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TEORIA DO PROCESSO
Resumo
O artigo pretende analisar os impactos do regime recursal do Novo Código de
Processo Civil diante das adaptações introduzidas pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente nos recursos em processos oriundos da Justiça da Infância e da
Juventude.
PALAVRAS-CHAVE
Criança e Adolescente. Justiça da Infância e Juventude. Recursos. Processo civil.
Novo Código de Processo Civil.
Abstract
The article analyzes the impacts of the appeal system of the new Civil Procedure
Code before the adaptations introduced by the Statute of Children and Adoles-
cents in appeals arising from the Justice for Children and Youth procedures.
KEYWORDS
Children and Adolescents. Justice for Children and Youth. Appeals. Civil proce-
dure. New Civil Procedure Code.
SUMÁRIO
Introdução. 2. Sistema recursal do Novo Código de Processo Civil. 3. Novo Sis-
tema recursal e impacto no Estatuto da Criança e do Adolescente. 3.1. Preparo.
3.2. Tempestividade. 3.3. Efeitos recursais. 3.4. Revisor. 3.5. Juízo de retratação.
3.6. Atendimento à prioridade absoluta. Referências.
Introdução
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), ao regulamentar o
art. 227 da Constituição Federal1, não dispôs apenas sobre o direito material; preo-
cupou-se, também, com os meios de efetivação e satisfação dos direitos e deveres
por ele regulados. Com efeito, dedicou o título VI – Do acesso à Justiça – do livro
especial – ao direito processual, consagrando as garantias processuais constitucio-
nais, como o devido processo legal, à população infantojuvenil e aos pleitos a ela
concernentes. E ainda dispôs, de forma especial, sobre as ações individuais e co-
letivas afetas à infância, bem como sobre os recursos, nos aspectos em que seria
1 “É nesse sentido que a Constituição Federal de 1988, pela primeira vez na história brasileira, aborda a
questão da criança como prioridade absoluta, e a sua proteção é dever da família, da sociedade e do Esta-
do. Se é certo que a própria Constituição Federal proclamou a doutrina da proteção integral, revogando
implicitamente a legislação em vigor à época, a Nação clamava por texto infraconstitucional consoante
com as conquistas da Carta Magna.” (Silva, Antônio Fernando do Amaral e. Comentários ao art. 1º, p. 11,
in: CURY, Munir (org.). Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. São Paulo: RT,2000).
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necessário modificar o direito processual civil, para melhor atender aos princípios
da teoria da Proteção Integral2 3: prioridade absoluta4 e condição peculiar de pessoa
em desenvolvimento.
Ambos os princípios, mais a condição de sujeitos de direitos, outorgada à
criança e ao adolescente pela doutrina da proteção integral, revelam a necessidade
de dispositivos de direito adjetivo que imprimam celeridade e efetividade ao proces-
so, sem perder de vista as garantias processuais do “due process of law”5.
Necessário se faz salientar que a Constituição de 1988 é um marco, tanto
em âmbito nacional quanto mundial, na adoção da teoria de proteção integral, pois
erige a criança e o adolescente à condição de sujeitos de direito6..
2 A Constituição Federal, no seu art. 227, adotou quanto à proteção das crianças e adolescentes a teoria
preconizada pela ONU, ou seja, a Teoria da Proteção Integral a essa faixa etária. A teoria reconhece que
crianças e adolescentes são sujeitos de direito, subordinantes e subordinados, como qualquer pessoa. É
norteada pelos princípios da prioridade absoluta da satisfação dos direitos da criança e do adolescente,
e o do respeito peculiar à pessoa em desenvolvimento, que outorga direitos especiais aos indivíduos
nessa fase transitória. Neste sentido vai o preceito do caput do art. 227, da Constituição Federal: “’ART.
227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cul-
tura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O Estatuto da Criança e do Adolescente veio regulamentar o artigo da Constituição, uma vez que o Có-
digo de Menores de 1979, na sua maior parte, não era adequado para atender os direitos fundamentais
da Infância e Juventude.”
Ademais, a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança de 1989, ratificada pelo Brasil em
1991, Decreto Legislativo n.º 28/90, abraça a teoria da proteção Integral. Assim, os países signatários
procurarão estabelecer leis, na sua ordem interna, que coadunem com os princípios estabelecidos pela
convenção.
3 “A doutrina da proteção integral inspira-se na normativa internacional, materializada em tratados e con-
venções, especialmente os seguintes documentos: a) Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos
da Criança; b) Regras Mínimas das Nações Unidas para Administração da Justiça da Infância e Juventu-
de (Regras Mínimas Beijing); c) Regras Mínimas das Nações Unidas para Proteção dos Jovens Privados
de Liberdade; e d) Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil (Diretrizes
de Riad).”(Nota ao art. 1º, in CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Anotado. São Paulo:
RT, 2000.)
4 Segundo Dalmo de Abreu Dallari, em comentário ao art. 4º do ECA: “A segunda situação em que a lei
expressamente determina que seja garantida a prioridade absoluta à criança e ao adolescente é aquela
em que se deve dar ‘precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública’. ” In:
CURY, M. (org.) Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. São Paulo: RT, 2000).
5 No sentido: “La eficaz y oportuna protección de los intereses del niño y de la familia por medio de
los organismo jurisdiccionales reclama normas procesales adecuadas. La especialidad influiría en los
siguientes aspectos de la dinámica procesal: iniciativa de ofício, debido proceso, reglas especiales de
interpretación, verdad real, orden público, oralidad, órganos de mediación, audiencia al niño, inme-
diación, concentración, valoración de la prueba, reformalidad de las decisiones, etc.”(SOLARI, U.C.
Legislación atinente a la niñez en las Américas, p.19).
6 No sentido de Emilio García Méndez: “É evidente a ruptura do Estatuto com a tradição latino-americana
sobre a matéria.
“Pela primeira vez, uma construção do direito positivo, vinculado à infantoadolescência, rompe expli-
citamente com a chamada doutrina da ‘situação irregular’, substituindo-a pela doutrina da ‘proteção in-
tegral’, também denominada de ‘Doutrina das Nações Unidas para a proteção dos direitos da infância’.
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Assim, a Constituição de 1988, no seu artigo 227, a Lei 8.069/90, que re-
gulamentou o artigo, mais a Convenção dos Direitos da Criança, que foi ratificada
internamente pelo Decreto n.º 99710/90 (que tem força de Lei), constituem o tripé
do direito brasileiro voltado para a regulamentação das relações jurídicas entre,
de um lado, todas as crianças e todos os adolescentes que se encontram em terri-
tório nacional e, de outro, o Estado, a Família e a Sociedade. A regra é a inclusão,
não importando a situação jurídica ou de fato da criança e do adolescente para a
incidência da lei. Todos os menores de 18 anos estão sujeitos a esta legislação, ex-
cepcionalmente os menores de 21 anos7, independentemente da sua situação, em
razão de que todos são sujeitos de direito, são cidadãos, ainda que estejam em pro-
cesso de desenvolvimento. Aliás, este último fator outorga condição de primazia no
atendimento de suas necessidades, inclusive perante o judiciário; impõe, portanto,
rapidez.
O princípio da prioridade absoluta exacerba a incidência do princípio da
economia processual – maior resultado com menos dispêndio de energia e tempo
– na medida em que deve contribuir com a efetividade do processo. Entenda-se o
processo como instrumento para atingir a satisfação do direito material. Enfim, o
Estatuto, ao disciplinar as regras especiais de acesso à justiça, tem como escopo a
prestação jurisdicional efetiva, como forma de facilitar o exercício dos direitos das
crianças.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, ao contrário do antigo do Código
de Menores, pugna por respeitar as garantias processuais, e, para facilitar sua instru-
mentalidade processual, adotou, em termos gerais, o sistema de recursos do Código
de Processo Civil.
Neste artigo, pretende-se demonstrar os aspectos peculiares dos Recursos no
Estatuto da Criança e do Adolescente, tratados no Capítulo IV – Dos Recursos – do
Título VI – Do Acesso à Justiça, e de que forma tais mudanças colaboraram com
a celeridade processual, a eliminação de obstáculos processuais, com escopo de
aprimorar o acesso à Justiça da Infância e da Juventude conjugadas com a nova
sistemática recursal do Código de Processo Civil de 2015.
As premissas consideradas para se delinear a presente análise foram:
• o acesso à Justiça da Infância e da Juventude deve ser facilitado no âmbi-
to econômico, assim como o trâmite processual deve ser rápido e eficaz,
mas sempre observando as garantias processuais para atingir a segurança
jurídica plena;
Esta doutrina, que consta de um enorme consenso no contexto internacional...” (Das necessidades aos
direitos, p. 54) .
7 Lei 8.069/90 - Art. 2º. “Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
“Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre
dezoito e vinte e um anos de idade.”
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8 Alexandre de Freitas Câmara assinala que o acesso à justiça não consiste tão somente no acesso à tutela
jurisdicional; em suas palavras: “Considero que a justiça é algo que pode ser definido em uma frase: dar
a cada um o que é seu (suum cuique tribure). Não é fácil, é certo, saber o que a cada um pertence
por natureza. Mas é possível saber o que pertence a cada um por convenção. Assim, quando se fala em
acesso à justiça, deve-se pensar em obtenção daquilo que se convencionou caber a cada um. Em outros
termos, fazer justiça é dar cada um aquilo que se convencionou ser seu.
“Basta isso! Basta que se viva em uma sociedade em se assegurando que cada pessoa receberá aquilo
que o ordenamento jurídico lhe atribui, para que possa afirmar que ali existe pleno acesso à justiça. É
preciso, porém, saber como se alcança através da remoção de todos os obstáculos que possam existir
no ordenamento jurídico ao acesso amplo à ordem jurídica justa.” (CÂMARA, A.F. Escritos de Direito
Processual, p. 6-7).
9 Segundo Chiovenda: “A possibilidade dos recursos apresenta-se como o fenômeno de uma pluralidade
de procedimentos dentro de uma só relação processual. Sendo uma a demanda, uma permanece a rela-
ção complexa, na qual os recursos apenas abrem fases ou estádios diversos (...). A litispendência aberta
com a demanda judicial perdura enquanto não se encerrar com a sentença definitiva” (Instituições
de direito processual civil, v. III).
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A Lei 8069/90 adotou, por força do caput do art. 19810, o sistema recursal do Có-
digo de Processo Civil de 1973 (Lei 5869/73) com as devidas adaptações preconizadas
pelos incisos do dispositivo retromencionado e o art. 199. A Lei 12.010/2009 – pseu-
dodesignada Lei da Adoção11 – agregou outras regras entre os artigos 199-A a 199 – E,
como também procedeu alterações às normas de adaptação originárias do art. 198. A
Lei 12.594/12 – SINASE12 também introduziu algumas modificações e “correções”.
O advento da Lei 13.105, de 16 março de 2015, que veicula o novo Código
de Processo Civil, entrará entrar em vigor um ano após sua publicação (art. 1045),
revogando expressamente (art. 1046) o diploma adjetivo de 1973 (Lei 5869/73).
Diante dessa perspectiva de novo sistema recursal processual civil ser apli-
cado no âmbito dos procedimentos atinentes à Justiça da Infância e Juventude, por
força do art. 1046, § 4°13, há que se analisar as regras de adaptação do sistema re-
cursal do ECA perante a nova sistemática
10 art. 198. Nos procedimentos provenientes da Justiça da Infância e da Juventude, inclusive os relativos à
execução das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 5.869, de 11 de janeiro
de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes adaptações:
11 A Lei da Adoção adveio com a promessa de facilitar a inserção de crianças e adolescentes em família
substituta, evitando-se a institucionalização. Desiderato que não se perfez.
12 Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo.
13 Art. 1046, § 4o. As remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras
leis, passam a referir-se às que lhes são correspondentes neste Código.
14 Nery Jr. Princípios fundamentais, op. cit., p. 48; Barbosa Moreira, Comentários ao Código de Processo
Civil, op. cit., p. 272; Nelson Luiz Pinto, Manual dos recursos cíveis, p. 29.
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que o rol ditado pelo art. 994 do NCPC não esgota todas as formas de recursos cíveis
existentes no ordenamento jurídico, mas em relação aos processos provenientes da
Justiça da Infância e Juventude, ele satisfaz, é suficiente.
O ECA, como já foi dito, utiliza-se dos meios recursais previstos no NCPC,
fazendo uso dos recursos enumerados no art. 994, quais sejam: 1) Apelação – arts.
1009 a 1004; 2) Agravo de Instrumento – arts. 1015 a 1020; 3) Agravo Interno –art.
1021; 4) Embargos de Declaração – arts. 1022 a 1026; 5) Recurso Ordinário – arts.
1027 a 1028; 6) Recurso Especial – arts. 1029 a 1041; 7) Recurso Extraordinário –
arts 1029 a 1041; 8) Agravo em recurso especial e extraordinário; 9) Embargos de
Divergências – art. 1043 a 1044.15
O novo Código de Processo Civil, no art. 1048, II, situado no Livro Comple-
mentar das disposições transitórias e finais – incorpora expressamente o princípio cons-
titucional da prioridade absoluta (art. 227, caput, CF) ao dispor que os procedimentos
judiciais regulados pela Lei 8.069/90 (ECA) terão “prioridade em sua tramitação”16.
No entanto, caberá à jurisprudência vindoura esclarecer o alcance do dispo-
sitivo, isto é, se os procedimentos judiciais são: i) todos aqueles calcados nos direitos
fundamentais previsto no Estatuto; ii) aqueles de competência das Varas da Infância
e Juventude (art. 148, ECA); ou iii) somente aqueles em que apresenta procedimento
especial disposto no 8.069/90.
O desejável seria que os operadores do direito, principalmente os Juízes, optas-
sem pela proposição mais ampla, interpretando o dispositivo conforme a Constituição.
15 Consoante Cássio Scarpinella Bueno: na obra novo código de processo civil anotado, fls, 637: “A ape-
lação continua a ser recurso cabível da sentença (art. 1009, caput).
“Com relação ao gênero recursal agravo (art. 496, II, do CPC atual), importa evidenciar as seguintes
alterações:
O agravo de instrumento continua a ser o recurso cabível das decisões interlocutórias. A sensível dife-
rença é que seu cabimento depende de autorização legal, a partir do rol do art. 1015.
O novo CPC extinguiu o agravo retido. As interlocutórias não recorríveis imediatamente por agravo de
instrumento (art. 1015) devem ser questionadas em preliminar de recurso de apelação ou nas contrar-
razões àquele recurso (art. 1009, §1°).
Há, de outra parte, expressa previsão do ‘agravo interno’ como recurso voltado ao colegiamento de
decisões monocráticas proferidas no âmbito dos tribunais (art. 1021).
O ‘agravo em recurso especial e extraordinário’, por sua vez, é nome dado pelo novo CPC ao agravo
que, de acordo com art. 544 do CPC atual, quer viabilizar o trânsito de recurso especial e extraordiná-
rio. No novo CPC, sua função é bem diferente como as anotações art. 1042 demonstram”.
16 O parágrafo único doa art. 152 do ECA, incluído pela Lei nº 12.010/2009, prevê disposição semelhante:
“É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos e proce-
dimentos previstos nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes”
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mento de apuração de ato infracional (que não é jurisdição penal)17, nos processos
cíveis, sejam de jurisdição coletiva ou individual, ou mesmo em procedimento de
administrativos do art. 149 do ECA, em que o juiz profere decisão administrativa,
concedendo portarias, alvarás e autorizações18, aplicam-se os recursos previstos no
CPC, vigente à época da edição da decisão recorrenda, com as modificações dos
art. 198 e seguintes do ECA19.
O caput do artigo 198, ao se referir aos procedimentos oriundos da Justiça
da Infância e da Juventude, implicitamente remete sua exegese ao art. 148, pois este
determina quais são os procedimentos de competência deste ramo especializado
da justiça comum20, delimitando a incidência do seu regime recursal. Somente os
procedimentos judiciais arrolados no art. 148 sujeitam-se à lei especial21.
Como salienta o ilustre jurista Nelson Nery Jr.:
O sistema recursal do Código de Processo Civil é aplicável às ações
e procedimentos que tramitem na Justiça da Infância e Juventude.
17 Há vários doutrinadores que defendiam que em matéria de ato infracional o sistema recursal adequado
seria o do CPP, entre eles pode-se citar José de Farias Tavares, Comentários ao Estatuto da Criança e do
Adolescente, p. 167, e Tânia da Silva Pereira, Direito da Criança e do Adolescente, p. 413. Todavia, a
Lei 12.594/12, que instituiu o Sinase, alterou o caput do art. 198 do ECA, que contempla expressamen-
te que os recursos a serem manjados no processo sócioeducativo, de conhecimento e execução são
aqueles do Código de Processo Civil: “Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da
Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal
da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes adaptações:”.
18 Quanto aos outros procedimentos de natureza administrativa em que há decisão do juiz da infância, tais
como apuração de irregularidade em entidades de atendimento e apuração de infração administrativa,
o ECA silencia sobre o cabimento de recurso.
19 Segundo Sergio Shimura: “Dispõe o art. 198 da Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente
– que nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e Juventude fica adotado o regime recursal do
Código de Processo Civil, com algumas adaptações a serem seguidas.
“O Estatuto, por um lado, optou por utilizar, como parâmetro, o sistema recursal do processo civil, es-
tabelecendo, por outro lado, algumas regras próprias e específicas à proteção dos direitos da criança e
adolescente.
“Também deixou sublinhado que não mais existem os recursos administrativo (cabível contra os atos
expedidos com base no art. 8º e contra as penalidades às infrações previstas nos arts. 63 a 74 do Código
de Menores, Lei 6.697/79), nem o de instrumento (cabível contra as decisões proferidas nos procedi-
mentos de verificação da situação irregular). ” Em Aspectos polêmicos..., p. 246.
20 Neste sentido, Antônio Fernando Amaral e Silva: “A Justiça da Infância e da Juventude não é ‘Justiça
Especializada’. A Carta de 1988 não a inclui no numerus clausus, mas é ramo especializado da Justiça
Comum.” (Comentários ao art. 146.) O autor prossegue: “ Sendo ramo especializado da Justiça local,
as leis de organização judiciária regulamentarão o sistema de acordo com as peculiaridades de cada
Estado, mas, no que tange à competência, terão de se ater ao disposto no artigo supra, prevalecendo
a lei hierarquicamente superior.” (Comentários ao art. 148), em Cury, Garrido & Marçura, Estatuto da
criança e do adolescente comentado, p. 471 e 475.)
21 Neste sentido Nelson Nery Jr.: “O sistema recursal do Código de Processo Civil é aplicável às ações e
procedimentos que tramitem na Justiça da Infância e da Juventude. As disposições recursais do Código
que forem incompatíveis com as regras peculiares do Estatuto da Criança e do Adolescente não podem
ser aplicadas aos procedimentos nele previstos. Resolve-se a incompatibilidade pelo princípio da espe-
cialidade: prevalece o Estatuto sobre o Código.” Op. cit., p. 603.)
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3.2 Tempestividade
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No CPC de 2015, o art. 1012, caput, dispõe sobre a regra do efeito suspensi-
vo, enquanto o parágrafo primeiro e respectivos incisos rezam sobre a exceção, i.e.,
enumera as hipóteses em que a apelação não terá efeito suspensivo e a eficácia da
sentença será imediata, sem embargo de mencionar há e poderá haver outras situa-
ções previstas na legislação extravagante.
O Estatuto (sistema ampliativo) é uma dessas leis que confere em determina-
dos casos só efeito devolutivo à apelação. A Lei da Adoção ao introduzir o art. 199-B
ampliou o rol do art. 1012, §1°, do NCPC, estabelecendo norma proibitiva de dotar
o apelo de efeito suspensivo nos casos em que um ou ambos os pais foram desti-
tuídos do poder familiar. Outro caso concerne aos apelos das sentenças de adoção
nacional que, em regra, processam-se no efeito devolutivo.
Cabe destacar que, antes da revogação do inciso VI, do art. 198 pela
12.010/2009 – “Lei da Adoção” – a regra geral, no âmbito do Estatuto, era a apela-
ção ser recebida só no seu efeito devolutivo, de sorte que as sentenças proferidas pe-
los Juízes da Infância e da Juventude estavam dotadas de eficácia desde o momento
de sua publicação ou da intimação das partes. A mera23 recorribilidade da sentença,
portanto, não suspendia sua eficácia.
O ECA previa duas exceções à sua regra geral, dotando de efeito suspensivo
a sentença recorrível.
A primeira, quando a sentença recorrível julgou procedente adoção interna-
cional, ocasião em que o efeito suspensivo é obrigatório. Rememorando, o art. 51,
§ 4º, do Estatuto determina que o estrangeiro só poderá sair com o adotando do país
após a adoção consumada, isto é, transitada em julgado a sentença, uma vez que só
assim produz seus efeitos.
Hipótese que a lei da Adoção manteve ao acrescer o art. 199-A, além de
ampliar à adoção nacional o efeito suspensivo toda vez que a eficácia imediata da
sentença representar dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando. Significa
dizer que o apelo tirado de sentença de adoção nacional tem eficácia imediata e são
recebidos só no efeito devolutivo.
As duas hipóteses decorrem da própria recorribilidade da sentença; não ha-
vendo, pois, margem de discricionariedade do cabimento ou não da suspensão da
eficácia do julgado. A priori, não precisariam ser expressas, na exata medida em que
23 “Ementa RHC. ADOLESCENTE são vinculativas . ATO INFRACIONAL. VIOLÊNCIA E GRAVE AMEAÇA
A PESSOA. MEDIDA DE INTERNAÇÃO. APELAÇÃO. EFEITO. 1. O Estatuto da Criança e do Adolescente
– Lei nº 8.069/90 – autoriza a aplicação da medida de internação na hipótese de ato infracional come-
tido mediante grave ameaça ou violência a pessoa. Do mesmo modo o recurso de apelação interposto
contra a sentença condenatória nestas circunstâncias deve ser recebido apenas no efeito devolutivo.
Inteligência dos arts. 122, I e 198, VI, da Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990. 2. Recurso ordinário
improvido” (STJ, 6ª Turma, RESP. 0003588-7/99, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 17/05/1999, p.
240.)
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a Lei 2.010/2009, ao revogar por equívoco ou não o inciso VI do art. 19824, estendeu
o regime geral do duplo efeito da apelação ao Estatuto25.
24 “Tamanha foi a preocupação do legislador em impedir que uma criança ou adolescente saísse do ter-
ritório nacional na companhia de pessoa ou casal estrangeiro sem ter sua situação regularizada, que
a única hipótese em que, segundo a redação original da Lei nº 8.069/1990, a autoridade judiciária
estava obrigada a receber o recurso de apelação tanto em seu efeito devolutivo quanto suspensivo é
precisamente quando este for interposto contra decisão que defere uma adoção internacional. Vale
observar, no entanto, que o inciso em questão acabou sendo inadvertidamente revogado pela Lei nº
12.010/2009, de 03/08/2009, muito provavelmente devido a um equívoco quando da sistematização
de sua redação final (que acabou aglutinando matérias contidas em substitutivos distintos), em função
do contido no disposto no art. 199-A, incorporado à Lei nº 8.069/1990. O responsável pela sistemati-
zação não percebeu que o art. 199-A, do ECA, diz respeito unicamente à adoção, ao passo que o art.
198, inciso VI, do mesmo Diploma Legal, se aplica a todos os processos e procedimentos nele previstos,
para os quais o recebimento da apelação apenas em seu efeito devolutivo, como regra, é mais do que
necessário, inclusive como forma de permitir a execução imediata da decisão respectiva, em respeito ao
princípio constitucional da prioridade absoluta à criança e ao adolescente. Ocorre que, como o sistema
recursal adotado pela Lei nº 8.069/1990 tem como base o Código de Processo Civil (cf. art. 198, caput,
do ECA) e este, como regra, prevê o recebimento da apelação tanto em seu efeito devolutivo quanto
suspensivo (cf. art. 520, do CPC), a revogação do art. 198, inciso VI, do ECA, acaba por subverter a
lógica até então vigente, causando assim um potencial prejuízo às crianças e aos adolescentes que, em
última análise, são os destinatários das decisões proferidas tomando por fundamento as disposições
da Lei nº 8.069/1990, pois os julgados favoráveis a seus interesses, em havendo recurso, em regra não
poderão ser executados, ainda que em caráter provisório. Em que pese tal observação, partindo-se da
constatação que a revogação do disposto no art. 198, inciso VI, do ECA se deu por evidente erro de siste-
matização, e que os princípios da proteção integral e da prioridade absoluta à criança e ao adolescente
(cf. arts. 1º e 4º, caput, do ECA), assim como da intervenção precoce (cf. art. 100, par. único, inciso
VI, do ECA), além de se constituírem em fundamentos indissociáveis da intervenção estatal voltada à
salvaguarda dos direitos infantojuvenis relacionados na Lei nº 8.069/1990, possuem amplo respaldo no
art. 227, da CF, deve persistir a possibilidade recebimento das apelações contra decisões proferidas nos
processos e procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude, em regra, apenas em seu efeito
devolutivo, ficando a concessão de efeito suspensivo condicionada à existência de perigo de dano irre-
parável ou de difícil reparação, devidamente justificado no despacho judicial respectivo”. Em fls. 295,
Digiácomo, Murillo José, Estatuto da criança e do adolescente anotado e interpretado / Murillo José
Digiácomo e Ildeara Amorim Digiácomo. – Curitiba .. Ministério Público do Estado do Paraná. Centro
de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Adolescente, 2013. 6. ed.
25 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. HABEAS CORPUS. ATO INFRACIONAL. PORTE ILE-
GAL DE ARMA E POSSE DE DROGA. SENTENÇA QUE IMPÕE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA. APE-
LAÇÃO. DUPLO EFEITO. LEI N.º 12.010/09. REVOGAÇÃO DO INCISO VI DO ART. 198 DO ECA.
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DO ORDENAMENTO JURÍDICO. ART. 520, INCISO VII DO CPC.
CONFIRMAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA PROTETIVA. IMPETRAÇÃO QUE DEVE SER COMPREEN-
DIDA DENTRO DOS LIMITES RECURSAIS. ORDEM DENEGADA.
I. Até o advento da Lei n.º 12.010/2009 em nosso ordenamento jurídico, este Superior Tribunal de Justi-
ça havia pacificado entendimento jurisprudencial no sentido de que, o recurso de apelação interposto
da sentença que aplicasse medida socioeducativa ao menor teria, em regra, efeito apenas devolutivo,
não havendo óbice ao imediato cumprimento da determinação jurisdicional.
II. Ressalva dos casos em que houvesse dano irreparável ou de difícil reparação, bem ainda as irresig-
nações manejadas contra sentenças que deferissem a adoção por estrangeiros, caso em que o apelo
deveria ser recebido pelo magistrado de primeiro grau também no efeito suspensivo.
III. Revogado o art. 198, inciso VI, do ECA, pela "Lei da Adoção", é de se impor a aplicação conjunta
do caput daquele dispositivo, com o art. 520, inciso VII, do Código de Processo Civil, pela sistemática
recursal adotada pelo primeiro.
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IV. Se o adolescente foi mantido em internação provisória, nos casos de alteração do quadro fático que auto-
rizava o adolescente responder a apuração solto ou ainda quando a sentença fundamentar a necessida-
de da imposição de medida socioeducativa, lastreando o julgador em elementos concretos constantes
nos autos, o imediato cumprimento do decisum traduz imprescindível instrumento de tutela cautelar.
V. Na hipótese, o ordenamento jurídico prevê ainda a existência de outros instrumentos processuais para a
Defesa lograr êxito em alcançar o resultado que aqui se almeja - efeito suspensivo do recurso de apela-
ção - como o mandado de segurança ou as medidas cautelares inominadas.
VI. Ordem denegada.
(HC 188.197/DF, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 01/08/2011)
26 HABEAS CORPUS. WRIT INTERPOSTO CONTRA DECISÃO DE DESEMBARGADOR QUE INDEFERIU
LIMINAR EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. EFEITO
SUSPENSIVO À APELAÇÃO EM PROCEDIMENTO POR ATO INFRACIONAL. IMPOSSIBILIDADE. IN-
TERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEI N.
12.010/2009 E DO ECA.
1. A decisão de relator que indefere a liminar em agravo de instrumento interposto na origem não desafia a
impetração de habeas corpus, exceto nos casos em que a evidência de ilegalidade é tamanha que não
escapa à pronta percepção do julgador, o que, todavia, não ocorre na espécie.
2. Apesar de a Lei 12.010/2009 ter revogado o inciso VI do artigo 198 do ECA, que conferia apenas o efeito
devolutivo ao recebimento dos recursos, continua a viger o disposto no artigo 215 do ECA, segundo o
qual "o juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte". Lógico
inferir, portanto, que os recursos serão, em regra, recebidos apenas no efeito devolutivo, inclusive e
principalmente os recursos interpostos contra sentença que acolheu a representação do Ministério Pú-
blico e impôs medida socioeducativa ao adolescente infrator.
3. Condicionar a execução da medida socioeducativa ao trânsito em julgado da sentença que acolhe a
representação constitui verdadeiro obstáculo ao escopo ressocializador da intervenção estatal, além de
permitir que o adolescente permaneça em situação de risco, exposto aos mesmos fatores que o levaram
à prática infracional.
4. Pela simples leitura dos dispositivos da Lei n. 12.010/2009, percebe-se que todos os seus dispositivos
dizem respeito ao processo de adoção, o que permite inferir que, ao revogar o inciso VI do artigo 198
do ECA - que também tratava de recursos interpostos contra sentenças cíveis - não foi sequer cogitado
pelo legislador que tal modificação se aplicaria a processos por ato infracional, que nada têm a ver com
processos de adoção de crianças e adolescentes.
5. Inexistência de flagrante teratologia que autorize a superação do óbice da Súmula n. 691 do STF.
6. Habeas corpus não conhecido, sem prejuízo de que a matéria seja julgada pelo Tribunal de Justiça, que
poderá conferir efeito suspensivo ao recurso, para evitar dano irreparável ao paciente.
(HC 301.135/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 21/10/2014, DJe
01/12/2014)
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A exegese do art. 215, cuja redação guarda similaridade com a do art. 1427
da lei da ação civil pública, leva a crer, segundo a doutrina, que o juiz sem provoca-
ção da parte pode dotar o recurso do efeito suspensivo ao vislumbrar a hipótese de
dano irreparável. Nesse sentido, discorrem os ilustres professores Rosa M. A. Nery
e Nelson Nery Jr.28:
O destinatário principal e imediato da norma é o juiz, cabendo-lhe,
de ofício, dizer em que efeitos recebe o recurso. Não é preciso haver
pedido da parte ou interessado para que o juiz receba o recurso no
efeito meramente devolutivo ou conceda efeito suspensivo ao recurso
para evitar dano irreparável. O sistema da norma ora comentada
funciona à semelhança do regime do poder cautelar geral do juiz
no CPC, no qual tem o magistrado o poder de conceder ex officio
medida cautelar incidente, mas não a cautela antecedente sem pro-
vocação da parte. Como a ação já está em curso quando se interpõe
recurso, no caso sob exame a cautela seria, portanto, incidente.
O jurista Antônio Herman V. Benjamin, ao comentar o art. 215, defende que
o verbo “poderá” deve ser interpretado como discricionariedade do juiz, decidindo
caso a caso29, ao contrário do que ocorre no CPC de 1973, no qual o juiz não tem
discricionariedade alguma.
Em posição contrária, José Luiz Mônaco30 propugna que o verbo “poderá”
deve ser entendido como “deverá”, donde se subentenderia que o artigo não indica
uma faculdade mas um dever, desde que configurado o dano irreparável.
O Juiz, portanto, não tem poder discricionário para conceder ou não o efeito
suspensivo; o que a ele se outorga é o juízo de apreciação das circunstâncias. Con-
figurada a situação de dano irreparável e reconhecida pelo julgador, deve declará-la
para fins de imprimir a eficácia do efeito suspensivo do recurso. A liberdade é para
formar sua convicção de que a situação de fato configura a hipótese legal.
Por derradeiro, faz-se necessário mencionar a decisão que dota de efeito sus-
pensivo acórdão que decidiu contrariamente ao interesse da criança, mesmo antes
de se interpor o recurso. O STJ concedeu efeito suspensivo a recurso especial contra
acórdão de Tribunal, que julgou improcedente a demanda em sede de apelação,
para que o tratamento hospitalar conferido à criança tivesse continuidade até o jul-
gamento pela Superior Corte31.
27 Lei n.º 7.34785, art. 14: “O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irrepa-
rável à parte.”
28 Código de Processo Civil, p. 1.437, nota 4.
29 Nogueira, P.L. Estatuto da criança e adolescente comentado, p. 708.
30 Ibidem, p. 378.
31 “ Processual civil. Medida cautelar para atribuir efeito suspensivo a acórdão de segundo grau ainda não
interposto. Possibilidade. Existência dos pressupostos do ‘fumus boni juris’ e do ‘periculum in mora’.
Manutenção de tratamento médico e psiquiátrico ou psicológico a menor... Há, em favor do requerente,
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3.4 Revisor
Art. 198, VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior ins-
tância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo,
a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo
ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;
Art.198, VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão re-
meterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte
e quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente;
se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso da
parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias,
contados da intimação.
As disposições do Novo Código de Processo Civil não tiveram o condão de
revogar, ainda que tacitamente os dispositivos da Lei 8069/90 que trama do juízo
de retratação.
A parte do inciso que se refere à interposição do agravo de instrumento pe-
rante o juízo a quo está prejudicada, em vista da reformulação dos dispositivos do
agravo de instrumento no CPC. A retratação do juiz quanto à decisão interlocutória
impugnada pelo agravo de instrumento deverá ser feita nos moldes do art. 1018,
§1°, do NCPC.
O juízo de retratação, nos processos que versem sobre os interesses afetos
à infância e à juventude, aqueles que se enquadram na competência do art. 148,
caput, do ECA, e seu parágrafo único, se constitui obrigatório no recurso de ape-
lação e não decorre da recorribilidade da sentença, mas da efetiva impugnação
da sentença.
Portanto, o juiz deve reapreciar a sua decisão final sempre que houver inter-
posição de apelação. O momento propício para tanto é após a expiração do prazo
para a resposta do recorrido, tendo ele apresentado ou não suas contrarrazões em
juízo. O julgador tem 05 dias para proferir despacho fundamentado mantendo ou
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34 “CORREIÇÃO PARCIAL - Ato judicial - Reforma de sentença de ofício antes de decorrido o prazo de
apelação - Infringência do artigo 198, VII, do ECA pelo Juiz - Inversão tumultuária dos atos processuais
- Correição parcial cabível e deferida. ” (TJSP, Cam. Esp., Correição Parcial 23.706 –0, Rel. Des. Lair
Loureiro, v.u., j 01/06/95.)
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Submissão: 03/11/2015
Aprovação: 24/11/2015
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