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Políticas de atendimento

e medidas aplicáveis
a crianças e adolescentes

Camila Bressanelli*
*
Mestre em Direitos Hu-
manos e Democracia pela
Universidade Federal do
Paraná (UFPR). Professora
do Centro Universitário
Curitiba (Unicuritiba).
Advogada.

A política e organização do atendimento


No que tange à política de atendimento dos direitos da criança e do adoles-
cente, o Estatuto, Lei 8.069/90, disciplina o assunto nos seus artigos 86 ao 89.

Para estudar os princípios e diretrizes de atuação na defesa desses interes-


ses, mister se faz uma breve análise do contexto jurídico brasileiro, quando da
entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente como instrumento
capaz de viabilizar a proteção integral do ser humano em desenvolvimento.

Para tanto, é importante mencionar, em breve análise histórica, que o Direi-


to brasileiro foi marcado por dois documentos relativos aos direitos da criança
e do adolescente: os Códigos de Menores, de 1927 e de 1979. O legislador bra-
sileiro buscou disciplinar a situação das crianças e adolescentes em situação
de irregularidade, ou por estarem em situação de abandono, ou por terem co-
metido qualquer ato infracional. Nesse sentido, observou-se que a perspectiva
tutelar somente sofreu alteração no final do século XX, com a Constituição da
República Federativa Brasileira, de 1988.

Deste então, crianças e adolescentes passaram a ser considerados como


sujeitos de direito. Instaurou-se a perspectiva protecionista, adstrita à prote-
ção integral do ser humano.

Através da consagração da Doutrina da Proteção Integral, no Direito Bra-


sileiro, busca-se a garantia de completude no atendimento dos interesses de
crianças e adolescentes. No texto constitucional, a inserção dos princípios do
melhor interesse da criança e do adolescente, e da absoluta prioridade, ocor-
reu no seu artigo 227, caput.

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O Estatuto da Criança e do Adolescente, para a disciplina dessa questão,


parte de uma ideia de descentralização, conforme a previsão do seu artigo
1
O artigo 86, do Estatuto 861, propondo a ação de todos os entes da Federação brasileira, de iniciativa
da Criança e do Adoles-
cente, dispõe o seguinte: governamental ou não governamental, de forma a alargar a proteção dos
“A política de atendimen-
to dos direitos da criança direitos fundamentais de crianças e adolescentes.
e do adolescente far-se-á
através de um conjunto
articulado de ações go-
vernamentais e não go-
vernamentais, da União,
dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios”.
Linhas de ação da política
de atendimento (artigo 87 do Estatuto)
Com relação às linhas de ação da política de atendimento dos direitos da
criança e do adolescente, o artigo 87 do Estatuto em comento prevê o desen-
volvimento de políticas sociais básicas voltadas para esses sujeitos de direitos,
no afã de viabilizar o exercício pleno dos seus direitos fundamentais básicos.

Além disso, o fomento ao desenvolvimento de serviços especializados


para a prevenção e tratamento de crianças e adolescentes vítimas de ne-
gligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão, através da
capacitação de profissionais aptos a prestar atendimento médico e psicos-
social de qualidade.

Para os casos em que os pais e/ou responsáveis ou mesmo as crianças e os


adolescentes encontrem-se desaparecidos, o legislador previu como política
de atuação a criação de serviço especializado para identificar e tentar localizar
essas pessoas, além do desenvolvimento da proteção jurídico-social, através
da criação de entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.

E, para garantia plena do exercício do direito fundamental à convivência


familiar, o Estado tem ainda como política de atuação o desenvolvimento de
estratégias para prevenir ou minorar o período de afastamento do convívio
familiar.

Para tanto, previu-se ainda a necessidade de campanhas de estímulo ao


acolhimento, sob forma de guarda, de crianças e adolescentes afastados do
convívio familiar, e também à adoção, especificamente daquelas crianças e
adolescentes que não são tão facilmente adotados. O fomento à adoção in-
ter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades especí-
ficas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos, é essencial para a
garantia desse direto à convivência familiar, pois infelizmente, na prática, os
candidatos a pais e mães adotivos não procuram, em regra, essas crianças.

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Linhas de ação e diretrizes


No que se refere às diretrizes da política de atendimento dos direitos da
criança e do adolescente, passar-se-á à análise detalhada do conteúdo do
artigo 88 do Estatuto da Criança e do Adolescente, em seus incisos I a VII.

O inciso I aborda a questão da municipalização do atendimento. Tal preo-


cupação do legislador justifica-se em função da necessidade de atendimento
dos interesses de crianças e adolescentes, de forma eficaz, e, para tanto, quanto
mais próximo for o atendimento, quanto mais específica for a atenção que se
dá, tendo em vista as características daquela comunidade em especial, melhores
serão os resultados. Por tal razão, é o atendimento municipalizado que promove
o respeito às particularidades daquela comunidade, daquele grupo social.

Previu, também, o legislador, acerca das linhas de ação e diretrizes no


atendimento de direitos da criança e do adolescente, no seu inciso II, do
artigo 88, a criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos di-
reitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das
ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por
meio de organizações representativas, segundo leis federais, estaduais e
municipais. O objetivo dessa menção é, além de dinamizar o atendimento
dos interesses desses indivíduos, transferir à sociedade, através do exercício
do dever de cidadania, o dever de zelo, de cuidado, que qualquer indivíduo
2
deve ter na salvaguarda dos direitos de crianças e adolescentes2. Nesse sentido, o artigo
70 do Estatuto da Criança
e do Adolescente é bas-
Para tanto, há ainda menção à criação e manutenção de programas es- tante convidativo ao esta-
belecer: “É dever de todos
pecíficos voltados à satisfação dos interesses de crianças e adolescentes, e prevenir a ocorrência de
ameaça ou violação dos
a manutenção de fundos nacionais, estaduais e municipais vinculados aos direitos da criança e do
adolescente”.
respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente.

Em suma, toda a sociedade deve estar envolvida nesse atuar, para a im-
plementação dessas políticas de atendimento de crianças e adolescentes,
através de uma integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
Público, Defensoria, Segurança Pública, Assistência Social e sociedade.

As entidades e programas de atendimento


As entidades e programas de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente respaldam-se na previsão dos artigos 90 ao 94 do Estatuto da
Criança e do Adolescente e adotam como mandamentos gerais a municipa-
lização e a descentralização.

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Nesse sentido, os artigos 90, §1º, do Estatuto da Criança e do Adolescen-


3
Artigo 90 -“As entidades te são imperativos, no sentido de exigir a municipalização do atendimento,
3
de atendimento são res-
ponsáveis pela manuten- para a preservação dos interesses locais, e a descentralização, para a diversi-
ção das próprias unidades,
assim como pelo planeja-
mento e execução de pro-
dade de atuações e de controle.
gramas de proteção e so-
cioeducativos destinados
a crianças e adolescentes,
Para atuarem, as entidades recebem a fiscalização do Judiciário, pelo
em regime de: §1.º As en-
tidades governamentais Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares, e as entidades não gover-
e não governamentais
deverão proceder à ins- namentais somente poderão funcionar depois de registradas no Conselho
crição de seus programas,
especificando os regimes Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o re-
de atendimento, na forma
definida nesse artigo, no gistro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade.
Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do
Adolescente, o qual man- Os programas de acolhimento familiar ou institucional estão previstos no
terá registro das inscri-
ções e de suas alterações,
do que fará comunicação
artigo 92 do Estatuto da Criança e do Adolescente e, preferencialmente, o
ao Conselho Tutelar e à
autoridade judiciária;  §2.º
primeiro tem prioridade sobre o segundo, quando possível. Decorre que as
[...]; §3.º [...]”. crianças que estão em situação de suspensão do poder familiar, ou mesmo
sem poder familiar e aguardando a colocação em família substituta, têm o
direito à convivência familiar como direito fundamental.

Quando da colocação dessa criança em um programa de acolhimento


institucional, (em abrigo) esse direito fica prejudicado, uma vez que ela não
vai ter o convívio diário com uma família. Nas hipóteses de colocação em
programa de acolhimento familiar, mesmo estando em uma situação tem-
porária e numa família que não é originalmente a sua, a criança pode viven-
ciar o cotidiano de uma vida em família.

Com relação aos princípios de atuação das entidades que desenvolvem


programas de acolhimento familiar ou institucional, o artigo 92 do Estatuto
em comento estabelece, em seus incisos, o seguinte: I - preservação dos vín-
culos familiares e promoção da reintegração familiar; II - integração em família
substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família natural
ou extensa; III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; IV - desen-
volvimento de atividades em regime de coeducação; V - não desmembramen-
to de grupos de irmãos; VI - evitar, sempre que possível, a transferência para
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; VII - participação na
vida da comunidade local; VIII - preparação gradativa para o desligamento; e
IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.

Ressalta-se que o dirigente da entidade é o guardião para os efeitos de


direito. Deve haver o envio de relatório a cada seis meses, acerca da situação
da criança ou adolescente acolhido.

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Os programas de internação previstos no artigo 94 do Estatuto da


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Conforme o artigo 100: “Na apli-
cação das medidas levar-se-ão em
conta as necessidades pedagógicas,
Criança e do Adolescente não podem ser confundidos com programas preferindo-se aquelas que visem ao
fortalecimento dos vínculos familia-
prisionais. A internação é medida socioeducativa que visa à formação e res e comunitários. Parágrafo único.
São também princípios que regem
a aplicação das medidas: I - condi-
recuperação do adolescente que cometeu ato infracional, mas que será ção da criança e do adolescente
como sujeitos de direitos: crianças
tratado, enquanto permanecer em internação, como sujeito de direito, e adolescentes são os titulares dos
direitos previstos nesta e em outras
Leis, bem como na Constituição
como se verá em seguida. Federal; II - proteção integral e prio-
ritária: a interpretação e aplicação
de toda e qualquer norma contida
nesta Lei deve ser voltada à prote-
ção integral e prioritária dos direi-

Medidas de proteção tos de que crianças e adolescentes


são titulares; III - responsabilidade
primária e solidária do poder públi-
co: a plena efetivação dos direitos
assegurados a crianças e a adoles-
As medidas de proteção estão disciplinadas nos artigos 98 ao 102, centes por esta Lei e pela Consti-
tuição Federal, salvo nos casos por
do Estatuto, e são aplicáveis nas hipóteses do artigo 98, sempre que esta expressamente ressalvados,
é de responsabilidade primária e
solidária das 3 (três) esferas de go-
os direitos de crianças e adolescentes forem ameaçados ou violados, verno, sem prejuízo da municipali-
zação do atendimento e da possi-
por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; por falta, omissão ou bilidade da execução de programas
por entidades não governamentais;
IV - interesse superior da criança
abuso dos pais ou responsável; ou em razão de sua conduta. e do adolescente: a intervenção
deve atender prioritariamente aos
interesses e direitos da criança e do
adolescente, sem prejuízo da con-

As medidas específicas de proteção


sideração que for devida a outros
interesses legítimos no âmbito da
pluralidade dos interesses presen-
tes no caso concreto; V - privacida-
de: a promoção dos direitos e pro-
As medidas específicas de proteção poderão ser aplicadas isolada teção da criança e do adolescente
deve ser efetuada no respeito pela
intimidade, direito à imagem e
ou cumulativamente, utilizando, para tanto, como critério principal, as reserva da sua vida privada; VI - in-
tervenção precoce: a intervenção
necessidades pedagógicas em cada caso e para o fortalecimento dos das autoridades competentes deve
ser efetuada logo que a situação de
perigo seja conhecida; VII - inter-
vínculos familiares e comunitários, conforme o artigo 1004 do Estatuto venção mínima: a intervenção deve
ser exercida exclusivamente pelas
da Criança e do Adolescente. autoridades e instituições cuja
ação seja indispensável à efetiva
promoção dos direitos e à proteção
da criança e do adolescente;  VIII -
Os princípios que regem a aplicação de tais medidas partem da proporcionalidade e atualidade: a
intervenção deve ser a necessária e
adequada à situação de perigo em
noção primordial de que crianças e adolescentes são sujeitos de direi- que a criança ou o adolescente se
encontram no momento em que a
tos, e é nessa perspectiva que será escolhida entre as medidas previstas decisão é tomada; IX - responsabi-
lidade parental: a intervenção deve
ser efetuada de modo que os pais
no artigo 101 do referido Estatuto, aquela que mais se coaduna às par- assumam os seus deveres para com
a criança e o adolescente; X - preva-
ticularidades do caso e ao perfil da pessoa. lência da família: na promoção de
direitos e na proteção da criança e
do adolescente deve ser dada pre-
valência às medidas que os mante-
Estas medidas específicas de proteção são, em geral, voltadas para a nham ou reintegrem na sua família
natural ou extensa ou, se isto não
for possível, que promovam a sua
tentativa do fortalecimento das relações familiares e para a garantia do integração em família substituta; XI
- obrigatoriedade da informação: a
direito fundamental à convivência familiar. criança e o adolescente, respeitado
seu estágio de desenvolvimento
e capacidade de compreensão,
seus pais ou responsável devem
Além disso, visam à formação, à educação e também à proteção ser informados dos seus direitos,
dos motivos que determinaram a
intervenção e da forma como esta
contra qualquer forma de violência e maus-tratos. se processa;  XII - oitiva obrigatória
e participação: a criança e o adoles-
cente, em separado ou na compa-
nhia dos pais, de responsável ou de

A colocação em família substituta


pessoa por si indicada, bem como
os seus pais ou responsável, têm
direito a ser ouvidos e a participar
nos atos e na definição da medida
de promoção dos direitos e de pro-
Entre as medidas específicas de proteção, está a colocação em fa- teção, sendo sua opinião devida-
mente considerada pela autoridade
judiciária competente, observado o
mília substituta, que (ressalta-se) é medida subsidiária, uma vez que a disposto nos §§ 1.º e 2.º do art. 28
desta Lei”.

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tentativa de manutenção da criança e/ou adolescente na sua família natural,


originária, é sempre a primeira opção, desde que o ambiente familiar seja
saudável.

A prática do ato infracional

A questão socioeducativa:
conceito do ato infracional
A disciplina jurídica do ato infracional está nos artigos 103 ao 109 do Esta-
tuto da criança e do adolescente. O ato infracional deve ser entendido como
a conduta de conteúdo delitivo, praticada por criança ou adolescente, ou
seja, é a prática de conduta penal, descrita como crime na esfera penal.

Inimputabilidade
Os menores de dezoito anos são inimputáveis, e para considerar quem
poderia ser considerado inimputável adota-se o critério do tempo do ato
infracional, para a aplicação da medida socioeducativa ao adolescente. Ou
seja, se um adolescente praticou um ato infracional quando tinha 17 anos e
364 dias, para todos os efeitos, ele ainda era adolescente quando da prática
da infração, e, por isso, é considerado como inimputável.

Com relação ao ato infracional praticado por criança, aplicam-se as já co-


mentadas medidas de proteção, do artigo 101 do Estatuto da Criança e do
Adolescente.

Para os casos em que um adolescente pratique ato infracional, aplicar-se-


-ão as medidas socioeducativas, com se verá, em seguida.

As hipóteses para a privação da liberdade do adolescente são excepcio-


nais e somente se justificam diante da gravidade da circunstância fática. So-
mente ocorrerá quando de flagrante de ato infracional, por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente; e com o exame neces-
sário da possibilidade de liberação imediata.

A internação antes da sentença, será pelo prazo máximo de 45 dias, e ocor-


rerá apenas quando houver indícios suficientes de autoria e materialidade.

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Garantias processuais
As garantias processuais previstas nos artigos 110 e 111 do Estatuto da
Criança e do Adolescente objetivam a proteção do devido processo legal,
conforme os artigos 5.º, LXXIV, e 134 da Constituição Federal.

Medidas socioeducativas
As medidas socioeducativas estão elencadas a partir do artigo 112,
abrangendo suas modalidades, até o artigo 125, do Estatuto da Criança e do
Adolescente.

O artigo 112 do Estatuto em comento elenca as medidas socioeducativas5 5


Cada uma das medidas
socioeducativas foi ex-
que podem ser aplicadas ao adolescente, quando da prática do ato infracio- plicada pelo legislador
no próprio Estatuto da
nal, podendo ser: a advertência; a obrigação de reparar o dano; a prestação Criança e do Adolescente,
em diversos artigos, mais
de serviços à comunidade; a liberdade assistida; a inserção em regime de especificamente do artigo
115 ao 125.
semiliberdade; a internação em estabelecimento educacional; ou qualquer
uma das medidas de proteção previstas no art. 101, I a VI.

Para definir qual medida será aplicada, levar-se-á em conta a capacidade


do adolescente para cumprir tal medida e a gravidade da infração cometida.

A remissão 6
É assim o teor do artigo
129, do Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente: “Art.
A remissão foi prevista nos artigos 126 ao 128, e 188, do Estatuto da Crian- 129. São medidas aplicá-
veis aos pais ou responsá-
ça e do Adolescente. Trata-se de uma forma de exclusão do processo, pro- vel: I - encaminhamento a
programa oficial ou comu-
posta pelo Ministério Público, antes de iniciado o procedimento judicial para nitário de proteção à famí-
lia; II - inclusão em progra-
a apuração de ato infracional. ma oficial ou comunitário
de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e
toxicômanos; III - encami-
Para tanto, levar-se-ão em conta os traços específicos da personalidade nhamento a tratamento
psicológico ou psiquiátri-
do adolescente e a sua maior ou menor participação no ato infracional. co; IV - encaminhamento
a cursos ou programas de
orientação; V - obrigação
Opera-se, na remissão, quando já iniciado o procedimento judicial, a sus- de matricular o filho ou
pupilo e acompanhar sua
pensão ou extinção do processo. freqüência e aproveita-
mento escolar; VI - obri-
gação de encaminhar a
A remissão não prevalece para efeito de antecedentes. criança ou adolescente
a tratamento especiali-
zado; VII - advertência;
VIII - perda da guarda; IX
- destituição da tutela; X -
Medidas pertinentes aos pais ou responsável suspensão ou destituição
poder familiar. Parágrafo
único. Na aplicação das
medidas previstas nos in-
As medidas pertinentes aos pais ou responsável, estão previstas no artigos cisos IX e X deste artigo,
observar-se-á o disposto
1296 e 130, do Estatuto da Criança e do Adolescente, e possuem conteúdo nos arts. 23 e 24”.

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voltado à socialização; à formação, educação; à orientação familiar; e à coibi-


ção de violência e maus-tratos no âmbito familiar.

Dicas de estudo
 Observar o artigo 90 do Estatuto acerca dos procedimentos e princi-
piologia de atuação das entidades de atendimento.

 Observar os artigos 115 ao 125 do Estatuto sobre cada uma das medi-
das socioeducativas citadas nos incisos do artigo 112.

 A medida socioeducativa de reparação do dano e as hipóteses em que


a reparação não é possível.

 Análise do artigo 129 do Estatuto, com elenco de medidas pertinentes aos


pais ou responsáveis, e da Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006, para coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher – interpretação extensiva.

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