Você está na página 1de 16

SUASEMAS CAPACITA

 Módulo I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS


MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Aula 1 – Linha do tempo - Evolução dos direitos das crianças


e adolescentes
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Introdução

Esta aula tem o objetivo de abordar os aspectos históricos e a evolução de como eram
legalmente tratadas crianças e adolescentes, bem como as medidas punitivas adotadas no Brasil,
com o intuito de criar uma linha do tempo do desenvolvimento dos direitos que foram
reconhecidos e conquistados pela valorização da condição de pessoa humana e o
reconhecimento como sujeitos de direito.

Com a adoção da Doutrina de Proteção Integral, proveniente tanto do Estatuto da Criança e do


Adolescente como da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, os direitos das
crianças e dos adolescentes foram elevados a um novo patamar - ao primeiro plano de
importância.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Século XVIII - Crianças são abandonadas para


caridade nas "Rodas dos Expostos“
A medida foi regulamentada em lei e se
tornou a principal forma de assistência
infantil nos séculos XVIII e XIX.
Popularmente conhecido como "Roda dos
Rejeitados“, o dispositivo era um
compartimento cilíndrico instalado na parede
de uma casa, que girava de fora para dentro.
A criança era colocada ali para ser acolhida e
criada pela entidade, com a preservação da
identidade de quem a abandonava.
Criada pela primeira vez na Bahia, pela
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

1890 - Código Criminal da República


determina penalização de crianças
entre 9 e 14 anos
Elaborado para inibir o aumento da
violência nos centros urbanos há época.
Teoria do Discernimento – crianças e
adolescentes entre 9 e 14 anos eram
avaliadas psicologicamente e
penalizadas de acordo com o seu
"discernimento" sobre o delito
cometido.
Os adolescentes entre 14 e 17 anos
poderiam ser recolhidos à Casa de
Correção pelo tempo que o Juiz julgasse
necessário, sem ultrapassar os 17 anos
de idade para permanência na
instituição..
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Lei nº 4.242 de 1921 - Idade mínima


para responder criminalmente passa a
ser 14 anos
Até então, a assistência aos menores
era prestada por instituições
religiosas, mas, a partir de referida lei,
foi concedido espaço às ações
governamentais como políticas
sociais.
Definiu hipóteses de abandono e
situações equiparadas, ampliou as
causas para a suspensão e destituição
do poder familiar, por exemplo.
Os jovens autores ou cúmplices de
delitos, considerados "menores
delinquentes", tornaram-se
inimputáveis até os 14 anos, com a
revogação da Teoria do Discernimento
de 1890.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

1927 - Primeiro Código de Menores


estabelece imputabilidade antes dos 18
anos
A Lei de Assistência e Proteção aos
Menores, conhecida como Código de
Menores ou Código Mello Mattos,
representou avanços na proteção das
crianças e adolescentes.
A lei proibiu a "Roda dos Expostos“.
No caso de "delinquentes" entre 14 e 17
anos, o destino seria uma o
Reformatório, onde receberiam
educação e aprenderiam um trabalho.
Os adolescentes e crianças menores de
14 anos que não tivessem família seriam
mandados para a Escola de Preservação,
uma versão abrandada do reformatório.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

1932 – Com a reforma penal, Getúlio


Vargas consolidou mudanças na idade
penal para 14 anos
Em 1932, realizou-se uma reforma maior
do Código Penal Brasileiro para validar
várias alterações já feitas desde 1890,
entre elas a mudança maioridade penal
de 9 para 14 anos.
O Decreto nº 22.213, de 14 de dezembro
de 1932, conhecido como Consolidação
das Leis Penais, afirmou que não eram
criminosos os menores de 14 anos.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

1941 - Serviço de Assistência a


Menores (SAM) é criado para
atender todo o Brasil
Institui-se o Serviço de Assistência
a Menores (SAM), primeiro órgão
federal a se responsabilizar pelo
controle da assistência às crianças
e aos adolescentes em escala
nacional.
Atendia aos "menores
abandonados" e "desvalidos",
encaminhando-os às instituições
oficiais existentes, e aos "menores
delinquentes", internando-os em
Colônias Correcionais e
Reformatórios.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

1964 - Militares criam FUNABEM e


FEBEMs
Os miltares extinguiram o SAM e
criaram a Fundação Nacional do Bem-
Estar do Menor (Funabem) e a Políitica
Nacional do Bem-Estar do Menor
(PNBEM), para a coordenação de todas
as ações na área.
A questão da infância passou a ser
tratada como problema de segurança
nacional e deu origem às FEBEMs em
nível estadual.
A FUNABEM e FEBEMs receberam
muitas críticas de diferentes setores da
sociedade pelas fugas constantes,
violência interna e ineficácia na
ressocialização dos jovens.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

1979 - 2º Código de Menores


adiciona doutrina de proteção
integral
Em 1979, é promulgado um novo
Código de Menores.
Adotou a doutrina jurídica de
proteção do “menor em situação
irregular”, que abrange os casos de
abandono, prática de infração penal,
desvio de conduta, falta de
assistência ou representação legal,
entre outros.
Não se dirigia à prevenção, cuidava
do conflito instalado.
O Código permitia ao Estado recolher
crianças e adolescentes em situação
irregular e condená-los ao Internato
até a maioridade.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

5 de Outubro de 1985 - Ciranda da


Constituinte marcou aprovação da
emenda à Constituição
No dia em que se votou no
Congresso a Emenda Criança (que
deu origem aos artigos 227 e 228
da Constituição que tratam dos
direitos das crianças e dos
adolescentes), mais de 20 mil
meninos e meninas fizeram uma
"Ciranda da Constituinte" em
torno do Congresso Nacional.

Sem a mobilização das crianças por


meio das entidades, a aprovação
da emenda teria sido mais difícil.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

1º de Março de 1988 - Entidades da


sociedade civil criam Fórum de Defesa das
Crianças e Adolescentes
O Fórum Nacional de Entidades Não-
Governamentais de Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente (Fórum DCA) foi
criado a partir do encontro de vários
segmentos organizados de defesa da
criança e do adolescente.
Teve papel preponderante no processo de
discussão e elaboração da Nova
Constituição e do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).
Em vigor até hoje, a principal tarefa do
Fórum é lutar pela efetivação dos direitos
das crianças e dos adolescentes por meio
de proposição e monitoramento das
politicas públicas.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

13 de Julho de 1990 - Nasce o Estatuto


da Criança e do Adolescente (ECA)
Aprovado no Congresso Nacional,
Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) é o marco legal que reuniu
reivindicações de movimentos sociais
que trabalhavam em defesa da ideia de
que crianças e adolescentes são
também sujeitos de direitos e merecem
acesso à cidadania e proteção.
O ECA foi publicado sob a lei federal nº
8069/90.
Reproduz grande parte da Convenção
Internacional dos Direitos das Crianças
e da Declaração Universal dos Direitos
da Criança de 1979, sendo reflexo das
leis internacionais.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

2 de Setembro de 1990 - Brasil


assina Convenção Internacional
sobre os Direitos da Criança
A Convenção Internacional sobre os
direitos da Criança é um Tratado
internacional aprovado na ONU em
20 de novembro de 1989, ratificado
pelo Brasil para assegurar os
direitos das crianças e adolescentes
em escala global.
Apesar de o Brasil ter se baseado
no documento para redigir o ECA, o
Estado Brasileiro somente ratificou
o Tratado no Brasil em 1990.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Conclusão
Como se pode observar, muitos foram os avanços na proteção de crianças e
adolescentes ao longo da história.
Sempre há o que se avançar, seja no reconhecimento de direitos, seja na aplicação
e efetivação de medidas de proteção ou socioeducativas do próprio Estatuto da
Criança e do Adolescente, além de nunca se esquecer de que é dever da família, da
comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurarem, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos das crianças e dos adolescentes.
MÓDULO I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Referências:
Constituição da República Federativa de 1988

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente (https://crianca.mppr.mp.br/pagina-13


48.html)

Posição oficial: Redução da Maioridade Penal (https://crianca.mppr.mp.br/pagina-


206.html)

Publicações: ECA nas Escolas (https://crianca.mppr.mp.br/pagina-2041.html)

Você também pode gostar