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189. Nos termos do art. 68 do Código de Mello Mattos: “Art. 68. O menor de 14 annos, indi-
gitado autor ou cumplice de facto qualificado crime ou contravenção, não será submettido a
processo penal de especie alguma; a autoridade competente tomará sómente as informações pre-
cisas, registrando-as, sobre o facto punivel e seus agentes, o estado physico, mental e moral do
menor, e a situação social, moral e economica dos paes ou tutor ou pessoa em cujo guarda viva”.
190. Nos termos do art. 68 do Código de Mello Mattos: “Art. 69. O menor indigitado autor ou
cumplice de facto qualificado crime ou Contravenção, que contar mais de 14 annos e menos de
18, será submettido a processo especial, tomando, ao mesmo tempo, a autoridade competente
as precisas informações, a respeito do estado physico, mental e moral delle, e da situação social,
moral e economica dos paes, tutor ou pessoa incumbida de sua guarda”.
191. Nos termos do art. 71 do Código de Mello Mattos: “Art. 71. Si fôr imputado crime, consi-
derado grave pelas circumstancias do facto e condições pessoaes do agente, a um menor que
contar mais de 16 e menos de 18 annos de idade ao tempo da perpetração, e ficar provado que
se trata de individuo perigoso pelo seu estado de perversão moral o juiz lhe applicar o art. 65 do
Codigo Penal, e o remetterá a um estabelecimento para condemnados de menor idade, ou, em
falta deste, a uma prisão commum com separação dos condemnados adultos, onde permanece-
rá até que se verifique sua regeneração, sem que, todavia, a duração da pena possa exceder o seu
maximo legal”.
192. Nos termos do art. 71 do Código de Mello Mattos: “Art. 86. Nenhum menor de 18 annos,
preso por qualquer motivo ou apprechendido, será recolhido a prisão commum”. A esse respei-
to, observa Karina Sposato: “Em que pese a expressa proibição no art. 86 da lei, de que o recolhi-
mento fosse realizado em prisões comuns, sabe-se que a prática era a utilização de presídios de
adultos, em alguns casos destinando-se aos menores celas separadas, dada a inexistência de uma
política de atendimento específica. Foi somente com a entrada em vigor do Código Penal de 1940
que a referida proibição passou a ser devidamente observada” (SPOSATO, 2011, p. 26).
193. Sobre o conceito legal de “situação irregular”, ver capítulo 1.
194. “Art. 100. O procedimento de apuração de infração cometida por menor de dezoito e
maior de quatorze anos compreenderá os seguintes atos: (…) Art. 101. O menor com mais de
dez e menos de quatorze anos será encaminhado, desde logo, por ofício, à autoridade judiciá-
ria, com relato circunstanciado de sua conduta, aplicando-se-lhe, no que couber, o disposto nos
§§ 2º e 3º do art. 99 desta Lei. (…) Art. 102. Apresentado o menor de até dez anos, a autoridade
judiciária poderá dispensá-lo da audiência de apresentação, ou determinar que venha à sua pre-
sença para entrevista, ou que seja ouvido e orientado por técnico”.
195. Embora a principal legislação da ditadura militar referente a crianças e adolescentes seja
o Código de Menores de 1979 – expressamente revogado pelo ECA – é importante mencionar
aqui a regra de imputabilidade penal prevista no Código Penal Militar, editado mediante o De-
creto-lei n. 1.001/69, disciplinada nos arts. 50 e 51 nos seguintes termos: “Menores – Art. 50. O
menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos, revela su-
ficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acôr-
do com êste entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um têrço até a metade.
Equiparação a maiores – Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não te-
nham atingido essa idade: a) os militares; b) os convocados, os que se apresentam à incorpora-
ção e os que, dispensados temporàriamente desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo
de licenciamento; c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e
disciplina militares, que já tenham completado dezessete anos. Art. 52. Os menores de dezes-
seis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos
às medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em legislação especial”. Não obs-
tante o Código Penal Militar ainda estar em vigor, os dispositivos transcritos nesta nota não po-
dem ser considerados recepcionados pela Constituição Federal de 1988, pois a regra da imputa-
bilidade penal passou a ter status constitucional desde então.
196. “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (…) § 4º Não será ob-
jeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II
– o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e ga-
rantias individuais.”
197. E mesmo o texto do § 2º do art. 5º, que possibilita até mesmo o reconhecimento de ou-
tros direitos e garantias não expressos em seu texto, e, portanto, permite incluir o art. 228 sob
a mesma interpretação: “§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
198. Regras da ONU para jovens privados de liberdade: “11. Para efeitos das Regras, são aplicá-
veis as seguintes definições: a) Menor é qualquer pessoa que tenha menos de 18 anos. A idade
limite abaixo da qual não deve ser permitido privar uma criança de liberdade deve ser fixada em
lei. Íntegra disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comis-
soes-permanentes/cdhm/comite-brasileiro-de-direitos-humanos-e-politica-externa/RegNacUni-
ProtMenPrivLib.html. Acesso em: julho de 2018.
Aliás, a esse respeito, Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) se manifes-
tou em 2015 no sentido contrário à redução da idade penal no Brasil. Íntegra da nota disponí-
vel em: http://www.unodc.org/lpo-brazil/en/frontpage/2015/03/23-unodc-se-posiciona-contra-
-a-reducao-da-maioridade-penal-no-brasil.html. Acesso em: julho de 2018.
199. Tabela elaborada pela Unicef e divulgada pelo Ministério Público do Paraná – área de Di-
reito da Criança e do Adolescente. Disponível em: http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-323.
html. Acesso em: junho de 2018.
Costa Rica 12 18 –
Dinamarca 15 15/18 –
El Salvador 12 18 –
Eslováquia 15 18
Eslovênia 14 18
Nicarágua 13 18 –
Noruega 15 18 –
Panamá 14 18 –
Peru 12 18 –
República 13 18 –
Dominicana
República 15 18 –
Checa
Uruguai 13 18 –
Vale notar que o parágrafo único do art. 104 estabelece que o critério
temporal para aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, no que
diz respeito à imputabilidade, é a idade da pessoa no momento em que o
ato infracional foi praticado203. Isso significa que as normas do ECA pode-
rão ser aplicadas a pessoas maiores de 18 anos que estejam sendo submeti-
das a processo de apuração de ato infracional praticado na adolescência,
sendo possível até mesmo a aplicação de medida socioeducativa para o
maior de 18 anos nesse caso, sendo que, no caso da medida de internação,
a desinternação será compulsória quando a pessoa completar 21 anos. Esse
ponto será abordado com maior profundidade em tópico próprio.
Os direitos individuais
Os arts. 106 a 109 do ECA asseguram expressamente direitos individuais
aos adolescentes submetidos a procedimento para apuração de ato infracional: