A COMEMORAÇÃO DOS 30 ANOS DO ESTATUTO DA CRIANÇA E
DO ADULTO (ECA)
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) regulamentado pela lei Federal nº
8.069/1990 sendo um instrumento regulador para assegurar e normatizar os direitos a fim de proteger crianças e adolescentes. O ECA surgiu para atender uma necessidade da constituição de 1988, em um momento social e político pós reabertura da democracia no Brasil. A educação, nesse momento, começou a ser vista como agente de transformação com a teoria histórico-crítica, onde a possibilidade de sair de uma alienação social começou a ser vista por meio do processo de ensino e aprendizagem (SILVA, 2010). Essas discussões trouxeram para o Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) regulamentado em 1990 trazendo um novo olhar sobre os direitos e deveres das crianças e adolescentes possibilitando prioridade e proteção integral frente a sociedade. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) em 1996, abriu um novo olhar para discussões para que planos, leis e políticas públicas fossem implantadas e implementadas afim de proporcionar uma educação de qualidade para todos, a teoria e a prática ainda estão tentando se alinhar nesse sentido (SOUZA, 2010). O artigo 227 da constituição Federal de 1988 fala sobre o dever de assegurar os direitos dos menores de idade, baseado nisso o artigo 4 do ECA é um dos mais completos e gerais quanto a representação de que todos os cidadãos têm função de assegurar os direitos de crianças (0 a 12 anos) e adolescentes (12 a 18 anos), independente de sexo ou gênero, sendo esse um grande exercício de cidadania, conhecer, divulgar e fiscalizar o que consistem esses direitos. O ECA contextualiza que esses direitos são: ter prioridade, proteção integral, liberdade, dignidade, respeito, educação e ensino gratuito, equidade, inclusão, direito a vida e a saúde. Todos esses são direitos básicos e ainda não acessíveis a toda essa população, independentemente de suas origens e realidades, obviamente que aqueles que vivem em situações de maior vulnerabilidade social tem maiores chances de não conseguirem terem esses direitos assegurados. O ECA fez 30 anos em 13 de julho de 2020, sendo umas das referências de legislação voltada a crianças e adolescentes. Infelizmente a atual política no Brasil retrocede os avanços conquistados e violam os direitos já conquistados pelo ECA, essa fragmentação política traz irregularidade e buracos que deixam cada vez mais distante as possibilidades de políticas públicas que conversem com o ECA. O envolvimento dos cidadãos auxilia para que os direitos sejam colocados em prática e principalmente o entendimento que proteger uma criança e adolescente é garantir o direito do exercício a cidadania e democracia. Além disso, a visão social e política de quem são crianças e adolescentes e o olhar de que eles são indivíduos importantes e pertencentes a sociedade orienta quanto a compreensão do que consistem os direitos assegurados pelo ECA. Com isso, viu-se a necessidade de implantar o conselho tutelar, que tem o dever de cumprir e fiscalizar a implementação desses direitos, atendendo medidas protetivas e orientando todos que fazem parte do contexto de cada criança e adolescente. Para isso a Psicologia, constituída de agentes transformadores, é uma das áreas da saúde que tem trabalhado em defesa desses direitos entendendo a sua importância para o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes. Na comemoração aos 30 anos do ECA, os conselhos regionais e o federal de psicologia, assim como outras áreas fizeram esse ano encontros virtuais (devido a situação pandêmica) afim de não só comemorar esse marco, mas também de continuar discussões e reflexões de ações regulamentadoras e fiscalizadoras para que os direitos do ECA possam ser colocados em prática atingindo todo o território brasileiro. O ECA começa pela garantia a vida, desde a vida intrauterina, nascimento e todo desenvolvimento até a chegada da vida adulta, tudo que engloba e consiste para condições necessárias a esse direito. A garantia a saúde, com olhar de prática e promoção, enfatizando a importância do atendimento prioritário. Os direitos a integridade física e moral são garantidos pelo direito à liberdade (direito de ir e vir com segurança garantida, de expressão, de cidadania), o respeito e a dignidade. O direito ao desenvolvimento pessoal e social são garantidos pelo direito a convivência familiar e comunitária (toda criança e adolescente tem o direito de ser educado e criado pela sua família de origem, por guarda ou adoção, deixando claro todas as regras e condutas necessárias para isso), direito e acesso à educação (de qualidade, gratuita e próxima de seu ambiente familiar, aqueles com necessidades especiais tem direito também a inclusão social), cultura, esporte e lazer. A profissionalização e proteção ao trabalho também estão garantidos, entendendo que acima de 14 anos e mantendo o lugar de aprendizes. O ECA também é constituído de deveres as crianças e adolescentes, regras para os ambientes, instituições, conselho tutelar, pais e responsáveis, justiça, ministério público (englobando questões de leis, infrações e crimes), todos que tem contato com crianças e adolescentes. Paragrafo de conclusão
Adolescentes em conflito com a lei: um estudo com os adolescentes da Casa Marista de Semiliberdade nas práticas discursivas acerca dos direitos fundamentais do Estatuto da Criança e do Adolescente