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UNICAMP/ FUVEST

Professores: Humberto Paixão e Fabiana Valadão

01 - (FUVEST SP/2015)

Examine a tirinha.

a) De acordo com o contexto, o que explica o modo de falar das personagens


representadas pelas duas traças?

b) Mantendo o contexto em que se dá o diálogo, reescreva as duas falas do primeiro


quadrinho, empregando o português usual e gramaticalmente correto.

02 - (FUVEST SP/2015) ​Examine a seguinte matéria jornalística::

Sem-teto usa topo de pontos de ônibus em SP como cama

Às 9h desta segunda (17), ninguém dormia no ponto de ônibus da rua Augusta com a
Caio Prado. Ninguém a não ser João Paulo Silva, 42, que chegava à oitava hora de sono
em cima da parada de coletivos.

“Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É gostoso. O teto tem um vidro e
uma tela embaixo, então não dá medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo,
pra ficar menos duro, e ninguém te incomoda”, disse Silva depois de acordar e descer da
estrutura. No dia, entretanto, ele estava sem a coberta, “por causar de matar”.

Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo numa empresa de carreto. Faço o
que dá”), ele varia o local de pouso. “Às vezes é aqui no centro, já dormi em Pinheiros e até
em Santana. Mas é sempre nos pontos,porque eu não vou dormir na rua”​.

www1.folha.uol.com.br,​ ​19/03/2014. Adaptado.


a) Qual é o efeito de sentido produzido pela associação dos elementos visuais e verbais
presentes na imagem acima? Explique.

b) O vocábulo “pra”, presente nas declarações atribuídas a João Paulo Silva, é próprio da
língua falada corrente e informal. Cite mais dois exemplos de elementos linguísticos
com essa mesma característica, também presentes nessas declarações.

03 - (FUVEST SP/2015)

Leia o seguinte texto jornalístico:

PARA PARA

Numa de suas recentes críticas internas, a ombudsman desta ​Folha propôs uma
campanha para devolver o acento que a reforma ortográfica roubou do verbo “parar”. Faz
todo sentido.

O que não faz nenhum sentido é ler “São Paulo para para ver o Corinthians jogar”. Pior
ainda que ler é ter de escrever.

Juca Kfouri, ​Folha de S. Paulo​, 22/09/2014. Adaptado.

a) No primeiro período do texto, existe alguma palavra cujo emprego conota a opinião
do articulista sobre a reforma ortográfica? Justifique sua resposta.

b) Para evitar o “para para” que desagradou ao jornalista, pode-se reescrever a frase
“São Paulo para para ver o Corinthians jogar”, substituindo a preposição que nela
ocorre por outra de igual valor sintático-semântico ou alterando a ordem dos termos
que a compõem. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.

04 - (FUVEST SP/2015)

Leia o seguinte texto:

Mal traçadas

Canadá planeja extinguir os carteiros

No mundo inteiro, os serviços de correio tentam se adaptar à disseminação do ​e-mail​,


do Facebook, do SMS e do Skype, que golpearam quase até a morte os hábitos tradicionais
de correspondência, mas em nenhum lugar se chegou tão longe quanto no Canadá. Em
dezembro, o ​Canada Post anunciou nada menos que a extinção do carteiro tal como o
conhecemos. A meta é acabar com o andarilho uniformizado que, faça chuva ou faça sol,
distribui envelopes de porta em porta e, às vezes, até conhece os rostos por trás dos
nomes dos destinatários. Os adultos de amanhã se lembrarão dele tanto quanto os de hoje
se recordam dos leiteiros, profetizou o ​blog de assuntos metropolitanos do jornal ​Toronto
Star​, conformado à marcha inelutável da modernidade tecnológica.

Claudia Antunes, http://revistapiaui.estadao.com.br. Adaptado.

a) Qual é a relação de sentido existente entre o título “Mal traçadas” e o assunto do


texto?

b) Sem alterar o sentido, reescreva o trecho “conformado à marcha inelutável da


modernidade tecnológica”, substituindo a palavra “conformado” por um sinônimo e
o adjetivo “inelutável” pelo verbo lutar, fazendo as modificações necessárias.
Exemplo: “marcha ​inevitável da modernidade tecnológica” = marcha da modernidade
tecnológica que não se pode evitar​.

05 - (FUVEST SP/2015)

Leia a seguinte mensagem publicitária de uma empresa da área de logística:

A gente anda na linha para levar sua empresa mais longe

Mudamos o jeito de transportar contêineres no Brasil e Mercosul. Através do modal


ferroviário, oferecemos soluções logísticas econômicas, seguras e sustentáveis.

a) Visando a obter maior expressividade, recorre-se, no título da mensagem, ao


emprego de expressão com duplo sentido. Indique essa expressão e explique
sucintamente.

b) Segundo o anúncio, uma das vantagens do produto (transporte ferroviário) nele


oferecido é o fato de esse produto ser “sustentável”. Cite um motivo que justifique
tal afirmação.

06 - (FUVEST SP/2015)

Limite inferior

Aprendi muito com o economista – filósofo Roberto de Oliveira Campos,


particularmente quando tive a honra e a oportunidade de conviver com ele durante anos
na Câmara dos Deputados. Sentávamos juntos e assistíamos aos mesmos discursos, alguns
muito bons e sábios.
Frequentemente, diante de alguns incontroláveis colegas que exerciam uma oratória de
alta visibilidade, com os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia, Roberto me
surpreendia com a afirmação: “Delfim, acabo de demonstrar um teorema”. E sacava uma
mordaz conclusão crítica contra o incauto orador.

Um belo dia, um falante e conhecido deputado ensurdeceu o plenário com uma gritaria
que entupiu os ouvidos dos colegas. A quantidade de sandices ditas no longo discurso com
o ar de quem estava inventando o mundo fez Roberto reagir com incontida indignação.
Soltou de supetão: “Delfim, construí um axioma, uma afirmação preliminar que deve ser
aceita pela fé, sem exigir prova: a ignorância não tem limite inferior”. E completou, com a
perversidade de sua imensa inteligência: “Com ele poderemos construir mundos
maravilhosos”.

Antonio Delfim Netto, ​Folha de S. Paulo​, 17/09/2014. Adaptado.

a) Explique por que o axioma formulado por Roberto de Oliveira Campos tornaria
possível “construir mundos maravilhosos”.

b) Identifique o trecho do texto que explica o emprego da expressão “oratória de alta


visibilidade”.

07 - (FUVEST SP/2014)

Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimentício:

EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O MELHOR DA NATUREZA

Selecionamos só o que a natureza tem ​de melhor para levar até a sua casa. Porque faz
parte da natureza dos nossos consumidores ​querer produtos saborosos, nutritivos e, acima
de tudo, confiáveis.

www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado.

Procurando dar maior expressividade​ ​ao texto, seu autor

a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.

b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.

c) explora o caráter polissêmico das palavras.

d) mescla as linguagens científica e jornalística.

e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos contrários.


08 - (FUVEST SP/2014)

Considere o seguinte texto, para atender ao que se pede:

O orgulho é a consciência (certa ou errada) do nosso próprio mérito; a vaidade, a


consciência (certa ou errada) da evidência do nosso próprio mérito para os outros. Um
homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser ambas as coisas, vaidoso e
orgulhoso, pode ser — pois tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso. É difícil
à primeira vista compreender como podemos ter consciência da evidência do nosso mérito
para os outros, sem a consciência do nosso próprio mérito. Se a natureza humana fosse
racional, não haveria explicação alguma. Contudo, o homem vive a princípio uma vida
exterior, e mais tarde uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a
noção de causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser exaltado por aquilo que
não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em ação.

Fernando Pessoa, ​Da literatura europeia​.

a) Considerando-a no contexto em que ocorre, explique a frase “o homem vive a


princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior”.

b) Reescreva a frase “O homem prefere ser ​exaltado por aquilo que não é, a ser ​tido em
menor conta por aquilo que é”, substituindo por sinônimos as expressões
sublinhadas.

09 - (FUVEST SP/2014)

Leia o seguinte trecho de uma reportagem, para em seguida atender ao que se pede:

Cantoria de sabiá-laranjeira na madrugada divide ouvidos paulistanos

Diz uma antiga lenda indígena que, durante as madrugadas, no início da primavera,
quando uma criança ouve o canto de um sabiá-laranjeira, ela é abençoada com amor,
felicidade e paz. Isso lá na floresta. Na selva urbana, a história é outra: tem gente se
revirando na cama com a sinfonia que chega a durar duas horas seguidas antes mesmo de
clarear o dia.

“Morei 35 anos no interior paulista e nunca fui acordada por passarinho algum”, conta
uma moradora do Brooklin (zona sul). “Agora, em plena São Paulo barulhenta e caótica,
minhas madrugadas têm sido bem diferentes”.

Folha de S. Paulo​, 16/09/2013. Adaptado.


a) Tendo em vista o contexto, é possível concluir, de modo irrefutável, que a citada
moradora do Brooklin faz parte dos paulistanos que não apreciam o canto do
sabiá-laranjeira? Justifique com base no texto.

b) Reescreva os trechos do texto que se encontram em discurso direto, empregando o


discurso indireto e fazendo as modificações necessárias.

10 - (FUVEST SP/2015)

Examine a figura

Os versos de Carlos Drummond de Andrade que mais adequadamente traduzem a principal


mensagem da figura acima são:
a) Stop.
A vida parou
Ou foi o automóvel?

b) ​As casas espiam os homens


que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
Não houvesse tantos desejos.

c) ​Um silvo breve. Atenção, siga.


Dois silvos breves: Pare.
Um silvo breve à noite: Acenda a lanterna.
Um silvo longo: Diminua a marcha.
Um silvo longo e breve: Motoristas a postos.
(A este sinal todos os motoristas tomam lugar nos
Seus veículos para movimentá-los imediatamente.)

d) ​proibido passear sentimentos


ternos ou
nesse museu do pardo indiferente

e) ​Sim, meu coração é muito pequeno.


Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.

11 - (UNICAMP SP/2015)

Os textos abaixo foram retirados da coluna “Caras e bocas”, do Caderno Aliás, do jornal ​O
Estado de São Paulo​:

“A intenção é ​salvar ​o Brasil.”

Ana Paula Logulho, professora e entusiasta da segunda “Marcha da Família com Deus pela
Liberdade”, que pede uma intervenção militar no país e pretendeu reeditar, no sábado, a
passeata de 19 de março de 1964, na capital paulista, contra o governo do Presidente
João Goulart.

“Será um evento ​esculhambativo ​em homenagem ao outro de São Paulo.” José Caldas,
organizador da “Marcha com Deus e o Diabo na Terra do Sol”, convocada pelo ​Facebook
para o mesmo dia, no Rio de Janeiro.

(​O Estado de São Paulo​, 23/03/2014, Caderno Aliás, E4. Negritos presentes no original.)

a) Descreva o processo de formação de palavras envolvido em “esculhambativo”,


apontando o tipo de transformação ocorrida no vocábulo.

b) Discorra sobre a diferença entre as expressões “evento esculhambado” e “evento


esculhambativo”, considerando as relações de sentido existentes entre os dois textos
acima.

12 - (UNICAMP SP/2015)

No texto abaixo, há uma presença significativa de metáforas que auxiliam na construção


de sentidos. Ag 2711 cc 29783-6 cpf 992482551-91

Entre silêncios e diálogos

Havia uma desconfiança: o mundo não terminava onde os céus e a terra se encontravam.
A extensão do meu olhar não podia determinar a exata dimensão das coisas. Havia o
depois. Havia o lugar do sol se aninhar enquanto a noite se fazia. Havia um abrigo para a
lua enquanto era dia. E o meu coração de menino se afogava em desesperança. Eu que
não era marinheiro nem pássaro - sem barco e asa.
Um dia aprendi com Lili a decifrar as letras e suas somas. E a palavra se mostrou como
caminho poderoso para encurtar distância, para alcançar onde só a fantasia suspeitava,
para permitir silêncio e diálogo. Com as palavras eu ultrapassava a linha do horizonte. E o
meu coração de menino se afagava em esperança.

Ao virar uma página do livro, eu dobrava uma esquina, escalava uma montanha,
transpunha uma maré.

Ao passar uma folha, eu frequentava o fundo dos oceanos, transpirava em desertos para,
em seguida, me fazer hóspede de outros corações.

Pela leitura temperei a minha pátria, chorei sua miséria, provei de minha família, bebi de
minha cidade, enquanto, pacientemente, degustei dos meus desejos e limites.

Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu cais, a minha rota. Pelo
livro soube da história e criei os avessos, soube do homem e seus disfarces, soube das
várias faces e dos tantos lugares de se olhar. (...) Ler é aventurar-se pelo universo inteiro.

(Bartolomeu Campos de Queirós, ​Sobre ler, escrever e outros diálogos. ​Belo Horizonte:
Autêntica, 2012, p. 63.)

a) No trecho “Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu cais, a
minha rota”​, ​há metáforas que expressam a experiência do autor com a leitura.
Escolha uma dessas metáforas e explique-a, considerando seu sentido no texto.

b) O texto mostra que a experiência de leitura promove uma importante mudança


subjetiva. Explique essa mudança e cite dois trechos nos quais ela é explicitada.

13 - (UNICAMP SP/2014)

Na última década, os sites de comércio eletrônico têm alterado preços com base em seus
hábitos na Web e atributos pessoais. Qual é a sua situação geográfica e seu histórico de
compras? Como você chegou ao site de comércio eletrônico? Em que momentos do dia
você o visita? Toda uma literatura emergiu sobre ética, legalidade e promessas
econômicas de otimização de preços. E o campo está avançando rapidamente: em
setembro passado, o Google recebeu a patente de uma tecnologia que permite que uma
companhia precifique de forma dinâmica o conteúdo eletrônico. Pode, por exemplo, subir
o preço de um livro eletrônico se determinar que você tem mais chances de comprar
aquele item em particular do que um usuário médio; ao contrário, pode ajustar o preço
para baixo como um incentivo se julgar que é menos provável que você o compre. E você
não saberá que está pagando mais do que outros exatamente pelo mesmo produto.

(Michael Fertik, Um conto de duas internets. ​Scientific American Brasil​,

São Paulo, março 2013, p. 18.)

a) Considerando as informações presentes no trecho, explique o sentido de “precificar”.


b) Substitua os dois conectivos “se” sublinhados, fazendo as adaptações gramaticais
necessárias e mantendo o nível de formalidade do período.

14 - (UNICAMP SP/2014)

​ isponível em planetasustentavel.
(Adaptado de ​Planeta Sustentável. D
abril.com.br/infográficos/#content . Acessado em 29/10/ 2013.)

a) Os infográficos apresentam informações de forma sintética, utilizando imagens,


cores, organização gráfica, etc. Indique dois exemplos, do infográfico reproduzido
acima, em que a informação é apresentada por meio de linguagem não verbal.

b) Considerando o veículo em que foi publicado, a revista ​Planeta Sustentável​, qual é a


finalidade desse infográfico?

15 - (UNICAMP SP/2014)

TENHO PENA DOS ASTRÔNOMOS​.

Eles podem ver os objetos de sua afeição – estrelas, galáxias, quasares – apenas
remotamente: na forma de imagens e telas de computador ou como ondas luminosas
projetadas de espectrógrafos antipáticos. Mas, muitos de nós, que estudam planetas e
asteroides, podem acariciar blocos de nossos amados corpos celestes e induzi-los a
revelar seus mais íntimos segredos. Quando eu era aluno de graduação em astronomia,
passei muitas noites geladas observando por telescópios aglomerados de estrelas e
nebulosas e posso garantir que tocar um fragmento de asteroide é mais gratificante
emocionalmente: eles oferecem uma conexão tangível com o que, de outra forma,
pareceria distante e abstrato.

Os fragmentos de asteroides que mais me fascinam são os condritos. Esses meteoritos,


que compõem mais de 80% dos que se precipitam do espaço, derivam seu nome dos
côndrulos que praticamente todos contêm - minúsculas esferas de material fundido,
muitas vezes menores do que um grão de arroz. (...) Quando examinamos finas fatias de
condritos sob um microscópio, ficamos sensibilizados da mesma maneira como quando
contemplamos pinturas de Wassily Kandinsky e outros artistas abstratos.
(Alan E. Rubin*, Segredos dos meteoritos primitivos.
Scientific American Brasil​. março 2013, p. 49.)

* Alan E. Rubin é geofísico e leciona na Universidade da Califórnia.

a) Esse trecho, que introduz um artigo científico sobre meteoritos primitivos, apresenta
um estilo pouco usual nessa espécie de texto. Indique duas expressões nominais ou
verbais do texto que identificam esse estilo.

b) Nesse trecho, ocorre uma alternância entre o uso da primeira pessoa do singular e o
da primeira pessoa do plural. Dê uma justificativa para o uso dessa alternância na
passagem.

16 - (UNICAMP SP/2014)

A sobrevivência dos meios de comunicação tradicionais demanda foco absoluto na


qualidade de seu conteúdo. A internet é um fenômeno de desintermediação. E que futuro
aguardam os meios de comunicação, assim como os partidos políticos e os sindicatos,
num mundo desintermediado? Só nos resta uma saída: produzir informação de alta
qualidade técnica e ética. Ou fazemos jornalismo de verdade, fiel à verdade dos fatos,
verdadeiramente fiscalizador dos poderes públicos e com excelência na prestação de
serviços, ou seremos descartados por um consumidor cada vez mais fascinado pelo
aparente autocontrole da informação na plataforma virtual.

(Carlos Alberto di Franco, Democracia demanda jornalismo


independente. ​O Estado de São Paulo​, São Paulo, 14/10/2013, p. A2.)

a) “Desintermediação” é um termo técnico do campo da comunicação. Ele se refere ao


fato de que os meios de comunicação tradicionais não mais detêm o monopólio da
produção e distribuição de mensagens. Considerando esse “mundo
desintermediado”, identifique duas críticas ao jornalismo atual formuladas pelo
autor.

b) Os processos de formação de palavras envolvidos no vocábulo “desintermediação”


não ocorrem simultaneamente. Tendo isso em mente, descreva como ocorre a
formação da palavra “desintermediação”.

17 - (UNICAMP SP/2014)
(Disponível em coletivotransverso.blogspot.com.br. Acessado em 29/10/2013.)

A intervenção urbana acima reproduzida foi criada pelo Coletivo Transverso, um grupo
envolvido com arte urbana e poesia, que afixou cartazes como esses em muros de uma
grande cidade.

a) Que outro texto está referido em “SEGURO MORREU DE TÉDIO”?

b) A relação entre os dois textos – o do cartaz e aquele a que ele remete - é importante
para a interpretação dessa intervenção urbana? Justifique sua resposta.

18 - (UNICAMP SP/2013)

Leia a propaganda (adaptada) da Fundação SOS Mata Atlântica reproduzida abaixo e


responda às questões propostas.

a) Há no texto uma expressão de duplo sentido sobre a qual o apelo da propaganda é


construído. Transcreva tal expressão e explique os dois sentidos que ela pode ter.

b) Há também uma ironia no texto da propaganda, que contribui para o seu efeito
reivindicativo, expressa no enunciado: “Aproveita enquanto tem água.” Explique a
ironia contida no enunciado e a maneira como ele se relaciona aos elementos visuais
presentes no cartaz.

19 - (UNICAMP SP/2013)

Os textos abaixo integram uma matéria de divulgação científica sobre o tamanho de


criaturas marinhas, ilustrada com fotos dos animais mencionados.

TEXTO 1

Eles nascem com milímetros e alcançam metros de comprimento, nadam das praias rasas
às águas abissais. Em fotos únicas, produzidas em tanques especiais, conheça as medidas
dos animais do fundo do mar.

TEXTO 2 ESCALA MILIMÉTRICA

Enquanto este cavalomarinho pode chegar a 30 cm, os filhotes medem poucos milímetros
ao nascer. Eles surgem depois que a fêmea deposita óvulos em uma bolsa na barriga do
macho, que é responsável pela fertilização.

(“Escalas Marinhas”, em ​SuperInteressante, ​São Paulo, jun. 2012, p. 72-73.)

a) Pode-se afirmar que a compreensão do texto 2 depende da imagem que o


acompanha. Destaque do texto a expressão responsável por essa dependência e
explique por que seu funcionamento causa esse efeito.

b) No que diz respeito à organização textual, que diferença se pode apontar entre os
dois textos, quanto ao modo como o pronome ​‘eles’ ​se relaciona com os termos a
que se refere?

20 - (UNICAMP SP/2013)

Reproduzimos abaixo a chamada de capa e a notícia publicadas em um jornal brasileiro


que apresenta um estilo mais informal.
Governo quer fazer a galera pendurar a chuteira mais tarde

Duro de parar ​Como a vovozada vive até mais tarde, a intenção, agora, é criar regra para
aumentar a idade mínima exigida para a aposentadoria; objetivo é impedir que o INSS
quebre de vez Página 12

Descanso mais longe

O brasileiro tá vivendo cada vez mais – o que é bom. Só que quanto mais ele vive, mais a
situação do INSS se complica, e mais o governo trata de dificultar a aposentadoria do
pessoal pelo teto (o valor integral que a pessoa teria direito de receber quando pendura
as chuteiras) – o que não é tão bom.

A última novidade que já tá em discussão lá em Brasília é botar pra funcionar a regra


85/95, que diz que só se aposenta ganhando o teto quem somar 85 anos entre idade e
tempo de contribuição (se for mulher) e 95 anos (se for homem).

Ou seja, uma mulher de 60 anos só levaria a grana toda se tivesse trampado registrada
por 25 anos (60+25=85) e um homem da mesma idade, se tivesse contribuído por 35
(60+35=95).

Quem quiser se aposentar antes, pode – só que vai receber menos do que teria direito
com a conta fechada.

(​notícia JÁ​, Campinas, 30/06/2012, p.1 e 12.)

a) Retire dos textos duas marcas que caracterizariam a informalidade pretendida pela
publicação, explicitando de que tipo elas são (sintáticas, morfológicas, fonológicas ou
lexicais, isto é, de vocabulário).

b) Pode-se afirmar que certas expressões empregadas no texto, como “tá” e “botar”, se
diferenciam de outras, como “galera” e “grana”, quanto ao modo como funcionam na
sociedade brasileira. Explique que diferença é essa.

21 - (UNICAMP SP/2013)

Millôr Fernandes foi dramaturgo, jornalista, humorista e autor de frases que se tornaram
célebres. Em uma delas, lê-se:

Por quê? ​é filosofia​. Porque ​é pretensão​.

a) Explique a diferença no funcionamento linguístico da expressão “porque” indicada


nas duas formas de grafá-la.
b) Explique o sentido do segundo enunciado do texto (​Porque ​é pretensão​), levando em
consideração a forma como ele se contrapõe ao primeiro enunciado. Considere em
sua resposta ​apenas ​o sentido atribuído à palavra ​pretensão ​que se encontra abaixo.

pretensão: ​vaidade exagerada, presunção.

22 - (UNICAMP SP/2013)

A experiência que comprovou a existência da partícula conhecida como bóson de Higgs


teve ampla repercussão na imprensa de todo o mundo, pelo papel fundamental que tal
partícula teria no funcionamento do universo. Leia o comentário abaixo, retirado de um
texto jornalístico, e responda às questões propostas.

Por alguma razão, em língua portuguesa convencionou-se traduzir o apelido do bóson


como “partícula de Deus” e não “partícula Deus”, que seria a forma correta.

(​Folha de São Paulo​, São Paulo, 05/07/2012, Caderno Ciência, p. 10.)

a) Explique a diferença sintática que se pode identificar entre as duas expressões


mencionadas no trecho reproduzido: “partícula de Deus” e “partícula Deus”.

b) Explique a diferença de sentido entre uma e outra expressão em português.

TEXTO: 1 - Comum às questões: 23, 24

Vivendo e...

1 ​
Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que 2​ se hoje pegasse uma bola de
gude conseguisse 3​ ​equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do 4​ polegar,
quanto mais jogá-la com a precisão que tinha 5​ ​ quando era garoto. (...)
6
Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, 7​ com os polegares para dentro, e
assoprando pelo 8​ buraquinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive 9​ variava de tom
conforme o posicionamento das mãos. 10 ​ Hoje não sei mais que jeito é esse. Eu sabia a
fórmula ​ de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água e 12
11
​ ​muita confusão na
cozinha, de onde éramos expulsos ​ sob ameaças. Hoje não sei mais. A gente começava a
13

14 ​
contar depois de ver um relâmpago e o número a que 15 ​ chegasse quando ouvia a
​ outro número, dava a distância exata do relâmpago. 17
trovoada, multiplicado por 16 ​ ​Não
me lembro mais dos números. (...)
18 ​
Lembro o orgulho com que consegui, pela primeira 19 ​ vez, cuspir corretamente pelo
espaço adequado entre ​ os dentes de cima e a ponta da língua de modo que o 21
20
​ cuspe
ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com 22 ​ prática, conseguia-se controlar a
​ cusparada com uma mínima margem de erro. Era puro 24
trajetória elíptica da 23 ​ instinto.
Hoje o mesmo feito requereria complicados 25 ​ cálculos de balística, e eu provavelmente só
​ ​ frente da minha camisa. Outra habilidade perdida.
acertaria a 26
27
​ vivendo e .................... . Não falo
Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É 28
daquelas coisas que ​ deixamos de fazer porque não temos mais as condições 30
29
​ ​físicas e a
coragem de antigamente, como subir em ​ bonde andando – mesmo porque não há mais
31

​ andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes 33


bondes 32 ​ que nos abandonaram.
Algumas até úteis. Quem nunca ​ desejou ainda ter o cuspe certeiro de garoto para 35
34

acertar em algum alvo contemporâneo, bem no olho, e 36 ​ ​ depois sair correndo? Eu já.
Luís F. Veríssimo, ​Comédias para se ler na escola​.

23 - (FUVEST SP/2013)

Um dos contrastes entre passado e presente que caracterizam o desenvolvimento do


texto manifesta-se na oposição entre as seguintes expressões:

a) “precisão” (Ref. 4) / “fórmula” (Ref. 10).

b) “muita confusão” (Ref. 12) / “distância exata” (Ref. 16).

c) “trajetória elíptica” (Ref. 22) / “mínima margem de erro” (Ref. 23).

d) “puro instinto” (Refs. 23-24) / “complicados cálculos” (Refs. 24-25).

e) “habilidade perdida” (Ref. 26) / “artes que nos abandonaram” (Refs. 32-33).

24 - (FUVEST SP/2013)

A palavra que o cronista omite no título, substituindo-a por reticências, ele a emprega no
último parágrafo, na posição marcada com pontilhado. Tendo em vista o contexto,
conclui-se que se trata da palavra

a) desanimando.

b) crescendo.

c) inventando.

d) brincando.

e) desaprendendo.
TEXTO: 2 - Comum às questões: 25, 26

A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada


no postulado ou na crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos,
políticos, ou sociais –são solucionáveis pela educação, isto é, pela cooperação voluntária,
mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser
formada à luz dos melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos
campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais
ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a
mais imparcial e emtermos que os tornem acessíveis a todos.

Anísio Teixeira, ​Educação é um direito​. Adaptado.

25 - (FUVEST SP/2013)

De acordo com o texto, a sociedade será democrática quando

a) sua base for a educação sólida do povo, realizada por meio da ampla difusão do
conhecimento.

b) a parcela do público que detém acesso ao conhecimento científico e político passar a


controlar a opinião pública.

c) a opinião pública se formar com base tanto no respeito às crenças religiosas de todos
quanto no conhecimento científico.

d) a desigualdade econômica for eliminada, criando-se, assim, a condição necessária


para que o povo seja livremente educado.

e) a propriedade dos meios de comunicação e difusão do conhecimento se tornar


pública.

26 - (FUVEST SP/2013)

No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o


autor

a) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.

b) considera utópicos os objetivos dessas ciências.

c) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.

d) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.


e) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.

TEXTO: 3 - Comum às questões: 27, 28

27 - (FUVEST SP/2014)

A tirinha tematiza questões de gênero (masculino e feminino), com base na oposição


entre

a) permanência e transitoriedade.

b) sinceridade e hipocrisia.

c) complacência e intolerância.

d) compromisso e omissão.

e) ousadia e recato

28 - (FUVEST SP/2014)

No texto, empregam-se, de modo mais evidente, dois recursos de intertextualidade: um, o


próprio autor o torna explícito; o outro encontra-se em um dos trechos citados abaixo.
Indique-o.

a) “Você é um horror!”

b) “E você, bêbado.”

c) “Ilusão sua: amanhã, de ressaca, vai olhar no espelho e ver o alcoólatra machista de
sempre.”

d) “Vai repetir o porre até perder os amigos, o emprego, a família e o autorrespeito.”


e) “Perco a piada, mas não perco a ferroada!”

TEXTO: 4 - Comum à questão: 29

CAPÍTULO LXXI

O senão do livro

Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e,
realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai
um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração
cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu
tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o
estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à
esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e
caem...

E caem! — Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e
vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande
vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para
chorar... Heis de cair.

Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

29 - (FUVEST SP/2014)

No contexto, a locução “Heis de cair”, na última linha do texto, exprime:

a) resignação ante um fato presente.

b) suposição de que um fato pode vir a ocorrer.

c) certeza de que uma dada ação irá se realizar.

d) ação intermitente e duradoura.

e) desejo de que algo venha a acontecer.


TEXTO: 5 - Comum à questão: 30

Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples
informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende do
momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da finalidade que
temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio pode ser
a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um livro importante não passa de chuva no
molhado. Além disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e
portanto aproveitá​-​lo ao máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.

Antonio Candido, “Dez livros para entender o Brasil”.


Teoria e debate. ​Ed. 45, 01/07/2000.

30 - (FUVEST SP/2015)

Traduz uma ideia presente no texto a seguinte afirmação:

a) O efeito de um livro sobre o leitor é condicionado pela quantidade de informações


que o texto veicula.

b) A recepção de um livro pode ser influenciada pela situação vivida pelo leitor.

c) A verdadeira erudição não dispensa a leitura dos bons manuais escolares.

d) A leitura de um livro a qual tem finalidades meramente práticas prejudica a


assimilação do conhecimento.

e) O reconhecimento do valor de um livro depende, primordialmente, dos sentimentos


pessoais do leitor

TEXTO: 6 - Comum à questão: 31

E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.

Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu
chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da
fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas
brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era
o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do
caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a
lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo
dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da
terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele
amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva
daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo
ar numa fosforescência afrodisíaca.

Aluísio Azevedo, ​O cortiço​.

31 - (FUVEST SP/2015)

O conceito de hiperônimo (vocábulo de sentido mais genérico em relação a outro)


aplica-se à palavra “planta” em relação a “palmeira”, “trevos”, “baunilha” etc., todas
presentes no texto. Tendo em vista a relação que estabelece com outras palavras do
texto, constitui também um hiperônimo a palavra

a) “alma”.

b) “impressões”.

c) “fazenda”.

d) “cobra”.

e) “saudade”.

Texto para questão 32

O OPERÁRIO NO MAR
Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso
político, a dor do operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés
enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os
outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde
vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com
algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário
não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia,
do Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista
vociferando. Caminha no campo e apenas repara que ali corre água, que mais adiante faz
calor. Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é,
nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu
próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação
quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos
implorar-lhe que suste a marcha. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse
privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo
rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e
deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo
que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de
suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto
são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos
irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio
do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa
as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as
medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão.
Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?
Carlos Drummond de Andrade, ​Sentimento do mundo​.

32 - (FUVEST SP/2015)

Dentre estas propostas de substituição para diferentes trechos do texto, a única que NÃO está
correta do ponto de vista da norma-padrão é:
a) “Para onde vai ele, (...)?” = Aonde vai ele, (...)?
b) “O operário não lhe sobra tempo de perceber” = Ao operário não lhe sobra tempo de
perceber.
c) “Teria vergonha de chamá-lo meu irmão” = Teria vergonha de chamá-lo de meu irmão.
d) “Tenho vergonha e vontade de encará-lo” = Tenho vergonha e vontade de o encarar.
e) “quem sabe se um dia o compreenderei” = quem sabe um dia compreenderei-o.

33 - (FUVEST SP/2015

GABARITO:

1) Gab​:

a) A segunda pessoa do plural (vós) e a expressão “Em verdade vos digo”, empregadas
na tirinha de Fernando Gonsales, são marcas típicas do discurso formal religioso,
como comprova, no último quadrinho, a fala de Níquel Náusea, segundo o qual as
traças estavam roendo a Bíblia.

Vale observar que o efeito de humor da tirinha fundamenta-se também no uso


equivocado dessa pessoa do discurso, como se vê em “Queria-vos que fostes
melhordes”.

b) Uma possível reelaboração das falas do primeiro quadrinho, empregando o


português usual e gramaticalmente correto, seria:

— Como foi o seu dia?

— Queria que fosse melhor!

É importante ressaltar que o uso da segunda pessoa do plural não é usual no


português contemporâneo, como é a terceira pessoa, ainda que o contexto do
discurso formal religioso – destacado no terceiro quadrinho – explique o emprego
dessa forma gramatical na tirinha.

2) Gab​:

a) Do ponto de vista visual, há uma fotografia de um novo ponto de ônibus, com uma
pessoa dormindo em cima dele. Verbalmente, existe, nas laterais do ponto, uma
propaganda justamente dizendo que os benefícios dos novos pontos (“conforto,
segurança e beleza”) são permanentes. Relacionando esses dois aspectos, percebe-se
que, de fato, os pontos são mais novos, mais funcionais e mais agradáveis; porém a
presença do morador de rua confere um viés crítico à fotografia, pois ele transforma
o ponto em uma cama, confortável e segura. Ainda existe, no anúncio publicitário, a
exploração de um trocadilho, pois a palavra “passageiros” produz uma ambiguidade
programada: como substantivo, indica aqueles que usam o transporte coletivo e,
como adjetivo, sugere que as vantagens dos pontos novos serão perenes.

b) Podem ser consideradas expressões comuns da linguagem oral informal: “ninguém ​te
incomoda”, “calor ​de matar​”, “​Cato ​lata” e “o que d
​ á​”.

3) Gab​:

a) No trecho “o acento que a reforma ortográfica roubou do verbo ​parar​”, a escolha da


forma verbal “roubou” dá direção argumentativa ao texto, indicando que a opinião
do articulista é contrária à supressão do acento em “pára” (verbo), por oposição a
“para” (preposição).

b) Sim. É possível evitar a construção “para para” de duas maneiras, basicamente:


substituindo a preposição (São Paulo para a fim de ver o Corinthians jogar); ou
alterando a ordem dos termos (Para ver o Corinthians jogar, São Paulo para).

4) Gab​:

a) A expressão “mal traçadas” remete a um clichê típico das cartas pessoais,


manuscritas. O assunto do texto é justamente a tendência de que esse gênero de
comunicação perca cada vez mais relevância, devido à concorrência dos meios
eletrônicos de troca de mensagens, como o ​e-mail​, as redes sociais, as mensagens
trocadas entre ​smartphones ​e os aplicativos que permitem a comunicação por voz
usando a internet. A expressão, portanto, reforça a noção de que as cartas
manuscritas estão em extinção, em risco de desaparecerem.

b) A frase reescrita, segundo o exemplo que o enunciado contém, seria: resignado /


acomodado à marcha da modernidade tecnológica contra a qual não se pode lutar / é
impossível lutar / não há como lutar.

Observação​: No exemplo contido no enunciado, a permutação do adjetivo


“inevitável” pela oração adjetiva “que não se pode evitar” torna a frase
estruturalmente ambígua. Na ordem em que os termos foram dispostos, o pronome
relativo “que” pode ser anafórico do substantivo “marcha” ou do substantivo
“modernidade”. Assim, não é exato afirmar que a transformação se fez “sem alterar o
sentido”, tal como o enunciado inicialmente leva a crer.

5) Gab​:

a) O título do anúncio explora o duplo sentido de “anda na linha”. No uso popular, a


expressão equivale a “agir em conformidade com as regras”. No contexto da
propaganda, a mesma expressão também faz referência ao modal ferroviário: já que
os trens trafegam sobre uma linha férrea, trata-se de um meio de transporte que
“anda na linha”.

b) Tomando como “sustentáveis” as atividades que se desenvolvem evitando esgotar ou


degradar os recursos naturais, o transporte ferroviário pode ser enquadrado nesse
grupo por sua reduzida emissão de CO​2​, quando comparado a outros meios de
transporte.

6) Gab​:

a) O axioma formulado por Roberto de Oliveira Campos (“a ignorância não tem limite
inferior”) permite “construir mundos maravilhosos” pelo fato de não estar pautado
num raciocínio baseado na realidade. A ignorância, por não estar baseada em
parâmetros lógicos e por não necessitar estar limitada a bases da realidade, acaba
possibilitando a construção de “mundos maravilhosos”, idealizados, utópicos. É
importante ressaltar que, no texto, Roberto Campos cria seu axioma logo após a fala
de um deputado. Segundo o narrador, no discurso do parlamentar havia uma grande
quantidade de “sandices” (tolices) “com o ar de quem estava inventando o mundo”.
Tal passagem estabelece claramente a relação entre a ignorância e a capacidade de
construção de um mundo fantástico, alheio ao real.

b) O trecho que explica o emprego da expressão “oratória de alta visibilidade” é “com


os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia”. Tal expressão destaca o
caráter enfático e apelativo do plano da gesticulação do orador, que acaba por
valorizar o que é fisicamente “visível” e disfarçar o vazio do conteúdo do seu
discurso.

7) Gab​: C

8) Gab​:

a) Segundo o raciocínio de Pessoa, o homem tem de início a sua atenção voltada para o
exterior, para os outros: por isso, antes de considerar se mérito em, si mesmo, ele
atenta para o efeito que tal mérito (real ou falso) tem nos outros, dele se
envaidecendo. Apenas posteriormente, “na evolução da mente”, sua consciência se
dirige para si mesmo, para a causa daquele efeito, ao qual, existindo ou sendo
suposta, geraria o orgulho. Daí que a vaidade venha antes do orgulho e que seja
possível ser vaidoso sem ser orgulhoso.

b) O homem prefere ser elogiado por aquilo que não é, a ser menosprezado por aquilo
que é.a, geraria o orgulho. Daí que a vaidade venha antes do orgulho e que seja
possível ser vaiado sem ser orgulhoso.

b) O homem prefere ser elogiado por aquilo que não é, a ser menosprezado por aquilo
que é.
9) Gab​:

a) Quando a moradora do Brooklin diz que sua madrugadas têm sido diferentes, ela não
deixa claro de se estão melhores ou piores. Pode ter havido um decréscimo de
qualidade, aceitando-se a hipótese de o seu sono estar sendo interrompido pelo
canto do sabiá-laranjeira. Entretanto, é também plausível entender que ela queira
dizer que o som dessa ave esteja provocando um acréscimo de qualidade de vida por
proporcionar-lhe um momento agradável em meio ao cotidiano barulhento e caótico
de São Paulo. Portanto, não se pode inferir de maneira irrefutável que essa mulher se
inclua no grupo de insatisfeitos com relação ao pássaro.

b) Conta uma moradora do Brooklin (zona sul) que morou 35 anos no interior paulista e
nunca foi acordada por nenhum passarinho, acrescentando que agora, em plena São
Paulo barulhenta e caótica, suas madrugadas têm sido muito diferentes.
(PODER-SE-IA, SEGUNDO O PROTOCOLA DA TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO DIRETO
EM INDIRETO, TRANSFORMAR agora em naquele momento E têm EM tinha, MAS
ISSO FALSEARIA AS RELAÇÕES TE,PORAIS DO TEXTO, DADO QUE O VERBO
DECLARATIVO, Conta, ESTÁ NO PRESENTE.)

10) Gab​: D

11) Gab​:

a) Na formação da palavra em questão, utiliza-se o processo de derivação sufixal. No


caso, o sufixo é –(t)ivo, que tem a função de criar um adjetivo a partir de um verbo.
Além disso, o acréscimo desse sufixo também implica um acréscimo de significado:
um ato/evento “esculhambativo” teria a função de esculhambar algo ou alguém,
destacando o caráter de ação.

b) Na expressão “evento esculhambado”, a ideia principal é a de um evento


desorganizado. No texto, a expressão “evento esculhambativo”, que se refere à
Marcha com Deus e o Diabo na Terra do Sol, constrói a ideia de uma ação direcionada
de ridicularização, de desmoralização, de zombaria do outro evento, a Marcha da
Família com Deus pela Liberdade.

12) Gab​:

a) As metáforas presentes no texto exemplificam a clássica relação “A é B”.


Considerando os sentidos construídos no texto, a metáfora do livro como uma porta
remete à possibilidade de o livro ser um meio de acesso (assim como uma porta) para
experiências emocionais, sociais, sensoriais diversificadas e para a ampliação do
conhecimento de mundo do leitor e do conhecimento de si mesmo e dos outros. A
metáfora do livro como cais/porto remete à possibilidade de o livro ser o ponto de
partida/chegada para as “viagens” (experiências diversificadas e/ou conhecimento
ampliado sobre o mundo, sobre si e sobre os outros) que a leitura proporciona. A
metáfora do livro como rota remete à possibilidade de o livro fazer o leitor
experienciar/viver emoções diversas, percorrendo caminhos imaginários que lhe
proporcionam vivências significativas e ampliação da sua visão de mundo.

b) A mudança subjetiva experienciada pelo autor encontra-se resumida nos dois


primeiros parágrafos do texto. Em um primeiro momento, o autor tinha
desconfianças em relação aos limites do mundo, à dimensão das coisas e aos
“lugares” aos quais não tinha acesso. Em função desse sentimento de desconfiança,
sentia-se “afogado em desesperança”. Depois de seu aprendizado da leitura, ele
descobre que a palavra (a leitura) é um caminho para a vivência de experiências
diversificadas, para o alargamento de sua visão de mundo e de suas capacidades
criativas, o que não seria possível a não ser por meio da leitura. Passa então a se
“afagar em esperança”. Há inúmeros trechos ao longo do texto que exemplificam as
experiências e os conhecimentos novos possibilitados pela leitura.

13) Gab​:

a) Espera-se que o candidato indique que, no texto, “precificar” significa atribuir maior
ou menor preço a determinada mercadoria oferecida em sites de comércio eletrônico
de acordo com o perfil de consumo do comprador.

b) Neste item, o candidato deve fazer as substituições e adaptações indicadas,


mantendo as relações de sentido estabelecidas entre as construções e o nível de
formalidade do período. Uma das possibilidades seria: “Pode, por exemplo, subir o
preço de um livro eletrônico, caso determine...; ou, ao contrário, pode ajustar o
preço para baixo como um incentivo, caso julgue que é...”. Também podem ser
aceitas outras substituições desde que sejam respeitadas as restrições do comando.

14) Gab​:

a) Espera-se que o candidato mencione dois exemplos de informação veiculada por


meio de linguagem verbal no infográfico, entre os quais se encontram: a linha
ondulada que remete à superfície da água e, portanto, ao tema do infográfico; os
desenhos de seres humanos, indicando a população de diferentes
países/continentes/regiões; a escala dentro dos desenhos de seres humanos,
indicando a quantidade de água consumida em cada região/ país; as bandeiras,
indicando a nacionalidade ou procedência geográfica dos consumidores; o balão de
fala que chama a atenção para o número de pessoas sem água potável.

b) Espera-se que, na elaboração de sua resposta, o vestibulando considere o veículo em


que foi publicado o material. Nessa direção, deve indicar que a finalidade do
infográfico é a de alertar os leitores da revista Planeta Sustentável sobre o consumo
desigual da água potável no mundo.

15) Gab​:

a) Espera-se que o candidato identifique duas expressões nominais ou verbais que


remetam ao estilo pouco usual no gênero artigo científico. Exemplos desse tipo de
expressão presentes no texto são: “os objetos de sua afeição”, “espectógrafos
antipáticos”, “blocos de nossos amados corpos celestes”, “seus mais íntimos
segredos”, “muitas noites geladas”, “podem acariciar”, “fascinam” e
“contemplamos”.

b) Espera-se ainda que o candidato explique que a alternância entre o uso da primeira
pessoa do singular e o uso da primeira pessoa do plural no texto pode expressar: a
particularização das experiências narradas pelo autor (“Quando eu era aluno de
graduação, (...) passei muitas noites [...] e posso garantir...”; “Os fragmentos de
asteroides que mais me fascinam...”) associada ao uso da primeira pessoa do
singular; a inclusão do autor do texto em uma comunidade científica específica – a de
geofísicos, que são estudiosos de planetas e asteroides – associada ao uso da
primeira pessoa do plural.

16) Gab​:

a) O candidato deve identificar ao menos duas críticas feitas pelo autor do texto ao
jornalismo atual, sendo elas formuladas em caráter mais geral - a ausência de
informação de alta qualidade ética e técnica –, ou em caráter mais específico - “o
jornalismo atual não é fiel à verdade dos fatos”, “o jornalismo atual não fiscaliza
verdadeiramente os poderes públicos” e “ o jornalismo atual não presta serviços de
excelente qualidade”.

b) Neste item, o vestibulando deve indicar que a formação desse vocábulo se dá, em um
primeiro momento, por prefixação e sufixação (INTER+ MEDIAR + ÇÃO), podendo os
dois processos ocorrer em qualquer ordem. Além disso, deve explicar que, só após,
acontece o acréscimo do prefixo DES- ao vocábulo INTERMEDIAÇÃO, formando a
palavra DESINTERMEDIAÇÃO.

17) Gab​:

a) O vestibulando deve explicitar que o outro texto pressuposto no cartaz do Coletivo


Transverso é o provérbio popular “Seguro morreu de velho”.

b) Espera-se que o candidato estabeleça a relação entre os dois textos, o do provérbio


popular “Seguro morreu de velho”, e o do cartaz “Seguro morreu de tédio”. Para isso,
deve identificar a crítica social produzida pela intervenção do Coletivo Transverso à
tão valorizada noção de segurança (em vários sentidos), ao relacioná-la com o
sentido da expressão “morrer de tédio”.

18) Gab​:

Espera-se que o candidato indique que a expressão de duplo sentido encontrada na


propaganda é ​lavar as mãos ​e que explicite os dois sentidos que podem ser atribuídos a
ela: o sentido decorrente da combinação dos ​sentidos do verbo ​lavar ​e do sintagma ​as
mãos​, equivalendo a algo como ‘limpar com água as próprias mãos’, ​e o sentido atribuído
à expressão idiomática, já incorporada ao léxico da língua, ​lavar as mãos: ​‘não assumir as
próprias responsabilidades diante de um evento de que se tem conhecimento’.
Igualmente se espera que o candidato perceba a ironia presente no cartaz, que decorre da
articulação da expressão ambígua, mencionada acima, com o enunciado “Aproveita
enquanto tem água”. Como a propaganda quer chamar a atenção para os efeitos danosos
do desmatamento, entre eles a escassez de água, se o leitor “lava as mãos”
(desresponsabiliza-se) para o desmatamento, ele pode ficar sem água para lavar as mãos
(limpar as mãos com água). A conclamação imperativa “Aproveita enquanto tem água”
funciona ironicamente, justamente por contradizer os próprios objetivos da campanha, ou
seja, não se deseja que, de fato, o leitor aproveite a água que ainda resta.

Os elementos visuais do cartaz convergem para o mesmo apelo reivindicativo do


enunciado “Aproveita enquanto tem água”: a torneira de onde sai a água – apenas uma
gota – está ligada a uma floresta de árvores secas, ou seja, o leitor é lembrado que o
fornecimento de água nos aglomerados urbanos necessariamente depende de florestas
que estão, muitas vezes, longe dos olhos. Se essas florestas morrem, a água cessa.

19) Gab​:

Espera-se que o candidato identifique a expressão responsável pela dependência do texto


2 em relação à imagem: o sintagma ​este cavalo-marinho​, ou, mais precisamente, o
pronome demonstrativo ​este​. Essa relação de dependência decorre do funcionamento do
pronome ​este​, que consiste em trazer para o interior do discurso referentes diretamente
extraídos do lugar de enunciação, operação conhecida como ​dêixis​. Espera-se que o
candidato explicite tal funcionamento, mesmo que com descrições não amparadas na
metalinguagem mais técnica. Elas devem, no entanto, ser precisas o suficiente para
revelá-lo.

Quanto ao modo como se organiza a estrutura textual, espera-se que o candidato perceba
que, no primeiro texto, o pronome ​eles ​está disposto antes do termo a que se refere,
processo conhecido como ​catáfora​, enquanto que, no segundo texto, o pronome se
encontra após o termo a que se refere, procedimento conhecido como ​anáfora​.

20) Gab​:

Espera-se que o candidato indique duas marcas da informalidade pretendida pelo texto
jornalístico em questão e, como solicita o enunciado, expresse a que nível de análise estão
relacionadas. A maior parte das marcas é de natureza lexical, como ​galera​, ​vovozada,
quebrar​, ​trampado​, ​grana​, ​botar​. Há marcas como ​pra​, ​tá​, que podem ser tomadas como
variantes de pronúncia representadas na escrita.

Espera-se também que o candidato perceba que, quanto ao funcionamento social de


algumas dessas marcas, há aquelas que são fortemente relacionadas a grupos específicos
– como ​galera, grana ​– e aquelas que são de uso geral, como ​tá​, ​botar​, que funcionam no
português brasileiro como marcas de informalidade para todos os falantes.

21) Gab​:

Espera-se que o candidato explicite as diferenças de funcionamento que envolvem a


expressão “porque” indicadas nas duas formas de grafá-la. A forma ortográfica ​por quê
representa o que as gramáticas costumam rotular como advérbio interrogativo; já a forma
ortográfica ​porque ​representa o que se costuma rotular de conjunção. Essa diferença
pode ser traduzida pelo candidato de outras maneiras, desde que apontem para os dois
funcionamentos de que trata a questão: a primeira forma substitui a informação
requerida em frases interrogativas; a segunda articula proposições ligadas por uma
relação de causa ou enunciados ligados por uma relação de explicação. Não se espera que
o candidato justifique a acentuação gráfica em ​por quê​, mas o fato de abordá-la, desde
que juntamente com as diferenças acima descritas, não interfere na avaliação.

Com relação ao segundo enunciado, espera-se que o candidato demonstre a ironia nele
contida, que contraria a expectativa do senso comum, segundo a qual, o que valem são as
respostas. Na frase de Millôr, perguntar é filosofar, é, portanto, o lugar do conhecimento;
responder já seria um ato “pretensioso”, um ato de soberba que distancia o sujeito do
lugar do conhecimento. Nesse sentido, a dúvida é mais importante do que a certeza.

22) Gab​:

Espera-se que o candidato perceba que as duas expressões mencionadas no trecho


jornalístico correspondem a duas estruturas sintáticas diferentes e explique essa
diferença. A primeira expressão – “partícula de Deus” – é uma construção em que o termo
de Deus ​funciona como um adjunto adnominal do termo ​partícula​, o que pode ser
descrito em outros termos, atribuindo-se ao termo ​de Deus ​o papel de determinante do
termo ​partícula ​ou tomando-o como uma expressão de natureza adjetiva. Já a segunda
expressão – “partícula Deus” – é uma construção em que o termo ​Deus ​pode ser tomado
como um aposto de ​partícula ​(função que pode ser descrita como um termo equivalente
sintaticamente ao termo ​partícula​, isto é, ambos são de natureza substantiva). Ou, numa
outra leitura possível, o substantivo ​Deus ​desempenha diretamente uma função adjetiva,
o que leva a um deslocamento metafórico de sentido.

Espera-se ainda que o candidato explicite as diferenças semânticas que o emprego de


uma ou outra expressão implica. Dessa maneira, na construção “partícula de Deus”, uma
vez que o termo ​de Deus ​é um adjunto adnominal, ​partícula ​é qualificada como algo
divino ou que pertence a Deus ou provém de Deus. No segundo caso, ​partícula ​e ​Deus
têm o mesmo referente, ou o nome atribuído à partícula é ​Deus​, ou ainda a partícula tem
a própria natureza de Deus, e de alguma forma equivale a ele.

23) Gab​: D

24) Gab​: E

25) Gab​: A

26) Gab​: E
27) Gab​: A

28) Gab​: E

29) Gab​: C

30) Gab​: B

31) Gab​: B

​01 - (FUVEST SP/2013)

Leia o texto.

Ditadura / Democracia

A diferença entre uma democracia e um país totalitário é que numa democracia todo
mundo reclama, ninguém vive satisfeito. Mas se você perguntar a qualquer cidadão de
uma ditadura o que acha do seu país, ele responde sem hesitação: “Não posso me
queixar”.

Millôr Fernandes, ​Millôr definitivo​: ​a bíblia do caos​.

a) Para produzir o efeito de humor que o caracteriza, esse texto emprega o recurso da
ambiguidade? Justifique sua resposta.

b) Reescreva a segunda parte do texto (de “Mas” até “queixar”), pondo no plural a
palavra “cidadão” e fazendo as modificações necessárias.

02 - (FUVEST SP/2012)

Leia o seguinte texto:

Pense antes de compartilhar


Cada vez mais pessoas interagem por meio de redes sociais.

O crescimento dessas comunidades reforça uma das principais discussões relativas à


internet: a privacidade.

Época​, 15/04/2011.

a) Qual a razão apresentada por essa matéria jornalística para aconselhar seus leitores a
“pensar antes de compartilhar”?

b) No verbete “privacidade”, do ​Dicionário Houaiss da língua portuguesa​, lê-se:

trata-se de ang. de empréstimo recente na língua, sugerindo-se em seu lugar o uso de


_______​.

Por que o dicionário sugere que se evite o uso de “privacidade”? Que palavra pode
ser usada em seu lugar?

TEXTO: 1 - Comum às questões: 3, 4

A questão racial parece um desafio do presente, mas trata-se de algo que existe desde
há muito tempo. Modifica-se ao acaso das situações, das formas de sociabilidade e dos
jogos das forças sociais, mas reitera-se continuamente, modificada, mas persistente. Esse
é o enigma com o qual se defrontam uns e outros, intolerantes e tolerantes, discriminados
e preconceituosos, segregados e arrogantes, subordinados e dominantes, em todo o
mundo. Mais do que tudo isso, a questão racial revela, de forma particularmente
evidente, nuançada e estridente, como funciona a fábrica da sociedade, compreendendo
identidade e alteridade, diversidade e desigualdade, cooperação e hierarquização,
dominação e alienação.

Octavio Ianni. Dialética das relações sociais.


Estudos avançados​, n. 50, 2004.

03 - (FUVEST SP/2011)

Conforme o texto, na questão racial, o funcionamento da sociedade dá-se a ver de modo

a) concentrado.

b) invertido.

c) fantasioso.

d) compartimentado.
e) latente.

04 - (FUVEST SP/2011)

Segundo o texto, a questão racial configura-se como “enigma”, porque

a) é presa de acirrados antagonismos sociais.

b) tem origem no preconceito, que é de natureza irracional.

c) encobre os interesses de determinados estratos sociais.

d) parece ser herança histórica, mas surge na contemporaneidade.

e) muda sem cessar, sem que, por isso, seja superada.

GABARITO:

1) Gab​:

a) O trecho que apresenta duplo sentido é “Não posso me queixar”, que pode ser
entendido de duas formas: “não tenho de que me queixar, estou satisfeito”, ou “não
tenho permissão para me queixar, pois posso ser punido caso me manifeste”.

b) Mas se você perguntar a quaisquer cidadãos de uma ditadura o que acham de seu
país, eles respondem, sem hesitação: Não podemos nos queixar.

2) Gab​:

a) A produção de um texto, especialmente jornalístico, pressupõe certos conhecimentos


da parte do leitor para que esse o compreenda. O texto da revista ​Época ​deixa
implícito que a razão do conselho contido no título é o risco de se ​perder ​privacidade
(ou tê-la reduzida), com a divulgação de informações por meio de redes sociais. Não
se trata de condenar a privacidade, como pode sugerir a redação do último período
do texto, uma vez que o próprio título estabelece o pressuposto de que ela é
desejável.

b) A razão apresentada pelo dicionário ​Houaiss ​para que se evite o substantivo


privacidade ​vem abreviada: “ang.”. Trata-se de um anglicismo, um estrangeirismo ou,
como é possível extrair do próprio verbete, um “empréstimo” tomado à língua
inglesa. Em se aceitando a sugestão do dicionário e considerando que sinônimos são
termos de significados equivalentes e não idênticos, no lugar de ​privacidade​,
caberiam palavras como particularidade, pessoalidade, intimidade, individualidade
etc.
3) Gab​: A

4) Gab​: E

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