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Antes de adentrar no cerne deste tópico, é preciso fazer uma breve, mas necessária
contextualização histórica, uma vez que a proteção integral não foi uma a primeira doutrina
existente no âmbito do direito da criança e do adolescente. É essencial o conhecimento do que
antecedeu a doutrina da proteção integral para compreender todos fatores sociais e jurídicos
que levaram o seu surgimento.
Para antes da atual doutrina adotado pela Constituição Federal de 1988 e posteriormente
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, existiu a doutrina da situação irregular era
imediatista, na medida em que não garantia direitos que se consideravam inerentes a toda
criança e adolescente, pois agiam seguindo a dualidade das formas ao interagir com os
“menor infrator”1 das seguintes formas “internação – proteção (aplicável a crianças
desamparadas) e “internação – repressão (reservada a jovens infratores)” 2 , essa doutrina nas
palavras de Andréa Rodrigues Amim era algo que “Agia-se apenas na consequência e não na
causa do problema, apagando-se incêndios.”3
1
Termo amplamente utilizado pelos intelectuais e pelos juristas à época da vigência do código de menores,
sendo posteriormente banido da legislação com a revogação do referido código.
2
MACHADO, Antônio Claudio da Costa: Livro I parte geral In: MACHADO, Antônio Claudio da
Costa(Coord.). Estatuto da criança e do adolescente interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo.
São Paulo: Manole, 2012, p.1.
3
AMIM, Andréa Rodrigues: Doutrina da Proteção Integral In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade
(Coord.). Curso de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e práticos. São Paulo: Saraiva, 2014,
p.55.
7
Eis que com o advento da Constituição Federal de 1988 nasce a doutrina da proteção
integral que elencada no artigo 227 da CF/88 disciplina:
Passando a ser vista como uma doutrina garantista, pois traz em um texto constitucional
e, portanto, vinculante a demais normas uma série de direitos e prerrogativas destinadas às
crianças e aos adolescentes que agora eram vistas não como indivíduos objetos de
manipulação jurídica por adultos, mas como sujeitos detentores de direitos em virtude sua
condição peculiar de desenvolvimento.6
vistos como prioridades, uma vez que são construtores do futuro da sociedade.8
Há de ficar bem claro que o melhor interesse não é o que se entende de forma subjetiva
tanto para o legislador que elabora as leis como para o órgão julgador que decide as lides
advindas, mas deve basear se no que de fato está positivado e que na prática atenda suas reais
necessidades como criança ou adolescente.10
É mister ainda dizer que, embora estes princípios devam ser respeitados e observados,
não se deve fazer isso de forma onímoda não obedecendo por exemplo o princípio do
contraditório e da ampla defesa salvaguardado no princípio em tela, pois segundo Canotilho:
O que se mostra indispensável nesse princípio é que os agentes que atuam na área
8
AMIM,Andréa Rodrigues: Principios orientadores do direito da criança e do adolescente.In: MACIEL, Kátia
Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e
práticos. São Paulo: Saraiva, 2014, p.60.
9
AMIM,Andréa Rodrigues: Principios orientadores do direito da criança e do adolescente.In: MACIEL, Kátia
Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e
práticos. São Paulo: Saraiva, 2014, p.65.
10
AMIM,Andréa Rodrigues: Princípios orientadores do direito da criança e do adolescente.In: MACIEL, Kátia
Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e
práticos. São Paulo: Saraiva, 2014, p.69.
11
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. Coimbra: Almediana, 1998, p.
1034.
10
infanto-juvenil, saibam a quem de fato se destinam a sua atuação tais sejam, as crianças e
adolescentes, sendo estes quem possuem direitos e garantias fundamentais
constitucionalmente assegurados, devem gozar da primazia e da prioridade absoluta ainda que
colidam com outras esferas do direito positivado ou de outros agentes sociais.
Em suma, o princípio do melhor interesse é, pois o ponto de partida que orienta todos
aqueles que se defrontam com as exigências naturais da infância e da juventude. 12 E
acrescenta o imperativo: “materializá-lo é dever de todos”.13
O princípio da municipalização, por sua vez, traz consigo o escopo de alcançar a real
efetividade do que propõe a doutrina da proteção integral. Com a promulgação da
Constituição Federal de 1988, ocorreu o que chamamos de descentralização e ampliação das
políticas assistências trazido pelo artigo 204, vejamos:
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com
recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras
fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
12
AMIM,Andréa Rodrigues: Princípios orientadores do direito da criança e do adolescente.In: MACIEL, Kátia
Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e
práticos. São Paulo: Saraiva, 2014, p.70.
13
AMIM,Andréa Rodrigues: Princípios orientadores do direito da criança e do adolescente.In: MACIEL, Kátia
Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e
práticos. São Paulo: Saraiva, 2014, p.70.
14
DONIZETI, Wilson Liberati: Conselhos e Fundos no estatuto da criança e do adolescente. São
Paulo,2003,p.71.
11
Portanto, no que diz respeito à doutrina da proteção integral e aos princípios do Direito
da criança e do adolescente à luz da Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do
Adolescente, podemos auferir que a instituição desta doutrina foi de fato um marco para os
direitos da criança e do adolescente, pois, a partir deste pensamento que enxerga os infanto-
juvenis como sujeitos de direitos, é que podemos dar a melhor assistência a esses indivíduos.
neste estudo, fazer uma conceituação geral do que se entende por direitos fundamentais.
Canotilho entende que “[...] são os direitos do homem, jurídico- institucionalmente garantidos
e limitados espacio-temporal [...] direitos fundamentais seriam os direitos objetivamente
vigentes numa ordem jurídica concreta”.15 Pode ainda conceituar direitos fundamentais como
valores principais para a concretização e uma vida digna em sociedade e não podem ser esses
direitos fundamentais nem por um momento apartados da dignidade da pessoa humana,
trazido pelo Art. 1,III º16 da Constituição Federal vigente, e da delimitação do poder estatal e
individual, haja vista não ser concebido uma vida digna pautada em opressão.17
Direitos e garantias fundamentais são o mínimo assegurados ao ser humano que apesar
de tais garantias serem mutáveis ao longo do tempo, não perdem seu caráter protetivo e
garantista, nas palavras de Ionilton Pereira os direitos fundamentais “[...] prerrogativas
fundamentalmente importantes e iguais para todos [...] cujo escopo principal é assegurar uma
convivência social digna, baseada nos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade”. 18Temos
na Constituição Federal de 1988 inúmeros artigos que trazem esse aparato da proteção aos
direitos fundamentais, e o artigo 5º, de forma mais explícita, normatiza uma série de
prerrogativas que estabelecem parâmetros para que se possam buscar a efetivação dos direitos
e fundamentais uma vez que essas garantias são impostas ao estado e a todo custo devem ser
observadas e concretizadas.
Feita essa conceituação deve se ter em mente também qual a função destes direitos no
ordenamento jurídico e na vida prática dos indivíduos haja vista sua importância. Para
Alexandre de Moraes “[...] garantias do ser humano tem por finalidade básica o respeito a sua
dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal, e o estabelecimento de
condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana[...]”19
Tais direitos fundamentais também são assegurados pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990 que, de forma mais específica e direcionada, traz em seu corpo normativo, no artigo 4º, a
reafirmação dos direitos fundamentais elencados na CF/88. Confirmando assim a necessidade
de ser assegurado o pleno e satisfativo desenvolvimento dos infanto-juvenis, vejamos:
É mister, ainda, deixar claro que o objeto de estudo deste trabalho não são os direitos
fundamentais em sua amplitude haja vista a sua extensa gama de prerrogativas, mas tão
somente alguns desses direitos que vão de encontro com os objetivos e com a pertinência
deste trabalho.
22
ISHIDA,Válter kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: Doutrina e Jurisprudência. Salvador:
JusPODIVM,2018. P.432.
23
ISHIDA,Válter kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: Doutrina e Jurisprudência. Salvador:
JusPODIVM,2018. P.432.
24
ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da criança e do adolescente comentando artigo por artigo. São Paulo:
Revistas dos Tribunais, 2014. P.400.
15
O conselho tutelar tem sua previsão legal no artigo 131 do Estatuto da Criança
e do Adolescente quando traz o referido artigo a definição legal do que vem a ser esse
Conselho, vejamos: “O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não
jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança
e do adolescente, definidos nesta Lei”. Fazendo uma análise mais detalhada temos três
palavras chaves que são fundamentais para o entendimento do que vem a ser o referido
órgão conselho tutelar são elas “PERMANENTE, AUTÔNOMO E NÃO
JURISDICIONAL”.
No que tange a permanência deste órgão pode se destacar a sua característica
perene ao passo que é vedada a sua extinção ao falar de autonomia o legislador quis
atribuir a esta instituição a não subordinação a qualquer outro órgão, estando portanto
limitada apenas nos textos legais, por fim a não jurisdicionariedade deste ente implica dizer
que trata se de um órgão eminentemente administrativo, tendo que ser levado ao juiz
competente qualquer questão que envolva matéria jurisdicional.25
De modo mais sistemático podemos entender que a permanência dos conselhos
tutelares está ligada à sua estabilidade na administração pública, já que é um órgão
integrante desta, é uma instituição que não pode ser extinguida já que possuem funções
personalíssimas não podendo ser delegado a nenhum outro órgão. Cabe ressaltar que o
caráter de estabilidade está ligado apenas ao conselho tutelar e não aos seus conselheiros
que o integram, pois estes deixarão o referido órgão ao final de cada mandato.26
Quando pensamos em autonomia temos em mente que trata se do não
comprometimento, da não dependência do conselho tutelar com nenhum da administração
pública restando assim a sua liberdade de exercício baseando sempre nos princípios
constitucionais asseguradores de direitos aos infantes e aos adolescentes e de modo mais
especifico nos princípios eu compõem o manual de trabalho do conselho tutelar, qual seja o
estatuto da Criança e do Adolescente.27
Luciano Rossato diz que o conselho tutelar “ è livre para expressar as suas
opiniões e tomar as medidas legais cabíveis, muito embora esteja sujeito à fiscalização da
sociedade, do ministério público, dos conselhos de direito e do próprio poder judiciário. ” 28
25
ISHIDA,Válter kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: Doutrina e Jurisprudência. Salvador:
JusPODIVM,2018. P.432.
26
ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da criança e do adolescente comentando artigo por artigo. São Paulo:
Revistas dos Tribunais, 2014. P.401.
27
ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2010.
P.181.
28
ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da criança e do adolescente comentando artigo por artigo. São Paulo:
Revistas dos Tribunais, 2014. P.401.
16
Nesta última parte mostrando que embora seja autônomo o conselho tutelar precisa ser
fiscalizado e monitorado, uma vez que representa a sociedade e diretamente seus interesses.
Em sequência de analise a não jurisdicionariedade do conselho tutelar está
ligado ao sentido de que uma vez surgido conflitos de interesses no que tange os direitos
dos infanto-juvenis, tais conflitos devem ser levados ao juízo especializado, tal seja o juízo
da vara de infância e da juventude, para que então possam ser resolvidos 29, ficando o
entendimento de que o órgão em tela não é investido de poder jurisdicional, mas é
competente para acionar o poder judiciário e atuar em conjunto com escopo sempre no
melhor interesse da criança e do adolescente.
Desse modo fica evidente a importância de compreender o que de fato é este
órgão, conselho tutelar, uma vez compreendido ficará mais suave a apreensão de suas
prerrogativas de suas funções e de seus objetivos, junto a sociedade civil a qual o constituiu
e que ele representa.
A partir desta conceituação, podemos destacar a missão a que se dispõe a instituição do
conselho tutelar que, segundo Patrícia Silveira Tavares, é de “[...] representar a sociedade na
salvaguarda dos direitos da criança e do adolescente, naquelas questões que demandem
medidas de cunho não jurisdicional”.30 Portanto cabe destacar o que a ação do conselho tutelar
não é feita em nome do município, em nome do poder judiciário ou em nome do Ministério
Público, mas em nome da sociedade e principalmente em seu favor.
29
ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da criança e do adolescente comentando artigo por artigo. São Paulo:
Revistas dos Tribunais, 2014. P.403
30
TAVARES, Silveira: O conselho tutelar. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso
de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e práticos. São Paulo: Saraiva, 2014. P. 466.
31
ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da criança e do adolescente comentando artigo por artigo. São Paulo:
Revistas dos Tribunais, 2014. P.403.
17
O conselho tutelar também tem critérios objetivos a serem respeitados quanto à sua
formação, na sequência, o artigo 132 também do Estatuto da Criança e do Adolescente traz
regras quanto à quantidade de conselhos existentes e como deve ser sua composição:
2.3.2 Função
Uma vez expostas a definição bem como as atribuições do conselho tutelar, o Estatuto
também normatiza as prerrogativas que um conselheiro deve ter bem como explica a forma
que se dá o processo eleitoral desses membros.
Ao abrir o leque no que diz respeito a responsabilidade sobre a garantia dos direitos das
crianças e adolescentes a Constituição Federal em seu artigo 227 deu razão a participação da
sociedade na nobre tarefa já mencionada 34, posto isso o estatuto da criança e do adolescente
normatizou prerrogativas as quais os indivíduos deverão possuir para pleitear tal cargo de
conselheiro, a lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 em seu artigo 133 traz que “para a
candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
reconhecida idoneidade moral; idade superior a vinte e um anos; residir no município”.
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será
estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério
Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
34
ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2010.
P.181.
19
Em relação ao esse processo de eleição é importante deixar claro que muito além
das formalidades e dos procedimentos elencados neste artigo que devem ser observados, os
membros escolhidos para a composição deste conselho preencham os requisitos do artigo 133
e que acima de tudo tenham em mente a importância e a responsabilidade das atividades que
irão desempenhar, pois como já foi exaustivamente dito tais membros estão incumbidos de
representar a sociedade como um todo e de modo especial os interesses das crianças e dos
adolescentes.
35
ISHIDA,Válter kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: Doutrina e Jurisprudência. Salvador:
JusPODIVM,2018. P.444.
20
Conselho Tutelar não apenas uma experiência, mas uma imposição constitucional
decorrente da forma de associação política adotada, que é a democracia
participativa. [...] O estatuto, como lei tutelar específica, concretiza, define e
personifica, na instituição do conselho tutelar, o dever abstratamente imposto, na
Constituição Federal, à sociedade. O conselho deve ser como mandatário da
sociedade, o braço forte que zelará pelos direitos da criança e do adolescente. 37
36
ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2010.
P.140.
37
SOARES, Judá Jessé de Bragança. Comentários ao artigo 136 do ECA. In: CURY, Munir (Org). Estatuto da
Criança e do Adolescente comentado. São Paulo. Mallheiros. 2002 p. 455.
38
NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. Rio de Janeiro: Forense,
2018. P.571.
21
Tendo essas premissas como base e tantas outras já demonstradas neste trabalho, é que
pode se então adentrar na criação, estruturação e organização do Conselho tutelar do
município de Baturité, saindo em então do cenário geral, para entender as peculiaridades deste
órgão e sua aplicação prática.
39
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
40
PEREIRA, Tânia. Direito da Criança e do Adolescente uma proposta interdisciplinar. São Paulo:
Renovar, 2008, p.1045.
22
conselho tutelar, a partir de agora será mostrado como se dispõe a legislação acerca da
estruturação do conselho tutelar nos municípios, fazendo o recorte espacial do conselho
tutelar no município de Baturité, foco deste trabalho.
41
ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da criança e do adolescente comentando artigo por artigo. São Paulo:
Revistas dos Tribunais, 2014. P.403.
23
O capítulo III da mesma resolução traz de forma bem clara disposições quanto ao
funcionamento do conselho tutelar, de modo inicial traz orientações em relação a localização
geográfica do conselho tutelar enquanto local de atendimento, o artigo 16 fala que deve ser de
fácil acesso assim como os artigos seguintes a esse fala da sinalização indicando a localização
da sede do conselho; espaços reservados na própria sede, para atendimento do público,
espaços para a apropriados para os conselheiros; espaços para os atendimentos dos casos
respeitando sempre a individualidade o sigilo e a imagem das crianças e adolescentes que são
acolhidos naquele ambiente e para o desempenho das atividades administrativas.
Deve ser posto em conhecimento que as decisões do conselho tutelar obedecerão a regra
de seu regime interno que a cada órgão municipal elaborar e pôr em prática e devem ainda ser
decididas de forma colegiada. Em relação ao seu regimento interno deverá ser aprovado pelo
conselho municipal dos direitos da criança e dos adolescentes após aprovação deverá ser
publicado e posto em local visível na sede do conselho tutelar municipal.
Note que é de suma importância as disposições aqui comentadas, pois verifica se que
sem essa estruturação organizacional interna será muito difícil estabelecer se enquanto órgão
e mais difícil será tutelar os direitos das crianças e dos adolescentes.
Feito essa introdução partimos agora para analise da legislação do município de Baturité
que trata do conselho tutelar. A principio é válido destacar que a criação do conselho tutelar
municipal só se deu 7 anos após a promulgação da lei Federal nº 8.069 de 13 de julho de
1990, sendo esta criada em 05 de novembro de 1997 e aquela em 12 de dezembro de 1990,
dispondo então o município de Baturité há 21 anos de conselho tutelar no trato dos direitos da
criança e do adolescentes.
Desde sua promulgação, a lei que cria o conselho tutelar em Baturité foi alterada por
duas vezes uma em 05 de julho de 2002, cinco anos após sua criação pela lei nº 1.082 e
posteriormente alterada pela lei nº 1.317 de 25 de maio de 2007, 10 anos a sua criação.
O dispositivo que cria o órgão conselho tutelar é o artigo 2º, inciso III que ao passo eu
cria o órgão, o coloca como membro integrante das políticas municipais de atendimento dos
diretos da criança e do adolescente.42 Em seguida o artigo 9º da mesma lei traz a conceituação
deste órgão, espelhada no ECA, vejamos “ Art. 9º. Fica criado o conselho tutelar da criança e
do adolescente, como órgão autônomo e permanente, não jurisdicional, encarregado de zelar
pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, no âmbito do município de
Baturité.43
42
BATURITÉ. Lei nº 1.081 de 05 de novembro de 1997. Estabelece diretrizes para a política de atendimento
integral a criança e adolescentes do município de Baturité e outras providencias. Baturité: Câmara Municipal 05
nov. 1997.
43
BATURITÉ. Lei nº 1.081 de 05 de novembro de 1997. Estabelece diretrizes para a política de atendimento
integral a criança e adolescentes do município de Baturité e outras providencias. Baturité: Câmara Municipal 05
nov. 1997.
24
O mesmo dispositivo ainda em seus parágrafos 1º, 2º dispões sobre a quantidade dos
conselheiros que integrarão o órgão, “O conselho tutelar ora criado será composto de
05(cinco) membros escolhidos pelo voto facultativo dos eleitores do município de Baturité.”
O modo como se dá está escolha e também o tempo de mandato para cada exercício” [...] para
um mandato de 03(três) anos, permitindo a única recondução subsequente” e sobre o
processo de eleição desses conselheiros “ O processo de escolha se será realizado sob a
responsabilidade do conselho municipal e a devida fiscalização do representante do ministério
Público Estadual”44.
§3º. A jornada de trabalho dos membros do conselho Tutelar será de 08 (oito) horas
diárias, com expediente intercalado de 4 (quatro) horas ou 6 (seis) horas
interruptas.45
No que tange as alterações sofridas pelas leis posteriores temos que a mais significativa
mudança foi a reorganização e funcionamento do conselho tutelar e o regime jurídico dos
conselheiros tutelares, trazidas pela lei nº 1.589 de 12 de junho de 2013, está lei reestrutura
todo o conselho tutelar e atualiza os dispositivos em vários sentidos.
exercício; das prerrogativas de que goza o conselho tutelar para apuração de fatos; dos
requisitos para candidatar se a um mandato de membro do conselho tutelar; dos direitos
trabalhistas que gozam os conselheiros tutelares; a implantação do Sistema de Informação
para a Infância e Adolescência (SIPIA), cabendo o poder público garantir todos os meios
necessários; das sanções disciplinares a que estão sujeitos os conselheiros tutelares.46
Em comparação com a lei que criou o conselho tutelar e a atual legislação, observa se
grandes e significativas mudanças que incrementaram e deram um melhor aparato para a
permanência, autonomia e livre atuação deste órgão na busca pela promoção, manutenção e
combate aos direitos das crianças e adolescentes.
Com a promulgação da lei nº 1.589 de junho de 2013, além de trazer pontos e abordar
questões que ainda estavam em vacância, esta lei traz também a competência atribuída ao
conselho tutelar e a delimitação de atuação do conselho tutelar.
lei;
O parágrafo único do mesmo artigo também acrescenta uma atribuição para o conselho
tutelar “Além dessas atribuições de proteção especial, o Conselho tutelar deverá assessorar o
poder executivo local na elaboração da proposta orçamentária, informando quanto à
necessidade de criação ou fortalecimento especialmente de serviços e programas de proteção
especial.”50 Dispositivo que reflete a observância ao princípio do melhor interesse ou do
interesse superior da criança e do adolescente trazido pela Constituição Federal e reforçado
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Ainda em análise sobre as competências do conselho tutelar municipal tem se que uma
vez tomado conhecimento de fatos que atentem contra o direito das crianças e adolescentes
para a melhor apuração desses fatos o conselho tem a faculdade dentre outras medidas,
notificar os pais ou responsáveis, além de pessoas que estejam envolvidas para serem
ouvidas; requisitar certidões seja de nascimento ou óbito para fins de instruir seus processos
de apuração; realizar visitas domiciliares; requisitar laudos, pareceres, pericias, que sejam de
competência de profissionais de categoria regulamentada por lei, quando julgar necessário;
além de praticar todos atos no âmbito administrativo que julguem necessários à apuração dos
49
BATURITÉ. Lei nº 1.589 de 12 de junho de 2013.Dispõe sobre a reorganização e funcionamento do conselho
tutelar e do regime jurídico dos conselheiros tutelares, e dá outras providências. Baturité: Câmara Municipal. 12
jun. 2013.
50
BATURITÉ. Lei nº 1.589 de 12 de junho de 2013.Dispõe sobre a reorganização e funcionamento do conselho
tutelar e do regime jurídico dos conselheiros tutelares, e dá outras providências. Baturité: Câmara Municipal. 12
jun. 2013.
27
fatos.51
Demostrado ficou através da analise dos dispositivos legais quais são as atribuições e as
delimitações de atuação do conselho tutelar municipal, observando sempre a legislação
municipal vigente, mas sem esquecer de seguir os preceitos superiores elencados na
Constituição Federal, que em momentos não foram contemplados pelas leis
infraconstitucionais.
51
BATURITÉ. Lei nº 1.589 de 12 de junho de 2013.Dispõe sobre a reorganização e funcionamento do conselho
tutelar e do regime jurídico dos conselheiros tutelares, e dá outras providências. Baturité: Câmara Municipal. 12
jun. 2013.
52
BATURITÉ. Lei nº 1.589 de 12 de junho de 2013.Dispõe sobre a reorganização e funcionamento do conselho
tutelar e do regime jurídico dos conselheiros tutelares, e dá outras providências. Baturité: Câmara Municipal. 12
jun. 2013.
28
Uma vez conhecido como se deu sua criação e sua formação, parte se para uma analise
do seu funcionamento, de como este órgão desenvolve as atividades que a ele são inerentes na
prática, criando uma comparação com o que se mostra ideal, por tudo que já foi dito, no que
tange a suas funções e atribuições, com o que se mostra real.
A pesquisa realizada foi baseada nos métodos qualitativos que consiste na busca por
uma explicação do porquê ser de determinado objeto de pesquisa, mas sem quantificações de
valores, já que esses dados que são analisados não são numéricos 53. Ao desenvolver esta
pesquisa buscou se fomento para a elaboração e desenvolvimento da hipótese levantada e
chegada a uma resposta plausível e concreta a pergunta de partida suscitada no início desta
tese.
Após feito todo o embasamento teórico acerca do tema escolhido, foi proposto ainda a
realização de uma pesquisa de campo, através de uma entrevista, que serviria como fonte de
dados, sobre o conselho tutelar municipal.
série de perguntas abertas, feitas verbalmente em ordem prevista, mas na qual o entrevistador
pode acrescentar perguntas de “esclarecimentos”54, com objetivo de extrair o máximo de
informações possíveis sobre o funcionamento, a estruturação, delimitação, competencias de
atuação, ações desenvolvidas e limitações que o órgão possui dentre outros dados que fossem
julgados pertinentes à pesquisa.
4.2 Atuação do conselho tutelar municipal: a sistemática das ações de combate as violações e
promoção dos direitos das crianças e adolescentes.
Antes de adentrar no cerne deste tópico temos que relembrar o que vem a ser os direitos
fundamentais, nas palavras de Roberto João Elias “são prerrogativas que o indivíduo tem em
face do estado”55, ou seja é algo que toda pessoa possui e que deve ser observado e garantido
pelo estado tanto na constituição como em leis ordinárias que venham a ser criadas.
54
QUEIROZ, Rafael Mafei Rabelo. Metodologia Jurídica: um roteiro pratico para trabalhos de conclusão de
curso/ Rafael Mafei Rabelo Queiroz, Marina Feferbaum – Coordenadores. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 220.
55
ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2010.
p.7.
30
Passados esta prévia do que vem a ser os direitos fundamentais e como ele é trazido no
estatuto podemos agora observar como estes direitos são assegurados no município de
Baturité através da atuação do conselho tutelar.
No que tange a atuação dos conselheiros tutelares em palestras foi notado que o
“circuito” de palestras, mencionado pelos entrevistados não obedece a um cronograma pré-
definido e nem eixos temáticos pré-estabelecidos, notou se que eles atuam de acordo com a
demanda e a realidade de cada escola ou comunidade ao qual são solicitados, variando entre
temas como direito e acesso a educação, direito a saúde, direito a segurança no sentido de
preservação a integridade de crianças e adolescentes, mas foi constados outros temas como
indisciplina, evasão escolar e uso de drogas.
Existe ainda outra linha de atuação do conselho tutelar, atuante quando o direito já
chega violado no órgão, tendo em vista que até agora foi falado apenas em direitos
fundamentais sendo promovidos, mas quando partimos para a violação destes direitos temos
uma outra linda de ações desenvolvidas pelos conselheiros, sendo sempre essas ações voltadas
a garantia dos direitos fundamentais.
Ao serem interrogados os entrevistados expuseram que quando a violação chega ao
56
Entrevistado 1 will
31
conselho, através de denúncias, pelo disque 100, pelo próprio telefone do conselho municipal,
por atendimentos presenciais na sede do conselho ou em residências, escolas e comunidades,
o órgão passa atuar da seguinte forma, aplicando as medidas protetivas elencadas no próprio
estatuto em seus artigos 98º,101º, 136º. “Nós vamos aplicando as medidas de acordo com o
artigo 136, 101, e 98 do Estatuto da Criança adolescente”57.
Sendo que atribuem a essa atuação um nível bom de resolução, segundo os conselheiros
“quando a medida é aplicada que por nós mesmo, uma violação simples que careça só mais de
um aconselhamento, esclarecimentos, e assinatura de um termo de compromisso, dificilmente
é reincidente dificilmente ocorre de novo”58 e complementam dizendo que:
[...] “tudo depende da violação, a gente também vai encaminhar para outro setor que
tá ali ligado à rede de proteção que pode ser o CREAS, ou em parcerias com o
CRAS, ou em parceria com o MP ou em parceria com a defensoria pública a gente
faz os devidos encaminhamentos dependendo do grau da violação”.59
É verificado que existe ainda um fator determinante para a atuação do conselho tutelar
na busca pela promoção e zelo dos direitos fundamentais, os conselheiros que foram
submetidos a entrevista abordaram sem exceção, que a visão errônea da sociedade civil para
órgão dificulta muita o trabalho dos agentes, a percepção dos conselheiros é que está
enraizado o estigma de que o conselho tutelar municipal personificado pelos conselheiros tem
por obrigação estarem fazendo ronda nas praças, avenidas, bares buscando e conduzindo as
crianças e os adolescentes para suas residências uma vez constatada as má conduta destes.
Nas palavras de um dos entrevistados, “a dificuldade que nos encontramos é que a
sociedade, as famílias não tem conhecimento devido do papel do Conselho Tutelar elas acham
que conselho tutelar é para dar “carão” em criança adolescente em menino danado, menino
Rebelde”60 está fala trata se de uma queixe que foi recorrente entre os entrevistados, alegando
que a falta de apoio social, se dá pela ignorância da população em não conhecer as
atribuições dos conselheiros tutelares e que acabam subjugando as ações praticadas pelos
conselheiros.
Os conselheiros esclarecem que:
próprios adolescentes por que a maioria dos violadores desses direitos fora o Estado
que é número um nas violações, são os próprios adolescentes eles mesmos violam os
próprios direito deles[...]61.
Exposto fica que, uma vez a população em geral não compreendendo as atribuições e
competências do conselho tutelar, fica mais difícil a atuação do órgão pois além de
combaterem a ação dos violadores de tais direitos, têm que também combater os estigmas
entranhados na sociedade hora pela ignorância da população, hora pelo próprio costume de
antigos conselheiros de exercerem as suas atribuições de forma errada. Daí um dos grandes
impasses enfrentados pelos membros do conselho tutelar no exercício de suas atribuições.
Ainda no que diz respeito às atuações dos conselhos é observado uma fala que se
destacou dentre as demais foi a de atuação em cooperação, ou seja, atuação em conjunto do
órgão conselho tutelar com uma rede denominada “rede de proteção”, que é composta por
Centro de Referência da Assistência Social (CRAS); Centro de Referência Especializado de
Assistência Social (CREAS); Centros de Atenção Psicossocial – (CAPs); Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (NASF);Secretária de Educação; Secretária de Saúde; Defensoria Pública e
Promotoria; Delegacia Regional de Baturité dentre outros órgão.
Foi notado que reconhecida as limitações do órgão, este busca amparo e subsídio
naquilo que lhe falta em outros órgãos, ficando observado o verdadeiro comprometimento do
conselho em efetivar os direitos garantidos e restaurar aqueles direitos que foram por ventura
violados, isso se mostrou também muito eficaz numa campanha realizada em 2017 62 “ a
campanha de 2017 foi feito uma campanha muito intensa nas escolas nas comunidades nas
redes sociais nas rádios dentro das secretarias, nós fomentamos a intersetorialidade e deu
certo então na semana seguinte da campanha a gente recebeu inúmeras denúncias e na maioria
delas é verdade.”63
Nessa fala comtemplou se a importância da Cooperatividade e mais, a de se fazer para
os demais órgãos, pois segundo os entrevistados os órgãos parceiros as vezes desconhecem
também as atividades inerentes ao conselho, o que acarreta além de um desgaste na
cooperação uma certa confusão nos procedimentos adotados por estes órgãos parceiros em
relação ao conselho tutelar.
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Entrevistado 3 reginaldo
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Campanha a nível nacional, de combate a exploração sexual de crianças e adolescentes.
63
Entrevistado 1 will
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O conselho tutelar municipal atualmente conta com uma boa estrutura física como sede,
que garante tanto aos conselheiros como ao público alvo do órgão, crianças e adolescentes,
um ambiente sadio, seguro e acolhedor para quem os procuram, contam com salas individuais
de atendimento, que é muito importante pois assegura a privacidade e a intimidade dos
atendidos, haja vista a complexidade de algumas atendimentos, carro particular para
atendimento e acompanhamentos externos contam também com um satisfatório estoque de
material de expediente e ainda uma secretária para as funções administrativas.
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Entrevistado 4 reginaldo
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Seria razoável a adoção de medidas mais eficazes no que diz respeito a divulgação de
atuação do órgão, como por exemplo a criação de uma cartilha que contivesse endereço,
telefone para contato, nomes dos conselheiros, dias e horários de atendimentos e plantões bem
como atribuições básicas do conselho tutelar. Tudo isso para facilitar o acesso e daí garantir a
segurança dos direitos de crianças e jovens que por ventura necessitem dos serviços prestados
pelo conselho.
Uma demanda que se mostrou bastante pertinente, foi a necessidade de uma equipe
multidisciplinar, pois atualmente existe a disposição profissionais que fazem parte do Centro
de Referência da Assistência Social (CRAS), tal necessidade inclusive tem previsão legal no
estatuto da criança e do adolescente em seus artigos 15066 e 15167.
Uma vez esse preceito legal sendo efetivado garantiria ao conselho municipal a
existência de no mínimo de um(a) assistente social, um(a) psicólogo(a) para atuar de modo
efetivo, diário e a inteira disposição, já que a ausência desses profissionais acaba acarretando
na prestação de assistência inadequada ou de forma deficiente pois os conselheiros locais não
possuem expertise, para lidar com determinadas demandas a eles apresentadas.
Já foi dito em capítulos anteriores que muitos agentes da sociedade civil, acham que o
Conselho tutelar deve está fazendo ronda de forma ostensiva em praças, bares, avenidas e
casas noturnas para direcionarem os menores em eminente conflito ou violação direitos para
suas residências como se os conselheiros fossem tão somente uma espécie de patrulha infanto-
juvenil.
Ora está função ostensiva não é, e nunca foi atribuição do órgão conselho tutelar.
Portanto verifica se a urgente necessidade de esclarecimento do que vem a ser o Conselho
Tutelar e quais suas reais funções para que a sociedade como todo possa entender e portanto
facilitar a ação dos conselheiros que são taxados como os que menos trabalham, uma vez que
se recusam a prestar os serviços de “conselho ostensivo” que tanto são demandados.
Tais esclarecimentos poderiam integrar a rotina de palestras as quais são feitas pelos
conselheiros em escolas e comunidades da zona urbana e rural do Município de Baturité,
resgatando ainda a indicação anterior, a elaboração da cartilha, que exemplificando e
abordando de modo bem didático e objetivo as prerrogativas e atribuições inerentes ao
conselho tutelar e portanto aos conselheiros, elucidando portanto os civis que desconhecem ou
que tem uma visão deturpada do que realmente é o conselho tutelar, e a representação desde
órgão para a sociedade.
Buscou se modelos referenciais para elaboração de tais cartilhas ou guias, mas nos
órgãos de referência nacional, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os
direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para
o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de
atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso
II, da Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para
o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os
motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da
família.
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Podendo ser ministrados essas palestras de forma conceitual e objetiva que partiria da
conceituação do órgão, passando por funções e prerrogativas, exposição do rol de direitos e
69
Centro de Referência da Assistência Social (CRAS); Centro de Referência Especializado de Assistência
Social (CREAS); Centros de Atenção Psicossocial – (CAPs); Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF);
Secretária de Educação; Secretária de Saúde; Defensoria Pública e Promotoria; Delegacia Regional de Baturité.
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deveres dos infanto juvenis e acima de tudo medidas protetivas e garantidoras dos direitos
fundamentais destes, além de conscientização pelo zelo e investimento que deve ser adotado
pela sociedade civil e pela administração pública para com as crianças e os jovens que
encontram se em fase de desenvolvimento atípica, dada a suas condições peculiares.
Outro ponto suscitado pelos entrevistados no que diz respeito a promoção dos direitos
fundamentais foi o desenvolvimento de campanhas, idealizadas á nível nacional, e que são
redimensionadas paras todos os municípios do país, Campanhas que abordam temas de
importância relevância social e de muito impacto a nível local.
O que ficou observado é que poderia ser adotado as experiências positivas destas
campanhas que refletem uma realidade nacional e ser idealizados ciclos de campanhas a
níveis locais.
Tudo isso para reforçar as ideias trazidas por aquelas campanhas de nível nacional no
qual essas serviriam de ponto de partida para a propositura dessas á níveis municipais,
conseguindo contemplar muito melhor a realidade dos problemas locais, fazendo ainda uma
trabalho muito mais efetivo e eficaz, que é de criar um alerta para os problemas, ao passo que
instrui a sociedade civil (onde serão desenvolvidas as campanhas) para combate direito a
esses violadores de direitos, tendo uma visão futurista o desenvolvimento desses métodos
seriam referências mais que positivas aos demais municípios do Maciço de Baturité.
Foi observado a partir da fala dos entrevistados que, a falta de incentivo pecuniário
reflete no desempenho da função uma vez que a maioria dos entrevistados suscitou esse fator
como um dos principais impasses para o pleno desenvolvimento da função, falaram ainda,
disseram que nos estigmas que sofrem, pois culturalmente o conselho tutelar da cidade de
Baturité tem a má fama de não trabalhar de modo correto, pelas razões que já foram
abordadas em tópicos anteriores.
70
Área territorial brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2018.
71
IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estimativas da população
residente com data de referência 1o de julho de 2017.
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