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2.8.3.

As medidas cabíveis no caso de prática de ato infracional


e seus desdobramentos
O art. 228 da Constituição Federal estabelece a idade de 18 (dezoito)
anos como o limite etário para responsabilização penal:

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujei-


tos às normas da legislação especial.

O dispositivo integra o Capítulo VII – Da Família, da Criança, do Ado-


lescente, do Jovem e do Idoso e constitui uma dimensão dos direitos indi-
viduais fundamentais de crianças e adolescentes, prevendo-se, em decorrên-
cia disso, um sistema de justiça e arcabouço normativo diferenciados em
relação àqueles previstos para os adultos no que se refere à apuração, pro-
cesso e sanção pela prática de fato definido como crime. É a primeira vez
que há não só a previsão da idade penal na CF, mas sua harmonização com
a legislação (ECA): a imputabilidade penal é fixada aos 18 anos no art. 104
do ECA, com correspondências nos arts. 228 da Constituição Federal e 27
do Código Penal.

A questão da idade penal: repercussões sociais e jurídicas

A Constituição Federal de 1988 é o primeiro texto constitucional a con-


ter dispositivos referentes aos direitos de crianças e adolescentes, sendo a
primeira constituição na História do Brasil em que se reconhece essa parce-
la da população como pessoas e, portanto, como sujeitos de Direito. É tam-
bém em seu texto que pela primeira vez o tema da imputabilidade penal é
alçado ao status de norma constitucional.
Como visto no capítulo 1, as seis constituições brasileiras que antece-
deram o texto de 1988 não contemplaram qualquer previsão para além de
eventuais regras de tutela e controle, sem reconhecer em momento algum
anterior a 1988 crianças e adolescentes como sujeitos de Direito. Porém, a
responsabilidade penal dos “menores” já era alvo de atenção das normas
penais: o Código Criminal do Império estabelecia que menores de 14 anos
poderiam ser julgados como criminosos se demonstrassem discernimento,
ou seja, independentemente da idade da pessoa com menos de 14 anos,
caso o juiz entendesse que o acusado agira dotado de discernimento a res-
peito da própria conduta, deveria ser julgado como criminoso adulto, ten-
do como diferença apenas a atenuação das penas. Em 1890, o Código Cri-
minal da República rebaixa a idade da responsabilidade penal para 9 (nove)

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anos186, podendo ser responsabilizados penalmente crianças e adolescentes
com idade entre 9 e 14 anos que tivessem discernimento187.
Essas previsões vigem até 1921, quando a Lei n. 4.242, referente às di-
retrizes orçamentárias para o Brasil naquele ano, cria novas políticas para
“organizar o serviço de assistência e proteção à infância abandonada e de-
linquente”188, estabelecendo nova faixa etária para responsabilização penal
ao determinar em seu art. 3º que os menores com idade entre 14 e 18 anos
deverão ser submetidos a “procedimento especial”. Essa lei ilustra a lógica
na qual se pensavam crianças e adolescentes no início do século XX no
Brasil: uma parcela da população a representar um ônus orçamentário para
o Estado quando em situação de “abandono” ou “delinquência”. É o que
se extrai da leitura do art. 3º da referida lei:

Art. 3º. Fica o Governo autorizado:


I. A organizar o serviço de assistência e proteção à infância abandonada e
delinquente, observadas as bases seguintes:
a) construir um abrigo para o recolhimento provisório dos menores de am-
bos os sexos que forem encontrados abandonados ou que tenham cometti-
do qualquer crime ou contravenção;
b) fundar uma casa de preservação para os menores do sexo feminino, onde
lhes seja ministrada educação doméstica, moral e profissional.

Importante atentar para a determinação da alínea b do dispositivo aci-


ma transcrito, a evidenciar a moral vigente de então, segundo a qual as me-
ninas integrantes da “infância abandonada e delinquente” deveriam ser ins-
titucionalizadas em “casa de preservação” para um tipo específico de edu-
cação – “doméstica, moral e profissional”– sem qualquer previsão em sen-
tido análogo para os meninos.
A Lei n. 4.242/1921 também permite verificar a falta de sistematização
das normas legais referentes a crianças e adolescentes na época, conforme
já mencionado na abordagem histórica feita no Capítulo 1, a ponto de uma

186. “Art. 27. Não são criminosos: § 1º Os menores de 9 annos completos.”


187. “Art. 27. Não são criminosos: (…) § 2º Os maiores de 9 e menores de 14, que obrarem sem
discernimento.”
188. Nos termos do texto legal, a norma “Fixa a despesa geral da República dos Estados Uni-
dos do Brasil para o exercício de 1921”. O texto integral não foi disponibilizado pelo Portal de
Legislação do site do Planalto. Os excertos do texto referentes às políticas de assistência a me-
nores podem ser acessados em: http://www.ciespi.org.br/media/Base%20Legis/LEI%204242_06_
JAN_1921.pdf. Para mais comentários a respeito ver: SHECAIRA, Sérgio Salomão. Sistema de Ga-
rantias e o Direito Penal Juvenil, p. 33.

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lei de diretrizes orçamentárias conter disposição que revogava dispositivo
do Código Criminal no que se referia à imputabilidade penal. Nota-se tam-
bém a completa dissociação dos limites de responsabilização penal de uma
lógica de garantia de direitos, mas sim de ônus financeiro e de necessidade
de proteção social dos riscos representados por uma determinada parcela da
população com menos de dezoito anos.
Com a entrada em vigor do Código Mello Matos, é criada a categoria
jurídica “menor” como referente às pessoas com menos de 18 (dezoito) anos:

(…) dividindo a infância em duas e atrelando a periculosidade às crianças


e adolescentes pobres, alvo preferencial da intervenção estatal. Para a infân-
cia, o controle é exercido pela família e pela escola; para os menores o con-
trole é de atribuição dos tribunais, ou seja, com base no sistema de prote-
ção e assistência e nas disposições do Código de Menores, submetia-se qual-
quer criança, por sua simples condição de pobreza, à ação da Justiça e da
Assistência. A esfera jurídica se transforma assim em protagonista na ques-
tão dos menores, por meio da ação jurídico-social dos Juízes de Menores.
(SPOSATO, 2011, p. 25)

As regras do Código de Mello Mattos para responsabilização pela prá-


tica de infração penal se encontravam disciplinadas no Capítulo VII – “Dos
menores delinquentes”, entre os arts. 68 e 91, na seguinte forma: as pes-
soas com menos de 14 anos que praticassem infração penal não poderiam
ser submetidas a processo penal algum189; já os adolescentes da faixa etária
entre 14 e 18 anos ficavam sujeitos a um procedimento especial190. O art.
71 do Código continha previsão específica para os adolescentes com idade
entre 16 e 18 anos em relação aos quais ficasse provado se tratar de “indi-
víduo perigoso pelo seu estado de perversão moral”: estes poderiam ser in-
ternados até a cessação da periculosidade em estabelecimento especifica-
mente destinado a “condemnados de menor idade”, admitindo-se, todavia,
o encarceramento em prisão comum com separação dos condenados adul-

189. Nos termos do art. 68 do Código de Mello Mattos: “Art. 68. O menor de 14 annos, indi-
gitado autor ou cumplice de facto qualificado crime ou contravenção, não será submettido a
processo penal de especie alguma; a autoridade competente tomará sómente as informações pre-
cisas, registrando-as, sobre o facto punivel e seus agentes, o estado physico, mental e moral do
menor, e a situação social, moral e economica dos paes ou tutor ou pessoa em cujo guarda viva”.
190. Nos termos do art. 68 do Código de Mello Mattos: “Art. 69. O menor indigitado autor ou
cumplice de facto qualificado crime ou Contravenção, que contar mais de 14 annos e menos de
18, será submettido a processo especial, tomando, ao mesmo tempo, a autoridade competente
as precisas informações, a respeito do estado physico, mental e moral delle, e da situação social,
moral e economica dos paes, tutor ou pessoa incumbida de sua guarda”.

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tos onde não houvesse referido estabelecimento191, muito embora o art. 86
do mesmo diploma legal proibisse expressamente o recolhimento de me-
nores de 18 anos em prisão comum192.
O Código de Menores de 1979 manteve em seu art. 1º a aplicabilidade
de normas especiais para pessoas de até 18 anos que estivessem em situa-
ção irregular193, ou, excepcionalmente, para pessoas com idade entre 18 e
21 anos:

Art. 1º Este Código dispõe sobre assistência, proteção e vigilância a meno-


res:
I – até dezoito anos de idade, que se encontrem em situação irregular.
II – entre dezoito e vinte e um anos, nos casos expressos em lei.

O então novo código estabelecia distinção pela faixa etária apenas no


que dizia respeito ao procedimento para apuração de ato infracional, esta-
belecendo regras distintas para adolescentes de 14 a 18 anos; crianças e ado-
lescentes de 10 a 14 anos; e crianças de até 10 anos, nos termos dos arts.
100 a 102 do Código de Menores194.
Em 1988, pela primeira vez a regra da imputabilidade penal é erigida
ao status de norma constitucional no art. 228, fixada em 18 anos 195. Em-

191. Nos termos do art. 71 do Código de Mello Mattos: “Art. 71. Si fôr imputado crime, consi-
derado grave pelas circumstancias do facto e condições pessoaes do agente, a um menor que
contar mais de 16 e menos de 18 annos de idade ao tempo da perpetração, e ficar provado que
se trata de individuo perigoso pelo seu estado de perversão moral o juiz lhe applicar o art. 65 do
Codigo Penal, e o remetterá a um estabelecimento para condemnados de menor idade, ou, em
falta deste, a uma prisão commum com separação dos condemnados adultos, onde permanece-
rá até que se verifique sua regeneração, sem que, todavia, a duração da pena possa exceder o seu
maximo legal”.
192. Nos termos do art. 71 do Código de Mello Mattos: “Art. 86. Nenhum menor de 18 annos,
preso por qualquer motivo ou apprechendido, será recolhido a prisão commum”. A esse respei-
to, observa Karina Sposato: “Em que pese a expressa proibição no art. 86 da lei, de que o recolhi-
mento fosse realizado em prisões comuns, sabe-se que a prática era a utilização de presídios de
adultos, em alguns casos destinando-se aos menores celas separadas, dada a inexistência de uma
política de atendimento específica. Foi somente com a entrada em vigor do Código Penal de 1940
que a referida proibição passou a ser devidamente observada” (SPOSATO, 2011, p. 26).
193. Sobre o conceito legal de “situação irregular”, ver capítulo 1.
194. “Art. 100. O procedimento de apuração de infração cometida por menor de dezoito e
maior de quatorze anos compreenderá os seguintes atos: (…) Art. 101. O menor com mais de
dez e menos de quatorze anos será encaminhado, desde logo, por ofício, à autoridade judiciá-
ria, com relato circunstanciado de sua conduta, aplicando-se-lhe, no que couber, o disposto nos
§§ 2º e 3º do art. 99 desta Lei. (…) Art. 102. Apresentado o menor de até dez anos, a autoridade
judiciária poderá dispensá-lo da audiência de apresentação, ou determinar que venha à sua pre-
sença para entrevista, ou que seja ouvido e orientado por técnico”.
195. Embora a principal legislação da ditadura militar referente a crianças e adolescentes seja
o Código de Menores de 1979 – expressamente revogado pelo ECA – é importante mencionar

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bora tenha mantido a maioridade penal já prevista tanto no Código Pe-
nal quanto no Código de Menores de 1979, é indispensável traçar dife-
renças fundamentais entre os sistemas anterior e posterior a 1988: a fixa-
ção da idade penal aos 18 anos nos Códigos de Menores anteriores à Cons-
tituição decorria de premissas diversas, com pouca (ou nenhuma) relação
com a noção contemporânea de pessoa em especial condição de desenvolvi-
mento, a exigir tratamento jurídico diferenciado, mas sim determinando
instrumentos de controle social para uma determinada parcela da popu-
lação – vale lembrar, somente os “menores abandonados ou delinquen-
tes” (no Código de Menores de 1927) ou os “menores em situação irregu-
lar”(no Código de Menores de 1979) é que estavam sujeitos a tais normas,
em evidente recorte jurídico-legal estabelecido a partir de critérios de clas-
se, que associavam legalmente vulnerabilidade econômica à criminalida-
de e à violência.
Totalmente diverso é o contexto de promulgação da Constituição Fe-
deral de 1988, que, ao reconhecer crianças e adolescentes como pessoas e
sujeitos de Direito, transforma o tratamento legal diferenciado em direito:
o disposto no art. 228 da Constituição Federal é corolário do princípio da
isonomia, que assegura a dimensão material do direito à igualdade, segun-
do o qual o Direito deve tratar igualmente os iguais e desigualmente os de-
siguais, na medida de suas desigualdades. Adultos não são iguais a crian-
ças e adolescentes, e, por isso, a isonomia entre pessoas de faixa etária di-
ferente somente ser realizada no campo penal por formas diferentes de res-
ponsabilização.
Dada a natureza jurídica de direito individual fundamental do con-
teúdo do art. 228 da Constituição Federal, não é juridicamente viável sua
alteração, sequer por emenda constitucional, por força do art. 60, § 4º,

aqui a regra de imputabilidade penal prevista no Código Penal Militar, editado mediante o De-
creto-lei n. 1.001/69, disciplinada nos arts. 50 e 51 nos seguintes termos: “Menores – Art. 50. O
menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos, revela su-
ficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acôr-
do com êste entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um têrço até a metade.
Equiparação a maiores – Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não te-
nham atingido essa idade: a) os militares; b) os convocados, os que se apresentam à incorpora-
ção e os que, dispensados temporàriamente desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo
de licenciamento; c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e
disciplina militares, que já tenham completado dezessete anos. Art. 52. Os menores de dezes-
seis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos
às medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em legislação especial”. Não obs-
tante o Código Penal Militar ainda estar em vigor, os dispositivos transcritos nesta nota não po-
dem ser considerados recepcionados pela Constituição Federal de 1988, pois a regra da imputa-
bilidade penal passou a ter status constitucional desde então.

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IV, CF196 : a vedação à redução da idade penal decorre da inafastável in-
terpretação do art. 228 da CF como um desdobramento do direito à igual-
dade, conferindo-lhe natureza de cláusula pétrea. E não há que se argu-
mentar no sentido de que a posição topográfica do art. 228 da Consti-
tuição Federal impediria de considerá-lo como direito fundamental, pois
da interpretação sistemática do texto constitucional197 decorre que a crian-
ça e o adolescente são seres em fase de formação e desenvolvimento, e,
por isso, diferentes dos adultos. Logo, a isonomia – dimensão inafastável
do princípio da igualdade – somente pode ser satisfeita pelo tratamento
jurídico diferenciado. O princípio da isonomia, que informa o direito à
igualdade, não se satisfaz com a mera igualdade formal perante a lei, mas
exige que se dê tratamento desigual aos desiguais. Como não fosse sufi-
ciente, vale lembrar, o Brasil é signatário da Convenção dos Direitos da
Criança, que estabelece a maioridade aos 18 anos e, sendo pacto inter-
nacional sobre Direitos Humanos de força jurídica vinculante, deve ser
interpretado como norma de hierarquia constitucional. Ainda no campo
da normativa internacional, as Regras das Nações Unidas para a Prote-
ção dos Menores Privados de Liberdade estabelece a maioridade aos 18
anos especificamente para fins de responsabilidade penal198. Por todas
essas razões, alterar a norma contida no art. 228 da CF configuraria, des-
ta forma, flagrante inconstitucionalidade.
Como último ponto em relação ao tema, é importante ressaltar que a
lei brasileira está em conformidade não só com a normativa internacional,
mas também com as idades para imputabilidade penal fixadas pelos demais

196. “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (…) § 4º Não será ob-
jeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II
– o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e ga-
rantias individuais.”
197. E mesmo o texto do § 2º do art. 5º, que possibilita até mesmo o reconhecimento de ou-
tros direitos e garantias não expressos em seu texto, e, portanto, permite incluir o art. 228 sob
a mesma interpretação: “§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
198. Regras da ONU para jovens privados de liberdade: “11. Para efeitos das Regras, são aplicá-
veis as seguintes definições: a) Menor é qualquer pessoa que tenha menos de 18 anos. A idade
limite abaixo da qual não deve ser permitido privar uma criança de liberdade deve ser fixada em
lei. Íntegra disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comis-
soes-permanentes/cdhm/comite-brasileiro-de-direitos-humanos-e-politica-externa/RegNacUni-
ProtMenPrivLib.html. Acesso em: julho de 2018.
Aliás, a esse respeito, Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) se manifes-
tou em 2015 no sentido contrário à redução da idade penal no Brasil. Íntegra da nota disponí-
vel em: http://www.unodc.org/lpo-brazil/en/frontpage/2015/03/23-unodc-se-posiciona-contra-
-a-reducao-da-maioridade-penal-no-brasil.html. Acesso em: julho de 2018.

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países que integram a Convenção da Criança, como se pode verificar na ta-
bela comparativa199 abaixo:

Países Responsabilidade Responsabilidade Observações


Penal Juvenil Penal de Adultos

Alemanha 14 18/21 De 18 a 21 anos o sistema alemão admite o


que se convencionou chamar de Sistema de
Jovens Adultos, no qual mesmo após os 18
anos, a depender do estudo do discernimento,
podem ser aplicadas as regras do Sistema de
Justiça Juvenil. Após os 21 anos, a competên-
cia é exclusiva da jurisdição penal tradicional.
Argentina 16 18 O Sistema Argentino é Tutelar.
A Lei n. 23.849 e o art. 75 da Constitución de
la Nación Argentina determinam que, a partir
dos 16 anos, adolescentes podem ser priva-
dos de sua liberdade se cometem delitos e
podem ser internados em alcaidías ou peni-
tenciárias. ***
Argélia 13 18 Dos 13 aos 16 anos, o adolescente está sujei-
to a uma sanção educativa e, como exceção,
a uma pena atenuada a depender de uma
análise psicossocial. Dos 16 aos 18 anos, há
uma responsabilidade especial atenuada.
Áustria 14 19 O Sistema Austríaco prevê até os 19 anos a
aplicação da Lei de Justiça Juvenil (JGG). Dos
19 aos 21 anos as penas são atenuadas.
Bélgica 16/18 16/18 O Sistema Belga é tutelar e portanto não ad-
mite responsabilidade abaixo dos 18 anos.
Porém, a partir dos 16 anos admite-se a revisão
da presunção de irresponsabilidade para al-
guns tipos de delitos, por exemplo os delitos
de trânsito, quando o adolescente poderá ser
submetido a um regime de penas.
Bolívia 12 16/18/21 O art. 2º da Lei n. 2.026/99 prevê que a respon-
sabilidade de adolescentes incidirá entre os 12
e os 18 anos. Entretanto, outro artigo (222)
estabelece que a responsabilidade se aplicará
a pessoas entre os 12 e 16 anos, sendo que na
faixa etária de 16 a 21 anos serão também
aplicadas as normas da legislação.
Brasil 12 18 O art. 104 do Estatuto da Criança e do Ado-
lescente determina que são penalmente
inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos
às medidas socioeducativas previstas na Lei.
***

199. Tabela elaborada pela Unicef e divulgada pelo Ministério Público do Paraná – área de Di-
reito da Criança e do Adolescente. Disponível em: http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-323.
html. Acesso em: junho de 2018.

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Bulgária 14 18 –

Canadá 12 14/18 A legislação canadense (Youth Criminal Justi-


ce Act/2002) admite que a partir dos 14 anos,
nos casos de delitos de extrema gravidade, o
adolescente seja julgado pela Justiça comum
e venha a receber sanções previstas no Códi-
go Criminal, porém estabelece que nenhuma
sanção aplicada a um adolescente poderá ser
mais severa do que aquela aplicada a um
adulto pela prática do mesmo crime.

Colômbia 14 18 A nova Lei colombiana n. 1.098/2006 regula


um sistema de responsabilidade penal de
adolescentes a partir dos 14 anos, no entanto
a privação de liberdade somente é admitida
aos maiores de 16 anos, exceto nos casos de
homicídio doloso, sequestro e extorsão.

Chile 14/16 18 A Lei de Responsabilidade Penal de Adoles-


centes chilena define um sistema de respon-
sabilidade dos 14 aos 18 anos, sendo que em
geral os adolescentes somente são responsá-
veis a partir dos 16 anos. No caso de um
adolescente de 14 anos autor de infração
penal, a responsabilidade será dos Tribunais
de Família.

China 14/16 18 A Lei chinesa admite a responsabilidade de


adolescentes de 14 anos nos casos de crimes
violentos como homicídios, lesões graves in-
tencionais, estupro, roubo, tráfico de drogas,
incêndio, explosão, envenenamento etc. Nos
crimes cometidos sem violências, a responsa-
bilidade somente se dará aos 16 anos.

Costa Rica 12 18 –

Croácia 14/16 18 No regime croata, o adolescente entre 14 e


16 anos é considerado Junior minor, não
podendo ser submetido a medidas institucio-
nais/correcionais. Estas somente são impostas
na faixa de 16 a 18 anos, quando os adoles-
centes já são considerados Senior Minor.

Dinamarca 15 15/18 –

El Salvador 12 18 –

Escócia 8/16 16/21 Também se adota, como na Alemanha, o Sis-


tema de Jovens Adultos. Até os 21 anos de
idade podem ser aplicadas as regras da Jus-
tiça Juvenil.

Eslováquia 15 18

Eslovênia 14 18

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Espanha 12 18/21 A Espanha também adota um Sistema de Jo-
vens Adultos com a aplicação da Lei Orgânica
n. 5/2000 para a faixa dos 18 aos 21 anos.
Estados 10 * 12/16 Na maioria dos Estados do país, adolescen-
Unidos tes com mais de 12 anos podem ser subme-
tidos aos mesmos procedimentos dos
adultos, inclusive com a imposição de pena
de morte ou prisão perpétua. O país não
ratificou a Convenção Internacional sobre os
Direitos da Criança.
Estônia 13 17 Sistema de Jovens Adultos até os 20 anos de
idade.
Equador 12 18 –
Finlândia 15 18 –
França 13 18 Os adolescentes entre 13 e 18 anos gozam de
uma presunção relativa de irresponsabilidade
penal. Quando demonstrado o discernimento
e fixada a pena, nesta faixa de idade (Jeune)
haverá uma diminuição obrigatória. Na faixa
de idade seguinte (16 a 18) a diminuição fica
a critério do juiz.
Grécia 13 18/21 Sistema de Jovens Adultos dos 18 aos 21 anos,
nos mesmos moldes alemães.
Guatemala 13 18 –
Holanda 12 18 –
Honduras 13 18 –
Hungria 14 18 –
Inglaterra e 10/15 * 18/21 Embora a idade de início da responsabilidade
País de Gales penal na Inglaterra esteja fixada aos 10 anos,
a privação de liberdade somente é admitida
após os 15 anos de idade. Isto porque entre
10 e 14 anos existe a categoria Child , e de 14
a 18 Young Person, para a qual há a presunção
de plena capacidade e a imposição de penas
em quantidade diferenciada das penas aplica-
das aos adultos. De 18 a 21 anos, há também
atenuação das penas aplicadas.
Irlanda 12 18 A idade de inicio da responsabilidade está fi-
xada aos 12 anos, porém a privação de liber-
dade somente é aplicada a partir dos 15 anos.
Itália 14 18/21 Sistema de Jovens Adultos até 21 anos.
Japão 14 21 A Lei Juvenil Japonesa, embora possua uma
definição de delinquência juvenil mais ampla
que a maioria dos países, fixa a maioridade
penal aos 21 anos.
Lituânia 14 18 –

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México 11 ** 18 A idade de inicio da responsabilidade juvenil
mexicana é em sua maioria aos 11 anos, porém
os estados do país possuem legislações pró-
prias, e o sistema ainda é tutelar.

Nicarágua 13 18 –

Noruega 15 18 –

Países Baixos 12 18/21 Sistema de Jovens Adultos até 21 anos.

Panamá 14 18 –

Paraguai 14 18 A Lei n. 2.169 define como “adolescente” o


indivíduo entre 14 e 17 anos. O Código de La
Niñez afirma que os adolescentes são penal-
mente responsáveis, de acordo com as normas
de seu Livro V. ***

Peru 12 18 –

Polônia 13 17/18 Sistema de Jovens Adultos até 18 anos.

Portugal 12 16/21 Sistema de Jovens Adultos até 21 anos.

República 13 18 –
Dominicana

República 15 18 –
Checa

Romênia 16/18 16/18/21 Sistema de Jovens Adultos.

Rússia 14 * /16 14/16 A responsabilidade fixada aos 14 anos so-


mente incide na prática de delitos graves,
para os demais delitos, a idade de início é
aos 16 anos.

Suécia 15 15/18 Sistema de Jovens Adultos até 18 anos.

Suíça 7/15 15/18 Sistema de Jovens Adultos até 18 anos.

Turquia 11 15 Sistema de Jovens Adultos até os 20 anos de


idade.

Uruguai 13 18 –

Venezuela 12/14 18 A Lei n. 5.266/98 incide sobre adolescentes


de 12 a 18 anos, porém estabelece diferencia-
ções quanto às sanções aplicáveis para as
faixas de 12 a 14 e de 14 a 18 anos. Para a
primeira, as medidas privativas de liberdade
não poderão exceder 2 anos e, para a segun-
da, não serão superiores a 5 anos.

* Somente para delitos graves.


** Legislações diferenciadas em cada estado.
*** Complemento adicional.

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A natureza jurídica do ato infracional
Como já visto no tópico anterior, a imputabilidade penal aos 18 anos con-
figura direito fundamental, por refletir a isonomia que informa o direito à igual-
dade, o que significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais,
na medida de suas desigualdades. Sendo crianças e adolescentes pessoas dife-
rentes dos adultos, deve-se determinar consequências jurídicas diferentes para
uns e outros. Por essa razão, a prática de um crime ou de um ato infracional
têm consequências jurídicas distintas, pois é nisto que se reflete o tratamento
desigual, que implica a responsabilização diferenciada em relação aos adultos:
à criança e ao adolescente que pratiquem ato infracional aplicam-se as medi-
das pertinentes a cada faixa etária, cujo fundamento decorre do dever de pro-
teção integral, e sempre balizadas pelo devido processo legal.
“Ato infracional” é o termo que designa a prática, por pessoa menor
de 18 anos, de uma conduta prevista como ilícito penal – ou seja, descrita
como crime pelo Código Penal ou pela legislação penal especial. Para que
melhor se compreenda a noção de ato infracional, é necessário antes recor-
rer ao conceito analítico de crime, que o descreve como o fato típico (ou
seja, correspondente a uma descrição de conduta a princípio proibida pela
lei penal), ilícito (por ser praticado sem autorização legal excepcional, e as-
sim guardar relação de contrariedade com o ordenamento jurídico) e prati-
cado por pessoa culpável (que é aquela imputável, consciente da ilicitude
que pratica – ainda que de forma apenas potencial – e de quem se poderia
exigir conduta diversa da criminosa).
O ato infracional, por sua vez, é o fato típico e ilícito praticado por
inimputável, nos termos do art. 103 do ECA:

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou


contravenção penal.

Trata-se, portanto, em termos dogmáticos, de conduta típica e ilícita, pra-


ticada por pessoa a quem falta uma das condições para a culpabilidade. Ato
infracional não é sinônimo de crime em seu conceito técnico justamente
pela ausência desse elemento, mas o legislador remete à lei penal para in-
dicar que os atos infracionais praticados por adolescentes encontram lá sua
tipificação, o que implica a estrita obediência ao princípio da legalidade200.
Dessa forma, a representação que dá início à ação socioeducativa descreve-
rá a conduta praticada pelo adolescente como “ato infracional equiparado

200. No mesmo sentido, ver: SHECAIRA, 2015, p. 143.

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ao crime de furto”, ou “ato infracional equiparado ao crime de tráfico de
entorpecentes”, por exemplo.
Em outras palavras, as descrições fáticas das condutas praticadas pelo
adulto e pelo adolescente serão idênticas: tanto o crime de furto quanto o
ato infracional a ele equiparado consistirão em subtrair, para si ou para ou-
trem, coisa alheia móvel201. Porém, pelo fato de a pessoa com menos de 18
anos se encontrar em peculiar condição de desenvolvimento e não possuir
as mesmas condições individuais de maturidade emocional e autonomia
pessoal que um adulto, reconhece-se a ausência de elemento essencial para
a culpabilidade nos termos formulados pela lei penal. Assim, a imputabili-
dade penal é fixada aos 18 anos no art. 104 do ECA, que reproduz o con-
teúdo do art. 228 da Constituição Federal202:

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujei-


tos às medidas previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do
adolescente à data do fato.

Vale notar que o parágrafo único do art. 104 estabelece que o critério
temporal para aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, no que
diz respeito à imputabilidade, é a idade da pessoa no momento em que o
ato infracional foi praticado203. Isso significa que as normas do ECA pode-
rão ser aplicadas a pessoas maiores de 18 anos que estejam sendo submeti-
das a processo de apuração de ato infracional praticado na adolescência,
sendo possível até mesmo a aplicação de medida socioeducativa para o
maior de 18 anos nesse caso, sendo que, no caso da medida de internação,
a desinternação será compulsória quando a pessoa completar 21 anos. Esse
ponto será abordado com maior profundidade em tópico próprio.

Criança e ato infracional


Como já visto, o art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente esta-
belece o critério etário para classificação das pessoas com menos de 18 anos

201. Art. 155 do Código Penal.


202. E também do art. 27 do Código Penal: “Menores de dezoito anos – Art. 27. Os menores de
18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na le-
gislação especial”.
203. Aliás, em consonância com o previsto no Código Penal, que adota a teoria da atividade
como critério para considerar o momento em que o crime foi praticado: “Tempo do crime – Art.
4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado”.

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como crianças ou adolescentes. Para a criança que praticar ato infracional, o
art. 105 do ECA determina a aplicação das medidas de proteção:

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medi-


das previstas no art. 101.

As medidas de proteção são aquelas aplicadas quando a criança ou ado-


lescente estiver em situação de risco ou de violação efetiva de seus direitos
fundamentais, tendo por finalidade cumprir necessidades pedagógicas e for-
talecer vínculos comunitários e familiares (art. 100, ECA). Verifica-se, por-
tanto, que as medidas previstas para crianças que praticarem ato infracio-
nal não têm o mesmo conteúdo de responsabilização e reprovação204 pre-
sente nas medidas socioeducativas. Essa formulação legal permite afirmar
que, nos termos do ECA, a criança que pratica ato infracional encontra-se
em situação pessoal equiparada à situação de risco do art. 98 do ECA, e sua
fase de desenvolvimento de maturidade exige antes uma intervenção de na-
tureza protetiva do que uma medida que signifique a desaprovação e res-
ponsabilização por seu ato.

Adolescente e ato infracional


Como já exaustivamente mencionado, o Estatuto da Criança e do Ado-
lescente – legislação produto do reconhecimento de crianças e adolescen-
tes como sujeitos de Direito – simboliza a ruptura com os modelos jurídi-
cos anteriores à Constituição Federal, o que passa também pela adoção de
um novo repertório terminológico que represente e consolide adequada-
mente tais transformações sociais e culturais. Por essa razão, o legislador
optou pela expressão “adolescente em conflito com a lei”205 em substitui-
ção à antiga terminologia “menor infrator”, considerada estigmatizante e
reprodutora de valores culturais distantes daqueles que a doutrina da pro-
teção integral pretende reforçar.
Diferentemente do previsto para a criança que pratique ato infracio-
nal, para o adolescente que incorra em ato ilícito previsto como crime são
previstas as medidas socioeducativas.
As medidas socioeducativas correspondem à sanção jurídica imposta
como consequência da prática de ato infracional por adolescente, e os dispo-

204. Nos termos da Lei do Sinase, a ser abordada em tópico próprio.


205. Nos termos do art. 1º, § 1º da Lei do Sinase, que será examinada mais detalhadamente em
tópico posterior.

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sitivos que as disciplinam estão previstos tanto no Estatuto da Criança e do
Adolescente quanto na Lei do Sistema Nacional Socioeducativo (Sinase)206.
Embora não se trate de procedimento da Justiça Criminal, o fato de o
ECA constituir o adolescente como sujeito de Direito (e não mero objeto
de intervenção) implica a extensão de todos os direitos fundamentais asse-
gurados aos adultos, o que inclui os direitos e garantias processuais penais
acrescidos de previsões específicas decorrentes de sua condição de pessoa
em desenvolvimento e sob responsabilidade de entidade familiar.
A ação socioeducativa tem natureza diversa da ação penal: embora sua
titularidade também seja do Ministério Público, rege-se por princípios di-
versos, tais como a possibilidade de se conceder remissão, além das finali-
dades pedagógicas e não punitivas legalmente expressas.

Os direitos individuais
Os arts. 106 a 109 do ECA asseguram expressamente direitos individuais
aos adolescentes submetidos a procedimento para apuração de ato infracional:

Dos Direitos Individuais


Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em fla-
grante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autori-
dade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis
pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra
recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competen-
te e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade,
a possibilidade de liberação imediata.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo
máximo de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios
suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperio-
sa da medida.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a iden-
tificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo
para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

206. A ser abordado em tópico próprio.

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