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JURISIDIÇÃO E

COMPETÊNCIA CRIMINAL

Prof. Clodovil Moreira Soares


DIREITO PROCESSUAL PENAL I
TURMA 6º. SEMESTRE
1. 1. JURISDIÇÃO PENAL: ETIMOLOGIA

JUS DICERE DE RECTUM

JURISDIÇÃO

DIREITO
Proferir , dizer
o Direito

“Jurisdição é a função estatal de aplicar as


normas de ordem jurídica em relação a uma
pretensão.”(Frederico Marques)
1.2. EVOLUÇÃO DA ATIVIDADE JURISDICIONAL
(MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS)
I – AUTO-TUTELA I I- COMPOSIÇÃO FACULTATIVA

III – COMPOSIÇÃO OBRIGATÓRIA IV– MONOPÓLIO


1.3. JURISDIÇÃO PENAL: DEFINIÇÃO

I. “Jurisdição é a função estatal de aplicar o


direito objetivo a um caso concreto, protegendo um
determinado direito subjetivo, através do devido
processo legal, visando o acertamento do caso
penal.”(Rangel)

II. “ é aquela função do Estado consistente em


fazer atuar, pelos órgãos jurisdicionais, que são os
Juízes e Tribunais, o direito objetivo a um caso
concreto, obtendo-se a justa composição da lide.”
(Tourinho)
1.3. JURISDIÇÃO PENAL
IV. Enfim, a Jurisdição é a função estatal,
decorrente da soberania do estado, que através
da aplicação das normas soluciona os casos
concretos, dirimindo os litígios, sempre
considerando os princípios constitucionais de
justiça (ressalta-se o devido processo legal), os
direitos fundamentais e a expressão efetiva da
legitimidade desse poder-dever-garantia.
(Clodovil)
2. PODER-FUNÇÃO-ATIVIDADE
●CINTRA/GRINOVER/DINAMARCO apontam
uma natureza tríplice da jurisdição:
- PODER (na capacidade de decidir imperativamente
e impor decisões, manifestação da potestade do
Estado);
- FUNÇÃO (quando expressa o encargo de
promover a pacificação dos conflitos, mediante a
realização do direito e através do processo); e
- ATIVIDADE (no complexo de atos do juiz no
processo).
JURISDIÇÃO
● A própria origem da palavra já
demonstra o seu significado: juris
(direito) dicitio (dizer) – dizer o direito.
Polastri Lima (Alfredo Rocco) - A jurisdição deve apresentar as
seguintes formas externas:
a) Um órgão adequado, distinto dos órgãos que exercem as
funções estatais de legislar e administrar, e colocado em
posição de bastante independência;
b) a existência de um contraditório regular;
c) procedimento preestabelecido em lei, no qual as partes
externarão suas pretensões.
3. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
A. INVESTIDURA: para exercer a função jurisdicional é
preciso nela ser investido, através de ato legítimo
(concurso de provas e títulos, nomeação e posse). Os atos
de jurisdição exercidos sem investidura são absolutamente
inexistentes.

B. INDECLINABILIDADE: investido o juiz da jurisdição


não poderá declinar da sua função, pois não pode se
negar a exercer a jurisdição. Assim, uma vez provocado (
e somente se for), o juiz deve apreciar o que se lhe pede.
► CF, Art. 5º. XXXV – “A lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”
3. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
C. INDELEGABILIDADE: Não se pode delegar a outro órgão
para exercer a função jurisdicional é preciso nela ser
investido, através de ato legítimo (concurso de provas e
títulos, nomeação e posse). Os atos de jurisdição exercidos
sem investidura são absolutamente inexistentes.
D. INÉRCIA DA JURISDIÇÃO (Ne procedat judex ex offício):
Decorrente do Sistema Acusatório e em garantia a
imparcialidade, a inércia da jurisdição significa que está
vedada a atuação ex officio do juiz. A jurisdição somente será
exercida pelo juiz mediante prévia invocação.
LEMBRE-SE : Portanto, fazendo uma leitura constitucional,
revogado está o art. 26 do CPP, pois não existe mais processo
penal iniciando por meio de prisão em flagrante ou mesmo
portaria (da autoridade judiciária ou policial).
3. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
E. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL : Não é mero
atributo judicial, senão um verdadeiro pressuposto para
sua própria existência. É uma garantia constitucional
indisponível, assegurada a qualquer réu de saber, de
antemão, qual a autoridade ou tribunal que irá julgá-lo,
caso pratique um conduta definida como crime.

- DESDOBRA-SE EM TRÊS REGRAS DE


PROTEÇÃO:
- A. Só podem exercer jurisdição os órgãos
instituídos na Constituição;
- B. Vedado tribunal de exceção (pós facto);
- C. regras taxativas, exclui as possibilidades
discricionárias.
OBSERVAÇÕES:

I. Regra de processo penal que altere


competência, segundo jurisprudência
majoritária, aplica-se imediatamente
(tempus regit actum);

II. Convocação de juízes de 1º. Grau de


jurisdição para substituição de
Desembargadores, não ofende o
princípio do Juiz Natural.
4. COMPETÊNCIA NO PROCESSO PENAL
A COMPETÊNCIA É O LIMITE AO EXERCÍCIO DE
JURISDIÇÃO, AO PODER-DEVER DO ESTADO,
REGULADO PELAS NORMAS PROCESSUAIS.

► Todos OS ÓRGÃOS JURISDICIONAIS têm o


dever de prestar a jurisdição, mas não diante de
qualquer infração penal, mas sim diante daquela
infração daquele caso concreto, tendo em vista os
critérios previstos em lei;

► A competência nada mais é que a divisão do


trabalho entre os órgãos jurisdicionais.

► A competência, ao mesmo tempo em que limita o


poder, cria condições de eficácia para a garantia da
jurisdição (juiz natural e imparcial). (Aury, 2020)
4. 1. ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA
I. RATIONE MATERIAE;

II. RATIONE FUNCIONAE (FORO POR


PRERROGATIVA DE FUNÇÃO);

III. RATIONE LOCI;

IV. COMPETÊNCIA FUNCIONAL;


A. COMPETÊNCIA FUNCIONAL POR FASE DO
PROCESSO;
B. COMPETÊNCIA FUNCIONAL POR OBJETO
DO JUÍZO;
C. COMPETÊNCIA FUNCIONAL POR GRAU DE
JURISDIÇÃO –HORIZONTAL E VERTICAL.
4.3 – CONCRETIZAÇÃO (OU FIXAÇÃO) DA
COMPETÊNCIA
A – CRITÉRIOS DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Art. 69. Determinará a competência


jurisdicional:
I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
4.3 – CONCRETIZAÇÃO (OU FIXAÇÃO) DA
COMPETÊNCIA
FEDERAL
B – PROPOSTA APORÉTICA JUSTIÇA MILITAR
1. JUSTIÇAS
ESTADUAL
ESPECIAIS:
JUSTIÇA
ELEITORAL
1ª. QUAL A JUSTIÇA COMPETENTE?

FEDERAL
2. JUSTIÇAS
COMUNS
ESTADUAL

MATÉRIA

2ª. QUAL É O FORO COMPETENTE ? PESSOA

LUGAR

PREVENÇÃO
3ª. QUAL É A VARA OU JUÍZO?

DISTRIBUIÇÃO
4.4 – QUAL A JUSTIÇA COMPETENTE ?

NAT. DA INFRAÇÃO MATÉRIA PESSOA

4.4.1 – JUSTIÇA (ESPECIAL) MILITAR FEDERAL


• Compete a Justiça Militar Federal o julgamento dos
militares pertencentes as forças armadas(exército, marinha e
aeronáutica), que possuem atuação em todo território nacional.
(Art. 124, CF c/c Art. 9º. Do CPM)
Elementos:
► Ser uma das condutas tipificadas no CPM;
► Estar presente uma das situações do Art. 9º. Do CPM;
► Situação de interesse militar com efetiva violação de
dever militar ou afetação direta de bens jurídicos das
forças armadas.
4.4 – QUAL A JUSTIÇA COMPETENTE ?
4.4.2 – JUSTIÇA (ESPECIAL) MILITAR ESTADUAL
• Compete a Justiça Militar Estadual o julgamento
dos militares pertencentes á policia estadual ( militar,
rodoviária ou bombeiros). (Art. 125, § 3º, 4º e 5º da CF)

Situações:
a) Civil não pode ser julgado pela justiça militar estadual,
trata-se de crimes cometidos por militares;
b) Crime de abuso de autoridade – Justiça Comum
Estadual;
c) Tribunal do júri – Crime doloso contra a vida, exceção
militar vs militar;
d) Desclassificação própria – jurados negando o dolo.
4.4 – QUAL A JUSTIÇA COMPETENTE ?
4.4.3 – JUSTIÇA (ESPECIAL) ELEITORAL

• Justiça Eleitoral prevalece sobre a justiça


comum. (Art. 78, IV c/c Art. 79, I do CPP);

Situações:

a) Em caso de conexão de crimes de competência da


Justiça eleitoral e d Justiça comum, aquela terá
competência para julgar ambos;

b) Mas, tratando-se de crime doloso contra a vida,


ocorre a cisão, estabelecendo o tribunal do júri.
4.4 – QUAL A JUSTIÇA COMPETENTE ?
4.4.4 – JUSTIÇA (comum) FEDERAL
• Sua competência é residual em relação as especiais, sendo
sua atuação restrita aos crimes que não sejam de
competência daquelas. Por outro lado, prevalece sobre a
outra justiça Comum, a Estadual, pois é considerada mais
graduada. (Art. 78, III do CPP)

• A Competência não se presume deve estar expressa no Art.


109 da CF. ( para esfera penal interessa os incisos IV e
seguintes)
Situações:
a) Crimes contra a Caixa Econômica Federal (empresa
pública) e não B.B. (economia mista);
b) Crimes contra os correios;
c) Tráfico internacional de drogas.
4.4 – QUAL A JUSTIÇA COMPETENTE ?
4.4.5 – JUSTIÇA (comum) ESTADUAL
• Sua competência é a mais residual de todas. Um crime só
será julgado na justiça comum estadual quando não for de
competência das especiais (militar e eleitoral), nem da
comum federal. Em caso de conflito resolve o Art. 78, III do
CPP, nos termos da Súmula 122 do STJ.

Tribunal do Júri (Art. 74, § 1º.)

Primeiro grau Juízes de Direito

Juizados Especiais (Art. 61,


da Lei 9.099)

Segundo grau Tribunal de Justiça


4.5 – QUAL É O FORO COMPETENTE
(LOCAL)?
Competência em razão do lugar
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo
lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.
► Art. 14 CP
V.g. Homicídio: atropelamento em Buerarema, morte em
Itabuna. – Crime plurilocal... Necessidade probatório, local
onde esgotou o potencial lesivo. (Decisão dos Tribunais)
Ex: Caso Hercília...

Exceções: Emissão de cheques sem fundos – STF,


súmula 521
4.5 – QUAL É O FORO COMPETENTE
(LOCAL)?
Competência em razão do lugar

A – Crimes a distância - CRIMES PRATICADOS NA


FRONTEIRA - Art. 70, §1º. DO CPP: ”se,
iniciada a execução no território nacional, a infração
se consumar fora dele, a competência será
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado,
no Brasil, o último ato de execução”

Ex: Austerix leva um tiro em Foz do Iguaçu e morre


em Assunção (→←) – Art. 5º. CP – Teoria da
ubiquidade.
4.5 – QUAL É O FORO COMPETENTE
(LOCAL)?
Competência em razão do lugar

Art. 70, § 2º. DO CPP: “Quando o


último ato de execução for praticado fora do
território nacional, será competente o juiz do
lugar em que o crime, embora parcialmente,
tenha produzido ou devia produzir o seu
resultado.”
4.5 – QUAL É O FORO COMPETENTE (LOCAL)?
Competência em razão do lugar
B – CRIMES PRATICADOS NA FRONTEIRA DE DUAS
COMARCAS - Art. 70, § 3º. DO CPP: ”Quando incerto o limite
trritorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas
de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
prevenção.”
● Iª. Hipótese: local do crime conhecido e limites entre as
comarcas desconhecidos ou duvidosos.
► Resp: PREVENÇÃO (ART. 83, CPP)
● IIª. Hipótese: Limites entre as comarcas conhecido local
do crime desconhecido.
► Resp: PREVENÇÃO (ART. 83, CPP)
● IIIª. Hipótese: Local do delito completamente desconhecido.
► Resp: DOMICÍLIO DO REÚ(ART. 72, CPP)
4.5 – QUAL É O FORO COMPETENTE
(LOCAL)?

Critério de domicílio ou residência do réu

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a


competência regular-se-á pelo domicílio ou residência
do réu.
§ 1o . Se o réu tiver mais de uma
residência, a competência firmar-se-á pela
prevenção.
§ 2o . Se o réu não tiver residência certa ou for
ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que
primeiro tomar conhecimento do fato.
4.5 – QUAL É O FORO COMPETENTE (LOCAL)?

AÇÃO PENAL PRIVADA : Opção do


querelante.

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o


querelante poderá preferir o foro do domicílio ou
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar
da infração.

OPÇÃO: I – Local do delito;


II – Domicílio ou residência do réu.
☼ Único caso de eleição de foro no
Processo Penal
4.5 – QUAL É O FORO COMPETENTE
(LOCAL)?
Competência em razão do lugar
Continuidade delitiva
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou
permanente, praticada em território de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

● Crime continuado: existe mais de um crime, mas por ficção


jurídica é tratado como um crime único.
● Crime Permanente: é aquele cuja ação se protrai no tempo
(v.g. sequestro), e, por outro lado, só existe uma conduta que se
prolonga no tempo, e sempre estará se dando a consumação,
que pode ocorrer em vários lugares.
► A prevenção neste caso é critério de especificação de foro.
4.5 – QUAL É O FORO COMPETENTE
(LOCAL)?
Competência em razão do lugar
Crimes praticados fora do território nacional

CRIMES INTEGRALMENTE PRATICADOS NO


EXTERIOR: APLICA-SE A LEI BRASILEIRA?
► ART. 7º, CP – CRITÉRIOS: defesa real, justiça
penal universal, representação, nacionalidade
ou personalidade ativa.

Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o
acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da
Capital da República.
Ex: individuo mata brasileiro em Paris e foge para o Brasil.
4.3 – QUAL É O FORO COMPETENTE
(LOCAL)?
Competência em razão do lugar
Crimes praticados a bordo de navios ou aeronaves

Artigo 89, CPP: Os crimes cometidos em qualquer embarcação


nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos
fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em
alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro
porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou,
quando se afastar do país, pela do último em que houver tocado.

VIAGENS INTERNACIONAIS: Se navio ou aeronave vem do estrangeiro, ou


parte em direção ao exterior , para firmar competência pressupõe-se que a
infração aconteceu em território brasileiro, no local da saída, no primeiro
caso, ou no da chegada, no último.
4.3 – QUAL É O FORO COMPETENTE (LOCAL)?
Competência em razão do lugar
Crimes praticados a bordo de navios ou aeronaves

Artigo 90, CPP: Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro


do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar,
serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se
verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a
aeronave.

VIAGENS NACIONAIS: Se navio ou aeronave iniciar a viagem e a encerrar


em território brasileiro, o juízo competente é o do local do local onde
primeiro a aeronave pousar ou o navio atracar após a ocorrência da
infração, mesmo que fora da rota original.
4.4 – QUAL É A VARA, O JUÍZO
COMPETENTE
Assim fixamos as possibilidades da “Justiça Competente
(Comum ou Especial; Justiça Estadual ou Justiças Federal),
e definido o foro competente, passamos a analisar qual o
“Juízo Competente”, pois, mesmo fixado o Juízo pelo local ou
foro competente para julgamento de determinada infração,
pode se dar que dentro daquele Juízo seja a competência
distribuída entre juízes em face da peculiar natureza da
infração. Havendo um juiz só, a competência é cumulativa,
ele assume a causa. Mas e se houver dez juízes, qual juiz
será competente? Aí há a competência de juízo.
NAT. DA INFRAÇÃO PREVENÇÃO DISTRIBUIÇÃO
4.4 – QUAL É A VARA, O JUÍZO COMPETENTE

COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO

“ A competência ratione materiae reparte as atribuições


jurisdicionais entre as justiças especiais e comuns, isto é, entre as
categorias de juízes e tribunais constitucionalmente previstos, e
que também serve de critério para distinguir, na justiça comum, os
juízos especiais dos juízos ordinários” (M. Polastri Lima)

Art. 74, CPP: ”A competência pela natureza da infração será


regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a
competência privativa do tribunal do júri.”
4.4 – QUAL É A VARA, O JUÍZO COMPETENTE

DISTRIBUIÇÃO

“ Pode ocorrer que fixada a competência do Juízo (v.g., Juízo


Estadual) existam vários juízes igualmente competentes (v.g.
existem na comarca oito juízes criminais competentes para
aquelea natureza da infração), e, neste caso, consoante o art. 75
dar-se-á a distribuição...(M. Polastri Lima)
Artigo 75. A precedência da distribuição fixará a competência
quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz
igualmente competente. Parágrafo único. A distribuição realizada
para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão
preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa
prevenirá a da ação penal.
4.4 – QUAL É A VARA, O JUÍZO COMPETENTE
PREVENÇÃO

Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda


vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente
competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver
antecedido aos outros na prática de algum ato do
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior
ao oferecimento da denúncia ou da queixa.
◙ Podemos dizer que a prevenção assume diferentes naturezas:
1º) Critério de definição de foro subsidiário – Art.72, §1º, § 2º;
2º) Critério de especificação de foro – Art. 70, § 3º, e Art. 71;
3º) Fator de fixação da competência, em caso de conexão e
continência – Art. 78, inciso II, letra “C”.
4.5 – COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA:
A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
- Apesar do tema vir tratado no Art. 84 e seguintes do
CPP, entende-se que toda material alusiva ao foro de
prerrogativa de função é reservada a Constituição
Federal, tem foro na Ordem Constitucional;

- Ademais a ADIN n°.2.797 declarou a


inconstitucionalidade do §1º e do §2º, ambos do art.
84, CPP;

- A competência com prerrogativa de função, advirta-


se, pode estar presente no crimes comuns e nos
crimes de responsabilidade, os quais tem natureza de
infrações político-administrativas, mas submetidos a
persecução penal.
4.5 – COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA:
A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Tendo em vista a relevância de determinados cargos ou funções
públicas, cuidou o constituinte brasileiro de fixar foros privativos
para o processo e julgamento de infrações penais praticadas
pelos seus ocupantes, atentando-se para as graves implicações
políticas que poderiam resultar das respectivas decisões judiciais.
• Situações:
a) Crime cometido antes da posse: adquire a prerrogativa
quando assumir o cargo;
b) Crime cometido durante o exercício do cargo ou função
pública: o agente tem a prerrogativa; (Legislativo Ação Penal 937)
c) Em qualquer caso, cessado o exercício do cargo ou função,
termina a prerrogativa e o processo será remetido para a
justiça competente, no primeiro grau de jurisdição;
d) Improbidade administrativa – não existe prerrogativa.
4.5 – A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: O desenho
constitucional
A- Supremo Tribunal Federal (Art. 102, da CF) Em maio de
2018, o STF
-Presidente; decidiu sobre a
- Vice – Presidente; restrição para
- Ministros de Estados; essas
EXECUTIVO - Advogado Geral da União; autoridades,
mantendo-se
- Presidente do Banco Central;
apenas aqueles
- Controlador Geral da União. que cometerem
crimes durante
-Membros do Congresso Nacional: o mandato e
LEGISLATIVO Deputados Federais e Senadores. relativo a
função.
(Questão de
STF - Membros dos Tribunais
Superiores: STF, STJ, TST,
ordem na Ação
Penal n°. 937)
JUDICIÁRIO
TSE, STM.

- Procurador-Geral da República;
Outras - Comandantes da Forças Armadas;
Autoridades: - Membros do Tribunal de Contas da União;
- Chefes de Missão Diplomática permanente.
4.5 – A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: limitação a
partir da Questão de Ordem da Ação Penal nº. 937

NO JULGAMENTO DA AP 937, JULGADA NO DIA 03/05/2018, O


PLENÁRIO DO STF FIRMOU ENTENDIMENTO NO SENTIDO DE
RESTRINGIR O ALCANCE DA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DOS
DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES. EM SÍNTESE258, EIS O
NOVO ENTENDIMENTO:

1º. A prerrogativa de foro dos deputados federais e senadores


somente se aplica aos crimes cometidos ‘durante’ o exercício do
cargo, considerando-se como início da data da diplomação;

2º. A prerrogativa somente se aplica aos crimes praticados durante


o exercício do cargo e ‘relacionados às funções’, ou seja, propter
officium;
4.5 – A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: limitação a
partir da Questão de Ordem da Ação Penal nº. 937
3º. Uma vez encerrada a instrução, haverá perpetuatio
jurisdictionis. Uma vez encerrada a instrução, com a publicação do
despacho de intimação para apresentação das alegações finais (art.
11 da Lei n. 8.038/90), haverá uma perpetuação da jurisdição, ou
seja, ainda que o parlamentar renuncie, seja cassado ou não se
reeleja, o processo continuará no STF;

4º. O novo entendimento aplicar-se-á a todos os processos


pendentes no STF;

5º. A decisão – inicialmente – atingiria apenas Deputados Federais


e Senadores. Posteriormente, tanto STF quanto STJ também
estenderam esse entendimento para Ministros de Estado e
governadores.

- Juízes e Promotores não foram alcançados.


4.5 – A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: O
desenho constitucional
B- Superior Tribunal de Justiça (Art. 105, da CF)
- Governadores de Estado.
EXECUTIVO
STJ LEGISLATIVO
- Membros dos Tribunais: TRFs,
JUDICIÁRIO TREs, dos TJs, e dos TRTs.
Outras - Membros dos Tribunais de Contas dos Estados,
Autoridades: Distrito Federal e dos Municípios e Membros do
M.P. da União que atuam perante Tribunais.

C- Tribunais de Justiça (Art. 105, da CF)

EXECUTIVO - Prefeitos.

TJ LEGISLATIVO - Deputados Estaduais.

JUDICIÁRIO - Juízes.
Outras
- Membros do M.P. Estadual:
Autoridades: Promotores de Justiça.
4.5 – A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: O
desenho constitucional
D –Tribunais Regionais Federais (Art. 108, da CF)

EXECUTIVO -Prefeitos.

LEGISLATIVO -Deputados Estaduais.

TRF - Juízes Federais,


JUDICIÁRIO Juízes do Trabalho,
Juízes Militares da
União.

Outras - Membros do M.P. da União (MPE,


Autoridades: MPT, MPM, MP do DF)
4.5 – COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA:
A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
4.5.1. ALGUMAS PRERROGATIVAS IMPORTANTES
a) STF (Art. 102, I, “b” e “c” da CF);
b) STJ ( Art. 105, I, “a”);
c) TJs e TREs (Art. 98,III, da CF) prevalece sobre tribunal do
júri e justiça federal – v.g. Juiz de Direito e diversas
pessoas praticam crime contra o INSS;
d) TRFs ( Art. 108, I, “a” da CF);
e) Deputado Estadual – TJ (Crime comum), TRF ( crime
Federal) e TRE (crime eleitoral);
f) Prefeitos – Art. 29, X, Súmula 702 do STF e Súmulas 208 e
209 do STJ;
g) Vereadores – Imunidades – Art. 29, VIII, não possuem
prerrogativa de foro. Uma decisão do STJ invocando a
simetria entre os poderes e a representação popular.
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO E NATUREZA
DO CRIME
4.6 – COLISÃO DA PRERROGATIVA COM A
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI.
• Se uma pessoa com prerrogativa de foro cometer um crime
de competência do júri, será julgada por quem?
► Se a prerrogativa estiver prevista na
Constituição Federal, prevalecerá. Mas, do contrário
prevalecerá o T. do Júri. – Súm. 721 STF

• Se um particular prática um crime doloso contra a vida,


juntamente com alguém que tenha prerrogativa de foro,
haverá uma cisão processual?

► Vários julgados e maioria da doutrina afirma


que não, serão todos julgados no foro privilegiado. O
STF (H.C. 83.583) já decidiu de modo contrário.
ATENÇÃO: A COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO
DA SENTENÇA EM CASO DE PRERROGATIVA
DE FUNÇÃO

- O foro por prerrogativa de função não se limita


ao processo de conhecimento, abarcando
também a execução penal.

Assim, o mesmo órgão será competente para


julgar o feito e executar a decisão. Um
Governador condenado terá sua pena executada
pelo STJ.
4.7 – CONEXÃO E CONTINÊNCIA.

“A conexão e a continência são fatos, resultantes de vínculos


entre infrações penais ou seus agentes, que alteram o
caminho ordinário de determinação da competência,
impondo a reunião, num mesmo processo mais de uma
infração ou mais de um agente.” [julgamento conjunto]
(Vicente Greco Filho)

- FUNDAMENTOS:
a) economia processual;

b) ampla visão do quadro probatório;

c) evitar decisões conflitantes;


4.7.1 – CONEXÃO: conceito.

"Liame existente entre infrações, cometidas em situações


de tempo e lugar que as tornem indissociáveis, bem
como a união entre delitos, uns cometidos para, de
alguma forma, propiciar, fundamentar ou assegurar
outros, além de poder ser o cometimento de atos
criminosos de vários agentes reciprocamente. Enfim, o
vínculo surge, também, quando a produção escorreita e
econômica das provas assim exige"
(Nucci, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal
Comentado, 16ª ed., Forense).
4.7.1 – CONEXÃO.
ESPÉCIES CONEXÃO
A) Intersubjetiva – vários crimes são cometidos ao
mesmo tempo por várias pessoas (por ex., lesões
corporais em um estádio de futebol ou show musical).
I- Conexão intersubjetiva por simultaneidade
(art. 76, I), ex: torcedores enfurecidos depredam
estádio de futebol, saques em casas comerciais,
tombada de carga;
II- Conexão intersubjetiva concursal (art. 76, I),
ex: quadrilha pratica vários delitos para dificultar o
trabalho da polícia.
III- Conexão intersubjetiva por reciprocidade (art.
76, I), ex: num duelo, os desafiantes sofrem e
provocam lesões recíprocas.
4.7.1 – CONEXÃO.
ESPÉCIES CONEXÃO
B) Conexão objetiva (ou lógica, teleológica,
consequencial) – ocorre quando uma infração é
praticada para garantir a impunidade ou a vantagem
do crime anterior, em uma relação de caráter objetivo
(ex., morte da testemunha para ocultar a revelação da
autoria ou do destino do produto do crime anterior).

C) Conexão instrumental (probatória, processual ou


ocasional) – a prova de uma infração ou de suas
elementares influem na prova de outra infração
(decorre da instrumentalidade do processo). Ex.
clássico é o do furto e da receptação (art. 76, III)
4.7.2 – CONTINÊNCIA: conceito

"No contexto processual penal, significa a hipótese


de um fato criminoso conter outros, tornando todos
uma unidade indivisível. Assim, pode ocorrer na
situação do concurso de pessoas, quando vários
agentes são acusados da prática de uma mesma
infração penal e também quando houver concurso
formal (art. 70, CP), com seus desdobramentos
previstos nas hipóteses de aberratio (arts. 73 e 74,
CP)"
(Nucci, Guilherme de Souza. Código de Processo
Penal Comentado, 16ª ed., Forense).
4.7.2 – CONTINÊNCIA.

Art. 77. A competência será determinada pela continência


quando:
I- duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II- no caso de infração cometida nas situações previstas nos
Arts. 52, §1º, 53, 2ª parte, e 54 do código penal.
[- dispositivos alterados pela reforma de 1984]

ASSIM TEMOS DUAS ESPÉCIES: CONTINÊNCIA POR


CUMULAÇÃO SUBJETIVA E CONTINÊNCIA POR CUMULAÇÃO
SUBJETIVA.
4.7.2 – CONTINÊNCIA.
A) Continência concursal ou de cumulação
subjetiva (CPP., art. 77, I): ocorre quando duas
ou mais pessoas concorrem para a pratica da
mesma infração. Ex: co-autoria em homicídio.

B) Continência por cumulação objetiva (CPP., art. 77, II):


implica na reunião em um só processo de vários
resultados lesivos advindos de uma só conduta.
Hipóteses: por concurso formal (CP., art. 70),
aberratio ictus (art. 73, 2a. Parte) e aberratio delicti
(art. 74, 2a parte) – CPP., art. 77, II
4.7.2 – CONTINÊNCIA.

(Jamil Chain Alves, aulas 2019)


4.7.2 – CONTINÊNCIA.

(Jamil Chain Alves, aulas 2019)


4.7.2 – CONTINÊNCIA.

(Jamil Chain Alves, aulas 2019)


4.7.2 – CONTINÊNCIA.

(Jamil Chain Alves, aulas 2019)


(Jamil Chain Alves, aulas 2019)
4.8 DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO
OU CONTINÊNCIA

E SE ENVOLVER COMPETÊNCIAS DIFERENTES?

Juízo prevalente à é o juiz que detém vis attractiva (art. 78)

◙ REGRAS (CPP, ART. 78)

A) CONCURSO ENTRE A JURISDIÇÃO ESPECIAL E COMUM À


ESPECIAL PREVALECE (ART. 78, IV, CPP)
- Concurso entre justiça eleitoral e justiça comum à eleitoral
prevalece (STJ, CC 28378, 3ª Seção, Rel. Min. Jorge
Scartezzini, j. 13/09/2000, v.u.).
- Obs.: Concurso entre justiça eleitoral e justiça federal à há
julgados no sentido da separação dos processos
4.8 DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO
OU CONTINÊNCIA

B) CONCURSO ENTRE JUSTIÇA FEDERAL E ESTADUAL À


FEDERAL PREVALECE (Súmula 122 do STJ);

C) CONCURSO ENTRE JÚRI E OUTRO ÓRGÃO DA JUSTIÇA


COMUM À JÚRI PREVALECE (art. 78, I);

D) CONCURSO DE JURISDIÇÕES DA MESMA CATEGORIA:


(art. 78, II):
1) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena
mais grave;
2) prevalecerá a do lugar em que ocorreu o maior número de
infrações, se as penas forem de igual gravidade;
3) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos.
4.8 DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO
OU CONTINÊNCIA

E) CONCURSO DE JURISDIÇÕES DE DIVERSAS


CATEGORIAS (INSTÂNCIAS DIFERENTES) À
PREVALECE A DE MAIOR GRADUAÇÃO (ART. 78,
III)(SÚMULA 704 DO STF).
AVOCAÇÃO DE PROCESSOS (CPP, ART. 82)
Se, não obstante a conexão ou continência, forem
instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição
prevalente deverá avocar os processos que corram perante os
outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva.
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente,
para o efeito de soma ou de unificação das penas.
4.9 CONFLITO DE COMPETÊNCIA

(Jamil Chain Alves, aulas 2019)


4.9 CONFLITO DE COMPETÊNCIA

(Jamil Chain Alves, aulas 2019)


PERPETUATIO JURISDICTIONIS (CPP, ART. 81)

Art. 81. Verificada a reunião dos processos


por conexão ou continência, ainda que no
processo da sua competência própria venha o
juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória
ou que desclassifique a infração para outra
que não se inclua na sua competência,
continuará competente em relação aos demais
processos.
EXCEÇÃO DA PERPETUATIO JURISDICTIONIS
(CPP, ART. 81)

Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a


competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a
desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o
acusado, de maneira que exclua a competência do júri,
remeterá o processo ao juízo competente.

- 1ª. FASE – Juízo de acusação – desclassificação envia


para juiz competente;
- - 2ª. FASE – Juizo da causa – Jurados, não vale a
perpetuatio, juiz do júri continua competente.
SEPARAÇÃO DE PROCESSOS, ART. 79)
Art. 79. A conexão e a continência importarão
unidade de processo e julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo
de menores.
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do
processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o
caso previsto no art. 152. [doença mental superveniente]
§ 2o A unidade do processo não importará a do
julgamento, se houver co-réu foragido que não possa
ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
[ suspensão do processo e da prescrição]
* anotamos.
OUTRAS HIPÓTESES DE SEPARAÇÃO DE
PROCESSOS, ART. 79)
E) Separação do julgamento pelo júri por conta da
divergência entre os advogados na escolha dos jurados (CPP,
art. 469, § 1o. "A separação dos julgamentos somente
ocorrerá se, em razão das recusas, não for obtido o número
mínimo de 7 jurados para compor o Conselho de
Sentença").
F) Concurso entre crime eleitoral/militar e doloso contra a
vida (Júri).
G) Concurso entre crime militar e eleitoral.
H) Concurso entre crime eleitoral e crime federal
(controvérsia - Prevalência eleitoral: STF, CC 7033 / SP. Rel.
Min. Sydney Sanches. Pleno. j. 02/10/1996 / Separação: STJ,
CC 126729 / RS. Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze. 3ª Seção. j.
24/04/2013).
OUTRAS HIPÓTESES DE SEPARAÇÃO DE
PROCESSOS, ART. 79)
I) Crime federal e contravenção (súmula 38 do STJ).

J) Suspensão do processo em relação ao colaborador (Lei


12.850/13, art. 4º, § 3o - "O prazo para oferecimento de
denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá
ser suspenso por até 6 meses, prorrogáveis por igual
período, até que sejam cumpridas as medidas de
colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo
prescricional").

L) Um dos processos já foi julgado (súmula 235 do STJ).


FACULTATIVA A SEPARAÇÃO DE PROCESSOS, ART.
79)

Art. 80. Será facultativa a separação dos


processos quando as infrações tiverem sido
praticadas em circunstâncias de tempo ou de
lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo
número de acusados e para não Ihes prolongar
a prisão provisória, ou por outro motivo
relevante, o juiz reputar conveniente a
separação.
4. COMPETÊNCIA NO PROCESSO PENAL - A
REFORMA DE 2019/2020 E O JUIZ DAS
GARANTIAS

É PRECISO EXPLICAR ALGUMAS


CONSEQUÊNCIAS DA ADOÇÃO DO SISTEMA
"DUPLO JUIZ", A COMEÇAR PELA
“PREVENÇÃO”. O INSTITUTO DA
PREVENÇÃO, PREVISTO NO ART. 83 DO CPP,
PRECISA SER “RESIGNIFICADO” À LUZ DO
DISPOSTO NO ART. 3º-D (NOVA REDAÇÃO
DADA PELA LEI Nº. 13.964/2019).
4. COMPETÊNCIA NO PROCESSO PENAL - A
REFORMA DE 2019/2020 E O JUIZ DAS
GARANTIAS
- 1º. - A PREVENÇÃO É CAUSA DE EXCLUSÃO DA
COMPETÊNCIA: quando o juiz que decidir na fase preliminar
ou praticar quaisquer dos atos previstos no art. 3º-B, assume
o lugar do juiz das garantias e, portanto, irá receber a
denúncia, decidir sobre a absolvição sumária e remeter para o
juiz do processo (que necessariamente será “outro” juiz, pois
o primeiro está impedido nos termos do art. 3º-D);

- 2º. - A PREVENÇÃO COMO CAUSA DE FIXAÇÃO DA


COMPETÊNCIA: quando existirem vários juízes em uma
comarca, aquele que anteceder os demais na prática de
algum ato na investigação preliminar, passa a ser o prevento,
no sentido de que atrairá a competência para eventuais
crimes conexos.
TEMAS POLÊMICOS
1. CRIMES CONTRA A HONRA NA INTERNET:
É COMPETENTE A COMARCA DO LOCAL ONDE AS INFORMAÇÕES
SÃO ALIMENTADAS:

PENAL E PROCESSO PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME


CONTRA A HONRA. CALÚNIA. SUPOSTAS OFENSAS PUBLICADAS EM
SITE NA INTERNET. COMPETÊNCIA DO LOCAL ONDE AS
INFORMAÇÕES SÃO ALIMENTADAS.
”Em recente decisão desta Terceira Seção ficou consolidado que é
competente para julgamento de crimes cometidos pela internet o
juízo do local onde as informações são alimentadas, sendo irrelevante
o local do provedor. "Esse local deve ser aquele de onde efetivamente
partiu a publicação do conteúdo, o que ocorre no próprio local do
domínio em que se encontra a home page, porquanto é ali que o
titular do domínio alimenta o seu conteúdo, independentemente do
local onde se hospeda o sítio eletrônico (provedor)"
(CC 136.700/SP Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI, TERCEIRA SEÇÃO,
Dje. 1º/10/2015).
TEMAS POLÊMICOS
2. RACISMO E PORNOGRAFIA INFANTIL PELA
INTERNET;
- A competência será da justiça federal quando ficar
comprovada a internacionalidade da conduta, ou seja,
que o conteúdo poderia ser acessado por pessoas em
outros países. Porém, se o conteúdo foi divulgado em
conversas particulares, a competência será estadual.

- Tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos


(chat) estabelecido na rede social Facebook, a
comunicação se dá entre destinatários escolhidos pelo
emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação
privada que não está acessível a qualquer pessoa.
TEMAS POLÊMICOS
3. CRIMES PRATICADOS CONTRA A ORDEM
TRIBUTÁRIA

- É COMPETENTE O LOCAL ONDE SE DEU A INSCRIÇÃO


NA DÍVIDA ATIVA, AINDA QUE TENHA HAVIDO
MUDANÇA DE DOMICÍLIO FISCAL PELO CONTRIBUINTE:

- “Conflito negativo de competência. Juízes federais


vinculados a Tribunais Regionais Federais diversos.
Sonegação fiscal: crime contra a ordem tributária (arts.
1º e 2 da lei nº 8.137/1990). Delito material.
competência do local onde se consumou o crime, por
meio da constituição definitiva do crédito tributário. “
(CC 120.850/BA, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 08/08/2012, DJe 30/08/2012).
TEMAS POLÊMICOS
4. FRAUDE ELETRÔNICA PRATICADA EM
DETRIMENTO DE CORRENTISTA DA CEF, COM
AGÊNCIA EM LOCAL DIVERSO DO SAQUE.
- INCIALMENTE DEVE-SE VERIFICAR NO CASO CONCRETO
SE O CRIME É DE ESTELIONATO OU FURTO
QUALIFICADO PELA FRAUDE.
- NO ESTELIONATO A VÍTIMA, ENGANADA OU EM ERRO,
ENTREGA A RES FURTIVA; NO FURTO QUALIFICADO
PELA FRAUDE, A FRAUDE É EMPREGADA PARA BURLAR
A VIGILÂNCIA SOBRE A COISA.

- A VÍTIMA É A CEF, O CLIENTE É MERO PREJUDICADO;


- O CRIME SE CONSUMA NO LOCAL ONDE O DINHEIRO É
RETIRADO DA ESFERA DE DISPONIBILIDADE DA
VÍTIMA.
TEMAS POLÊMICOS
5. CRIME CONTRA INDIGENA
A COMPETÊNCIA SERÁ DA JUSTIÇA FEDERAL APENAS QUANDO SE
VERIFICAR A EXISTÊNCIA DE INTERESSE DA COLETIVIDADE INDÍGENA:
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INQUÉRITO POLICIAL. ARTS. 148, §
2º, E 121, § 2º, III, CÓDIGO PENAL. COBRANÇA DE PEDÁGIO EM RODOVIA POR
PARTE DOS ÍNDIOS. DISPUTA SOBRE DIREITOS INDÍGENAS.
CARACTERIZAÇÃO. ARTS. 109, INCISOS IV, IX, E 231 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL.
(STJ, CC 144.894/MT, 3ª Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. em 24/02/2016).

6. CRIMES CONTRA JUSTIÇA DO TRABALHO: FALSO


TESTEMUNHO, FALSA ANOTAÇÃO NA CTPS...
- A justiça do trabalho não possui competência criminal. A competência
será da justiça federal quando houver ofensa a direito coletivo dos
trabalhadores, porém, permanecerá a competência estadual quando a
ofensa se der contra direito individual.
BIBLIOGRAFIA

 REFERÊNCIAS BÁSICAS:
 ALVES, Jamil Chain. Aulas Pós Graduação/EBRADI - Processo Penal Aplicado, 2019.
 AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo : MÉTODO,
10ª. Ed. 2018.
 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único - 8. ed. Ver. Ampl. E atual –
Salavador: Ed. Juspodivm, 2020.
 LOPES Júnior, Aury. Direito Processual Penal, 18ª. ed. São Paulo; Saraiva, 2021.
 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. São Paulo: Forense,
16ª.ed- 2020.
 ROQUE ARAÚJO, Fábio & NEGRI COSTA, Klaus. Processo Penal - Didático. Salvador; Editora Jus
Podivm, 2ª.Ed.2019.
 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
 FEITOZA, Denilson. Direito Processual Penal: Teoria, Crítica e Práxis. 6ª.Ed. Nitéroi,RJ: Impetus, 2009.
 POLASTRI LIMA, Marcellus. Manual de Processo Penal, Rio de Janeiro: Editora: Lumen Juris. 2007
 RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 12.ª edição – 884 páginas. Editora: Lumen Juris. 2007.
 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal.
São Paulo: Saraiva. 2006.

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