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PARECER JURÍDICO. Parecer 2022.

Interessado: Prefeitura Municipal de


Aracaju/SE. Assunto: CRIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. PARA OS ORFÃOS
GERADOS PELA PANDEMIA.

EMENTA: CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ESTATUTO DA


CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – POLÍTICAS PÚBLICAS –
DIREITOS FUNDAMENTAIS.

I – RELATÓRIO
Trata-se de uma solicitação de um parecer jurídico, encaminhada pela a instituição
Tiradentes, cujo objeto, é a garantia dos direitos remetentes as vitimas afetadas pela dantesca
catástrofe ocasionada pela pandemia da Covid-19, que se encontra em situação de desamparo,
neste contexto as crianças e adolescentes.
Onde busca responder as seguintes perguntas:
a) Se as crianças e adolescentes nessas circunstâncias de estado precário terão direitos
assegurados pela Constituição Federal e se o estado tem obrigatoriedade de cumprir.
b) Se é possível criar novas políticas, para amparar essas vitimas, causadas pela
pandemia.
É o breve relatório, passemos a fundamentação.

II – FUNDAMENTAÇÃO
É um fato notório que o cenário pandêmico que se instalou no mundo contemporâneo
trouxe uma instabilidade econômica, social, política e cultural de nível global, muitas pessoas
tiveram que lidar com a perda de um ente querido e entre outras consequências.
O aumento do número de órfãos é uma dessas consequências. De acordo com o
Conselho Nacional de Saúde (CNS), ‘’mais de 113 mil menores de idade brasileiros perderam
o pai, a mãe ou ambos para a Covid-19 entre março de 2020 e abril de 2021, e se considerar
as crianças e adolescentes que tinham como principal cuidador os avós/avôs, esse número
salta para 130 mil no país’’.
A perda dos pais, ainda na primeira idade, resulta em sequelas socioeconômicas e
sociais que afeta tragicamente o futuro desses jovens. Devido a isso, torna-se crucial aplicar,
de forma inteligente, políticas públicas que impeçam esse cenário de perdurar. É
imprescindível a atuação das instituições estatais, uma vez que as políticas públicas são os

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meios pelo qual o Governo intervém na sociedade com o objetivo de mitigar uma
problemática e amparar um grupo específico que sofre com um problema específico. Desse
modo, o Estado possui a incumbência de amparar esse grupo de órfãos.
Como prova de compreender obrigação da atuação Estatal, A constituição Federal, lei
mais importante do país, prevê, no artigo 227, que é dever do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer e, principalmente, à dignidade. Ademais, a lei número 8.069/90 que
dispõe sobre o estatuto da criança e do adolescente assegura, em seu artigo 5º, que nenhuma
criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência.
Para que a política pública seja implementada de forma efetiva, é necessário seguir o
seguinte ciclo: identificar o problema; formar uma agenda; formular alternativas; tomar
decisão; implementar; avaliar.
Precipuamente, é fulcral identificar a problemática para então pensarmos em como
mitigá-la. Depois de identificado, o ator político deve medir esforços para que tal problema
entre na lista de prioridades de atuação (TEIXEIRA, 2017). Segundo Teixeira (2017, p. 65),
“Essa lista de prioridades é conhecida como agenda.”
A agenda é definida por Teixeira (2017, p. 65) um “conjunto de problemas ou temas
entendidos como relevantes”. Programa de governo, planejamento orçamentário, um estatuto
partidário são os formatos que a agenda pode ter. A formulação de alternativas é a fase em
que será estudada e prevista as consequências de cada alternativa de solução (TEIXEIRA,
2017). É nessa etapa que, de acordo com Teixeira (2017, p. 66), serão “elaborados métodos,
programas, estratégias ou ações que poderão alcançar os objetivos estabelecidos”
Na tomada de decisão, Teixeira (2017, p. 66) afirma que é o “momento em que os
interesses dos atores de enfrentamento de um problema público são explicitados”. Em síntese,
é na implementação que são produzidos os resultados concretos da política pública. Teixeira
(2017, p. 66) assegura que a importância dessa fase está na possibilidade de “visualizar erros
anteriores à tomada de decisão, a fim de detectar problemas mal formulados,objetivos mal
traçados e otimismos exagerados.”
Por fim, Teixeira (2017, p. 67) explana que a avaliação é a fase “em que o processo de
implementação e o desempenho da política pública são examinados com o intuito de conhecer
melhor o estado da política e o nível de redução do problema que a gerou”
A princípio, urge a necessidade da importância de propostas parlamentares voltadas às
crianças e adolescentes que perderam pais e/ou responsáveis durante o contexto pandêmico,

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com enfoque principal a aplicabilidade de políticas públicas de acompanhamento e assistência
a tal público alvo, em concordância a ordenamentos jurídicos já vigorantes no país (Lei
7143/2022), assim como projetos de lei que discorram a respeito de tal problemática no
mundo (Projeto de Lei Califórnia em apoio aos órfãos da COVID 19).
Para tanto, é fulcral o entendimento de que a implementação de programas de proteção
social e atenção psicológica às crianças e adolescentes em situação de orfandade em
decorrência da Covid 19 é previsto em lei, cuja numeração atende pelo código 7143/2022,
sendo deste modo, um compromisso jurídico e social do poder público e de suas instituições e
uma obrigação do mesmo garantir os devidos direitos e garantias a quem se devem tais
incumbências.
Desse modo, é necessário a fiscalização da procedência da regulamentação da lei
atribuída ao Executivo, a nível federal, estadual e municipal,de modo a garantir a devida
efetividade do código jurídico, através da implementação de projetos cooperativos entre os
órgãos públicos e as entidades de assistência social, bem como a instauração de
procedimentos administrativos de acompanhamento sobre as políticas públicas de atenção a
crianças e adolescentes cujos pais ou representantes legais morreram no contexto pandêmico,
visando a proteção integral e o respeito a condição peculiar da pessoa em desenvolvimento,
identificando tais indivíduos e verificar se já possuem representante legal regular,assim como
a verificação das condições materiais em que se encontram,garantir sua segurança alimentar e
tratar os aspectos emocionais e psicológicos, tratando todos as consequências negativas
geradas que possam inibir o devido desenvolvimento.
Ademais, devem-se considerar tais políticas públicas já implementadas, que em uma
rede de apoio conjunta, serão grandes aliados na assistência pública e acompanhamento das
crianças e adolescentes como o Programa de Proteção à Crianças e Adolescentes Ameaçados
de Morte(PPCAAM), programa este que teve um alto investimento que já beneficiaram várias
pessoas, não envolvendo só crianças,adolescentes, mas também os familiares ,auxiliando as
pessoas que de alguma forma foram afetadas pelas mortes de responsáveis e familiares na
pandemias.
Também é válido destacar o SINASE (Sistema de Atendimento Socioeconômico) e
tem por objetivo erradicar o déficit de vagas no sistema socioeducativo do Brasil, além de
qualificar a estrutura dos programas já implementados, com um investimento catalogado em
60 milhões. Outrossim, também pode-se citar os Conselhos Tutelares, com a iniciativa de
proporcionar condições dignas para os conselheiros trabalharem, sendo assim um aliado para

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defender e promover os direitos dos mesmos e proteger as crianças e adolescentes em caso de
suspeita de denúncia, além de ter destinado 50 milhões para aquisição de kits, os quais
representam conjuntos de equipamentos que incluem computadores,refrigeradores,
bebedouros, televisões, impressoras e dentre outros.

III – CONCLUSÃO
Tendo em vista todo o exposto acima, pode-se concluir que as crianças e os
adolescentes em estado de desamparo (Não só as que ficaram órfãos na pandemia, mas
também em situações diversas), a devida assistência será prestada, através da devida
aplicabilidade das políticas públicas já existentes, bem como a implementação das novas
propostas.
É o parecer.

ARACAJU/SE, 06 de novembro de 2022. A. D. L. e M. Associação de Advogados.


Anthony Gabriel Oliveira Feitosa, Davi Cardoso dos Santos, Luiz Santana Vasco Viana e
Marcos Vinícius de Carvalho Feitosa. OAB/SE nº 22.222
UNIVERSIDADE TIRADENTES.
Curso: Direito
Disciplina: Ciência Política e Teoria Geral do Estado

Referencias:
https://www.academia.edu/8696237/Modelo_parecer
https://novatimboteua.pa.gov.br/pregao-no-92017-027-pmnt-pp-srp/parecer-juridico-deserto/
http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/2235-orfaos-da-covid-19-mais-de-113-mil-
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