es-


tacionamento da Universidade do Estado para pessoas alheias à Universidade, aos domingos.
A receita auferida deve ser classificada em Receita Corrente Líquida, como:
a) receita de contribuições.
b) receita patrimonial.
c) receita de serviços.
d) outra receita operacional.
e) transferência corrente.

As Receitas decorrentes de aluguéis são classificadas como receita patrimonial. Veja nas pa-
lavras do MTO:

Receita Patrimonial: são provenientes da fruição de patrimônio pertencente ao ente público, tais
como as decorrentes de aluguéis, dividendos, compensações financeiras/royalties, concessões,
entre outras.
Letra b.

022. (FGV/ALERJ/PROCURADOR/2017) Em um determinado Estado-membro da Federação,


a despesa total com pessoal do Poder Legislativo ultrapassou os limites definidos na Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF - Lei Complementar n. 101/2000). Em razão disso, decidiu-se
pela redução temporária da jornada de trabalho dos servidores desse poder como forma de
diminuir custos. Diante desse quadro, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:
a) é possível a redução temporária da jornada de trabalho dos servidores, com adequação
dos vencimentos à nova carga horária, conforme previsão do art. 23, §2º da LRF (“É facultada
a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga
horária”).
b) é possível a redução temporária da jornada de trabalho dos servidores, ainda que sem ade-
quação dos vencimentos à nova carga horária, como medida excepcional e temporária para
alcançar a redução da despesa com pessoal.
c) é possível a redução temporária da jornada de trabalho dos servidores, com adequação dos
vencimentos à nova carga horária, em razão de aplicação do princípio do equilíbrio fiscal, como
medida excepcional e temporária para alcançar a redução da despesa com pessoal.
d) não é possível a redução temporária da jornada de trabalho dos servidores, com adequação
dos vencimentos à nova carga horária, por violação ao direito adquirido a regime jurídico.
e) não é possível a redução temporária da jornada de trabalho dos servidores, com adequação
dos vencimentos à nova carga horária, por ofensa ao princípio da irredutibilidade de vencimen-
tos do servidor público.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

A LRF, no § 2º, do artigo 23, previu a redução da jornada de trabalho para diminuir as despesas
com pessoal.
Confira com grifos nossos:

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limi-
tes definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual exceden-
te terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro,
adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição.
(...)
§ 2º É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à
nova carga horária. (Vide ADIN 2.2385)
Entretanto, o STF, em sede da ADIN 2.238-5, declarou tal previsão da LRF como inconstitucio-
nal por ofender o princípio da irredutibilidade de vencimentos do servidor público. Assim, não
é possível a redução temporária da jornada de trabalho dos servidores, com adequação dos
vencimentos à nova carga horária, por ofensa ao princípio da irredutibilidade de vencimentos
do servidor público.
Letra e.

023. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO-SUPERIOR/2019) Em sentido amplo, os ingressos de recursos


financeiros nos cofres do Estado denominam-se receitas públicas, porém nem todos esses
recursos são receitas orçamentárias. Alguns ingressos de recursos financeiros nos cofres pú-
blicos têm natureza extraorçamentária, que se caracteriza por:
a) envolver somente receitas derivadas.
b) poder ou não ser prevista no orçamento.
c) poder ser efetiva ou não efetiva.
d) representar recursos de natureza transitória.
e) ser fonte exclusiva de recursos para cobertura de despesas públicas.

Tenha em mente que os ingressos extraorçamentários representam recursos de natureza tran-


sitória/temporária. Confira nas palavras do MCASP:

Ingressos extraorçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, do qual o Estado é


mero agente depositário. Sua devolução não se sujeita a autorização legislativa, portanto, não in-
tegram a Lei Orçamentária Anual (LOA). Por serem constituídos por ativos e passivos exigíveis, os
ingressos extraorçamentários, em geral, não têm reflexos no Patrimônio Líquido da Entidade.
Letra d.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

024. (FGV/ALERJ/ESPECIALISTA/2017) As despesas públicas são apresentadas no orça-


mento e nos demonstrativos contábeis e fiscais de acordo com alguns critérios de classifica-
ção para fornecer informações de desempenho e controle.
Algumas dessas classificações são legalmente requeridas e as categorias previamente defini-
das. Uma dessas classificações é:
a) funcional.
b) institucional.
c) programática.
d) quanto à coercitividade.
e) quanto ao impacto patrimonial.

Considerando apenas as classificações das despesas apresentadas entre as alternativas da


questão, a única que foi expressamente determinada por Lei foi a classificação funcional na
Lei n. 4.320/1964, conforme disposto no artigo 8º, § 2º, abaixo reproduzido com grifos nossos:

Art. 8º A discriminação da receita geral e da despesa de cada órgão do Governo ou unidade admi-
nistrativa, a que se refere o artigo 2º, § 1º, incisos III e IV obedecerá à forma do Anexo n. 2.
§ 1º Os itens da discriminação da receita e da despesa, mencionados nos artigos 11, § 4º, e 13,
serão identificados por números de códigos decimal, na forma dos Anexos n.s 3 e 4.
§ 2º Completarão os números do código decimal referido no parágrafo anterior os algarismos carac-
terizadores da classificação funcional da despesa, conforme estabelece o Anexo n. 5.
§ 3º O código geral estabelecido nesta lei não prejudicará a adoção de códigos locais.
Letra a.

025. (FGV/PREF-CUIABÁ/AUDITOR/2016) Dentre os princípios que direcionam a Lei de Res-


ponsabilidade Fiscal (LRF), não está incluído:
a) o equilíbrio entre receitas e despesas, a fim de se evitar deficits públicos constantes.
b) a adoção de uma política tributária estável, com regras claras.
c) o estímulo à participação da população nos atos relacionados à prestação das contas dos
recursos públicos, visando ao controle social do orçamento.
d) a estipulação de um limite da dívida pública como percentual do PIB, lançando mão do se-
questro orçamentário se necessário.
e) a transparência na elaboração, execução e divulgação das leis referentes às finanças públi-
cas, em especial aquelas relacionadas ao orçamento.

Com exceção da alternativa “d”, todos estão corretos.


a) Trata-se do Princípio Equilíbrio das contas públicas
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

b) Trata-se da ideia de responsabilidade com as contas aliada ao princípio da Transparência na


gestão fiscal, que requer uma ação transparente, inclusive na cobrança dos tributos.
c) Trata-se do Princípio Transparência na gestão fiscal e das contas públicas, exigindo uma
ação transparente para que população participa.
e) Trata-se do Princípio do Princípio Transparência na gestão fiscal e das contas públicas.
No caso da alternativa “d”, simplesmente não existe na LRF um limite da dívida pública como
percentual do PIB, e não existe previsão de sequestro orçamentário para esse caso.
Letra d.

026. (FGV/ALERJ/ESPECIALISTA/2017) Os dados apresentados no quadro a seguir foram


retirados do Relatório de Gestão Fiscal de um ente estadual relativo ao segundo quadrimestre
de 2016 e estão expressos em milhares de reais.

Dívida mobiliária 4.855


Dívida contratual 102.870.680
Precatórios 410.645
Outras dívidas 16.225
Disponibilidade de caixa bruta 5.929.145
Demais haveres financeiros 1.914.340
Restos a pagar processados 3.072.730
RCL 48.793.305

De acordo com as disposições da LRF quanto à dívida consolidada líquida (DCL), é correto
afirmar que, no quadrimestre:
a) a DCL do ente é de 95,5 bilhões de reais.
b) a DCL ultrapassou o limite máximo em menos de 2%.
c) a DCL ultrapassou o limite máximo em mais de 10%.
d) a DCL está abaixo do limite prudencial.
e) a DCL está 4,4% abaixo do limite máximo.

Vamos calcular primeiro a Dívida Consolidada, que é composta por:


Dívida mobiliária + 4.855
Dívida contratual + 102.870.680
Precatórios + 410.645
Outras dívidas + 16.225
Dívida Consolidada = 103.302.405
Agora vamos calcular o valor das deduções, que é composto por:
Disponibilidade de caixa bruta + 5.929.145
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

Demais haveres financeiros + 1.914.340


(-) Restos a pagar processados – 3.072.730
Deduções = (4.770.755)
Vamos agora calcular a Dívida Consolidada líquida
Dívida Consolidada Líquida = 103.302.405 – 4.770.755 = 98.531.650
A resolução do Senado 40/2001, determinou que o limite para a dívida consolidada líquida para
um ente estadual é duas vezes (200%) a receita corrente líquida (RCL). Além disso, a questão
informou que a RCL foi 48.793.305, logo temos:
Dívida consolidada líquida = 98.531.605 / 48.793.305 = 201,94% da RCL. Assim, a DCL ultra-
passou o limite máximo em menos de 2%.
Letra b.

027. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO-SUPERIOR/2019) O conjunto de valores relativos a créditos tri-


butários e não tributários em favor da Fazenda Pública, não recebidos no prazo e inscritos pelo
órgão ou entidade competente, após apuração de certeza e liquidez, pode ser concebido como:
a) um saldo redutor dos restos a pagar da entidade.
b) um saldo que deve ser provisionado como perdas em cada exercício.
c) um saldo que ajusta os direitos já reconhecidos no patrimônio.
d) uma fonte de receita orçamentária do exercício em que forem lançados.
e) uma fonte potencial de fluxos de caixa reconhecida contabilmente no ativo da entidade.

Perceba que no enunciado temos que “o conjunto de valores relativos a créditos tributários e
não tributários em favor da Fazenda Pública, não recebidos no prazo e inscritos pelo órgão ou
entidade competente, após apuração de certeza e liquidez” é a Dívida Ativa.
Em outras palavras, a Dívida ativa é o conjunto de créditos tributários e não tributários em favor
da Fazenda Pública, não recebidos no prazo para pagamento definido em lei ou em decisão
proferida em processo regular, inscrito pelo órgão ou entidade competente, após apuração de
certeza e liquidez.
Nessa toada, a dívida ativa é uma fonte potencial de fluxos de caixa e é reconhecida con-
tabilmente no ativo. Não se confunde com a dívida pública, uma vez que esta representa as
obrigações do ente público com terceiros e é reconhecida contabilmente no passivo. Confira
no artigo 39 da Lei n. 4.320/1964:

Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados
como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. (Re-
dação dada pelo Decreto Lei n. 1.735/1979).
Letra e.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

028. (FGV/ALERO/CONSULTOR/2018) Analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a


verdadeira e (F) para a falsa.

( ) A lei de diretrizes orçamentárias regula a política de aplicações das agência de Fomen-


to.
( ) A lei orçamentária anual disporá sobre a forma de utilização e montante de reservas
de contingência.
( ) O plano plurianual veiculado por lei federal, de caráter nacional, regula as despesas pú-
blicas de capital.

As afirmativas são, respectivamente,


a) V – F – F.
b) F – V – F.
c) V – V – F.
d) F – F – V.
e) F – V – V.

Vamos avaliar as assertivas:


I – Certa. Pois está de acordo com artigo 165, § 2º, da CF/1988 que diz que a LDO compreen-
derá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capi-
tal para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual,
disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das
agências financeiras oficiais de fomento.
II – Errada. Já que é a LOA que deve conter reserva de contingência, enquanto a forma de uti-
lização e o montante estão na LDO.
III – Errada. Já que o PPA não faz tal regulação. Confira no Art. 165 - § 1º, que nos revela que a
lei que instituir o PPA deve estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas
da administração pública federal para as despesas de capital.
Letra a.

029. (FGV/PREF-SALVADOR/ESPECIALISTA/2019) Assinale a opção que indica o princípio


orçamentário segundo o qual o orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas
da entidade.
a) Unidade.
b) Universalidade.
c) Totalidade.
d) Especificação.
e) Exatidão.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

É princípio orçamentário da universalidade que nos orienta e guia no sentido de que o orça-
mento deve conter todas as receitas e todas as despesas da entidade.
Letra b.

030. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO-SUPERIOR/2019) A Emenda Constitucional (EC) n. 86/2015


criou dispositivos para regular a aprovação e a execução de emendas individuais ao projeto
de lei orçamentária. De acordo com os dispositivos da EC n. 86/2015, o limite para aprovação
das emendas individuais ao projeto de lei orçamentária corresponde a 1,2% da receita corren-
te líquida:
a) prevista no projeto de LOA.
b) prevista no projeto de LOA, corrigida pela meta de inflação.
c) realizada no exercício anterior.
d) realizada no exercício anterior, corrigida pela inflação do período.
e) sendo 50% para ações e serviços públicos de saúde.

O limite para aprovação das emendas individuais ao projeto de lei orçamentária corresponde a
1,2% da receita corrente líquida prevista no projeto de LOA. Confira na letra da CF/1988, com
grifos nossos:

Art. 166. § 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de
1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encami-
nhado pelo Poder Executivo, sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e servi-
ços públicos de saúde. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 86, de 2015).
Você pode ter ficado em dúvida e marcado a alternativa “e”, uma vez que realmente os percen-
tuais nela dispostos estão realmente corretos.
Entretanto, em questões de múltipla escolha temos que escolher a questão MAIS CORRETA,
que não deixe nenhuma margem de dúvida. Note que o enunciado da questão faz menção
direta ao “limite para aprovação das emendas individuais ao projeto de lei orçamentária cor-
responde a 1,2% da receita corrente líquida”, ou seja, o examinador pede a melhor a alternativa
que complete o enunciado, que no caso é a letra a.
Em outras palavras, note que a questão solicita a referência do limite para aprovação das
emendas, que no caso é a prevista no Projeto da LOA.
Letra a.
AULA ESSENCIAL
Direito Financeiro
MANUEL REGIS PINON

GABARITO
1. d 11. c 21. b
2. c 12. a 22. e
3. b 13. e 23. d
4. d 14. e 24. a
5. c 15. b 25. d
6. b 16. b 26. b
7. a 17. d 27. e
8. b 18. b 28. a
9. c 19. d 29. b
10. b 20. e 30. a

Caro(a) aluno(a),
Chegamos ao final da nossa aula de hoje e do nosso curso. Antes de nos despedirmos, lhe
convido para um momento final de reflexão ...
Sabe-se que a grande maioria das pessoas desiste dos seus sonhos quando já estão a um
passo da conquista. Desistem muitas vezes por muito pouco, pois é mais fácil desistir do que
prosseguir. Desistem dos estudos, do objetivo perseguido por muito tempo ou de um grande
sonho, do trabalho, dos projetos etc.
Neste momento, pense um pouco em quantas coisas você deixou de fazer e quantos sa-
crifícios realizou!
Agora é hora de pensar positivo, de ter fé!
Chegou a sua hora de vencer!
Você vai passar!
Obrigado por tudo, um grande abraço, bons estudos e boas provas!
Espero ver o seu nome na lista de aprovados!

Manuel Piñon
Atualmente, exerce o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e é Professor, voltado para a área
de concursos públicos.
Foi aprovado nos seguintes concursos públicos:
1 – Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil – AFRFB 2009/2010;
2 – Analista de Finanças e Controle – AFC (hoje, Auditor Federal de Finanças e Controle) da Controladoria-
Geral da União – CGU (hoje, Ministério da Transparência) em 2008; e
3 – Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional – AFTN (Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil) em 1998.

Você também pode gostar