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PLANO PARCIAL DE URBANIZAÇÃO

do Bairro “Costa do Sol”

RELATÓRIO DO DIAGNÓSTICO

Conselho Municipal de Maputo


DIRECÇÃO MUNICIPAL DE PLANEAMENTO URBANO E AMBIENTE
Novembro de 2013

1
1. INTRODUÇÃO
O Conselho Municipal de Maputo (CMM), com um crédito da IDA está a implementar o
Programa de Desenvolvimento Municipal de Maputo (PROMAPUTO) na sua segunda fase.
A primeira fase do Programa procurou tornar o Conselho Municipal numa organização mais
eficaz e funcional que, de forma incremental, de entre outras acções fosse capaz de melhorar
os processos de prestação de serviços, com qualidade e abrangendo um número cada vez
maior de Munícipes. Na segunda fase, no que refere ao Planeamento Urbano, pretende-se
expandir o nível de investimentos em infra-estruturas e prestação de serviços de forma a que,
no final da mesma, haja melhorias mais visíveis e significativas nos serviços municipais
prioritários tais como gestão sustentável de resíduos sólidos numa óptica metropolitana,
melhoria e expansão da rede viária, planeamento urbano, transportes e trânsito direccionando
parte significativa destes investimentos para as áreas mais pobres do Município tendo como
objectivo global “Aumentar a cobertura e a qualidade dos serviços municipais para seus
habitantes”.
Com esta iniciativa pretende-se prover a Cidade de Maputo1 de instrumentos de gestão
urbana, nomeadamente os Planos de Urbanização, para parte significativa dos Bairros
periféricos com uma ocupação menos ordenada. Com estes Planos, o Conselho Municipal de
Maputo (CMM) pretende, por um lado, responder às necessidades de provisão aos seus
munícipes de espaço urbanizado e seu concessionamento, o reordenamento das áreas
habitacionais de ocupação desordenada visando assegurar o Direito de Uso e Aproveitamento
da Terra (DUAT) pelos munícipes e, por outro lado, estabelecer indicações precisas relativas
a projectos de implantação de infra-estruturas urbanas, equipamentos e serviços de interesse
público. A aprovação dos referidos Planos Parciais de Urbanização permitirá o
reconhecimento do Direito do Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) das ocupações já
existentes.
É neste âmbito que o Conselho Municipal de Maputo (CMM) lançou um concurso público, o
qual foi adjudicado à Arcus Consultores para a elaboração do Plano de Urbanização do
Bairro “Costa do Sol”.
O Plano Parcial de Urbanização (PPU) referente ao Bairro Costa do Sol tem assim por
objectivo dar indicações para o uso e aproveitamento racional do solo urbano e a sua
articulação com a provisão de infra-estruturas urbanas e equipamentos sociais para um
horizonte temporal de 10 anos (2013-2017).
O PPU do Bairro Costa do Sol será constituído por quatro corpos principais de documentos:
i) Relatório Diagnóstico – que, inclui capítulos introdutórios, referentes à etapa do
diagnóstico e que procedem ao enquadramento legal e jurídico e apresenta os objectivos de
um Plano Parcial de Urbanização. Ainda nesta primeira parte são desenvolvidos aspectos
relacionados com o enquadramento geográfico e administrativo, e se procede à caracterização
dos principais atributos socioeconómicos e ambientais do Bairro Costa do Sol. É depois
descrita a situação fundiária do Bairro e apresentado um resumo dos principais problemas

1
A Cidade de Maputo é a maior cidade do país. Nela concentra-se cerca de 40% de toda a população urbana de Moçambique e produz-se
20,2% do PIB Nacional. Os sectores de comércio, transporte e comunicações e indústria manufactureira são os mais significativos,
contribuindo com 29,6%, 29,5% e 12,4% da produção global, respectivamente, segundo o Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano
(PNUD,2006). O sector informal ocupa a maior força de trabalho com 64,4% do total da população ocupada, seguido do sector privado
formal com 19,7% da população ocupada.

2
que afectam os mesmos Bairros na perspectiva de planeamento e ordenamento territorial. (ii)
Fundamentação do Plano – que contém as Intenções do Plano incluindo a justificação e o
partido das intervenções seguido das prescrições urbanísticas e das acções prioritárias a
realizar acompanhadas do respectivo orçamento de implementação; iii) Regulamento do
Plano Parcial de Urbanização; e iv) Peças Desenhadas - Plantas referentes a extractos do
Plano de Estrutura Urbana do Município de Maputo (PEUMM), Situação do Uso Actual do
Solo do Bairro, Condicionantes e Zoneamento de entre outros produtos que reflectem a
situação actual e proposta do Bairro em referência.
O presente documento insere-se no âmbito da produção do Diagnóstico dos atributos físicos,
socioeconómicos e ambientais enquadrado na primeira parte do Relatório Final da elaboração
do Plano Parcial de urbanização do Bairro Costa do Sol.

2. ENQUADRAMENTO LEGAL DO PLANO


A oportunidade de elaboração do presente Plano Parcial de Urbanização encontra justificação
no complemento das indicações dos instrumentos de ordenamento do território
hierarquicamente superiores, bem como no disposto no Artigo 21º do Regulamento de Solo
Urbano sobre os requisitos para atribuição do direito de uso e aproveitamento de terra.
A elaboração do Plano Parcial de Urbanização do Bairro Costa do Sol rege-se pelo disposto
na Lei do Ordenamento do Território (LOT) n° 19/2007, de 18 de Julho e pelo Regulamento
da mesma Lei. Vincula-se também aos dispositivos constantes do Pacote Autárquico,
concretamente na Lei no11/97 de 31 de Maio no seu artigo 24 nos 2,3 e da Resolução no
29/AM/2003 de Julho de 2003, Capítulo III referente ao Planos de Desenvolvimento e
domínio Público no seu artigo 12 número 1 alínea a) que confere à autarquia de Maputo a
competência de elaborar e aprovar os planos de desenvolvimento da autarquia local, planos
de ordenamento do território, planos de estrutura, planos gerais e parciais de urbanização e os
planos de pormenor.

3. OBJECTIVOS DO PLANO PARCIAL DE URBANIZAÇÃO DO BAIRRO COSTA


DO SOL

O Plano Parcial de Urbanização do Bairro Costa do Sol integra, em princípio e, no geral os


objectivos plasmados na Lei de Ordenamento do Território formulados no seu artigo 10
referente aos Instrumentos de Ordenamento Territorial no seu ponto 5, alínea b), conjugado
com o respectivo Regulamento na sua Secção III atinente aos Planos Gerais e/ou Parciais de
Urbanização, no seu Artigo 44, constituem objectivos de um Plano Geral de Urbanização e/ou
do Plano Parcial de Urbanização.

O Plano articula ainda os objectivos apontados pelos Termos de Referência para a elaboração
do presente Plano e incorpora as prescrições do PEUMM (Planta de Ordenamento e Planta
de Condicionantes). Ele procura equacionar os Factores Físico-Naturais e o actual estágio do
desenvolvimento espacial. Pretende-se como objectivo especifico do Plano Parcial de
Urbanização proceder a uma adequação, atenta à evolução da situação económica e de
mercado e ainda às importantes valências de desenvolvimento social devendo este integrar as
distintas opções de ocupação actual do solo, através das acções seguintes:

3
a) Reserva dos necessários corredores de implantação das infra-estruturas de drenagem e
outros serviços necessários de interesse público para o completamento do sistema de
saneamento das águas pluviais;
b) Reordenamento das áreas de ocupação espontânea e desordenada, com prioridade de
intervenção nas áreas críticas ao longo do período de vida útil do plano, muito embora
estas constituam pouca expressão no contexto global;
c) Identificação de sistemas ecológicos de grande sensibilidade, com destaque para as linhas
de água existentes e das áreas susceptíveis à inundação que tornam determinadas áreas do
Bairro impróprias para o desenvolvimento habitacional;
d) Identificação de potenciais áreas em défice para o desenvolvimento de equipamentos
sociais;
e) Melhoramento da Acessibilidade e da Mobilidade no interior do Bairro e, para fora deste
com base na selecção de principais vias a reabilitar e abertura de novas vias nas áreas de
ocupação informal;
f) Estabelecimento de um regulamento de uso e afectação do solo que tenha em
consideração a vocação habitacional do bairro resultante do presente exercício de
Planeamento;
g) Reestruturação das áreas potenciais para o desenvolvimento da agricultura urbana.

4. ENQUADRAMENTO DO BAIRRO COSTA DO SOL


4.1. Génese e Enquadramento Histórico da Evolução Urbana
A área actual do Bairro Costa do Sol, fazia parte do regulado das Mahotas, chamado de
Bairro KaMavota no período colonial. A área actual do Bairro da Costa do Sol era
subdividida pelo mangal existente na área pantanosa sendo uma parte, a Oeste, pertencente ao
regulado das Mahotas e, a parte Este adistrita a Marracuene. O actual restaurante Costa do
Sol era um quiosque conhecido pelo nome de “Mudloconhe” e aquela área acabou tendo o
mesmo nome.referido nome era usado pelos habitantes locais para servir de referência ao
local, situção que prevaleceu até o ano de 1962. A partir 1962 o quiosque passou a
restaurante e tomou a designação de “restaurante da Costa do Sol”, nome esse que perdurou
até aos dias de hoje.

Com a chegada da Independência Nacional em 1975, aliado à necessidade de re-estruturação


dos bairros da antiga cidade de Lourenço Marques, a área passou a ser designada por Bairro
da Costa do Sol em substituição de Bairro KaMavota integrando o actual bairro da Polana
Caniço “B”.

A actividade económica predominante era a actividade pesqueira. Para o efeito foi colocado
no bairro um corpo de membros da capitania (autoridade marítima) para efeitos de controlo
das actividades pesqueiras bem como do desenvolvimento prática das actividade turísticas ao
longo da praia.

A maioria dos habitantes que ocuparam a actual área do bairro a Costa do Sol eram
provenientes dos bairros periféricos da então cidade de Lourenço Marques. A partir de 1983
devido a intensificação da guerra civil, o Bairro da Costa do Sol começou a receber
emigrantes provenientes de diversas regiões do país que procuravam refugiar-se e melhorar a
sua condição social. A ocupação que se foi registando, não foi acompanhada de um processo
adequado de parcelamento. A ocupação espontânea e desordenada dos diferentes espaços

4
sequer obedeceu as condições ambientais do território nem as normas elementares com
respeito às acessibilidade .

Nos últimos 30 anos o Bairro da Costa do Sol tem vindo a registar um aumento significativo
de população aliado a frequente necessidade da procura de espaços para investimentos o que
tem originado frequentes conflitos de terra devido a pretensão ou ocupação dos espaços
existentes sem obedecer ao estipulado na Lei de Terras.

As praias do bairro sempre foram referenciadas pelas comunidades locais como sendo um
local sagrado. Com efeito diferentes actividades de culto são exercidas em determinados
locais da praia. Este movimento tem vindo a incrementar com o aumento das igrejas na
cidade.

4.2. Enquadramento Geográfico e Administrativo


O Bairro objecto do presente Plano Parcial de Urbanização faz parte de um conjunto dos 63
Bairros do Município de Maputo. O Município de Maputo que localiza-se na Baía com o
mesmo nome tem uma extensão de cerca de 308 km2 incluindo os territórios do DM
KaTembe e do DM KaNyaka. É limitado a Oeste pelo Vale do Infulene, que o separa do
Município da Matola, a Este, pelo Oceano Índico, a Sul, pelo Distrito de Matutuíne e, a
Norte, pelo Distrito de Marracuene. A Cidade de Maputo, com cerca de um milhão e cem mil
habitantes, é a maior cidade do País e está organizada em 7 Distritos Municipais, sendo que o
Bairro Costa do Sol localiza-se especificamente no Distrito Municipal KaMavota que possui
11 Bairros no seu conjunto2.

O Bairro da Costa do Sol está localizado no Distrito Municipal KaMavota. O Distrito


Municipal KaMavota com uma extensão de 77 744,7 ha, tem como limites territoriais a Norte
o Distrito de Marracuene, partindo da ponta de Macaneta por uma linha imaginária até à
costa, por um carreiro e por uma Estrada inominada que delimita o Município de Maputo e a
Província de Maputo até um ponto no entroncamento com a Av. Coronel Sebastião Mabote; a
Sul com o Distrito Municipal NlhaMankulu pela Rua 4.500, por uma linha imaginária que
atravessa sucessivamente uma casa de construção espontânea, um caniçal, Campo de Golfe,
um canavial/bananal e pela Avenida Acordos de Lusaka; a Este com a Baía de Maputo; a
Oeste com o Aeroporto Internacional de Maputo e DM KaMubukuana pela Av. Coronel
General Sebastião Mabote; e a sudoeste com o Distrito Municipal KaMaxaqueni pela Av.
Das F.P.L.M, pela Rua 4.865.

O Distrito Municipal de KaMavota é composto por mais 10 Bairros: Mavalane A; Mavalane


B; FPLM; Hulene A; Hulene B; Ferroviário; Laulane; 3 de Fevereiro; Mahotas e Albasine.

O Distrito Municipal Kamubukuana a par do Distrito Municipal Kamavota é o mais habitado


dos 5 Distritos Municipais da Cidade de Maputo contando, segundo dados estatísticos do INE
do Censo de 2007 com 290 696 habitante (Homens – 140 279 e Mulheres – 150 417) pessoas
correspondendo a 26.8% da população total vivendo na cidade capital do país que tem visto a
decrescer a sua taxa de crescimento natural de 2,2 em 2007 e 1,20 em 2008.

2
Os restantes 11 Bairros que constituem o DM de KaMavota são: Mavalane A e B; FPLM; Hulene A e B; Ferroviário; Laulane; 3 de
Fevereiro; Mahotas e Albazine
5
O Bairro da Costa do Sol segundo o Perfil Estatístico da Cidade de Maputo conta com uma
população de 16 826 habitantes 3 978 agregados familiares. Cerca de 50,4% desta população
corresponde a elementos do sexo feminino. O Bairro, ocupa uma superfície de cerca de
1974,9 hectares e, estimava-se que a densidade populacional, em 2007 fosse na ordem dos 9
habitantes por ha. Cerca de 51% da população do Bairro dedica-se a actividades piscatórias,
havendo também uma percentagem considerável de população dedicada a produção agrícola.
O Bairro desenvolve-se numa área definida como sendo de usos múltiplos pelo Plano de
Urbanização, Estrutura Urbana do Município de Maputo, mas que pelo Plano Director
Urbano de Lourenço Marques de 1969 era considerada uma área destinada às zonas verdes e
de expansão da Cidade.

O Bairro Costa do Sol tem como limites a Norte o Bairro de Albazine sendo separado por
uma linha imaginária que atravessa a zona pantanosa; a Sul o Bairro Polana Caniço “B”
separado pela rua 4.500 (Micaia) e por uma linha imaginaria que atravessa sucessivamente
uma casa de construção espontânea, um caniçal, o Campo de Golfe e um canavial/bananal e
uma casa de construção espontânea; a Este a Baia de Maputo incluindo as Ilhas da Xefina
Pequena e Xefina Grande; e a Oeste os Bairros Ferroviário por meio de um carreiro e Laulane
por uma linha imaginária que atravessa terrenos de cultivo de hortícolas, as ruas 4.704 e
4.695, o Bairro 3 de Fevereiro pela Rua 4,695 e Mahotas por meio de um carreiro.

Segundo o levantamento efectuado pela equipa de planeamento, os limites a Norte e a Oeste


do bairro, não estão claramente definidos. Constatou-se haver uma sobreposição dos limites a
norte do bairro Bairro Costa do Sol com os limites do Bairrro Albazine no quarteirão 22 a
partir da coordenada X- 467362.23; Y – 7137635.24 até a coordenada X – 464027.25; Y –
7139853.01 (na vala das machambas de Albazine no Quarteirão 1) perfazendo a distância de
4 040Metros.

A Oeste do Bairro Costa do Sol a partir da coordenada X – 464027.25; Y – 7139853.01 (na


vala das machambas de Albazine no Quarteirão 1) até a coordenada X – 461614.64; Y-
7132563.22 (no extremo do limite actual do bairro com o Bairro Ferroviário) perfazendo a
distância de 7 915Km, nota- se uma sobreposição dos limites entre o bairro Costa do Col com
os bairros Albazine, Mahotas, 3 de Fevereiro, Laulane e Ferroviário demostrando-se uma
clara indefinição dos limites entre esses bairros.

Os limites indefinidos do bairro Costa do Sol com os bairros Albazine, Mahotas, 3 de


Fevereiro, Laulane e Ferroviário, respectivamente, foram aprovados pela assembleia
municipal no âmbito da elaboração dos planos parciais de urbanização do bairro Albazine e
dos 4 Bairros (Mahotas, 3 de Fevereiro, Laulane e Ferroviário).

Se forem considerados os limites identificados em função do levantamento, poderão surgir


constrangimentos na descrição geográfica do bairro podendo num futuro próximo ter-se a
dificuldade para alguns casos de jurisdição e de colecta dos impostos por falta de definição
clara da área de pertença do bairro.

O Bairro Costa do Sol incluindo as ilhas “Xefina” Pequena e Grande ocupam a área de 2
601,32Ha correspondente a 26,01Km2 de acordo com os trabalhos de levantamento de
campo.

6
A delimitação dos limites dos quarteirões não é muito clara em virtude da divisão dos seus
limites em alguns casos não serem feitas através das ruas. Os limites inclusivamente
consideram faixas interiores das parcelas.

No seu todo, o bairro Costa do Sol, possui 86 quarteirões podendo este número vir a
incrementar se existir a necessidade de uma nova reestruturação administrativa em virtude de
em alguns quarteirões possuírem até 100 residências.

Os quarteirões 1, 2, 36, 79, 37, 4, 5, 32, 38 e 39 fazem parte do bairro Polana Caniço “B” mas
encontram-se sob jurisdição do Bairro da Costa do Sol, significando que a passagem formal
desses quarteirões para o Bairro Polana Caniço “B” não foi efectivado. A mesma situação
acontece com os quarteirões 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 42, 47 e 48 do bairro
Ferroviário que perspectiva-se a sua passagem formal para o bairro Costa do Sol algo que
ainda não aconteceu até ao momento.

Fig 2: Enquadramento do Bairros Costa do Sol a nível do


Fig: 1 Enquadramento da Cidade de Maputo na Província e Distrito Municipal Kamavota e da Cidade de Maputo
no país

4.3. Enquadramento Económico e Social


Os objectivos de crescimento económico que Moçambique pretende alcançar a curto e médio
prazos poderão concretizar-se quando, de entre outros sucessos, as principais cidades
consigam ter níveis adequados de provisão de serviços o que, passa necessariamente pela
melhoria do funcionamento das cidades. A Cidade de Maputo neste contexto possui um papel
particularmente significativo sobretudo por ser o maior aglomerado populacional do país, por
um lado e, por outro por representar um ponto de passagem dos investidores, turistas e
emigrantes das áreas rurais e dos países vizinhos, devendo para o efeito estar preparada para
responder às exigências e às expectativas que dela se esperam. É por estas razões que é
também importante tomar em consideração que apesar de, a Cidade de Maputo estar a dar
indicações de um desempenho económico positivo e, chegar a contribuir com cerca de 19 a
20% para o Produto Interno Bruto do país3, confronta-se ainda com aspectos de debilidade
económica e social com aproximadamente 70 % dos seus habitantes a viverem em
3
Os sectores de comércio, transporte e comunicações e indústria manufactureira são os mais significativos, contribuindo
com 29,6%, 29,5% e 12,4% da produção global, respectivamente, Segundo o Relatório Nacional de Desenvolvimento
Humano (PNUD, 2006) os sectores de comércio, transporte e comunicações e indústria manufactureira são os mais
significativos, contribuindo com 29,6%, 29,5% e 12,4% da produção global, respectivamente.
7
alojamentos informais e 54 % da sua população a viver abaixo da linha da pobreza sendo que
a incidência deste fenómeno na Cidade tem vindo a incrementar desde 19974. O sector
informal ocupa a maior força de trabalho com 64,4% do total da população ocupada, seguido
do sector privado formal com 19,7% da população ocupada.

O desenvolvimento sócio e económico do Distrito Municipal onde o bairro Costa do Sol se


insere é marcado pela transformação provocada pela transição do habitat de franca
urbanização para um regime de degradação e de crescimento urbano espontâneo. É também
marcado por um processo de urbanização iniciado quer no Bairro Costa do Sol que nos
bairros circunvizinhos.

As actividades económicas no bairro em estudo centram-se na agricultura e na pesca com 350


barcos de pesca, bem como no comércio informal com 72 barracas. Ocorrem sobretudo junto
a praia de Costa do Sol (Av. Marginal) onde estão centradas as actividades do comércio
formal e informal podendo se destacar as actividades viradas ao complexo comercial e
residencial, bem como actividades de apoio à actividade de transportes. A maioria dos seus
habitantes ou são assalariados dentro do bairro, fora do mesmo tanto em Marracuene como na
Cidade de Maputo.
A população do Bairro objecto de elaboração do presente Plano Parcial de Urbanização está
abrangida na cintura dos habitantes com menos recursos no universo da Cidade de Maputo.
Com efeito, segundo o Perfil Estatístico do Município de Maputo de 2010 elaborado pelo
pelouro das Actividades Económicas o DM KaMavota é o Distrito Municipal com o quarto
menor índice de pobreza da Cidade de Maputo (55) contra os (28) do índice de pobreza mais
baixo da Cidade de Maputo que se verifica no DM KaMpfumo e do mais alto que se regista
no DM Kanyaka com (80). Neste Distrito Municipal observa-se um nível de desigualdades
bastante equilibrado 0,42 contra 0,61 que se verifica no DM KaMpfumo e 0,40 do DM
KaMaxaqueni.
Em 2006, segundo o Perfil Estatístico do Município de Maputo elaborado para os anos 2004-
2007 o Bairro da Costa do Sol registava um índice de pobreza intermédio (0.532) se
comparado com o índice mais alto atribuído ao bairro das FPLM (0,595) e do índice do mais
baixo pertença do Bairro Polana Cimento “A” com (0,15). O bairro possui um dos índices
de pobreza mais baixos da cidade.

5. ENQUADRAMENTO NO PLANO DE ESTRUTURA URBANA DO MUNICIPIO


DE MAPUTO (PEUMM)
O presente Plano Parcial de Urbanização é elaborado no momento em que foi já aprovado
pela Assembleia do Município o Plano de Estrutura Urbana do Município de Maputo
(PEUMM). Assim sendo o Plano Parcial de Urbanização do Bairro Costa do Sol vincula-se
aos dispositivos prescritos pelo PEUMM nomeadamente no que se refere às Condicionantes,
ao Uso do Solo proposto e às prescrições contidas no Regulamento do PEUMM.

4 Manual de Operações do PROMAPUTO Vol. 1 Versão 11 de 27 de Fev. de 2007 – WB.


8
Em relação às condicionantes
o PEUMM preconiza para a
área onde se localiza o Bairro
Costa do Sol a manutenção
das áreas para o
desenvolvimento agrícola e
habitacional, bem como a
perservação das áreas
húmidas e inundavéis.
Preconiza igualmente a
manutenção das áreas de
protecção natural e o respeito
da linha máxima da praia mar
até os 100 Metros.

Fig 3: Extracto do PEUMM – Planta de Condicionantes

Em relação a usos futuros o


PEUMM prescreve a consolidação
do núcleo habitacional com
actividades de densificação das
áreas urbanizadas e de
reordenamento dos aglomerados
informais. O PEUMM preconiza
ainda a manutenção da área
agrícola, área húmida e inundavél, e
a protecção de áreas verdes
(mangal) bem com o
reordenamento das zonas de
ocupação espontânea.

O PEUMM preconiza áreas para


expansão urbana, desenvolvimento
de centros urbanos, e identificação
de áreas para equipamentos sociais Fig 4: Extracto do PEUMM – Planta de Ordenamento

de utilidade pública bem como a


navegação de transporte maritimo.

9
Quanto a Mobilidade,
acessibilidade e centros de
actividade, o PEUMM
preconiza a melhoria e
ampliação da rua General
Cândido Mondlane (antiga
Dona Alice) e propõe novas
vias como a circular de
Maputo e desenvolvimento
de centros de actividade do
bairro bem como a criação
de terminal transitória
maritima e a navegação dos
transportes maritimo.

Fig 5: Extracto do PEUMM – Planta de Mobilidade e Centros de


Actividades

6. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ACTUAL DO BAIRRO DA COSTA DO SOL


6.1. População
Segundo dados do 3º Censo da população de 2007 a população do Bairro perfaz um total de
16 828 habitantes contando com cerca de 3 978 agregados familiares o que representa uma
média de 5,165 membros por cada família como está demonstrado na Tabela 1.
Tabela 1: Distribuição da População do Bairro e respectivos agregados familiares

População
Agregados
Total Total Homens Mulheres TOTAL
DISTRITO MUNICIPAL KaMavota 293.36 141.706 151.655 57.018
1

BAIRRO Costa do Sol 16.828 8.336 8.492 3. 978

Fonte: Compilação de dados dos Censos do INE, 2007 por parte da equipa de elaboração do Plano

A população do Bairro é constituída maioritariamente por jovens na faixa etária dos 15 aos 24 anos de
idade. A população adulta apresenta um decrescimento a partir 35 anos acentuando-se a partir dos 65

5
Segundo dados do 30 Censo da População de 2007 a média nacional de membros por agregado é de 4,2 pessoas.
10
anos. Existe uma tendência para a redução dos nascimentos. O comportamento da pirâmide etária do
Bairro Costa do Sol apresenta ligeiras diferenças quando comparado com o padrão do Distrito
Municipal e do da Cidade de Maputo. A principal diferença regista-se na população dos 0 aos 5 anos
que tende a reduzir.
Gráfico 1: Pirâmide Etária do Bairro Costa do Sol

Fonte: Compilação de dados do Censo do INEde2007 pela equipa de Planeamento (2013)

O conjunto dos habitantes do Bairro representa uma densidade populacional baixa com 7.15
Hab/Ha. Esta baixa densidade pode ser explicada pela grande extensão da área de costa do sol
que não esta ocupada tendo uma maior concentração da população ao longo da Av. Marginal
e o prolongamento da mesma avenida. As dimensões médias do terrenos da costa do sol
variam de 15x30 à 30x30.
Tabela 2: Área s e densidade da População

Bairro Área em Ha Área em Km2 População Densidade


Hab/Ha
Costa do Sol 2 601,32 26,01 16.828 7,15

Fonte: Levantamento no terreno efectuado pela equipa de elaboração do Plano Parcial de Urbanização (2013)

O Bairro apesar de ter surgido ainda no período colonial nos últimos 30 anos conheceu um
acentuado crescimento populacional, resultado de pressões demográficas sobre a área
provocado por vários factores. Um dos factores conhecidos relaciona-se com a mobilidade
residencial intensa em dois momentos e sentidos diferentes: um movimento da periferia-
centro e áreas contíguas ao centro da cidade, entre 1976 a 1991, e do centro da cidade e das
áreas contíguas para a periferia intermédia e mais distante, desde 1992 até à actualidade.

Para actualização dos dados da população foi efectuado um levantamento casa a casa . De
acordo com os dados de levantamento do campo, o bairro Costa do Sol, possui uma
população total de 18 599 Habitantes6, sendo 9 211 Homens e 9 388 Mulheres. Deste
levantamento verifica-se um aumento da população em relação aos dados do censo
populacional de 20077. A diferença totaliza 1 771Habitantes. Este aumento deve-se a factores
6
Para o presente Plano de Urbanização serão utilizados os dados de população do Censo de 2007.
7
Os Indicadores demográficos da Cidade de Maputo constantes no Perfil Estatístico do Município de Maputo de 2010 apontam para a
redução da taxa de crescimento natural entre 2006 e 2007 respectivamente com 2,20 e 1,20. O mesmo sucedendo com a taxa bruta de
natalidade, que no mesmo período baixou de 28,40 para 27,60 e com a Taxa global de Fecundidade (nº filhos) de 3.10 para 2.90.
11
sócio-económico, segundo o apurado no local, parte significativa de jovens tende a residirem
no aliado ao aumento de investimentos que tem se verificado no bairro.

A distribuição espacial da população é bastante homogénea com uma tendência de uma maior
densificação nas áreas de ocupação formal.

A taxa natural anual de crescimento da população na Cidade de Maputo segundo o Censo de


2007 é de 1,2 % portanto, metade da taxa de crescimento natural nacional que é de 2,4% .
Assim, projecta-se para os próximos 10 anos que a população do Bairro de Costa do Sol
atinja os 22 318 habitantes. Espera-se que este incremento de cerca de 3 719 habitantes
venha a se concretizar devido ao aumento de investimentos habitacionais e melhorias das
condições de habitabilidade nas área de ocupação espontânea.

6.2. Situação Fundiária

O inquérito identificou 7114 parcelas e, deste universo foram inquiridos os residentes de


5051 parcelas o que corresponde a 71% e cerca de 29% dos residentes correspondente a 2063
chefes de agregados familiares não se fizeram presentes ao inquérito de forma persistente.
(Ver detalhe Anexo 2 – Situação Fundiária).

Dos 5051 inquiridos 804 chefes de agregados familiares (16%) possuem DUATs. Com o
processo em tramitação estão 98% dos agregados familiares (4953). Um total de 456
agregados familiares cerca de 9.02% construíram as suas habitações requerendo uma licença
de construção.

6.3.Infra-estruturas de Abastecimento de Água, Esgotos, Energia Eléctrica e


Comunicações

6.3.1.Abastecimento de Água

O Bairro Costa do Sol possui uma relativa cobertura no abastecimento de água. Basicamente
o abastecimento de água é feito ou através de água canalizada representando 75,8% sendo
que, ainda nesta modalidade estão incluídos os utentes com canalização de água ainda apenas
até ao quintal.
Existem, todavia situações de habitações que, estando localizadas a menos de 5 metros da
conduta distribuidora ainda não estão ligadas à rede pública.
O sistema de abastecimento de água existente no bairro Costa do Sol está sob tutela do
FIPAG, sendo a Águas da Região de Maputo a entidade responsável pela sua gestão. O
bairro possui um total de 27 fontanários com a maioria deles avariados. A tabela 3
representa a grande diversidade de fontes de abastecimento água para a população do Bairro.

12
Tabela 3: Situação do Abastecimento de águas por tipo de fonte de captação

FONTE DE AGUA
Total de Agua Canaliz Canalizad Não Fontanário Água de Água de Água do Água da Água Outros
Designação Agregados Canaliz ada a fora Canalizada poço/furo poços/ rio/lago/lag chuva mineral
ada dentro protegido bomba oa
Distrito 56429 20357 3126 17231 36072 30670 1482 3633 3 3 29 252
Municipal
KaMavota
Bairro da 3831 1166 424 742 2665 918 85 1615 - 1 25 21
Costa do Sol
Fonte: Compilação de dados dos Censos do INE, 2007 por parte da equipa de elaboração do Plano

Um trabalho de levantamento no terreno permitiu constatar a coabitação das três formas de


provisão de águas em áreas ainda por urbanizar. O recurso à provisão de água através de
poços é cada vez menor sobretudo pelos riscos de que a construção artesanal apresenta dada a
grande instabilidade dos solos apesar de, o lençol freático, ser bastante alto.
O Conselho de Regulação do Abastecimento de Água (CRA) e o FIPAG, estão a trabalhar
com os seus parceiros no sentido de registar e legalizar algumas opções de serviço de
abastecimento de água, desenvolvidas nos bairros peri-urbanos, como é o caso do
licenciamento de Pequenos Operadores Privados (POPs) actualmente considerados não
convencionais, cuja formalização irá aumentar significativamente a cobertura do
abastecimento de água.
6.3.2. Drenagem e Saneamento

O Bairro está localizado fora da área de serviço da rede de drenagem e de qualquer outro
sistema instalado de saneamento quer de águas pluviais quer de águas residuais da Cidade de
Maputo.

A drenagem das águas pluviais é feita apenas em alguns pontos críticos na Rua General
Cândido Mondlane com uma extensão de 2 493Metros.

Devido ao comportamento do relevo (declividade), as águas provenientes de quedas


pluviométricas e provenientes dos lençóis freático existente no bairro seguem o relevo
havendo ocorrência de águas superficiais e de aquíferos subterrâneos tomando a direcção
para o litoral de costa do sol (Oceano índico).
O nível de infiltração das águas no solo é baixo devido ao elevado grau de saturação das
águas no solo que já não permite mais com que a águas fiquem retidas o que provoca um
elevado grau do aumento de caudal dos aquíferos que tem alimentado pequenos riachos que
desaguam no litoral.
Tem se verificado com maior frequência a cumulação das águas pluviais nas vias de acesso o
que contribui para o difícil acesso para o interior do bairro. O prolongamento da Av.
Marginal, rua que dá acesso à zona conhecida por Minguene e as ruas que interligam os
quarteirões na área conhecida por pescadores, bem como a rua que dá acesso ao campo de
golfe são as mais críticas. Necessitam de um sistema de drenagem com a adição de valas nas
suas bermas para além de trabalhos de nivelamento de cotas.

13
No Bairro, apesar de existirem algumas obras pontuais improvisadas de drenagem o
escoamento superficial das águas ainda é eliminado pela infiltração no solo ou pelo
escoamento para uma drenagem natural.

6.3.2.1. Saneamento

São três as categorias do sistema de saneamento ao nível domiciliário: Fossa séptica e dreno e
latrinas melhoradas. Cerca de 52% de famílias possuem latrinas melhoradas. As fossas
sépticas são utilizadas por apenas 15,4%. No bairro ocorre o fenómeno de fecalismo a céu
aberto. Cerca de 8,4 % dos agregados familiares não possuem sequer latrinas.

Tabela 4: Quadro comparativo do tipo de Saneamento de Águas negras usual no Bairro e do Distrito Municipal

SANEAMENTO
Total de Retrete ligada Latrina Latrina tradicional Latrina n/ Sem
Agregados fossa séptica melhorada melhorada melhorada retrete/Latrina
DISTRITO MUNICIPAL 56429 11088 25720 8428 8750 2443
KaMavota
BAIRRO da Costa do Sol 3831 593 2029 424 460 325
Fonte: Compilação de dados dos Censos do INE, 2007 por parte da equipa de elaboração do Plano

6.3.2.2. Resíduos Sólidos

A nível do bairro encontram-se instalados 6 contentores para depósito de resíduos sólidos nas
vias principais do bairro por forma a facilitar a recolha em camiões apropriados para recolha
e deposição na lixeira do Hulene. A gestão dos resíduos sólidos estão sob a alçada da
Associação de promoção de higiene e Saneamento (ACODECOS). Todavia, no interior do
bairro sente-se a necessidade de colocação de mais contentores. A maior dificuldade em
algumas áreas é a ausência de vias.

6.3.3. Energia eléctrica

A rede de energia eléctrica do Bairro da Costa do Sol é alimentada pela sub-estação


localizada no Campus Universitário. O Bairro Costa do Sol possui uma cobertura
significativa. Em 2007 o numero de agregados familiares que beneficiavam de energia
eléctrica era de apenas 38%. Entretanto entre os anos 2010 a 2013 foram realizadas
intervenções de vulto estando a cobertura na ordem de 95%. Um dos constrangimentos
relativos com o progresso alcançado é a qualidade da energia fornecida em alguns
quarteirões com maior incidência nos quarteirões 53,52,51,49,61,81,83,85,84 e 15. Na sua
maior parte das ruas do bairro carecem de iluminação pública. Nas zonas de ocupação
espontânea está programada a extensão da rede eléctrica. Como alternativa à ausência de rede
eléctrica nestas zonas a os agregados familiares recorrem ao uso do petróleo e de vela para a
iluminação e à lenha como combustível lenhoso.

Uma actualização de dados efectuada pela equipa de elaboração do Plano Parcial de


Urbanização apurou que cerca de 1856 agregados familiares ainda não beneficiavam de
energia eléctrica. O que significa que apesar dos esforços cerca 5 % da população continua
sem energia eléctrica. O Bairro possui 25 Postos de Transformação dos quais 3 (três)
pertencem a indivíduos singulares, 1 (um) do Centro de Saúde e os restantes da EDM. A
14
maior parte da linhas de transmissão de energia eléctrica são aéreos apenas a Avenida
Marginal possui a sua linha de média tensão enterrada.

Tabela 5: Resumo das fontes de Energia no bairro da Costa do Sol

Fontes de Energia
Total de Electri Gerador/pl Gás Petróleo/parafi Vela Bateria Lenha Outros
Agregados cidade aca solar na/querosene
Distrito Municipal
KaMavota 56429 34407 112 15 17360 4256 121 17 141
Bairro da Costa do
Sol 3831 1479 14 - 1785 453 10 7 83
Fonte: Compilação de dados dos Censos do INE, 2007 por parte da equipa de elaboração do Plano

6.3.4. Comunicações

O Bairro possui uma rede de telefonia fixa muito restrita cerca de 1,2% segundo informações
estatísticas do INE, 2007. Nos últimos cinco anos beneficiaram dos avanços da telefonia
móvel. Foram instaladas antenas das provedoras Mcel, Vodacom e da Movitel. Encontram no
bairro 6 antenas de comunicação móvel. Segundo o Censo de 2997, apenas 14% dos
agregados tinham acesso à rádio. A TVCABO possui uma rede subterrânea.

O Bairro possui antenas de comunicação das diferentes operadoras de telefonia móvel (MCel,
Vodacom e Movitel). O Bairro também possui antenas de operadoras televisivas (STV,
TVM1 e 2, Miramar, Eco TV e RTP Africa). O total de antenas é de 36.

Os habitantes tem acesso à Internet e utilizam diferentes operados entre elas a TDM.

6.3.5. Agricultura
No bairro da Costa do Sol existem 4 Associações Agrícolas nomeadamente Tomás Sankara,
Costa do Sol, Associação Maguiguana e Armando Emílio Guebuza. As quatro associações
agrícolas, recentemente, reorientaram o uso do seu espaço. Parte das áreas agrícolas foram
destinadas à promoção imobiliária.

Devido ao elevado nível de salinização dos solos, a actividade agrícola do bairro aliado a
frequentes inundações , esta actividade não tem sido exercida com intensidade.

6.3.6. Rede de Estradas e Sistema de Transportes

O Bairro é servido pela Avenida Marginal que é uma das principais portas de entradas e de
saída para e da capital do país. A Avenida Marginal a par da Avenida Cândido Mondlane são
as únicas pavimentadas com asfalto e pave respectivamente. As restantes vias são apenas de
terra batida com pouca manutenção.

Pela Avenida Marginal fluem transportes colectivos e semicolectivos de passageiros, bem


como os transportes de carga e mercadorias. Apesar de existirem paragens de transportes de
passageiros estas apenas estão disponíveis ao longo da Av. Marginal e Rua Cândido
Mondlane. As principais rotas dos transportes semicolectivos são: Anjo Voador – Costa do
Sol; Bairro do Jardim – Costa do Sol e Praça dos Combatentes – Costa do Sol. O transporte
colectivo efectuado pelo Transportes Públicos Urbanos tem a sua terminal no restaurante da

15
Costa do Sol. A terminal dos transportadores semi-colectivos e de carga está localizada na
ponte (área conhecida por Controle) e na praia dos Pescadores.

O Bairro possui uma fraca estrutura viária consolidada o que, dificulta a acessibilidade
aceitável intra-quarteirões. Todavia o estado de conservação das vias e a ausência de
pavimentação resistente dificulta a mobilidade de pessoas. O Bairro possui uma estrutura
interna de ruas com transitabilidade baixa.

Uma pesquisa efectuada por estudantes


do 4º Ano do curso de Arquitectura e
Planeamento Físico da Universidade
Eduardo Mondlane, em 2013 mostrou
que o tráfego que passa pela marginal
e que desvia pela Avenida Cândido
Mondlane é constituído por
transportadores de passageiros (13%),
transportadores de carga (5 %) e
transportes singular (82 %).

Gráfico 2: Fluxo viário na principal via de acesso ao Bairro

A Avenida Marginal e a Avenida Cândido Mondlane são as vias de maior fluxo sendo
caracterizadas como as principais vias de escoamento de tráfego. Os picos de fluxo
verificam-se entre as 7.30 e 9.30 Horas – 17.00- 19.00 Horas sendo que o maior pico regista-
se entre as 12.00 e 14.00 Horas. No entanto este mesmo troço torna-se impraticável nos fins
de semana e feriados sobretudo pela afluência de banhistas agravado pela ausência de locais
para estacionamentos.

O Bairro da Costa do Sol integra o percurso da Circular de Maputo. Trata-se de uma


iniciativa projectada pelo Plano de Estrutura Urbano de 2008 e que ainda não conheceu seu
traçado definitivo. O projecto prevê que através do bairro da Costa do Sol seja possível se
estabelecer ligação com o bairro de Albazine e com o Sul do distrito de Marracuene.

6.3.7. Equipamentos Colectivos de Utilidade Pública

O bairro é pouco servido de equipamentos colectivos de utilidade pública. Apenas


funcionam, 1 Escolas primárias Completas, 1 Escola Secundária pública, 1 Creche. Todos
eles possuem índices urbanísticos abaixo dos padrões internacionais embora cubram os raios
de influência dos serviços.

16
Tabela 6: Relação dos equipamentos colectivos de utilidade pública

Descrição Numero

Associações Agrícolas 3
Associação dos pescadores 1
Associação dos Amigos da Costa do Sol 1
Conselho Comunitário de Pesca 1
Escolinha Comunitária 1
Escolas Primárias ( ONGs) 3
Associação de promoção de higiene e Saneamento (ACODECOS) 1
Campo de futebol 1
Esquadra da Polícia 1
Centro de Saúde público 1
Centro de Saúde privado 1
Escola Primária Completa 1
Escola Secundária 1
Igrejas 43
Fonte: Levantamento da equipa de Planeamento, 2013

Tabela 7: Avaliação dos padrões dos equipamentos colectivos de utilidade pública

Tipo de Área Padrão mínima (m2) Área Existente Raio de Cobertura de Obs. em relação ao
Equipamento (m2) Padrão (m) Raio de Cobertura
existente
Centro Infantil 3 000 1000 300 Não cobre
Escola Primária 8 000 2923.48 1 500 Cobre
Escola Primária 8000 4785.94 1500 Cobre
Escola Secundaria 11000 8835.89 3000 Cobre
Esquadra da Policia 900 937 2000 Cobre
Fonte: Levantamento da equipa de Planeamento, 2013

6.3.7.1. Serviços de Saúde

O Bairro Costa do Sol está incluído na área de saúde do Hospital Geral de Mavalane. Esta
zona, actualizada em Novembro de 2006 corresponde a área de cobertura do HGM e as suas
Unidades de Saúde (US’s) de referência (sete Centros de Saúde dos quais um é semi-privado
e sete Postos de Saúde dos quais dois são privados). O bairro não possui 1 centro de saúde e
um posto de saúde privado.
A procura de serviços de utilidade pública, de lazer e de entretenimento na maioria dos casos
só pode ser satisfeita recorrendo-se à praia e/ou a parte urbanizada da Cidade de Maputo. A
tabela resume outros equipamentos de utilidade pública existentes no bairro.

17
Tabela 8: Resumo de outros equipamentos de utilidade pública no bairro
Número Estado de Funcionamento
Descrição
total
Operacional Inoperacional
Mercado Formais 2 2
Padarias 5 2 3
Supermercado 2
Agência Bancária 2 2
Posto de Abastecimento de Combustível 1 1
Pensões 2 2
Talho 1 1
Mercearias 3 3
Pontos de Atracagem de Barcos de Pesca 2 2
Barracas 72 72
Esplanadas 9 9
Restaurantes 6 6

Fonte: Levantamento no terreno efectuado pela equipa de Planeamento em 2013

6.3.7.2. Segurança pública

Os casos mais frequentes de intranquilidade e de segurança registados no bairro estão


relacionados com a violação sexual de mulheres, agressões físicas e assaltos a transeuntes,
mesmo na via pública. A criminalidade é crítica, ao ponto de a partir das 20.00 horas ser
muito difícil a circulação de pessoas no interior do bairro.

As agressões, segundo informação das autoridades locais são protagonizadas por indivíduos
desconhecidos, que circulam no período nocturno, alguns dos quais fazendo-se passar por
agentes de policiamento comunitário. A facilidade de cometer agressões à noite é facilitada
pela inexistência de iluminação pública na maioria das vias de circulação. No bairro existe 1
Posto Policial .

6.4. Situação Socioeconómica


O bairro da Costa do Sol tem como ocupação dominante dos seus habitantes a agricultura e a
pesca. A outra parte da população é assalariada tendo como pontos de trabalho, o próprio
Distrito Municipal e outros pontos da Cidade de Maputo. Estão registados 3 associações
agrícolas e 502 barcos de pesca. A actividade piscatória é sazonal dependendo dos
calendários de captura e dos seus níveis. A actividade agrícola tem vindo a decrescer
sobretudo pela baixa produtividades das áreas de produção. Uma das associações reorientou
as suas actividades para a actividade imobiliária. Todavia os produtos agrícolas das
associações continuam a abastecer os mercados dos bairros vizinhos, o Mercado grossista de
Zimpeto e em alguns casos o mercado Central da Cidade de Maputo.
No que toca à habitação que constitui uma das funções sociais do Bairro inclui um misto de
tipologias de que varia do precário até aos padrões mais altos.
No bairro em estudo não existem áreas especialmente destinadas para comércio e serviços.
Algumas das actividades de índole comercial foram conquistando por si sós a sua
importância e espaço físico. Se uma boa parte da população pratica a agricultura como
actividade de sobrevivência uma outra parte significativa está envolvida no comércio
informal que através da sua presença nos mercados formais, quer nos mercados informais ou

18
ainda no comércio ambulante muito desenvolvido na praia dos pescadores e ao longo de toda
a área balnear.

Como já foi referido anteriormente parte da população residente é oriunda de diferentes


partes da Cidade de Maputo que elegeram os Bairros em estudo como solução na procura de
melhores condições de vida. Contrariamente ao movimento periferia-centro que terá servido
de “almofada” à pobreza ao distribuir oportunidades e benefícios à população envolvida (casa
gratuita ou quase gratuita, educação e transportes gratuito, transportes subsidiados e
proximidade aos locais trabalho e serviços básicos) no pós-Independência, o movimento
centro-periferia iniciado na década de 90 terá lançado os pobres ao desafio de lutar pela
sobrevivência, tendo como ponto de partida a aquisição de talhão e a autoconstrução da
habitação familiar.

O investimento na habitação tem sido um dos maiores esforços que os habitantes destas áreas
têm realizado. Existe uma preocupação em melhorar a qualidade da habitação. Segundo o
último censo de 2007 existem sinais de evolução da qualidade habitacional, no que respeita
ao tipo de material, tipo de cobertura e de pavimento a empregar.

O Bairro possui o maior número de habitações do tipo comboio – casa básica com 61 %. A
habitação convencional representa 13,5 %. No entanto existem habitações com outro tipo de
material quer seja do tipo palhota (3,7 %) ou improvisado com cartão e outros materiais
alternativos revelando ainda que nem todos os habitantes terão já alcançado a tão almejada
casa condigna.

Tabela 9: Resumo do tipo de Habitação

Habitações particulares
Casa
improvis
Total de Casa Casa básica Parte dum
Designação Flat/apart ada Casa Outr
Agrega convenci Palhota (Casa edifício
amento (barraca mista o
dos onal comboio) comercial
lata
cartão)
Distrito Municipal 56429 4545 87 671 172 5235 45382 65 272
KaMavota
Bairro da Costa do Sol
3831 521 50 144 14 736 2345 13 8

Fonte: INE-Dados do Censo da População de 2007

A maior parte das habitações do bairro possui como material de construção blocos de cimento
(75%). No entanto existe ainda um número significativo de habitações com paredes de
caniço,/paus, bambu ou palmeira (21,5 %) Esta dinâmica revela a intenção de tornar a
habitação definitiva e duradoira como um dos hábitos de convivência urbana.
Tabela 10: Resumo do Tipo de Paredes da Habitação do Bairro

Paredes
Designação TOTAL de Bloco Bloco Bloco Caniço/pau Paus Lata/cartão
Agregados de de Madeira/zinc de s/bambu/pa maticado /papel/saco
cimento tijolo o adobe lmeira s /casca Outros
Distrito Municipal
KaMavota
3591 2641 52 31 1 845 12 7 2
Bairro da Costa do Sol 3831 2879 74 32 0 824 6 9 7

Fonte: INE-Dados do Censo da População de 2007


19
Tal como em relação a utilização de paredes em material convencional, o Bairro possui os
tipos de cobertura convencionais e mais duradouros. As chapas de zinco constituem cerca de
95%.

Tabela 11: Resumo do Tipo de Cobertura da habitação do Bairro

Cobertura da Habitação
Total de Laje de Telha Chapa Chapa de Capim/ Outros
Agregados betão de zinco Colmo/
Designação lusalite Palmeira

Distrito Municipal KaMavota 56429 1187 363 1245 51442 1718 474
Bairro da Costa do Sol 3831 133 300 158 3006 176 58

Fonte: INE-Dados do Censo da População de 2007

Em relação ao tipo de pavimento empregue como revestimentos da habitação o material mais


comum utilizado é o cimento (38,9%). Entretanto o Bairro da Costa do Sol possui mais
alternativas como é o caso do recurso à madeira na forma de parquet e mármore ou granulite.

Tabela 12: Resumo do Tipo de pavimentação da Habitação do Bairro

Tipo de Pavimento na Habitação


Madeira/pa Mármore / Cimento Mosaico/tijol Adobe Sem nada Outros
Total de
Designação Agregad
rquet granulite eira

os
Distrito Municipal 56385 506 88 51085 2671 577 1427 31
KaMavota
Bairro da Costa do Sol 3831 244 21 2832 219 234 276 1

Fonte: INE-Dados do Censo da População de 2007

À medida que a periferia vai ficando preenchida pela habitação, aumentam os custos de
acesso aos locais de trabalho e aos serviços básicos, o que gera implicações na renda familiar
e nos níveis de vida da população local, ao introduzir novos custos antes não incorridos nas
antigas localizações. Estas dinâmicas contribuíram para a erosão dos ganhos da prosperidade
do pós-guerra, onde a pobreza na cidade teria sido reduzida para níveis próximos a metade
(47,8%), depois dos arrasadores 81.7% atingidos em princípios da década da 90, como
resultado combinado do PRE e da precariedade de condições de vida urbano aos novos
contingentes vindos do campo ao mesmo tempo que terá acentuado os níveis de pobreza nos
distritos periféricos DM KaMubukwana, DM KaMavota e DM KaMaxakeni, contrariamente aos
níveis de 20% e 40% observados nos distritos municipais KaMpfumo e KaNhlamankulu.

No que se refere a actividades sócio- económicas o Bairro possui um total de 147 instituições
e estabelecimentos produtivos. As actividades desenvolvidas são múltiplas desde as do
pequeno comércio as de armazenamento. Foram registados 25 trabalhadores assalariados
sendo que as outras actividades incluem o próprio proprietário como trabalhador.

6.5. O ambiente natural e a paisagem ecológica


De uma forma geral o território do Bairro, é topograficamente plano, com uma ligeira
pendente no sentido Oeste-Este. O relevo é acentuado na sua globalidade sendo que a cota
mínima é de 8 Metros. Existem ligeiras evidências da ocorrência de erosão eólica e fluvial.

20
6.5.1. Morfologia dos solos
Os factores topográficos e pedológicos da cidade de Maputo são explicados pela existência
de planície litoral e plateaux, das depressões e das encostas e a predominância de solos
arenosos, aluvionares e franco-argilosos-acastanhados evoluídos susceptíveis a erosão hídrica
(Ombe et tal , 1996 & Atlas volume I, 1986).
Morfologicamente a cidade de Maputo é dominada por uma paisagem de planície litoral, cujo
o desenvolvimento se registou a partir do pleistoceno litoral e apresenta uma alternância de
formas de relevo pouco sensíveis em espaço muito reduzidos. De acordo com Barradas
(1995) citado por Muchanga, ocorreram em toda planície meridional moçambicana , durante
o quaternário, cinco transgressões alternadas por seis regressões. Estas repetidas alterações do
nível médio das aguas do mar estão estritamente ligadas a fases terrestres de morfogénese. O
clima árido , que acompanhava as transgressões , favoreceu a actividade eólica, permitindo a
constituição de espessas camadas de areais que constituem o substrato geológico mais
importante da região.
A geomorfologia do bairro apresenta –se de uma forma irregular, sendo no entanto a destacar
uma área pantanosa enorme.
Os factores geomorfológicos e a disposição do relevo irregular aliado a intensas actividades
antropogénica que combinado com elevadas quedas pluviométricas, coloca algumas das áreas
do Bairro como sendo de risco. Em algumas áreas do Bairro ocorrem com frequência
fenómenos de inundação. No bairro em épocas chuvosas, algumas áreas baixas habitadas
ficam inundadas por longos períodos de tempo.

6.5.2. Clima
No que se refere ao clima a região sul do país onde se localiza a Cidade de Maputo e
consequentemente o Bairro Costa do Sol é caracterizada por um regime anticiclónico e de
depressões de latitudes médias. O clima é assim variado , com reflexos da variação da chuva
de um ano para outro e de lugar para lugar, portanto de acordo com classificação climática
de Wilhem Koppen é um clima tropical chuvoso (Awa) , com chuvas concentradas no verão e
um verão quente. A média das temperaturas mensais é da ordem dos 23,1 °C , registando-se
o máximo em Fevereiro, com 35,9° C.
As quedas pluviométricas anuais na cidade de Maputo chegam em media a atingir 757.5 mm
de acordo com INAM(2005)

6.5.3. Vegetação e Fauna

O bairro apresenta paisagens arborizadas constituída na sua maior parte pela cobertura de
mangal. As plantas ou vegetação que o bairro apresenta, aparecem de forma isolada em
quintais sendo a destacar árvores de frutas, de sombra entre outras Musa (bananeira)
Anacardium ocidental (Cajueiro, mangueira, canhoeiro, coqueiro, abacateiro, limoeiro,
laranjeira , goiabeira (Massolonga 2002).
A fauna predominante existente no bairro restringe-se essencialmente a grupos como
insectos, répteis, aves e roedores.

21
No bairro ocorrem aves marinha que se alimentam na sua maior parte de mariscos que se
encontram no litoral do bairro costa do solo podendo destacar-se as espécies de peixe como
magumba, caranguejo, amêijoa, camarão, etc.
6.5.4. As áreas ambientalmente sensíveis

O mapa de Condicionantes do Bairro apresenta três áreas distintas: (i) zonas agrícolas;(ii)
Zonas de Depressão Fisiológica (iii) zonas de inundação;
As referidas áreas para o presente Plano Parcial de Urbanização poderão ser identificadas
segundo a ocorrência de tipos de solos e de vegetação específica. Cada uma das áreas
identificadas foi classificada como sendo sensível ao ambiente num ou mais aspectos8. Em
alguns casos, o tipo de solos poderá ser considerado como precário tanto como impróprio,
devido aos perigos naturais e aos seus préstimos ecológicos.
O ambiente natural e paisagístico do Bairro é afectado pela via de inundações por via dos
riachos e canais de água existentes no bairro.
Estas áreas são as que servem para atenuar as cheias súbitas, tornando-se impróprias para
ocupação, devido às inevitáveis mudanças provocadas nos solos tornando-os alagadiços e
enlameados. As planícies de inundação fornecem habitats valiosos para a fauna
A descrição das áreas classificadas é de seguida apresentada a sua sensibilidade ambiental e
as possíveis limitações para o desenvolvimento urbano.
(i) Zonas Agrícolas

Sensibilidade Ambiental Limitações para o desenvolvimento


habitacional
Nestas áreas a terra possui um mínimo de relevo, os solos São terras com solos de aspecto que vão de encontro aos
são pesados e com fraca drenagem, textura e profundidade critérios de boa terra para a agricultura. Daí que o uso da
assinalável. São solos sem altos níveis de sais ou sodas. terra agrícola para desenvolvimento urbano para outros fins
Estas áreas ocorrem na parte Este do Bairro. A ausência de que não seja a produção alimentar não seja aconselhável.
um sistema de drenagem funcional tem estado a reduzir
gradualmente a sua aptidão agrícola.

(ii) Zonas em Depressão Fisiográfica

Sensibilidade ambiental Limitações para o desenvolvimento habitacional:


Estas áreas de cotas baixas formam bacias para as quais as São áreas sem sistemas de drenagem projectadas, achando-se
águas de superfície correm provenientes da drenagem dos mesmo muito onerosas para o desenvolvimento urbano. As
solos adjacentes; actuam como contentores para a água, águas das chuvas tendem a acumular, dificultando a
com vários graus de retenção; a retenção de águas deriva circulação de pessoas e de meios de transporte, e pondo em
das características dos solos pouco permeáveis, da elevação perigo a saúde pública através da contaminação de aquíferos
da água subterrânea e da porosidade da superfície do solo. tornando-se zonas hospedeiras de parasitas e de número
O solo com as características descritas localiza-se na actual crescente de populações de insectos.
área onde se desenvolve o projecto das 200 habitações.

8
No contexto do plano, o termo "sensível ao ambiente" inclui tipos de solos que são: ou delicados para o desenvolvimento urbanos, ou impróprios para o des-
envolvimento geral, devido ao seu valor ecológico.
22
(iii) Zonas de inundação
Sensibilidade ambiental Limitações para o desenvolvimento habitacional:
Estas zonas húmidas ou são regularmente inundadas por água, Porque estas terras são regularmente inundadas por água, elas são
normalmente sob a influência de chuvas sobretudo devido à textura claramente inseguras para a ocupação habitacional. À parte os
dos seus solos e às características geomorfológicas do local. Toda impedimentos para utilização humana devido à humidade, elas são
a extensão Norte e Este do Bairro possui áreas de inundação. A locais impróprios para infra-estruturas urbanas, incluindo estradas e
fraca gestão do sistema de drenagem nestas áreas agrava a situação caminhos-de-ferro, a menos que sejam executados alicerces ou
sobretudo no período chuvoso. fundações especialmente projectados e com construção de aterros.

6.6. Dinâmica da ocupação do Solo e compromissos Urbanísticos

O Bairro objecto do Plano Parcial de Urbanização teve uma ocupação de natureza urbana
quando decorria o período da administração colonial portuguesa9. Pretendia-se na época
instalar facilidades de índole habitacional para parte significativa do bairro e outras
comodidades destinadas à parte destinada ao desenvolvimento da agricultura urbana. Depois
da independência nacional e com o decrescimento da economia do país os projectos de
urbanização e de desenvolvimento habitacional individual caíram em declínio.

O Bairro teve uma ocupação mais acentuada a partir da década 80 fruto das pressões
demográficas provocadas pelas grandes movimentações populacionais originadas pela guerra na
década e, mais tarde pelo processo de arrendamento de residências na parte central da Cidade de
Maputo inclusivamente do próprio bairro. A expectativa de ocupação deste bairro era o de
resolver a questão habitacional com um mínimo de infra-estruturas garantido. O Bairro nos anos
90 2000 surgiu um núcleo habitacional para tropas desmobilizadas resultantes do Acordo de Paz
de 1994. Em 2010 o Conselho Municipal iniciou um processo de parcelamento de novas áreas
para o desenvolvimento habitacional. O processo de ocupação destas zonas decorre de forma
muito lenta. Ainda no bairro duas empresas desenvolvem um programa de reordenamento de
áreas de ocupação informal.
A localização privilegiada em relação ao núcleo da cidade atraiu novos habitantes e
consequentemente a efectivação de novos loteamentos. Tais atribuições foram acontecendo
de forma não controlada resultando no actual caos de ordenamento territorial no Bairro.
Recentemente o bairro um grande projecto de desenvolvimento habitacional: Casa Jovem.
6.6.1. Uso e gestão actual do solo
O bairro possui em comum uma ocupação do solo dominada por duas funções: função
residencial e função agrícola. A função residencial é apenas quebrada a Oeste onde coabita
com a função agrícola. O uso agropecuário é desenvolvido junto ao longo de áreas húmidas
através de pequenas hortas. O espaço ocupado pelas áreas de produção agrícola está sendo
explorada por 3 associações de camponeses como foi já referido.

9
O Plano Director de Urbanização de Lourenço Marques (PDULM) na sua folha 41 – Estudo da evolução urbanística
referindo-se ao Plano Regulador de Ocupação do Solo nos Arredores de Lourenço Marques (PROSLAM) de 1966 classifica
a área ocupada pelo da Costa do Sol” como sendo destinada à expansão habitacional e desenvolvimento da agricultura
urbana.
23
Figura 6: Uso Actual do Solo no do Bairro da Costa do Sol

Fonte: Levantamento no terreno pela equipa de Planeamento, 2012

Uma primeira aproximação para se obter a terra para usos específicos tais como habitação e
outros, inicia muitas vezes com a identificação da área pretendida num processo “conduzido”
pelas estruturas locais do bairro mediante a manifestação dos interessados. A atribuição do
título de Direito de Uso e Aproveitamento da Terra é decidido pela entidade municipal. No
Bairro existe uma unidade permanente de acompanhamento dos processos de ocupação e de
tramitação do expediente para efeitos de atribuição do DUAT. Trata-se do Secretariado do
Bairro que tramita os processos para a Direcção dos Serviços Municipais de Planeamento
Urbano e Ambiente (DMPUA). Presentemente os pedidos para a formalização dos direitos de
uso e aproveitamento da terra estão suspensos aguardado pela elaboração do presente plano
parcial de urbanização.
O controlo da utilização de parcelas no perímetro agrícola é presentemente gerido pelas
associações de camponeses. Estas aprovam as candidaturas para o aproveitamento agrícola da
terra para os seus associados desde que cumpram com o estipulado nos estatutos da
associação. Nenhuma associação possui título definitivo de Direito de Uso e Aproveitamento
de Terra, estando as associações simplesmente com o título provisório.
O Bairro possui algumas espaços livres sendo que, a maioria localiza-se em áreas
susceptíveis inundação.

24
6.6.2. A Caracterização Urbana e o Balanço de áreas

6.6.2.1. Caracterização Urbana

i. Zona de cimento

O desenvolvimento do tecido urbano verifica-se a Sudoeste do Bairro obedecendo a


disponibilidade de áreas para o desenvolvimento habitacional em disputa com áreas afectas à
estrutura ecológica. A malha urbana é ortogonal, especialmente junto à orla marítima.
Apresenta-se heterogeneidade na parte central oeste onde despontam núcleos significativos
de condomínios habitacionais. Nesta zona algumas ruas são descontínuas.

O traçado das ruas tinha como objectivo responder as exigências do território e estabelecer
um fluxo de trânsito. A zona urbana desenvolve-se em linha horizontal, e situa-se numa faixa
relativamente plana.

ii. Zona de ocupação espontânea

O bairro possui parte significativa ocupada de forma espontânea. Estes assentamentos


surgiram espontaneamente um pouco pela extensão do bairro e, estão mal equipados sob
todos os pontos de vista. Alguns destes assentamentos localizam-se em áreas susceptíveis a
inundação ou pela acção pluvial ou pela invasão marinha. Parte considerável dos habitantes
que ocupam o bairro possui níveis de renda baixos. A habitação é de construção precária.
Algumas áreas não beneficiam do fornecimento de energia eléctrica e de abastecimento de
água canalizada. O bairro, no ano de 2010 teve uma forte intervenção no que se refere ao
abastecimento de água e energia eléctrica.

a) Uso Dominante do Solo

A área de intervenção ocupa (perímetro proposto pelo PPUBC) 1818,11 Ha (18,18 km2). São
urbanizáveis cerca de 1644,08Ha (16,44 km2), estando actualmente ocupadas cerca de
1542,08 Ha (15,42 km2). Os principais usos do solo dividem-se entre a área antropizada e
área de paisagem natural. O conjunto dos Espaços Urbanizados e Urbanizáveis, totalizam
1230,82 Ha (12,31 KM2 ) cerca de 67,70% do total do bairro sendo que parte restante de
587,29 Ha (5,87 Km2) cerca de 32,30% é ocupada pela paisagem natural.
b) As Diferentes Classes, Categorias do Uso do Solo
i. As áreas Urbanizadas
Nas áreas urbanizadas despontam dois tipos de uso prevalentes: Habitação unifamiliar de
baixa densidade e habitação plurifamiliar de média densidade.

Área Habitacional de Baixa Densidade – Trata-se de uma área residencial do tipo unifamiliar
formalmente demarcada e com regularização urbanística. Possui um nível de
infraestruturação intermédia. A área possui uma densidade com menos de 30 habitações/há.
Nesta área a dispersão ou mesmo a escassez de serviços e do comércio formal é evidente. Todas as
vias carecem de pavimentação.

25
Área Habitacional de Média Densidade – Trata-se de uma área de desenvolvimento
habitacional estabelecida em 2010 fruto do desenvolvimento de uma iniciativa privada para a
promoção de habitação para jovens. A habitação desenvolvida é do tipo plurifamiliar
comportando edifícios com cérceas os 12 e os 24 metros. A ocupação caracteriza-se por ser
de média densidade com menos de 60 habitações/há. Esta área contempla equipamentos
colectivos de utilidade pública que estão ainda a nível de projecto. Está também por
completar o sistema de drenagem de águas pluviais e o sistema viário.

Fig. 7:Espaço Urbanizado do Bairro Costa do Sol – Área Habitacional de Baixa Densidade
Fonte: Imagem Google 2013

ii. Áreas Urbanizáveis


Tal como grande parte dos bairros da cidade de Maputo, o Bairro da Costa do Sol é também
caracterizado por possuir significativas áreas urbanizáveis. Os espaços urbanizáveis ocupam no
conjunto de cerca de 1080,07 há (10,80 Km2) representando 80% quando confrontado com a
área urbanizada. Nos espaços urbanizáveis, onde a tipologia dominante é a habitacional
unifamiliar verificam-se severas carências de infra-estruturas e equipamento de interesse
público. Nestes espaços urbanizáveis localizam-se áreas carentes tanto da segurança jurídica no seu
uso e aproveitamento como de demarcação e registo no cadastro municipal.

26
Fig. 8:Espaço Urbanizável do Bairro Costa do Sol – Área Habitacional de Baixa Densidade
Fonte: Imagem Google 2013

O crescente fluxo de pessoas para a Cidade de Maputo aliado ao crescimento natural da


população tem provocado nos tempos mais recentes a ocupação de zonas de risco na cidade
de Maputo tendo como por exemplo o Bairro da Costa do Sol onde as zonas de inundação e
de invasão marinha são ocupadas sem que se respeitem as normas urbanísticas

iii. Áreas Industriais

O Bairro não possui áreas com localização expressas de actividades industriais. A única
actividade industrial que ocupa 35 Ha de extensão territorial estava destinada à extracção do
sal encontrando-se semiparalisada há sensivelmente 30 anos. Esta actividade tinha como
alternativa o desenvolvimento da aquacultura. Esta área localiza-se na parte central onde
confluem as águas resultantes da intrusão salina.

Fig. 9: Espaço para Actividade Industrial do Bairro Costa do Sol – Indústria Extractiva e Tanques Piscícolas
Fonte: Imagem Google 2013
27
iv. Áreas de Desporto e Recreação

As áreas reservadas para a prática do desporto cultura e recreação são exíguas. Representam
apenas 3,55 Há. Com uma utilidade extensiva à Cidade de Maputo o campo de golfe é a
única expressão e referência desportiva demarcada no território. O campo de golfe tem a sua
continuidade no Bairro da Polana Caniço. Não possui facilidades de apoio para este tipo de
actividade. Na parte central do bairro junto ao projecto “Casa Jovem” os moradores locais
recorrem a um campo de futebol demarcado informalmente.

Fig. 10: Espaço para Actividade Desportiva e Recreação do Bairro Costa do Sol – Campo de Golfe
com continuidade no Bairro da Polana Caniço
Fonte: Imagem Google 2013

v. Área Agrícola

O Bairro da Costa foi nos anos 80 um dos maiores contribuintes em terras para o
desenvolvimento da agricultura urbana. Paulatinamente o bairro vem perdendo as suas áreas
agrícolas a favor do desenvolvimento habitacional. Presentemente o bairro possui 10,68 Há
destinados ao desenvolvimento agrícola.

A redução das áreas agrícolas é sobretudo fruto da mudança de actividade requerida pelas
associações agrícolas que detém as áreas produtivas. Apesar de ser uma área salubre e com
sérios problemas ambientais, a Costa do Sol é um dos bairros de Maputo que tem vindo a
registar uma forte concorrência pelas terras nos últimos anos 5 anos, impulsionado pelo
grande crescimento na construção de residências e mansões luxuosas. Efectivamente , o
argumentos colocados incidem sobre o assoreamento da rede de drenagem, redução
progressiva e drástica da produtividade e salinidade dos solos. Por estes motivos três
associações de camponeses nomeadamente a Associação Tomás Sankara (ATS), Associação
dos Produtores Agrícolas de Maguiguane (APAM), Associação Armando Emílio Guebuza
(AAEG) e Associação dos Amigos de Mapulene (AAM).

28
A transição das áreas agrícolas para áreas habitacionais tem sido feita sob o conhecimento
das autoridades do Município de Maputo, todavia ao nível dos associados tem-se registado
alguma resistência prevalecendo os ideais daqueles que pretendem ceder os terrenos agrícolas
a favor do desenvolvimento habitacional.

Fig. 11: Espaço para Actividade Agrícola do Bairro Costa do Sol


Fonte: Imagem Google 2013

vi. Área Afecta à Estrutura Ecológica

O Bairro da Costa do Sol possui uma área significativa afecta à estrutura ecológica que
totaliza 499,20 Ha representando 27, 46 % da área total distribuída entre Área Verde de
Protecção constituída por Mangal e a Área Verde de Protecção constituída por Mato
A área Verde de Protecção que ocupa uma extensão de 237,70 Ha de Mangal é formada
pela invasão marinha e com um confluência das águas pela costa a dentro formando uma
planície de inundação. Esta área tem vindo a ser invadida gradualmente num processo no
qual as autoridades do Município de Maputo são frequentemente confrontadas com situações
complexas de ocupação e de invasão do mangal.

A área de Verde de Protecção que ocupa uma extensão de 261,50 Ha de Mato ocorre com
maior predominância nas duas ilhas de Xefina, respectivamente a Xefina Grande e a
Pequena. Trata-se de uma área que tem pouca intervenção humana. As actividades comuns
incluem o desenvolvimento da pesca servindo de acampamento dos pescadores. Os maiores
perigos da redução da vegetação das ilhas provem do mar. A Xefina grande tem vindo a
perder significativa do seu território.

29
Fig. 12: Área Verde de Protecção (Mangal) Fig. 13: Área Verde de Protecção (Mata) Vista Parcial da Ilha da
Xefina
Fonte: Imagem Google, 2013

vii. Espaço para Equipamentos Colectivos de Utilidade Pública

No bairro os equipamentos colectivos de utilidade pública são escassos. São referência os


equipamentos alistados nas tabelas 7 e 8. A extensão do bairro acaba por reduzir a eficácia
dos raios de influência desses equipamentos.

Viii Espaços para Usos Espaciais

No Bairro não existem espaços para usos espaciais tais como cemitérios, locais de depósito
de resíduos sólidos que exijam cuidados especiais. A Oeste do Bairro existe uma área de 35
Há onde outrora funcionara um aeródromo. Todavia, o Ministério dos Transportes e
Comunicações no exercício da elaboração deste Plano Parcial de Urbanização apresentou
uma proposta para alteração do seu uso.

Ix. Espaço para Rede de Infra-estruturas

No Bairro a rede de infra-estruturas não é planificada. A rede de estradas não possui


hierarquias e não permite acessibilidade fácil para o seu interior. A rede de energia eléctrica
está estruturada nas áreas urbanizadas, o mesmo sucedendo com rede de abastecimento de
água. A rede de telecomunicações nomeadamente a da telefonia móvel cobre todo o bairro.

6.6.3. O Balanço das áreas

O actual balanço do uso do solo revela um maior uso (59,41 %)para as áreas urbanizáveis
que são aquelas que maioritariamente são de ocupação espontânea. A área afecta à estrutura
ecológica também possui expressão representando a área de mata e de mangal em conjunto
27,45% do total. A área urbanizada representa apenas 4,01 %. O balanço das áreas é
apresentado na tabela 13.

30
Tabela 13: Balanço dos diversos Tipos de Uso de do Solo

AREA
Classe Categoria Função Código (ha)
Área Habitacional Habitação unifamiliar de Baixa densidade
Área Hubd 72.82
Urbanizada Área Habitacional Habitação plurifamiliar de Media densidade
Hpmd 101.20
Área Área Habitacional Habitação unifamiliar de Baixa densidade
Urbanizável Hndp 1021.66
Área Multifuncional Habitação, Serviços, equipamentos e
Escritórios
AM 58.41
Área Industrial Área Industrial Indústria Exctrativa AInd 35.13
Área de
Desporto e Área de Desporto e
Recreação recreação Área Desportiva ADes 3.55
Bacia de Retenção
Área afecta a Estrutura
Área Afecta a
Ecológica Bar 15.45
Estrutura
Área afecta a Estrutura Área Verde de Protecção (Mangal)
Ecológica
Ecológica VPm 237.70
Área afecta a Estrutura Área Verde de Protecção (Mato)
Ecológica VPa 261.50
Área Agrícola Área Agrícola Área Agrícola VAg 10.68

TOTAL 1818.11
Fonte: Levantamento no terreno pela equipa de Planeamento, 2013

7. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS

O Diagnóstico aponta algumas áreas de desenvolvimento urbano com algumas fragilidades e


que, poderão ser solucionados com as intervenções do PPU do Bairro. As principais questões
são aqui resumidas: (i) ocupação em áreas ecologicamente sensíveis; (ii) áreas de ocupação
espontânea e desordenada, (iii) inundação e invasão marinha; (iv) ocupação de áreas de
protecção (mangal); v erosão costeira, e vi fraca acessibilidade e mobilidade.

• Ocupação em áreas ecologicamente sensíveis;

No bairro existem algumas áreas não


apropriadas para o desenvolvimento
habitacional. Estas áreas são principalmente
áreas ecologicamente sensíveis. Trata-se
deáreas localizadas nos quarteirões 1, 2, 3, 5,
7,18,33,34,35,36,53,57,62,74,81,50,83.
A extensão destas está indicada na Planta do
Uso do Solo e na Planta de Condicionantes.
Algumas destas zonas estão já ocupadas não se
prevendo alteração no horizonte deste plano.

Figura 14: Habitação em lugar impróprio

31
• ii. Áreas de Ocupação Espontânea e Desordenada

Uma situação de relevo relaciona-se com a ocupação espontânea e desordenada de


quase cerca de (1080.07 Ha) representando 59,41 do bairro. Trata-se dos quarteirões
(11, 12, 13, 14, 16, 17, 18, 22, 29,76, , 57,19, 46, 56,59,20,54,21,55,61, 63, 64, 65 67,
68, 58,45, 49,25,50,51,52,41,53,80,82,31,60,69, 70, 71, 72, 77 ,62). Os quarteirões tem
cem por cento de ocupação espontânea. As vias de circulação para o acesso de viaturas
é quase que inexistente. É necessário, em benefício da colectividade, que esta situação
seja corrigida. Entretanto, a implementação dessas vias requer a abertura de espaços na
área a ser beneficiada, e consequentemente a remoção de algumas moradias. Assim, as
comunidades deverão ser informadas com antecedência e sensibilizadas para a
necessidade de remoção de algumas famílias (que deverão provavelmente ser
indemnizadas dos custos decorrentes da remoção e realojadas de forma conveniente).
iii. Áreas susceptíveis à inundação e invasão marinha;
• O Bairro tem uma grande vulnerabilidade à inundações. Nos últimos anos 10 anos
(2000-2013) com o surgimento de construções e consequentemente aterro e
impermeabilização de extensas áreas esta situação tem vindo a piorar. Levantamentos
efectuados ao longo da elaboração do plano registaram as seguintes cotas susceptíveis
à inundação:
– Cota 14 a 20 metros: Áreas Inundáveis
– Cota 20 a 22 metros : Áreas Susceptíveis a Inundação

Figura 15 : Inundações 2013, Via principal que liga o Bairro da Costa do Sol a zona de Chiango (Prolongamento da
Av. Marginal)

Fonte: Equipa de Planeamento 2013

A questão das inundações é agrava da pela ausência de um sistema de drenagem das


águas pluviais.
(iv) Ocupação de áreas de protecção (mangal);
A área do mangal vem progressivamente a ser invadida por construções. A apetência
por estas áreas está relacionado com a escassez de espaços para o desenvolvimento
32
habitacional na Cidade de Maputo. Nos últimos cinco anos foram reportados casos de
demolição de edifícios construídos à margem do licenciamento municipal.
(v) Erosão costeira,
A erosão costeira tem estado a agravar-se que por acção de fenómenos naturais como invasão
marinha e força de ventos quer pela acção humana. É bem visível a alteração da morfologia
costeira e, se nada for feito algumas consequências abaixo mencionadas poderão agravar-se a
médio e longo prazo, nomeadamente:
• Redução significativa da largura das praias por perda contínua de material sólido;
• Redução da zona de praias entre marés, com perdas de habitats;
• Diminuição da altura das dunas e perda da sua vegetação;
• Redução da altura e volume de areias nas fundações dos troços protegidos por obras
aderentes e o aumento dos riscos da sua destruição;
• Redução das áreas de praia com valores balneares, numa zona onde a procura é muito
intensa;
• Alteração de valores paisagísticos;
• Aumento dos riscos de galgamento e degradação da Avenida da Marginal, e dos riscos
de algumas construções virem a ser afectadas

Figuras 16 e 17: Erosão Costeira

Fonte: Equipa de Planeamento, 2013

Na Ilha da Xefina a Erosão Costeira - é provocada pela invasão marinha. As principais


consequências são: perda de habitats naturais, destruição do património histórico e destruição
do património construído.

Figuras 18,19 e 20: Ilha da Xefina Grande – Erosão marinha

Fonte: Equipa de Planeamento, 2013

33
vi. Fraca Acessibilidade e Mobilidade
A ausência de vias de comunicação no interior do bairro dificulta a comunicação entre os
diferentes pontos do bairro. A deficiente comunicação verifica-se inclusivamente ao nível de
caminhos. O maior constrangimento tem a ver com a morfologia dos solos (pesados e de
grande capacidade de retenção das águas pluviais) que cria barreiras naturais para a
circulação de pessoas e de bens sobretudo no período das chuvas.

vii. Frequentes conflitos de terra

O Bairro da Costa do Sol tem estado a registar um afluxo crescente de cidadão à procura de
terras para o desenvolvimento habitacional. Esta apetência tem estado a motivar os
habitantes locais para um negócio de terras. A transação de terras que, na maioria das vezes
não ocorre de forma legal tem estado a gerar conflito de terras sobretudo pela atribuição
dupla dos menos terenos ou mesmo a indicação de áreas impróprias. Foram já registados
casos onde as autoridades do Município de Maputo tiveram que demolir um número
significativo de habitações.

viii Distribuição desproporcional de equipamentos colectivos de utilidade pública

A extensão do bairro e a dispersão das áreas potenciais para o desenvolvimento


habitacional aliado à morfologia são factores que determinam a densidade e a dispersão
da localização de equipamentos colectivos de utilidade pública.

34
8. BIBLIOGRAFIA:

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November, 2007;
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36

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