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Conceito:
Essa divisão entre direito público e direito privado é meramente para fins
acadêmicos.
Embora seja uma relação entre particulares, para que eventuais decisões
tenham validade, é preciso uma interferência do poder público, pois envolve
menor de idade e, consequentemente, interesse público.
Estuda a proteção integral
Mas, não devemos confundir essa proteção ampla e irrestrita com a falta de
responsabilização dos menores pelos seus atos ou com a ausência de deveres
e obrigações dos menores
O ECA tem uma aplicação universal, ou seja, para todos os menores de idade,
independentemente da sua situação jurídica e fática
Parece óbvio, mas nem sempre foi assim (vamos ver na parte histórica)
Terminologia técnica
Sim, pois a emancipação é um instituto que serve para tornar uma pessoa
menor capaz para os atos da vida civil, mas ela não deixa de ser menor de
idade.
O ECA diz que o menor de idade não pode se hospedar em um hotel, motel ou
pensão. E um menor de idade que se casa, tornando-se emancipado, poderia ir
ao motel com sua esposa?
Em regra não, pois com a emancipação o torna capaz para os atos da vida
civil, negociais, não afastando a incidência do ECA, que proíbe a hospedagem
de menores em hotéis e motéis.
FONTES
ECA /90
Código Civil
Código Penal
CLT
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Idade antiga
Idade média
Século V ao XV
Brasil império
As crianças respondiam criminalmente com 7 anos
1830: Código Penal do império: modificou a idade penal,
passando para 14 anos, mas introduziu o instituto do
exame do discernimento ( a pessoa a partir dos 7 anos,
poderia ou não responder criminalmente, a depender se o
menor tinha ou não discernimento para saber da ilicitude
do fato)
1890: Código penal dos Estados Unidos do Brasil:
maioridade penal com 9 anos
Século XVIII: Roda dos expostos e enjeitados
Era uma grande roda de madeira, colocada em
conventos, que servia para a mãe ou pai que
resolvesse abandonar a criança. Os pais colocavam
a criança na roda, giravam e a criança, que passava
para o ambiente interno, sem que os pais fossem
identificados
1926: Código de menores
Antes do ECA, já existia uma legislação própria para
tratar do menor de idade de forma específica
Foi a primeira lei a tratar especificamente sobre
menores de idade no Brasil, mas ela não visava
efetivamente proteger o menor de idade. Esse
Código foi criado diante de uma realidade social da
época, que era o abandono (esse era o enfoque
dessa legislação)
Essa legislação não estava preocupada com o
menor em si, mas sim com o mal que esse menor
poderia trazer futuramente para a sociedade
1927: Código de menores
Um ano depois já foi feito um novo Código
Ficou conhecido como Código “Mecco Mattos”
Também tinha como enfoque o abandono
Os menores de idade eram apreendidos e de certa
forma punidos por terem sido abandonado pelos
pais
1979: Código de menores
Esse Código de menores vigorou até o ECA
Não mudou muito a realidade em relação aos
anteriores, vez que, em sua essência, não
preceituava direitos, ficando conhecido por criar a
consolidar a doutrina da situação irregular
A preocupação não era com todos os menores, mas
sim apenas com aqueles que estivessem em
“situação irregular”, que estava descrita no Art.2
dessa lei
Ex: o menor de idade fora da escola;
abandonado; envolvido na criminalidade;
vítima de abuso ou maus tratos dos pais etc
Constituição Federal de 1988
CF, 227. É dever da família, da sociedade e
do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
Doutrina da proteção integral
É caracterizada por uma co-
responsabilidade (da família, da
sociedade e do Estado)
Tripé da proteção integral:
responsabilidade da família,
da sociedade e do Estado
Dever constitucional de zelar pelos
direitos das crianças e dos
adolescentes
Princípios
Direito à vida
Direito à alimentação
Direito ao respeito
Direito de imagem
Direito à profissionalização
Direito à educação
Educação básica
Educação infantil: “ministrada em creches ou entidades
equivalentes (crianças até três anos de idade) e pré-escolas (dos
quatro aos cinco anos de idade)”
Lei 9394, Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da
educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento
integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade.
“A educação infantil prestada, prioritariamente, pelos
Municípios, visa o desenvol-vimento da criança na primeira
infância com estímulos motores, intelectuais, psico-lógicos
e sociais. Integra a educação básica e deve ser
obrigatoriamente prestada, sendo dever dos pais ou
responsáveis efetuar a matrícula no ensino fundamental a
partir dos 6 anos de idade (art. 6o da LDB). A questão foi
tratada no AI 761.908 RG/SC, reconhecida como de
repercussão geral, no qual a Suprema Corte decidiu pela
“autoaplicabilidade do art. 208, IV, da Constituição Federal.
– Dever do Estado de assegurar o atendimento em
creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de
idade” (Fonte: “Curso de Direito da Criança e do
Adolescente”, Katia Regina Lobo Andrade Maciel
(coordenadora). 12a)
Ensino fundamental: “duração mínima de nove anos, iniciando-
se aos seis anos de idade e tendo por objetivo a formação
básica do cidadão”
Finalidades do Ensino Fundamental: Lei 9394, Art. 32
Ensino médio: “finaliza a educação básica. É obrigatório, tem
duração de três anos e nessa fase final deve enfatizar a
profissionalização, buscando preparar o adolescente para a
escolha de sua profissão”. (Fonte: “Curso de Direito da Criança e
do Adolescente”, Katia Regina Lobo Andrade Maciel
(coordenadora). 12a)
Finalidades do ensino médio: Lei 9394, Art. 35
Educação superior
Finalidades da educação superior: Lei 9394, Art. 43
Julgamento recente do STF: homeschooling (ensino domiciliar)
Alguns pais preferem ofertar eles mesmos a educação para os
filhos ou contratar um profissional para fazê-lo
“O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou
provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 888815, com
repercussão geral reconhecida, no qual se discutia a
possibilidade de o ensino domiciliar (homeschooling) ser
considerado como meio lícito de cumprimento, pela família, do
dever de prover educação. Segundo a fundamentação adotada
pela maioria dos ministros, o pedido formulado no recurso não
pode ser acolhido, uma vez que não há legislação que
regulamente preceitos e regras aplicáveis a essa modalidade de
ensino”. (Fonte: site do STF)
Ementa: CONSTITUCIONAL. EDUCAÇÃO. DIREITO
FUNDAMENTAL RELACIONADO À DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA E À EFETIVIDADE DA CIDADANIA. DEVER
SOLIDÁRIO DO ESTADO E DA FAMÍLIA NA PRESTAÇÃO DO
ENSINO FUNDAMENTAL. NECESSIDADE DE LEI FORMAL,
EDITADA PELO CONGRESSO NACIONAL, PARA
REGULAMENTAR O ENSINO DOMICILIAR. RECURSO
DESPROVIDO. 1. A educação é um direito fundamental
relacionado à dignidade da pessoa humana e à própria cidadania,
pois exerce dupla função: de um lado, qualifica a comunidade
como um todo, tornando-a esclarecida, politizada, desenvolvida
(CIDADANIA); de outro, dignifica o indivíduo, verdadeiro titular
desse direito subjetivo fundamental (DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA). No caso da educação básica obrigatória (CF, art.
208, I), os titulares desse direito indisponível à educação são
as crianças e adolescentes em idade escolar. 2. É dever da
família, sociedade e Estado assegurar à criança, ao adolescente
e ao jovem, com absoluta prioridade, a educação. A Constituição
Federal consagrou o dever de solidariedade entre a família e
o Estado como núcleo principal à formação educacional das
crianças, jovens e adolescentes com a dupla finalidade de
defesa integral dos direitos das crianças e dos adolescentes e
sua formação em cidadania, para que o Brasil possa vencer o
grande desafio de uma educação melhor para as novas gerações,
imprescindível para os países que se querem ver desenvolvidos.
3. A Constituição Federal não veda de forma absoluta o ensino
domiciliar, mas proíbe qualquer de suas espécies que não
respeite o dever de solidariedade entre a família e o Estado como
núcleo principal à formação educacional das crianças, jovens e
adolescentes. São inconstitucionais, portanto, as espécies de
unschooling radical (desescolarização radical), unschooling
moderado (desescolarização moderada) e homeschooling puro,
em qualquer de suas variações. 4. O ensino domiciliar não é
um direito público subjetivo do aluno ou de sua família,
porém não é vedada constitucionalmente sua criação por
meio de lei federal, editada pelo Congresso Nacional, na
modalidade “utilitarista” ou “por conveniência circunstancial”,
desde que se cumpra a obrigatoriedade, de 4 a 17 anos, e se
respeite o dever solidário Família/Estado, o núcleo básico de
matérias acadêmicas, a supervisão, avaliação e fiscalização pelo
Poder Público; bem como as demais previsões impostas
diretamente pelo texto constitucional, inclusive no tocante às
finalidades e objetivos do ensino; em especial, evitar a evasão
escolar e garantir a socialização do indivíduo, por meio de ampla
convivência familiar e comunitária (CF, art. 227). 5. Recurso
extraordinário desprovido, com a fixação da seguinte tese (TEMA
822): “Não existe direito público subjetivo do aluno ou de sua
família ao ensino domiciliar, inexistente na legislação
brasileira”.
Crime de abandono intelectual
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
inerentes ao pátrio poder poder familiar ou decorrente de tutela ou
guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou
Conselho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência