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Como

Implementar
Projectos
de Voluntariado
Empresarial
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial
Adaptação do manual “Como as Empresas Podem Implementar
Programas de Voluntariado”, editado pelo Instituto Ethos.

Agradecemos a colaboração das entidades que trabalharam


na adaptação deste documento:
Alcatel
BES
BP
Essilor
Fundação PT
IBM
Linklaters
Microsoft
Santander Totta

Agradecemos igualmente ao Conselho Nacional para a Promoção


do Voluntariado pelo apoio técnico dado à edição deste documento.

Concepção Grace
Design gráfico Spirituc
Impressão Gar
Tiragem 3 000 exemplares
Maio 2006
5 O desenvolvimento e a sociedade civil

9 O voluntariado dentro e fora da empresa

15 O voluntariado empresarial
e a gestão das pessoas

21 Como implementar programas


de voluntariado empresarial

63 Voluntariado – direitos e deveres

67 Práticas de sucesso

102 Anexos

124 Bancos locais de voluntariado


O desenvolvimento
e a sociedade civil

“Escolhamos conjugar as forças criadoras da iniciativa privada com as necessidades


dos desfavorecidos e as exigências das gerações futuras”
Kofi Annan

O voluntário pode ser entendido como todo aquele que, devido à sua atitude
e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo e das suas competências,
de forma espontânea e desinteressada, ao serviço da comunidade.
A origem histórica do trabalho voluntário está intimamente ligada à
formação de uma consciência comunitária, impulsionada ou por razões
sociais, ou por razões religiosas, e tem uma forte componente assistencial.
Tradicionalmente, apesar da multiplicidade de organizações no âmbito da
solidariedade social, podem ser destacadas as Misericórdias, as Associações
de Bombeiros Voluntários e a Cruz Vermelha Portuguesa, entidades que se
têm alicercado em grande medida no trabalho voluntário.
Com o passar dos tempos, a diversificação da base de actividades em que
se verifica o trabalho voluntário resultou em larga medida do aparecimento
de uma consciência crítica e activista, cobrindo, nomeadamente, o combate
à pobreza e às diferentes formas de discriminação social, o acesso à educa-
ção, à saúde e à cultura ou a intervenção no plano ambiental.
Tal evolução conduziu igualmente a uma crescente organização do
voluntariado, quer no domínio institucional, quer ao nível do enquadra-
mento legal e operacional do mesmo. Com as comemorações, em 2001, do
Ano Internacional dos Voluntários, por recomendação da ONU, promoveu-
-se uma ampla reflexão sobre o valor da solidariedade e da vida em comu-
nidade e a sua relevância na construção de um mundo melhor, procurando
obter um maior reconhecimento, por parte dos governos e autoridades e
incentivar o voluntariado.

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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Mais recentemente, o voluntariado assumiu uma outra forma com peso


igualmente relevante e com iniciativas cada vez mais diversificadas e criati-
vas. Associado à progressiva consciencialização de responsabilidade social
por parte das empresas e instituições, públicas e privadas, estas passaram
a ser responsáveis pela promoção de um leque alargado de projectos no
domínio do voluntariado empresarial. E é sobre esta forma de voluntariado
que nos iremos debruçar.
O modo como uma empresa gere as suas relações económicas, sociais
e ambientais, e o modo como se compromete com a sociedade, tem um
impacto decisivo no seu sucesso.
As empresas passam a encarar a sua intervenção na comunidade, não
apenas, como uma obrigação social e moral estritamente conotada com
acções de mecenato ou de filantropia, mas também como uma razão de
ordem estratégica e de sustentabilidade a longo prazo.
Cada vez mais se reconhece que a competitividade não deve estar,
apenas, confinada ao preço e à qualidade dos produtos e dos serviços, ou
às relações com os colaboradores e com os clientes, mas deve contribuir
para a qualidade de vida, desenvolvimento da comunidade e preservação
do ambiente.
Em Portugal os modelos adoptados têm recolhido inspiração nos EUA
e dos países nórdicos onde o envolvimento social faz parte integrante da
actividade regular das empresas. Portugal tem, no entanto, desenvolvido um
importante trabalho no âmbito da responsabilidade social das empresas,
com um número crescente de organizações que promovem o envolvimento
social, pese embora as, muitas fragilidades sociais e económicas ainda
existentes.
Nos últimos anos, o envolvimento social das empresas tem vindo a ocu-
par um lugar cada vez mais destacado no desenvolvimento do seu negócio.
O envolvimento social das empresas é alicerçado em quatro princípios
basilares que se cruzam e completam, e que poderemos sintetizar:
· Sem sociedade não há mercado;
· Numa sociedade desenvolvida há mais e melhor negócio;
· Colaboradores socialmente participativos originarão colaboradores
profissionalmente mais empenhados e produtivos;
· Empresas socialmente responsáveis fidelizam e atraem o mercado.
Há um cada vez maior entendimento que as actividades voluntárias são
de importância estratégica para as empresas, pois, se por um lado, cons-
tituem um incentivo à criatividade e ao trabalho em grupo, concorrendo
para alicerçar os compromissos entre a empresa, os seus colaboradores e a

6
O desenvolvimento e a sociedade civil

comunidade, por outro melhoram a imagem pública da empresa e consti-


tuem um veículo para a sua divulgação.
Além de financiar projectos de interesse social, as empresas devem pro-
curar incentivar os seus colaboradores a doar tempo e trabalho e a pôr as suas
capacidades e competências ao serviço da viabilização dessas iniciativas.
O voluntariado, como qualquer outro programa empresarial, precisa de
ser balizado por critérios de eficiência: dispor dos meios materiais e huma-
nos necessários à sua execução e fazer a avaliação de resultados.
Procurando uma definição de voluntariado empresarial que, de modo
sucinto e abrangente, pudesse ser o ponto de partida para harmonizar o
conceito, optamos por considerá-lo como:
· um conjunto de acções realizadas por empresas, ou qualquer forma
de apoio ou incentivo dessas empresas que visem o envolvimento dos
seus colaboradores, disponibilizando o seu tempo e competências, em
actividades voluntárias na comunidade.
A definição pretende, apenas, aproximar-nos do que se pretende que seja
o voluntariado empresarial. Deste modo, poderá a empresa construir um
projecto, definir os objectivos, ainda que estes sejam comuns aos colabo-
radores e às necessidades evidenciadas pela comunidade, orçamentar o
projecto, definir os meios humanos e materiais a afectar, ou disponibilizar
meios, equipamentos ou os próprios colaboradores que desejem servir,
voluntariamente, a comunidade.
Todavia, e para que o envolvimento por parte dos colaboradores seja
efectivo, torna-se necessário criar espaço para que estes apresentem pro-
postas contribuindo para desenvolver as potencialidades da empresa na área
do voluntariado.
Para que um projecto seja consistente é necessário que esteja em sintonia
com a missão e valores da empresa, que aposte no envolvimento de todas as
pessoas, passando pela gestão de topo, e que tenha por objectivo um desen-
volvimento sustentado da comunidade.

7
O voluntariado
dentro e fora da empresa

Prática do Voluntariado Empresarial


Na sequência do conceito atrás definido, o voluntariado empresarial
funciona como um grande patrocinador do exercício da cidadania organi-
zacional e social incluindo os voluntários a título pessoal. No processo de
criação de um projecto de voluntariado, podem ser envolvidos directamente
os colaboradores e/ou indirectamente cidadãos ligados à empresa tais como
ex-colaboradores, reformados, familiares.
Das motivações e opções pessoais se passará para um sentimento social de
solidariedade que contribuirá para a concretização do voluntariado, de forma
a criar um efeito multiplicador junto de um maior número de empresas.
São encontradas, no ambiente das empresas, características favoráveis
ao incentivo do trabalho voluntário. As empresas são formadas por um
conjunto de indivíduos reunidos no mesmo espaço, no qual a aprendizagem
e as expectativas vão para além do desenvolvimento profissional.
Existe entre a empresa e o colaborador um compromisso mútuo em que
a empresa enquanto organização promotora da gestão de desempenho e
desenvolvimento profissional, se compromete a assegurar aos seus colabo-
radores, mais ou menos directamente, o desenvolvimento das competências
profissionais e pessoais. Os colaboradores podem exercitá-las em activida-
des relacionadas com a sua profissão, ou poderão explorar áreas completa-
mente diferentes, enriquecendo a sua experiência pessoal e profissional.
O voluntariado empresarial é uma prática comum em países como
Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Espanha, Brasil, entre outros.

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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

De acordo com o Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado,


acompanhando esta evolução, também em Portugal, se verifica um cres-
cendo de projectos e iniciativas de voluntariado empresarial, acompanhado
por uma valorização pública também acrescida do contributo destas acções
para o bem-estar da comunidade e das próprias pessoas e organizações nela
envolvidas.
Em termos de objectivo do voluntariado nas empresas, segundo a expe-
riência internacional, a meta a atingir seria conseguir que pelo menos 10%
da população da empresa estivesse inserida neste programa, nunca esque-
cendo que o aspecto chave do conceito de voluntariado, quer empresarial ou
pessoal, assenta no livre arbítrio dos colaboradores. Isto significa que são
estes que têm que escolher onde actuar e como o fazer pois, se assim não
fosse, o conceito de voluntariado perderia o seu significado, não passando
de mais uma função ou tarefa profissional que o colaborador desempenha
para a empresa.
O voluntariado empresarial adoptado na gestão estratégica traz van-
tagens para a comunidade, empresa e colaboradores. Na vertente social,
permite obviar problemas que aflijam verdadeiramente a comunidade,
resultando em melhorias na qualidade de vida, ajudando a construir uma
sociedade mais saudável e ao mesmo tempo trabalhando nas actividades da
empresa. No âmbito empresarial, os programas de voluntariado das empre-
sas contribuem para o desenvolvimento de capacidades pessoais e profis-
sionais, promovendo a lealdade e a satisfação com o trabalho, ajudando a
atrair e a reter colaboradores qualificados e a sensibilizar as restantes partes
interessadas, vulgo stakeholders. Também podem contribuir para que a
empresa promova a sua imagem de boa cidadã ou melhore a reputação dos
seus produtos.

Como a empresa pode apoiar um programa de voluntariado empresarial


O tipo de apoio que uma empresa pode oferecer a um programa de volun-
tariado varia conforme o grau de estruturação que ela pretende incutir à
iniciativa. Acções mais estruturadas e complexas invariavelmente exigem
maior esforço, dedicação e investimento.
Empresas com menos colaboradores apresentam a vantagem da agi-
lidade nas decisões, da comunicação rápida e eficiente, o que pode ajudar
muito na gestão dos recursos humanos voluntários.
Para que uma empresa inicie um programa de voluntariado empresarial,
deverá certificar-se que a cultura e os valores da mesma contemplam, difun-
dem e permitem viver os princípios do voluntariado.

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O voluntariado dentro e fora da empresa

Caso estes aspectos sejam inexistentes, deverão ser lançadas as bases


para que tal se torne uma realidade.
Um programa de voluntariado empresarial só alcançará os seus objecti-
vos, e só será bem sucedido, se for assumido por toda a empresa. É funda-
mental, o envolvimento dos colaboradores, a começar pela gestão de topo,
para que todos se sintam integrados e responsáveis no processo.
Alguns exemplos de apoio:

1) Voluntariado em acções da empresa


· Incluir o tema voluntariado, aquando do recrutamento, por forma a que
este seja um elemento de selecção por parte do candidato e vice-versa.
· Incluir no Manual de Acolhimento as acções mais importantes
de voluntariado. A divulgação deste manual é uma oportunidade
única de dar a conhecer os valores e a cultura da empresa aos novos
colaboradores, incluindo estagiários.
· Envolver a empresa num projecto cujo objectivo se aproxime da
sua própria missão. Por exemplo, uma empresa do ramo alimentar
poderá preparar e servir refeições junto dos mais carenciados ou uma
empresa do ramo da óptica poderá organizar rastreios ou consultas
oftalmológicas, junto de escolas, juntas de freguesia, entre outros.
· Estabelecer parcerias com outras empresas, de forma a desenvolver
projectos em que a união de esforços aporte maior valor acrescentado.
· Envolver os quadros superiores e médios. Os gestores de topo e as
chefias intermédias da empresa deverão ser desafiados a dar o exemplo,
oferecendo as suas competências profissionais e pessoais na execução
de trabalho voluntário.
· Disponibilizar recursos para projectos/acções de carácter assistencial,
educacional, cultural, ambiental, entre outros.
· Criar uma base de dados de oferta e procura de actividades voluntárias.
· Elaborar os regulamentos adequados ao exercício do trabalho
voluntário.
· Facultar formação para o colaborador melhorar a sua prestação como
voluntário;
· Reconhecer publicamente os colaboradores pelo trabalho voluntário ou
criar quaisquer outros mecanismos de incentivo ao trabalho voluntário.
· Assegurar a cobertura dos riscos a que os voluntários e as pessoas
beneficiadas estão sujeitos no decorrer da acção e os danos que estes,
não propositadamente, possam provocar em terceiros.

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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

2) Voluntariado em acções pessoais devidamente justificadas


e fundamentadas
· Disponibilizar tempo para o voluntariado, permitindo a dispensa
(remunerada e sem prejuízo para o período de férias, antiguidade e
assiduidade) de colaboradores para a realização de trabalho voluntário
junto da comunidade.
· Permitir que os colaboradores usem as instalações da empresa para
planear e, eventualmente, executar acções voluntárias;
· Permitir que o colaborador utilize o telefone e equipamento informático
no horário de trabalho para organizar acções de voluntariado e,
eventualmente, parte do horário de trabalho para fazer a sua actividade;
· Permitir que o colaborador utilize viatura da empresa nas suas iniciativas
voluntárias.

O que o voluntariado pode fazer


Cada pessoa é voluntária à sua maneira e é a soma das diferentes maneiras
de exercer o voluntariado que torna a proposta de agir em grupo muito rica.
A melhor forma para definir como actuar é identificar as potencialidades de
colaboração de cada um, as necessidades da comunidade e pôr a imaginação
a funcionar. A acção do voluntário não demite o Estado das suas obrigações
e não deve ser encarada como mão-de-obra gratuita – o trabalho voluntário
agrega valor.
A seguir, referimos algumas possibilidades concretas de actuação indivi-
dual ou colectiva:
· Fazer palestras sobre temas genéricos (como respeito pelo ambiente,
educação rodoviária, combate à toxicodependência) ou específicos
(nutrição, desenvolvimento infantil, economia doméstica, equilíbrio
trabalho-família, apoio aos idosos e/ou a pessoas com deficiência).
· Ajudar na renovação das instalações de uma instituição de solidariedade
social;
· Organizar campanhas e promover eventos de angariação de recursos;
· Realizar actividades educativas, como contar histórias para crianças em
instituições de apoio à infância;
· Dar apoio emocional a pessoas hospitalizadas ou doentes crónicos;
· Realizar actividades de entretenimento para idosos;
· Organizar passeios para adolescentes em situações de risco;
· Organizar acções lúdicas e educativas para pessoas com deficiência;
· Criar e desenvolver projectos de média duração, atendendo a
necessidades específicas da comunidade;

12
O voluntariado dentro e fora da empresa

· Disponibilizar as suas competências profissionais específicas ao serviço


das instituições;
· Facultar trabalho voluntário gratuito, no âmbito das suas competências
profissionais. Por exemplo: Psicólogo, contabilista, advogado;
· Participar nos órgãos sociais de entidades sem fins lucrativos;
· Utilizar os seus contactos para recrutar novos recursos para as
instituições apoiadas.
· Promover a limpeza, reflorestação e manutenção das zonas afectadas
por incêndios;
· Contribuir para a reabilitação ou renovação de áreas urbanas,
nomeadamente através da criação de espaços de convívio (de rua ou
fechados) direccionados para a camada infantil, juvenil e idosos.
· Promover acções que estimulem o relacionamento e partilha de
experiências a nível intergeracional;
· Criar e divulgar bolsas ou bases de dados de voluntariado, em
articulação com outras organizações, designamente, os Bancos Locais
de Voluntariado.
· Reencaminhar a população reformada para acções de voluntariado.
A título de exemplo, referimos os “patrulheiros” – voluntários que
ajudam as crianças a atravessar as estradas, nas áreas circundantes às
escolas, com sinalização própria para o efeito.

As empresas podem ainda apoiar instituições sem fins lucrativos, através


da divulgação e promoção de produtos e serviços produzidos pelos seus
utentes recorrendo, quando aplicável, à sua força de trabalho ou a outros
recursos da empresa.

13
O voluntariado empresarial
e a gestão das pessoas

Um programa de voluntariado empresarial compreende um conjunto de


acções estruturadas e organizadas que a empresa empreende para envolver
os colaboradores em actividades de voluntariado. A gestão de um programa
desta natureza passa por dirigir e apoiar as actividades da comunidade
– individuais ou colectivas –, que poderão ter lugar em escolas, hospitais,
institutos de apoio a crianças, centros de dia, entre outros, em que o objec-
tivo comum é a procura do bem-estar social.
A implementação de programas de voluntariado tem vindo a constituir
uma opção estratégica das empresas no contexto actual. Discute-se hoje que o
envolvimento nestas actividades pode trazer um valor acrescido para a comu-
nidade, para a empresa e para os próprios colaboradores nelas envolvidos.
A área de Recursos Humanos deverá ser envolvida neste tipo de pro-
jectos sociais, contribuindo para o sucesso da implementação do volunta-
riado dentro da empresa. Não é de todo possível dissociar um programa de
voluntariado da política de gestão dos recursos humanos de uma empresa,
devendo esta ser adequada de modo a permitir a sua concretização.
Em grande medida, os benefícios concedidos à comunidade por parte
das empresas são provenientes do trabalho voluntário dos seus colaborado-
res, para o qual contribuem com os seus conhecimentos e disponibilidade
para participar em iniciativas de desenvolvimento comunitário.
O colaborador da empresa dedica uma porção do seu tempo profissio-
nal, ou mesmo, pessoal, à actividade de voluntariado que desenvolve em
benefício de projectos ou programas comunitários em áreas de carência.

15
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Muitas vezes, sucede que, à parte da ocupação do seu tempo livre, o planea-
mento e preparação das actividades, na sua maioria em grupo, pode exigir a
sua disponibilidade durante o horário de trabalho.
As áreas responsáveis pela organização das acções de voluntariado são
confrontadas, ainda, com outras exigências, como a necessidade de:
· garantir o direito ao exercício do voluntariado a todos os colaboradores;
· incentivar e promover a participação dos colaboradores em iniciativas de
voluntariado;
· prestar informação sobre os programas de voluntariado no processo de
recrutamento de novos colaboradores;
· sensibilizar as hierarquias dos colaboradores voluntários em questões
relacionadas com o voluntariado, entre outras.
Mas a adesão ao programa de voluntariado empresarial não requer ape-
nas exigências, também proporciona benefícios.
Do lado dos colaboradores, ser parte integrante de uma empresa que
tem uma cultura organizacional orientada para o envolvimento em projectos
de intervenção social e comunitária poderá constituir, desde logo, um factor
de orgulho pessoal e motivação.
Ao mesmo tempo, os colaboradores de empresas que participam em
actividades de voluntariado empresarial tendem a manifestar um senti-
mento de pertença e de concordância maior para com o trabalho e com a
empresa e, por conseguinte, a apresentar uma forte identidade organizacio-
nal. Estudos revelam que estes colaboradores sentir-se-ão mais satisfeitos
e conseguirão estabelecer uma relação mais positiva tanto na vida pessoal,
como profissional.
O voluntariado empresarial tem sido, ainda, perspectivado em termos
dos efeitos produzidos sobre as atitudes e competências dos colaborado-
res das empresas. O estudo realizado pelo Conference Board, EUA, por
exemplo, mostrou os efeitos da participação em projectos comunitários
sobre atitudes e competências, tendo identificado o desenvolvimento das
competências de comunicação, organizacionais e de gestão de tempo, de
relacionamento interpessoal, de avaliação e de planeamento. Ao nível dos
comportamentos e atitudes, foram evidenciadas as capacidades de trabalho
em equipa, de inovação, de afirmação pessoal, entre outras.
Num estudo realizado em Londres por Lucie Carrington (em 2004) é
igualmente referido que os programas de voluntariado empresarial têm
assumido uma importância estratégica face às competências que podem
trazer para o local de trabalho.
A Fundação Manuel Leão, num trabalho desenvolvido sobre o volunta-

16
O voluntariado empresarial e a gestão das pessoas

riado empresarial no contexto social português, intitulado “Voluntariado e


as Empresas: um estudo exploratório do caso português” (2001) identificou
vários benefícios dos programas de voluntariado empresarial ao nível dos
colaboradores:
· aumento e melhoria das relações interpessoais;
· proporcionar uma outra perspectiva da função do trabalho quotidiano;
· permitir o conhecimento de novas realidades sociais;
· gerar de satisfação pessoal;
· incremento da auto-estima;
· maior confiança nas capacidades pessoais;
· estímulo da criatividade;
· desenvolvimento e colocação em prática de novas capacidades;
· permitir o desenvolvimento de interesses pessoais.
É, ainda, realçado o contributo que a actividade de voluntariado pode
aportar ao enriquecimento do currículo. Os resultados de um inquérito
realizado junto de empresas portuguesas mostram que as competências
desenvolvidas através do envolvimento em actividades de voluntariado são
valorizadas pelas empresas em:
· determinadas práticas de recrutamento profissional, designadamente,
as que incidem ao nível de jovens candidatos com pouca experiência
profissional;
· competências ao nível do trabalho em equipa, espírito empreendedor,
relacionamento interpessoal, liderança, resolução de problemas;
· práticas adquiridas através do envolvimento em determinadas acções
de voluntariado (exemplo, cooperação para o desenvolvimento,
solidariedade e economia social, educação/formação, desporto/
actividades recreativas);
· desempenho de funções profissionais no sector dos serviços;
· exercício de actividades de chefia/coordenação.
A participação dos colaboradores nos projectos sociais da empresa
tende a proporcionar, ainda, um ambiente interno mais coeso e favorável ao
desenvolvimento pessoal e à ampliação de conhecimentos.
No Fórum Voluntariado das Empresas, foi apresentado o trabalho
intitulado “A Curva da Aprendizagem: construindo um eficaz envolvimento
da empresa na comunidade”, que evidencia que o envolvimento comunitá-
rio das empresas oferece uma oportunidade singular para a aprendizagem
activa e experiencial, em resultado do que se aprende sobre os outros secto-
res e situações e do que se aprende sobre si próprio.
O envolvimento comunitário da empresa poderá constituir um desafio e

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Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

uma curva de aprendizagem criativa para todos os envolvidos. Evidencia-se,


assim, como uma mais-valia para os colaboradores que participam nestas
iniciativas, e subsequentemente, para a própria empresa.
Partindo do pressuposto de que diferentes tipos de envolvimento comu-
nitário da empresa proporcionam diferentes formas de ‘acção aprendiza-
gem’, numa óptica de experiência sustentada, o envolvimento comunitário
da empresa assume o papel de agente de mudança.
A aprendizagem, descrita enquanto aprendizagem pela experiência,
está no centro de todo o envolvimento comunitário e «transporta-nos a uma
espécie de viagem: da exposição ao desafio, da reflexão ao conhecimento, do
conhecimento à acção e da acção à transformação do mundo» (Otília Bacelar
e outros, p.54).
Uma gestão eficaz dos programas exige que os decisores possuam
determinadas competências que permitam garantir que os programas vão
ao encontro dos requisitos das populações, dos objectivos da empresa e que
contribuam para a aprendizagem dos colaboradores.
Em simultâneo, a empresa pode aproveitar os conhecimentos e a forma-
ção adquiridos pelas pessoas que se envolvem e participam em programas de
voluntariado, que se poderão tornar em valor acrescido dentro da organização.
De acordo com o estudo da Fundação Manuel Leão, os benefícios dos
programas de voluntariado para as empresas consubstanciam-se no contri-
buto para:
· o desenvolvimento de uma “cultura de empresa” assente
na responsabilidade social;
· o incremento da motivação dos seus colaboradores;
· a facilitação da comunicação interna;
· a aquisição de uma visão mais ampla do “ambiente” que rodeia
a empresa;
· a eliminação de barreiras entre departamentos;
· a melhoria da imagem externa;
· o aumento do grau de relação da empresa com o contexto envolvente.
O envolvimento dos colaboradores em projectos na comunidade poderá
ser utilizado como uma “ferramenta de gestão” com a finalidade de aumen-
tar o seu nível de satisfação e contribuir para a melhoria do meio social. As
empresas reforçam a sua dinâmica interna através do aumento da motivação
dos colaboradores que advem do sentimento de pertença a uma empresa
que apoia projectos desta natureza.
Contudo, o voluntariado empresarial em Portugal é muito recente e a sua
expressão está ainda aquém das expectativas.

18
O voluntariado empresarial e a gestão das pessoas

Podemos no entanto verificar o envolvimento de um número cada vez


maior de empresas e respectivos colaboradores em actividades de volunta-
riado em Portugal. Inserem-se maioritariamente neste quadro organizações
de grande dimensão.
Nos diversos rankings das melhores empresas para trabalhar é cres-
cente o número de empresas que manifestam preocupação em contribuir de
forma efectiva para a comunidade.
Com a globalização da economia de mercado e com o aumento da
importância das empresas como motor de desenvolvimento, a função social
da empresa tem sofrido reajustamentos. A responsabilidade social, onde
o voluntariado empresarial se insere, é cada vez mais entendida como um
factor de competitividade das empresas.

10 sugestões à gestão na implementação de programas de voluntariado empresarial


1 Garantir o direito ao exercício do voluntariado a todos os colaboradores;
2 Apoiar os colaboradores voluntários no desenvolvimento das acções a que
se propõem;
3 Criar incentivos e formas de motivação aos colaboradores que participam
activamente em projectos sociais, como reconhecimento na participação em
iniciativas de voluntariado;
4 Desenvolver acções bem estruturadas e organizadas para envolver os cola-
boradores nas iniciativas e garantir o sucesso dos mesmos;
5 Adequar a política de gestão dos Recursos Humanos ao programa de
voluntariado, para permitir a sua viabilização;
6 Garantir que os responsáveis pela gestão das pessoas e dos programas de
voluntariado detém as competências necessárias que permitam garantir que
os programas vão ao encontro das necessidades das comunidades, dos objec-
tivos da empresa e que contribuam para a aprendizagem dos colaboradores;
7 Sensibilizar as chefias dos colaboradores voluntários para questões rela-
cionadas com o voluntariado para evitar conflitos de interesse;
8 Implementar mecanismos que permitam aproveitar os conhecimentos e
formação adquiridos pelos colaboradores nas actividades de voluntariado;
9 Prestar informação sobre os programas de voluntariado no processo de
recrutamento de novos colaboradores;
10 Replicar o bom ambiente interno criado pelos colaboradores que parti-
cipam nos programas, que se evidencia como mais favorável ao desenvolvi-
mento pessoal e à ampliação de conhecimentos.

19
Como implementar programas
de voluntariado empresarial

O processo de elaboração de um programa de voluntariado empresarial


depende muito da identidade cultural de cada empresa, da sua área de activi-
dade, da sua estratégia e forma de actuação.
Não se pode pois sugerir apenas um modelo único mas sim um conjunto
de recomendações, ou orientação para um caminho a percorrer.
Nesse sentido, passamos a enumerar alguns passos que vão, certamente,
ajudar a definir o trajecto para a elaboração desse programa.

Passo 1 Promover uma reflexão sobre a cultura da empresa


Passo 2 Formação de uma equipa de trabalho
Passo 3 Definições ao longo do processo
Passo 4 Formas de contribuição dos colaboradores
Passo 5 Identificação das necessidades da comunidade
ou de uma instituição
Passo 6 Transformação de ideias em propostas
Passo 7 O programa de voluntariado na prática
Passo 8 Valorização, Reconhecimento e Comunicação
como factores-chave para o sucesso
Passo 9 Vantagens de trabalhar em parceria

21
22
Passo 1
Promover uma reflexão
sobre a cultura da empresa
Promover discussões sobre a missão, a visão, os valores, as prioridades institucionais
e as acções de responsabilidade social da empresa.
Definir os objectivos da empresa ao decidir elaborar um programa de voluntariado.

Antes de iniciar a elaboração de um programa de voluntariado é imprescin-


dível promover uma reflexão, por parte da empresa, quanto à sua missão,
visão, valores, prioridades institucionais e à sua conduta no campo da
responsabilidade social empresarial.
Da mesma forma, deve existir uma definição clara dos propósitos da
empresa ao elaborar um programa de voluntariado e a análise das possíveis
interfaces desse programa com as prioridades institucionais da organização.
O conceito de Responsabilidade Social passa por um comportamento
sustentado e continuado e pela criação de uma cultura de responsabilidade
no mundo corporativo, abrangendo todas as áreas, desde a saúde, a segu-
rança, o ambiente, a ética, a educação e a área social propriamente dita.
Uma empresa que polui o ambiente, que está envolvida em problemas
laborais, que comete ilegalidades e que possui um clima organizacional
tenso não tem condições para implementar um programa de voluntariado.
Por outro lado, empresas em que a prática da responsabilidade social está
presente e que o compromisso com a comunidade faz parte integrante da sua
missão institucional, têm uma base sólida para o sucesso do programa.
Se uma empresa quer ser reconhecida como socialmente responsável,
um programa de voluntariado pode ser uma excelente forma de transformar
essa vontade institucional em realidade. Outras orientações institucionais
que um programa de voluntariado empresarial pode ajudar a atingir são, por
exemplo, a integração e o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus
colaboradores e a aproximação à comunidade.

23
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Ao fazer uma auto-avaliação, a empresa verifica se existe de facto sin-


tonia entre a sua proposta de incentivar os seus colaboradores a realizar
acções sociais de voluntariado e o seu comportamento institucional.
Nesse sentido, a política do bom exemplo – que deve vir de cima – é
extremamente importante. Em qualquer empresa, a forma como os gestores
de topo vêem o seu negócio tende a estender-se a toda a organização. Do
mesmo modo, o seu envolvimento na implementação de um programa de
voluntariado encoraja a participação dos colaboradores.

Missão Cerne, razão de ser da própria empresa.


Visão Metas, objectivos e aspirações da empresa.
Valores Princípios pelos quais a empresa se rege.

O processo de reflexão sugerido neste primeiro passo deve pois ser


liderado pelos gestores de topo, ou alguém indicado por eles, e desenvol-
vido entre os diversos níveis hierárquicos da empresa, independentemente
da sua função, com base numa demonstração fundamentada das vantagens
do programa, tanto para a empresa, como para a comunidade.
Existem várias ferramentas para a elaboração de um processo de reflexão
nas empresas. É possível aproveitar os canais de comunicação já existen-
tes, tais como artigos no jornal interno, temas de discussão na intranet, ou
introduzir o tema em reuniões.
Apresentamos em seguida algumas ideias que podem ajudar a esta
reflexão:
Para que a empresa prospere precisa da confiança dos colaboradores, dos
seus clientes, dos investidores e, a um nível mais alargado, das comunida-
des onde opera. Essa confiança obtém-se através do cumprimento da sua
missão, dos seus valores, da sua visão e, acima de tudo, depende do seu
modo de actuação. Não deve existir qualquer discrepância entre aquilo que
a empresa diz e aquilo que faz.
A sua reputação e, consequentemente, o seu futuro como empresa
depende do empenho, honestidade, integridade e responsabilidade de todos
os seus membros. Alguns valores, como o respeito e a dignidade, devem
estar sempre presentes na sua relação com colaboradores, consumidores,
fornecedores, concorrência, autoridades, instituições e outros.
A empresa não deverá aceitar colaborar com outras empresas que, de
algum modo, desrespeitem ou não aceitem trabalhar em conformidade com
o seu código de conduta.
Não se trata apenas de criar riqueza nas comunidades onde as empresas

24
Promover uma reflexão sobre a cultura da empresa

desenvolvem a sua actividade mas de melhorar as condições de vida dessas


comunidades. A criação de um programa de voluntariado empresarial bem
estruturado e bem implementado, é pois uma mais valia para as empresas,
para os seus colaboradores e, acima de tudo, para a comunidade.
No decorrer do processo de reflexão surgem dúvidas que levam à obten-
ção de respostas e esclarecimentos e, acima de tudo, criam oportunidades
de crescimento para a empresa. Nem todas as perguntas poderão ser ime-
diatamente respondidas e nem todas as necessidades poderão ser pronta-
mente satisfeitas. Algumas questões exigem um período de maturação para
poderem ser equacionadas e outras, até, podem ser consideradas ilegítimas
ao longo do percurso.
Nesse sentido, recomenda-se que a reflexão sobre a prática da organiza-
ção seja contínua, uma vez que as empresas estão em constante mudança.
Isso reflecte-se, por exemplo, na entrada de novos colaboradores e em
mudanças de estratégia. Se a reflexão for conduzida com ética, transparên-
cia e coerência pode dar origem a um processo construtivo, um caminho de
evolução para a empresa, que vai servir como um alicerce para a criação de
um programa de voluntariado consistente e promissor.
À medida que a empresa avançar neste Passo, irá abrir um caminho que
possibilitará a discussão, entre os colaboradores, de temas como a cidada-
nia e o voluntariado.
Após este processo de reflexão surge a necessidade de reunir colabo-
radores, que se identifiquem com o voluntariado, dispostos a formar uma
primeira equipa de trabalho.

25
Passo 2
Formação de uma equipa
de trabalho
Incentive a formação de uma equipa de trabalho composta por colaboradores.
Facilite os encontros dessa equipa.
Trabalhe na criação de um plano de acção.

A implementação de um programa de voluntariado requer os mesmos prin-


cípios de ética e a mesma seriedade de conduta que é adoptada pela empresa
nos seus projectos de natureza operacional. À semelhança de qualquer outra
iniciativa, o êxito do programa depende do empenho, do envolvimento e do
esforço dos diversos sectores da empresa.
Para a formação do grupo de trabalho devem ser convidados colabora-
dores de vários sectores e escalões hierárquicos que, nesta fase inicial do
processo, poderão candidatar-se à liderança do programa de voluntariado
empresarial. O gestor ou responsável do programa até então passa, a partir
daí, a actuar apenas como elemento de apoio a equipa.
A formação de uma equipa de trabalho é recomendada por vários moti-
vos. Para além de propiciar uma discussão colectiva das bases do programa,
a partir da visão de pessoas que conhecem o dia-a-dia da empresa, propor-
ciona a construção de uma proposta conjunta, o que poderá garantir uma
aceitação mais rápida no seio dos diversos sectores da organização.
A diversidade dos colaboradores que o constituem ajuda também a
alargar a reflexão sobre o sentido de uma empresa possuir um programa de
voluntariado, tanto do ponto de vista teórico como do prático, e a esclarecer
possíveis dúvidas acerca do objectivo final da empresa com a implementa-
ção deste programa.
Sendo, por si só, uma experiência de trabalho voluntário, a equipa fun-
ciona também como um fórum de ideias, aprendizagem e planeamento.
O seu papel dentro da empresa passa pela pesquisa de iniciativas de

27
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

apoio às áreas sociais já existentes, a identificação de outras oportunidades


de acção, a avaliação das preferências dos colaboradores, as necessidades
da comunidade, a selecção de áreas temáticas com as quais exista afinidade
para actuar e a identificação de possíveis benefícios para a empresa.
O diálogo com outras organizações que possuam programas de volun-
tariado, a avaliação das ferramentas necessárias à divulgação do programa e
o tipo de mensagens que deverão ser passadas para o exterior, são algumas
das actividades que devem ser desenvolvidas no âmbito externo.
O trabalho culmina com a elaboração de um plano de acção, que será
avaliado e eventualmente reajustado pela empresa para mais tarde integrar o
programa final de voluntariado.
Os membros da equipa não precisam de possuir experiência em volun-
tariado embora alguns já a possam ter. São normalmente pessoas que se
identificam com uma causa social, dispostas a desenvolver acções social-
mente úteis e que, de acordo com as suas aptidões e interesses, constituem
já uma base excelente para a formação da equipa. Podem juntar-se esponta-
neamente, através de uma acção de divulgação, ou a convite pessoal.
Desde a primeira reunião, a equipa apresenta-se como um espaço de
troca de ideias, partilha de experiências, e da visão de cada um sobre a área
social. O coordenador, incumbido de liderar a formação da equipa, deve
conduzir a primeira reunião, explicando de forma clara as intenções e moti-
vações da empresa, que contribuição é esperada do grupo e introduzir os
conceitos-chave para a compreensão do que é um programa de voluntariado
empresarial. Isto inclui a definição do tema, noções sobre cidadania empre-
sarial, responsabilidade social empresarial e desenvolvimento sustentável.
A partir daí, a função principal desse coordenador passa a ser a de
promover e facilitar a realização das reuniões da equipa e conceder-lhe a
autonomia necessária para o desempenho das suas atribuições.
Para ajudar os membros da equipa a adquirirem de forma eficiente conhe-
cimentos no domínio da responsabilidade social, deverá ser-lhes facilitada a
participação em seminários e o contacto com pessoas de outras organizações
que já possuam programas de voluntariado, dispostas a partilhar a sua expe-
riência ou a fornecer informações úteis à elaboração do plano de acção.
A presença de um superior hierárquico da empresa em todas as reuniões
do grupo de trabalho pode funcionar como orientação, incentivo ou reafir-
mação do compromisso social da empresa.
É necessário que a equipa compreenda a importância de passar pelas
etapas da reflexão, qualificação e planeamento, antes mesmo da fase de execu-
ção, pois a contribuição dessas etapas é essencial para o sucesso do programa.

28
Formação de uma equipa de trabalho

Algumas sugestões para a organização da primeira equipa de trabalho


· Garanta que o convite para integrar a equipa de trabalho é feito, sempre
que possível, por um gestor de topo;
· Incentive a participação dos diversos níveis hierárquicos;
· Procure ter a presença de pessoas com perfis e experiências diferentes
em voluntariado, tendo em atenção que a ausência de prática de
voluntariado não deve ser um factor de exclusão;
· Tente evitar que o grupo tenha muitos participantes considerando um
número adequado à dimensão da empresa;
· Apresente os objectivos da equipa com clareza: apresente as suas ideias
dando mote a um debate;
· Permita que os participantes se apresentem e contem suas experiências
pessoais nesta área durante o primeiro encontro;
· Abra espaço a perguntas;
· Incentive o grupo a definir com clareza as atribuições de cada membro;
· Solicite relatórios breves, por escrito, de forma a acompanhar a evolução
das reuniões da equipa;
· Recomende à equipa que deverá terminar as reuniões com a definição
dos passos seguintes, a divisão de tarefas e a marcação da data do
próximo encontro.

29
Passo 3
Definições ao longo
do processo
Comece a pensar na operacionalização do programa.
Defina quais os recursos necessários ao desenvolvimento do programa.

Para que um programa de voluntariado empresarial se possa desenvolver


é preciso ter em mente, desde o início da sua implementação, quais as
estratégias a adoptar pela empresa de modo a permitir que venha a ser bem
estruturado e sustentado. Por outras palavras, é preciso definir a forma de
operacionalização.
O empenho e a dedicação no cumprimento desta etapa são essenciais,
pois as políticas e os posicionamentos aqui adoptados terão reflexos em
toda a implementação do programa e é importante que mesmo as mudanças
e necessidades futuras sejam previstas desde o início.
Parte da definição da operacionalização do programa de voluntariado
passa pela identificação dos recursos a disponibilizar, nomeadamente em
termos financeiros, materiais e humanos, e das prioridades institucionais.
Baseada nos dados que o grupo de trabalho reuniu após a sua pesquisa,
a empresa precisa de ter conhecimento das acções sociais em curso na
organização, desde os donativos atribuídos por um departamento ou sector,
às campanhas de fim-de-ano lideradas por outro, actividades voluntárias
individuais que utilizam competências profissionais, entre outras práticas
frequentes, mesmo em pequenas e médias empresas.
Na posse desses dados, do plano de acção sugerido pelo grupo de
trabalho e das suas próprias convicções, prioridades e objectivos, a empresa
começa a delinear a sua política de actuação social e a prever quais as áreas
a abranger, considerando os seguintes factores:

31
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Disponibilização de recursos
Cabe à empresa definir claramente quais os recursos que deverá disponibili-
zar ao projecto de voluntariado.

Recursos financeiros
· A empresa precisa de definir quais serão os recursos financeiros
necessários às diversas acções que vão fazer parte do programa de
voluntariado;
· Deve ter em conta a possibilidade de destacar um colaborador para
liderar o programa ou contratar um profissional que se dedique
exclusivamente ao projecto, bem como contratar serviços de consultoria
para avaliação, entre outros;
· Para além da disponibilização de voluntários, a empresa poderá
considerar a atribuição de verbas específicas a afectar a cada iniciativa
do programa de voluntariado;
· Dependendo da política da empresa, a verba a disponibilizar pode ter
como critérios: uma percentagem sobre a facturação ou lucro; uma
quantia fixa anual; uma parte da verba destinada às áreas de marketing
e comunicação, entre outras.

Recursos materiais
· Doação de materiais. A título de exemplo, incluem-se neste caso móveis,
utensílios, softwares ou equipamentos, novos ou em bom estado de
utilização, em complemento da acção de voluntariado.

Recursos humanos
· Disponibilização de horas de trabalho de colaboradores especializados
da empresa para a prestação de serviço voluntário em organizações sem
fins lucrativos que possam beneficiar das suas competências, seja na
área financeira, informática, contabilística, recursos humanos, saúde,
manutenção ou outras;
· Dispensa dos colaboradores voluntários para actuação durante as horas
de trabalho;
· Permissão para que um colaborador desempenhe actividades voluntárias
de curta duração, a título pessoal, também durante as horas de trabalho,
na empresa ou fora dela.
Um processo de gestão de recursos humanos adequado, deverá ser
aplicado de forma a garantir o equilíbrio entre as diversas actividades
de voluntariado e as obrigações profissionais de cada colaborador.

32
Definições ao longo do processo

Disponibilização de espaço físico


· Disponibilização de salas nas instalações da empresa para que os
colaboradores realizem reuniões de planeamento e actividades
voluntárias, tais como acções de formação e palestras;
· Facilitar o uso de telefone e internet para assuntos específicos
de voluntariado;

Estruturação do programa
A empresa deve deliberar quanto aos aspectos estruturais do programa,
desde a escolha do(s) departamento(s) ao(s) qual(is) esta iniciativa deverá
ficar vinculada até à política de monitorização e avaliação dos resultados da
actividade voluntária.

Escolha do departamento que deverá gerir o programa de voluntariado


A responsabilidade social, a cidadania empresarial, o desenvolvimento
sustentável, isto é, a actuação corporativa e social da empresa, estão muito
ligadas à gestão de pessoas e à comunicação, o que leva muitas vezes a
empresa a optar pela escolha dos departamentos de Recursos Humanos
e/ou de Comunicação para a gestão destas áreas. Algumas empresas têm
ou estão a criar sectores específicos para gerir os assuntos ligados à área da
responsabilidade social, na qual se pode incluir o voluntariado empresarial.

Definição do Coordenador
Todos os programas de voluntariado necessitam de um coordenador. Pode
ser um colaborador, que se disponha a acumular essa função, ou que se
dedique exclusivamente a ela. A escolha depende da complexidade do pro-
grama, do número de voluntários e dos projectos a serem apoiados.
Quanto maior for o número de actividades propostas pelo programa,
tanto maior será o número de voluntários necessário e mais tempo será
exigido ao coordenador. Por outro lado, se a proposta de apoio ao programa
for pontual, como por exemplo, viabilizar uma campanha de um dia de
voluntariado por mês, a carga horária de trabalho exigida ao coordenador
será menor.

Política e mobilização dos colaboradores


O incentivo e a consciencialização dos colaboradores para a importância
da participação social e do exercício de cidadania, contribuem para que as
actividades de voluntariado recebam um apoio continuado por parte de toda
a empresa.

33
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

A escolha de uma forma adequada de dar a conhecer o programa den-


tro da organização vai certamente assegurar que todos os colaboradores
tenham acesso às suas mensagens e objectivos.
Campanhas internas, exemplos vindos dos superiores hierárquicos e o
convite para que colaboradores não-voluntários conheçam as actividades
desenvolvidas pelos voluntários, são algumas das estratégias a adoptar.
Dar a conhecer as acções de voluntariado já realizadas em publicações
internas, na intranet, através de e-mail, afixar fotografias e informação sobre
essas acções em áreas comuns, podem também ajudar a sensibilizar novos
voluntários.
Deverá também ser desenvolvida uma política de reconhecimento por
parte da empresa aos colaboradores que participaram nessas acções e a cria-
ção de mecanismos destinados a avaliar e medir a participação e a satisfação
dos voluntários.

Política de formação
Para além da formação genérica em voluntariado, poderá ser necessária
formação específica para que os voluntários possam colaborar em determi-
nadas acções.

Selecção e encaminhamento dos colaboradores para acções voluntárias


De uma maneira geral os voluntários têm sensibilidades e conhecimentos
diferentes. O programa de voluntariado pode portanto abranger um con-
junto de opções, oportunidades e instituições que lhes permita escolher o
tipo de acção em que desejam colaborar.
Uma adequada política de recrutamento e selecção dos voluntários de
forma a que o seu perfil se adeque aos projectos a desenvolver, deverá ser
assegurada para o bom êxito destes projectos, para a satisfação dos voluntá-
rios e para a própria imagem da empresa. Esta selecção poderá ser asse-
gurada por recursos da empresa ou de outras instituições da comunidade,
com as quais se estabeleça colaboração.
A empresa pode optar pela criação de uma base de dados de ofertas e
oportunidades de trabalho voluntário ou, eventualmente, unir-se a outras
empresas da mesma região e criar uma base de dados alargada.
De qualquer modo, uma escolha múltipla de actividades, em espaços
fechados ou ao ar livre, que envolvam um trabalho manual ou intelectual a
serem executadas individualmente ou em grupo, que permitam interacção
com a comunidade seja a nível da saúde, do ambiente, social ou da educa-
ção, é mais atractiva. Por outro lado, traz simultaneamente vantagens a nível

34
Definições ao longo do processo

pessoal – desde a redução do stress ao aumento do sentido de responsabili-


dade e da auto-estima –, e a nível empresarial, através do aumento do grau
de satisfação dos colaboradores e da sua notoriedade.

Política de comunicação
A comunicação é uma área fundamental para o bom funcionamento de
qualquer empresa e o mesmo conceito se aplica à implementação de um
programa de voluntariado.
A escolha dos métodos de comunicação é crucial para o sucesso do
programa. Em primeiro lugar devem ser cuidadosamente concebidas as
mensagens que indiquem claramente os objectivos do programa, assegurem
o empenho dos gestores de topo, informem sobre o tipo de apoio a ser pres-
tado a todos os que estiverem interessados em participar, expliquem o que
se espera dos colaboradores e quais os benefícios tangíveis e intangíveis que
o programa pode trazer, tanto a estes como à empresa e à comunidade.
A comunicação interna deve assegurar que todos os membros da empresa
tenham conhecimento da actuação socialmente responsável da organização,
trabalhando no sentido de informar e mobilizar os seus colaboradores.
Cabe à comunicação externa dar a conhecer as actividades de volunta-
riado realizadas pela empresa e seus colaboradores. Para além dos efeitos a
nível da notoriedade, esta divulgação poderá igualmente servir para sensibi-
lizar outras empresas para a adopção de práticas socialmente responsáveis.

Política de valorização e reconhecimento


Embora para a maioria dos colaboradores envolvidos em acções de volunta-
riado o melhor reconhecimento seja a sua satisfação pessoal, deverá existir
uma política de valorização e reconhecimento por parte da empresa.
São várias as sugestões que podemos dar nesse sentido, que vão desde
o reconhecimento oficial por parte dos gestores de topo à divulgação das
actividades em publicações internas e externas, entre outros.

Política de monitorização e de avaliação


Adoptar um sistema de registo das actividades de voluntariado para ava-
liação do impacto junto da empresa, dos colaboradores e da comunidade é
uma prática recomendável.
Uma avaliação periódica permitirá identificar os aspectos do pro-
grama que estão a ser bem geridos e os que precisam de ser melhorados.
Simultaneamente, dará à empresa uma percepção real da evolução do pro-
grama de voluntariado.

35
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

A escolha dos indicadores de impacto mais apropriados depende da


natureza da acção social realizada pelos voluntários e do que é prioritário
medir (veja no fim deste capítulo).

Prática social
A empresa precisa de definir as directrizes da sua prática social e qual vai ser
o modo de integração do programa de voluntariado nesse contexto.

Foco de actuação
A escolha das áreas temáticas e dos públicos-alvo depende de cada empresa,
da sua dimensão, do empenho dos seus colaboradores e da área para a qual
está mais vocacionada. Por outras palavras, a empresa pode desenvolver
trabalho voluntário apoiando as instituições locais, nas áreas da saúde, da
educação, do ambiente, ajudar organizações de carácter social sem fins
lucrativos entre outras.

Área geográfica de actuação


A comunidade ou comunidades, que a empresa elege para as suas acções
de voluntariado, estão normalmente inseridas na área geográfica onde a
empresa opera.

Estímulo à acção voluntária


A empresa deverá definir claramente se o seu programa de voluntariado vai
envolver apenas os colaboradores ou vai abranger familiares, reformados,
prestadores de serviços e outros.

Relação entre projectos financiados pela empresa e voluntariado


Cabe à empresa decidir sobre os apoios a projectos sociais em que haja,
ou não, a participação de colaboradores voluntários.

Apoio a organizações sem fins lucrativos


Do mesmo modo, as políticas de apoio já existentes a instituições sem fins
lucrativos e o possível alargamento a outras, sugeridas pelos colaboradores,
deverá ficar exclusivamente ao critério e decisão da empresa.

Estabelecimento de critérios para o apoio a projectos sociais


Devem ser criados critérios que permitam justificar as decisões de apoio a
uma determinada acção, em detrimento de outra.

36
Definições ao longo do processo

Perfil de actuação
A empresa pode optar por actuar sozinha ou considerar parcerias com
empresas, outras organizações de iniciativa privada ou organismos públicos
no sentido de viabilizar a execução de alguns projectos que abranjem um
maior número de beneficiários.

A avaliação ajuda a corrigir caminhos e a melhorar o programa


Os processos de avaliação destinam-se a analisar as acções implementadas,
a verificar se o processo adoptado foi o mais adequado, a demonstrar a
evolução face aos objectivos traçados e a identificar os pontos a ajustar. São
eles que fornecem as informações acerca da relevância do trabalho que está
a ser realizado.
Os mecanismos de avaliação deverão ter em conta os seguintes aspectos
nas duas áreas:

Empresa e Colaboradores
· Consulta ao público interno, designadamente sob a forma
de um questionário, sobre:
› política de actuação social da empresa e do programa
de voluntariado;
› aceitação do programa de voluntariado pela estrutura hierárquica
e pelos pares;
› nível de satisfação dos voluntários sobre as acções em que estão
envolvidos;
› nível de empenho demonstrado pelo grupo de voluntários
e o seu perfil.
· Consulta ao público externo, designadamente sob a forma de um estudo:
› Auscultar a opinião pública sobre as actividades da empresa
relativamente às áreas da responsabilidade social, da cidadania
empresarial e, mais concretamente, do voluntariado empresarial.
› Analisar o reconhecimento obtido, através dos órgãos de
comunicação social, nomeadamente do ponto de vista dos
consumidores, da sua fidelidade aos produtos e serviços, da evolução
nas vendas e do reconhecimento público através de prémios
e participação em eventos.

37
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Comunidade
Inteirar-se junto da comunidade beneficiada sobre o impacte das iniciativas
na melhoria de qualidade de vida da população, designadamente nos aspec-
tos relacionados com o processo de autonomia para a resolução dos seus
problemas e actuação em áreas prioritárias.

Segue-se um modelo de acompanhamento e avaliação do programa


de voluntariado do ponto de vista da sua coordenação interna:

Ficha de registo pessoal


A ser preenchida em cada actividade voluntária.

Data: ………………………………….………………………………………………….........
Projecto e entidade(s) beneficiada(s): ……………………………………….…………
…………………………………………………………………………………………………...
Número de horas dentro do horário de trabalho: …………………………………..
Número de horas fora do horário de trabalho: ……………………………….........
Descrição das actividades desenvolvidas: ………………………………………….....
…………………………………………………………………………………………………...
…………………………………………………………………………………………………...
…………………………………………………………………………………………………...
Resultados: …………………………………………………………………....................
Pontos fortes: ………………………………………………………………….................
Pontos fracos: ……….…………………………………………………………................
Sugestões: …………….…………………………………………………….....................

38
Passo 4
Formas de contribuição
dos colaboradores
Conheça a experiência e as potencialidades dos seus colaboradores
no campo do voluntariado.

Qualquer programa de incentivo ao voluntariado que vise uma adesão conti-


nuada e níveis de participação que favoreçam o trabalho em equipa deve ter
em conta a experiência e as expectativas dos que procura envolver. Para tal, a
realização de um questionário junto dos colaboradores pode ser uma forma
eficaz de obter estas informações.
Este diagnóstico permitirá à empresa conhecer o grau de receptividade
inicial à proposta, bem como a vocação do seu grupo de colaboradores para
o trabalho voluntário. Estes têm capacidades, interesses e valores distintos.
Por exemplo, enquanto que alguns colaboradores poderão mostrar relutân-
cia em utilizar os seus conhecimentos técnicos fora do âmbito do seu local
de trabalho, outros poderão achar este tipo de actividade bastante recom-
pensadora. Assim, as possibilidades deverão ser vastas, de modo a preen-
cher as preferências de cada um:
· Actividades em espaços fechados e/ou ao ar livre
· Actividades que requeiram ou não conhecimentos técnicos
· Actividades que envolvam a parte teórica e cognitiva e outras que
envolvam o trabalho manual
· Actividades orientadas para o trabalho em grupo
· Actividades que permitam a interacção com diferentes públicos-alvo,
nomeadamente idosos, crianças e jovens, pessoas com deficiência
· Actividades que permitam interacção com a Natureza e/ou animais
· Horários diferentes para as actividades voluntárias
· Actividades em determinadas épocas do ano (Natal, Páscoa, entre outros)

39
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Quando a empresa decide realizar o questionário, deverá já ter reflectido


e definido a sua política de actuação social, seus objectivos e metas (Passo
1). Para que consiga partilhar com todos os colaboradores a intenção de
desenvolver acções de voluntariado deverá escolher os mecanismos de
comunicação mais eficazes e acessíveis a todos.

Alguns exemplos de mecanismos de comunicação eficazes:


· Intranet e Web site da empresa
· E-mail
· Newsletter da empresa
· Brochura
· Apresentação a todos os colaboradores, a ser feita por um representante
da empresa (gestores de topo, estruturas intermédias, entre outros)
· Placardes, quiosques electrónicos, posters
· Reuniões internas e externas
· Contactos pessoais

Posto isto, o questionário dá voz aos colaboradores. Este deve ser con-
ciso (questionários muito longos acabam por ser deixados para depois ou
esquecidos) e directo (pergunte o que é realmente necessário saber).
Caso a empresa já tenha uma política activa de intervenção social e
deseje conjugar a experiência existente e a motivação do colaborador para
ser voluntário, o questionário pode incluir perguntas que abordem direc-
tamente esta possibilidade e tentar descobrir a existência de sinergias. As
hipóteses são grandes, sobretudo se o projecto em andamento não obedecer
a um foco de trabalho muito específico ou limitado.
Outros conselhos para que este instrumento de pesquisa seja eficaz são a
procura de um formato atractivo e um prazo de devolução curto. Um exem-
plo possível será distribuir o questionário em eventos da empresa, onde
cada um possa responder e entregar na altura.
A página seguinte deste manual apresenta um modelo de questionário
que pode ser usado como referência ou ponto de partida para a construção
do mesmo. A sistematização dos dados pode ser feita por alguém designado
pela empresa ou pela equipa de trabalho, que precisa desse levantamento
para elaborar o plano de acção que lhe cabe sugerir.
É pertinente ressalvar que há exemplos de empresas com programas
de voluntariado bem sucedidos que não cumpriram a etapa da pesquisa de
interesses durante a sua concepção e lançamento. Por vezes, as empresas
optam por lançar o programa propondo actividades de campo que ajudam

40
Formas de contribuição dos colaboradores

a conferir credibilidade à proposta de voluntariado empresarial, oferecendo


oportunidades para os colaboradores participarem numa acção voluntária
em grupo. Accionada quase em paralelo, uma política de reconhecimento
baseada na valorização da participação aumenta a adesão ao projecto.

Sugestão de questionário de opinião aos colaboradores


Inclua na apresentação do questionário uma mensagem da empresa a anun-
ciar o programa de voluntariado e a explicar o motivo da sua realização.

Nome do(a) colaborador(a): ………….....………………………………………………


Função: ……………………………....………………………………………………………..
Departamento/Sectores: ……………………...…………………………………………..
Telefone: ……………………………. Email: ….....…………………………………………
1. Participa ou já participou em alguma acção de voluntariado?
Sim ….. Não ….. (Se respondeu Não, passe directamente para a questão 5)
2. Nome da entidade ou do projecto no qual está/esteve envolvido(a)
………………………………………………………………………………………………..
3. Acção desenvolvida: ………………....…………………………………………………..
4. Localização: ………………....…………………………………………………………….
5. Gostaria de participar em futuras acções de voluntariado?
Sim ….. Não ….. Se respondeu Não, indique os seus motivos:
………………………………………………………………………………………………..
6. Em que áreas de actuação tem interesse em trabalhar?
….. Acção cívica
….. Saúde
….. Educação
….. Acção Social
….. Arte e Cultura
….. Ciência e Tecnologia
….. Desporto
….. Defesa o Património Arquitectónico
….. Defesa do Património Arqueológico
….. Preservação do Ambiente
….. Protecção dos Animais
….. Emprego e Formação Profissional
….. Protecção Civil
….. Reinserão Social
….. Promoção do Voluntariado
….. Outras. Quais? ….…………………………………………………………………..

41
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

7. Com que público gostaria de trabalhar?


….. Crianças
….. Jovens
….. Pessoas com Deficiência
….. Pessoas hospitalizadas ou dependentes
….. Idosos
….. Reclusos
….. Minorias Étnicas
….. Outros. Quais? ..…..……………………………………………………………….

8. Quais os tipos de trabalho voluntário que lhe despertam mais interesse:


….. Contacto directo com o público beneficiado
….. Acções de apoio, administrativas ou de manutenção
….. Orientação e consultoria aos responsáveis do projecto ou entidade
….. Participação em eventos, campanhas
….. Divulgação e recolha de fundos
….. Outros. Quais? ..…..……………………………………………………………….

9. Em que horários teria interesse em ser voluntário(a)?


Durante a semana, de segunda a sexta-feira:
….. Manhã
….. Tarde
….. Noite

Fins de semana:
….. Manhã
….. Tarde
….. Noite

10. Faça alguns comentários e sugestões de como a empresa pode contribuir


para apoiar e incentivar a prática do voluntariado dos seus colaboradores,
familiares, reformados e parceiros:
………………………………………………………………………………………………..
………………………………………………………………………………………………..
………………………………………………………………………………………………..
………………………………………………………………………………………………..
………………………………………………………………………………………………..
………………………………………………………………………………………………..
………………………………………………………………………………………………..

42
Passo 5
Identificação das necessidades
da comunidade ou de uma
instituição
Seleccionar a comunidade ou a instituição onde se vai actuar.
Avaliar as necessidades reais dessa comunidade ou instituição.

O sucesso e o impacte de um programa de voluntariado dependem do grau


de motivação e mobilização das pessoas envolvidas, mas também estão
intimamente relacionados com a satisfação das necessidades reais de uma
comunidade ou instituição a apoiar. É necessário:

Seleccionar a comunidade ou a instituição onde se vai actuar


Algumas empresas e grupos de voluntários optam por concentrar esforços
no local onde a própria organização está inserida, ou onde um grupo de
colaboradores reside ou ainda através de proposta de algum dos seus cola-
boradores, interagindo assim de uma forma mais activa com a comunidade
onde se inserem.
Outras preferem fazer a diferença em comunidades distantes. Esta é uma
decisão estratégica que a empresa terá que tomar. Projectos sociais situados
em áreas próximas do local de trabalho podem ser acompanhados com
maior assiduidade e facilitam o envolvimento dos colaboradores na acção
voluntária.

Identificar as causas e necessidades sociais dessa comunidade ou instituição


Uma vez identificada a comunidade ou instituição, recomenda-se a reali-
zação de um levantamento das suas necessidades específicas. Estamos a
falar de um questionário breve que o próprio voluntário pode fazer, reu-
nindo dados gerais sobre a organização, o tipo de atendimento realizado,
o número de beneficiários e as suas principais necessidades. As respostas

43
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

desse questionário serão um bom ponto de partida para o projecto de volun-


tariado definir quais as instituições a apoiar.
Muitas vezes, os voluntários decidem actuar numa determinada causa
não tendo em atenção as reais necessidades da comunidade ou da institui-
ção. Não consideram o que já está a ser feito e continuam a oferecer um
serviço que, de alguma forma, já é prestado ou que não é tão necessário, em
vez de suprir uma necessidade que ainda não está a ser satisfeita e onde a
sua acção teria um impacte muito maior. Por exemplo, um grupo de colabo-
radores pode insistir na recolha de roupa para uma instituição cuja principal
dificuldade, no momento, é a falta de produtos de higiene.
Quer seja por estratégia de negócio da empresa ou por maior sensibi-
lidade por parte dos gestores de topo para algumas temáticas, algumas
organizações definem de antemão a sua área de actuação preferencial – edu-
cação, cultura, saúde, desenvolvimento comunitário, ambiente, cidadania,
deficiência, entre outros. Neste caso, o ideal seria direccionar a pesquisa das
necessidades para a área temática escolhida, descobrindo dentro daquele
segmento a contribuição que faria mais sentido.

Identificar potencialidades a serem desenvolvidas nessa comunidade ou instituição


Há várias possibilidades de identificar as principais necessidades de uma
comunidade ou instituição de forma a potenciar acções a serem aí desen-
volvidas. Os colaboradores de uma empresa têm um papel essencial nesta
etapa da estruturação de um programa de voluntariado, sobretudo quando
a comunidade ou instituição seleccionada é circundante à organização.
Por vezes os colaboradores de uma empresa moram perto do local de
trabalho e, pela sua vivência e rede de contactos, conhecem a história da
região, as suas prioridades e as entidades sociais que ali actuam. Assim, os
voluntários podem organizar-se para obter informações junto dos colabo-
radores da empresa, às instituições comunitárias, igrejas e associações de
moradores para melhor aferirem quais as potencialidades a serem desenvol-
vidas na sua comunidade.
Outras possíveis fontes de informação são os serviços locais de Saúde,
Educação e Segurança Social, as autarquias e universidades. Mais do que o
conhecimento da problemática local, tais entidades poderão reunir dados
estatísticos que são úteis para apontar as principais lacunas e necessidades
no momento e servir de referência, mais tarde, na avaliação dos resultados
da intervenção do projecto de voluntariado.
Os voluntários podem, ainda, recorrer aos Bancos Locais de
Voluntariado, que têm inscritas entidades sociais que os podem acolher.

44
Identificação das necessidades da comunidade ou de uma instituição

Podem igualmente ser consultadas outras organizações actuantes na região,


como institutos, ONG e fundações, solicitando dados sobre instituições
credíveis, com oportunidades de voluntariado.

Criar laços entre a empresa e a comunidade ou instituição


A proximidade entre a empresa e a comunidade ou instituição onde o seu
programa de voluntariado empresarial ganha corpo permite o estreitamento
de laços, a construção de uma aliança benéfica entre as partes. Tanto assim
que a maioria das empresas que desempenham algum tipo de acção social
o faz nas localidades onde opera.
As empresas, as comunidades e as instituições ganham ao trabalharem
juntas. Segundo a Business for Social Responsability, o programa de volun-
tariado empresarial é um “aliado importante para muitas empresas que
querem demonstrar compromisso com as comunidades onde actuam”.

45
Passo 6
Transformação de ideias
em propostas
Estabeleça o programa de voluntariado a implementar na empresa.

As informações recolhidas até ao momento constituem matéria-prima


suficiente para criar e elaborar uma ou mais propostas para o programa
de voluntariado empresarial. Assim, a proposta escrita é o materializar da
ideia, um instrumento de comunicação e um rumo para a sua realização.
A referida proposta que conduzirá à implementação de um programa
de voluntariado empresarial é um documento que deverá revelar objectivos
e estratégias, definir actividades, prever a disponibilização dos recursos
e contemplar a avaliação de resultados. No fundo, não é mais do que uma
maneira organizada de apresentar o diagnóstico feito até então, por isso
é perfeitamente admissível que alguns dos pontos não estejam totalmente
definidos ou que venham a ser revistos à medida que vão surgindo novos
dados. Isso não diminui a sua importância, e é recomendável que seja enca-
minhada para aprovação da gestão da empresa.
Apresenta-se de seguida um guia para a construção de uma proposta
de programa de voluntariado empresarial.

› Sumário
É o resumo do programa.

› Introdução
Breve histórico da proposta da implementação de programas de volunta-
riado na empresa, desde o surgimento da ideia até ao estado actual.

47
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

› Contexto e caracterização
Descrição objectiva da empresa, filial ou departamento onde o programa
será implementado, incluindo número de colaboradores, número
expectável de voluntários, actividade principal, horário de laboração,
acções sociais já apoiadas pela empresa e/ou colaboradores, interesse de
participação dos mesmos, expectativas da empresa e dos colaboradores
quanto à cidadania e responsabilidade social, dados socioculturais da
comunidade circundante, principais necessidades e listagem das ONG
já existentes.

› Importância do programa
Explicação da importância que o programa de voluntariado terá para a
empresa, revelando de que maneira a iniciativa pode corresponder às
expectativas e necessidades especificadas no ponto “Contexto e caracte-
rização”. Recomenda-se a demonstração do carácter de complementari-
dade e de eventuais sinergias que o programa de voluntariado possua em
relação a outras acções em desenvolvimento na empresa.

› Objectivos gerais
Representam o mais importante compromisso do programa.
Os objectivos a médio/longo prazo são orientados tendo em conta
as prioridades de cada empresa, os interesses dos colaboradores
e as necessidades da comunidade.

› Objectivos específicos
Consistem no desdobramento dos objectivos gerais em objectivos
a curto/médio prazo e preferencialmente quantificáveis.

› Metodologia
É o processo adoptado para a implantação do programa e inclui
a filosofia adoptada, estratégia de suporte da empresa ao programa
e etapas de implementação.

› Actividades do programa
Especificação das actividades do programa tanto no campo prático
(referentes ao leque de acções voluntárias identificadas, promovidas e
apoiadas), como no campo estrutural ou de gestão do próprio programa
(formas de recrutamento, selecção e sensibilização/formação de
voluntários, comunicação, valorização e reconhecimento, entre outros).

48
Transformações de ideias em propostas

› Recursos
Definição dos recursos humanos, materiais, logísticos e financeiros
necessários à implementação do programa, acautelando inclusive a
cobertura de riscos dos voluntários e beneficiários (apólice de seguro,
ambulância, entre outros).

› Cronograma de gestão de recursos


Cronograma de disponibilização de recursos que garanta a realização
das actividades do programa conforme as prioridades estabelecidas.

› Avaliação
Especificação do sistema de monitorização a ser adoptado para
acompanhar a implantação do programa, dos instrumentos que irão
avaliar os impactes obtidos, bem como de possíveis riscos que ameacem
o programa e, por isso, necessitem ser acautelados.

Para além deste modelo mais elaborado, a proposta pode ser apresentada
de maneira mais simplificada, respondendo-se às seguintes perguntas:
O quê? Onde?
Porquê? Como?
Quem? Quanto?
Quando?

A proposta de um programa de voluntariado empresarial pode ser elaborada


a partir da colaboração entre os membros da primeira equipa de trabalho e o
gestor do programa, um profissional cujo perfil e atribuições falaremos no
próximo Passo.

49
Passo 7
O programa de voluntariado
na prática
Designar o gestor do programa
Faça o programa funcionar

Para implementar o programa, a empresa necessitará de uma pessoa que


encare e abrace a tarefa de forma profissional. Uma pessoa do seu quadro
de colaboradores que assuma a gestão do programa paralelamente às suas
funções, alguém designado exclusivamente para esta função ou através do
recurso a uma entidade externa.
Estudos realizados em empresas norte-americanas pela Fundação
“Points of Light” revelam que a gestão de programas de voluntariado, por pro-
fissionais que acumulam outras responsabilidades na empresa, mostra ser
o modelo mais comum. Em regra, estes profissionais integram as equipas
dos departamentos de Recursos Humanos, de Comunicação, de Relações
Públicas e de Marketing.
A principal função do gestor de um programa de voluntariado é o de dina-
mizador – alguém que articulará as diversas frentes do trabalho que surgirão
dentro e fora da empresa, que fará a ligação entre os grupos, bem como coor-
denará todas as actividades. Sem esse elemento central, torna-se impossível
atender às necessidades que surgem. E elas são inúmeras. Desde a orientação
técnica e o suporte a um projecto, até à tarefa de ouvir os relatos das experi-
ências dos voluntários. A não instituição de um gestor significaria, em última
instância, não proporcionar condições reais para o programa se desenvolver.
O perfil do gestor de um programa de voluntariado deve atender a requisi-
tos muito vastos. Do ponto de vista de competências, recomenda-se que tenha
capacidade para trabalhar em equipa, senso prático de realização, rapidez de
raciocínio na resolução de problemas, familiaridade com a lógica de funcio-

51
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

namento das instituições (inclusivamente a preocupação com a eficiência e


eficácia), capacidade de se relacionar bem com os diversos níveis hierárquicos
e com a comunidade e conhecimento da cultura e dos valores da organização
em que se insere. A nível pessoal, considera-se importante o poder de lide-
rança e o carisma, a experiência enquanto voluntário, o compromisso com a
sociedade e a sensibilidade para compreender os problemas alheios.
É recomendável que o trabalho desse gestor conte com o apoio, desde o
início, de um conselho consultivo composto por membros de áreas e níveis
hierárquicos diversos, em moldes similares aos da primeira equipa de traba-
lho. Esta, por sua vez, tende a perder a sua função original – de planeamento
– à medida que o programa começa a ser colocado em prática. Chega a ser
comum que alguns dos seus elementos sintam a sensação de “missão cum-
prida” e queiram passar para acções no terreno.
A formação do conselho consultivo pode considerar então, os membros
remanescentes da primeira equipa de trabalho e procurar complementar-se,
garantindo a presença de representantes dos departamentos de Recursos
Humanos, de Comunicação, de Marketing, entre outros.
Principais áreas de gestão de um programa de voluntariado:

· Incentivo à participação de voluntários Organização de, campanhas


de recolha de roupas, alimentos, medicamentos, livros, entre outros, e o
posterior envolvimento dos colaboradores na distribuição dos mesmos
através de organizações credenciadas. De referir que a motivação dos
colaboradores para o voluntariado acontece, fundamentalmente, através
da difusão de boas experiências neste campo.

· Selecção de projectos a serem apoiados Realizada segundo a


orientação dos critérios estabelecidos pelo programa, tendo em conta as
prioridades da empresa, expectativas dos colaboradores e acima de tudo
as necessidades da comunidade.

· Formação dos voluntários Preparação dos colaboradores enquanto


voluntários, quer em termos de noções gerais (conceitos básicos,
história, papel do voluntário, relação com entidades sociais), quer em
termos de noções mais específicas (conforme a área escolhida para
exercer o voluntariado). Estas informações poderão ser disponibilizadas
nos meios de comunicação interna das empresas (exemplo: intranet), ou
poderão ser prestadas por entidades externas. Apresenta-se em seguida,
a título exemplificativo, temas a abordar na preparação dos voluntários.

52
O programa de voluntariado na prática

Temas de interesse geral


Conceito de cidadania; conceito de voluntariado, importância
das relações interpessoais e legislação aplicada.

Temas de interesse específico


Técnicas de relacionamento com crianças e jovens em risco, pessoas
com deficiência, idosos, entre outros noções sobre preservação da
natureza e reciclagem

· Monitorização e avaliação Acompanhamento e análise da evolução do


programa de voluntariado quanto ao impacte junto dos colaboradores,
da comunidade e da empresa. O processo de monitorização e de
avaliação envolve o uso de ferramentas específicas para a recolha de
dados quantitativos (pesquisas) e qualitativos (relatos, impressões e
observação informal). Medir a eficiência do programa traz resultados
essenciais para que a organização reflicta sobre a validade do mesmo.

· Comunicação e reconhecimento Comunicação permanente das


actividades do programa junto dos voluntários e dos colaboradores em
geral, com a função de informar, mobilizar, sensibilizar, valorizar e
reconhecer a importância da participação social do colaborador. Essa
é uma etapa vital para o sucesso de um programa de voluntariado e será
tratada em separado no próximo Passo deste manual.

· Elaboração de relatórios Registo contínuo de actividades e


sistematização das informações do programa pelo seu gestor.

· Novo planeamento Reorganização contínua das actividades conforme


o aparecimento de novos dados ou a reflexão sobre os resultados.
Recomenda-se que todo o programa de voluntariado passe por uma
revisão geral anual e que correcções na sua linha orientadora sejam
realizadas com flexibilidade, sempre que necessário.

53
Passo 8
Valorização, Reconhecimento
e Comunicação como factores-
-chave para o sucesso
Destaque formas de actuação exemplares.
Dê à comunicação a importância devida.

Neste Passo trataremos de duas áreas de actividade inter-relacionadas e


vitais para o desenvolvimento de um programa de voluntariado empresarial:
a valorização e reconhecimento da acção do voluntário e a comunicação
interna e externa. Tais áreas merecem atenção contínua desde os primeiros
passos da implementação do programa, pois têm influência crítica ao longo
de todo o processo.

Valorização e reconhecimento
Na escola, na família, no trabalho, no convívio social ou na actividade volun-
tária, o reconhecimento surge com um dos grandes factores de motivação
do ser humano. Por mais abnegado que seja um indivíduo, ver valorizado o
resultado do seu esforço voluntário traz satisfação pessoal e o sentimento de
se “ser útil” para com a sociedade.
A simples constatação dos benefícios que a acção voluntária gera já é,
por si só, um forte estímulo para continuar o trabalho. Porém, quando o
mérito dessa acção é oficialmente reconhecido, a motivação vê-se reforçada.
Mas nem toda a forma de reconhecimento surte os mesmos efeitos nas
pessoas. Alguns voluntários sentem-se melhor quando os seus esforços são
valorizados num círculo restrito de colegas, no trabalho ou na comunidade.
Outros apreciam ver a sua história nos meios de comunicação internos da
empresa, servindo como exemplo para suscitar novas acções. Outros, ainda,
gostam de se sentir elos de uma corrente, membros de uma equipa, daí a
valorização do trabalho em equipa ser mais importante.

55
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Parte do sucesso da política de valorização e de reconhecimento é des-


cobrir qual a maneira mais adequada de homenagear os seus voluntários,
sobretudo aqueles que realmente se destacaram, sem diminuir o trabalho
dos outros. Afinal, as políticas de reconhecimento e de valorização devem
servir como um estímulo e não como um instrumento de competição. Um
dos segredos para evitar esse risco é não deixar que o grupo de voluntários
perca de vista a dimensão da solidariedade e da cidadania, o compromisso
maior esperado de cada um com a promoção do bem comum.
Destacamos, a seguir, algumas práticas de valorização e de reconheci-
mento adoptadas pelas empresas.

Formas de valorização e de reconhecimento


· Prémios por equipa, baseados em critérios claros, objectivos e, de
preferência, que tenham sido definidos pela equipa de trabalho.
Recomenda-se que o prémio seja simbólico, em sintonia com a própria
causa;
· Divulgação das acções do voluntário, de determinadas equipas de
voluntários ou de departamentos nos meios de comunicação da empresa
(intranet, newsletters, revistas, entre outros);
· Distribuição de pins, t-shirts, entre outros materiais;
· Envio de mensagens de agradecimento por parte da gestão da empresa;
· Convite aos voluntários para que apresentem aos demais colegas as suas
experiências;
· Visita e participação dos gestores de topo da empresa a projectos
apoiados pelos voluntários;
· Realização de eventos especiais.

O reconhecimento deve ser:


· Merecido, imediato e personalizado e continuado
· Criativo, inovador, original
· Amplamente divulgado

Comunicação Interna e Externa


A comunicação assume um papel preponderante na valorização e reconheci-
mento do trabalho voluntário.
O papel da comunicação, sobretudo a comunicação com o público inter-
no, ultrapassa e muito o suporte ao reconhecimento num programa de volun-
tariado empresarial, interagindo de forma transversal em todas as suas áreas.
Junto do público interno, composto basicamente por colaboradores

56
Valozização, reconhecimento e comunicação como factores-chave para o sucesso

efectivos, temporários, contratados e podendo abranger indirectamente os


familiares, a comunicação é utilizada para:
a) Informar os colaboradores, inclusive os não-voluntários, sobre a
política de incentivo ao voluntariado vigente na organização, para que
a acção dos voluntários seja compreendida, valorizada e respeitada;
b) Divulgar e facilitar o acesso às informações operacionais referentes
ao programa: o que está a acontecer, quem são os responsáveis, qual o
apoio directo da empresa, qual o funcionamento do programa, como
se aproximar do grupo de voluntários, quais são as possibilidades de
actuação, como melhorar a actuação enquanto voluntário;
c) Mobilizar colaboradores a aderirem ao programa;
d) Sensibilizar os colaboradores para a importância da actuação
voluntária;
e) Dar visibilidade à acção de voluntariado;
f ) Promover a troca de conhecimentos, experiências e informações
entre voluntários;
g) Integrar e motivar os voluntários;
h) Divulgar constantemente os impactes gerados com o trabalho dos
voluntários, criando um clima propício à continuidade da acção.
A comunicação com o público interno pode efectivar-se através de inú-
meras maneiras, desde a realização de reuniões periódicas ao uso de correio
interno, de correio electrónico, de jornal, da intranet, de vídeo-conferência,
entre outros. Conforme o perfil do público-alvo, cada empresa deverá fazer
o seu diagnóstico e identificar os suportes de comunicação mais eficientes
para os objectivos a alcançar.
É fundamental que a comunicação com o público interno esteja bem
estruturada e em funcionamento, antes mesmo da organização iniciar
acções de comunicação voltadas ao público externo, o que inclui não só
a comunidade circundante como a sociedade em geral.
As formas mais usuais de comunicação das empresas com o público
externo são a exposição nos meios de comunicação social (nacionais, regio-
nais, locais, generalistas ou especializados), a promoção de campanhas,
a participação em seminários, conferências, fóruns e eventos em geral ou,
ainda, a realização de eventos dentro da própria organização com o intuito
de explicar a sua experiência em voluntariado empresarial à comunidade
interessada.

57
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

A comunicação com o público externo permite:


a) Legitimar a proposta, interna e externamente;
b) Difundir experiências de sucesso que possam vir a ser replicadas;
c) Dar visibilidade às acções da empresa na área do voluntariado
empresarial, agregando valor à sua imagem.

A comunicação deve ser:


· Clara, objectiva e focada no público-alvo
· Verdadeira e transparente
· Sistemática e esclarecedora

Qualquer acção de comunicação, interna ou externa, deverá sempre ter


em conta o direito à boa imagem e à privacidade individuais. Por exemplo,
no trabalho com crianças a divulgação de imagens carece de autorização dos
progenitores ou representantes legais dos mesmos.

58
Passo 9
Vantagens de trabalhar
em parceria
Estabeleça contacto com outras organizações.
Partilhe experiências e conhecimentos.
Contribua para o desenvolvimento do voluntariado empresarial em Portugal.

As múltiplas possibilidades de contribuição social e as experiências resultan-


tes de um programa de voluntariado empresarial são ricas demais para fica-
rem restritas à organização que as vivencia. A perspectiva de desenvolver um
trabalho em rede, participando em fóruns de discussão com outras institui-
ções que realizam actividades ou estudos na área, é altamente recomendável.
O trabalho em rede propicia a reflexão sobre a prática do voluntariado
empresarial, promove a troca de experiências, a transferência de tecnolo-
gias, o debate sobre dificuldades e desafios comuns. Além de contribuir
para o engrandecimento do programa de voluntariado da empresa, tudo isto
ajuda a fortalecer as instituições que fazem parte da rede e faz o volunta-
riado empresarial crescer enquanto movimento social em Portugal.
Participar de um fórum de discussão sobre o tema permite ainda ampliar
o nível de conhecimento sobre outras empresas e organizações, identificar
valores, crenças e compromissos afins. Esses contactos podem evoluir para
o estabelecimento de parcerias ou de alianças estratégicas que viabilizem a
execução de actividades que a sua instituição não consiga ou não deseje levar
a cabo sozinha, maximizando esforços.
O conceito de parceria remete para uma união com fins específicos,
normalmente uma acção ou um projecto de curto/médio prazo, seguindo
a lógica da intercomplementaridade de recursos e de capacidades entre as
organizações parceiras, ensina Marlova Jovchelovitch Noleto, autora do livro
“Parcerias e alianças estratégicas: Uma abordagem prática”.
Exemplo claro deste conceito de parceria é o Projecto Mão-na-Mão.

59
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Criado em 2001, por iniciativa da PT Comunicações, o Mão-na-Mão foi na


altura uma iniciativa pioneira em Portugal, ao reunir pela primeira vez sob
um projecto de características empresariais, diferentes entidades apostadas
em concretizar o objectivo comum de levar solidariedade e apoio a segmen-
tos mais desfavorecidos da população.
A concretização de várias iniciativas neste âmbito, movimentou até hoje
mais de 3000 voluntários que ao longo de 19 784 horas de voluntariado do
seu tempo de trabalho, beneficiaram directamente mais de 153 330 pessoas
ligadas a instituições de solidariedade social do nosso país.
Grupos de cidadãos vítimas de exclusão social, designadamente idosos,
crianças em risco, pessoas com deficiência ou com doenças severas, pude-
ram contar ao longo destes anos com o contributo dos milhares de voluntá-
rios das empresas parceiras do Mão-na-Mão.
Este projecto estabelece as condições necessárias para que os colabora-
dores das empresas signatárias participem nas várias iniciativas promovidas
pelo Mão-na-Mão, durante o horário normal de trabalho, sem qualquer
perda de benefício inerente à retribuição e assiduidade, assumindo cada
empresa a logística necessária à concretização das acções desenvolvidas.
Encontrando-se na sua terceira fase, o Mão-na-Mão é constituído actual-
mente por um grupo de dezassete entidades, contemplando a actualização
de algumas linhas de orientação, que visam reforçar a sua operacionalidade
e o rigor com que se pretende levar a cabo os objectivos para os quais foi
criado.
Já sobre a aliança estratégica, Marlova Jovchelovitch Noleto refere que
“organizações que poderiam actuar de forma independente diante de uma
determinada questão decidem fazê-lo conjuntamente, motivadas pela
consciência da magnitude e complexidade da acção a ser empreendida e,
principalmente, pela constatação de que as organizações aliadas comparti-
lham crenças e valores, pontos de vista e interesses, que as levam a ter um
posicionamento estratégico comum diante de uma determinada realidade”.
Relações de parceria ou alianças estratégicas bem construídas – isto é,
elaboradas a partir da correcta identificação e selecção das partes envolvi-
das, bem como da definição clara dos objectivos e atribuições de cada um
– também levam ao fortalecimento das organizações.
Este é um caminho desejado para que modelos de trabalho social bem
sucedidos, gerados em escala piloto pela iniciativa privada, possam inspirar
a formulação de políticas públicas mais eficazes, que estendam tais experi-
ências à população em geral.

60
Vantagens de trabalhar em parceria

Vantagens de trabalhar em parceria:


· Reflectir sobre a prática;
· Praticar conhecimentos, experiências, informações;
· Valer-se do conhecimento acumulado por outros para vencer os desafios
e dificuldades impostos pelo seu programa;
· Estabelecer parcerias e alianças estratégicas com outras empresas,
instituições públicas e privadas, entre outros;
· Influenciar políticas públicas;
· Contribuir para a evolução e difusão do voluntariado empresarial
em Portugal.

61
Voluntariado
Direitos e deveres

No mundo em que vivemos regista-se um consenso cada vez mais alargado


a respeito da necessidade de a sociedade civil se organizar e colaborar na
prossecução de tarefas que ainda recentemente eram deixadas ao Estado.
O voluntariado constitui precisamente a forma por excelência de a
sociedade civil auxiliar, de forma desinteressada mas organizada, pessoas,
famílias e comunidades. Em domínios tão díspares como o emprego ou a
saúde, a educação ou a protecção civil, é possível fazer a diferença passando
das palavras à prática.
A definição de voluntariado, a fixação dos seus direitos e deveres, a rela-
ção entre as organizações promotoras e os voluntários carece de regulamen-
tação jurídica. Todo o enquadramento jurídico do voluntariado em vigor,
além de insuficiente também não é aplicável directamente ao voluntariado
empresarial, âmbito deste manual. Devemos, no entanto, realçar os Direitos
e Deveres que se podem aplicar igualmente ao voluntariado empresarial,
não deixando de salientar que a responsabilidade final cabe às empresas e
não aos seus voluntários.

Direitos e Deveres
O voluntário oferece a sua ajuda e – em troca – recebe o prazer de ajudar.
Para exercer a sua missão, o voluntário precisa decerto que lhe sejam reco-
nhecidos direitos. Mas ser voluntário é, essencialmente, cumprir os deveres
de ajuda a que nenhum de nós pode ficar insensível. Vejamos, em todo o
caso, uns e outros:

63
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

1. Direitos dos Voluntários


Entre os direitos dos voluntários assumem especial importância aqueles que
passamos a elencar:
· Desenvolver um trabalho de acordo com os seus conhecimentos,
experiências e motivações;
· Receber apoio no desempenho do seu trabalho com acompanhamento e
avaliação técnica;
· Exercer o trabalho voluntário em condições de higiene e segurança;
· Participação nas decisões que dizem respeito ao seu trabalho;
· Ser reconhecido pelo trabalho desenvolvido.

2. Deveres do Voluntário
Os voluntários assumem – por sua livre iniciativa – diversos deveres e res-
ponsabilidades: para com os destinatários; para com a organização promo-
tora; para com os respectivos profissionais; para com os outros voluntários;
e para com a sociedade em geral.
Entre esses deveres e responsabilidades destacamos os seguintes:

2.1. Para com os destinatários:


· Respeitar a dignidade da pessoa humana;
· Respeitar as convicções ideológicas, religiosas e culturais de cada um;
· Respeitar a vida privada e guardar segredo sobre assuntos confidenciais;
· Agir com bom senso;
· Actuar de forma gratuita e desinteressada, sem receber quaisquer
contrapartidas patrimoniais;
· Contribuir para o desenvolvimento pessoal do destinatário;

2.2. Para com a organização promotora


· Observar os princípios e normas que regulam a actividade, tendo em
conta os domínios em que a mesma é exercida;
· Conhecer e respeitar os estatutos e demais regras de funcionamento
da organização, bem como as normas dos respectivos programas e
projectos;
· Actuar de forma diligente, isenta e solidária;
· Zelar pela boa utilização dos bens e meios postos ao seu dispor;
· Não assumir o papel de representante da organização sem seu
conhecimento ou prévia autorização;
· Informar a organização promotora com a maior antecedência possível
sempre que pretenda interromper ou cessar o trabalho voluntário.

64
Voluntariado – direitos e deveres

2.3. Para com os profissionais:


· Colaborar com os profissionais da organização promotora, respeitando
as suas opções e seguindo as suas orientações técnicas;
· Contribuir para o estabelecimento de uma relação fundada no respeito
pelo trabalho que cada um compete desenvolver.

2.4. Para com os outros voluntários:


· Respeitar a dignidade e liberdade dos outros voluntários, reconhecendo-
os como pares e valorizando o seu trabalho;
· Fomentar o trabalho de equipa, contribuindo para uma boa
comunicação e um clima de trabalho e convivência agradável;
· Facilitar a integração, formação e participação de todos os voluntários.

2.5. Para com a sociedade:


· Fomentar uma cultura de solidariedade;
· Difundir o voluntariado;
· Conhecer a realidade sócio-cultural da comunidade, onde desenvolve
a sua actividade de voluntário;
· Complementar a acção social das entidades em que se integra;
· Transmitir com a sua actuação, os valores e os ideais do trabalho
voluntário.

Aspectos legais
Os voluntários exercem o seu múnus de forma desinteressada. Mas fazem-
no no âmbito de projectos e programas desenvolvidos promovidos por orga-
nizações, dirigidos por profissionais e com vista a ajudar pessoas, famílias
ou comunidades.
No entanto, voltamos a realçar que a definição de voluntariado, a fixação
dos seus direitos e deveres, a relação entre as organizações promotoras e os
voluntários… carece de regulamentação jurídica.
Em Portugal esta actividade encontra-se regulada essencialmente pelos
diplomas legais que se passa a elencar. Depois destes, far-se-á também refe-
rência aos textos internacionais mais marcantes neste domínio.

Enquadramento Legal

4.1. Lei nº71/98, de 3 de Novembro – Anexo 1 – Estabelece as bases do


enquadramento jurídico do voluntariado.

65
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

4.2. Decreto-Lei nº389-99, de 30 de Setembro – Anexo 2 – Regulamenta a


Lei nº71/98, de 3 de Novembro, que estabeleceu as bases do enquadramento
jurídico do voluntariado.
4.3 Resolução nº50/2000 – Anexo 3 – Define a composição e o funciona-
mento do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado.

Normas e Documentos Internacionais


5.1. Resolução 40/212 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 17 de
Dezembro de 1985 – Anexo 5 – Convida todos os governos a celebrar anual-
mente, a 5 de Dezembro, o Dia Internacional dos Voluntários.
5.2. Resolução 52/17 da Assembleia Geral das Nações Unidas – Anexo 6
– Proclama o ano de 2001 como o Ano Internacional dos Voluntários.
5.3. Declaração Universal do Voluntariado de Janeiro de 2001 – Adoptada
pelo Conselho Internacional de Administradores da IAVE, Associação
Internacional para o Esforço Voluntário, na sua 16ª Conferência Mundial de
Voluntariado, em Amesterdão – Anexo 7

66
Práticas de sucesso
Alcatel

Avós n@ Net
“Avós n@ Net” é o nome de uma iniciativa, levada a cabo pela Alcatel
Portugal em conjunto com a Câmara Municipal de Cascais, que consiste em
dar formação básica em novas tecnologias, nomeadamente Internet, à popu-
lação idosa dos centros de dia e lares de Cascais. A primeira edição desta
iniciativa decorreu entre Abril e Junho de 2005 e, visto ter sido um grande
sucesso, a segunda edição teve início em Abril deste ano.
Para a Alcatel, é muito importante poder contribuir para o desenvolvi-
mento sustentado da comunidade, neste caso, deste segmento da popula-
ção, que tantas vezes é esquecido. Enquanto líder mundial em Banda Larga,
e sendo uma empresa em constante preocupação com o combate à info-
exclusão, a Alcatel pretende, deste forma, sensibilizar a população idosa
para a utilidade das tecnologias de informação, nomeadamente a Internet
e o correio electrónico, por forma a proporcionar o acesso a meios poten-
ciadores da melhoria de qualidade de vida e bem estar a este segmento da
população.
O programa é composto por formações, que têm a duração de 4 dias,
em sessões de 3 horas diárias, e contará com a presença de 10 formandos,
num total de 70. A equipa de formadores é constituída por colaboradores da
Alcatel que se voluntariam para o efeito. A formação, tendo em conta a idade
avançada da maioria dos formandos, não exigiu dos formadores voluntários
qualquer aptidão específica na área informática, apenas a vontade e a dispo-
nibilidade em partilhar os conhecimentos. Desta forma, é possível reforçar
a interacção dos nossos colaboradores com a população idosa do concelho
de Cascais.
Os participantes aprendem noções básicas de Internet, como por exem-
plo, a pesquisa de informação útil na área da saúde, gastronomia, cultura,
entre outros. Para além disto, os formandos podem também comunicar com
a família através de correio electrónico.

69
Banco Espírito Santo

Em 2004 e no âmbito do programa Realizar Mais, que agrega todas as ini-


ciativas de Responsabilidade Social do Grupo Banco Espírito Santo, criou-se
um programa de voluntariado com o objectivo de motivar a cidadania dos
colaboradores e promover a integração ocupacional dos reformados, com
idades compreendidas entre os 50 e 65 anos das zonas de Lisboa e Porto.
Este programa actua como “facilitador” do encontro entre a procura
(instituições de solidariedade) e a oferta de voluntariado (colaboradores e
reformados).
Numa primeira fase o programa destinou-se somente a colaboradores na
reforma que tinham à sua escolha três instituições: AMI, Associação Novo
Futuro e Acreditar – e diferentes funções a desempenhar, numa base de
presença semanal.
No final do ano o programa de voluntariado alargou-se aos colaborado-
res no activo. Em Dezembro de 2004 os colaboradores de um Departamento
Central do Grupo proporcionaram um Jantar de Natal a 200 sem abrigo que
vivem nas ruas da cidade de Lisboa.
As 200 refeições foram confeccionadas numa das messes do Banco
Espírito Santo e distribuídas por colaboradores voluntários do BES, con-
tando para este fim com o auxílio de 2 elementos da Legião da Boa Vontade,
instituição que actua em Portugal há já 15 anos e que tem como principal
fundamento o combate à exclusão social.
De forma a acompanhar o interesse e motivação demonstrada pelos seus
colaboradores, o BES decidiu implementar esta acção durante o ano de 2005
e estendê-la a outros departamentos centrais do Banco.
Em 2005, foram feitas duas acções de distribuição de refeições a sem
abrigos, uma em Junho e outra em Dezembro, confeccionadas pela Messe
do BES. Neste contexto, procedeu-se também à angariação de roupas e
agasalhos junto de todos os colaboradores do BES.

71
BP

BP recupera habitat natural no Cabo da Roca


Há muito que para a BP os conceitos de Cidadania Empresarial,
Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável e Ética Empresarial
foram interiorizados e passaram a fazer parte da sua maneira de agir, pois
é a partir do interior da empresa que se criam as ligações com os stakehol-
ders, sem esquecer que a criação de riqueza não pode ignorar os aspectos
relacionados com o factor humano.
O voluntariado é apenas uma das vertentes de todos estes conceitos
que estão sempre presentes em tudo o que a empresa faz, em todas as suas
actividades e em todos os seus negócios.
Em parceria com o Parque Natural Sintra Cascais (PNSC), a BP realizou,
no dia 5 de Maio de 2005, uma acção com vista à recuperação de um dos
habitats naturais da faixa costeira do Cabo da Roca. A iniciativa, integrada
no âmbito da reunião anual dos colaboradores da companhia e enquadrada
nas actividades do PNSC, levou cerca de 200 colaboradores, em regime de
voluntariado a, sob orientação de técnicos desta Área Protegida, removerem
milhares de chorões. Esta espécie invasora impede o desenvolvimento da
flora autóctone característica da zona.
As falésias são extremamente sensíveis à erosão eólica e hídrica, sendo
fundamental o revestimento vegetal característico, bem como a manutenção
da sua permeabilidade como forma de assegurar regimes de escorrência de
águas superficiais baixos, minimizando a erosão.
A BP, sensível às questões ambientais, disponibilizou-se a colaborar
com o Parque Natural Sintra Cascais na defesa e recuperação da vegetação
das falésias impedindo o alargamento de áreas dominadas por plantas infes-
tantes, como o chorão. A Companhia colaborou também na produção de
10.000 folhetos de divulgação sobre o Litoral do PNSC, e doou os utensílios
usados na remoção dos chorões.
No âmbito da sua política social e ambiental, a BP tem realizado inúme-
ras iniciativas com vista à recuperação das zonas verdes do nosso país nos
últimos anos.

73
DHL

Programa Mãos Dadas com a Comunidade


De acordo com os seus Valores Corporativos, a DHL Express Portugal
assume o seu inegável papel social na cooperação para o desenvolvimento
das comunidades locais destacando, por isso, a Comunidade como um dos
seus cinco Pilares de Excelência.
Por outro lado, a DHL valoriza o espírito participativo e pro-activo dos
seus Membros, e reconhece na sua equipa um potencial de juventude que
pode ser dinamizado no sentido da solidariedade social e da boa cidadania.
Nesse sentido, foi criada uma estrutura de suporte, integrada no orga-
nigrama funcional do Sistema de Gestão para a Excelência da DHL Express
Portugal (ver em baixo), a qual garante a gestão e operacionalização das
várias iniciativas levadas a cabo no âmbito deste programa, tendo por base
os objectivos definidos anualmente e aplicando metodologias de intervenção
que se encontram perfeitamente definidas e formalizadas.

SMT
Sponsor Envolvimento Comunitário
Managing Director PT

Segurança e Saúde
Qualidade/Excelência Ambiente Resp. Social interna Envolvimento
Trabalho
ISO 9001/EFQM ISO 14001 SA 8000/DPWN Fórum Comunitário
OHSAS 18001

Coordenador
Proj. Comunitários

Contacto externo Protocolos


Mobilização interna Voluntariado
e Concepção e Repr. Institucional

75
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Esta estrutura conta com a participação de Membros que para além da


sua função principal, integrada num dos departamentos da empresa, têm
também responsabilidades relativas a: contactos com IPSS, ONG e empre-
sas parceiras em projectos sociais ou ambientais e planeamento das acções;
comunicação das iniciativas e mobilização dos Membros DHL em regime
de voluntariado; provisão dos recursos necessários à realização das acções;
avaliação de pedidos externos para colaboração em projectos ou acções
específicas; etc.
No âmbito deste programa estabelecemos protocolos e parcerias em
várias áreas, apoiando nomeadamente a exclusão social, a pobreza, a defici-
ência, a educação, entre outras.
Em função das necessidades das instituições/projectos apoiados, as
acções de voluntariado podem decorrer durante o horário normal de traba-
lho, sem qualquer prejuízo para os voluntários envolvidos – Voluntariado
Empresarial – ou durante o tempo livre dos mesmos – Voluntariado
Individual.
Para além das acções organizadas pela DHL, este programa está tam-
bém aberto a acções de voluntariado de iniciativa individual, i.e., situações
em que o Membro se dedica – pessoal e isoladamente – a actividades volun-
tárias, contando assim com o apoio da empresa para o poder fazer durante o
horário de trabalho.
Para que as regras de participação, em termos de tempo, despesas, etc.,
nas diversas situações ficassem bem definidas, foi concebido e distribuído
aos Membros o Guia de Voluntariado Empresarial da DHL Express Portugal.
Com o Banco Alimentar contra a Fome (BA) estabelecemos uma parceria
sólida, participando numa base semestral, desde 2001, nas Campanhas
de recolha de alimentos levadas a cabo pelos BA de Lisboa e Porto, e mais
recentemente o BA de Coimbra.
O apoio dos Voluntários DHL nestas campanhas desenvolve-se em
diversas vertentes e em vários momentos:

Pré campanha:
· Acompanhamento das reuniões de preparação das campanhas por
Membros das áreas operacionais da DHL, os quais asseguram a alocação
das viaturas disponíveis, em função da origem e tipologia das mesmas,
aos supermercados envolvidos, face à quantidade de alimentos prevista
para os mesmos.

76
Práticas de sucesso

Durante a campanha (2 dias):


· Voluntários das áreas operacionais DHL efectuam a gestão das rotas das
viaturas e respectivas recolhas nos supermercados.
· Voluntários estafetas/motoristas DHL asseguram a condução dos
veículos DHL alocados ao transporte dos bens doados em alguns
supermercados até aos armazéns do BA.
· Voluntários DHL realizam a recolha das doações de alimentos em
supermercados, o que consiste em distribuir sacos do BA aos clientes
que entram no supermercado, receber os bens alimentícios doados e
prepará-los para o transporte. Para cada supermercado gerido pela DHL
são formadas equipas de Voluntários com horários de cerca de 3-4 horas
cada.
· Voluntários que participam na separação dos alimentos nos armazéns
dos BA.

Na última campanha do Banco Alimentar contra a Fome em 2005, que


decorreu em 26 e 27 de Novembro, contou com a participação de 46
Voluntários DHL.
Os benefícios da participação da DHL são analisados desta forma por
Maria João Torres Pereira, Coordenadora da campanha do Banco Alimentar
contra a Fome de Lisboa: “O trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela DHL
através da disponibilização de recursos na sua área de especialidade para apoio a algu-
mas actividades do Banco Alimentar Contra a Fome é um exemplo concreto da forma
como a assunção da responsabilidade social, por parte das empresas, pode potenciar a
actuação das organizações da sociedade civil. Esta parceria, criada entre duas orga-
nizações com objectivos distintos, é a prova de que é possível conjugar esforços e criar
sinergias entre dois mundos com características muito diferenciadas em prol de uma
sociedade melhor.
Dada a dimensão e complexidade que envolve a organização e o decorrer de uma
campanha de recolha de alimentos, consideramos que a contribuição da DHL tem sido
extremamente importante. Em termos futuros, consideramos que quanto maiores forem
os contributos, nomeadamente na área da logística e transportes, maiores serão as
possibilidades do Banco Alimentar Contra a Fome ampliar as campanhas e, consequen-
temente, o apoio às instituições e às pessoas carenciadas.”

77
Grupo PT

O Grupo PT encara o voluntariado como uma responsabilidade da empresa


e por isso promove acções neste âmbito efectuadas durante o período de
funcionamento das empresas e sem que a retribuição ou a assiduidade dos
colaboradores envolvidos seja, por qualquer forma, afectadas.
O Grupo Portugal Telecom inicia a sua actividade na área do volunta-
riado empresarial em Abril de 2001, contabilizando, nestes 5 anos, 65 inicia-
tivas que envolveram 2735 voluntários, o que ascende a 26 770 horas. Nesta
iniciativas foram abrangidas 1 252 Instituições de Solidariedade Social.
Está subjacente às acções de voluntariado fazer o que for necessário,
sob orientação de quem sabe fazer. Estas iniciativas podem traduzir-se em
recolha de bens, promoção da saúde, preservação do ambiente, distribuição
de roupa e alimentos a sem abrigo, formação nas áreas comportamental e
micro-informática, organização de passeios e eventos destinados a crianças,
jovens e/ou idosos vítimas de exclusão.
O Grupo PT tem dois programas de voluntariado, coordenados pela
Fundação PT, o Programa Aurora e o Projecto Mão-na-Mão.
· O Programa Aurora, coordenado pela Fundação Portugal Telecom, é um
banco de horas de voluntariado do Grupo PT que promove acções de na
área da formação, da consultoria e gestão, da webização, e da animação
e cultura.

O Programa Aurora consiste na oferta de 35 horas de trabalho por cola-


borador/ano, o que implicou a criação de um código de assiduidade para
o voluntariado.
Os projectos são trabalhados e desenvolvidos a partir da Fundação
Portugal Telecom e podem ser apresentados individualmente pelos colabo-
radores do Grupo, cabendo à Fundação a sua aprovação e a disponibilização
de apoio logístico.
De entre as acções de voluntariado que têm vindo a ser realizadas,
destacam-se:
› Consultoria e gestão para a viabilidade da UET da Acapo;

79
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

› Acções de formação a pessoas com deficiência visual nas áreas


comportamental, de gestão e da microinformática;
› A preparação da Ceia de Natal dos Sem Abrigo, acção realizada durante
a quadra Natalícia, com o objectivo de contribuir para a organização de
um evento que, ultimamente, tem decorrido na cantina universitária,
onde são servidas refeições aos sem abrigo da região de Lisboa apoiados
pela Comunidade Vida e Paz;
› A Campanha de Recolha de Roupa uma parceria do Grupo PT e da CAIS,
iniciativa que tem lugar ao longo do mês de Dezembro, que se propõe
recolher peças de vestuário para distribuição pelos sem abrigo, e que
antigiu já as 20 toneladas;
› Os Jogos de Sonho que levaram muitas crianças e jovens ao Open do
Estoril e ao Euro 2004;
› Acção de voluntariado na Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco,
que teve por objectivo servir um almoço aos idosos acamados em
lares tutelados por aquela instituição e que proporcionou uma tarde
de convívio e animação aos idosos e crianças da zona e contou com a
“Operação Nariz Vermelho”;
› Uma Visita ao Museu do Traje com o objectivo de acompanhar um grupo
de jovens e adultos com deficiência mental e/ou motora da Casa de São
Vicente, aos Museus do Traje e do Teatro em Lisboa;
› Diversas Visitas ao Oceanário, que decorrem há já 5 anos, com o
objectivo de organizar e acompanhar visitas de estudo de crianças
e jovens apoiados pela Fundação do Gil, instituição com quem foi
celebrado um Protocolo;
› A Feira das Estrelinhas 2005, em cooperação com a Associação Novo
Futuro, os voluntários colaboraram na montagem e desmontagem dos
stands, nas bilheteiras, no bar ou nos postos de venda;
› Reflorestação da Tapada do Mouco;
› Preservação da Serra de Sintra com abate de acácias;
› Preservação das pegadas de dinossauros na Serra d’Aire;
› O Projecto Mão-na-Mão é um movimento de voluntariado empresarial,
promovido pela PT à luz da política de de cidadania empresarial,
pioneiro em Portugal, que resultou do empenho e da disponibilidade
das entidades que o integram, contando, actualmente, com 17 empresas/
organizações, para participar em acções de solidariedade direccionado
para instituições privadas de solidariedade social e organizações não
governamentais que actuam, nomeadamente, na área dos cidadãos
vítimas de exclusão social.

80
Práticas de sucesso

O desenvolvimento do Projecto Mão-na-Mão passa pela execução de tarefas


específicas comprometendo-se as entidades envolvidas a disponibilizar
trabalhadores seus durante o horário normal de trabalho.
De entre as acções que têm vindo a ser desencadeadas, contam-se:
› A Acção de Verão que leva, pelo 4º ano consecutivo, crianças e jovens
que frequentam Centro de Reabilitação de Alcoitão com idades
compreendidas entre os 4 os 18 anos à praia do Tamariz;
› A Campanha de recolha de brinquedos da Fundação do Gil, com o
objectivo de distribuir brinquedos a crianças integradas em hospitais
e instituições de solidariedade social;
› A Almoço Convívio com os Sem-Abrigo, realizado no Estádio
1o de Maio;
› Um Workshop de Futebol que levou crianças de várias instituições
de solidariedade social à Escola de Futebol do Carlos Xavier;
› Pintura das Portas Amigas em que os voluntários envolvidos fizeram
trabalhos de pintura neste centro gerido pela AMI;
› Visita ao Badoca Parque das crianças do Instituto Jacob Rodrigues
Pereira da Casa Pia de Lisboa.

81
IBM

Desde que iniciou as suas operações nos EUA em 1914 que, a par com as
suas actividades comerciais, a IBM desenvolve programas de responsabili-
dade social em que alia tecnologia e conhecimento de uma forma eficaz. A
Companhia procura assim dar resposta a problemas de tradicional impacto
na sociedade, na economia e na qualidade de vida das comunidades em
que está inserida. No âmbito do seu programa de Corporate Community
Relations, a IBM Portugal tem desenvolvido vários projectos, nomeada-
mente o KidSmart, o Training for Work, o Reinventing Education, o EXITE,
o MentorPlace, o World Community Grid, o Voluntariado.
No que respeita a este último projecto, foi decisão da Direcção da IBM
Portugal implementar, em 2001, Ano Internacional do Voluntariado, um
programa que prevê a disponibilização média de 1 dia por empregado, por
ano, para a prática de acções que se enquadrem neste contexto. Deste modo,
quer individualmente, quer em associação com outras empresas ou orga-
nizações, a IBM tem vindo a desenvolver vários programas e/ou acções de
voluntariado.
No âmbito das suas políticas e práticas de voluntariado a nível mun-
dial, a IBM lançou em 25 de Novembro de 2003 o Programa On Demand
Community, uma iniciativa que aplica a estratégica IBM On Demand
Business à sua tradição de serviço prestado à comunidade. O On Demand
Business assenta na utilização das Tecnologias de Informação e de
Comunicação à medida de cada cliente, adaptando-se a especificidades
como a dimensão, os objectivos ou o plano de crescimento de cada estru-
tura, sejam empresas, administrações, universidades ou outras entidades.
Permite assim, a optimização dos recursos e o acesso a sistemas avançados
de processo e de gestão numa base de consumo em função das reais neces-
sidades. E é precisamente no mesmo princípio, do serviço prestado pelos
nossos colaboradores à medida das necessidades das comunidades envol-
ventes, que se inspira o On Demand Community.
Esta iniciativa resulta numa equipa global de voluntários, no activo ou
em situação de reforma, que conta com formação online, ferramentas e

83
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

recursos que pode partilhar – em qualquer altura, em qualquer lugar – com


escolas e organizações comunitárias locais. Todos os interessados pode-
rão, mediante registo num site interno especialmente concebido para o On
Demand Community, aceder e utilizar as soluções disponibilizadas neste
programa no âmbito do trabalho que desenvolvem ou podem vir a desen-
volver em diferentes organizações ou instituições sociais. Este programa
é complementado pelo “IBM Community Grants”, que possibilita que o
número de horas prestadas por cada voluntário, e registadas online em base
de dados própria, seja convertida em montante ou em equipamento, que
reverterá a favor da instituição, em nome do voluntário que aí desenvolveu
acção social.
O On Demand Community constitui, assim, o primeiro esforço deste
tipo para apoiar, através da tecnologia, dos serviços e de inovação da IBM, o
trabalho que os nossos voluntários desenvolvem junto das comunidades em
que estão inseridos. Estão hoje registados mais de 70 mil voluntários, entre
IBMers no activo ou em situação de reforma, com cerca de 3 milhões e 200
mil horas de voluntariado já realizadas. Em Portugal, contamos já com 247
voluntários com mais de 9 mil e 900 horas de voluntariado registadas.
Explorando o Interesse pelas Tecnologias e Engenharia é o mote do pro-
grama EXITE [“EXploring Interests in Technology and Engineering”], iniciativa da
IBM realizada anualmente a nível mundial, em países que são seleccionados
com base em dados estatísticos recolhidos junto de entidades oficiais com
domínio na matéria, como é o caso dos Ministérios de Educação de cada
país.
Em Portugal, esta iniciativa reuniu no IBM Forum Lisboa, de 11 a 15 de
Julho de 2005, 30 raparigas dos 11 aos 13 anos, provenientes de escolas de
Lisboa e de Loures, e também filhas de empregados da IBM. Durante esta
semana as jovens desenvolveram e partilharam um conjunto de actividades
com o claro objectivo de despertar o interesse pelas áreas das ciências, das
matemáticas e das tecnologias, num ambiente construtivo e divertido.
Com esta acção proporcionou-se às raparigas um olhar mais profundo
sobre a tecnologia e a engenharia através de actividades práticas, criando
junto das jovens um entusiasmo que as conduza, no futuro, a uma carreira
técnica e/ou à utilização da Tecnologia em qualquer carreira de sua voca-
ção. Pretendeu-se, essencialmente, desmistificar a ideia do mundo das
Tecnologias e das Ciências como uma esfera predominantemente masculina,
através do esclarecimento de algumas das dúvidas com que as jovens desta
faixa etária se deparam. Para este efeito, em muito contribuíram os diversos
testemunhos, quer de estudantes, quer de profissionais IBM, que através da

84
Práticas de sucesso

partilha do seu exemplo e das suas experiências, explicaram as razões que os


levaram a optar por cursos ou carreiras mais ligados a estas áreas.
Ao longo de uma semana, as jovens puderam participar em projectos
variados de engenharia e de ciência e, entre outras matérias, ficaram a par
do impacte que a tecnologia tem no quotidiano e no modo como pode ser
utilizada para resolver questões práticas do dia-a-dia.
A preparação do EXITE e das diversas actividades (programação de
um robot, matemática musical, geometria maluca, jornal do dia, jogos de
provérbios, visitas temáticas no domínio das ciências,…) teve início logo em
Fevereiro e contou com a participação de 70 voluntários IBM, entre cola-
boradores no activo e em situação de reforma, que se dedicaram ao planea-
mento e execução desta iniciativa, maioritariamente em tempo pós-laboral.
O ambiente extraordinário vivido ao longo destes cinco dias foi resultado
não só do empenho e da dedicação que os voluntários colocaram no sucesso
da acção, mas também do entusiasmo e da alegria com que todos aderiram
ao EXITE. Também a nível interno, a semana “exitiana” contribuiu para que
muitos IBMers interagissem e trabalhassem pela primeira vez em equipa,
sempre com a boa-disposição e a vontade de ensinar e aprender como pano
de fundo.
Aos voluntários foi distribuída informação útil para o desenvolvimento
da iniciativa, abordando aspectos tão relevantes como a segurança, o volun-
tariado com crianças em idade escolar ou o programa de actividades de toda
a semana.
Em suma, o desiderato do EXITE não é definir a opção vocacional das
jovens mas sim dar-lhes as ferramentas e a visão para encararem todas as
profissões sem mitos nem tabus. De uma forma educativa e divertida, pro-
curámos transmitir-lhes que “podem ter a profissão que quiserem desde que
gostem do que façam e sejam bons a cumpri-lo.”
Este Programa é complementado com um outro, o MentorPlace, que
garante que, ao longo do ano escolar imediato, as 30 alunas presentes nesta
iniciativa são acompanhadas, quer através de ferramentas online, quer
presencialmente, por 30 mentoras, voluntárias IBM, na consolidação dos
conhecimentos adquiridos ao longo de uma semana.

85
Linklaters

Programa de voluntariado na Linklaters – Juntos fazemos a diferença


A Linklaters é uma sociedade de advogados que aconselha algumas das
maiores empresas e instituições financeiras do mundo, nas suas transacções
e actividades.
Uma das grandes preocupações da Linklaters tem sido, desde sempre, o
apoio às comunidades em que está presente, apostando na responsabilidade
social, principalmente nas seguintes áreas, onde entende que o seu apoio
pode fazer a diferença:
· Sucesso/Êxito – Fomentando os talentos emergentes por forma
a alcançar as potencialidades de cada pessoa;
· Empreendimento – Encorajando o empreendimento;
· Acesso à Justiça – Assegurando os direitos e as responsabilidades legais.
No âmbito deste esforço, destaca-se o plano de voluntariado.
De acordo com Anthony Cann, Linklaters Senior Partner “o programa
evidencia um forte sentido de responsabilidade social da firma e um compro-
misso de partilhar o nosso tempo e conhecimentos sempre que necessário”.
Este programa visa alternativas flexíveis de voluntariado para os cola-
boradores, apostando em flyers (cartões informativos de voluntariado) nas
áreas sociais das instalações.
Estes podem ser encontrados nos restaurantes, cafés, recepções, intra-
net e salas de reuniões da Linklaters e apresentam as diferentes actividades
de voluntariado. Estes flyers enquadram toda a informação inerente à activi-
dade, incluindo o tempo a disponibilizar, o perfil necessário do voluntário e
os benefícios inerentes para cada uma das actividades.
Estas abrangem diferentes tipos de voluntariado, dos quais podemos
destacar: pro-bono, lecionar em escolas, levantamento de fundos, entreteni-
mento para crianças, actividades com idosos, etc.
O programa permite, que cada voluntário decida qual a área temática e
público-alvo actuar, assim como, a adequação à sua própria disponibilidade.
A Linklaters permite ainda, que cada um dos colaboradores dedique um
dia no ano para fins de voluntariado à sua escolha.

87
Microsoft

A Microsoft associou-se à Cais no desenvolvimento do projecto Cais Digital


que surge como resposta ao desafio da criação de um Centro Comunitário
de Aprendizagem Tecnológica, CTLCs (Community Technology Learning
Centers) pela Microsoft, que visam proporcionar aos seus utentes formação
em TIs de acordo com um curriculum Microsoft criado especificamente para
estes projectos – o Unlimited Potential Curriculum. Este curriculum de 135 horas
engloba os seguintes módulos sobre princípios elementares de: computador
pessoal, processadores de texto, folha de cálculo, base de dados, apresenta-
ção, internet, web design e media digital.
No âmbito do Cais Digital, foram criados dois espaços de utilização, um
de formação, onde os utentes que se inscrevem no centro de inclusão digital
da CAIS poderão ter acesso ao Curriculum acima discriminado, assim como
uma zona de utilização livre, onde é possivel tirar partido dos seis computa-
dores ali instalados para fazerem trabalhos pessoais, consultarem a Internet.
Para que este projecto permita aos seus colaboradores conhecer a reali-
dade do projecto e da comunidade que pretende servir, foi desenvolvido um
programa de voluntariado. Neste âmbito, cada um dos colaboradores da
Microsoft pode passar até dois dias por ano no projecto os utilizadores do
centro na consulta e acesso livre.
Para que cada um dos voluntários sinta que contribuiu para o projecto,
são tidas em atenção as necessidades do espaço da CAIS Digital/Utilização
Livre e horários de funcionamento. Assim, os utentes poderão utilizar o
espaço livre entre as 14 horas e as 18 horas, para as seguintes actividades:
› Acompanhamento e assistência na formação de 12 horas, curso de DCB
(Diploma de Competências Básicas) – ajuda na resolução dos exercícios,
sugestões de actividades no âmbito do programa de conteúdos do DCB
(todos os dias das 14:00 às 16:00);
› Acompanhamento e esclarecimento de dúvidas aos utilizadores do
Espaço Livre – elaboração de Curriculum, resposta a anúncios de trabalho
via Internet, pesquisas na Internet, formatar textos no Word, dúvidas
sobre a utilização do e-mail, etc. (todos os dias das 16:00 às 18:00).

89
Miranda Correia Amendoeira
& Associados

Desde as suas origens a Miranda procurou, de forma rigorosa e empe-


nhada, colocar os seus recursos humanos e financeiros ao serviço das várias
comunidades em que se encontra inserida. Tal contribuição traduz-se, por
um lado, na participação, patrocínio e envolvimento em projectos e, por
outro, na prestação de serviços e de aconselhamento jurídico de forma não
remunerada.
A Miranda acredita que o auxílio que pode prestar aos projectos, inicia-
tivas e pessoas com que se envolve não se deve resumir à mera prestação de
serviços jurídicos, enquanto resultado da prossecução da sua actividade. Na
verdade, uma sociedade de advogados com as características da Miranda,
para além dos serviços jurídicos pode, e deve, dar muito mais à comunidade
de que faz parte. A criação de condições para que os seus advogados tenham
flexibilidade nos seus horários de trabalho para a realização de trabalho
voluntário é apenas um dos muitos exemplos em como, com pequenos pas-
sos, se podem criar condições para uma eficaz política de voluntariado.
A Miranda acredita que o advogado, para além de um técnico em ques-
tões jurídicas, é também um servidor da justiça e da equidade. Estes princí-
pios devem ser entendidos e interpretados em função do meio em que está
inserido e, para tanto, é indispensável conhecer e participar nas comunida-
des que nos rodeiam. Por isso, a participação dos seus advogados em acções
de voluntariado é uma forma de os enriquecer como profissionais.
A Miranda, enquanto organização vocacionada para a prestação de ser-
viços a clientes de grande dimensão, também consegue proporcionar con-
dições para que certos projectos de voluntariado sejam melhor sucedidos ou
assegurem a devida sustentabilidade. O relacionamento diário com clientes,
fornecedores e parceiros nas mais variadas áreas de actividade, permitiu a
concretização de diversos projectos de voluntariado. Um dos projectos que
merece destacar é o envolvimento da Miranda com a ICAF.

91
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

A Experiência ICAF
Como paradigma da mais recente parceria da Miranda destaca-se a estabele-
cida com a International Child Art Foundation (ICAF).
A ICAF é uma organização privada sem fins lucrativos, com sede em
Washington, nos Estados Unidos, que tem como principal objectivo pro-
mover e fomentar a criatividade infantil através duma interacção constante
entre crianças de todo o mundo e as diversas disciplinas relacionadas com
as artes.
Pretende-se através da criatividade e arte infantil sensibilizar a consciên-
cia civil para os problemas da paz e da pobreza mundial.
O representante da ICAF em Portugal é Francisco Silva Santos, advogado
da Miranda. A colaboração entre ambas as entidades resultou, até agora, na
divulgação da actividade prosseguida pela ICAF em Portugal, assim como
na elaboração de documentos e contratos, passando pelo patrocínio de
uma exposição de pintura de arte infantil a realizar brevemente. Informação
adicional sobre a ICAF pode ser obtida em www.icaf.org.

92
Pfizer

A Pfizer é uma empresa que procura descobrir, desenvolver e inovar através


dos seus produtos, na luta por uma vida mais longa, mais saudável e mais
produtiva.
Esta missão estende-se aos Programas de Cidadania Empresarial da
Pfizer, espalhados por todo o mundo, com o desejo de construir uma vida
melhor e ajudar a encontrar soluções para os problemas da comunidade
onde vive e trabalha.
Em Portugal, a Pfizer apoia regularmente várias causas e instituições que
considera válidas: escolas, associações de doentes, instituições de solidarie-
dade social, iniciativas artísticas, programas de ajuda humanitária, bolsas de
incentivo à investigação científica, acções de voluntariado, entre outras.
Inserido no seu programa de responsabilidade, a Pfizer lançou um pro-
jecto intitulado “Ajudar é o melhor remédio”
Através deste projecto, a Pfizer apoia e encoraja a os seus funcioná-
rios a participar em acções de voluntariado, contribuindo com os seus
conhecimentos e tempo, para causas que ajudem ao desenvolvimento da
Comunidade onde se insere e a torná-la um espaço bom para viver, prosse-
guir carreira e expandir horizontes culturais.
Este projecto é desenvolvido em colaboração com associações e organis-
mos de solidariedade social, sem fins lucrativos.
Ao abrigo do projecto “Ajudar é o melhor remédio!”, anualmente orga-
niza-se um dia inteiramente dedicado ao trabalho voluntário, promovendo
uma actividade de apoio à comunidade, em que se incentiva e facilita a
participação de todos os colaboradores. Pretendem com este acção, desen-
volver actividades que sirvam por um lado, as necessidades das instituições
envolvidas, por outro, proporcionar um enriquecimento pessoal (melhor
compreensão de outras realidades), e uma sensação de missão cumprida.
Um dos exemplos desta iniciativa foi o auxílio dado ao Centro de
Acolhimento Temporário de Tercena, uma instituição que apoia cerca de
50 crianças e jovens em risco, retiradas às suas famílias na sequência de
situações de abandono ou maus-tratos. A intervenção incluiu a pintura da

93
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

fachada do edifício e os seus interiores, o arranjo dos espaços verdes e a


criação de uma sala de brincar polivalente. A intervenção ocorreu no dia 22
de Outubro, contando com o entusiástico apoio dos elementos da Pfizer,
divididos em várias equipas.
No final do dia, o resultado ficou à vista que, nas palavras dos seus técni-
cos, assim o resumiram: “esta acção solidária, transformou esta casa, qual
varinha mágica, dando-lhe mais cor, alegria e conforto; uma casa linda, de
que todas as crianças se orgulham”.
Ao promover projectos como este, a Pfizer fomenta o espírito de equipa
dos funcionários, traz para o dia-a-dia da empresa o valor Comunidade,
aumentar o sentimento de orgulho em trabalharem para a empresa e huma-
nizam a imagem da mesma, que é feita de pessoas comuns.

94
Roche

Na Roche os colaboradores, incluindo Director-geral, são dispensados no


seu horário de trabalho para participarem em acções de voluntariado.
Todas as semanas, um grupo de quatro funcionários, independente-
mente da sua posição hierárquica, serve refeições ou distribui roupa nos
centros Porta Amiga, que a AMI tem em Cascais e nas Olaias. «Quisemos
não só passar o cheque ou oferecer medicamentos, o que seria relativamente
fácil para nós, mas também envolver as pessoas numa acção a longo prazo»,
explica João Frias Pereira, assessor de comunicação da farmacêutica.
Esta iniciativa com cariz sistemático só foi possível devido à «sensi-
bilidade» do director-geral para estes problemas, uma vez que implicou
reestruturações a nível de serviço, organização e, claro, vontade por parte
dos funcionários.
E a empresa não fica prejudicada? «As pessoas estão satisfeitas, sentem
que estão a ajudar, e nunca ouvi dizer que deixaram de fazer o seu traba-
lho», avalia George Gemayel. É bom para a companhia, porque, dando um
contributo à sociedade, desenvolve-se também o lado humano das pessoas.
«Temos consciência de que é uma gota no oceano, mas não temos a preten-
são de dizer que estamos a mudar o mundo», afirma, de forma humilde.
A esta iniciativa não é alheio o facto de George Gemayel ter trabalhado
nos Estados Unidos, onde 50% da população está envolvida neste tipo de
trabalho sem remuneração. «Na Holanda, na Bélgica e nos Estados Unidos,
este tipo de iniciativas é comum», explica Ana Martins, coordenadora da
AMI. São muitas as empresas que oferecem horas do seu funcionamento
normal para quem deseje fazer voluntariado em instituições de solidarie-
dade ou sem fins lucrativos. «Se uma companhia contribuir monetariamente
para estas instituições ou tiver funcionários que dediquem parte do seu
tempo a fazer voluntariado, automaticamente, os impostos diminuem»,
refere Maria do Carmo Romão, confessando o seu desejo de que, em
Portugal, o trabalho de voluntariado fosse uma missão de cidadania, tal
como acontece nos Estados Unidos. «É outra mentalidade», afirma o direc-
tor-geral da Roche.

95
Santander Totta

Núcleo de Voluntariado do Santander Totta em linha com a missão do Banco


O Núcleo de Voluntariado Santander Totta foi criado em 2004 com o objec-
tivo de incentivar a participação dos colaboradores do Banco em acções de
cidadania empresarial e criar uma atitude de cooperação entre os colabora-
dores e as comunidades envolventes.
Desde a sua criação, o Núcleo de Voluntariado do Banco Santander Totta
já integrou um conjunto de iniciativas comunitárias onde tem participado
activamente. Os colaboradores voluntários contribuem com a oferta do seu
trabalho e do seu know-how especializado enquanto o Banco disponibiliza
o tempo de trabalho dos membros do Núcleo, bem como apoia financeira-
mente as acções concretizadas.
O Núcleo decidiu iniciar a sua actividade focando os seus esforços
numa única instituição, para que fosse aprendendo a construir uma relação
de confiança entre o Banco e a instituição alvo. A escolha recaiu sobre a
FENACERCI, pela sua acção social e pelo facto de estar implantada a nível
nacional.
Desde a sua criação, o Núcleo tem vindo a gerar inúmeras iniciativas,
nomeadamente:
· Dia do Voluntário, onde os voluntários do Santander Totta dedicaram
um dia, disponibilizado pelo Banco, para acompanhar as crianças
numa iniciativa de âmbito nacional promovida pela FENACERCI. Os
colaboradores animaram, assim, um encontro de crianças que incluiu
um peddy paper, piquenique e uma visita ao Portugal dos Pequeninos
em Coimbra;
· Campanha interna – “Seja Voluntário por um Dia”–, destinada a recolher
fundos junto de todos os colaboradores do Banco para a aquisição de
equipamentos destinados à Cerci Póvoa;
· Circo de Natal – Acompanhamento por parte dos Voluntários todos os
anos de crianças das CERCIs aos espectáculos de Circo que o Banco
promove para os filhos dos seus Colaboradores;

97
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

· Oferta pelo Núcleo de Voluntários de obras de arte do espólio do Banco,


por este cedidas, para leilão e angariação de fundos;
· Entrega pelo Núcleo de Voluntariado de um donativo por altura do
aniversário da CERCI de Lisboa;
· Participação activa na “Campanha do Pirilampo Mágico”, com o
envolvimento directo de dezenas de voluntários;
· Integração de técnicos da FENACERCI em acções formativas
promovidas pelo Santander Totta.

Para além da rela ção de dedicação à FENACERCI, o Núcleo tem respondido


de forma muito dinâmica a outras iniciativas, com destaque para:
· “Pão de Todos” – Cerca de 30 voluntários participam desde 2004 nesta
iniciativa, organizada pela CAIS com o objectivo de sensibilizar a
sociedade para a realidade das pessoas que passam fome em Portugal.
Nesta ocasião, o Banco associou-se com a oferta de dois mil cachecóis
aos sem-abrigo da cidade de Lisboa que foram distribuídos pela CAIS no
almoço de Natal;
· Cerca de uma centena de Voluntários esteve envolvida na “Campanha de
doação de medula” lançada pelo CEDACE;
· Angariação de filmes para o IPO do Porto e para as Aldeias SOS.

De referir que para além da actividade do Núcleo de Voluntariado, o Banco


participa em outras inúmeras iniciativas sociais e culturais, assumindo
assim como parte da sua missão a responsabilidade como elemento activo
da sociedade.

98
Sonaecom

A Sonaecom é a sub-holding do Grupo Sonae para a área das Telecomuni-


cações, Media e Software e Sistemas de Informação (SSI).
Um dos valores assumidos por esta organização é a Responsabilidade
Social. Neste âmbito, a Sonae.com criou a equipa de voluntariado Smile, cons-
tituída por colaboradores de todas as empresas participadas da Sonaecom e
que materializa uma das vertentes da política de Responsabilidade Social do
Grupo, ao promover o envolvimento e comprometimento com a comunidade.
O Smile desenvolve a sua actividade durante todo o ano através de acções
regulares, como o apoio a escolas, crianças hospitalizadas e centros de dia
de terceira idade; acções extraordinárias, de carácter não contínuo, mas que
exigem maior envolvimento e espírito de coesão; e acções de sensibilização
como doação de sangue, recolha de medula óssea e boas práticas ambientais.
No âmbito das suas actividades, O Smile – equipa de voluntariado da
Sonaecom, realizou o sonho a 40 crianças da Instituição da Obra do Frei Gil
e da Aldeia SOS, ao proporcionar-lhes a sua primeira visita ao Estádio do
Dragão. Para além de assistirem a um jogo de futebol entre colaboradores
e Clientes Corporate da Optimus, ainda houve tempo para visitar o recinto
e pedir autógrafos ao Rui Barros, ao João Pinto e ao Frasco que se juntaram
à iniciativa. Por cada golo marcado por ambas as equipas, foi atribuído o
montante de duzentos euros a dividir equitativamente pelas duas institui-
ções. Enquanto no relvado se esqueciam os negócios e se corria para marcar
golos, nas bancadas, as 40 crianças, vestidas a rigor com o tradicional
cachecol e boné do Futebol Clube do Porto faziam as honras de uma claque
à séria. Para quem esteve no campo, mais importante do que a vitória no
jogo foi o sorriso no rosto destas crianças.
Esta acção do Smile – equipa de voluntariado da Sonaecom, para além
do apoio financeiro que conseguiu para as duas instituições, demonstrou,
uma vez mais, o crescente envolvimento dos colaboradores da Sonaecom em
apoiar iniciativas que envolvam a comunidade.

99
Universidade Católica Portuguesa

A “CASO”
A Universidade Católica Portuguesa, com o intuito de desempenhar um
papel mais activo combater numa sociedade cada vez mais marcada pelo
individualismo, criou a CASO, um grupo que visa fomentar o voluntariado
dentro da Universidade Católica.
O primeiro objectivo da CASO é o de sensibilizar a Comunidade
Universitária para os problemas sociais que nos rodeiam e que não podem ser
inteiramente resolvidos pela caridade tradicional, que a cada dia que passa se
torna menos suficiente. Os universitários, até pela sua formação superior, têm
obrigação de perceber melhor a realidade, de saber interpretá-la, reconhe-
cendo nela as situações de carência que justificam o trabalho social volun-
tário. O segundo objectivo é o de mobilizar os necessários apoios junto da
comunidade escolar, apoio às iniciativas de uma das áreas principais: a Loja
CASO, onde poderão ser prestados apoios materiais que possam ajudar a
melhorar a qualidade de vida das pessoas mais carenciadas e/ou colaborações
pontuais em tudo o que contribua para o desenvolvimento deste projecto.
A actividade da CASO é desenvolvida exclusivamente por voluntários e
está orientada para cinco áreas principais: a Terceira Idade, as Crianças, a
Deficiência, o Banco Alimentar e a Loja CASO. Existe um coordenador para
cada uma destas áreas que é o responsável directo pelas relações entre a
Associação e as Instituições com quem colaboram. Completa a estrutura o
coordenador geral, cuja tarefa principal é a de procurar assegurar a comple-
mentaridade do trabalho desenvolvido nas diferentes áreas. A CASO é uma
associação jovem mas já conta com a adesão de vários docentes, funcio-
nários e estudantes. Mas se, por se tratar de uma associação ainda jovem,
a CASO tem um passado curto, o presente é cada vez mais motivador e o
futuro será certamente demonstrativo do bom trabalho que tem sido desen-
volvido. Os planos para um futuro de colaboração entre universitários são
alargados, mas a CASO pretende dar um passo de cada vez e, firmemente,
avançar rumo a um projecto mais sólido e concreto de sensibilização do
voluntariado universitário.

101
Anexos

ANEXO 1

Assembleia da República
Lei nº71/98 de 3 de Novembro

Bases do enquadramento jurídico do voluntariado


A Assembleia da República decreta, nos termos do artigo 161º, alínea c), do
artigo 166º, nº3, e do artigo 112º, nº5, da Constituição, para valer como lei
geral da República, o seguinte:

capítulo i
Disposições gerais

Artigo 1º
Objecto
A presente lei visa promover e garantir a todos os cidadãos a participação
solidária em acções de voluntariado e definir as bases do seu enquadra-
mento jurídico.

Artigo 2º
Voluntariado
1 – Voluntariado é o conjunto de acções de interesse social e comunitário
realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos,
programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, das
famílias e da comunidade desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades
públicas ou privadas.
2 – Não são abrangidas pela presente lei as actuações que, embora desinte-
ressadas, tenham um carácter isolado e esporádico ou sejam determinadas
por razões familiares, de amizade e de boa vizinhança.
Anexos

Artigo 3º
Voluntário
1 – O voluntário é o indivíduo que de forma livre, desinteressada e respon-
sável se compromete, de acordo com as suas aptidões próprias e no seu
tempo livre, a realizar acções de voluntariado no âmbito de uma organização
promotora.
2 – A qualidade de voluntário não pode, de qualquer forma, decorrer de
relação de trabalho subordinado ou autónomo ou de qualquer relação de
conteúdo patrimonial com a organização promotora, sem prejuízo de regi-
mes especiais constantes da lei.

Artigo 4º
Organizações promotoras
1 – Para efeitos da presente lei, consideram-se organizações promotoras
as entidades públicas da administração central, regional ou local ou outras
pessoas colectivas de direito público ou privado, legalmente constituídas,
que reúnam condições para integrar voluntários e coordenar o exercício da
sua actividade, que devem ser definidas nos termos do artigo 11º
2 – Poderão igualmente aderir ao regime estabelecido no presente diploma,
como organizações promotoras, outras organizações socialmente reco-
nhecidas que reúnam condições para integrar voluntários e coordenar o
exercício da sua actividade.
3 – A actividade referida nos números anteriores tem de revestir interesse
social e comunitário e pode ser desenvolvida nos domínios cívico, da acção
social, da saúde, da educação, da ciência e cultura, da defesa do património
e do ambiente, da defesa do consumidor, da cooperação para o desenvol-
vimento, do emprego e da formação profissional, da reinserção social,
da protecção civil, do desenvolvimento da vida associativa e da economia
social, da promoção do voluntariado e da solidariedade social, ou em outros
de natureza análoga.

capítulo ii
Princípios

Artigo 5º
Princípio geral
O Estado reconhece o valor social do voluntariado como expressão do
exercício livre de uma cidadania activa e solidária e promove e garante a sua
autonomia e pluralismo.

103
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Artigo 6º
Princípios enquadradores do voluntariado
1 – O voluntariado obedece aos princípios da solidariedade, da participação,
da cooperação, da complementaridade, da gratuitidade, da responsabilidade
e da convergência.
2 – O princípio da solidariedade traduz-se na responsabilidade de todos os
cidadãos pela realização dos fins do voluntariado.
3 – O princípio da participação implica a intervenção das organizações
representativas do voluntariado em matérias respeitantes aos domínios em
que os voluntários desenvolvem o seu trabalho.
4 – O princípio da cooperação envolve a possibilidade de as organizações
promotoras e as organizações representativas do voluntariado estabelece-
rem relações
e programas de acção concertada.
5 – O princípio da complementaridade pressupõe que o voluntário não deve
substituir os recursos humanos considerados necessários à prossecução das
actividades das organizações promotoras, estatutariamente definidas.
6 – O princípio da gratuitidade pressupõe que o voluntário não é remune-
rado, nem pode receber subvenções ou donativos, pelo exercício do seu
trabalho voluntário.
7 – O princípio da responsabilidade reconhece que o voluntário é respon-
sável pelo exercício da actividade que se comprometeu realizar, dadas as
expectativas criadas aos destinatários do trabalho voluntário.
8 – O princípio da convergência determina a harmonização da acção do
voluntário com a cultura e objectivos institucionais da entidade promotora.

capítulo iii
Direitos e deveres do voluntário

Artigo 7º
Direitos do voluntário
1 – São direitos do voluntário:
a) Ter acesso a programas de formação inicial e contínua, tendo em vista o
aperfeiçoamento do seu trabalho voluntário;
b) Dispor de um cartão de identificação de voluntário;
c) Enquadrar-se no regime do seguro social voluntário, no caso de não estar
abrangido por um regime obrigatório de segurança social;
d) Exercer o seu trabalho voluntário em condições de higiene e segurança;
e) Faltar justificadamente, se empregado, quando convocado pela organi-

104
Anexos

zação promotora, nomeadamente por motivo do cumprimento de missões


urgentes, em situações de emergência, calamidade pública ou equiparadas;
f ) Receber as indemnizações, subsídios e pensões, bem como outras
regalias legalmente definidas, em caso de acidente ou doença contraída no
exercício do trabalho voluntário;
g) Estabelecer com a entidade que colabora um programa de voluntariado
que regule as suas relações mútuas e o conteúdo, natureza e duração do
trabalho voluntário que vai realizar;
h) Ser ouvido na preparação das decisões da organização promotora que
afectem o desenvolvimento do trabalho voluntário;
i) Beneficiar, na qualidade de voluntário, de um regime especial de utilização
de transportes públicos, nas condições estabelecidas na legislação aplicável;
j) Ser reembolsado das importâncias despendidas no exercício de uma
actividade programada pela organização promotora, desde que inadiáveis
e devidamente justificadas, dentro dos limites eventualmente estabelecidos
pela mesma entidade.
2 – As faltas justificadas previstas na alínea e) contam, para todos os efeitos,
como tempo de serviço efectivo e não podem implicar perda de quaisquer
direitos ou regalias.
3 – A qualidade de voluntário é compatível com a de associado, de membro
dos corpos sociais e de beneficiário da organização promotora através da
qual exerce o voluntariado.

Artigo 8º
Deveres do voluntário
São deveres do voluntário:
a) Observar os princípios deontológicos por que se rege a actividade que
realiza, designadamente o respeito pela vida privada de todos quantos dela
beneficiam;
b) Observar as normas que regulam o funcionamento da entidade a que
presta colaboração e dos respectivos programas ou projectos;
c) Actuar de forma diligente, isenta e solidária;
d) Participar nos programas de formação destinados ao correcto desenvolvi-
mento do trabalho voluntário;
e) Zelar pela boa utilização dos recursos materiais e dos bens, equipamentos
e utensílios postos ao seu dispor;
f ) Colaborar com os profissionais da organização promotora, respeitando
as suas opções e seguindo as suas orientações técnicas;

105
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

g) Não assumir o papel de representante da organização promotora sem o


conhecimento e prévia autorização desta;
h) Garantir a regularidade do exercício do trabalho voluntário de acordo
com o programa acordado com a organização promotora;
i) Utilizar devidamente a identificação como voluntário no exercício da sua
actividade.

capítulo iv
Relações entre o voluntário e a organização promotora

Artigo 9º
Programa de voluntariado
Com respeito pelas normas legais e estatutárias aplicáveis, deve ser acor-
dado entre a organização promotora e o voluntário um programa de volun-
tariado do qual possam constar, designadamente:
a) A definição do âmbito do trabalho voluntário em função do perfil do
voluntário e dos domínios da actividade previamente definidos pela organi-
zação promotora;
b) Os critérios de participação nas actividades promovidas pela organização
promotora, a definição das funções dela decorrentes, a sua duração e as
formas de desvinculação;
c) As condições de acesso aos locais onde deva ser desenvolvido o trabalho
voluntário, nomeadamente lares, estabelecimentos hospitalares e estabele-
cimentos prisionais;
d) Os sistemas internos de informação e de orientação para a realização das
tarefas destinadas aos voluntários;
e) A avaliação periódica dos resultados do trabalho voluntário desenvolvido;
f ) A realização das acções de formação destinadas ao bom desenvolvimento
do trabalho voluntário;
g) A cobertura dos riscos a que o voluntário está sujeito e dos prejuízos que
pode provocar a terceiros no exercício da sua actividade, tendo em conside-
ração as normas aplicáveis em matéria de responsabilidade civil;
h) A identificação como participante no programa a desenvolver e a certifica-
ção da sua participação;
i) O modo de resolução de conflitos entre a organização promotora e o
voluntário.

106
Anexos

Artigo 10º
Suspensão e cessação do trabalho voluntário
1 – O voluntário que pretenda interromper ou cessar o trabalho voluntário
deve informar a entidade promotora com a maior antecedência possível.
2 – A organização promotora pode dispensar a colaboração do voluntário a
título temporário ou definitivo sempre que a alteração dos objectivos ou das
práticas institucionais o justifique.
3 – A organização promotora pode determinar a suspensão ou a cessação da
colaboração do voluntário em todos ou em alguns domínios de actividade
no caso de incumprimento grave e reiterado do programa de voluntariado
por parte do voluntário.

capítulo v
Disposições finais e transitórias

Artigo 11º
Regulamentação
1 – O Governo deve proceder à regulamentação da presente lei no prazo
máximo de 90 dias, estabelecendo as condições necessárias à sua integral e
efectiva aplicação, nomeadamente as condições da efectivação dos direitos
consignados nas alíneas f ), g) e j) do nº1 do artigo 7º
2 – A regulamentação deve ter ainda em conta a especificidade de cada sec-
tor da actividade em que se exerce o voluntariado.
3 – Até à sua regulamentação mantém-se em vigor a legislação que não
contrarie o preceituado na presente lei.

Artigo 12º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação.

Aprovada em 24 de Setembro de 1998.


O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.
Promulgada em 21 de Outubro de 1998.
Publique-se.
O Presidente da República, Jorge Sampaio.
Referendada em 23 de Outubro de 1998.
O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira Guterres.

107
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

ANEXO 2

Ministério do Trabalho e da Solidariedade


Decreto-Lei nº389/99 de 30 de Setembro

O voluntariado é uma actividade inerente ao exercício de cidadania que se tra-


duz numa relação solidária para com o próximo, participando, de forma livre
e organizada, na solução dos problemas que afectam a sociedade em geral.
Reconhecendo que o trabalho voluntário representa hoje um dos instru-
mentos básicos de participação da sociedade civil nos mais diversos domí-
nios de actividade, a Lei nº71/98, de 3 de Novembro, estabeleceu as bases do
enquadramento jurídico do voluntariado.
Procurando ir ao encontro das necessidades sentidas pelos voluntários
e pelas diversas entidades que enquadram a sua acção, a lei do voluntariado
delimitou com precisão o conceito de voluntariado, definiu os princípios
enquadradores do trabalho voluntário e contemplou um conjunto de medi-
das consubstanciadas em direitos e deveres dos voluntários e das organiza-
ções promotoras no âmbito de um compromisso livremente assumido de
dar cumprimento a um programa de voluntariado.
Tendo em conta a liberdade que caracteriza e define o voluntariado,
a regulamentação da citada lei, nos termos do seu artigo 11º, cinge-se às
condições necessárias à sua integral e efectiva aplicação e às condições de
efectivação dos direitos consignados no nº1 do seu artigo 7º, designada-
mente nas alíneas f ), g) e j).
Partindo destas premissas, designadamente no que respeita à garantia
da liberdade inerente ao voluntariado e do exercício de cidadania expresso
numa participação solidária, a presente regulamentação, no desenvolvi-
mento da Lei nº71/98, contempla também instrumentos operativos que
permitam efectivar direitos dos voluntários e promover e consolidar um
voluntariado sólido, qualificado e reconhecido socialmente.
Neste contexto, são, assim, objecto de regulamentação as condições de
efectivação dos direitos consignados no nº1 do artigo 7º, bem como outras
medidas que, de harmonia com o disposto no seu artigo 11º, se mostram
necessárias à sua integral e efectiva aplicação.
É, designadamente, o caso de se contemplar a criação do Conselho
Nacional para a Promoção do Voluntariado, cuja composição será definida
por resolução do Conselho de Ministros, o mesmo acontecendo ao orga-
nismo que prestará o apoio necessário ao seu funcionamento e execução das
deliberações. Esta entidade, para além de operacionalizar diversas acções

108
Anexos

relacionadas com a efectivação dos direitos dos voluntários, designada-


mente no que respeita à cobertura de responsabilidade civil das organiza-
ções promotoras, em caso de acidente ou doença contraída no exercício
do trabalho voluntário e à emissão e controlo do cartão de identificação do
voluntário, terá como objectivos fundamentais:
Desenvolver as acções indispensáveis ao efectivo conhecimento e carac-
terização do universo dos voluntários;
Apoiar as organizações promotoras e dinamizar acções de formação,
bem como outros programas que contribuam para uma melhor qualidade
e eficácia do trabalho voluntário, e desenvolver todo um conjunto de medi-
das que, situadas numa lógica de promoção e divulgação do voluntariado
concorram, de forma sistemática, para a sua valorização e para sensibilizar
a sociedade em geral para a importância da acção voluntária como instru-
mento de solidariedade e desenvolvimento.
Nesta base, o presente diploma procede à regulamentação da Lei
nº71/98, de 3 de Novembro, criando as condições que permitam promover e
apoiar o voluntariado tendo em conta a relevância da sua acção na constru-
ção de uma sociedade mais solidária e preocupada com os seus membros.

Assim:
Em cumprimento do previsto no artigo 11º da Lei nº17/98, de 3 de
Novembro, e nos termos da alínea c) do nº1 do artigo 198º da Constituição,
o Governo decreta, para valer como lei geral da República, o seguinte:

capítulo i
Disposições gerais

Artigo 1º
Objectivos
O presente diploma regulamenta a Lei nº71/98, de 3 de Novembro, que esta-
beleceu as bases do enquadramento jurídico do voluntariado.

Artigo 2º
Organizações promotoras
1 – Reúnem condições para integrar voluntários e coordenar o exercício da
sua actividade as pessoas colectivas que desenvolvam actividades nos domí-
nios a que se refere o nº3 do artigo 4º da Lei nº71/98, de 3 de Novembro, e
que se integrem numa das seguintes categorias:
a) Pessoas colectivas de direito público de âmbito nacional, regional ou local;

109
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

b) Pessoas colectivas de utilidade pública administrativa;


c) Pessoas colectivas de utilidade pública, incluindo as instituições particu-
lares de solidariedade social.
2 – Podem ainda reunir condições para integrar voluntários e coordenar o
exercício da sua actividade organizações não incluídas no número anterior,
desde que o ministério da respectiva tutela considere com interesse as suas
actividades e efectivo e relevante o seu funcionamento.

Artigo 3º
Emissão do cartão de identificação do voluntário
1 – A emissão do cartão de identificação de voluntário é efectuada mediante
requerimento da organização promotora dirigido à entidade responsável
pela sua emissão.
2 – Do requerimento deverão constar os seguintes elementos:
a) Referência à celebração do programa do voluntariado a que se refere
o artigo 9º da Lei nº71/98, de 3 de Novembro;
b) Nome e residência do voluntário, bem como duas fotografias tipo passe;
c) Identificação da área de actividade do voluntário, nos termos do nº3 do
artigo 4º da Lei nº71/98, de 3 de Novembro.
3 – A suspensão ou a cessação da colaboração do voluntário determina a
obrigatoriedade da devolução do cartão de identificação do voluntário à
organização promotora.
4 – No caso da cessação da colaboração do voluntário a organização promo-
tora deverá dar conhecimento do facto e devolver o cartão de identificação
do voluntário à entidade responsável pela sua emissão.

Artigo 4º
Cartão de identificação de voluntário
1 – O cartão de identificação de voluntário deve obedecer às dimensões
de 8,5x6,5 cm e conter obrigatoriamente elementos respeitantes à iden-
tificação do voluntário, da organização promotora e da área de actividade
do voluntário.
2 – Do cartão deve ainda constar a identificação da entidade responsável
pela sua emissão, bem como a data em que foi emitido.
3 – O cartão de identificação de voluntário é emitido segundo modelo
a aprovar por portaria do Ministro do Trabalho e da Solidariedade.

110
Anexos

Artigo 5º
Acreditação e certificação do trabalho voluntário
A acreditação e certificação do trabalho voluntário efectua-se mediante cer-
tificado emitido pela organização promotora no âmbito da qual o voluntário
desenvolve o seu trabalho, onde, para além da identificação do voluntário,
deve constar, designadamente, o domínio da respectiva actividade, o local
onde foi exercida, bem como o seu início e duração.

capítulo ii
Enquadramento no regime do seguro social voluntário

Artigo 6º
Requisitos
Pode beneficiar do regime do seguro social voluntário a que se refere a
alínea c) do nº1 do artigo 7º da Lei nº71/98, de 3 de Novembro, o voluntário
que preencha, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) Tenha mais de 18 anos;
b) Esteja integrado num programa de voluntariado, nos termos do artigo 9º
da Lei nº71/98, de 3 de Novembro;
c) Não esteja abrangido por regime obrigatório de protecção social pelo
exercício simultâneo de actividade profissional, nomeadamente auferindo
prestações de desemprego;
d) Não seja pensionista da segurança social ou de qualquer outro regime de
protecção social.

Artigo 7º
Requerimento
1 – O enquadramento no regime do seguro social voluntário depende da
manifestação de vontade do interessado, mediante a apresentação de
requerimento no centro regional de segurança social cujo âmbito territorial
abranja a área de actividade da respectiva organização promotora, instruído
com os seguintes documentos:
a) Bilhete de identidade, cédula pessoal, certidão de nascimento ou outro
documento de identificação;
b) Declaração emitida pela organização promotora comprovativa de que
o voluntário se insere num programa de voluntariado;
c) Declaração do interessado de que preenche os requisitos constantes
das alíneas c) e d) do nº1 do artigo 6º;

111
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

d) Certificação médica de aptidão para o trabalho efectuada pelo sistema


de verificação de incapacidades, através do médico relator.
2 – O interessado deve comunicar ao centro regional de segurança social
todas as alterações da sua situação susceptíveis de influenciar o enquadra-
mento no regime do seguro social voluntário.

Artigo 8º
Cessação do enquadramento
1 – A cessação do trabalho voluntário determina a cessação do enqua-
dramento no regime do seguro social voluntário, devendo a organização
promotora comunicar tal facto ao centro regional competente, até ao final
do mês seguinte àquele em que se verificou a respectiva cessação.
2 – Verifica-se ainda a cessação do enquadramento no regime quando o bene-
ficiário deixar de preencher algum dos requisitos constantes do artigo 6º
3 – A cessação do enquadramento produz efeitos a partir da data do facto
determinante da mesma.

Artigo 9º
Reinício do enquadramento
O enquadramento pode ser retomado, a requerimento do voluntário, desde
que os requisitos sejam de novo comprovados.

Artigo 10º
Esquema de prestações
1 – O voluntário abrangido pelo seguro social voluntário, nos termos do
presente diploma, tem direito às prestações nas eventualidades de invalidez,
velhice, morte e doença profissional.
2 – A cobertura do risco de doenças profissionais é assegurada pelo Centro
Nacional de Protecção contra os Riscos Profissionais.
3 – Para efeitos do disposto no número anterior, a actividade prestada como
voluntário considera-se equiparada a actividade profissional.

Artigo 11º
Obrigação contributiva
1 – As contribuições para a segurança social são determinadas pela aplicação
das taxas contributivas, para as respectivas eventualidades, nos termos do
disposto nos artigos 39º e 40º do Decreto-Lei nº40/89, de 12 de Fevereiro, à
remuneração mínima nacional garantida à generalidade dos trabalhadores.

112
Anexos

2 – O pagamento das contribuições referidas nos números anteriores é efec-


tuado pela organização promotora que integra o voluntário.

Artigo 12º
Regime subsidiário
Em tudo o que não se encontre especificamente regulado no presente
capítulo aplicam-se as disposições em vigor para o seguro social voluntário
constantes do Decreto-Lei nº40/89, de 1 de Fevereiro.

capítulo iii
Voluntário empregado

Artigo 13º
Convocação do voluntário empregado, durante o período de trabalho
1 – O voluntário empregado pode ser convocado pela organização promo-
tora, para prestar a sua actividade durante o tempo de trabalho, nos seguin-
tes casos:
a) Por motivo de cumprimento de missões urgentes que envolvam o recurso
a determinados meios humanos que não se encontrem disponíveis em
número suficiente ou com a preparação adequada para esse efeito;
b) Em situação de emergência, calamidade pública, acidentes de origem
climatérica ou humana que pela sua dimensão ou gravidade justifiquem
a mobilização dos meios existentes afectos às áreas responsáveis pelo
controlo da situação e reposição da normalidade ou em casos de força maior
devidamente justificados;
c) Em situações especiais inadiáveis em que a participação do voluntário seja
considerada imprescindível para a prossecução dos objectivos do programa
de voluntariado.
2 – Para efeitos do disposto na alínea c) do número anterior o voluntário
dispõe de um crédito de quarenta horas anuais.

Artigo 14º
Termos da convocatória
As faltas ao trabalho pelos motivos referidos no artigo anterior devem ser
precedidas de convocação escrita da organização promotora, da qual conste
a natureza da actividade a desempenhar e o motivo que a justifique, podendo,
em caso de reconhecida urgência, ser feita por outro meio, designadamente
por telefone, devendo ser confirmada por escrito no dia útil imediato.

113
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Artigo 15º
Efeitos das faltas
As faltas ao trabalho do voluntário empregado, devidamente convocado,
consideram-se justificadas, sem perda de retribuição ou quaisquer outros
direitos e regalias, nos termos do nº2 do artigo 7º da Lei nº71/98, mediante
a apresentação da convocatória e do documento comprovativo do cum-
primento da missão para que foi convocado, passado pela organização
promotora.

capítulo iv
Acidente ou doença contraída no exercício do trabalho voluntário

Artigo 16º
Seguro obrigatório
1 – A protecção do voluntário em caso de acidente ou doença sofridos ou
contraídos por causa directa e especificamente imputável ao exercício do tra-
balho voluntário é garantida pela organização promotora, mediante seguro
a efectuar com as entidades legalmente autorizadas para a sua realização.
2 – O seguro obrigatório compreende uma indemnização e um subsídio diá-
rio a atribuir, respectivamente, nos casos de morte e invalidez permanente
e de incapacidade temporária.

Artigo 17º
Apólice de seguro de grupo
Para a realização do seguro obrigatório será contratada apólice de seguro
de grupo.

capítulo v
Programa de voluntariado

Artigo 18º
Programa de voluntariado
1 – Na elaboração do programa de voluntariado a que se refere o artigo 9º
da Lei nº71/98 deverão ser tidas em conta as especificidades de cada sector
de actividade em que se exerce o voluntariado.
2 – A especificidade de cada sector de actividade poderá justificar a elabora-
ção de um modelo de programa a aprovar pelo ministro da tutela.

114
Anexos

Artigo 19º
Despesas derivadas do cumprimento do programa de voluntariado
1 – O voluntário, sem prejuízo da realização de despesas inadiáveis e reem-
bolsáveis nos termos da alínea j) do artigo 7º da Lei nº71/98, não pode ser
onerado com despesas que resultem exclusivamente do exercício regular do
trabalho voluntário nos termos acordados no respectivo programa.
2 – Sempre que a utilização de transportes públicos pelo voluntário seja
derivada exclusivamente do cumprimento do programa de voluntariado, a
organização promotora diligenciará no sentido de ser facultado ao voluntá-
rio o título ou meio adequado de transporte.

capítulo vi
Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado

Artigo 20º
Constituição
1 – Com o fim de desenvolver e qualificar o voluntariado é criado o
Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado.
2 – Por resolução do Conselho de Ministros serão definidas a composição
do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, assim como
o organismo que lhe prestará o apoio necessário ao seu funcionamento
e execução das suas deliberações.

Artigo 21º
Competências
Compete ao Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado desen-
volver as acções indispensáveis à promoção, coordenação e qualificação
do voluntariado, nomeadamente:
a) Desenvolver as acções adequadas ao conhecimento e caracterização
do universo dos voluntários;
b) Emitir o cartão de identificação do voluntário nos termos estabelecidos
no artigo 3º;
c) Promover as acções inerentes à contratação de uma apólice de seguro de
grupo entre as organizações promotoras e as entidades seguradoras tendo
em vista a cobertura da responsabilidade civil nos termos referidos nos
artigos 16º e seguintes;

115
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

d) Providenciar junto das empresas transportadoras, sempre que se justifi-


que, a celebração de acordos para utilização de transportes públicos pelos
voluntários, considerando o disposto no nº2 do artigo 19º;
e) Dinamizar, com as organizações promotoras, acções de formação, bem
como outros programas que contribuam para uma melhor qualidade e eficá-
cia do trabalho voluntário;
f ) Conceder apoio técnico às organizações promotoras mediante a disponi-
bilização de informação com interesse para o exercício do voluntariado;
g) Promover e divulgar o voluntariado como forma de participação social e
de solidariedade entre os cidadãos, através dos meios adequados, incluindo
os meios de comunicação social;
h) Sensibilizar a sociedade em geral para a importância do voluntariado
como forma de exercício do direito de cidadania, promovendo a realização
de debates, conferências e iniciativas afins;
i) Promover a realização de estudos sociológicos, designadamente em cola-
boração com as universidades, sobre a atitude, predisposição e motivação
dos cidadãos para a realização do trabalho voluntário;
j) Sensibilizar as empresas para, em termos curriculares, valorizarem a
experiência adquirida em acções de voluntariado, especialmente dos jovens
à procura de emprego;
l) Acompanhar a aplicação do presente diploma e propor as medidas que se
revelem adequadas ao seu aperfeiçoamento e desenvolvimento.

capítulo vii
Disposições finais

Artigo 22º
Avaliação
No prazo de um ano após a entrada em vigor do presente diploma será feita
a avaliação dos mecanismos no mesmo estabelecidos para operacionali-
zação e promoção do trabalho voluntário, nomeadamente o desenvolvido
pelos titulares dos órgãos sociais das organizações promotoras, tendo em
vista a introdução das alterações que se mostrem necessárias.

Artigo 23º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor um mês após a data da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 22 de Julho de 1999. – Jaime
José Matos da Gama – Guilherme d’Oliveira Martins – Francisco Ventura

116
Anexos

Ramos – Eduardo Luís Barreto Ferro Rodrigues – José Sócrates Carvalho


Pinto de Sousa.

Promulgado em 17 de Setembro de 1999.


Publique-se.
O Presidente da República, Jorge Sampaio.
Referendado em 20 de Setembro de 1999.
O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira Guterres.

ANEXO 3

Presidência do Conselho de Ministros


Conselho de Ministros
Resolução nº50/2000 (2ª série)

As bases do enquadramento jurídico do voluntariado foram estabelecidas


pela Lei nº71/98, de 3 de Novembro.
Trata-se de uma lei quadro que visou precisar conceitos e definir direitos
e obrigações sem colidir com a liberdade essencial que caracteriza e define o
voluntariado.
Com idêntica preocupação, o Decreto-Lei nº389/99 de 30 de Setembro,
que procedeu à sua regulamentação, teve não só em conta a definição
do quadro regulador das condições de acesso e garantia dos direitos do
voluntário mas também a criação de mecanismos que permitam potenciar,
valorizar e divulgar o voluntariado.
É assim que, completando e desenvolvendo as previsões da citada lei, foi
criado, no âmbito da sua regulamentação, pelo artigo 20º do Decreto-Lei
nº389/99, o Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado. Trata-se
de uma entidade que, para além de promover diversas acções especialmente
relacionadas com a efectivação dos direitos dos voluntários, tem ainda como
competência desenvolver todas as acções indispensáveis à promoção, coor-
denação e qualificação do voluntariado tal como se encontram enunciadas
no artigo 21º daquele decreto-lei.
Nos termos do citado artigo 20º, a composição deste Conselho assim
como o organismo que lhe prestará apoio necessário ao seu funciona-
mento e à execução das suas deliberações serão definidos por resolução do
Conselho de Ministros.

117
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Assim:
Nos termos da alínea g) do artigo 199º da Constituição, o Conselho de
Ministros resolve:
1 – Definir a composição e funcionamento do Conselho Nacional para
a Promoção do Voluntariado, tendo em vista a concretização das compe-
tências que, nos termos do artigo 21º do Decreto-Lei nº389/99, de 30 de
Setembro, lhe foram cometidas.
2 – O Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, adiante desig-
nado por Conselho Nacional, é constituído na dependência do Ministro
do Trabalho e da Solidariedade e nele estão representadas as entidades
públicas ou privadas com intervenção nos diversos domínios de actividade
do voluntariado.
2.1 – O Conselho Nacional é composto por:
a) Uma individualidade a nomear por despacho do Ministro do Trabalho
e da Solidariedade, a qual presidirá ao Conselho Nacional;
b) Um representante do Ministro dos Negócios Estrangeiros;
c) Um representante do Ministro da Defesa Nacional;
d) Um representante do Ministro da Administração Interna;
e) Dois representantes do Ministro do Trabalho e da Solidariedade;
f ) Um representante do Ministro da Justiça;
g) Um representante do Ministro da Educação;
h) Um representante do Ministro da Saúde;
i) Um representante do Ministro do Ambiente e do Ordenamento
do Território;
j) Um representante do Ministro da Cultura;
l) Um representante do Ministro para a Igualdade;
m) Um representante do Secretário de Estado da Presidência
do Conselho de Ministros;
n) Um representante do Secretário de Estado da Juventude;
o) Um representante do Governo Regional dos Açores;
p) Um representante do Governo Regional da Madeira;
q) Um representante da Associação Nacional dos Municípios
Portugueses;
r) Um representante da Associação Nacional de Freguesias;
s) Um representante da União das Instituições Particulares
de Solidariedade Social;
t) Um representante da União das Misericórdias Portuguesas;
u) Um representante da União das Mutualidades Portuguesas;
v) Um representante da Cruz Vermelha Portuguesa.

118
Anexos

2.2 – Integram ainda o Conselho Nacional representantes das associações


com uma actuação mais directamente relacionada com o exercício do
voluntariado, sendo designado um representante por cada domínio de
actividade referido no nº3 do artigo 4º da Lei nº71/98, de 3 de Novembro,
pelo membro do Governo que assegure a respectiva tutela.
3 – O Conselho é constituído pelos seguintes órgãos:
a) O presidente;
b) O plenário.
3.1 – O plenário é composto por todos os membros do Conselho Nacional.
3.2 – Os membros do Conselho Nacional são designados por um
período de três anos, renovável.
4 – Ao presidente do Conselho Nacional compete:
a) Dirigir o Conselho Nacional e representá-lo publicamente;
b) Elaborar a agenda das reuniões;
c) Convocar e dirigir as reuniões do plenário;
d) Assegurar o encaminhamento das deliberações do Conselho Nacional;
e) Elaborar o plano anual de acordo com as suas competências a submeter
à apreciação e aprovação do plenário.
4.1 – O presidente é coadjuvado, na sua acção, por um secretário, que
designará de entre os representantes do Ministério do Trabalho e da
Solidariedade que integram o respectivo Conselho Nacional.
4.2 – O presidente designa, de entre os membros do Conselho Nacional,
quem o substituirá nas suas ausências e impedimentos.
5 – Ao plenário compete desenvolver todas as acções necessárias à promo-
ção, coordenação e qualificação do voluntariado no âmbito das competên-
cias previstas no artigo 21º do Decreto-lei nº389/99, de 30 de Setembro.
5.1 – O plenário reúne ordinariamente uma vez por trimestre e extra-
ordinariamente sempre que convocado pelo presidente, por sua iniciativa
ou a requerimento de, pelo menos, um terço dos seus membros.
5.2 – O plenário delibera por maioria, tendo o presidente voto de
qualidade.
5.3 – Podem ser constituídas comissões especializadas para a análise
e estudo de matérias específicas a submeter à deliberação do plenário.
5.4 – Das reuniões são lavradas actas.
6 – O Conselho Nacional deve elaborar e divulgar um relatório anual de
actividades.
7 – Compete ao Instituto para o Desenvolvimento Social assegurar o apoio
permanente necessário ao bom funcionamento do Conselho Nacional e à
execução das suas deliberações bem como providenciar a sua instalação.

119
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

8 – O Conselho Nacional deve estar constituído até ao final do mês seguinte


ao da publicação da presente resolução e entrar em funcionamento nos 30
dias subsequentes.
9 – As normas de funcionamento interno constam de regulamento a
elaborar pelo Conselho no prazo de 90 dias a contar da data da entrada em
funcionamento e a aprovar pelo Ministro do Trabalho e da Solidariedade.
10 – Até 30 de Outubro de 2000 o Conselho deverá elaborar um primeiro
relatório contendo a avaliação dos mecanismos estabelecidos no Decreto-Lei
nº389/99, de 30 de Setembro, nos termos definidos no respectivo artigo 22º,
e também a avaliação da composição e funcionamento do Conselho Nacional,
tendo em vista a realização dos objectivos que presidiram à sua constituição.

30 de Março de 2000 – O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira


Guterres.

ANEXO 4

Assembleia Geral das Nações Unidas


Resolução 40/212

Día Internacional de los Voluntarios para el Desarrollo Económico y Social


La Asamblea General,
Tomando nota del informe del Administrador del Programa de las Naciones
Unidas para el Desarrollo sobre el Programa de Voluntarios de las Naciones
Unidas y de la decisión pertinente del Consejo de Administración.
Considerando que los servicios de voluntarios, incluido el de los
Voluntarios de las Naciones Unidas, aportan una contribución importante a
las actividades de desarrollo socioeconómico.
Reconociendo la conveniencia de estimular la labor de todos volunta-
rios, que trabajan tanto sobre el terreno como en el marco de organizaciones
multilaterales, bilaterales o nacionales, no gubernamentales o con apoyo de
los gobiernos de dar aliento a esos voluntarios, muchos de los cuales pres-
tan sus servicios a costa de considerables sacrificios personales.
Invita también a los gobiemos a celebrar todos los años, el 5 de
Diciembre, él Día Internacional de los Voluntarios para el Desarrollo
Económico y Social, y los exhorta a adoptar medidas para que se cobre
mayor conciencia de la importante contribución que aportan los volunta-
rios, lo cual estimulará a más personas de toda condición a ofrecer sus servi-
cios coma voluntarios, tanto en sus países de origen como en el extranjero.

120
Anexos

Invita también a los organismos especializados, a otras organizaciones


del sistema de las Naciones Unidas y a las organizaciones no gubernamen-
tales que facilitan servicios de voluntarios, están afiliados a ese tipo de servi-
cios o se benefician de ellos en cualquier forma a que emprendan y promue-
van actividades encaminadas a que el público cobre mayor conciencia de la
contribución que los voluntarios aportan a su labor.
Pide al Secretario General que continúe promoviendo en todo el mundo
la publicidad acerca de la importante función que cumplen los servicios de
voluntarios.

ANEXO 5

Résolution A/RES/52/17 de l’ONU, apdoptée par l’Assemblée générale,


proclamant 2001 Année Internationale des Volontaires

Resolution Adoptée Par L’Assemblée Générale


[sans renvoi a une grande commission (A/52/L.22 et Add.1)]
52/17. Année Internationale des Volontaires, 2001

L’Assemblée générale,
Rappelant ses résolutions 2659 (XXV) du 7 décembre 1970, 31/131 du 16
décembre 1976, 31/166 du 21 décembre 1976, 40/212 du 17 décembre 1385
et 49/139 B du 20 décembre 1994, et ayant à l’esprit la décision 96/32 du
Conseil d’administration du Programme des Nations Unies pour le déve-
loppement/Fonds des Nations Unies pour la population, dans laquelle le
Conseil prenait acte de l’ampleur de la contribution dês volontaires dans
le monde entier et appuyait les efforts des Volontaires des Nations Unies
tendant à promouvoir plus avant le volontariat.
Tenant compte de sa décision 35/424 du 5 décembre 1980 et de la réso-
lution 1980/67 du Conseil économique et social en date du 25 juillet 1980
relatives aux principes directeurs concernant les années internationales et
les anniversaires.
Notant l’importante contribution des volontaires, dans leur propre
pays, à l’amélioration du bienêtre de leurs concitoyens et à la réalisation des
aspirations de ceux-ci à des conditions économiques et sociales meilleures,
le fait que leurs activités sont financées dans une large mesure par la société
civile, y compris le secteur privé, et les principales réalisations des volontai-
res qui ont pour mission, a l’échelle internationale, d’atteindre les objectifs
de développement des états membres, Notant l’aide que les Volontaires des

121
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Nations Unies apportent en particulier aux organismes et aux opérations des


Nations Unies, dans les domaines du développement social et économique,
de l’aide humanitaire et de la promotion de la paix, de la démocratie et du
respect des droits de l’homme, avant tout pour aider à établir un lien étroit
entre ces efforts et les populations bénéficiaires.
Notant également qu’il importe que de nouveaux acteurs, notamment
des particuliers et des organisations de la société civile, prennent l’initiative
au niveau local, national et international, en partenariat avec les gouverne-
ments, comme cela est souligné dans la déclaration de Copenhague sur le
développement social et le programme d’action du sommet mondial pour
le développement social,(1) Ayant à l’esprit la conclusion de la quatrième
Conférence mondiale sur les femmes, selon laquelle l’éducation des femmes
devrait être un processus continu tout au long de la vie, qui englobe le volon-
tariat,(2) et notant que beaucoup d’activités de volontariat sont réalisées par
des femmes et que ce travail utile sur le plan social devrait être reconnu et
soutenu comme il convient.
Convaincue que le volontariat est plus nécessaire que jamais, étant
donné l’impact négatif sur les couches les plus vulnérables de la soci-
été de problèmes mondiaux tels que la dégradation de l’environnement,
l’abus des drogues et le Virus de l’Immunodéficience Humaine/Syndrome
d’Immunodéficience Acquise, et la tendance de la société civile, en partena-
riat avec les pouvoirs publics et le secteur privé, à assumer des responsabili-
tés toujours plus importantes dans le processus de développement.
Convaincue également que la proclamation d’une année aux fins de
mieux faire connaître, faciliter, coordonner et promouvoir le volontariat,
l’accent étant mis sur l’activité à l’échelon local, pourrait grandement
contribuer à mieux faire prendre conscience des réalisations et du potentiel
supplémentaire du volontariat, à encourager un nombre beaucoup plus
grand d’individus à offrir leurs services et à dégager dês ressources permet-
tant d’accroître l’efficacité dans ce domaine.
Notant avec satisfaction que le projet de proclamation de l’année a béné-
ficié d’un appui général au sein de la société civile,
1. Proclame l’année 2001 Année internationale des volontaires;
2. Invite les gouvernements, les organismes des Nations Unies, les orga-
nisations intergouvernementales, les organisations de volontaires, les
Organisations Non Gouvernementales et les organisations communautaires
à collaborer en vue de définir les moyens de mieux faire connaître, faciliter,
coordonner et promouvoir le volontariat, dans le cadre des préparatifs et de
la célébration de l’Année;

122
Anexos

3. Désigne le Programme des Volontaires des Nations Unies, sans préjudice


des priorités actuelles, comme centre de coordination des préparatifs, de
la célébration et du suivi de l’Année en étroite collaboration avec les autres
organisations du système des Nations Unies, et encourage les Volontaires
des Nations Unies à poursuivre le processus d’étroite collaboration et de
partenariat avec les gouvernements, les organisations internationales et
nationales de volontaires et les Organisations Non Gouvernementales, en
particulier dans le cadre dês préparatifs et de la célébration de l’Année;
4. Invite les organes directeurs et les organisations compétentes du système
des Nations Unies à envisager, compte tenu de leurs domaines d’activité
ainsi que des principes et des objectifs de l’Année, de faire des efforts parti-
culiers par le biais de programmes en cours et nouveaux durant la période
1998-2001 et à assurer le suivi de l’Année au profit de tous les pays et de tous
les peuples;
5. Exhorte les États Membres et tous les autres participants à la célébration
de l’Année à faire de l’an 2001 un événement exceptionnel qui sera utile aux
peuples du monde dans leur quête pour une vie meilleure, sur la base d’un
engagement librement consenti de particuliers et de groupes disposés à
donner de leur temps et à partager leurs ressources et leurs connaissances
dans l’intérêt des plus démunis;
6. Demande qu’une campagne de promotion et d’information concertée soit
menée en faveur de l’Année aux niveaux national, régional et international,
avec une forte participation des médias;
7. Prie le Secrétaire général de prendre des mesures spécifiques, dans la
limite des ressources existantes et avec l’aide de contributions volontaires et
en mobilisant tous les moyens de communication à sa disposition, en parti-
culier dans le cadre du mandat du département de l’information du secré-
tariat, pour donner une large publicité aux préparatifs et à la célébration de
l’Année et diffuser des informations sur ce sujet.
1 Rapport du Sommet Mondial sur le Développement Social, Copenhague,
6-12 Mars 1995
(publication des Nations Unies, No. E.96.IV.8), chap I, résolution 1.
2 Rapport de la Quatrième Conférence sur les Femmes, Pékin, 4-15
Septembre 1995
(publication des Nations Unies, No. E.96.IV.13), chap. I, résolution 1,
annexe II, para. 73.

123
Bancos locais de voluntariado

Aveiro Banco de Voluntariado


de Proença-a-Nova
Banco de Voluntariado Câmara Municipal
de Oliveira de Azeméis Largo Dr. Pedro da Fonseca
Câmara Municipal 6150-518 Proença-a-Nova
Av. Dr. Albino dos Reis, T: 274 672 800
Ed. Vista Alegre F: 274 672 697
3720-241 Oliveira de Azeméis re-vivernopinhal@iol.pt
T: 256 682 846
F: 256 668 761
projectoversus@clix.pt Coimbra

Banco de Voluntariado Banco Voluntariado de Arganil


Santa Maria da Feira Câmara Municipal
Câmara Municipal Praça Simões Dias
Praça da República Apartado 10
4720-909 Santa Maria da Feira 3304-954 Arganil
T: 256 370 800 T: 235 200 177
F: 256 370 878 F: 235 200 164
rede.social@cm-feira.pt gascma@sapo.pt

Castelo Branco Banco de Voluntariado


de Cantanhede
Banco de Voluntariado Câmara Municipal
de Idanha-a-Nova Praça Marquês de Marialva
Câmara Municipal 3060-133 Cantanhede
Largo Sra do Rosário T: 231 410 123
6060 – 163 Idanha-a-Nova F: 231 410 199
T: 277 201 100
F: 277 201 101
gab_social_cmin@hotmail.com

124
Bancos locais de voluntariado

Banco de Voluntariado de Coimbra Faro


Câmara Municipal
Praça 8 de Maio Banco de Voluntariado de Tavira
3000-300 Coimbra
T: 239 828 220 Câmara Municipal
F: 239 820 114 Praça da República
geral@cm-coimbra.pt 8800-951 Tavira
T: 281 320 589
Banco de Voluntariado F: 281 322 888
da Figueira da Foz
Câmara Municipal Leiria
Av. Saraiva de Carvalho
3084-501 Figueira da Foz Banco de Voluntariado
T: 233 403 300 de Caldas da Rainha
F: 233 403 316 Câmara Municipal
Largo 25 de Abril
Banco de Voluntariado da Lousã 2500 Caldas da Rainha
Câmara Municipal T: 262 83 97 00
Rua Dr. João Santos F: 262 839 726
3200-953 Lousã
T: 239 990 370 Lisboa
F: 239 990 379
Banco de Voluntariado de Lisboa
Évora Câmara Municipal e Associação
Coração Amarelo
Banco de Voluntariado de Évora Rua Projectada à Rua Sousa Lopes,
Fundação Éugenio de Almeida 10 A
Páteo de S. Miguel T: 217 931 759
Apartado 2001 F: 217 931 761
7001-901 Évora banco.voluntariado@cm-lisboa.pt
T: 266 748 344
F: 266 748 320 Bolsa de Voluntariado de Oeiras
bancodevoluntariado@fea-evora. Câmara Municipal
com.pt Largo Marques de Pombal
www.fea-evora.com.pt/banco- 2780 Oeiras
voluntariado T: 214 408 573
F: 214 408 568
das@cm-oeiras.pt
www.cm-oeiras.pt

125
Como Implementar Projectos de Voluntariado Empresarial

Banco de Voluntariado de Cascais Portalegre


Câmara Municipal
Praça 5o de Outubro Banco de Voluntariado de Nisa
2754-501 Cascais Câmara Municipal
T: 214 825 000 Praça do Município
F: 214 837 714 6050 Nisa
www.cm-cascais.pt T: 245 410 000
F: 245 412 799
Banco de Voluntariado de Odivelas bancovoluntariado_nisa@hotmail.
Câmara Municipal com
Rua Laura Alves, 5-1o www.excelêncianasolidariedade.org
2675 Odivelas
T: 219 344 660 Banco de Voluntariado
F: 219 344 669 de Castelo de Vide
rede.social@cm-odivelas.pt Santa Casa da Misericórdia
de Castelo de Vide
Banco de Voluntariado Rua de Santo Amaro, 23-25
de Torres Vedras 7320 Castelo de Vide
Câmara Municipal T: 245 908 175
Av. 5 de Outubro
2560-270 Torres Vedras Porto
T/F: 261 336 652
neliafeliciano@cm-tvedras.pt Banco Voluntariado de Santo Tirso
S. C. da Misericórdia de Santo Tirso
Banco de Voluntariado de Sintra Rua da Misericórida, 171
Câmara Municipal Apartado 76
Rua Dr. Álv. de Vasconcelos, Lt 2-1o 4874-909 Santo Tirso
Portela de Sintra T: 252 808 260
2710 Sintra F: 252 808 269
T: 219 236 022 est.proj@misericordia-santotirso.org
Fax 219 236 038 www.misericordia-santotirso.org

Banco de Voluntariado Banco Voluntariado V. N. de Gaia


de Linda-A-Velha Câmara Municipal
Junta de Freguesia Rua Álvares Cabral
Largo do Mercado, Lj 9 4400-017 Vila Nova de Gaia
2795-141 Linda-a-Velha T: 223 742 915
T: 214 141 895 F: 223 742 917
F: 214 144 304 asocial-saude@cm-gaia.pt

126
Bancos locais de voluntariado

Setúbal

Agência de Voluntariado Social


do Barreiro
Conselho local de Acção Social
do Barreiro (Rede Social)
e Câmara Municipal
Rua Miguel Bombarda
2830-355 Barreiro
T: 212 068 255
F: 212 068 222
div.ass.social@iol.pt
www.cm-barreiro.pt

Viana do Castelo

Banco Voluntariado
de Ponte da Barca
Câmara Municipal
Rua Conselheiro Rocha
4980-626 Ponte da Barca
T:258 480 180
F: 258 455 976

Madeira

Casa do Voluntário
Casa do Voluntário
Rua dos Barreiros, 26
9050-033 Funchal
T: 291 281 938
Casa.voluntario@sapo.pt
http://casadovoluntario.no.sapo.pt

127

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