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e procedimentos relativos
Camila Bressanelli*
*
Mestre em Direitos Hu-
manos e Democracia pela
Universidade Federal do
Paraná (UFPR). Professora
do Centro Universitário
Curitiba (UNICURITIBA).
Advogada.
Conselho tutelar
Disposições gerais
A previsão jurídica no Estatuto da Criança e do Adolescente está nos arti-
gos 131 ao 135, destacando-se, de início, o seu caráter não jurisdicional.
Atribuições
As atribuições dos membros do Conselho Tutelar estão previstas nos arti-
gos 136 e 137 do Estatuto da Criança e do Adolescente e constituem-se basica-
mente no atendimento às crianças e aos adolescentes, nas hipóteses de apli-
cação de medidas de proteção, e aos pais, para as medidas a eles pertinentes.
Competência
A competência em razão do lugar dos Conselhos Tutelares está estabele-
cida nos artigos 138 e 147 do Estatuto sob exame.
O artigo 147 determina que a competência será determinada pelo domicí-
lio dos pais ou responsável; e/ou pelo lugar onde se encontre a criança ou ado-
lescente, à falta dos pais ou responsável. Entretanto, no seu §1.º, esse artigo
estabelece que nos casos de ato infracional será competente a autoridade do
lugar da ação ou omissão, desde que observadas as regras de conexão, conti-
nência e prevenção, no intuito de preservar a verdade, em cada caso, pela faci-
litação da apuração das provas. O critério determinante é sempre o orientado
pelo princípio do melhor interesse da criança e do adolescente.
Competência
adolescente, aplicando as
medidas cabíveis; II - conce-
der a remissão, como forma
de suspensão ou extinção
Em relação à competência, o Estatuto da Criança e do Adolescente esta- do processo; III - conhecer
de pedidos de adoção e
belece em seus artigos 145 ao 149 a possibilidade de criação de varas espe- seus incidentes; IV - conhe-
cer de ações civis fundadas
cializadas, o Juízo da Infância e da Juventude. em interesses individuais,
difusos ou coletivos afetos
à criança e ao adolescente,
A competência em relação ao local, para o Juízo da Infância e da Juven- observado o disposto no
art. 209; V - conhecer de
tude, está estabelecida no artigo 147 do Estatuto, analisada anteriormente, ações decorrentes de irre-
gularidades em entidades
quando do estudo da competência dos Conselhos Tutelares. A competên- de atendimento, aplican-
do as medidas cabíveis;
cia em relação à matéria está prevista de forma detalhada no artigo 1484, VI - aplicar penalidades
administrativas nos casos
também do Estatuto. de infrações contra norma
de proteção à criança ou
adolescente; VII - conhecer
de casos encaminhados
pelo Conselho Tutelar, apli-
cando as medidas cabíveis.
Serviços auxiliares Parágrafo único. Quando se
tratar de criança ou adoles-
cente nas hipóteses do art.
98, é também competente
A disciplina jurídica dos serviços está nos artigos 150 e 151 e é de funda- a Justiça da Infância e da
Juventude para o fim de:
mental importância para eficácia dos mandamentos desse Estatuto. Através a) conhecer de pedidos
de guarda e tutela; b) co-
da manutenção de equipes multidisciplinares, todas as questões que envol- nhecer de ações de desti-
tuição do poder familiar,
vem os interesses de crianças e adolescentes passam pela análise criteriosa perda ou modificação da
tutela ou guarda; c) suprir
de profissionais de diversas áreas, para a emissão de laudos e pareceres. Psi- a capacidade ou o consen-
timento para o casamento;
cólogos, sociólogos, pedagogos, enfim, uma série de profissionais com habi- d) conhecer de pedidos
baseados em discordância
litações específicas para a compreensão de cada caso, são fundamentais para paterna ou materna, em
relação ao exercício do
a preservação do princípio do melhor interesse da criança e do adolescente. poder familiar; e) conceder
a emancipação, nos termos
da lei civil, quando faltarem
os pais; f) designar cura-
dor especial em casos de
A destituição da tutela
e a colocação em família substituta
No Estatuto da Criança e do Adolescente, o artigo 164 disciplina os pro-
cendimentos em relação à destituição da tutela; e os artigos 165 ao 170 abor-
dam as questões procedimentais acerca da colocação em família substituta.
A apuração de irregularidade
em entidade de atendimento
A apuração de irregularidade em entidade de atendimento (prevista nos
artigos 191 ao 193 do Estatuto da Criança e do Adolescente) terá início atra-
vés de portaria à autoridade judiciária ou representação do Ministério Públi-
co ou do Conselho Tutelar a partir do resumo dos fatos.
Os recursos
Com disciplina jurídica dos artigos 198 ao 199-E do Estatuto da Criança e
do Adolescente, a sistemática recursal estatutária é a mesma do Código de
Processo Civil, porém, com algumas particularidades, citadas no artigo 198
da Lei 8.069/90.
Art. 198
Da sentença que defere a adoção cabe apelação apenas no efeito devolutivo, salvo se
for caso de adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil
reparação ao adotando.
Dicas de estudo
Atribuições do Conselho Tutelar (artigo 136 do Estatuto).
Referências
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FACHIN, Luiz Edson.Teoria Crítica do Direito Civil: à luz do novo Código Civil
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MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Crian-
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PENA JUNIOR, Moacir César. Direito das Pessoas e das Famílias: doutrina e juris-
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TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RIBEIRO, Gustavo Pereira Leite. (Coord.). Manual
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