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SUASEMAS CAPACITA

Módulo I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS


SOCIOEDUCATIVAS

Aula 05 - Medidas Socioeducativas em meio aberto –


Atribuição municipal
Módulo I – TRAJETÓRIA E EVOLUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Municipalização
O Sistema de Garantias de Direitos (SGD) da Criança e do Adolescente – é uma
rede integrada de atenção e proteção à infância e à adolescência, mediante a
cooperação político-técnico-financeira da União, Estados e Municípios e a
participação de entidades não-governamentais. Como conjunto articulado de
ações, o SGD pressupõe a existência e a oferta de todas as modalidades de
políticas, mediante a integração de todos os entes políticos.

A municipalização reconhece o município como o principal responsável pela


coordenação, planejamento, acompanhamento, controle e avaliação das
políticas públicas em seu território. Contudo, embora seja o principal responsável,
não é o único, por isso a importância da cooperação técnica e financeira com os
Estados e a União.
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Cabe ressaltar que dentre as diretrizes da política de atendimento, previstas no


art.88 do ECA, além da municipalização do atendimento, também está prevista a
observância da descentralização político-administrativa dos programas a serem
criados, com a seguinte diferenciação:

Municipalização: as práticas de atendimento à criança e ao adolescente devem


ocorrer no âmbito municipal, de modo a fortalecer o contato e o papel da
comunidade e das respectivas famílias.

Descentralização político-administrativa: é toda política destinada à criança e ao


adolescente, que possibilita ao poder público estabelecer parcerias com ONGs para
cooperação na execução de políticas públicas.
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Dessa forma, a descentralização político-administrativa, em especial a


municipalização, é a peça-chave para a construção do Sistema de Garantia de
Direitos da Criança e do Adolescente, mediante a pactuação entre os diferentes
atores sobre suas responsabilidades específicas e compartilhadas. Assim, o
município terá a atribuição de organização e execução dos serviços, porém, não o
faz de forma isolada, mas com a cooperação técnica e financeira dos demais entes.

Destarte, os municípios serão responsáveis pela coordenação e execução das


medidas socioeducativas em meio aberto: a liberdade assistida e a prestação de
serviços à comunidade.
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Cabe destacar que os municípios possuem autonomia para desenvolver seus


programas socioeducativos em meio aberto. Esta característica, associada à
localização territorial dos equipamentos, constitui em um fator essencial para que o
programa seja, efetivamente, adequado às necessidades locais.

O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, SINASE, que integra o Sistema


de Garantias de Direitos, é a política pública destinada à inclusão do adolescente em
conflito com a lei que demanda iniciativas e alianças dos diferentes campos das
políticas públicas, responsável pelo atendimento ao adolescente em conflito com a
lei desde o processo de apuração até a execução da medida socioeducativa.
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Insta frisar que a Lei do SINASE prevê que “a oferta irregular de programas de
atendimento socioeducativo em meio aberto não poderá ser invocada como
motivo para aplicação ou manutenção de medida de privação da liberdade”.

Além disso, também é previsto na mesma norma que “é direito do adolescente ser
incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento
de medida de privação de liberdade”.

Ambos os aspectos refletem a excepcionalidade da medida privativa de liberdade


e, consequentemente, a prevalência e prioridade das medidas em meio aberto,
seja pelo prazo restrito da medida de internação, seja pela vedação desta como
sentença se houver outra medida mais adequada.
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A Política Nacional de Assistência Social (PNAS), por meio do Sistema Único de


Assistência Social (SUAS), criou os Centros de Referência Especializados de
Assistência Social (CREAS) como agentes implementadores da Política de
Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade.

De acordo com o conjunto de normativas do campo da assistência social, a


Proteção Social Especial está definida como um dos níveis de complexidade do
SUAS destinada ao atendimento às famílias e indivíduos que se encontram em
situação de risco pessoal e social por ocorrência de abandono, maus tratos físicos
e/ou psicológicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de
medidas socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre
outras situações de violações de direitos.
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A ideia é a de que o conflito com a lei possa se constituir em fonte de


vulnerabilidade social e de ruptura de vínculos familiares e comunitários para os
adolescentes. Desta forma, a assistência social tem esta tarefa a cumprir junto ao
Sistema Socioeducativo, assim como outras políticas setoriais (educação, saúde,
cultura etc.). Dentro do SUAS esta responsabilidade está dirigida aos Centros de
Referência Especializados de Assistência Social (CREAS).

O fundamento para esta opção política reside no reconhecimento de que é no


âmbito local e comunitário que estão presentes as efetivas possibilidades de
reinserção dos adolescentes e jovens, fatores essenciais para a execução das
medidas socioeducativas e um adequado atendimento socioassistencial.
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O atendimento pelo CREAS poderá contar com a parceria de instituições da


sociedade civil devidamente registradas no Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CMDCA).

É importante ressaltar que o financiamento dos programas socioeducativos em


meio aberto pode contar com recursos federais ou estaduais nos moldes descritos
na Lei do SINASE:

Compete à União: prestar assistência técnica e suplementação financeira aos


estados, ao Distrito Federal e aos municípios para o desenvolvimento de seus
sistemas;

Compete aos Estados: prestar assessoria técnica e suplementação financeira aos


municípios para a oferta regular de programas de meio aberto.
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Conclusão
Assim, a organização e a execução dos serviços públicos que fazem parte do cumprimento das
medidas socioeducativas em meio aberto cabe ao município, a partir de uma política
intersetorial. E, de acordo com previsão constitucional, a destinação de recursos na área da
infância e juventude é prioritária, ou seja, tem preferência sobre as demais. Isto significa uma
organização de serviços na esfera municipal de forma integrada, sem eliminar a supervisão e o
financiamento de ações dos Estados e também da União.

É importante ressaltar que o adolescente para o qual se voltam os programas socioeducativos


também é destinatário de todas as outras políticas formuladas para os adolescentes em geral,
pois o autor de ato infracional, mesmo pertencendo a uma categoria jurídica delimitada, não
difere em nada dos outros indivíduos de sua faixa etária.

Isso significa que, por ter infringido a lei, o adolescente será destinatário de um conjunto de
ações preventivas e inclusivas e, por ser sujeito de direitos, também deverá ter acesso a todas
as políticas públicas sociais e de proteção voltadas aos adolescentes em geral.
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Referências:
Constituição da República Federativa de 1988

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

Posição oficial: Redução da Maioridade Penal (https://crianca.mppr.mp.br/pagina-2


06.html)

Publicações: ECA nas Escolas (https://crianca.mppr.mp.br/pagina-2041.html)

Unicef_Municializacao_das_medidas_socioeducativas_em_meio_aberto.pdf

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