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Implementar
Projectos
de Voluntariado
Empresarial
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Adaptação do manual “Como as Empresas Podem Implementar
Programas de Voluntariado”, editado pelo Instituto Ethos.
Concepção Grace
Design gráfico Spirituc
Impressão Gar
Tiragem 3 000 exemplares
Maio 2006
5 O desenvolvimento e a sociedade civil
15 O voluntariado empresarial
e a gestão das pessoas
67 Práticas de sucesso
102 Anexos
O voluntário pode ser entendido como todo aquele que, devido à sua atitude
e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo e das suas competências,
de forma espontânea e desinteressada, ao serviço da comunidade.
A origem histórica do trabalho voluntário está intimamente ligada à
formação de uma consciência comunitária, impulsionada ou por razões
sociais, ou por razões religiosas, e tem uma forte componente assistencial.
Tradicionalmente, apesar da multiplicidade de organizações no âmbito da
solidariedade social, podem ser destacadas as Misericórdias, as Associações
de Bombeiros Voluntários e a Cruz Vermelha Portuguesa, entidades que se
têm alicercado em grande medida no trabalho voluntário.
Com o passar dos tempos, a diversificação da base de actividades em que
se verifica o trabalho voluntário resultou em larga medida do aparecimento
de uma consciência crítica e activista, cobrindo, nomeadamente, o combate
à pobreza e às diferentes formas de discriminação social, o acesso à educa-
ção, à saúde e à cultura ou a intervenção no plano ambiental.
Tal evolução conduziu igualmente a uma crescente organização do
voluntariado, quer no domínio institucional, quer ao nível do enquadra-
mento legal e operacional do mesmo. Com as comemorações, em 2001, do
Ano Internacional dos Voluntários, por recomendação da ONU, promoveu-
-se uma ampla reflexão sobre o valor da solidariedade e da vida em comu-
nidade e a sua relevância na construção de um mundo melhor, procurando
obter um maior reconhecimento, por parte dos governos e autoridades e
incentivar o voluntariado.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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O desenvolvimento e a sociedade civil
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O voluntariado
dentro e fora da empresa
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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O voluntariado dentro e fora da empresa
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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O voluntariado dentro e fora da empresa
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O voluntariado empresarial
e a gestão das pessoas
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Muitas vezes, sucede que, à parte da ocupação do seu tempo livre, o planea-
mento e preparação das actividades, na sua maioria em grupo, pode exigir a
sua disponibilidade durante o horário de trabalho.
As áreas responsáveis pela organização das acções de voluntariado são
confrontadas, ainda, com outras exigências, como a necessidade de:
· garantir o direito ao exercício do voluntariado a todos os colaboradores;
· incentivar e promover a participação dos colaboradores em iniciativas de
voluntariado;
· prestar informação sobre os programas de voluntariado no processo de
recrutamento de novos colaboradores;
· sensibilizar as hierarquias dos colaboradores voluntários em questões
relacionadas com o voluntariado, entre outras.
Mas a adesão ao programa de voluntariado empresarial não requer ape-
nas exigências, também proporciona benefícios.
Do lado dos colaboradores, ser parte integrante de uma empresa que
tem uma cultura organizacional orientada para o envolvimento em projectos
de intervenção social e comunitária poderá constituir, desde logo, um factor
de orgulho pessoal e motivação.
Ao mesmo tempo, os colaboradores de empresas que participam em
actividades de voluntariado empresarial tendem a manifestar um senti-
mento de pertença e de concordância maior para com o trabalho e com a
empresa e, por conseguinte, a apresentar uma forte identidade organizacio-
nal. Estudos revelam que estes colaboradores sentir-se-ão mais satisfeitos
e conseguirão estabelecer uma relação mais positiva tanto na vida pessoal,
como profissional.
O voluntariado empresarial tem sido, ainda, perspectivado em termos
dos efeitos produzidos sobre as atitudes e competências dos colaborado-
res das empresas. O estudo realizado pelo Conference Board, EUA, por
exemplo, mostrou os efeitos da participação em projectos comunitários
sobre atitudes e competências, tendo identificado o desenvolvimento das
competências de comunicação, organizacionais e de gestão de tempo, de
relacionamento interpessoal, de avaliação e de planeamento. Ao nível dos
comportamentos e atitudes, foram evidenciadas as capacidades de trabalho
em equipa, de inovação, de afirmação pessoal, entre outras.
Num estudo realizado em Londres por Lucie Carrington (em 2004) é
igualmente referido que os programas de voluntariado empresarial têm
assumido uma importância estratégica face às competências que podem
trazer para o local de trabalho.
A Fundação Manuel Leão, num trabalho desenvolvido sobre o volunta-
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O voluntariado empresarial e a gestão das pessoas
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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O voluntariado empresarial e a gestão das pessoas
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Como implementar programas
de voluntariado empresarial
21
22
Passo 1
Promover uma reflexão
sobre a cultura da empresa
Promover discussões sobre a missão, a visão, os valores, as prioridades institucionais
e as acções de responsabilidade social da empresa.
Definir os objectivos da empresa ao decidir elaborar um programa de voluntariado.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Promover uma reflexão sobre a cultura da empresa
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Passo 2
Formação de uma equipa
de trabalho
Incentive a formação de uma equipa de trabalho composta por colaboradores.
Facilite os encontros dessa equipa.
Trabalhe na criação de um plano de acção.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Formação de uma equipa de trabalho
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Passo 3
Definições ao longo
do processo
Comece a pensar na operacionalização do programa.
Defina quais os recursos necessários ao desenvolvimento do programa.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Disponibilização de recursos
Cabe à empresa definir claramente quais os recursos que deverá disponibili-
zar ao projecto de voluntariado.
Recursos financeiros
· A empresa precisa de definir quais serão os recursos financeiros
necessários às diversas acções que vão fazer parte do programa de
voluntariado;
· Deve ter em conta a possibilidade de destacar um colaborador para
liderar o programa ou contratar um profissional que se dedique
exclusivamente ao projecto, bem como contratar serviços de consultoria
para avaliação, entre outros;
· Para além da disponibilização de voluntários, a empresa poderá
considerar a atribuição de verbas específicas a afectar a cada iniciativa
do programa de voluntariado;
· Dependendo da política da empresa, a verba a disponibilizar pode ter
como critérios: uma percentagem sobre a facturação ou lucro; uma
quantia fixa anual; uma parte da verba destinada às áreas de marketing
e comunicação, entre outras.
Recursos materiais
· Doação de materiais. A título de exemplo, incluem-se neste caso móveis,
utensílios, softwares ou equipamentos, novos ou em bom estado de
utilização, em complemento da acção de voluntariado.
Recursos humanos
· Disponibilização de horas de trabalho de colaboradores especializados
da empresa para a prestação de serviço voluntário em organizações sem
fins lucrativos que possam beneficiar das suas competências, seja na
área financeira, informática, contabilística, recursos humanos, saúde,
manutenção ou outras;
· Dispensa dos colaboradores voluntários para actuação durante as horas
de trabalho;
· Permissão para que um colaborador desempenhe actividades voluntárias
de curta duração, a título pessoal, também durante as horas de trabalho,
na empresa ou fora dela.
Um processo de gestão de recursos humanos adequado, deverá ser
aplicado de forma a garantir o equilíbrio entre as diversas actividades
de voluntariado e as obrigações profissionais de cada colaborador.
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Definições ao longo do processo
Estruturação do programa
A empresa deve deliberar quanto aos aspectos estruturais do programa,
desde a escolha do(s) departamento(s) ao(s) qual(is) esta iniciativa deverá
ficar vinculada até à política de monitorização e avaliação dos resultados da
actividade voluntária.
Definição do Coordenador
Todos os programas de voluntariado necessitam de um coordenador. Pode
ser um colaborador, que se disponha a acumular essa função, ou que se
dedique exclusivamente a ela. A escolha depende da complexidade do pro-
grama, do número de voluntários e dos projectos a serem apoiados.
Quanto maior for o número de actividades propostas pelo programa,
tanto maior será o número de voluntários necessário e mais tempo será
exigido ao coordenador. Por outro lado, se a proposta de apoio ao programa
for pontual, como por exemplo, viabilizar uma campanha de um dia de
voluntariado por mês, a carga horária de trabalho exigida ao coordenador
será menor.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Política de formação
Para além da formação genérica em voluntariado, poderá ser necessária
formação específica para que os voluntários possam colaborar em determi-
nadas acções.
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Definições ao longo do processo
Política de comunicação
A comunicação é uma área fundamental para o bom funcionamento de
qualquer empresa e o mesmo conceito se aplica à implementação de um
programa de voluntariado.
A escolha dos métodos de comunicação é crucial para o sucesso do
programa. Em primeiro lugar devem ser cuidadosamente concebidas as
mensagens que indiquem claramente os objectivos do programa, assegurem
o empenho dos gestores de topo, informem sobre o tipo de apoio a ser pres-
tado a todos os que estiverem interessados em participar, expliquem o que
se espera dos colaboradores e quais os benefícios tangíveis e intangíveis que
o programa pode trazer, tanto a estes como à empresa e à comunidade.
A comunicação interna deve assegurar que todos os membros da empresa
tenham conhecimento da actuação socialmente responsável da organização,
trabalhando no sentido de informar e mobilizar os seus colaboradores.
Cabe à comunicação externa dar a conhecer as actividades de volunta-
riado realizadas pela empresa e seus colaboradores. Para além dos efeitos a
nível da notoriedade, esta divulgação poderá igualmente servir para sensibi-
lizar outras empresas para a adopção de práticas socialmente responsáveis.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Prática social
A empresa precisa de definir as directrizes da sua prática social e qual vai ser
o modo de integração do programa de voluntariado nesse contexto.
Foco de actuação
A escolha das áreas temáticas e dos públicos-alvo depende de cada empresa,
da sua dimensão, do empenho dos seus colaboradores e da área para a qual
está mais vocacionada. Por outras palavras, a empresa pode desenvolver
trabalho voluntário apoiando as instituições locais, nas áreas da saúde, da
educação, do ambiente, ajudar organizações de carácter social sem fins
lucrativos entre outras.
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Definições ao longo do processo
Perfil de actuação
A empresa pode optar por actuar sozinha ou considerar parcerias com
empresas, outras organizações de iniciativa privada ou organismos públicos
no sentido de viabilizar a execução de alguns projectos que abranjem um
maior número de beneficiários.
Empresa e Colaboradores
· Consulta ao público interno, designadamente sob a forma
de um questionário, sobre:
› política de actuação social da empresa e do programa
de voluntariado;
› aceitação do programa de voluntariado pela estrutura hierárquica
e pelos pares;
› nível de satisfação dos voluntários sobre as acções em que estão
envolvidos;
› nível de empenho demonstrado pelo grupo de voluntários
e o seu perfil.
· Consulta ao público externo, designadamente sob a forma de um estudo:
› Auscultar a opinião pública sobre as actividades da empresa
relativamente às áreas da responsabilidade social, da cidadania
empresarial e, mais concretamente, do voluntariado empresarial.
› Analisar o reconhecimento obtido, através dos órgãos de
comunicação social, nomeadamente do ponto de vista dos
consumidores, da sua fidelidade aos produtos e serviços, da evolução
nas vendas e do reconhecimento público através de prémios
e participação em eventos.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Comunidade
Inteirar-se junto da comunidade beneficiada sobre o impacte das iniciativas
na melhoria de qualidade de vida da população, designadamente nos aspec-
tos relacionados com o processo de autonomia para a resolução dos seus
problemas e actuação em áreas prioritárias.
Data: ………………………………….………………………………………………….........
Projecto e entidade(s) beneficiada(s): ……………………………………….…………
…………………………………………………………………………………………………...
Número de horas dentro do horário de trabalho: …………………………………..
Número de horas fora do horário de trabalho: ……………………………….........
Descrição das actividades desenvolvidas: ………………………………………….....
…………………………………………………………………………………………………...
…………………………………………………………………………………………………...
…………………………………………………………………………………………………...
Resultados: …………………………………………………………………....................
Pontos fortes: ………………………………………………………………….................
Pontos fracos: ……….…………………………………………………………................
Sugestões: …………….…………………………………………………….....................
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Passo 4
Formas de contribuição
dos colaboradores
Conheça a experiência e as potencialidades dos seus colaboradores
no campo do voluntariado.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Posto isto, o questionário dá voz aos colaboradores. Este deve ser con-
ciso (questionários muito longos acabam por ser deixados para depois ou
esquecidos) e directo (pergunte o que é realmente necessário saber).
Caso a empresa já tenha uma política activa de intervenção social e
deseje conjugar a experiência existente e a motivação do colaborador para
ser voluntário, o questionário pode incluir perguntas que abordem direc-
tamente esta possibilidade e tentar descobrir a existência de sinergias. As
hipóteses são grandes, sobretudo se o projecto em andamento não obedecer
a um foco de trabalho muito específico ou limitado.
Outros conselhos para que este instrumento de pesquisa seja eficaz são a
procura de um formato atractivo e um prazo de devolução curto. Um exem-
plo possível será distribuir o questionário em eventos da empresa, onde
cada um possa responder e entregar na altura.
A página seguinte deste manual apresenta um modelo de questionário
que pode ser usado como referência ou ponto de partida para a construção
do mesmo. A sistematização dos dados pode ser feita por alguém designado
pela empresa ou pela equipa de trabalho, que precisa desse levantamento
para elaborar o plano de acção que lhe cabe sugerir.
É pertinente ressalvar que há exemplos de empresas com programas
de voluntariado bem sucedidos que não cumpriram a etapa da pesquisa de
interesses durante a sua concepção e lançamento. Por vezes, as empresas
optam por lançar o programa propondo actividades de campo que ajudam
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Formas de contribuição dos colaboradores
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Fins de semana:
….. Manhã
….. Tarde
….. Noite
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Passo 5
Identificação das necessidades
da comunidade ou de uma
instituição
Seleccionar a comunidade ou a instituição onde se vai actuar.
Avaliar as necessidades reais dessa comunidade ou instituição.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Identificação das necessidades da comunidade ou de uma instituição
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Passo 6
Transformação de ideias
em propostas
Estabeleça o programa de voluntariado a implementar na empresa.
› Sumário
É o resumo do programa.
› Introdução
Breve histórico da proposta da implementação de programas de volunta-
riado na empresa, desde o surgimento da ideia até ao estado actual.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
› Contexto e caracterização
Descrição objectiva da empresa, filial ou departamento onde o programa
será implementado, incluindo número de colaboradores, número
expectável de voluntários, actividade principal, horário de laboração,
acções sociais já apoiadas pela empresa e/ou colaboradores, interesse de
participação dos mesmos, expectativas da empresa e dos colaboradores
quanto à cidadania e responsabilidade social, dados socioculturais da
comunidade circundante, principais necessidades e listagem das ONG
já existentes.
› Importância do programa
Explicação da importância que o programa de voluntariado terá para a
empresa, revelando de que maneira a iniciativa pode corresponder às
expectativas e necessidades especificadas no ponto “Contexto e caracte-
rização”. Recomenda-se a demonstração do carácter de complementari-
dade e de eventuais sinergias que o programa de voluntariado possua em
relação a outras acções em desenvolvimento na empresa.
› Objectivos gerais
Representam o mais importante compromisso do programa.
Os objectivos a médio/longo prazo são orientados tendo em conta
as prioridades de cada empresa, os interesses dos colaboradores
e as necessidades da comunidade.
› Objectivos específicos
Consistem no desdobramento dos objectivos gerais em objectivos
a curto/médio prazo e preferencialmente quantificáveis.
› Metodologia
É o processo adoptado para a implantação do programa e inclui
a filosofia adoptada, estratégia de suporte da empresa ao programa
e etapas de implementação.
› Actividades do programa
Especificação das actividades do programa tanto no campo prático
(referentes ao leque de acções voluntárias identificadas, promovidas e
apoiadas), como no campo estrutural ou de gestão do próprio programa
(formas de recrutamento, selecção e sensibilização/formação de
voluntários, comunicação, valorização e reconhecimento, entre outros).
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Transformações de ideias em propostas
› Recursos
Definição dos recursos humanos, materiais, logísticos e financeiros
necessários à implementação do programa, acautelando inclusive a
cobertura de riscos dos voluntários e beneficiários (apólice de seguro,
ambulância, entre outros).
› Avaliação
Especificação do sistema de monitorização a ser adoptado para
acompanhar a implantação do programa, dos instrumentos que irão
avaliar os impactes obtidos, bem como de possíveis riscos que ameacem
o programa e, por isso, necessitem ser acautelados.
Para além deste modelo mais elaborado, a proposta pode ser apresentada
de maneira mais simplificada, respondendo-se às seguintes perguntas:
O quê? Onde?
Porquê? Como?
Quem? Quanto?
Quando?
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Passo 7
O programa de voluntariado
na prática
Designar o gestor do programa
Faça o programa funcionar
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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O programa de voluntariado na prática
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Passo 8
Valorização, Reconhecimento
e Comunicação como factores-
-chave para o sucesso
Destaque formas de actuação exemplares.
Dê à comunicação a importância devida.
Valorização e reconhecimento
Na escola, na família, no trabalho, no convívio social ou na actividade volun-
tária, o reconhecimento surge com um dos grandes factores de motivação
do ser humano. Por mais abnegado que seja um indivíduo, ver valorizado o
resultado do seu esforço voluntário traz satisfação pessoal e o sentimento de
se “ser útil” para com a sociedade.
A simples constatação dos benefícios que a acção voluntária gera já é,
por si só, um forte estímulo para continuar o trabalho. Porém, quando o
mérito dessa acção é oficialmente reconhecido, a motivação vê-se reforçada.
Mas nem toda a forma de reconhecimento surte os mesmos efeitos nas
pessoas. Alguns voluntários sentem-se melhor quando os seus esforços são
valorizados num círculo restrito de colegas, no trabalho ou na comunidade.
Outros apreciam ver a sua história nos meios de comunicação internos da
empresa, servindo como exemplo para suscitar novas acções. Outros, ainda,
gostam de se sentir elos de uma corrente, membros de uma equipa, daí a
valorização do trabalho em equipa ser mais importante.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Valozização, reconhecimento e comunicação como factores-chave para o sucesso
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Passo 9
Vantagens de trabalhar
em parceria
Estabeleça contacto com outras organizações.
Partilhe experiências e conhecimentos.
Contribua para o desenvolvimento do voluntariado empresarial em Portugal.
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Vantagens de trabalhar em parceria
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Voluntariado
Direitos e deveres
Direitos e Deveres
O voluntário oferece a sua ajuda e – em troca – recebe o prazer de ajudar.
Para exercer a sua missão, o voluntário precisa decerto que lhe sejam reco-
nhecidos direitos. Mas ser voluntário é, essencialmente, cumprir os deveres
de ajuda a que nenhum de nós pode ficar insensível. Vejamos, em todo o
caso, uns e outros:
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
2. Deveres do Voluntário
Os voluntários assumem – por sua livre iniciativa – diversos deveres e res-
ponsabilidades: para com os destinatários; para com a organização promo-
tora; para com os respectivos profissionais; para com os outros voluntários;
e para com a sociedade em geral.
Entre esses deveres e responsabilidades destacamos os seguintes:
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Voluntariado – direitos e deveres
Aspectos legais
Os voluntários exercem o seu múnus de forma desinteressada. Mas fazem-
no no âmbito de projectos e programas desenvolvidos promovidos por orga-
nizações, dirigidos por profissionais e com vista a ajudar pessoas, famílias
ou comunidades.
No entanto, voltamos a realçar que a definição de voluntariado, a fixação
dos seus direitos e deveres, a relação entre as organizações promotoras e os
voluntários… carece de regulamentação jurídica.
Em Portugal esta actividade encontra-se regulada essencialmente pelos
diplomas legais que se passa a elencar. Depois destes, far-se-á também refe-
rência aos textos internacionais mais marcantes neste domínio.
Enquadramento Legal
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Práticas de sucesso
Alcatel
Avós n@ Net
“Avós n@ Net” é o nome de uma iniciativa, levada a cabo pela Alcatel
Portugal em conjunto com a Câmara Municipal de Cascais, que consiste em
dar formação básica em novas tecnologias, nomeadamente Internet, à popu-
lação idosa dos centros de dia e lares de Cascais. A primeira edição desta
iniciativa decorreu entre Abril e Junho de 2005 e, visto ter sido um grande
sucesso, a segunda edição teve início em Abril deste ano.
Para a Alcatel, é muito importante poder contribuir para o desenvolvi-
mento sustentado da comunidade, neste caso, deste segmento da popula-
ção, que tantas vezes é esquecido. Enquanto líder mundial em Banda Larga,
e sendo uma empresa em constante preocupação com o combate à info-
exclusão, a Alcatel pretende, deste forma, sensibilizar a população idosa
para a utilidade das tecnologias de informação, nomeadamente a Internet
e o correio electrónico, por forma a proporcionar o acesso a meios poten-
ciadores da melhoria de qualidade de vida e bem estar a este segmento da
população.
O programa é composto por formações, que têm a duração de 4 dias,
em sessões de 3 horas diárias, e contará com a presença de 10 formandos,
num total de 70. A equipa de formadores é constituída por colaboradores da
Alcatel que se voluntariam para o efeito. A formação, tendo em conta a idade
avançada da maioria dos formandos, não exigiu dos formadores voluntários
qualquer aptidão específica na área informática, apenas a vontade e a dispo-
nibilidade em partilhar os conhecimentos. Desta forma, é possível reforçar
a interacção dos nossos colaboradores com a população idosa do concelho
de Cascais.
Os participantes aprendem noções básicas de Internet, como por exem-
plo, a pesquisa de informação útil na área da saúde, gastronomia, cultura,
entre outros. Para além disto, os formandos podem também comunicar com
a família através de correio electrónico.
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Banco Espírito Santo
71
BP
73
DHL
SMT
Sponsor Envolvimento Comunitário
Managing Director PT
Segurança e Saúde
Qualidade/Excelência Ambiente Resp. Social interna Envolvimento
Trabalho
ISO 9001/EFQM ISO 14001 SA 8000/DPWN Fórum Comunitário
OHSAS 18001
Coordenador
Proj. Comunitários
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Pré campanha:
· Acompanhamento das reuniões de preparação das campanhas por
Membros das áreas operacionais da DHL, os quais asseguram a alocação
das viaturas disponíveis, em função da origem e tipologia das mesmas,
aos supermercados envolvidos, face à quantidade de alimentos prevista
para os mesmos.
76
Práticas de sucesso
77
Grupo PT
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Práticas de sucesso
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IBM
Desde que iniciou as suas operações nos EUA em 1914 que, a par com as
suas actividades comerciais, a IBM desenvolve programas de responsabili-
dade social em que alia tecnologia e conhecimento de uma forma eficaz. A
Companhia procura assim dar resposta a problemas de tradicional impacto
na sociedade, na economia e na qualidade de vida das comunidades em
que está inserida. No âmbito do seu programa de Corporate Community
Relations, a IBM Portugal tem desenvolvido vários projectos, nomeada-
mente o KidSmart, o Training for Work, o Reinventing Education, o EXITE,
o MentorPlace, o World Community Grid, o Voluntariado.
No que respeita a este último projecto, foi decisão da Direcção da IBM
Portugal implementar, em 2001, Ano Internacional do Voluntariado, um
programa que prevê a disponibilização média de 1 dia por empregado, por
ano, para a prática de acções que se enquadrem neste contexto. Deste modo,
quer individualmente, quer em associação com outras empresas ou orga-
nizações, a IBM tem vindo a desenvolver vários programas e/ou acções de
voluntariado.
No âmbito das suas políticas e práticas de voluntariado a nível mun-
dial, a IBM lançou em 25 de Novembro de 2003 o Programa On Demand
Community, uma iniciativa que aplica a estratégica IBM On Demand
Business à sua tradição de serviço prestado à comunidade. O On Demand
Business assenta na utilização das Tecnologias de Informação e de
Comunicação à medida de cada cliente, adaptando-se a especificidades
como a dimensão, os objectivos ou o plano de crescimento de cada estru-
tura, sejam empresas, administrações, universidades ou outras entidades.
Permite assim, a optimização dos recursos e o acesso a sistemas avançados
de processo e de gestão numa base de consumo em função das reais neces-
sidades. E é precisamente no mesmo princípio, do serviço prestado pelos
nossos colaboradores à medida das necessidades das comunidades envol-
ventes, que se inspira o On Demand Community.
Esta iniciativa resulta numa equipa global de voluntários, no activo ou
em situação de reforma, que conta com formação online, ferramentas e
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Práticas de sucesso
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Linklaters
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Microsoft
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Miranda Correia Amendoeira
& Associados
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
A Experiência ICAF
Como paradigma da mais recente parceria da Miranda destaca-se a estabele-
cida com a International Child Art Foundation (ICAF).
A ICAF é uma organização privada sem fins lucrativos, com sede em
Washington, nos Estados Unidos, que tem como principal objectivo pro-
mover e fomentar a criatividade infantil através duma interacção constante
entre crianças de todo o mundo e as diversas disciplinas relacionadas com
as artes.
Pretende-se através da criatividade e arte infantil sensibilizar a consciên-
cia civil para os problemas da paz e da pobreza mundial.
O representante da ICAF em Portugal é Francisco Silva Santos, advogado
da Miranda. A colaboração entre ambas as entidades resultou, até agora, na
divulgação da actividade prosseguida pela ICAF em Portugal, assim como
na elaboração de documentos e contratos, passando pelo patrocínio de
uma exposição de pintura de arte infantil a realizar brevemente. Informação
adicional sobre a ICAF pode ser obtida em www.icaf.org.
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Pfizer
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Roche
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Santander Totta
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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
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Sonaecom
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Universidade Católica Portuguesa
A “CASO”
A Universidade Católica Portuguesa, com o intuito de desempenhar um
papel mais activo combater numa sociedade cada vez mais marcada pelo
individualismo, criou a CASO, um grupo que visa fomentar o voluntariado
dentro da Universidade Católica.
O primeiro objectivo da CASO é o de sensibilizar a Comunidade
Universitária para os problemas sociais que nos rodeiam e que não podem ser
inteiramente resolvidos pela caridade tradicional, que a cada dia que passa se
torna menos suficiente. Os universitários, até pela sua formação superior, têm
obrigação de perceber melhor a realidade, de saber interpretá-la, reconhe-
cendo nela as situações de carência que justificam o trabalho social volun-
tário. O segundo objectivo é o de mobilizar os necessários apoios junto da
comunidade escolar, apoio às iniciativas de uma das áreas principais: a Loja
CASO, onde poderão ser prestados apoios materiais que possam ajudar a
melhorar a qualidade de vida das pessoas mais carenciadas e/ou colaborações
pontuais em tudo o que contribua para o desenvolvimento deste projecto.
A actividade da CASO é desenvolvida exclusivamente por voluntários e
está orientada para cinco áreas principais: a Terceira Idade, as Crianças, a
Deficiência, o Banco Alimentar e a Loja CASO. Existe um coordenador para
cada uma destas áreas que é o responsável directo pelas relações entre a
Associação e as Instituições com quem colaboram. Completa a estrutura o
coordenador geral, cuja tarefa principal é a de procurar assegurar a comple-
mentaridade do trabalho desenvolvido nas diferentes áreas. A CASO é uma
associação jovem mas já conta com a adesão de vários docentes, funcio-
nários e estudantes. Mas se, por se tratar de uma associação ainda jovem,
a CASO tem um passado curto, o presente é cada vez mais motivador e o
futuro será certamente demonstrativo do bom trabalho que tem sido desen-
volvido. Os planos para um futuro de colaboração entre universitários são
alargados, mas a CASO pretende dar um passo de cada vez e, firmemente,
avançar rumo a um projecto mais sólido e concreto de sensibilização do
voluntariado universitário.
101
Anexos
ANEXO 1
Assembleia da República
Lei nº71/98 de 3 de Novembro
capítulo i
Disposições gerais
Artigo 1º
Objecto
A presente lei visa promover e garantir a todos os cidadãos a participação
solidária em acções de voluntariado e definir as bases do seu enquadra-
mento jurídico.
Artigo 2º
Voluntariado
1 – Voluntariado é o conjunto de acções de interesse social e comunitário
realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos,
programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, das
famílias e da comunidade desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades
públicas ou privadas.
2 – Não são abrangidas pela presente lei as actuações que, embora desinte-
ressadas, tenham um carácter isolado e esporádico ou sejam determinadas
por razões familiares, de amizade e de boa vizinhança.
Anexos
Artigo 3º
Voluntário
1 – O voluntário é o indivíduo que de forma livre, desinteressada e respon-
sável se compromete, de acordo com as suas aptidões próprias e no seu
tempo livre, a realizar acções de voluntariado no âmbito de uma organização
promotora.
2 – A qualidade de voluntário não pode, de qualquer forma, decorrer de
relação de trabalho subordinado ou autónomo ou de qualquer relação de
conteúdo patrimonial com a organização promotora, sem prejuízo de regi-
mes especiais constantes da lei.
Artigo 4º
Organizações promotoras
1 – Para efeitos da presente lei, consideram-se organizações promotoras
as entidades públicas da administração central, regional ou local ou outras
pessoas colectivas de direito público ou privado, legalmente constituídas,
que reúnam condições para integrar voluntários e coordenar o exercício da
sua actividade, que devem ser definidas nos termos do artigo 11º
2 – Poderão igualmente aderir ao regime estabelecido no presente diploma,
como organizações promotoras, outras organizações socialmente reco-
nhecidas que reúnam condições para integrar voluntários e coordenar o
exercício da sua actividade.
3 – A actividade referida nos números anteriores tem de revestir interesse
social e comunitário e pode ser desenvolvida nos domínios cívico, da acção
social, da saúde, da educação, da ciência e cultura, da defesa do património
e do ambiente, da defesa do consumidor, da cooperação para o desenvol-
vimento, do emprego e da formação profissional, da reinserção social,
da protecção civil, do desenvolvimento da vida associativa e da economia
social, da promoção do voluntariado e da solidariedade social, ou em outros
de natureza análoga.
capítulo ii
Princípios
Artigo 5º
Princípio geral
O Estado reconhece o valor social do voluntariado como expressão do
exercício livre de uma cidadania activa e solidária e promove e garante a sua
autonomia e pluralismo.
103
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Artigo 6º
Princípios enquadradores do voluntariado
1 – O voluntariado obedece aos princípios da solidariedade, da participação,
da cooperação, da complementaridade, da gratuitidade, da responsabilidade
e da convergência.
2 – O princípio da solidariedade traduz-se na responsabilidade de todos os
cidadãos pela realização dos fins do voluntariado.
3 – O princípio da participação implica a intervenção das organizações
representativas do voluntariado em matérias respeitantes aos domínios em
que os voluntários desenvolvem o seu trabalho.
4 – O princípio da cooperação envolve a possibilidade de as organizações
promotoras e as organizações representativas do voluntariado estabelece-
rem relações
e programas de acção concertada.
5 – O princípio da complementaridade pressupõe que o voluntário não deve
substituir os recursos humanos considerados necessários à prossecução das
actividades das organizações promotoras, estatutariamente definidas.
6 – O princípio da gratuitidade pressupõe que o voluntário não é remune-
rado, nem pode receber subvenções ou donativos, pelo exercício do seu
trabalho voluntário.
7 – O princípio da responsabilidade reconhece que o voluntário é respon-
sável pelo exercício da actividade que se comprometeu realizar, dadas as
expectativas criadas aos destinatários do trabalho voluntário.
8 – O princípio da convergência determina a harmonização da acção do
voluntário com a cultura e objectivos institucionais da entidade promotora.
capítulo iii
Direitos e deveres do voluntário
Artigo 7º
Direitos do voluntário
1 – São direitos do voluntário:
a) Ter acesso a programas de formação inicial e contínua, tendo em vista o
aperfeiçoamento do seu trabalho voluntário;
b) Dispor de um cartão de identificação de voluntário;
c) Enquadrar-se no regime do seguro social voluntário, no caso de não estar
abrangido por um regime obrigatório de segurança social;
d) Exercer o seu trabalho voluntário em condições de higiene e segurança;
e) Faltar justificadamente, se empregado, quando convocado pela organi-
104
Anexos
Artigo 8º
Deveres do voluntário
São deveres do voluntário:
a) Observar os princípios deontológicos por que se rege a actividade que
realiza, designadamente o respeito pela vida privada de todos quantos dela
beneficiam;
b) Observar as normas que regulam o funcionamento da entidade a que
presta colaboração e dos respectivos programas ou projectos;
c) Actuar de forma diligente, isenta e solidária;
d) Participar nos programas de formação destinados ao correcto desenvolvi-
mento do trabalho voluntário;
e) Zelar pela boa utilização dos recursos materiais e dos bens, equipamentos
e utensílios postos ao seu dispor;
f ) Colaborar com os profissionais da organização promotora, respeitando
as suas opções e seguindo as suas orientações técnicas;
105
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
capítulo iv
Relações entre o voluntário e a organização promotora
Artigo 9º
Programa de voluntariado
Com respeito pelas normas legais e estatutárias aplicáveis, deve ser acor-
dado entre a organização promotora e o voluntário um programa de volun-
tariado do qual possam constar, designadamente:
a) A definição do âmbito do trabalho voluntário em função do perfil do
voluntário e dos domínios da actividade previamente definidos pela organi-
zação promotora;
b) Os critérios de participação nas actividades promovidas pela organização
promotora, a definição das funções dela decorrentes, a sua duração e as
formas de desvinculação;
c) As condições de acesso aos locais onde deva ser desenvolvido o trabalho
voluntário, nomeadamente lares, estabelecimentos hospitalares e estabele-
cimentos prisionais;
d) Os sistemas internos de informação e de orientação para a realização das
tarefas destinadas aos voluntários;
e) A avaliação periódica dos resultados do trabalho voluntário desenvolvido;
f ) A realização das acções de formação destinadas ao bom desenvolvimento
do trabalho voluntário;
g) A cobertura dos riscos a que o voluntário está sujeito e dos prejuízos que
pode provocar a terceiros no exercício da sua actividade, tendo em conside-
ração as normas aplicáveis em matéria de responsabilidade civil;
h) A identificação como participante no programa a desenvolver e a certifica-
ção da sua participação;
i) O modo de resolução de conflitos entre a organização promotora e o
voluntário.
106
Anexos
Artigo 10º
Suspensão e cessação do trabalho voluntário
1 – O voluntário que pretenda interromper ou cessar o trabalho voluntário
deve informar a entidade promotora com a maior antecedência possível.
2 – A organização promotora pode dispensar a colaboração do voluntário a
título temporário ou definitivo sempre que a alteração dos objectivos ou das
práticas institucionais o justifique.
3 – A organização promotora pode determinar a suspensão ou a cessação da
colaboração do voluntário em todos ou em alguns domínios de actividade
no caso de incumprimento grave e reiterado do programa de voluntariado
por parte do voluntário.
capítulo v
Disposições finais e transitórias
Artigo 11º
Regulamentação
1 – O Governo deve proceder à regulamentação da presente lei no prazo
máximo de 90 dias, estabelecendo as condições necessárias à sua integral e
efectiva aplicação, nomeadamente as condições da efectivação dos direitos
consignados nas alíneas f ), g) e j) do nº1 do artigo 7º
2 – A regulamentação deve ter ainda em conta a especificidade de cada sec-
tor da actividade em que se exerce o voluntariado.
3 – Até à sua regulamentação mantém-se em vigor a legislação que não
contrarie o preceituado na presente lei.
Artigo 12º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação.
107
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
ANEXO 2
108
Anexos
Assim:
Em cumprimento do previsto no artigo 11º da Lei nº17/98, de 3 de
Novembro, e nos termos da alínea c) do nº1 do artigo 198º da Constituição,
o Governo decreta, para valer como lei geral da República, o seguinte:
capítulo i
Disposições gerais
Artigo 1º
Objectivos
O presente diploma regulamenta a Lei nº71/98, de 3 de Novembro, que esta-
beleceu as bases do enquadramento jurídico do voluntariado.
Artigo 2º
Organizações promotoras
1 – Reúnem condições para integrar voluntários e coordenar o exercício da
sua actividade as pessoas colectivas que desenvolvam actividades nos domí-
nios a que se refere o nº3 do artigo 4º da Lei nº71/98, de 3 de Novembro, e
que se integrem numa das seguintes categorias:
a) Pessoas colectivas de direito público de âmbito nacional, regional ou local;
109
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Artigo 3º
Emissão do cartão de identificação do voluntário
1 – A emissão do cartão de identificação de voluntário é efectuada mediante
requerimento da organização promotora dirigido à entidade responsável
pela sua emissão.
2 – Do requerimento deverão constar os seguintes elementos:
a) Referência à celebração do programa do voluntariado a que se refere
o artigo 9º da Lei nº71/98, de 3 de Novembro;
b) Nome e residência do voluntário, bem como duas fotografias tipo passe;
c) Identificação da área de actividade do voluntário, nos termos do nº3 do
artigo 4º da Lei nº71/98, de 3 de Novembro.
3 – A suspensão ou a cessação da colaboração do voluntário determina a
obrigatoriedade da devolução do cartão de identificação do voluntário à
organização promotora.
4 – No caso da cessação da colaboração do voluntário a organização promo-
tora deverá dar conhecimento do facto e devolver o cartão de identificação
do voluntário à entidade responsável pela sua emissão.
Artigo 4º
Cartão de identificação de voluntário
1 – O cartão de identificação de voluntário deve obedecer às dimensões
de 8,5x6,5 cm e conter obrigatoriamente elementos respeitantes à iden-
tificação do voluntário, da organização promotora e da área de actividade
do voluntário.
2 – Do cartão deve ainda constar a identificação da entidade responsável
pela sua emissão, bem como a data em que foi emitido.
3 – O cartão de identificação de voluntário é emitido segundo modelo
a aprovar por portaria do Ministro do Trabalho e da Solidariedade.
110
Anexos
Artigo 5º
Acreditação e certificação do trabalho voluntário
A acreditação e certificação do trabalho voluntário efectua-se mediante cer-
tificado emitido pela organização promotora no âmbito da qual o voluntário
desenvolve o seu trabalho, onde, para além da identificação do voluntário,
deve constar, designadamente, o domínio da respectiva actividade, o local
onde foi exercida, bem como o seu início e duração.
capítulo ii
Enquadramento no regime do seguro social voluntário
Artigo 6º
Requisitos
Pode beneficiar do regime do seguro social voluntário a que se refere a
alínea c) do nº1 do artigo 7º da Lei nº71/98, de 3 de Novembro, o voluntário
que preencha, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) Tenha mais de 18 anos;
b) Esteja integrado num programa de voluntariado, nos termos do artigo 9º
da Lei nº71/98, de 3 de Novembro;
c) Não esteja abrangido por regime obrigatório de protecção social pelo
exercício simultâneo de actividade profissional, nomeadamente auferindo
prestações de desemprego;
d) Não seja pensionista da segurança social ou de qualquer outro regime de
protecção social.
Artigo 7º
Requerimento
1 – O enquadramento no regime do seguro social voluntário depende da
manifestação de vontade do interessado, mediante a apresentação de
requerimento no centro regional de segurança social cujo âmbito territorial
abranja a área de actividade da respectiva organização promotora, instruído
com os seguintes documentos:
a) Bilhete de identidade, cédula pessoal, certidão de nascimento ou outro
documento de identificação;
b) Declaração emitida pela organização promotora comprovativa de que
o voluntário se insere num programa de voluntariado;
c) Declaração do interessado de que preenche os requisitos constantes
das alíneas c) e d) do nº1 do artigo 6º;
111
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Artigo 8º
Cessação do enquadramento
1 – A cessação do trabalho voluntário determina a cessação do enqua-
dramento no regime do seguro social voluntário, devendo a organização
promotora comunicar tal facto ao centro regional competente, até ao final
do mês seguinte àquele em que se verificou a respectiva cessação.
2 – Verifica-se ainda a cessação do enquadramento no regime quando o bene-
ficiário deixar de preencher algum dos requisitos constantes do artigo 6º
3 – A cessação do enquadramento produz efeitos a partir da data do facto
determinante da mesma.
Artigo 9º
Reinício do enquadramento
O enquadramento pode ser retomado, a requerimento do voluntário, desde
que os requisitos sejam de novo comprovados.
Artigo 10º
Esquema de prestações
1 – O voluntário abrangido pelo seguro social voluntário, nos termos do
presente diploma, tem direito às prestações nas eventualidades de invalidez,
velhice, morte e doença profissional.
2 – A cobertura do risco de doenças profissionais é assegurada pelo Centro
Nacional de Protecção contra os Riscos Profissionais.
3 – Para efeitos do disposto no número anterior, a actividade prestada como
voluntário considera-se equiparada a actividade profissional.
Artigo 11º
Obrigação contributiva
1 – As contribuições para a segurança social são determinadas pela aplicação
das taxas contributivas, para as respectivas eventualidades, nos termos do
disposto nos artigos 39º e 40º do Decreto-Lei nº40/89, de 12 de Fevereiro, à
remuneração mínima nacional garantida à generalidade dos trabalhadores.
112
Anexos
Artigo 12º
Regime subsidiário
Em tudo o que não se encontre especificamente regulado no presente
capítulo aplicam-se as disposições em vigor para o seguro social voluntário
constantes do Decreto-Lei nº40/89, de 1 de Fevereiro.
capítulo iii
Voluntário empregado
Artigo 13º
Convocação do voluntário empregado, durante o período de trabalho
1 – O voluntário empregado pode ser convocado pela organização promo-
tora, para prestar a sua actividade durante o tempo de trabalho, nos seguin-
tes casos:
a) Por motivo de cumprimento de missões urgentes que envolvam o recurso
a determinados meios humanos que não se encontrem disponíveis em
número suficiente ou com a preparação adequada para esse efeito;
b) Em situação de emergência, calamidade pública, acidentes de origem
climatérica ou humana que pela sua dimensão ou gravidade justifiquem
a mobilização dos meios existentes afectos às áreas responsáveis pelo
controlo da situação e reposição da normalidade ou em casos de força maior
devidamente justificados;
c) Em situações especiais inadiáveis em que a participação do voluntário seja
considerada imprescindível para a prossecução dos objectivos do programa
de voluntariado.
2 – Para efeitos do disposto na alínea c) do número anterior o voluntário
dispõe de um crédito de quarenta horas anuais.
Artigo 14º
Termos da convocatória
As faltas ao trabalho pelos motivos referidos no artigo anterior devem ser
precedidas de convocação escrita da organização promotora, da qual conste
a natureza da actividade a desempenhar e o motivo que a justifique, podendo,
em caso de reconhecida urgência, ser feita por outro meio, designadamente
por telefone, devendo ser confirmada por escrito no dia útil imediato.
113
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Artigo 15º
Efeitos das faltas
As faltas ao trabalho do voluntário empregado, devidamente convocado,
consideram-se justificadas, sem perda de retribuição ou quaisquer outros
direitos e regalias, nos termos do nº2 do artigo 7º da Lei nº71/98, mediante
a apresentação da convocatória e do documento comprovativo do cum-
primento da missão para que foi convocado, passado pela organização
promotora.
capítulo iv
Acidente ou doença contraída no exercício do trabalho voluntário
Artigo 16º
Seguro obrigatório
1 – A protecção do voluntário em caso de acidente ou doença sofridos ou
contraídos por causa directa e especificamente imputável ao exercício do tra-
balho voluntário é garantida pela organização promotora, mediante seguro
a efectuar com as entidades legalmente autorizadas para a sua realização.
2 – O seguro obrigatório compreende uma indemnização e um subsídio diá-
rio a atribuir, respectivamente, nos casos de morte e invalidez permanente
e de incapacidade temporária.
Artigo 17º
Apólice de seguro de grupo
Para a realização do seguro obrigatório será contratada apólice de seguro
de grupo.
capítulo v
Programa de voluntariado
Artigo 18º
Programa de voluntariado
1 – Na elaboração do programa de voluntariado a que se refere o artigo 9º
da Lei nº71/98 deverão ser tidas em conta as especificidades de cada sector
de actividade em que se exerce o voluntariado.
2 – A especificidade de cada sector de actividade poderá justificar a elabora-
ção de um modelo de programa a aprovar pelo ministro da tutela.
114
Anexos
Artigo 19º
Despesas derivadas do cumprimento do programa de voluntariado
1 – O voluntário, sem prejuízo da realização de despesas inadiáveis e reem-
bolsáveis nos termos da alínea j) do artigo 7º da Lei nº71/98, não pode ser
onerado com despesas que resultem exclusivamente do exercício regular do
trabalho voluntário nos termos acordados no respectivo programa.
2 – Sempre que a utilização de transportes públicos pelo voluntário seja
derivada exclusivamente do cumprimento do programa de voluntariado, a
organização promotora diligenciará no sentido de ser facultado ao voluntá-
rio o título ou meio adequado de transporte.
capítulo vi
Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado
Artigo 20º
Constituição
1 – Com o fim de desenvolver e qualificar o voluntariado é criado o
Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado.
2 – Por resolução do Conselho de Ministros serão definidas a composição
do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, assim como
o organismo que lhe prestará o apoio necessário ao seu funcionamento
e execução das suas deliberações.
Artigo 21º
Competências
Compete ao Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado desen-
volver as acções indispensáveis à promoção, coordenação e qualificação
do voluntariado, nomeadamente:
a) Desenvolver as acções adequadas ao conhecimento e caracterização
do universo dos voluntários;
b) Emitir o cartão de identificação do voluntário nos termos estabelecidos
no artigo 3º;
c) Promover as acções inerentes à contratação de uma apólice de seguro de
grupo entre as organizações promotoras e as entidades seguradoras tendo
em vista a cobertura da responsabilidade civil nos termos referidos nos
artigos 16º e seguintes;
115
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
capítulo vii
Disposições finais
Artigo 22º
Avaliação
No prazo de um ano após a entrada em vigor do presente diploma será feita
a avaliação dos mecanismos no mesmo estabelecidos para operacionali-
zação e promoção do trabalho voluntário, nomeadamente o desenvolvido
pelos titulares dos órgãos sociais das organizações promotoras, tendo em
vista a introdução das alterações que se mostrem necessárias.
Artigo 23º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor um mês após a data da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 22 de Julho de 1999. – Jaime
José Matos da Gama – Guilherme d’Oliveira Martins – Francisco Ventura
116
Anexos
ANEXO 3
117
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Assim:
Nos termos da alínea g) do artigo 199º da Constituição, o Conselho de
Ministros resolve:
1 – Definir a composição e funcionamento do Conselho Nacional para
a Promoção do Voluntariado, tendo em vista a concretização das compe-
tências que, nos termos do artigo 21º do Decreto-Lei nº389/99, de 30 de
Setembro, lhe foram cometidas.
2 – O Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, adiante desig-
nado por Conselho Nacional, é constituído na dependência do Ministro
do Trabalho e da Solidariedade e nele estão representadas as entidades
públicas ou privadas com intervenção nos diversos domínios de actividade
do voluntariado.
2.1 – O Conselho Nacional é composto por:
a) Uma individualidade a nomear por despacho do Ministro do Trabalho
e da Solidariedade, a qual presidirá ao Conselho Nacional;
b) Um representante do Ministro dos Negócios Estrangeiros;
c) Um representante do Ministro da Defesa Nacional;
d) Um representante do Ministro da Administração Interna;
e) Dois representantes do Ministro do Trabalho e da Solidariedade;
f ) Um representante do Ministro da Justiça;
g) Um representante do Ministro da Educação;
h) Um representante do Ministro da Saúde;
i) Um representante do Ministro do Ambiente e do Ordenamento
do Território;
j) Um representante do Ministro da Cultura;
l) Um representante do Ministro para a Igualdade;
m) Um representante do Secretário de Estado da Presidência
do Conselho de Ministros;
n) Um representante do Secretário de Estado da Juventude;
o) Um representante do Governo Regional dos Açores;
p) Um representante do Governo Regional da Madeira;
q) Um representante da Associação Nacional dos Municípios
Portugueses;
r) Um representante da Associação Nacional de Freguesias;
s) Um representante da União das Instituições Particulares
de Solidariedade Social;
t) Um representante da União das Misericórdias Portuguesas;
u) Um representante da União das Mutualidades Portuguesas;
v) Um representante da Cruz Vermelha Portuguesa.
118
Anexos
119
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
ANEXO 4
120
Anexos
ANEXO 5
L’Assemblée générale,
Rappelant ses résolutions 2659 (XXV) du 7 décembre 1970, 31/131 du 16
décembre 1976, 31/166 du 21 décembre 1976, 40/212 du 17 décembre 1385
et 49/139 B du 20 décembre 1994, et ayant à l’esprit la décision 96/32 du
Conseil d’administration du Programme des Nations Unies pour le déve-
loppement/Fonds des Nations Unies pour la population, dans laquelle le
Conseil prenait acte de l’ampleur de la contribution dês volontaires dans
le monde entier et appuyait les efforts des Volontaires des Nations Unies
tendant à promouvoir plus avant le volontariat.
Tenant compte de sa décision 35/424 du 5 décembre 1980 et de la réso-
lution 1980/67 du Conseil économique et social en date du 25 juillet 1980
relatives aux principes directeurs concernant les années internationales et
les anniversaires.
Notant l’importante contribution des volontaires, dans leur propre
pays, à l’amélioration du bienêtre de leurs concitoyens et à la réalisation des
aspirations de ceux-ci à des conditions économiques et sociales meilleures,
le fait que leurs activités sont financées dans une large mesure par la société
civile, y compris le secteur privé, et les principales réalisations des volontai-
res qui ont pour mission, a l’échelle internationale, d’atteindre les objectifs
de développement des états membres, Notant l’aide que les Volontaires des
121
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
122
Anexos
123
Bancos locais de voluntariado
124
Bancos locais de voluntariado
125
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
126
Bancos locais de voluntariado
Setúbal
Viana do Castelo
Banco Voluntariado
de Ponte da Barca
Câmara Municipal
Rua Conselheiro Rocha
4980-626 Ponte da Barca
T:258 480 180
F: 258 455 976
Madeira
Casa do Voluntário
Casa do Voluntário
Rua dos Barreiros, 26
9050-033 Funchal
T: 291 281 938
Casa.voluntario@sapo.pt
http://casadovoluntario.no.sapo.pt
127