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Antiguidade

Laços familiares estabelecidos pelo culto à religião- e não relações afetivas ou consanguíneas
Roma- poder paterno (pater familiae) exercido pelo chefe da família (autoridade familiar e religiosa) com
poder absoluto sobre todos os integrantes. “Filhos não eram sujeitos de direitos, mas sim objeto de
relações jurídicas, sobre os quais o pai exercia um direito de proprietário. Assim, era-lhe conferido o poder
de decidir, inclusive, sobre a vida e a morte dos seus descendentes”
Grécia- apenas crianças saudáveis e fortes viviam. Em Esparta, o Estado detinha o pode sobre a vida e a
criação dos filhos, com o objetivo de preparar novos guerreiros (“patrimônio” do Estado).
Oriente- comum o sacrifício religioso de crianças, em razão da sua pureza, doença, deficiência,
malformação. Segundo o Código de Manu (Índia), o primogênito era o filho gerado para o cumprimento do
dever religioso por isso privilegiado.
A exceção ficava a cargo dos hebreus, que proibiam o aborto ou o sacrifício dos filhos, apesar de
permitirem a venda destes como escravos.
Idade Média
Marcada pelo crescimento da religião cristã (grande poder de influência sobre os sistemas jurídicos): o
homem não era um ser racional, mas sim um pecador- e como tal, deveria viver em função dos preceitos
religiosos.
O Cristianismo atenuou a severidade de tratamento na relação entre pais e filhos: previu e aplicou penas
corporais e espirituais para os pais que abandonavam ou expunham os filhos.
Em contrapartida, filhos nascidos fora do “manto sagrado do matrimônio” (um do sete sacramento do
catolicismo) eram discriminados. Segunda doutrina traçada no Concilio de Trento, a filiação natural
ilegítima (filhos espúrios, adulterinos ou sacrílegos) deveria permanecer à margem do Direito, já que era
prova viva da violação do modelo moral determinado á época.
Idade moderna
A escola confinou uma infância outrora livre num regime disciplinar cada vez mais rigoroso, que nos
séculos XVIII e XIX resultou no enclausuramento total do internato. A solicitude da família, da igreja, dos
moralistas e dos administradores privou a criança da liberdade de que ela gozava entre os adultos. Infringiu
o chicote, a prisão, em suma, as correções reservadas aos condenados das condições mais baixas.
Mas esse rigor traduzia um sentimento muito diferente da antiga indiferença: o amor obsessivo que
deveria dominar a sociedade a partir do século XVIII. É fácil compreender que essa invasão das
sensibilidades pela infância tenha resultado nos fenômenos hoje mais conhecidos do malthusianismo ou do
controle de natalidade. Esse último surgiu no século XVIII, no momento em que a família acabava de se
reorganizar em torno da criança e erguia entre ela mesma e a sociedade o muro da vida privada (ARIÉS,
1981 p. 95).

Enquadramento Jurídico
Semana 3

A contextualização e enquadramento jurídico da disciplina propiciam a compreensão das especificidades


relacionadas ao reconhecimento dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil, com sua realidade social própria e
singular.

Como afirma Maíza Zapater:

“Assim, como acepção jurídica do Direito da Criança e do Adolescente entende-se aqui o conjunto de
normas jurídicas que regulam as relações sociais havidas entre dois grupos definidos pelo critério etário: as
crianças e os adolescentes, e os adultos. Todos esses sujeitos, por sua vez, comporão outras unidades
sociais, quais sejam, as entidades familiares, a sociedade civil e as instituições formadoras do Estado.

Dessa forma, o Direito da Criança e do Adolescente pode ser descrito como o ramo do Direito que, a um só
tempo, reconhece direitos de crianças e adolescentes e atribui os deveres correspondentes aos adultos,
seja na posição social de familiares, de representantes das instituições estatais ou de membros da
sociedade civil (ZAPATER, 2019, p. 16).”

Marcos internacionais
1924 - Convenção de Genebra

1945 - Criação da Organização das Nações Unidas, por meio da Carta das Nações

1948 - A Assembleia Geral das Nações Unidas aprova a Declaração Universal dos Direitos Humanos, na qual o
Artigo 25 preconiza "cuidados e assistência especiais" e "proteção social" para mães e crianças.

1959 - A Assembleia Geral das Nações Unidas adota a Declaração dos Direitos da Criança, que reconhece, entre
outros direitos, os direitos das crianças à educação, à brincadeira, a um ambiente favorável e a cuidados de saúde.

1966 - Com os Pactos Internacionais sobre Direitos Civis e Políticos (arts. 23 e 24) e sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais (art.10), os Estados Membros das Nações Unidas prometem manter direitos iguais – incluindo
educação e proteção – para todas as crianças.

1969- Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica):

Art.19 – Direitos da criança. Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua condição de menor
requer, por parte da sua família, da sociedade e do Estado.

1979- Ano Internacional da Criança da ONU

1989- Convenção Internacional dos Direitos da Criança (ratificada pelo Brasil em 26 de janeiro de 1990): “proteção
integral” com força de lei.

Marcos legais Nacionais


Código de Menores de 1927 ( DECRETO Nº 17.943-A DE 12 DE OUTUBRO DE 1927.), em vigência no Brasil
prescrevia, em seu artigo 1º, que:

Art. 1º O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinquente, que tiver menos de 18 anos de idade,
será submetido pela autoridade competente às medidas de assistência e proteção contidas neste Código.

O antigo Código de Menores foi “revogado” e reeditado pela Lei nº 6.697, de 1979.

Art. 1º. Este Código dispõe sobre assistência, proteção e vigilância a menores:
I - Até dezoito anos de idade, que se encontrem em situação irregular;
II - entre dezoito e vinte e um anos, nos casos expressos em lei.
Parágrafo único. As medidas de caráter preventivo aplicam-se a todo menor de dezoito anos,
independentemente de sua situação.

1988- Constituição Federal


Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente

Proteçã o Integral

Mudança paradigmática em relação à Doutrina da Situação Irregular

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