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DIREITO À ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO HUMANO PARA CRIANÇAS E

ADOLESCENTES EM CONTEXTO DE ADOÇÃO

RIGHT TO ORIGIN AND HUMAN DEVELOPMENT FOR CHILDREN AND


ADOLESCENTS IN THE CONTEXT OF ADOPTION

Anajara Carvalho Rabelo Daud1

Resumo: O presente estudo trata de uma pesquisa qualitativa, com utilização do método
descritivo, a partir de artigos publicados e normas inseridas no ordenamento jurídico, que
versam sobre o direito à origem, ponderando-o como condição para o desenvolvimento
humano de crianças e adolescentes em contexto de adoção. A Lei n.º 8.069/90 - Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 48, prevê expressamente o direito de o
adotado conhecer sua origem biológica, reconhecendo a importância de tal informação para
construir a identidade. Tal questão estaria intrinsecamente relacionada ao direito da
personalidade, a partir da concepção da pessoa como ser integral, que passa, necessariamente,
pela ciência de suas origens. Ocorre, p1orém, que o dispositivo mencionado enfatiza a
possibilidade de tal acesso a partir dos 18 anos, ou seja, quando já adulto, sendo o acesso
ainda na infância até permitido, desde que solicitado pelo adotado e mediante orientação e
assistência jurídica e psicológica. Diante disso, emerge a questão pertinente à relevância de
crianças e adolescentes em contexto de adoção conhecerem suas origens como condição para
o próprio desenvolvimento humano, averiguando quais os empecilhos para que essa
informação seja viabilizada. Com essa finalidade, incialmente se fará uma abordagem sobre o
contexto da adoção no Brasil, para em seguida revelar a importância do conhecimento sobre
as origens e sua relevância para o desenvolvimento humano, enfrentando os possíveis
entraves ao exercício desse direito que, como regra, deve ser garantido desde a infância, em
atenção ao princípio do melhor interesse da criança e do adolescente.
Palavras-chave: Adoção. Direito à origem. Desenvolvimento Humano.

Abstract: The present study is a qualitative research, using the descriptive method, based on
published articles and norms inserted in the legal system, which deal with the right to origin,
considering it as a condition for the human development of children and adolescents in the
context of adoption. Article 48 of Law No. 8,069/90 - Statute of the Child and Adolescent
(ECA) expressly provides for the right of the adoptee to know his or her biological origin,
recognizing the importance of such information to construct identity. Such an issue would be
intrinsically related to the right of personality, based on the conception of the person as an
integral being, which necessarily passes through the knowledge of his origins. It happens,
however, that the aforementioned provision emphasizes the possibility of such access from
the age of 18, that is, when already an adult, with access still in childhood being allowed, as
long as requested by the adoptee and with guidance and legal and psychological assistance. In
view of this, the question emerges regarding the relevance of children and adolescents in the
context of adoption knowing their origins as a condition for their own human development,
ascertaining what are the obstacles for this information to be made viable. To this end, it will
initially be approached about the context of adoption in Brazil, and then reveal the importance
of knowledge about the origins and its relevance to human development, facing the possible
obstacles to the exercise of this right that, as a rule, should be guaranteed from childhood, in
attention to the principle of the best interest of the child and adolescent.

1
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Direitos Humanos, Universidade Tiradentes-UNIT, Aracaju,
Sergipe, Brasil. Lattes: http://lattes.cnpq.br/4058662190372685 Orcid: https://orcid.org/0009-0008-9058-1107
Email: mestrado_anajara@souunit.com.br
Keywords: Adoption. Right of origin. Human Development.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

A partir da Constituição Federal de 1988 (CF) um olhar diferenciado é lançado sobre


a criança e o adolescente, que deixam de ser tratados como objeto de tutela e passam a ser
considerados como sujeitos de direitos (SILVA; SILVA, 2021), tendo a eles dedicado um
capítulo específico, no qual se dispõe expressamente a obrigação tanto da família, quanto da
sociedade e do Estado, de assegurar-lhes diversos direitos e promover sua proteção contra
quaisquer formas de violência, nos termos do art. 227, da Carta Magna2.
No mesmo sentido a Lei n.º 8.069/90 -Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
resguarda direitos a esses sujeitos, sem qualquer discriminação, afiançando oportunidades
para propiciar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade, inclusive garantindo efetivação de políticas sociais públicas que
permitam esse desenvolvimento de forma sadia e harmoniosa, em condições dignas de
existência, como se infere dos seus artigos 3º e 7º.
Ainda no ECA se dedica um capítulo próprio para tratar sobre o direito à liberdade,
ao respeito e à dignidade de crianças e adolescentes, por considerá-las como pessoas humanas
em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
garantidos na Constituição e nas leis, consoante artigo 15, acrescentando por meio do artigo
17, que “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e
moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.” (BRASIL, 1990)
Note-se que formalmente o direito de crianças e adolescentes é reconhecido tanto em
nível constitucional, como infraconstitucional, sendo relevante observar que a própria
identidade é resguardada, posto que questão de fundamental importância para a formação da
personalidade e, por conseguinte, para o desenvolvimento humano.
Aliás, também no âmbito internacional há preocupação com a preservação do direito
à identidade, tanto que a Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas,
promulgada no Brasil por meio do Decreto n.º 99.710, de 21 de novembro de 1990, é enfática
em seu artigo 8 quanto ao compromisso dos Estados membros em respeitar o direito da
2
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)
criança de preservar sua identidade, inclusive a nacionalidade, o nome e as relações
familiares, devendo prestar assistência e proteção adequadas com vistas a restabelecer
rapidamente qualquer violação nesse sentido.
Isso porque a preservação da identidade guarda especial relação com a constituição
da personalidade, inerente a todos os seres humanos, sendo de tamanha importância que o
“direito à identidade abarca-se ao rol dos direitos da personalidade, tutelados pela
Constituição Federal” (DE OLIVEIRA; DE PAULA BARRETO, 2010), pois seria a forma
como os indivíduos se diferenciam uns dos outros e se reconhecem por serem quem são.
Ocorre que para se construir essa identidade de forma saudável não deve haver
espaços vazios, o que traz à tona a imprescindível atenção para o direito à origem, afinal, “o
conhecimento das origens é fundamental para a identidade pessoal” (FINAMORI; SILVA,
2020), sobretudo no contexto da adoção, em que a própria Lei impõe uma ruptura de vínculo,
e em torno da qual muitas vezes pairam diversas nuvens de incerteza, medo e preconceito.
Convém salientar que apesar do artigo 48, do ECA prever expressamente o direito de
o adotado conhecer sua origem biológica, reconhecendo a importância de tal informação para
construir a identidade, a possibilidade de tal acesso se daria, geralmente, a partir dos 18 anos,
sendo que antes disso somente seria permitido quando solicitado pelo adotado e mediante
orientação e assistência jurídica e psicológica.
Diante dessa realidade, surge uma questão pertinente à relevância de crianças e
adolescentes em contexto de adoção conhecerem suas origens como condição para o próprio
desenvolvimento humano, averiguando quais os desafios para que essa informação seja
viabilizada.
Com essa finalidade, incialmente se fará uma abordagem sobre o contexto da adoção
no Brasil, para em seguida revelar a importância do conhecimento sobre as origens e sua
relevância para o desenvolvimento humano, enfrentando os possíveis entraves ao exercício
desse direito que, como regra, deveria ser garantido desde a infância, em atenção ao princípio
do melhor interesse da criança e do adolescente.

2 O CONTEXTO DA ADOÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E A


NECESSÁRIA MUDANÇA DE PERSPECTIVA QUANTO À MATERIALIZAÇÃO
DAS NORMAS:

Antes de adentrar especificamente no tema da adoção convém mencionar que


previamente à atual Constituição Federal vigia no Brasil a Doutrina do Menor em Situação
Irregular, que foi adotada pelo Código de Menores de 1979 (Lei n. 6.697/79), delineando a
atuação do Estado diante de crianças ou adolescentes que se encontrava em situação irregular,
mas sem reconhecer a sua titularidade de direitos.
Oportuno enfatizar que já naquele momento havia um movimento mundial no
sentido de compreendê-los não como mero objeto de tutela, mas como pessoa que tem direito
à dignidade, ao respeito e à liberdade, enquanto as normas brasileiras ainda estavam presas ao
pensamento de que os destinos de crianças e adolescentes deveriam ser “traçados pelos
verdadeiros sujeitos de direitos, isto é, pelos adultos.” (SANTOS; VERONESE, 2007, p. 33)
Concomitantemente, no Brasil se observava o movimento da redemocratização, que
culmina na promulgação da Constituição Federal, fazendo surgir assim um novo paradigma
para a proteção desses sujeitos.
Com isso, no âmbito constitucional a família é erigida à base da sociedade, devendo
ter especial atenção do Estado, sendo seu dever também zelar pela garantia dos direitos das
crianças e adolescentes, protegendo-as contra possíveis violações, como se infere dos artigos
226 e 227, caput, da Constituição Federal, além de ser nesse conjunto familiar que a criança
deve se desenvolver.
Exatamente por esta razão, ainda no mencionado artigo 227, §§ 5º e 6º, foram
estabelecidas as diretrizes básicas sobre a adoção, que deve ser assistida pelo Poder Público,
na forma da lei, conferindo aos filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por
adoção, os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação.
Posteriormente, em 1990, foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente,
trazendo como preceito norteador a proteção integral à criança e ao adolescente, considerando
a sua condição peculiar como pessoas em desenvolvimento, consoante artigos 1º e 6º.
Nesse aspecto, partindo do pressuposto da salvaguarda desses direitos, e tomando por
base a necessidade da convivência familiar, o Estatuto regulamenta as disposições do artigo
227 da CF, trazendo também as situações em que se faz necessário retirar crianças e
adolescentes do seio da sua família de origem, para inseri-las em um contexto de adoção,
implantando diversas normas sobre as questões pertinentes ao tema.
Por seu turno, igualmente o Estatuto da Criança e do Adolescente confere vários
direitos, entre eles o previsto no artigo 19, que assegura a convivência familiar em um
ambiente capaz de garantir a essas pessoas o seu desenvolvimento integral, voltando o olhar
também àqueles que se encontravam institucionalizados e precisariam ter esse direito
garantido.
Tal movimento foi denominado como “nova cultura da adoção”, cuja proposta
fundamental seria “a inversão da ordem que sempre regeu historicamente a prática da adoção,
privilegiando os interesses e necessidades do adotante de ter um filho” (SOUZA, 2016, p. 18),
passando a prevalecer o entendimento de que deve ser sempre feito aquilo que for mais
adequado para a criança ou o adolescente, o que torna possível afirmar que “a adoção deve
primar sempre pelo melhor interesse da criança” (BINA, 2019).
Importante mencionar que, justamente considerando esse novo paradigma do
interesse da criança e do adolescente, tornaram-se indispensáveis os debates sobre a
institucionalização e a importância do convívio familiar, sendo que em torno do tema há os
que militam pela concretização célere da adoção, enquanto outros afirmam ser temerário ver
nisso a solução para o problema (OLIVEIRA, 2015).
Esse debate mostrou-se fundamental para a elaboração da Lei n.º 12.010, de 03 de
agosto de 2009, conhecida como Lei Nacional da Adoção, que alterou diversos dispositivos
do ECA, visando aperfeiçoar a sistemática já prevista para garantia do direito à convivência
familiar a todas as crianças e adolescentes e introduzindo no artigo 39, do Estatuto da Criança
e do Adolescente a regra de que “A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente
na família natural ou extensa” (BRASIL, 1990).
Portanto, com as alterações produzidas em 2009 em matéria de adoção o que se
vislumbra é a preocupação de que a criança tenha o direito à convivência familiar garantido
por meio de mecanismos que a mantenham na própria família natural ou extensa e, somente
excepcionalmente, seja promovida a adoção, competindo às instituições de acolhimento a
responsabilidade por adotarem o princípio da preservação dos vínculos familiares e da
promoção da reintegração familiar, nos termos do artigo 92, do ECA.
Ocorre, porém, que essa realidade ainda continuou a trazer vários questionamentos,
na medida em que a colocação das crianças e adolescentes nos cadastros como aptos à adoção
demandaria uma análise mais aprofundada, considerando que a maior parte dos acolhidos
possui famílias que foram consideradas inadequadas (SOUZA, 2016), sendo que nem sempre
a reinserção nesta seria possível, relegando as crianças a um tempo muito longo de
institucionalização e, por conseguinte, à diminuição das chances de adoção (SAMPAIO;
MAGALHÃES; CARNEIRO, 2018).
Diante disso, outras relevantes alterações foram fincadas pela Lei n.º 13.509/2017
que em linhas muito gerais reduz os prazos necessários para concretizar a adoção, como
elucida Graziela Milani Leal:
No mesmo sentido, novas alterações no ECA foram efetuadas em 2017, por meio da
Lei n. 13.509. Dentre elas, destaca-se o prazo de reavaliação da medida de
acolhimento pela autoridade judiciária, que passou de seis para três meses, visando o
acompanhamento sistemático às famílias e evitando que a medida de proteção seja
prolongada de forma desnecessária. No que tange à adoção, foi preconizada a
prevalência dos interesses e direitos do adotando em detrimento dos interesses de
quaisquer outras pessoas, bem como estabelecido o prazo de cento e vinte dias para
julgamento do processo de adoção. O estágio de convivência passou a ser de
noventa dias para a adoção nacional e de, no mínimo, trinta e, no máximo, quarenta
e cinco dias para a adoção internacional, podendo haver a prorrogação por igual
período, mediante decisão judicial fundamentada. (LEAL, 2023, p. 75)

Note-se que as modificações em nível normativo sempre apresentam como


justificativa resguardar o interesse da criança e do adolescente, porém, o que se visualiza na
prática é um descompasso entre o número de crianças aptas a adoção que continuam nas
instituições de acolhimento e a quantidade de pretendentes à adoção que engrossam os
cadastros do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA).
Em consulta formulada diretamente no portal Conselho Nacional de Justiça (CNJ) –
Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, verifica-se no Painel de Acompanhamento, que
há uma relação de aproximadamente 8 pretendentes disponíveis para cada criança disponível
para adoção.3
Ora, tamanha distorção carece ser explicada! E tal explicação pode encontrar
respaldo justamente na perspectiva quanto à materialização das normas sobre adoção, que
muitas vezes estão com o olhar mais voltado para os interesses de quem adota do que de quem
será adotado.
Essa afirmação fica evidente quando o próprio Plano Nacional pela Primeira Infância
(PNPI)4, assim assevera:
Apesar de muitos avanços no campo da legislação sobre a adoção, tais como as
alterações advindas ao ECA a partir da Lei nº 12.010, de 2009, e da Lei nº 13.509,
de 2017, na prática se observa a manutenção de um modelo de adoção centrado mais
no interesse dos adultos adotantes do que no da criança ou do adolescente privado
do direito à convivência familiar e comunitária.
(...)
Contudo, recentemente foi lançado o Diagnóstico da Adoção no Brasil (12), com
base no novo Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, do Conselho Nacional de
Justiça, que substituiu o Cadastro Nacional de Adoção. Segundo diagnosticado, a
maior parte das crianças aptas para adoção tem mais de 12 anos de idade e apenas
0,3% dos pretendentes habilitados à adoção aceitam esse perfil. Assim, o maior
obstáculo à adoção não é a burocracia, mas sim a falta de disponibilidade para

3
Crianças Disponíveis para Adoção: 4.534. Pretendentes Disponíveis: 35.843. Atualizado em 05 de dezembro de
2023. Disponível em: https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-
f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall. Acesso em 05
dez 2023
4
Plano Nacional Pela Primeira Infância - Elaborado pela Rede Nacional Primeira Infância Aprovado pelo
CONANDA em dezembro de 2010. Revisado e atualizado em 2020. Disponível em:
https://andi.org.br/publicacoes/plano-nacional-pela-primeira-infancia/. Acesso em 05 dez 2023
adoção de crianças mais velhas, com condições de saúde adversas ou pertencentes a
grupos de irmãos que não podem ser separados. (PNPI, p. 93)

É preciso ter em conta que a disparidade verificada encontra raiz sobretudo na


fixação do perfil da criança pretendida para a adoção, persistindo “o desencontro entre o perfil
real de crianças/adolescentes disponíveis à adoção e o perfil desejado pelos pretendentes
habilitados” (NAKAMURA, 2019), com exclusão prévia de determinadas possibilidades “já
que algumas requerem atenção especial por serem consideradas especialmente difíceis”
(SAMPAIO; MAGALHÃES; CARNEIRO, 2018).
Tanto é assim que a própria lei assegura prioridade no cadastro a pessoas
interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com doença crônica ou com
necessidades específicas de saúde, além de grupo de irmãos, nos termos do artigo 50, §. 15,
do ECA, que seriam as chamadas “adoções necessárias” (BORGES; SCORSOLINI-COMIN,
2020).
Outra questão que pode ser suscitada é a morosidade do judiciário em concluir os
processos que permitem a disponibilização das crianças e adolescentes para a adoção.
Todavia, o fato é que a realidade vivenciada na ambiência da adoção perpassa por
vários receios e até preconceitos, eis que é natural do ser humano temer o desconhecido,
sendo que “as preferências atuais selecionadas pelos pretendentes à adoção se devem ao fato
do não desejo pelo que desconhecem” (SILVA, 2022, p. 56), o que poderia encontrar solução
no incremento de espaços de convivência entre os envolvidos.
Nesse passo, muito se discute a respeito da necessidade de acelerar os processos de
adoção, evitando que as crianças fiquem por muito tempo institucionalizadas e tenham
dificuldade para serem colocadas em famílias substitutas, mas em verdade o que se percebe é
uma necessária mudança de perspectiva quanto à materialização das normas já vigentes, com
o olhar dos pais biológicos, dos pretendentes à adoção e do próprio judiciário de fato voltados
para o melhor interesse da criança.
A par disso, o fundamental é perceber que “A adoção não é política pública e nem a
solução mágica para todas as demandas sociais; ela é, sim, a última medida de proteção de
que se pode lançar mão quando todas as outras não tiveram efetividade.” (LEAL, 2023, p.
109)
Logo, seja qual for a decisão a ser tomada com relação a crianças e adolescentes que
se encontrem em situação de vulnerabilidade, esta “deve se pautar no critério da absoluta
prioridade e especialmente norteada pelo melhor interesse, como instrumentos de efetividade
da dignidade do ser humano, e da consecução de seus direitos mais íntimos, da
personalidade.” (CAZELLA JÚNIOR, 2022, p. 100)
Quer dizer, apesar da legislação ser realmente pautada na perspectiva do melhor
interesse da criança e do adolescente, o que se vislumbra na prática é uma visão muito mais
voltada para os interesses dos pretendentes à adoção que até mesmo por falta de
conhecimento ou por temer dificuldades e preconceitos, limitam-se a definir um pretenso
perfil que chegue o mais perto possível daquilo que poderia ser sua prole biológica, restando
latente a manifestação de que a adoção se prestaria muito mais a preencher o espaço de ter um
filho, do que de acolher como filho alguém que foi afastado da sua família natural.
E se o desafio para simplesmente encontrar famílias para crianças e adolescentes
passa por essas dificuldades, esse é um padrão que se visualiza até com muito mais força na
consecução do próprio Direito à Origem, que deve ser garantido já na infância, como
condição para o seu desenvolvimento.

3 DIREITO À ORIGEM E DIREITO AO DESENVOLVIMENTO HUMANO PARA


CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM CONTEXTO DE ADOÇÃO

Como elucidado anteriormente, tanto no âmbito internacional, quanto nacional, seja


em nível constitucional ou infraconstitucional, crianças e adolescentes são reconhecidos com
sujeitos em desenvolvimento, a exemplo do que preceitua o artigo 14 da Convenção sobre os
Direitos da Criança, ao enfatizar o resguardo dos seus direitos de “maneira acorde com a
evolução de sua capacidade” (BRASIL, 1990).
Ou seja, esses sujeitos devem ter seus direitos resguardados considerando cada fase
de suas vidas, o que “implica a admissão de que a sua personalidade tem atributos distintos da
adulta e de que possuem maior vulnerabilidade” (SANCHES, 2014, p. 152), fazendo surgir a
necessidade de que seus direitos sejam específicos com vistas a garantir a sua dignidade
humana.
Partindo desse pressuposto tem-se por certo que o desenvolvimento de forma
saudável para crianças e adolescentes requer observância às peculiaridades da sua
personalidade, posto que ainda em formação, sendo que para isso a proteção à identidade se
torna imprescindível, considerando essa identidade como “o direito que se tem de exigir um
reconhecimento com individualidade distinta de outras individualidades.” (DE OLIVEIRA;
DE PAULA BARRETO, 2010)
Desta feita, faz-se necessário conferir especial atenção à identidade e, por
conseguinte, à personalidade, de crianças e adolescentes, considerando que “interrupções no
cuidado e na convivência podem causar sérios distúrbios na constituição de sua identidade,
com sequelas na formação de sua personalidade e no seu desenvolvimento.” (GROENINGA,
2011, p.35).
Note-se que o direito à identidade está intimamente relacionado ao direito da
personalidade, cuja tutela é constitucional, por meio do reconhecimento do princípio da
dignidade da pessoa humana (SIQUEIRA; SILVA; DE SOUZA, 2023), e resguardar esse
direito “consiste não só em proteger a esfera pessoal de alguém contra intervenções do Estado
ou de terceiros, mas também em proporcionar a esse alguém desenvolver-se de forma livre, de
acordo com suas opções e individualidades.” (FONSECA, 2022, p. 77)
Tal concepção se coaduna perfeitamente com a ideia central da obra
Desenvolvimento como Liberdade, de Amartya Sen, que traz como ponto fundante a ideia de
que o desenvolvimento está intimamente relacionado à expansão das liberdades, que seria
primordial para esse processo tanto pela razão avaliatória, na qual o progresso é avaliado pelo
aumento das liberdades, quanto pela razão da eficácia, que depende da condição de livre
agente das pessoas, afinal, “As liberdades não são apenas os fins primordiais do
desenvolvimento, mas também os meios principais.” (SEN, 2010, p. 11)
Isso porque, para se desenvolver é preciso extinguir quaisquer limitações que possam
interferir na livre escolha das pessoas ou que possam diminuir suas oportunidades de agir
(ANJOS FILHO, 2013), devendo haver possibilidades reais para o desempenho das suas
capacidades.
Seguindo esse raciocínio torna-se evidente a necessidade de viabilizar o direito à
origem, uma vez que essa informação interfere diretamente na constituição da personalidade,
considerando que conhecer as origens é cogente para a constituição da identidade pessoal
(FINAMORI; SILVA, 2020), permitindo assim a promoção das capacidades humanas e das
liberdades substantivas, que assim é descrita por Amartya Sen:
As liberdades substantivas incluem capacidades elementares como por exemplo ter
condições de evitar privações como a fome, a subnutrição, a morbidez evitável e a
morte prematura, bem como as liberdades associadas a saber ler e fazer cálculos
aritméticos, ter participação política e liberdade de expressão etc. Nessa perspectiva
constitutiva, o desenvolvimento envolve a expansão dessas e de outras liberdades
básicas: é o processo de expansão das liberdades humanas, e sua avaliação tem de
basear-se nessa consideração.

Ou seja, para que se promova o desenvolvimento humano é preciso garantir meios


para que as pessoas promovam suas capacidades, gozando da liberdade de viver da forma
como desejarem, de modo que, no contexto da infância, viabilizar o direito à origem, haja
vista a sua relevância para a constituição da identidade e da personalidade, mostra-se
imperativo para a consecução desse fim.
É com fulcro nesse entendimento que “O legislador sedimentou um direito
personalíssimo com o intuito de assegurar o direito da personalidade do adotado em conhecer
sua origem biológica, mas sem qualquer reflexo na relação de parentesco, mantendo a
irreversibilidade da adoção” (DE CARVALHO, 2019), como se infere do artigo 48, do ECA,
com redação conferida pela Lei n.º 12010/2009, que assim enuncia:
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter
acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais
incidentes, após completar 18 (dezoito) anos.
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao
adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e
assistência jurídica e psicológica.

Ressalve-se que antes disso a Declaração sobre os princípios sociais e jurídicos


relativos à proteção e ao bem-estar das crianças 5, que foi adotada pela Assembleia Geral das
Nações Unidas, em de 3 de dezembro de 1986, já previa que “Os encarregados de dar atenção
à criança deverão reconhecer a necessidade da criança adotiva ou daquela colocada em um lar
de guarda de conhecer seus antecedentes a menos que isto seja contrário aos interesses da
criança” (NAÇÕES UNIDAS, 1986), como se infere do seu artigo 9, evidenciando a
limitação imposta pelo ECA ao prever o acesso às informações em regra quando já adulto,
como elucida Eduardo Rezende Melo:
A Convenção garante o direito desde sempre. Ademais, não se trata de um mero
exercício do direito à obtenção de informações. O art. 8º é interpretado pela doutrina
mais abalizada de forma sistemática, vinculado ao art. 20, que assegura especial
atenção à origem étnica, religiosa, cultural e linguística da criança, bem como à
conveniência da continuidade de sua educação, ao tratar dos direitos de criança
privada de seu meio familiar e colocada sob cuidado alternativo, dentre os quais a
adoção. (MELO, 2021, p. 172-173)

Quer dizer, em que pese o citado artigo 48, do ECA, ser enfático quanto à viabilidade
do direito à origem positivado dever ser conferido após o adotado completar 18 (dezoito) anos
e apenas excepcionalmente antes disso, já se via no âmbito internacional o movimento no
sentido de abrigar esse direito desde a infância.

5
Declaração sobre os princípios sociais e jurídicos relativos à proteção e ao bem-estar das crianças, com
particular referência à colocação em lares de guarda, nos planos nacional e internacional. Adotada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas de 3 de dezembro de 1986. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/c_a/dec86.htm. Acesso em: 12 dez 2023
Isso porque é na infância que se inicia o desenvolvimento humano que precisa
observar o ciclo de vida individual, afinal, “Cada fase do ciclo de vida estabelece as condições
para as fases seguintes” (SACHS, 2017, p. 272), de modo que o sucesso ou não das próximas
fases da vida de uma criança pode depender das escolhas que são feitas na fase anterior.
Assim sendo, convém trazer a lume a compreensão de que, para que esses sujeitos
em desenvolvimento realmente possam crescer de forma saudável, há que se garantir a
construção da sua identidade e da sua personalidade livre de entraves, proporcionando a maior
quantidade de informações que for possível para o desabrochar das suas capacidades e,
consequentemente, das suas liberdades substantivas, sendo que no contexto da adoção
conhecer a sua origem surge como fator primordial nesse processo.
É preciso ter em conta que a perspectiva com que se observa na prática o arremate
dos processos de adoção no Brasil, como salientado acima, visa muito mais satisfazer os
interesses dos adotantes de ter um filho, do que o interesse da criança e do adolescente, o que
conduz a uma pretensão de exclusividade, com consequente apagamento da vida anterior do
adotado (MELO, 2021), havendo preferência pelo silêncio ou relatos evasivos sobre a sua
origem.
De acordo com o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 41, a
adoção promove o desligamento de qualquer vínculo com os pais e parentes, porém, é preciso
ter a sensibilidade para o fato de que esse rompimento é pertinente aos vínculos jurídicos, pois
os demais estreitamentos, sejam afetivos, sejam apenas de ancestralidade, se perpetuam,
afinal, fazem parte da história que constitui aquele ser em desenvolvimento.
Oportuno perceber que o adiantamento cognitivo de uma criança começa muito cedo,
mormente nos primeiros três anos, de modo que se ela cresce em um ambiente que não é
seguro seu desenvolvimento subsequente fica comprometido, o que irá refletir na vida adulta
(SACHS, 2017), revelando a importância em permear a vida desses sujeitos com o máximo de
acolhimento e atenção às suas necessidades.
Isso porque ser informado sobre a família em que foi gerado e as circunstâncias que
o levaram a adoção vão lhes permitir preencher a lacuna experimentada entre o afastamento
da família biológica e a inserção na família adotiva, enquanto a ausência dessa informação
pode tornar-se empecilho ao desenvolvimento como “instrumento de defesa contra o inusitado
que possa encontrar no futuro por não se ter encontrado convenientemente com o seu
passado” (SCHETTINI FILHO, 2019)
É importante mencionar ainda que ao viabilizar o acesso a sua história se “reafirma
os laços com a família adotiva, pois afasta os fantasmas de uma história camuflada”
(LADVOCAT, 2021, p. 71), não dando espaço para confusão entre fantasia e realidade
(MACHADO, 2019), de modo que o direito à origem não consubstancia uma mera
curiosidade, afinal, sua não observância pode trazer prejuízos ao desenvolvimento do adotado,
como bem elucida Mariana Lamassa da Fonseca:
O conhecimento das origens por pessoas adotadas não integra meramente o campo
da vontade, mas constitui-se um direito fundamental com repercussão ainda em
outros dois direitos: de integridade física e psíquica e livre desenvolvimento da
personalidade. A efetivação dessas garantias, quando consideradas na perspectiva da
infância e adolescência torna-se ainda mais urgente, tendo em vista a prioridade
assumida por esse público ante a condição de pessoa em desenvolvimento de que
desfrutam. (FONSECA, 2022, p. 80)

Note-se que a ausência de revelações sobre a origem da criança ou do adolescente,


pode levá-las a construir sua própria história, podendo ser esta dissociada da realidade, ou
pode gerar muitas dúvidas, medos e ansiedades, de modo que “Se existir um excesso de
acumulação de stress, as alterações subsequentes às trajetórias biofísicas do corpo podem
levar a uma vida inteira de dificuldades físicas e mentais.” (SACHS, 2017, p. 277),
comprometendo diretamente o seu desenvolvimento físico e psíquico.
Nesse passo, não podem sopesar dúvidas do quanto é fundamental promover meios
para viabilizar de fato o direito à origem ainda na infância, posto que fator primordial ao
desenvolvimento de crianças e adolescentes, fazendo-se necessário averiguar quais seriam os
desafios para tanto.

4 DESAFIOS PARA SALVAGUARDAR O DIREITO À ORIGEM AINDA NA


INFÂNCIA

Como mencionado, o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê expressamente o


direito à origem aos maiores de 18 anos, sendo aberta a possibilidade de tal acesso também
antes dessa idade, entretanto, com a ressalva de que haja o pedido do adotado, sendo
assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.
Ocorre, porém, que tal dispositivo se eleva com diversos questionamentos a respeito
da sua viabilidade, tornando aceitável ponderar de plano se o mero acesso aos processos que
culminaram na adoção já seria suficiente para atender essa demanda, sendo que as questões
vão muito mais além quando se trata do direito à origem para crianças e adolescentes.
Isso porque o exercício desse direito pelos infantoadolescentes carece da
interveniência dos próprios pais por adoção, convergindo nessa parte da tríade adotiva, que é
composta por pais biológicos, pais adotivos e adotado, a responsabilidade por perceber a
necessidade e fornecer as informações suficientes, sempre observando a etapa do
desenvolvimento daquele que precisa ter o direito resguardado. (DE MELO VIEIRA;
SILLMANN, 2022)
Reitere-se que os emaranhados que podem decorrer do não dito sobre as origens
podem impactar diretamente no desenvolvimento das crianças e adolescentes, pois se os
“segredos persistem eles podem apresentar dificuldades na aprendizagem e na capacidade de
análise e reflexão.” (LADVOCAT, 2021, p. 79), podendo levar tais consequências para toda a
vida.
E como são os pais adotivos que estão lidando diretamente com eles, a estes compete
a atribuição de buscar os meios para viabilizar esse direito à origem, considerando as
possibilidades tanto da família contar, quanto da criança ouvir, mas sempre atentando para o
fato de que tal revelação não impõe nenhum tipo de aproximação com a família de origem
(LADVOCAT, 2021).
Todavia, quando os adotantes não dispõem de conhecimento sobre essa origem, faz-
se necessário recorrer ao judiciário, “devendo o juiz aferir, no processo, a capacidade do
interessado para compreender a verdade e lidar com ela” (AULER, 2010), impondo a lei a
obrigação de assegurar assistência jurídica e psicológica para esse fim.
Mas o fato é que viabilizar esse direito não é tarefa das mais simples, considerando a
atmosfera de dúvidas e incertezas que pairam sobre a adoção e que podem gerar temor aos
pais adotivos, seja porque possam sentir de alguma forma a sua incapacidade (SCHETTINI
FILHO, 2019), seja porque pretendem proteger a criança da possível dor do abandono ou até
mesmo se proteger de uma possível rejeição por parte do adotado em relação aos adotantes
(PACHECO, 2008), ou ainda pela crença de que o laço de sangue é superior ao laço afetivo
(HUBER; SIQUEIRA, 2010), sendo que tais fatores são apenas alguns que fazem com que a
abordagem sobre a origem seja deixada em último plano.
No ordenamento jurídico brasileiro atualmente determinadas providências são
previstas objetivando a consecução desse direito, a exemplo da Resolução nº 19/2019, do
Ministério da Justiça e Segurança Pública6, fruto da XXII reunião do Conselho das
Autoridades Centrais Brasileiras–CACB, cuja obrigação principal seria permitir acesso ao

6
Aprova o fluxo de recebimento e processamento dos pedidos de acesso às informações de origem biológica de
que trata o artigo 48 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, e o artigo 30 da Convenção Relativa à Proteção das
Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, concluída na Haia, em 29 de maio de 1993,
encaminhados por pessoas adotadas em território nacional por residentes no exterior. Disponível em:
https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/cooperacao-internacional/adocao-internacional/arquivos/
resolucoes/resolucao-19_2019_portugues.pdf.
processo de adoção e correlatos em atendimento ao pedido de informação sobre a origem
encaminhados por pessoas adotadas em território nacional por residentes no exterior.
Há ainda a Resolução 485, de 18 de janeiro de 2023, do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ)7, pertinente à entrega voluntária para adoção, que impõe o dever de informar à
gestante ou parturiente sobre o direito da criança ao conhecimento da origem biológica e de
deixar informações ou registros que favoreçam a preservação da identidade da criança.
Apesar disso, não se observam regras pertinentes ao atendimento às solicitações de
acesso à localização da família de origem nas adoções nacionais, de modo que os “pedidos
recebidos dependerão da disponibilidade de informações, bem como de recursos humanos e
tecnológicos dos Tribunais de Justiça brasileiros.” (PINHO; MACHADO, 2022), deixando
clara a necessidade de mediação do judiciário para alcançar essa finalidade de forma a não
acarretar danos ao adotado.
Igualmente não se observam normas no sentido de conferir expressamente aos pais
adotivos o dever de preservar a história da criança e do adolescente, dando a esses a
oportunidade de conhecer sua origem e construir sua identidade, afinal, “são preceitos básicos
e que devem estar presentes no horizonte de qualquer processo, especialmente àqueles que
versam sobre a colocação em família substituta por meio da adoção.” (LEAL, 2023, p. 70)
Não se pode esquecer que a criança ou adolescente que é retirado do convívio com
sua família original para ser inserido em uma família substituta já apresenta uma biografia
naturalmente mais desafiadora que muitos outros, sendo que a partir dessa inserção é que
novos laços afetivos podem se formar, competindo aos pais adotivos a educação e orientação
desses sujeitos em um ambiente que lhes proporcione a segurança necessária e que vai,
inclusive, estabelecer laços afetivos mais firmes com a própria família que o acolhe.
Significa dizer que os pretendentes à adoção precisam estar cientes de que é uma
escolha cautelosa revelar a origem da criança e do adolescente desde os primeiros momentos
de convivência, pois isso será “crucial para que ela possa explorar seu momento presente e
planejar seu futuro, desejando fazer, ser e construir, livre de impedimentos ou bloqueios.”
(CUPOLILLO, 2017, p. 195-196)
Registre-se, pois oportuno, que para os cadastros de pretendentes à adoção diversos
critérios são avaliados, a exemplo da história da vida, características pessoais, relações sociais
e familiares e motivação (SILVA, 2021), sendo que nos cursos de preparação psicossocial
promovidos para esses pelo judiciário são abordadas diversas questões, dentre elas o processo
7
Dispõe sobre o adequado atendimento de gestante ou parturiente que manifeste desejo de entregar o filho para
adoção e a proteção integral da criança. Disponível em:
https://atos.cnj.jus.br/files/original1451502023012663d29386eee18.pdf.
de adaptação nos momentos iniciais da chegada da criança/adolescente e o nome e a revelação
da história da origem para a criança (DA LUZ PELISOLI; LEITE; ROMERO, 2020.)
Apesar disso, não se pode negar que a questão das origens está imbricada entre a
necessidade de filhos adotivos em conhecerem suas histórias, no interesse ou não das famílias
de origem em terem suas identidades resguardadas e nas decisões das famílias adotivas sobre
como lidar com essas informações (FINAMORI, 2020), restando patente a carência quanto à
ausência de uma verdadeira política pública que possa viabilizar a consecução do direito à
origem, sobretudo para crianças e adolescentes, posto que sujeitos em formação e que também
possuem o direito ao desenvolvimento, que é um direito humano inalienável, como bem
elucida Flávia Piovesan:
Neste cenário, é fundamental consolidar, fortalecer e ampliar o processo de
afirmação do direito ao desenvolvimento como um direito humano inalienável, bem
como dos direitos econômicos, sociais e culturais como direitos humanos.
Incorporar o enfoque de gênero, raça e etnia na concepção do direito ao
desenvolvimento, bem como criar políticas específicas para a tutela dos direitos
econômicos, sociais e culturais em virtude da especificação de sujeitos de direitos. A
efetiva proteção do direito ao desenvolvimento e dos direitos econômicos, sociais e
culturais demanda não apenas políticas universalistas, mas específicas em favor de
grupos socialmente vulneráveis. (PIOVESAN, 2002)

Logo, o direito à origem, enquanto consectário lógico para construção da identidade,


sendo verdadeira expressão do direito de personalidade, caracteriza-se por ser
“personalíssimo, de titularidade universal, absoluto, indisponível e cujo exercício pode se dar
antes mesmo de completada a maioridade civil.” (FONSECA, 2022, p. 77), competindo tanto
à família biológica, quanto à família adotiva, quanto ao Estado, o dever de preservá-lo pois,
do contrário, cerceará o direito ao desenvolvimento de crianças e adolescentes em contexto de
adoção.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto, a adoção é uma forma de inserir em família substituta uma criança ou
adolescente que foi retirado do convívio com sua família de origem, seja por imposição ou ato
volitivo, por meio da qual são rompidos os vínculos jurídicos com essa família, para que
sejam formados novos vínculos com a família adotante.
Apesar de ser certa a preocupação legislativa quanto ao melhor interesse da criança e
do adolescente em contexto de adoção, o que na prática se observa é a necessidade da
mudança de perspectiva quanto à materialização dessas normas, eis que se mostra muito mais
centrada nos interesses de quem adota do que de quem é adotado.
Aliás, tal perspectiva se mostra ainda mais evidente quando se trata da consecução
do direito à origem, que se revela fundamental para a percepção da identidade e construção da
personalidade, permitindo o livre desenvolvimento humano desses sujeitos de direitos, com a
promoção das suas capacidades humanas e das liberdades substantivas.
Isso porque há em torno da adoção uma atmosfera de medos e preconceitos que de
certa forma clamam pelo afastamento completo com qualquer vínculo anterior, havendo até o
desejo de apagamento da história pregressa do adotado, como se a criança ou adolescentes
nascessem a partir do momento em que é adotado, sem atentar para imprescindibilidade de
permear a vida desse com as informações suficientes e necessárias para compreender de onde
vem e, então, poder saber para onde vai.
Não se pode esquecer o não conhecimento sobre a origem da criança ou do
adolescente, pode levá-las a fantasias e distorções da realidade, acarretando dúvidas, medos,
ansiedades e muito stress, que podem impactar o crescimento e liberdade nas fases da vida,
comprometendo diretamente o seu desenvolvimento físico e psíquico.
Assim sendo, o que se observa é a necessidade de criar mecanismos que em verdade
promovam o direito à origem, não apenas com o fornecimento de acesso aos processos que
culminaram na adoção, geralmente, aos maiores de 18 anos, mas o fazendo ainda na infância,
mediante a assistência que se faça necessária para a tríade adotiva.
Portanto, verifica-se que apesar de existir no ordenamento jurídico previsão expressa
quanto ao direito à origem, bem como inserções sobre procedimentos que possam viabilizá-lo,
o fato é que não há uma política pública verdadeiramente voltada para esse fim, sobretudo
para permitir esse acesso ainda na infância, carecendo de uniformização de procedimentos e
continuidade no atendimento psicossocial para crianças e adolescentes em contexto de
adoção.

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