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DIREITO DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO

Aula 02- 09/08/2021

UNIDADE 1- Princípios aplicáveis ao D. da Criança e do adolescente

Conceito:

Direito da criança e do adolescente ( conceito do professor): ramo do direito


público com características de direito privado que estuda a proteção integral de
todas as crianças e adolescentes.

Essa divisão entre direito público e direito privado é meramente para fins
acadêmicos.

 É um ramo do direito público, pois o destinatário primário das normas é


o Estado, o poder Público. Além disso, as normas do ECA em sua
maioria são normas cogentes, ou seja, normas obrigatórias que devem
ser seguidas, normas que vinculam o poder público.

Ex: Obriga o poder público a ofertar escola gratuita, assim como


obriga a existência de maternidade, a realizar campanhas de
vacinação etc, os pais podem acordar alimentos, mas essa vontade
tem que passar pelo poder judiciário.

 Com características de direito privado, pois tem normas que


regulamentam as relações entre particulares, onde há como ter uma
espécie de acordo entre as partes, sobretudo no que diz respeito às
normas de direito de família.

Ex: normas sobre guarda – os pais tem a autonomia de deliberar quem


será o guardião da criança ou do adolescente

Embora seja uma relação entre particulares, para que eventuais decisões
tenham validade, é preciso uma interferência do poder público, pois envolve
menor de idade e, consequentemente, interesse público.
 Estuda a proteção integral

O objeto da disciplina é a proteção integral, que significa uma proteção ampla,


irrestrita e que não comporta limitação.

Mas, não devemos confundir essa proteção ampla e irrestrita com a falta de
responsabilização dos menores pelos seus atos ou com a ausência de deveres
e obrigações dos menores

 Atinge todas as crianças e adolescentes

O ECA tem uma aplicação universal, ou seja, para todos os menores de idade,
independentemente da sua situação jurídica e fática

Parece óbvio, mas nem sempre foi assim (vamos ver na parte histórica)

 Terminologia técnica

“Menor”: não é um termo técnico, o certo é criança, adolescente, menor de


idade, menor de 18 anos. Isso porque, o menor, por si só, remete a uma
situação passada de ausência de direitos

 O ECA é aplicável ao emancipado?

Sim, pois a emancipação é um instituto que serve para tornar uma pessoa
menor capaz para os atos da vida civil, mas ela não deixa de ser menor de
idade.

Mas algumas responsabilidades o adolescente passa a assumir pessoalmente,


pois cessa o poder dos pais.

A emancipação não torna a pessoa maior de idade

O ECA diz que o menor de idade não pode se hospedar em um hotel, motel ou
pensão. E um menor de idade que se casa, tornando-se emancipado, poderia ir
ao motel com sua esposa?
Em regra não, pois com a emancipação o torna capaz para os atos da vida
civil, negociais, não afastando a incidência do ECA, que proíbe a hospedagem
de menores em hotéis e motéis.

FONTES

 Fonte interna (nacional)

Constituição Federal/88 (Arts. 227 e 228)

ECA /90

Código Civil

Código Penal

CLT

 Fonte externa (internacional)

Declaração de Genebra/ 1924

Declaração universal dos direitos das crianças e dos adolescentes/1959

Convenção internacional dos direitos da criança e do adolescente/1989

Esses documentos internacionais serviram como base das nossas normas


internas de proteção aos direitos das crianças e dos adolescentes

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

 Idade antiga

4000 a.c. a 476 d.c.

Não existia isonomia entre os filhos, havia um tratamento diferenciado

Apenas o filho homem mais velho que herdava

Característica marcante: era uma prática comum da época os pais matarem os


filhos não saudáveis
O poder familiar não se extinguia em razão da idade e somente o pai que tinha
esse poder. Enquanto o filho morasse junto com os pais, o pai teria o poder
familiar

 Idade média

Século V ao XV

O cristianismo estava em plena ascensão e práticas como a de matar o filho


doente começaram a ser repudiadas

Defesa da família tradicional

Filhos nascidos fora do casamento não tinham direitos e viviam à margem da


sociedade e eram abandonados

 Brasil império
 As crianças respondiam criminalmente com 7 anos
 1830: Código Penal do império: modificou a idade penal,
passando para 14 anos, mas introduziu o instituto do
exame do discernimento ( a pessoa a partir dos 7 anos,
poderia ou não responder criminalmente, a depender se o
menor tinha ou não discernimento para saber da ilicitude
do fato)
 1890: Código penal dos Estados Unidos do Brasil:
maioridade penal com 9 anos
 Século XVIII: Roda dos expostos e enjeitados
 Era uma grande roda de madeira, colocada em
conventos, que servia para a mãe ou pai que
resolvesse abandonar a criança. Os pais colocavam
a criança na roda, giravam e a criança, que passava
para o ambiente interno, sem que os pais fossem
identificados
 1926: Código de menores
 Antes do ECA, já existia uma legislação própria para
tratar do menor de idade de forma específica
 Foi a primeira lei a tratar especificamente sobre
menores de idade no Brasil, mas ela não visava
efetivamente proteger o menor de idade. Esse
Código foi criado diante de uma realidade social da
época, que era o abandono (esse era o enfoque
dessa legislação)
 Essa legislação não estava preocupada com o
menor em si, mas sim com o mal que esse menor
poderia trazer futuramente para a sociedade
 1927: Código de menores
 Um ano depois já foi feito um novo Código
 Ficou conhecido como Código “Mecco Mattos”
 Também tinha como enfoque o abandono
 Os menores de idade eram apreendidos e de certa
forma punidos por terem sido abandonado pelos
pais
 1979: Código de menores
 Esse Código de menores vigorou até o ECA
 Não mudou muito a realidade em relação aos
anteriores, vez que, em sua essência, não
preceituava direitos, ficando conhecido por criar a
consolidar a doutrina da situação irregular
 A preocupação não era com todos os menores, mas
sim apenas com aqueles que estivessem em
“situação irregular”, que estava descrita no Art.2
dessa lei
 Ex: o menor de idade fora da escola;
abandonado; envolvido na criminalidade;
vítima de abuso ou maus tratos dos pais etc
 Constituição Federal de 1988
 CF, 227. É dever da família, da sociedade e
do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
 Doutrina da proteção integral
 É caracterizada por uma co-
responsabilidade (da família, da
sociedade e do Estado)
 Tripé da proteção integral:
responsabilidade da família,
da sociedade e do Estado
 Dever constitucional de zelar pelos
direitos das crianças e dos
adolescentes

Princípios

 Princípio da prioridade absoluta


 Art. 4, ECA e Art.226, CF
 Também conhecido como princípio da primazia
 Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral
e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.
 Art. 4, ECA X Art. 3, Estatuto do idoso
 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e
do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta
prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer,
ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e à convivência familiar e comunitária.
 É praticamente uma cópia do Art.4 do ECA, criando uma
prioridade absoluta para o idoso. Mas, existem duas
prioridades absolutas? Como isso funciona?
 Ex: como prefeito você teria que construir uma creche para
crianças ou um lar para idosos, considerando que a
relevância das obras é a mesma, qual você teria que fazer
primeiro?
 Apesar de ambos terem a prioridade absoluta,
a prioridade da criança e do adolescente está na
constituição, de modo que terá prioridade inclusive
sobre os idosos (que virão logo após as crianças e
adolescentes)
 Ou seja, o único público que goza de uma prioridade
constitucional são as crianças e adolescentes
 Princípio do melhor/superior interesse
 Qualquer decisão administrativa ou judicial deve ter como
enfoque/fundamento o que for melhor para o menor de
idade, em detrimento aos demais envolvidos
 Princípio da Municipalização
 As políticas públicas são implementadas pelo Município,
dadas as necessidades específicas de cada local
 ECA, Art.88, I
 O município não cria lei sobre infância e juventude, pois a
competência é da União e dos Estados, o que o Município
pode e deve fazer é implementar as políticas públicas e é
sobre isso que trata o princípio da municipalização
 Ps: A prática do toque de recolher é ilegal por dois motivos. O
primeiro deles é que portaria de juiz não pode contrariar a
Constituição que garante direito de ir e vir. Além disso, apesar do
juiz da infância e juventude possuir um certo poder normativo, ele
não é ilimitado. Não consta do rol do Art.149 do ECA a
possibilidade de regulamentar toque de recolher (é o rol que
estabelece as possibilidade em que o juiz pode exercer o poder
normativo)

Direitos das crianças e dos adolescentes

 A primeira coisa que precisamos de entender, é o conceito de criança e


de adolescente, que é dado pela lei.
 ECA, Art.2 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa
até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze
e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei,
aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
vinte e um anos de idade.
 Criança
 Pessoa com até 12 anos incompletos
 Adolescente
 Pessoa entre 12 e 18 anos
 Primeira infância (Lei 13.257/2016)
 Período dos 6 primeiros anos ou 72 meses
 Ex: João nasceu no dia 02/01/2000 as 15h. No dia 02/01/2018, as 8h,
mata uma pessoa. Ele vai responder como adulto ou como menor de
idade? Isso já foi muito polêmico, mas já foi pacificado. Para resolver a
questão, é preciso saber quando se completa o ano civil. A corrente
adotada pelo STJ determina que o ano civil se completa no primeiro
instante do dia (meia noite). Então, no dia 02/01/2018 João já tinha
completado 18 anos e responderia pelo crime como adulto
 Interpretação do ECA
 ECA, Art.6 Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os
direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da
criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
 O método de interpretação do ECA é o teleológico
 Fins sociais: bem comum, melhor interesse e proteção integral
dos menores de idade

Direito à vida

 ECA, Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à


saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam
o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições
dignas de existência.
 Assunto polêmico ligado ao direito a vida: Aborto
 Na lei, as hipóteses permissivas do aborto são: gestação
oriunda de estupro e risco de morte à mãe
 Hipótese permissiva jurisprudencial (STF): feto
anencéfalo (Adpf 54, 2012)
 E aquele feto que tem uma má formação na calota
craniana, que cientificamente vai morrer durante a
gestação ou logo após o nascimento. Não se confunde
com hidrocefalia
 O médico tem o direito de se recusar a fazer o
procedimento, desde que a mãe não esteja em iminente
risco de morte
 Se a mãe quer realizar o aborto do feto anencéfalo e o pai
não quer, como resolver? Entendimentos divergentes. Há
quem entenda que isso é um decisão exclusiva da
gestante
 Após a decisão da Adpf não é mais necessário uma decisão
judicial para realizar o aborto de feto anencéfalo

Direito à alimentação

 Art.9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão


condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de
mães submetidas a medida privativa de liberdade.
 Lei 22.439/2016, Minas Gerais: A lactante tem o direito de amamentar
seu filho no lugar que ela quiser. Quem constranger a lactante, terá que
pagar uma multa
 Alimentos gravídicos
 Lei 11.804/08
 Alimentos devidos durante o período de gestação (envolve
todas as despesas extras decorrentes da gestação)
 Ex: tratamento psicológico em decorrência da gestação
 Quem é o titular dos alimentos gravídicos?
 STJ já reconheceu a possibilidade do nascituro ser parte
em um processo
 Mas, o polo ativo da ação de alimentos gravídicos é a
gestante, pois o Art. 1 da lei 11.804 estabelece a mulher
gestante como titular dos alimentos gravídicos
 Polo passivo: suposto pai
 Prazo de defesa: 5 dias
 Após o nascimento com vida da criança, o valor pago a
título de alimentos gravídicos é convertido
automaticamente em pensão alimentícia
 Os alimentos são irrepetíveis, uma vez pagos, não tem
como devolver
 ECA, Art. 2, p.u.: Aplicação do ECA às pessoas de 18 a 21 anos de
idade
 Art. 2, Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte
e um anos de idade.
 O ECA é uma lei de 1990, época em que a capacidade civil era
adquirida aos 21 anos (CC/16). Com o CC de 2002, a capacidade
civil passou a ser adquirida aos 18 anos
 Apesar de uma análise inicial fazer pensar que essa disposição
não seria mais aplicável, o parágrafo único do Art.2 do ECA está
em vigor e é aplicável e apenas um caso: para apuração do
ato infracional e aplicação de medida socioeducativa
 Ex: a pessoa mata alguém com 17 anos, mas completa a
maioridade no curso do processo penal, o que acontece? A
pessoa continua respondendo por ato infracional, mesmo
atingindo a idade adulta. O que importa é a data do fato, da
prática do delito. Ou seja, essa é a possibilidade de se
aplicar o ECA à pessoas maiores de idade, vez que se ela
praticou uma infração sendo menor, responderá por ele
como menor até o final
 E se uma pessoa matar 5 pessoas com 17 anos e no
momento do julgamento já tinha 22 anos? Nesse caso,
ocorrerá a prescrição do ato infracional. Então, o ECA só
consegue ser aplicado para pessoas de até 21 anos de
idade
 Aos 21 anos de idade ocorre a prescrição do ato infracional,
se o processo tiver em fase de conhecimento, ele será extinto
quando a pessoa atingir essa idade. Eventuais medidas
socioeducativas em cumprimento também serão extintas quando
a pessoa completar 21 anos
 21 anos é a data máxima para resolver delitos cometidos pelo
menor
 Ler ECA: Arts. 1 a 14

Direito à liberdade (ECA, Art. 16)

 Assim como o adulto, a criança e o adolescente também tem direito à


liberdade
 Em quais hipóteses a liberdade de alguém pode ser cerceada?
 Somente nos casos de flagrante de ato infracional ou em caso
de ordem escrita e fundamentada da autoridade
competente (Arts. 106)
 ECA, Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
 Quem privar a liberdade da criança ou adolescente sem observar
essas hipóteses, pratica crime – Art. 230, ECA
 ECA, Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da
autoridade judiciária competente:

Pena – detenção de seis meses a dois anos.

 Ex: se uma menina de 16 anos foge de casa e é encontrada


dormindo sozinha em uma praça pública, as autoridades policiais
podem retirá-la de lá ou isso seria uma afronta ao seu direito de
liberdade?
 No ECA existem dois tipos de medidas:
as socioeducativas e as protetivas
 Medidas protetivas: servem para proteger o menor de
idade; podem ser aplicadas sempre que o menor de
idade tiver em situação de risco (Art.98, ECA); aplica-se
para criança e adolescente; estão previstas no Art. 101 do
ECA de forma exemplificativa; podem ser aplicadas
pelo juiz ou pelo conselho tutelar
 Exemplos: Art. 101 do ECA
 Medidas socioeducativas: servem para responsabilizar;
podem ser aplicadas quando o menor tiver cometido um
ato infracional; aplica-se apenas para adolescentes;
estão previstas no Art. 112 do ECA de forma
taxativa; apenas o juiz pode aplicar
 Ex: advertência, internação. Não confundir
acolhimento institucional (protetivo; “abrigo”) com
internação (medida sócio educativa)

Restrições legais ao direito de ir e vir das crianças e adolescentes

 Boates, hotel, motel, locais de aposta, viagens nacionais e internacionais


 O fato de um lugar vender bebida alcoólica impede a entrada do menor?
Não, essa bebida só não pode ser vendida à ele
 1) Viagem nacional
 Art. 83, ECA e Resolução 295/19, CNJ
 Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16
(dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca onde
reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem
expressa autorização judicial.
 Regras
 O meio de transporte que será realizado a viagem não
interfere nas regras (ônibus, avião, trem, navio… todos
seguem as mesmas regras)
 Todo esse regramento só incide para menores de 16
anos. Com 16 anos o adolescente por viajar para qualquer
lugar dentro do Brasil, independente de autorização judicial
 Os menores de 16 anos não poderão viajar para fora
da comarca (o ECA não trata de cidade, mas sim de
comarca) onde reside. Essa restrição não atinge viagens
entre cidades da mesma comarca
 Basta o acompanhamento do pai ou da mãe, não precisa
ser os dois
 Responsáveis: não é qualquer responsável, tem que ser
o responsável legal, que seria o tutor, o curador ou
o guardião
 Se não tiver acompanhado, precisará de autorização
do juiz
 Exceções à regra geral (Art. 83, §1)
 Situações em que o menor, mesmo estando
desacompanhado, poderá viajar sem autorização
judicial
 ECA, Art, 83, § 1º A autorização não será exigida quando:
 a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis)
anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluída
na mesma região metropolitana; (consta na lei de
organização judiciária quais comarcas são contíguas a
quais)
 Unidade da federação: estados (se as comarcas
forem contíguas, mas forem estados distintos, não
será permitida a viagem)
 b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis)
anos estiver acompanhado:
 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro
grau, comprovado documentalmente o
parentesco; (ex: avós, tios, sobrinho, irmão)
 Para comprovar o parentesco de avô, seria
preciso a identidade do neto, da mãe e da
avó ou certidão de nascimento do neto e
identidade da avó
 2) de pessoa maior, expressamente
autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
 § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
responsável, conceder autorização válida por dois anos.
 Nos termos do ECA, para viajar sozinho, o menor de 16
anos precisa de autorização judicial, ou seja, não adianta
ter autorização dos pais. Entretanto, a resolução 295/19
do CNJ alterou esta regra, pois passou a permitir que
os pais ou o responsável, individualmente, possam
autorizar o menor de 16 anos a viajar sozinho, sem a
necessidade de autorização judicial.
 Crítica: uma resolução pode alterar uma lei federal?
 Mas, o fato é que essa resolução está válida.
Vamos ver o que ela alterou
 Resolução 295/19, CNJ, Art. 2º A autorização para
viagens de criança ou adolescente menor de 16
anos dentro do território o nacional não será
exigida quando:
 III – a criança ou o adolescente menor de 16
anos
viajar desacompanhado expressamente
autorizado por qualquer de seus genitores
ou responsável legal, por meio de escritura
pública ou de documento particular com firma
reconhecida por semelhança ou
autenticidade;
 IV – a criança ou adolescente menor de 16
anos apresentar passaporte válido e
que conste expressa autorização para que
viajem desacompanhados ao exterior.
 2) Viagem internacional
 Resolução 131/11, CNJ
 Regra geral: tem que estar com ambos os pais acompanhando
 Se estiver acompanhado de apenas um dos pais
 Autorização do outro genitor por instrumento público ou
particular (com reconhecimento de firma)
 O reconhecimento de firma pode ser por autenticidade ou
por semelhança (na resolução anterior, era preciso que o
reconhecimento de firma fosse por autenticidade. Hoje,
pode ser por ambos os jeitos)
 Genitor falecido
 Nesse caso será preciso apresentar a certidão de óbito
do outro genitor, que poderá ser a original ou uma cópia
autenticada
 Desacompanhado dos pais ou com terceiros
 Será preciso autorização de ambos os pais, por
documento público ou particular com firma reconhecida
 Ex: viajar sozinho, com pai de amigo, com babá etc
 Destituído ou suspenso do poder familiar
 O pai ou a mãe que foi destituído ou suspenso do poder
familiar não precisa autorizar a viajem (tal situação tem
que ser comprovada)
 Negativa de um dos genitores
 Se um dos genitores negar a autorização da viajem,
isso poderá ser levado ao juiz para que haja o
suprimento do consentimento (o juiz irá decidir em cada
caso concreto)
 Avós, tios, irmãos maiores
 Também será necessário autorização de ambos os pais,
não importando o fato de ser avô, tio ou irmão. A lei da o
mesmo tratamento para os casos de viagens com terceiros
 Guardião
 Em regra, precisará de autorização dos pais
 Exceção: Art. 7, resolução 131, CNJ: O guardião ou tutor
que não seja ou pai ou a mãe, pode autorizar a viagem
nos termos da resolução como se pai fosse. Mas não é
qualquer guardião que se encaixa nessa exceção,
existem requisitos.
 Requisitos:
 Guardião por prazo
indeterminado (conhecido como guardião
definitivo)
 O guardião não pode ser genitor
 Nesses casos, poderá autorizar a viagem,
sem necessidade de autorização dos pais
 Residente no exterior
 Menor residente no exterior que retorna ao Brasil para
visitar e depois quer voltar ao exterior
 Art. 2, Resolução 131, CNJ
 Nesse caso, não será preciso autorização do outro
genitor para regressar ao país de residência, desde que
esteja acompanhado de um dos pais
 Para comprovar: atestado de residência emitido a menos
de dois anos
 Multiparentalidade
 Será preciso autorização de todos os pais e no caso de
divergência, será possível ajuizar uma ação de suprimento
do consentimento
 Não há preferência entre os vínculos de filiação
 Pai/Mãe preso
 Art. 1637, p.u., CC: sentença irrecorrível, cujo a pena
exceda a 2 anos: o poder familiar será suspenso
 STJ: a suspensão do poder familiar no caso de sentença
condenatória não é automática e precisa ser
mencionada na decisão, dependendo do caso concreto
(mas há divergência, pois há quem entenda que essa
suspensão do poder familiar é automática)

Direito ao respeito

 Art. 17, ECA: O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da


integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
 Direito com uma amplitude muito grande
 Integridade física
 O código penal já protege a integridade física dos menores. Mas,
apesar de já haver essa proteção, o ordenamento jurídico criou
uma lei específica de proteção à integridade física dos menores
de idade.
 Lei 13.010/14 (lei da palmada)
 Essa lei fez uma alteração no próprio ECA,
especificamente incluindo os Arts. 18-A e 18-B
 Essa lei proibiu até a “palmadinha corretiva” nos
menores. Estabeleceu a palmada corretiva como ilícito
civil e não como ilícito penal. As sanções estão previstas
no Art.18-B do ECA e a lei estabeleceu como responsável
primário da aplicação dessas sanções o Conselho Tutelar
 Apesar de ser denominada como lei da palmada, ela não
trata apenas dos castigos físicos, mas também dos
tratamentos cruéis, vexatórios e degradantes
 Não é adstrita apenas a pai e mãe, mas a todas as
pessoas
 Não instituiu suas proibições como crime
 Lei 12.318/10 (Lei da alienação parental)
 Qualquer pessoa (e não só o pai e a mãe) que tenha
convívio com o menor de idade, pode praticar a alienação
parental
 Qualquer um pode praticar, mas a imagem que tem que
ser prejudicada é a do pai ou da mãe, para que se
caracterize a alienação parental (segundo a definição da
lei). Mas, a doutrina e a jurisprudência entendem que
essa alienação parental também pode ser feita em
desfavor de qualquer familiar, inclusive, a própria lei
prevê esse tipo de situação no inciso VI do parágrafo único
do Art. 2 da Lei 12.318/10
 Alienação parental é crime?
 Não é crime. No projeto de lei originário, tinha uma
a previsão de tornar a alienação parental como
crime, mas isso foi vetado pelo presidente da
república. Não existe uma tipificação dessa conduta.
 Art. 6: medidas que podem ser tomadas no caso de
alienação parental
 É possível o juiz apurar a alienação parental de ofício,
pelo princípio do melhor interesse da criança e do
adolescente
 A alienação pode ser apurada em processo autônomo ou
incidental (Art.4)
 Lei 13185 de 2015 (Lei do bullying)
 Trata da prevenção e tem como destinatário a escola e
estabelecimentos esportivos
 Chama o bullying de intimidação sistemática
 A lei já reconhece o cyberbullyng, que é aquele praticado
na internet
 Essa lei conceituou o bullying, mas não tratou das
consequências da prática desse bullying
 Mas, é possível auferir quais seriam essas consequências
pelas regras existentes no nosso ordenamento jurídico
 Conceito: Art. 1, §1 c/c Art.2 da Lei 13.185/15
 Responsabilidade civil?
 Ato ilícito: Art. 186/187, CC e Art. 927, CC
 O menor de idade responde pelos seus atos
ilícitos?
 O menor de
idade, adolescente, pode responder,
mas quem sempre responde são os pais,
pois as responsabilidades dos pais em
relação aos atos civis dos filhos é uma
responsabilidade objetiva, ou seja,
independe de culpa (Art. 932 e 933, CC)
 Primeiramente, de forma objetiva, os pais
respondem. Mas, no caso
de impossibilidade ou falta de condições
para fazê-lo o menor poderá responder, se
ele tiver condições suficientes (art. 928, CC)
 Delitos
 Ex: o menor de idade que divulga uma foto
íntima de uma pessoa comete crime?
 Art. 241- A, ECA
 O menor responderá por ato infracional e
poderá receber uma medida
socioeducativa
 E se for uma criança (Até 12 anos) praticando
esses atos?
 Responsabilidade civil: mesmas regras do
adolescente. Primeiro os pais respondem
e, eventualmente, o próprio incapaz
 Delitos: crianças podem praticar atos
infracionais, mas não respondem por eles
 Responsabilidade da escola
 Em sua grande maioria, o bullying acontece dentro
das escolas
 A jurisprudência entende que a responsabilidade
do estabelecimento educacional é objetiva, ou
seja, a escola irá responder independentemente de
culpa, com base no CDC, pois isso é reconhecido
como uma falha na prestação de serviços

Direito de imagem

 Art. 143, ECA: E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e


administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se
atribua autoria de ato infracional.
 O menor de idade que tenha praticado algum ato infracional, não pode
ter seu nome divulgado, nem características que o identifiquem, nem
mesmo suas iniciais podem ser divulgadas
 Quem o fizer, praticará infração administrativa: Art. 247, ECA
 Uso da imagem do menor de idade
 Art. 149, II, ECA
 Compete ao juiz disciplinar, através de portaria, ou autorizar,
mediante alvará, o uso da imagem do menor de idade
 É o juiz da infância da comarca do menor que tem
competência para tais atribuições
 Em BH, o juiz da infância criou uma portaria, disciplinando
o uso da imagem do menor de idade: Portaria 02/2008,
JIJ/BH, Art. 39, p.u.

Direito à profissionalização

 Art. 60/69, ECA


 Art. 402/421, CLT
 Idade mínima: Art. 60, ECA vs Art. 7, XXXIII, CF
 Trabalho: 16 anos
 Aprendiz: 14 anos
 Para assinar o contrato de trabalho é preciso que o menor esteja
assistido ou representado pelos pais ou responsáveis
 Adolescente trabalhador
 Jornada de trabalho de 8 horas diárias
 Vedações
 Trabalho noturno (nos termos da CLT)
 Perigoso
 Insalubre
 Trabalho em logradouro público (salvo de autorizado
pelo juiz da infância, quando indispensável para
subsistência do menor)
 Trabalho em locais e horários que sejam
incompatíveis com as atividades escolares
 Penoso
 Apesar de não estar regulamentado para os
adultos. No caso de menores, existe uma
decisão do TST, que reconheceu o trabalho
de colheita de cana de açúcar como penoso
para o menor
 413, CLT: Em regra, o adolescente é proibido de realizar
hora extra. Só poderá fazê-lo no caso de duas exceções:
 Previsão em acordo ou convenção coletiva de
trabalho, existindo uma compensação, que não
exceda 48 horas semanais
 No caso de força maior, quando a função do
menor for indispensável para o exercício das
atividades da empresa
 Adolescente aprendiz
 Requisito:
 Para ser aprendiz a pessoa tem que ter no mínimo 14
anos
 A função a ser exercida tem que ser técnica. Não é qualquer
atividade que pode ser enquadrada como aprendizagem
 62, ECA: Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação
técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
legislação de educação em vigor.
 Ex: um menor aprendiz que tem como função ensacar
compras, não seria uma atividade técnico
profissionalizante. Nesse, caso, por força do Art.9 da CLT,
que consubstancia a primazia da realidade sobre a forma,
o contrato vai ser extinto e o menor receberá todos os
créditos que tem direito como adolescente trabalhador,
mas o contrato não poderá se converter em contrato de
trabalho, vez que o menor não tem 16 anos.
 Idade máxima do aprendiz: 24 anos
 Então, se um menor aprendiz completa 16 anos, não é
preciso fazer a conversão automática do contrato para
contrato de trabalho, pois a idade máxima é de 24 anos
 Prazo máximo do contrato de aprendizagem: 2 anos
 Carga horária: é diferenciada em razão do nível de escolaridade
 Ensino fundamental: 6 horas
 Ensino médio: 8 horas
 Quem que fiscaliza o trabalho do menor?
 Ministério Público do trabalho e o antigo Ministério do
trabalho, que passou a integrar o Ministério da economia
 A vara do trabalho não fiscaliza, mas, tomando conhecimento
de alguma irregularidade em relação ao trabalho do menor,
deverá oficiar o órgão competente
 Jurisprudência (STJ): em casos excepcionais, essa idade mínima do
trabalho pode ser flexibilizada, para atender ao melhor interesse do
menor
 Ex: menor de 16 anos que está quase entrando para o tráfico de
drogas e tem uma oportunidade de trabalhar de caixa em uma
padaria. Apesar de não ser uma atividade técnica, que
caracterizaria o contrato e aprendizagem, o juiz pode abrir uma
exceção, vez que no caso concreto se o menor não trabalhar
nessa padaria, muito provavelmente iria se envolver com o tráfico
de drogas.
 Trabalho artístico infantil
 No Brasil, não há qualquer previsão legal sobre o assunto
 Os Tribunais não reconhecem o trabalho artístico infantil
como trabalho, por faltar a subordinação
 É tido como um contrato de natureza civil: contrato de cessão e
uso de imagem
 OIT 138 (reconhecida pelo Brasil): estabelece que o trabalho
artístico do menor depende de autorização do juiz da infância
de juventude (ADI 5326/18)
 Os pais são usufrutuários legais dos bens do filho

Direito à educação

 Inicialmente, é preciso compreender o que significa educação


 É um direito de todos, que o poder público tem que ofertar
 “O processo educacional visa à integral formação da criança e do
adolescente, buscando seu desenvolvimento, seu preparo para o
pleno exercício da cidadania e para ingresso no mercado de
trabalho (art. 205 da CF). (…) Educação é direito de todos, sem
distinção. Assegurá-lo é dever dos pais, por meio da matrícula
dos filhos na rede de ensino; dever da sociedade, fiscalizando
os casos de evasão ou de não ingresso na escola por meio do
Conselho Tutelar, dos profissionais de educação ou qualquer
outro meio e, principalmente, dever do Poder Público,
mantendo uma oferta de vagas que permita o livre e irrestrito
acesso à educação. “. (Fonte: “Curso de Direito da Criança e do
Adolescente”, Katia Regina Lobo Andrade Maciel
(coordenadora). 12a)
 Essa educação tem que ser de qualidade e, sempre que possível,
próxima à residência da criança
 O poder público é obrigado a fornecer meios de acesso à escola
 É possível uma escola expulsar um aluno que agride um professor?
(direito fundamental à educação vs poder de aplicar medidas
disciplinares)
 “Em que pese a educação ser um direito fundamental, não se
pode deixar de olvidar que seu exercício deverá ser regular. Se
exercido de forma abusiva, excedendo os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela boa-fé e pelos bons costumes,
confi-gurará, em tese, ato ilícito, consoante art. 187 do Código
Civil. À guisa de exemplo, se a criança ou o adolescente, a
pretexto do exercício do direito de estudar, comporta-se de
forma contrária às regras de convivência estabelecidas no
regimento escolar, prejudicando ou impedindo o regular exercício
do mesmo direito pelos demais estudantes, poderá sofrer
sanções disciplinares como advertência, suspensão e
mesmo expulsão“. (Fonte: “Curso de Direito da Criança e do
Adolescente”, Katia Regina Lobo Andrade Maciel
(coordenadora). 12a)
 As medidas disciplinares devem sempre ser aplicadas pautadas
no princípio da razoabilidade
 Ex: o menor de idade não deve ser expulso em uma época do
ano que se mostre inviável sua matrícula em outra escola
 O atraso de mensalidade pode proibir os alunos de realizarem
provas?
 Não, pois essa prática é expressamente vedada pelo Art. 6 da Lei
9870.
 Lei 9870, Art. 6o São proibidas a suspensão de provas
escolares, a retenção de documentos escolares ou a aplicação
de quaisquer outras penalidades pedagógicas por motivo de
inadimplemento, sujeitando-se o contratante, no que couber, às
sanções legais e administrativas, compatíveis com o Código de
Defesa do Consumidor, e com os arts. 177 e 1.092 do Código
Civil Brasileiro, caso a inadimplência perdure por mais de noventa
dias.
 O alunos portadores de necessidades especiais, podem ter sua
matrícula recusada? Isso muda se a escola for pública ou particular?
 “Pessoas com deficiência são titulares do direito fundamental à
educação em todos os níveis do sistema educacional, de forma a
alcançar o máximo de desenvolvimento” (Fonte: “Curso de Direito
da Criança e do Adolescente”, Katia Regina Lobo Andrade Maciel
(coordenadora). 12a)
 Estatuto da pessoa com deficiência , Art. 28, § 1º Às
instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino,
aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII,
VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste
artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de
qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e
matrículas no cumprimento dessas determinações.
 Não é o deficiente que tem que se adaptar à escola, mas a escola
que tem que se adaptar ao deficiente (política inclusiva)
 Lei de diretrizes e bases da educação, Art, 58, § 2º O
atendimento educacional será feito em classes, escolas ou
serviços especializados, sempre que, em função das
condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular.
 O Brasil é signatário da Convenção Internacional Sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, que determina que: (…) as
pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema
educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças
com deficiência não sejam excluídas do ensino primário
gratuito e compulsório ou do ensino secundário, sob
alegação de deficiência. E mais, as pessoas com deficiência
possam ter acesso ao ensino primário inclusivo, de qualidade e
gratuito (…)
 Evasão escolar
 A evasão escolar, que ocorre quando os menores de idade
deixam de frequentar as escolas, é desinteressantes em diversos
aspectos. Primeiro, no aspecto social, vez que o menor que deixa
a escola, muito provavelmente será um adulto com dificuldades
de conseguir empregos, sendo marginalizado pela sociedade.
Além disso, no aspecto econômico, uma pessoa que abandona a
escola desperdiça os investimentos feitos até aquele momento,
Então, diversas medidas são tomadas para tentar diminuir ao
máximo as taxas de evasão escolar
 Exemplos:
 Ficha de comunicação de aluno infrequente (Ficai)
 “Um dos primeiros estados a implementar um
programa de combate à evasão escolar foi o Rio
Grande do Sul. Por meio da Ficha de Comunicação
de Aluno Infre-quente (Ficai), a escola comunica a
ausência do aluno após o sétimo dia
consecutivo de falta escolar. A ficha é preenchida
em três vias, sendo inicialmente encaminhada à
direção da escola, que buscará com a comunidade
escolar e local saber o motivo das faltas e buscar
o retorno do aluno. Não obtendo sucesso,
a escola encaminha outra via da Ficai ao
Conselho Tutelar, que, após investigar o caso,
poderá optar pela aplicação de medida aos pais
e/ou alunos. A terceira via da Ficai é remetida
ao órgão municipal de educação para fins
estatísticos e de controle preventivo da evasão
escolar.”. (Fonte: “Curso de Direito da Criança e do
Adolescente”, Katia Regina Lobo Andrade Maciel
(coordenadora). 12a)
 Comunicação ao Conselho Tutelar de alunos com mais de
30% de faltas
 LDB, Art. 12. Os estabelecimentos de
ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu
sistema de ensino, terão a incumbência de: VIII
– notificar ao Conselho Tutelar do Município a
relação dos alunos que apresentem quantidade
de faltas acima de 30% (trinta por cento) do
percentual permitido em lei;
 Essa comunicação permite que o COnselho Tutelar
tome medidas sancionatórias aos pais e protetivas
aos menores de idade com mais rapidez e eficiência
 Comunicação dos pais
 LDB, Art. 12. Os estabelecimentos de
ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu
sistema de ensino, terão a incumbência de: VII
– informar pai e mãe, conviventes ou não com
seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis
legais, sobre a frequência e rendimento dos
alunos, bem como sobre a execução da proposta
pedagógica da escola;

Níveis e modalidades de ensino

 Educação básica
 Educação infantil: “ministrada em creches ou entidades
equivalentes (crianças até três anos de idade) e pré-escolas (dos
quatro aos cinco anos de idade)”
 Lei 9394, Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da
educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento
integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade.
 “A educação infantil prestada, prioritariamente, pelos
Municípios, visa o desenvol-vimento da criança na primeira
infância com estímulos motores, intelectuais, psico-lógicos
e sociais. Integra a educação básica e deve ser
obrigatoriamente prestada, sendo dever dos pais ou
responsáveis efetuar a matrícula no ensino fundamental a
partir dos 6 anos de idade (art. 6o da LDB). A questão foi
tratada no AI 761.908 RG/SC, reconhecida como de
repercussão geral, no qual a Suprema Corte decidiu pela
“autoaplicabilidade do art. 208, IV, da Constituição Federal.
– Dever do Estado de assegurar o atendimento em
creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de
idade” (Fonte: “Curso de Direito da Criança e do
Adolescente”, Katia Regina Lobo Andrade Maciel
(coordenadora). 12a)
 Ensino fundamental: “duração mínima de nove anos, iniciando-
se aos seis anos de idade e tendo por objetivo a formação
básica do cidadão”
 Finalidades do Ensino Fundamental: Lei 9394, Art. 32
 Ensino médio: “finaliza a educação básica. É obrigatório, tem
duração de três anos e nessa fase final deve enfatizar a
profissionalização, buscando preparar o adolescente para a
escolha de sua profissão”. (Fonte: “Curso de Direito da Criança e
do Adolescente”, Katia Regina Lobo Andrade Maciel
(coordenadora). 12a)
 Finalidades do ensino médio: Lei 9394, Art. 35
 Educação superior
 Finalidades da educação superior: Lei 9394, Art. 43
 Julgamento recente do STF: homeschooling (ensino domiciliar)
 Alguns pais preferem ofertar eles mesmos a educação para os
filhos ou contratar um profissional para fazê-lo
 “O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou
provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 888815, com
repercussão geral reconhecida, no qual se discutia a
possibilidade de o ensino domiciliar (homeschooling) ser
considerado como meio lícito de cumprimento, pela família, do
dever de prover educação. Segundo a fundamentação adotada
pela maioria dos ministros, o pedido formulado no recurso não
pode ser acolhido, uma vez que não há legislação que
regulamente preceitos e regras aplicáveis a essa modalidade de
ensino”. (Fonte: site do STF)
 Ementa: CONSTITUCIONAL. EDUCAÇÃO. DIREITO
FUNDAMENTAL RELACIONADO À DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA E À EFETIVIDADE DA CIDADANIA. DEVER
SOLIDÁRIO DO ESTADO E DA FAMÍLIA NA PRESTAÇÃO DO
ENSINO FUNDAMENTAL. NECESSIDADE DE LEI FORMAL,
EDITADA PELO CONGRESSO NACIONAL, PARA
REGULAMENTAR O ENSINO DOMICILIAR. RECURSO
DESPROVIDO. 1. A educação é um direito fundamental
relacionado à dignidade da pessoa humana e à própria cidadania,
pois exerce dupla função: de um lado, qualifica a comunidade
como um todo, tornando-a esclarecida, politizada, desenvolvida
(CIDADANIA); de outro, dignifica o indivíduo, verdadeiro titular
desse direito subjetivo fundamental (DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA). No caso da educação básica obrigatória (CF, art.
208, I), os titulares desse direito indisponível à educação são
as crianças e adolescentes em idade escolar. 2. É dever da
família, sociedade e Estado assegurar à criança, ao adolescente
e ao jovem, com absoluta prioridade, a educação. A Constituição
Federal consagrou o dever de solidariedade entre a família e
o Estado como núcleo principal à formação educacional das
crianças, jovens e adolescentes com a dupla finalidade de
defesa integral dos direitos das crianças e dos adolescentes e
sua formação em cidadania, para que o Brasil possa vencer o
grande desafio de uma educação melhor para as novas gerações,
imprescindível para os países que se querem ver desenvolvidos.
3. A Constituição Federal não veda de forma absoluta o ensino
domiciliar, mas proíbe qualquer de suas espécies que não
respeite o dever de solidariedade entre a família e o Estado como
núcleo principal à formação educacional das crianças, jovens e
adolescentes. São inconstitucionais, portanto, as espécies de
unschooling radical (desescolarização radical), unschooling
moderado (desescolarização moderada) e homeschooling puro,
em qualquer de suas variações. 4. O ensino domiciliar não é
um direito público subjetivo do aluno ou de sua família,
porém não é vedada constitucionalmente sua criação por
meio de lei federal, editada pelo Congresso Nacional, na
modalidade “utilitarista” ou “por conveniência circunstancial”,
desde que se cumpra a obrigatoriedade, de 4 a 17 anos, e se
respeite o dever solidário Família/Estado, o núcleo básico de
matérias acadêmicas, a supervisão, avaliação e fiscalização pelo
Poder Público; bem como as demais previsões impostas
diretamente pelo texto constitucional, inclusive no tocante às
finalidades e objetivos do ensino; em especial, evitar a evasão
escolar e garantir a socialização do indivíduo, por meio de ampla
convivência familiar e comunitária (CF, art. 227). 5. Recurso
extraordinário desprovido, com a fixação da seguinte tese (TEMA
822): “Não existe direito público subjetivo do aluno ou de sua
família ao ensino domiciliar, inexistente na legislação
brasileira”.
 Crime de abandono intelectual
 Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
inerentes ao pátrio poder poder familiar ou decorrente de tutela ou
guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou
Conselho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em


caso de reincidência.

Direito à convivência familiar e comunitária

 ECA, Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e


educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
 “Para Irene Rizzini, entende-se a convivência familiar e comunitária
como a possibilidade de a criança permanecer no meio a que
pertence, preferencialmente junto a sua família, seus pais e/ou outros
familiares e, caso não seja possível, em outra família que a acolher. Em
outras palavras, conviver em família e na comunidade é sinônimo de
segurança e estabilidade para o desenvolvimento de um ser em
formação” (Fonte: “Curso de Direito da Criança e do Adolescente”, Katia
Regina Lobo Andrade Maciel (coordenadora). 12a)
 É a possibilidade da criança permanecer no meio que pertence,
preferencialmente junto a sua família
 Toda criança e adolescente, preferencialmente, tem que ficar junto com
sua família natural (pai e mãe)
 Quando isso não puder ocorrer, ele terá que ficar com sua família
extenso ampliada (parentes próximos)
 Se não tiver como ficar com a família extenso ampliada, ficará
com a chamada família substituta
 Princípios norteadores da família
 Principio da isonomia entre os filhos (os filhos tem os mesmos
direitos)
 A CF proíbe qualquer discriminação quanto ao estado de
filiação, inclusive de nomenclatura
 Ex: um filho biológico, tem os exatos mesmos direitos de
um filho adotivo ou de um filho reconhecido
socioafetivamente
 Principio da prevalência da família
 Estabelece que a família tem prioridade em relação as
demais pessoas, ou seja, primeiro é preferível que o menor
de idade fique com seu pai e sua mãe, depois com seus
familiares
 Família natural: família de origem (Art.25, ECA)
 ECA, Art. 25. Entende-se por família natural a
comunidade formada pelos pais ou qualquer deles
e seus descendentes.
 Família extenso ampliada (Art. 25, p.u., ECA)
 Não basta ser parente próximo, mas também tem
que ter a convivência com afinidade e afetividade
 Art. 25, Parágrafo único. Entende-se por família
extensa ou ampliada aquela que se estende para
além da unidade pais e filhos ou da unidade do
casal, formada por parentes próximos com os
quais a criança ou adolescente convive e
mantém vínculos de afinidade e afetividade.
 Família substituta (Art.28, ECA)
 Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
mediante guarda,
tutela ou adoção, independentemente da situação
jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta
Lei.

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