Voluntariado

Corporativo
 Sumário

3 Introdução

6 Por que pensar em voluntariado corporativo?

9 Motivações para ser voluntário

11 Voluntariado em benefício de crianças e adolescentes

14 Preparação para o voluntariado corporativo

17 Passos para a implementação

40 Conclusão
Introdução

3
Voluntariado Corporativo
Introdução
As empresas que buscam ser socialmente responsáveis compreendem
que podem ampliar sua atuação, agregando programas de
voluntariado e estimulando seus funcionários a se tornarem
participantes ativos da sociedade e cidadãos melhores.
Ao longo dos últimos anos muitas empresas têm percebido que
desenvolver programas de voluntariado corporativo possibilita a
efetivação de sua agenda social, tornando-se um canal de adesão
ao exercício da cidadania para seus funcionários, beneficiando
as comunidades com que se relacionam e possibilitando o
desenvolvimento de habilidades importantes em seus colaboradores,
com impactos positivos no ambiente de trabalho e cultura da empresa.
4
É importante ter cuidado para não confundir o
voluntariado corporativo com práticas pessoais
de voluntariado.
Ações de voluntariado realizadas por
colaboradores de forma individual ou coletiva,
mas que não contam com o apoio e não estão
alinhadas às estratégias de responsabilidade
social da empresa não podem ser consideradas
ações de voluntariado corporativo.
O programa de voluntariado corporativo está
sempre pautado nas estratégias de atuação
da empresa e a atuação, em geral, é articulada
a partir destes interesses, contando com a
participação de colaboradores na efetivação
das ações.
Voluntariado Corporativo

Todos ganham com o voluntariado:

• A empresa: porque insere valores de responsabilidade
individual e social no ambiente de trabalho, pela
promoção e incentivo de uma cultura de cidadania, além
de reafirmar seu compromisso ético e responsável, de
relações duradouras e de confiança com a sociedade;

• Os funcionários: porque adquirem uma nova compreensão

da vida, desenvolvem competências e habilidades, criam
novas perspectivas de vida e satisfação pela contribuição
espontânea e voluntária;

• A sociedade: porque fortalecem a solidariedade e

a convivência humana, engajamento de pessoas e
empresas nos desafios locais, aproximação de diferentes
públicos, assim como possibilita a melhoria de questões
sociais latentes.

5
Por que pensar
em voluntariado
corporativo?

6
Voluntariado Corporativo
Voluntariado corporativo: empresa e funcionários -
agentes de transformação
A realização de trabalho voluntário pode ser motivada por
várias razões: desejo de participar na construção de um mundo
mais justo; fazer parte de ações que atuem frente à problemas
sociais; desejo de cooperar; entre outras.
Empresas que têm um compromisso sério com a
responsabilidade social corporativa tendem a cada vez mais
promover programas de voluntariado. Assim, podem alinhar as
ações às suas estratégias de responsabilidade social, tornando-
se agentes promotores de responsabilidade social individual
ao facilitar o acesso ao voluntariado, além de fortalecer a
comunidade local e agregar resultados positivos no ambiente
de trabalho.
7
Voluntariado corporativo conectado com o negócio
Uma empresa do setor de energia pode criar um programa
de voluntariado com foco em crianças e adolescentes, por
meio de intervenções de educação e interatividade.
Para isso, pode atuar junto a organizações sociais e escolas
levando conhecimento prático (consumo consciente
de energia, cuidados e segurança, educação ambiental,
etc.) e técnico (geração de energia, energia renovável
e sustentável, visitas guiadas à produção, etc.) tendo os
voluntários como ponto focal das ações, desta forma
a iniciativa de voluntariado possibilita tratar de temas
relacionados às questões energéticas e seus impactos
ambientais decorrentes da geração e do uso da energia
em todas as atividades humanas.
Assim o programa de voluntariado está alinhado com o
negócio e também com as diretrizes de sustentabilidade
da empresa.
Voluntariado Corporativo

Benefícios para a empresa: • Participação social – colabora para o desenvolvimento da

• Relacionamento – contribui prioritariamente para comunidade/sociedade, impactando de forma positiva em
motivação, participação, engajamento, novas interações causas sociais relevantes;
entre colaboradores, além de possibilitar novos espaços
de troca e trabalho cooperativo, dentro e fora do ambiente • Reputação e imagem – consolida sua reputação
de trabalho; como empresa socialmente responsável e fortalece o
posicionamento de suas marcas.
• Desenvolvimento – desenvolvimento de habilidades
sociais e liderança, espaços para trocas de conhecimentos
e habilidades e desenvolvimento pessoal e profissional
dos colaboradores;

• Relacionamento com públicos de interesse – reafirma

seu compromisso social junto às causas e necessidades
locais, bem como seu posicionamento frente à sociedade e
comunidade com que se relaciona;

• Cultura organizacional – fortalece valores como

cooperação, liderança, proatividade, pertencimento, além de
responsabilidade individual e social na cultura da empresa;

8
Motivações para
ser voluntário

9
Voluntariado Corporativo
Para o completo entendimento de voluntariado corporativo
é necessário compreender as motivações que levam os
funcionários a realizarem trabalho não remunerado através de
um programa estabelecido pela empresa.
O funcionário voluntário age por vontade própria, porque quer
fazer a diferença, e a decisão de participar de um programa
de voluntariado tem que ser pessoal e intransferível. Ou seja,
a empresa jamais pode induzir ou forçar a participação. Cabe
somente o convite e o estímulo. O maior desafio para a empresa
é tornar este trabalho relevante para todos. É preciso oferecer
oportunidades de vínculos profundos, humanizar as relações
dentro e fora da empresa e propor soluções para a sociedade.
Benefícios para o voluntário:
• Desenvolvimento Pessoal – adquire novas experiências,
conhece novas realidades, desenvolve novos talentos,
habilidades e liderança. Também desenvolve a
autoestima, conhece novas pessoas, faz amigos e amplia
a rede de conhecimento;
10
• Cidadania – participa da construção de uma sociedade
mais justa e igualitária, buscando soluções para
necessidades sociais;
• Valores – possibilita exercitar valores como solicitude,
empatia, alteridade, solidariedade, dentre outros;
• Fazer a diferença – querer contribuir de alguma forma para
fazer a diferença e saber que está promovendo a melhoria
da qualidade de vida de alguém;
• Retribuição – desenvolve o sentimento de gratidão por
ter recebido e se sentir capaz de devolver à sociedade em
forma de participação social. Oportunidade de retribuir
minimamente à sociedade o que tem e recebeu em
ambiente pessoal e profissional privilegiado de recursos
e informações;
• Compromisso com o futuro – acredita que vale a pena
trabalhar por um mundo melhor, que será deixado para os
filhos, netos e as gerações futuras.
Voluntariado em
benefício de crianças
e adolescentes

11
Voluntariado Corporativo
Programas de voluntariado
em benefício de crianças
adolescentes tem como vantagens:
• Formar público-alvo de maior
visibilidade entre os programas
de voluntariado;
• Dispor de organizações sociais
dedicadas à sua proteção e ao
seu desenvolvimento;
• A atuação pode ser realizada
de forma direta ou indireta,
colaborando com apoio técnico
e serviços para as organizações
que realizam o atendimento.
Adultos produtivos, conscientes e
e capazes de construir uma sociedade
mais justa e sustentável são o
resultado de um desenvolvimento
infantil saudável, afetuoso e seguro.
Garantir o desenvolvimento integral
de crianças e adolescentes é dever e
responsabilidade de toda a sociedade.
Diante disto, existem muitos
projetos voltados para a infância e a
adolescência que buscam promover
e oferecer as melhores condições de
desenvolvimento possível.
Possibilitar que, por meio do programa
de voluntariado corporativo, a retorno afetivo, atuar com este
atuação da empresa impacte
positivamente a vida de crianças e
adolescentes significa transformar
realidades no presente e no futuro
simultaneamente. São diversas as
12
possibilidades e áreas de atuação:
educação, esportes, cultura, arte,
saúde, lazer, direitos reprodutivos,
cuidados com gestantes e puerpério,
inclusão, entre outros.
Ações de voluntariado com crianças
e adolescentes, em geral, geram
altos níveis de engajamento
entre voluntários, além de serem
convidativas para ações recorrentes,
sempre em sintonia com as
necessidades da comunidade ou da
organização social com que se está
trabalhando. Além do expressivo
público possibilita acompanhar o
desenvolvimento e as mudanças
positivas que são geradas a partir da
atuação do grupo de voluntários.
Voluntariado Corporativo
Embora seja muito atrativo fazer
trabalho voluntário para essa faixa
etária é necessário ter em mente o
cuidado e a preparação do grupo
que realizará as ações, buscando
metodologias mais adequadas para
esse público, adequação da linguagem,
compreensão sobre os desafios
vivenciados por aquela comunidade,
dentre outros pontos.
Adicionalmente, a oportunidade de
interagir com gerações diferentes,
ajuda os voluntários a resgatarem as
experiências da infância e adolescência,
além de colaborar para minimizar o
crescente desafio de interlocução
entre gerações que começa a surgir
nas empresas. Principalmente em
ações com adolescentes, o voluntário
tem a oportunidade de se colocar
lado a lado e mergulhar no universo de
interesses, linguagens e desafios.
E, ao optar pela atuação junto a
organizações sociais que atendem
crianças e adolescentes, além de
ações diretas é possível que alguns
voluntários do programa se coloquem
para realizar apoio indireto. Isso ocorre
quando o voluntário utiliza suas
habilidades e conhecimentos para a
qualificação do atendimento oferecido.
Apesar de não haver interação com
o público, na maioria das vezes, são
essenciais para a continuidade do
atendimento daquela comunidade.
13
Preparação para
o voluntariado
corporativo

14
Voluntariado Corporativo
Para elaborar um programa de voluntariado corporativo
é necessário envolver alguns atores: empresa (equipe
responsável), funcionários (interessados em participar de
ações de voluntariado) e comunidade, representada por
pessoas, organizações e poder público local.
A gestão do programa pode estar alocada em alguma área
própria, ou ainda ser realizada por meio de uma fundação ou
um instituto, caso a empresa possua essas instituições. Outra
possibilidade é contar com o apoio de organizações sociais e
consultorias especializadas no tema para ajudar na construção
da proposta, articulação com o território e outros passos para
o desenvolvimento da ação.
A tendência atual é que a empresa examine fundamentalmente
dois aspectos antes de se decidir:
• Primeiro: buscar conhecer quais são as necessidades e
demandas atuais da comunidade e da sociedade;
• Segundo: diante das necessidades encontradas, planejar
como utilizar sua expertise de trabalho, bem como
habilidade e conhecimento dos funcionários para colaborar.
15
Abaixo elencamos alguns pontos de atenção para serem
avaliados pela empresa antes de começar a estruturar um
programa de voluntariado:
• Público Beneficiário - ao estabelecer um programa de
voluntariado corporativo, a empresa deve escolher seu
público beneficiário. As diretrizes do programa devem
definir claramente quais impactos positivos pretendem
causar e delimitar os limites das responsabilidades de todos
os envolvidos. É necessário entender que o atendimento
às demandas e às necessidades do público beneficiário
é a principal condição para o desenvolvimento de um
programa consistente e eficiente;
• Conciliação de Interesses - o programa de voluntariado
não deve ser usado para nenhuma outra finalidade que
não tenha como alicerce a transformação social. Apesar de
ter muitos outros ganhos adicionais, o maior ganho deverá
ser sempre para a comunidade atendida. A empresa deve
ter muita transparência ao comunicar para os voluntários
sobre as estratégias norteadoras do programa;
Voluntariado Corporativo
• Capacitação do Voluntário – embora os funcionários que
se inscrevem em programas de voluntariado corporativo
tenham boa vontade e consciência social desenvolvida, a
formação e a capacitação são extremamente necessárias
para a boa execução de qualquer trabalho voluntário. É
papel da empresa ajudá-los a entender qual é a causa que
a instituição está abraçando e as razões para essa escolha.
O voluntário recebe instruções de como deverá proceder,
como fazer e o que é esperado dele. Não somente as tarefas
que serão desempenhadas, mas também como ser um elo
entre a empresa e a organização ou comunidade atendida;
• Recursos técnicos – a empresa deve prover todos os
recursos necessários para a atuação, sejam eles materiais
que serão usados, tais como manuais, guias de atuação ou
apoio e/ou camisetas que identificam o programa, assim
como dicas sobre como usar os recursos;
• Supervisão – o voluntário recebe supervisão do seu
trabalho e é constantemente orientado sobre como atuar
de maneira mais efetiva. Desta forma, o voluntário pode
16
aprimorar e desenvolver competências e habilidades que
serão usadas tanto em sua vida pessoal como profissional;
• Avaliação – a empresa deve avaliar não só o voluntário, como
também o programa. Com isso, o voluntário passa a ter uma
noção completa sobre os impactos que a sua atuação está
tendo nos beneficiários, fazendo com que se sinta parte do
todo e gere uma potencialização desses impactos;
• Rede de relacionamento – Ao atuar em um programa de
voluntariado corporativo, o voluntário amplia a sua rede de
relações dentro da própria empresa e tem possibilidade de
fazer novos relacionamentos com pessoas que trabalham
em outras áreas. A empresa deve estar atenta para que os
gestores não induzam seus subordinados a participarem do
programa. Os funcionários não devem usar o voluntariado para
promoções e/ou marketing pessoal. A causa social deve ser
sempre muito bem compreendida por todos os envolvidos. Já
a alta direção da empresa, ao apoiar o programa, deve mostrar
que se trata de uma iniciativa empresarial que trará ganhos
variados para a empresa, os funcionários e a comunidade.
 Passos para a
implementação

17
Voluntariado Corporativo
Para estruturar um programa de voluntariado corporativo é
preciso, em primeiro lugar, criar um processo de planejamento
estratégico que venha a definir algumas questões básicas.
A primeira coisa a se pensar é a razão pela qual a empresa
deseja ter um programa de voluntariado corporativo.
Também é preciso estar atento aos recursos financeiros,
tecnológicos e humanos que serão necessários para
estabelecer o programa. Somente após essa reflexão e a
elaboração das respostas às perguntas acima pode-se iniciar o
processo de planejamento estratégico de forma estruturada.
Passo 1 - Diagnóstico
Estabelecimento do marco zero do projeto.
Diagnóstico – esta etapa serve para legitimar as escolhas
que serão feitas no projeto. É neste momento que parcerias e
ações são escolhidas; é estabelecida a visão de voluntariado da
empresa; e é tomada a decisão sobre se haverá alinhamento
estratégico com o negócio.
18
Levantamento de expectativas - é muito importante saber
que, para fazer um bom diagnóstico, é preciso considerar
as demandas de todas as partes interessadas, articulando
as necessidades e interesses da empresa e da comunidade.
Somente conhecendo as expectativas e as necessidades dos
envolvidos será possível construir um planejamento que seja
reconhecido por todos os interessados. Se a empresa souber
equilibrar os interesses, ela terá: a comunidade reconhecendo
os benefícios, a empresa reconhecendo e apoiando a iniciativa
e os funcionários satisfeitos e participando das ações. Antes de
iniciar o planejamento é necessário buscar respostas para as
seguintes perguntas:
Empresa
• O que a empresa espera do programa?
• Qual é o principal motivo para estabelecer um programa
de voluntariado?
• A missão e os valores da empresa são compatíveis com um
programa de voluntariado? Existe algum tipo de relação?
• O clima organizacional é favorável?
• Será destinado um orçamento específico ao programa?
Voluntariado Corporativo
• Está disposta a ceder horas para o trabalho voluntário?
• Entende os benefícios advindos do programa?
• Deseja incluir familiares, fornecedores, clientes, etc.?
Funcionários
• Quais são os principais interesses dos funcionários?
• Qual é o histórico de participação em ações voluntárias ou
campanhas pontuais de doação?
• Qual é o histórico de trabalho em equipe na empresa?
Comunidade
• Quais são as maiores demandas da comunidade?
• Qual é o tamanho da comunidade?
• A que distância fica da(s) unidade(s) da empresa?
• Já existem outros projetos e organizações sociais na região?
Quais são e o que fazem?
• Qual a capacidade de gestão e recepção de voluntários?
• Existe algum histórico de conflito anterior da comunidade
com a empresa?
19
Pesquisa de Interesse
A empresa pode realizar uma pesquisa com os seus
funcionários que revele suas áreas de interesse, tais como:
educação básica, reforço escolar, música, arte, esportes,
leitura, tecnologia, saúde, meio ambiente, etc.
É preciso definir a faixa etária que deseja atender: crianças
até 6 anos, crianças de 7 a 11 anos, adolescentes de 12 a 18
anos, adultos ou idosos.
As instituições: escolas, hospitais, organizações sociais,
centros comunitários, etc.
Público beneficiado: enfermos, estudantes, crianças em
idade pré-escolar, pessoas com deficiência, etc.
Também é possível saber, por meio da pesquisa, se o
funcionário já faz algum trabalho voluntário ou se conhece
alguma organização social na comunidade.
Voluntariado Corporativo

Foco de atuação – após realizada a pesquisa e com as diretrizes

empresariais claras, o foco de atuação começa a ser esboçado.
É recomendável que essa decisão não seja tomada apenas por
uma pessoa, mas que haja envolvimento de outras áreas da
empresa: Recursos humanos e desenvolvimento de pessoas,
Responsabilidade Social, Departamento jurídico, Diretoria,
Área de Compliance 1 e alguns representantes dos funcionários.

Definição de parceria – a empresa pode optar por fazer

uma parceria com a comunidade, organizações sociais ou
instituições públicas. Essa definição é estratégica e fará
diferença. Se a empresa optar por trabalhar com crianças e
adolescentes e não tiver o conhecimento necessário para esta
atuação, é aconselhável que busque uma organização social
que tenha experiência no atendimento. Tal escolha deve ter
um processo muito criterioso, já que a parceria deverá ser
duradoura para gerar impactos positivos.

1 A função do compliance officer é conhecer e disseminar os princípios e diretrizes de atuação da empresa,

bem como treinar funcionários para que tenham conhecimento dos princípios éticos desta. É sua obrigação
fazer com que os funcionários conheçam as regras e tenham uma conduta adequada ao fazer negócios em
nome da empresa.

20
Voluntariado Corporativo
Ações contínuas – envolvem
capacitação de voluntários. A tipo de atividade será oferecida para os
transformação e o impacto positivo
social possuem metas e são avaliados.
Os programas que possuem ações
contínuas aproximam a empresa
e os voluntários da comunidade e
criam elos entre as partes.
Ações pontuais – as ações realizadas
pontualmente geram menor
impacto positivo. Apresentam a
chance para novos voluntários
experimentarem e se envolverem
posteriormente em ações contínuas.
Passo 2 – Planejamento
Esta fase definirá os componentes básicos
do programa:
• Como será o programa de voluntariado?
(Objetivo)
• Por que será feito? (Justificativa)
• Quanto investir? (Orçamento)
• Onde será feito? (Local)
• Por quem será feito? (Responsáveis)
• Quando será feito? (Tempo)
• Preparação do grupo. (Etapas)
21
ObjetivoÉ nesta fase que se decide qual
voluntários atuarem: algumas empresas
oferecem ações contínuas e outras ações
pontuais.
Também são estudados os riscos e as
vulnerabilidades do projeto, além das
parcerias que serão necessárias e de quais
compromissos serão assumidos pelas três
partes interessadas: empresa, funcionários
e comunidade.
Para definir as etapas e os objetivos do
programa devem ser analisados:
• Os dados do diagnóstico;
• A expertise do negócio;
• O perfil dos voluntários;
• As necessidades e as demandas da
comunidade.
Voluntariado Corporativo
Justificativa
Toda argumentação para a implementação do programa deverá
ser listada, compreendida e aprovada. A justificativa deve conter
claramente a identificação das oportunidades do programa de
voluntariado. É importante elencar os benefícios para a empresa:
impacto positivo na reputação, retenção de talentos, melhoria do
clima organizacional, aproximação com a comunidade e melhor
alinhamento interno entre o negócio e a responsabilidade social.
Orçamento
O orçamento definirá a necessidade e possibilidade de recursos
financeiros para o programa e deve ser discutido dentro da empresa
como qualquer outra verba destinada aos seus projetos. Algumas
empresas dispõem de verba anual e outras ainda destinam prêmios
para projetos que sejam reconhecidos, podendo incluir financiamento
de compra de produtos, serviços ou infraestrutura para a instituição
beneficiada dentro do orçamento.
Para garantir esse recurso, é sempre importante lembrar que o
programa de voluntariado colabora para:
• Alinhamento dos objetivos estratégicos da empresa com suas
22
O planejamento é a base para o sucesso
de qualquer projeto dentro da empresa.
É importante realizá-lo antes do início das
atividades do programa de voluntariado. A seguir
estão listados alguns cuidados necessários para
garantir sua efetividade:
• Envolver áreas e pessoas no planejamento;
• Compreender o momento que a empresa
está vivendo e realizar um planejamento
adequado à realidade;
• Conciliar interesses e equilibrar o ganho
entre empresa, funcionários e comunidade;
• Ser o mais transparente possível e usar a
comunicação como ferramenta ativa;
• Não subestimar o valor do programa. As
empresas costumam alocar suas verbas no
que consideram importante, portanto, no
planejamento, mostre o valor que o programa
trará para a empresa e a necessidade de fazer
o investimento.
Voluntariado Corporativo
práticas de responsabilidade social;
• Impacto positivo no desenvolvimento de competências e
habilidades dos funcionários que participam do programa;
• Resultados mensuráveis por indicadores internos e externos;
• Impacto positivo direto na comunidade beneficiada.
Local
A melhor opção para a atuação dos voluntários é sempre
nas proximidades de suas unidades empresariais. Isso facilita
a locomoção deles e gera oportunidade de melhorias na
comunidade do entorno, fortalecendo o relacionamento com
as lideranças do território. Caso a empresa opte por áreas de
abrangência maior, mesmo que distante de suas unidades, ela
poderá providenciar o transporte até o local de atuação.
23
Responsáveis
A definição clara das responsabilidades dos gestores do
programa é um tema de alta relevância. Nesta fase são decididas
quantas e quais pessoas serão necessárias para a viabilidade do
programa. Três temas importantes deverão ser definidos:
• Equipe gestora – poderá ser uma única pessoa ou um
grupo de pessoas de um departamento gestor, que não
deverá ser confundido com o Comitê de voluntariado. Em
muitos casos, o gestor ou a equipe gestora contam com
uma consultoria especializada ou organizações sociais
com prática na estruturação de voluntariado. São os
executivos do programa e tomam decisões estratégicas.
Têm responsabilidade pelo bom andamento da ação;
• Comitê de voluntariado – é aconselhável que a empresa
forme um Comitê de voluntariado. Esse comitê deverá
ter como principais atribuições: atividades estratégicas
(definição das ações, formas de monitoramento e avaliação)
e atividades operacionais (comunicação e disseminação).
Um cuidado a mais deverá ser tomado ao montar o Comitê,
Voluntariado Corporativo

buscando representantes em áreas que podem contribuir uma rede de organizações da sociedade civil, além de
efetivamente: Recursos Humanos e Desenvolvimento de conteúdos e materiais que podem ajudar na estruturação
Pessoas, Jurídico e Legal, Área de Saúde e Qualidade de Vida, e execução das ações de voluntariado.
Diretoria (pelo menos um representante), Sustentabilidade,
Responsabilidade Social, Planejamento Estratégico. Uma das
principais vantagens é ter um grupo expressivo de pessoas
pensando na estratégia das ações, o que traz legitimidade
para a atuação voluntária. A representatividade é garantida
e o programa tem maiores oportunidades de divulgação
e disseminação. Também é aconselhável variar o nível
hierárquico dos componentes do Comitê para que ele
possa refletir verdadeiramente a empresa.

• Parceiros externos – a empresa pode recorrer a uma

consultoria externa para ser a gestora do programa ou
mesmo fazer uma parceria com uma organização social
que já possua um programa de voluntariado. Caso a
empresa opte por ter parceiros externos, eles deverão ter
uma linha de comunicação permanente com a empresa
e apresentar relatórios constantes sobre o andamento do
programa. A Fundação Abrinq possui contato direto com

24
Voluntariado Corporativo
Voluntariado com planejamento
Uma empresa do setor alimentício e uma fundação
empresarial decidiram organizar um programa de
voluntariado. Contaram com a ajuda de uma organização
parceira para elaborar o programa, que teve as seguintes
diretrizes:
• Os voluntários fariam as ações por meio da fundação
da empresa;
• O programa teria como foco a alimentação saudável e
equilibrada;
• As atuações ocorreriam em organizações sociais e
escolas públicas;
• Todos os voluntários seriam capacitados, monitorados
e avaliados pela fundação da empresa;
• As avalições quantitativa e qualitativa seriam feitas
tanto interna como externamente;
• O programa teria um ciclo de 3 anos (tempo que foi
considerado adequado para se obter o resultado
esperado). Após este ciclo, novas escolas e organizações
seriam as parceiras do programa.
25
Tempo
É importante estabelecer um prazo para a atuação dos
voluntários, ele poderá ser curto, médio ou longo. As
atuações de curto prazo normalmente são pontuais. Já as
de médio ou longo prazo trazem impactos maiores tanto
interna como externamente.
A empresa deve ter uma análise da causa e das origens da
demanda, compreender que a relação empresa/comunidade
ou organização social é pautada por compromissos, e entender
que não pode virar as costas para a causa do dia para a noite.
É importante nesta fase de planejamento saber quanto
tempo a empresa precisa para obter os resultados esperados
e já informar a comunidade ou organização social sobre sua
decisão. Assim, evita desgastes futuros e relações estremecidas.
Voluntariado Corporativo
Etapas
Aqui a empresa decide o método que usará para estabelecer
o programa: o modelo de atuação. Esse modelo pode ser
criado pela empresa ou pode ser estabelecido pelo parceiro,
caso a atuação seja feita com uma organização, por exemplo.
É neste momento que se decide: formato da atuação, tempo
de duração da ação, deslocamento de voluntários e outros
detalhes retratados a seguir:
• Sensibilização dos funcionários – a empresa inicia a
divulgação de seu programa de voluntariado, informando
qual causa está abraçando, as justificativas do programa e
convoca os funcionários para assumirem responsabilidades
junto a iniciativa;
• Política de voluntariado – é importante estabelecer um
documento onde o funcionário possa ter conhecimento
sobre o funcionamento do programa de voluntariado,
tempo que precisa dispor para se voluntariar, quais são os
incentivos que a empresa oferece, bem como fazer a adesão
e futuro desligamento caso necessário. Este documento
26
auxilia para que haja transparência na proposta e ajuda cada
pessoa na tomada de decisão quanto sua participação;
• Capacitação – esta etapa é muito importante considerando
que nem sempre a atuação dos voluntários será com ações
para as quais já possui habilidades ou conhecimento.
A maioria dos voluntários gosta de se sentir desafiado,
participando de ações que o permitam sair da zona de
conforto e experimentar outras atividades. Para isso,
existem várias ferramentas de capacitação, sendo as mais
comuns: capacitações técnicas com orientações sobre o
trabalho voluntário; workshops sobre temas específicos;
encontros para troca de experiências; grupos de estudos;
comunicações com matérias, entrevistas e artigos nos
canais de comunicação da empresa; plantões de dúvidas;
videoconferências; e encontros periódicos com voluntários;
• Acompanhamento e monitoramento do programa
– os voluntários precisam ser acompanhados ao longo
do programa e existem também algumas maneiras de
fazer esse acompanhamento: criação de coordenadores
Voluntariado Corporativo

de voluntários por regiões (caso o programa tenha um É possível também estabelecer critérios de reconhecimento
tamanho que exceda uma unidade da empresa); relatórios que devem ser amplamente divulgados para os voluntários,
estruturados (em papel, por e-mail, na intranet ou portal); e tais como: número de atuações voluntárias, número de pessoas
reuniões entre a empresa, os voluntários e a instituição que beneficiadas pelo programa, inovações propostas pelos
recebe os voluntários; voluntários e sugestões de melhorias. Todos os critérios devem
ser cuidadosamente pensados e precisam ter um sistema de
Reconhecimento: fator de engajamento e captação das informações necessárias para análise e tomada
motivação do voluntário. de decisão sobre quais voluntários serão reconhecidos.
Outra forma de reconhecimento é permitir que os próprios
• Reconhecimento e valorização – é nesta fase que a voluntários escolham quais merecem ser reconhecidos.
empresa estabelece como o voluntário será reconhecido
e valorizado. Este é um importante fator de incentivo e
ajuda para manter voluntários engajados e satisfeitos
com o programa. Algumas ferramentas são: distribuição
de brindes, encontros de celebração (Dia Nacional do
Voluntariado – dia 28 de agosto. Dia Internacional de
Voluntariado - dia 5 de dezembro), encontros com o
presidente (café da manhã, almoço, etc.), divulgação
das ações voluntárias dos funcionários nos canais de
comunicação da empresa, entre outros;

27
Voluntariado Corporativo
Passo 3 – Comunicação
Comunicação: informar para formar e formar para
transformar.
Fazer a gestão de um programa de voluntariado pressupõe
gerir toda uma rede de comunicações que traz desafios
enormes, tornando a comunicação uma ferramenta essencial.
Por isso, é necessário criar uma estratégia de comunicação
do programa que considere esses desafios e tenha objetivos
claros. A estratégia de comunicação deve informar para formar
e formar para transformar.
As fases do programa de voluntariado mais importantes para
levar em conta ao definir as estratégias de comunicação são:
Sensibilização e mobilização – a convocação para o trabalho
voluntário deve atrair, cativar e ajudar o funcionário a entender
o que é a atuação voluntária, quais são as oportunidades de
atuação e porque a empresa está criando o programa. Na
sensibilização, é necessário incluir:
28
• Identidade visual do programa;
• Oportunidades de atuação, mostrando a importância da
participação dos funcionários e o que é preciso para participar;
• Explicação sobre a diferença entre filantropia, doações e a
atuação voluntária;
• Gestão do tempo – comunicação de quantas horas o
funcionário precisa dedicar para a atuação voluntária,
apresentar qual será o apoio oferecido pela empresa
(materiais necessários, transporte, período de descanso
quando a atividade não acontece durante o período
laboral, etc.) e dicas sobre como administrar o tempo e as
atividades voluntárias.
Manutenção do programa – a comunicação deverá estar
voltada para todos os atores envolvidos no programa: empresa,
funcionários e comunidade (ou organização social):
• Empresa – deve receber informações sobre destaques
do programa, resultados das ações e também sobre a
importância da causa escolhida, o que ajuda a consolidar a
importância estratégica da atuação;
• Funcionários – devem receber informações sobre dicas
Voluntariado Corporativo
de como atuar melhor, ações que estão ocorrendo e
outras informações pertinentes e relacionadas com a
causa do programa. Cabe aqui a troca de experiências
entre os voluntários;
• Comunidade (ou organização social) – deve receber
informações sobre o andamento do programa e também
sobre a causa.
Avaliação e reconhecimento – a comunicação feita nesta
fase tem um caráter de prestação de contas e também de
valorização da atuação voluntária. Quanto mais transparente
for a informação, maior será a credibilidade do programa. Aqui
a comunicação deve ter como destinatários todos os atores
envolvidos nas ações, adequando a linguagem de acordo
com a realidade e interesses de cada público. Neste processo
os resultados obtidos pelos instrumentos de avaliação são
essenciais para apresentar o que se conquistou a curto, médio
e longo prazo, bem como os próximos passos do programa.
Meios de comunicação – todos os meios de comunicação
da empresa podem integrar o projeto de comunicação
29
do programa, mas é possível também se pensar em meios
alternativos para alavancar e chamar a atenção dos receptores
da comunicação, tais como performances, colocação de
adesivos em elevadores, móbiles espalhados pela empresa,
brindes surpresa nas mesas dos funcionários e muitas outras
ferramentas que poderão ser sugeridas por profissionais. A
comunicação com os voluntários poderá ter canais exclusivos
na intranet, como a criação de um portal, e a utilização de
redes sociais.
Cronograma de comunicação – deverá ser elaborado um
calendário para ser incluído no cronograma de comunicação
da empresa. Tal alinhamento é necessário para que não
haja conflitos ou sobrecarga de informações. O cronograma
também tem o papel de criar um fluxo de informação que
deixará o programa de voluntariado sempre presente nas
mentes dos interessados.
Termo de autorização de uso de imagem e voz – é muito
importante respeitar a Lei Brasileira que rege o uso de
imagem e voz de pessoas. Portanto, é necessário tomar todas
Voluntariado Corporativo

as precauções para evitar riscos futuros. É aconselhável já

constar no Termo de Adesão do Voluntário a autorização
para divulgação de imagem e voz. Com relação a imagem e
voz dos beneficiários da instituição, o mesmo cuidado deve
ser tomado, verificando se é autorizado e se existe alguma
particularidade com o público atendimento que impeça a
reprodução de imagens, especialmente quando se trata de
crianças e adolescentes. O departamento jurídico da empresa
poderá colaborar na confecção da autorização.

Porta-voz do programa – o projeto de comunicação deverá

designar quem será o porta-voz do programa e capacitá-lo
para exercer a função. Este cuidado previne mal-entendidos
ou informações conflitantes quando a empresa se comunica
externamente. Os voluntários também deverão ser informados
acerca de quem fala sobre o programa.

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Voluntariado Corporativo

Passo 4 – Avaliação e monitoramento Avaliação - é o meio de fortalecer a

gestão do programa, realizar análises e
Esta é a fase do programa que dará subsídios para a análise do sucesso e do aprendizados e fortalecer a mobilização
replanejamento. Este é um mecanismo importante para medir o impacto com diferentes stakeholders. Também
do programa perante a empresa, os funcionários e a comunidade ou tem o objetivo de aprimorar o programa
organização social. A avaliação e o monitoramento permitem a legitimação e e ganhar efetividade.
o reconhecimento do programa.
Monitoramento – é a ferramenta
No processo de avaliação, pode-se definir o grau de eficiência, eficácia e para acompanhamento das ações,
efetividade do programa. Embora similares, os três conceitos podem ser possibilitando corrigir os caminhos ao
verificados de forma independente na avaliação. É possível ser eficiente longo do tempo. O monitoramento ajuda
sem ser eficaz ou efetivo, e assim por diante. O melhor resultado possível é a refletir sobre a ação e aperfeiçoá-la.
conseguir ser eficiente, eficaz e efetivo.
A avaliação e o monitoramento são
Monitoramento complementares e um não exclui o outro.
É feito para avaliar se as ações implantadas estão no caminho correto e se estão
ocorrendo avanços em relação aos objetivos propostos, bem como identificar
os ajustes que deverão ser feitos. Os instrumentos de monitoramento mais
comumente utilizados são: lista de presença, ficha de avaliação, diário de
bordo ou relatório de atividades, grupos de partilha, entre outros.

31
Voluntariado Corporativo
Na fase de monitoramento é importante ter indicadores
alinhados aos objetivos e metas, que representarão a forma
de mensurar o desempenho e o alcance das ações em relação
ao que foi estabelecido.
É importante também monitorar a participação da comunidade
no programa. Pode-se criar uma ficha de avaliação para que,
a cada atividade, a comunidade ou organização social relate
o que achou da ação voluntária. Além da possibilidade de
elaboração de questionários periódicos.
Avaliação
Existem vários tipos de avaliação que podem ser usados em
momentos distintos do programa:
• Marco zero – deve ser feito antes de iniciar o programa.
Permite avaliar a situação atual e é utilizado para
comparação futura, possibilitando análise da evolução
dos resultados. A partir do marco zero é possível construir
todos os passos retratados na Etapa 2, tendo a certeza de
estar alinhado efetivamente com as necessidades de todos
32
os atores e com propostas que de fato consigam colaborar
para a transformação da realidade;
• Avaliação de resultado – deve ser feita no final de cada
ciclo do programa e seu maior objetivo é avaliar se os
objetivos propostos no início do processo foram atingidos.
Identifica a eficiência e a eficácia do programa.
Abrange dois tipos de avaliação: qualitativa (como o próprio
nome diz – avalia a qualidade do programa: quais são os
problemas enfrentados, o que é possível mudar com a atuação
dos voluntários, quais outras questões surgiram a partir da
prática do voluntariado e merecem atenção e resultados que
não podem ser observados através de números); e quantitativa
(avaliação que busca traduzir a ação de forma numérica e
gráfica, que pode incluir: número de voluntários atuantes,
número de pessoas beneficiadas pelo programa, mudanças
em estatísticas da causa em que se está atuando, etc.).
Um bom programa de avaliação inclui metas bem definidas,
indicadores que ajudam a identificar se as metas foram
Voluntariado Corporativo
atingidas e instrumentos de coletas de dados e meios de
verificação. Os objetivos da avaliação devem ser específicos,
mensuráveis, atingíveis, relevantes e temporais. As metas
estabelecidas na avaliação de resultados devem considerar:
o desenvolvimento da comunidade ou instituição, o número
de voluntários, o desenvolvimento dos voluntários e o retorno
para a empresa.
• Avaliação de impacto – deve ser feita ao final do programa
ou de um período determinado para o cumprimento dos
objetivos. Analisa as mudanças na realidade local e verifica
se o programa produziu alterações em determinadas
condições da comunidade ou organização social
beneficiada. A análise de dados é complexa e deseja medir
mudanças, resultados duradouros e benefícios recebidos.
Durante a avaliação também são consideradas as alterações
não esperadas provocadas pelo programa que podem
atingir além do público beneficiário.
A visão mais contemporânea dos benefícios gerados para a
empresa inclui os resultados de programas de voluntariado
33
como parte importante da avaliação de seu desempenho.
Os benefícios promovidos pelo programa podem ser divididos:
• Para os funcionários (público interno): devem ser
avaliados grau de motivação, confiança e satisfação e
também o nível de colaboração entre diversos setores
e níveis hierárquicos. Também podem ser avaliados os
aprendizados e experiências advindos da ação voluntária
e sua influência sobre a carreira e empregabilidade.
É possível avaliar os benefícios recebidos na sua vida
pessoal, tais como: maior compreensão da sociedade,
desenvolvimento de habilidades e competências para
se relacionar e envolvimento com a família;
• Para a comunidade (público beneficiário): é necessário
observar se houve atendimento das demandas e
necessidades priorizadas no programa, bem como o
equacionamento de problemas. Também é importante
se atentar para outras demandas que surgiram ao
longo do processo e impactos positivos que ocorreram
de forma indireta, bem como impactos positivos
Voluntariado Corporativo

não esperados — resultados e melhorias que não

estavam previstos nos objetivos, mas que aconteceram
espontaneamente ao longo da atuação dos voluntários;

• Para a empresa: além dos benefícios gerados junto

aos funcionários (desenvolvimento de habilidades
e competências), deve ser avaliado se o programa
contribui prioritariamente para motivação, participação,
respeito e valorização de seus funcionários, se insere
valores de responsabilidade individual e social na
cultura organizacional, se desenvolve e implementa
iniciativas de fortalecimento de educação e liderança
do seu público interno; se promove e incentiva a
cultura de cidadania; se reafirma suas diretrizes de
responsabilidade social corporativa; se traz respostas às
necessidades de seus stakeholders (partes interessadas);
e como colabora para sua reputação e imagem.

34
Voluntariado Corporativo

Passo 5 – Reconhecimento O programa de voluntariado é um

projeto empresarial que traz muitos
Reconhecimento: benefícios e algumas maneiras de
agradecimento e incentivo. destacar esse reconhecimento são:
• Envolver a alta direção nas ações
As ações de reconhecimento para os funcionários são uma forma de agradecer pela de reconhecimento;
dedicação e pelo esforço dedicados ao programa. É também uma forma de incentivo • Levar a alta direção para visitar o
à participação. A chave do sucesso do programa é a satisfação obtida na atuação. programa e acompanhar alguma
atuação voluntária;
Contudo, é preciso tomar cuidado para que o reconhecimento não seja mais • Apresentar resultados em
atraente do que a própria atuação e não se torne uma moeda de troca. Algumas reuniões executivas importantes;
vezes as empresas querem tanto atrair voluntários que estabelecem prêmios de • Aproximar a direção da empresa
valores altos e acabam atraindo pessoas muito mais interessadas no prêmio do da direção da instituição ou dos
que na ação voluntária em si. líderes comunitários parceiros.

As ações de reconhecimento deverão trazer respostas para as seguintes perguntas:

• Qual é a importância do reconhecimento?
• Em que momento deve ser reconhecido o trabalho realizado?
• Qual é o principal ponto de atenção que se deve ter ao reconhecer
funcionários/voluntários?
• Por que é importante reconhecer os parceiros externos do programa e como

35
Voluntariado Corporativo

isso pode ocorrer?

• Por que é importante reconhecer os envolvidos no
programa ao longo de sua realização e dar visibilidade às
ações realizadas?

Também é importante promover ações de reconhecimento

voltadas aos gestores dos voluntários. Eles são atores
importantes para facilitar a atuação de seus funcionários e é
importante valorizar os gestores que compreendem e apoiam
o programa de voluntariado.

O reconhecimento dos membros do Comitê de voluntariado

pode acontecer de várias formas, mas a mais utilizada é
a valorização dessas pessoas nos eventos de celebração
do programa.

Os parceiros externos também devem ser reconhecidos. Se

possível, inclua-os nas celebrações ou envie uma carta de
agradecimento pela parceria.

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Voluntariado Corporativo

Passo 6 - Aspectos jurídicos Alguns aspectos jurídicos que merecem atenção:

• O voluntário é sempre o funcionário e não a
O voluntário não é aquele que trabalha quando quer, mas empresa;
aquele que trabalha porque quer! • Os institutos e as fundações das empresas
podem receber voluntários sem correr riscos
Existem vários aspectos jurídicos a serem considerados em um trabalhistas;
programa de voluntariado e conhecer essas questões é crucial para • Podem participar do programa de
a implantação e a gestão. Envolver o Departamento jurídico desde voluntariado: estagiários, aposentados,
o planejamento é importante, porém, caso não seja possível, é familiares e terceiros;
recomendável contratar um escritório de advocacia para ajudar nos • Crianças e adolescentes não podem assinar
pontos de atenção. o Termo de Adesão e nem exercer trabalho
voluntário;
Lei de Voluntariado (Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998) – regula • Horas de trabalho voluntário não são
as relações entre os voluntários e as instituições beneficiárias, não consideradas horas extras de trabalho
estabelecendo distinção entre voluntários independentes e aqueles remunerado, mas podem ser realizadas
que fazem parte de um programa de voluntariado corporativo. durante o expediente, caso a empresa libere o
funcionário para essa finalidade.
É importante que todos os envolvidos consigam compreender a
diferença entre o trabalho regido pela Consolidação das Leis de Trabalho
(CLT — Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943) e pela Lei do Voluntariado:
• CLT – o trabalho é realizado com continuidade, o trabalhador

37
Voluntariado Corporativo
recebe direção e gestão, existe a exigência de registro em
carteira de trabalho e a remuneração é obrigatória.
• Serviço voluntário – o trabalho é realizado com a
frequência estipulada no Termo de Adesão, o voluntário
recebe orientações de acordo com as normas internas
da empresa e da instituição beneficiária. A formalização
se dá através da assinatura do Termo de Adesão e não há
remuneração.
No sentido de formalizar esta distinção é importante a
empresa construir um Termo de Adesão ao programa de
voluntariado. Este é um requisito legal e deve ser firmado
entre o voluntário e a instituição para quem ele presta serviços
voluntários. Embora as empresas não sejam obrigadas a manter
cópias desses documentos, é recomendável que o façam, pois
podem ser considerados como provas de que o acordo foi
firmado entre seu funcionário e a instituição. Não é permitida a
assinatura do termo com a empresa, porque todo trabalho para
ela realizado deverá necessariamente ser remunerado. Caso a
empresa possua um instituto ou uma fundação, o Termo de
Adesão poderá ser firmado entre essas partes.
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Todos os instrumentos legais e regulatórios que darão respaldo
ao bom funcionamento de um programa de voluntariado
corporativo devem seguir alguns princípios básicos e definir
direitos e responsabilidades, descritos a seguir.
Princípios Básicos
• Reconhecer e respeitar a dignidade e a cultura de cada
ser humano;
• Reconhecer o direito de cada homem e/ou mulher se
reunir livremente, sem distinção de raça, religião, condição
física, social, econômica ou outra;
• Oferecer seus serviços aos demais, sem qualquer remuneração,
individualmente ou por meio do esforço conjunto;
• Detectar as necessidades e estimular a participação da
comunidade na resolução dos próprios problemas;
• Promover a responsabilidade social, a participação cidadã,
a comunidade e a solidariedade;
• Melhorar a qualidade de vida de todos os envolvidos
(voluntários e beneficiados), fornecendo respostas aos
grandes desafios sociais do mundo de hoje.
Voluntariado Corporativo
Direitos e Responsabilidades
Todo voluntário tem direito a:
• Desempenhar uma tarefa que o valorize e seja um desafio
para ampliar e desenvolver habilidades;
• Receber apoio no trabalho que desempenha (capacitação,
supervisão e avaliação);
• Ter a possibilidade da integração como voluntário na
instituição na qual presta serviços, ter acesso à informações
e descrições claras de tarefas e responsabilidades;
• Participar das decisões;
• Contar com os recursos indispensáveis para o trabalho
voluntário;
• Participar das ações de acordo com sua disponibilidade;
• Receber reconhecimento e estímulo;
• Ter oportunidades para o melhor aproveitamento de
suas capacidades, recebendo tarefas e responsabilidades
de acordo com os seus conhecimentos, experiências
e interesses;
• Ambiente de trabalho favorável por parte do pessoal
contratado pela instituição na qual será desenvolvido o
trabalho voluntário.
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Todo voluntário tem a responsabilidade de:
• Conhecer a instituição e/ou a comunidade onde presta
serviços (a fim de atuar levando em conta a realidade
social) e as tarefas que lhe foram atribuídas;
• Escolher cuidadosamente a área em que deseja atuar
conforme seus interesses, objetivos e habilidades pessoais,
garantindo um trabalho eficiente;
• Ser responsável no cumprimento dos compromissos
contraídos livremente como voluntário. Só se comprometer
com o que de fato puder fazer;
• Respeitar valores e crenças das pessoas de forma aberta
e flexível;
• Trabalhar de maneira integrada e coordenada com a
entidade onde presta serviços;
• Respeito aos termos acordados quanto à sua dedicação e
tempo doado;
• Manter os assuntos confidenciais em absoluto sigilo;
• Acolher de forma receptiva a coordenação e a supervisão
de seu trabalho;
• Usar o bom senso para resolver imprevistos e informar
os responsáveis.
Conclusão

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Voluntariado Corporativo
Diversos estudos indicam que um programa de voluntariado
traz benefícios para a empresa, pois melhora as habilidades
de liderança, engaja os funcionários e torna-se um diferencial
de mercado na escolha de um emprego. Além de possibilitar
o engajamento e interação entre diversos públicos alinhados
às necessidades da comunidade e aos valores da empresa.
Este e-book aborda somente alguns aspectos para a
estruturação de um programa de voluntariado, considerando
pontos de atenção e algumas informações que podem
ajudar no momento de pensar a estruturação das ações
em sua empresa. Contudo deve ser utilizado conforme as
possibilidades, interesses e condições da empresa em relação
às práticas de voluntariado.
Em empresas que ainda não possuem experiência com práticas
de voluntariado corporativo é possível fazer a leitura deste
material considerando um primeiro estágio de aproximação
41
com a comunidade, realização de intervenção e avaliação
dos resultados. De modo que a partir deste primeiro contato
possa-se compreender como as experiências, conhecimento
e potencial da empresa e de seus colaboradores podem
contribuir com a comunidade do entorno. Possibilitando
que a construção posterior de um programa de voluntariado
traga o nível de valor compartilhado que gere transformações
significativas na relação da empresa com seus stakeholders —
partes interessadas.
Quando as Empresas Amigas da Criança assumem o
compromisso pela realização de ações de responsabilidade
social corporativa junto à infância e adolescência, sabem que
podem contar com a Fundação Abrinq para atuar de forma
conjunta na implementação dessa agenda de trabalho que
pauta a transformação social e deve ser pensada de maneira
que atenda as especificidades e necessidades de cada empresa.
Voluntariado Corporativo

A intenção é que seja uma prática construtiva e que contribua

para alavancar a atuação da empresa em todas as esferas,
respeitando seu objetivo-fim (gerar lucro) e reafirmando seu
comprometimento com a sociedade.

A Fundação Abrinq está à disposição para apoiar sua

empresa nessa jornada! Por meio do Programa Empresa
Amiga da Criança, a Fundação pode ajudar a entender quais
ferramentas e estratégias melhor atendem as necessidade e
objetivos da sua empresa, compartilhar conteúdos e realizar
ações conjuntas que possibilitem a atuação cada vez mais
qualificada na promoção de ações em benefício das crianças
e dos adolescentes.

42
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