Você está na página 1de 13

Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE


DO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Excelentíssimo Ministro,
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO

Autos nº: AREsp nº 1635939 / PR (2019/0367381-7)


De RECURSO ESPECIAL CÍVEL

Recorrente: COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA – COHAB-CT


Recorrido: CONJUNTO RESIDENCIAL MORADIAS GARÇAS I

COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA – COHAB-


CT, Sociedade de Economia Mista Municipal, criada pela Lei Municipal nº 2.545, de
29/04/1965, inscrita no CNPJ/MF sob nº 76.495.696/0001-36, com sede na Rua Barão do
Rio Branco, nº 45, Centro, CEP 80010-180, Curitiba/PR, por seus
procuradores judiciais subscritos, com escritório profissional no endereço supramencionado,
onde recebem intimações e notificações, vem respeitosa e tempestivamente perante de
Vossa Excelência, com fulcro no art. 1.021, do CPC, arts. 258 e 259 do RISTJ, e demais
dispositivos legais aplicáveis ao caso, interpor o presente:

AGRAVO INTERNO

em face da decisão monocrática proferida no Recurso Especial n° 1635939/PR pelo r.


Ministro Relator da Turma deste Colendo Superior Tribunal de Justiça, que conheceu e
negou seguimento ao Agravo em Recurso Especial epigrafado, entendendo que violação às
Súmulas 05, 07 e 83 do STJ.
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DAS RAZÕES RECURSAIS

I. DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO

A veiculação se deu no dia 18.05.2020, considerando a publicação da r.


decisão retro no dia 19.05.2020 (terça-feira), iniciando-se a contagem do prazo no dia
20.05.2020 (quarta-feira), vencendo-se o prazo, na data de 08.06.2020 (segunda-feira).
Tempestivo, portanto.

II. DO OBJETO DO PRESENTE RECURSO

O presente Recurso de Agravo volta-se contra a r. decisão do relator,


que não deu provimento ao Agravo em Recurso Especial interposto, nos seguintes termos:

“Para se concluir de modo diverso, no sentido de que houve sub-rogação, seria


necessária a reapreciação de cláusulas contratuais e do suporte fático-probatório
dos autos. Incide, por conseguinte, o óbice das Súmulas 5 e 7/STJ,
respectivamente: "A simples interpretação de cláusula contratual não enseja
recurso especial" e "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial".
(…)
O promitente vendedor, sem prejuízo do direito de regresso, pode figurar no polo
passivo de ação de cobrança de débitos condominiais posteriores à alienação e
contemporâneos à posse do promissário comprador, se readquirir a titularidade do
direito real sobre o bem imóvel anteriormente alienado.
(…)
Vale destacar que não se aplica à espécie o Recurso Especial 1.345.331/RS, de
minha relatoria, DJe 20/04/2015, julgado sob o rito dos recursos representativos de
controvérsia, no qual se discutiu se o registro da promessa de compra e venda era
relevante para definir a responsabilidade no pagamento das obrigações
condominiais, partindo-se do pressuposto, portanto, de compra e venda perfeita e
acabada. Na hipótese, houve a reaquisição da titularidade do direito real pelo
promitente vendedor. Cuida-se da legitimidade passiva do promitente vendedor
frente ao credor da taxa condominial em caso de retomada do imóvel, tendo em
vista a natureza propter rem da obrigação, o que não afasta o direito de regresso
em relação ao promissário comprador, preservada, assim, a cláusula geral que
veda o enriquecimento sem causa.
(…)
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

Não procede a alegação de que os honorários foram fixados em 3,75% sobre o


valor da condenação, abaixo do percentual previsto em lei, pois o Tribunal de
origem concluiu corretamente que, "como foi constatada a sucumbência recíproca,
distribuiu-se a responsabilidade pelo pagamento das despesas e dos honorários
nas proporções do decaimento de cada parte", em obediência ao comando previsto
no art. 86 do CPC, segundo o qual "Se cada litigante for, em parte, vencedor e
vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas". Do mesmo
modo, foi observada a seguinte ordem de preferência estabelecida pela Segunda
Seção desta Corte: "(I) primeiro, quando houver condenação, devem ser fixados
entre 10% e 20% sobre o montante desta (art. 85, § 2º); (II) segundo, não havendo
condenação, serão também fixados entre 10% e 20%, das seguintes bases de
cálculo: (II.a) sobre o proveito econômico obtido pelo vencedor (art. 85, § 2º); ou
(II.b) não sendo possível mensurar o proveito econômico obtido, sobre o valor
atualizado da causa (art. 85, § 2º); por fim, (III) havendo ou não condenação, nas
causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou em que o valor
da causa for muito baixo, deverão, só então, ser fixados por apreciação equitativa
(art. 85, § 8º)"
(…)
5. Ante o exposto, nego provimento ao agravo “

Concessa maxima venia, o entendimento merece reparo, isto porque


não há se que se falar em ofensa às Súmulas 5, 7 e 83 do Superior Tribunal de Justiça.
Terceiro, porque o v. acórdão recorrido não levou em consideração que o promitente
comprador estava na posse do imóvel na época em que os débitos condominiais foram
gerados, razão pela qual há clara e evidente ofensa aos arts. 9º, 12, 19 e 20 da Lei n.º
4.591/64.

DAS RAZÕES DE REFORMA

1. DA NÃO VIOLAÇÃO À SÚMULA 05 e 07

1. DA INAPLICABILIDADE DAS SÚMULAS 05 e 07 DO STJ

Ao afastar as alegações de ilegitimidade ativa do condomínio e passiva


da COHAB-CT, o Eminente Desembargador Relator se pautou nas Súmulas 05 e 07 do
STJ, para negar seguimento ao Recurso Especial outrora interposto.

Pois bem, tal interpretação não merece guarida. Isto porque, o que se
está a discutir no presente feito a responsabilidade do promissário comprador, não havendo
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

a necessidade de reexame de prova. De acordo com informativo do próprio E. STJ 1, “a


revaloração da prova ou de dados explicitamente admitidos e delineados na decisão da qual
se recorre não implica o reexame de fatos e provas, proibido pela súmula”.

Repise-se, a Agravante pretende buscar, por esta via recursal, a


decisão que possa derramar justiça no caso em comento.

O Exmo. Vice-Presidente do Eg. Tribunal de Justiça do Paraná negou


seguimento ao Recurso Especial interposto pela COHAB-CT, por considerar que a reforma
do recorrido demandaria o reexame das provas constantes dos autos, com fulcro na Súmula
nº 05 e 07 do STJ.

Em que pese o entendimento do eminente Desembargador, data


maxima venia, os dispositivos invocados no recurso não foram analisados adequadamente,
razão pela qual a Agravante não pode se conformar com a v. decisão, sem que seus
argumentos sejam apreciados pelo Tribunal Superior.

É incontroverso nos autos a antecipação de créditos e a sub-rogação


pela administradora dos valores pagos pelos inadimplentes, inclusive juros de mora, multa e
demais encargos.

Assim, resta consignado que não se está discutindo, no caso em tela, o


reexame de fatos ou provas, mas a sub-rogação por antecipação de créditos e o
apossamento dos valores pagos pelos inadimplentes, inclusive juros de mora, multa e
demais encargos.

Vale repisar o disposto no Recurso interposto pela Agravante, no


sentido de que o Recurso Especial não é instrumento adequado ao reexame de fatos
(Súmula 7 do STJ). Entretanto, “a qualificação jurídica de fatos incontroversos, ou seja, seu
devido enquadramento no sistema normativo, para deles extrair determinada conseqüência
jurídica, é coisa diversa, podendo ser aferida neste âmbito recursal.” (REsp 135.542/MS,
Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/10/2004, DJ 29/08/2005
p. 233)

1
http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=104787
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

Além disso, comprovado está nos autos que o crédito do condomínio


restou satisfeito pela empresa de cobrança que se se sub-rogando em todos os direitos e
ações do credor primitivo, retirou deste a legitimidade para a postulação em mesa. Esta
constatação advêm do que dispõe o art. 112 do CC/2002.

Nesse sentido, não há a necessidade de interpretação de cláusula


contratual, não incidindo a Súmula 05 do STJ no presente caso.

Assim, para que seja respeitado o contraditório, a ampla defesa e o


devido processo legal (art. 5º, LIV e LV da CF/88), requer a ora Agravante sejam as razões
do recurso especial apreciadas pela Colenda Turma.

2. DA NÃO VIOLAÇÃO À SÚMULA 83


Da violação à Legislação Federal (art. 9º e 12º, parágrafo 4º
e 20 da Lei n. 4.591/64).

A decisão agravada aponta que é descabido o argumento que


aponta que o acórdão a quo violou o art. 9º e 12º, parágrafo 4º e 20 da Lei n. 4.591/64 ao
atribuir a promitente vendedora débito condominial.
Ora, é evidente que o acórdão recorrido frontou a legislação
federal quando tratou da ilegitimidade passiva, dado o máximo acatamento, a melhor
exegese da Lei de Condomínio (Lei nº 4.591/1964) aponta como clara e evidente a
ilegitimidade passiva da COHAB-CT para responder pelos débitos condominiais
pretensamente inadimplidos no caso em comento.
Dispõe o art. 12, § 4º, da Lei de condomínios:

Art. 12. (...)


§ 4º. As obras que interessam à estrutura integral da edificação
ou do conjunto de edificações, ou ao serviço comum, serão
feitas com o concurso pecuniário de todos os proprietários ou
titulares de direito à aquisição de unidades, mediante
orçamento prévio aprovado em Assembleia Geral, podendo
incumbir-se de sua execução o síndico, ou outra pessoa, com
aprovação da assembleia. (...)
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

Por uma questão de pura lógica, sabe-se que quando a Lei


estabelece uma exceção à regra geral é porque essa situação especial, quando
eventualmente ocorra, se sobrepõe à regra comum.
Tal convicção decorre não somente do princípio da
especialidade, mas principalmente porque se assim não fosse, não haveria necessidade de
fazer a exceção.
Nesse sentido, se o proprietário, mesmo a título
previsivelmente resolúvel, sempre fosse o devedor principal da obrigação decorrente dos
débitos condominiais, por qual razão se falaria na Lei em titulares de direito à aquisição?
Evidentemente que o que permeia o texto legal é o princípio da
vinculação do ônus à fruição, indicando que aquele que realmente se beneficia pelos
gastos do condomínio deva ser responsabilizado pelo quinhão da unidade
habitacional no rateio do condomínio.
Não por acaso estabelece o art. 20 da mesma Lei:

Art. 20. Aplicam-se ao ocupante do imóvel, a qualquer título,


todas as obrigações referentes ao uso, fruição e destino da
unidade.

O art. 4º da Lei sob n.º 4.591/64, impõe aos promitentes


compradores, de modo expresso, o dever de pagar as despesas de conservação da coisa
comum, confirmando que o promitente comprador é equiparado ao condômino e, portanto,
devedor da obrigação.
A nova redação do parágrafo único do mesmo dispositivo
condiciona a venda ou a cessão de direitos sobre a unidade à comprovação pelo promitente
vendedor do pagamento das cotas condominiais, indicando, a contrario sensu, que é do
promitente comprador a responsabilidade pelo pagamento dos débitos posteriores ao
negócio jurídico.
O art. 12 da Lei sob n.º 4.591/64 estabelece claramente que
“cada condômino concorrerá nas despesas do condomínio”. Já o art. 9.º esclarece que são
condôminos os proprietários, promitentes compradores, cessionários ou promitentes
cessionários. Obviamente, não são todos juntos condôminos, mas um de cada vez.
Tendo em mente essas considerações, percebe-se que o v.
acórdão negou vigência aos artigos 9.º, 12, 19 e 20 da Lei nº 4.591/64, quando considerou
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

que a COHAB-CT deve ser considerada a responsável pelo pagamento das taxas
condominiais geradas por seu ex-mutuário.
Portanto, a negativa de vigência aos dispositivos invocados da
Lei sob n.º 4.591/64 está quando o artigo 12 deste diploma legal não tem, nem de longe, o
sentido de responsabilizar o proprietário promitente vendedor. Se a lei quisesse
responsabilizar o proprietário do bem, faria isso expressamente.
Isso fica extremamente claro quando se tem em conta que
antes de se referir a “condômino” no artigo 12, referida lei, em seu artigo 9.º, estabelece
textualmente:

“Art. 9º. Os proprietários, promitentes compradores,


cessionários ou promitentes cessionários dos direitos
pertinentes à aquisição de unidades autônomas, em
edificações a serem construídas, em construção ou já
construídas, elaborarão, por escrito, a convenção de
condomínio, e deverão, também, por contrato ou por
deliberação, em assembléia, aprovar o regimento interno da
edificação ou conjunto de edificações.” (grifos apostos)

A Lei nº 4.591/64 possui regras específicas, sendo legítimo,


nesse sistema, equiparar ao condômino também os promitentes compradores ou qualquer
outro titular de direitos aquisitivos de uma unidade autônoma, que estão sujeitos a uma série
de direitos e obrigações, como se vê da simples leitura dos arts. 8º, 9º e 58 da lei antes
mencionada.
Logo, a V. Decisão recorrida, ao decidir de forma
absolutamente diversa desse raciocínio, viola os artigos 9.º, 12, §4º, 19 e 20, todos da Lei nº
4.591/64, autorizando a propositura do presente Recurso Especial pela alínea "a" do inciso
III do art. 105 da Constituição Federal, razão pela qual deve o presente Agravo ser
conhecido e provido para seja dado seguimento ao recurso especial interposto.

Da contraposição à jurisprudência dominante.

Ao contrário do sustentado pela decisão agravada a


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já consolidou entendimento de que o débito
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

condominial permanece sendo responsabilidade do promitente comprador, mesmo na


hipótese de retomada do bem pelo promitente vendedor, como no caso em tela.
A que se mencionar ainda que ao contrário do que se extraí do
entendimento defendido na decisão agravada o Superior Tribunal de Justiça sedimentou
entendimento de que a promitente vendedora não é responsável pelo adimplemento dos
débitos condominiais de imóvel compromissado à venda.
Exemplificativamente, dentre o farto número de julgados, pode-
se citar o seguinte aresto paradigma lavrado pelo eminente Ministro MARCO BUZZI, que em
caso de características coincidentes com o presente, estabeleceu de forma incisiva em
declarar a ilegitimidade passiva da promitente vendedora pelos débitos do período de
ocupação do compromissário junto ao Agravo Regimental em Recurso Especial n.
1299228/RS, da QUARTA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 14/09/2012 (documento:
24382834, relativo a certidão de julgamento constante no sítio eletrônico do Superior
Tribunal de Justiça), senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL - AÇÃO DE COBRANÇA DE COTAS


CONDOMINIAIS - OBRIGAÇÃO PROPTER REM - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PARCIAL PROVIMENTO AO
RECURSO ESPECIAL DA PROMITENTE-VENDEDORA
DECLARANDO A SUA ILEGITIMIDADE PASSIVA.
IRRESIGNAÇÃO DO CONDOMÍNIO.
1. Ciente o condomínio acerca da transferência do imóvel,
ainda que o contrato não tenha sido registrado no cartório
de registros imobiliários, as despesas e quotas
condominiais devem ser cobradas do adquirente do imóvel
ou do promitente comprador. Ilegitimidade do antigo
proprietário ou promitente-vendedor. Precedentes.
2. Agravo regimental não provido, com aplicação de multa.
(AgRg no REsp 1299228/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
QUARTA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 14/09/2012)

Transcreve-se um trecho do voto do relator a fim de


demonstrar e evidente disparidade na interpretação jurisprudencial sobre o tema:

“No caso dos autos, não há dúvidas a respeito de que o


promitente-comprador exercia a posse do imóvel durante o
período pleiteado pelo recorrido. De fato, o acórdão atesta que
"o condomínio enviou os documentos de cobrança ao
condômino Valter, compromitente-comprador", o que, segundo
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

a sobredita orientação jurisprudencial, afasta cabalmente a


responsabilidade da promitente-vendedora.”

No caso em tela, é também incontroverso que o imóvel do qual


se origina a dívida condominial foi adquirido pelo mutuário por meio de contrato de
promessa de compra e venda, tendo este assumido a responsabilidade referente às taxas
condominiais.

3. DA INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 83 DO STJ QUANTO A FIXAÇÃO DA


SUCUMBÊNCIA ANTE A CLARA VIOLAÇÃO AO PARÁGRAFO 2º DO ART. 85 DO CPC.

O respeitável acórdão de ref. 15.1 fixou os honorários sucumbenciais


em 15% (dez por cento) sobre o valor da condenação fixando em 25% em prol dos
advogados da Agravante e 75% para os advogados da Agravada. Contudo, a referida
decisão possui uma contradição, vez que a) os honorários dos advogados da Agravante
deveriam ter sido fixados sobre o proveito econômico obtido (parcelas declaradas
prescritas); e uma obscuridade, pois b) o percentual fixado no acórdão viola o patamar
mínimo de 10%. Cumpre pontuar que que ao fixar o patamar de 25% do total dos
honoráros (15% da condenação) o valor real dos honorários é de apenas 3,75%.

A decisão que inadmitiu o recurso especial etendeu que o acórdão


Recorrido esta sedimentado na jurisprudência do STJ, entretanto apresenta precedente
diverso do caso. Nota-se que o Recurso Especial pretende que a verba honorária seja
fixada sobre o proveito econômico obtido (verbas prescritas) e que seu percentual seja de
no mínimo 10% (e não 3,75% como estabelecido).

O Novo Digesto Processual em seu art. 85, § 2º do CPC/2015


estabeleceu que:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao


advogado do vencedor.
§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no
cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução,
resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o
máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
I - o grau de zelo do profissional;
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

II - o lugar de prestação do serviço;


III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço.

Note-se que, apenas nos casos em que não é possível se aferir o


proveito econômico da demanda é que será atribuído honorários sobre o valor atualizado da
causa. É preciso verificar, antes de mais nada, o alcance da expressão proveito econômico
obtido, posto que a fixação em relação ao valor da causa é subsidiária.

Nos casos de cobrança de dívida deve-se utilizar as lentes daquele


contra quem a demanda foi proposta.

A Agravante quando teve reconhecida a tese que reconheceu a


prescrição de parte do débito teve muito claro um proveito econômico que foi exatamente o
valor que a ela seria imputado em relação aos débitos prescritos.

O Superior Tribunal de Justiça2 dá contornos a matéria, julgando


questões atinentes ao arbitramento dos honorários, que nos permite afirmar, partindo-se
inicialmente de pretensões condenatórias, que a referida expressão corresponde ao
benefício econômico almejado (ou efetivamente alcançado) pelo autor na ação judicial por
ele promovida.

“No caso de procedência dos embargos monitórios, os honorários


advocatícios devem ser calculados sobre o proveito econômico
obtido, ou seja, a diferença entre o valor cobrado e aquele que se
verificou ser efetivamente devido.” (STJ, REsp 730861. Conferir
também: REsp 1454777; ArRg no REsp 1096522; REsp 1346749;
AgRg no REsp 945646.

Nessa linha, é hialino que tudo indica logicamente que proveito


econômico obtido pelo réu, tendo-se em vista a improcedência que lhe satisfez, diz
respeito a pretensão formulada na petição inicial (ou parte dela), porém negada com a
prestação jurisdicional.
2
Acórdão do Supremo Tribunal Federal, proferido sob a égide do CPC-1973. Caso que tratou de embargos do
devedor julgados procedentes, decidindo o Tribunal que a condenação em honorários haveria de seguir o
disposto no então §3.o (e não o §4.o) do art. 20. A não ser assim, atestou o voto de relatoria, “a distribuição
recíproca e proporcional das custas, em caso de parcial sucumbência recíproca (CPC, art. 21), haveria de lidar
com valores heterogêneos, um deles fixado pelo critério do §3.o e outro pelo do §4.o, assim desequilibrada a
relação de congruência entre um e outro.” (STF, RE 94.112-6, Rel. Min. Decio Miranda, julgado em
26/06/1981, disponível: <www.stf.jus.br>). (http://www.conjur.com.br/2016-out-10/arbitramento-honorarios-
sucumbenciais-casos-improcedencia#sdfootnote5sym)
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

Assim, deve prevalecer para a fixação dos honorários, tanto o valor da


condenação que se pede, quanto o da condenação que se impede.

A título exemplificativo, em uma demanda judicial de cobrança na qual a


petição inicial pretendia impor uma condenação ao réu no valor de R$50 mil, se o
julgamento fosse:

a. de total improcedência, o réu nada precisará pagar ao autor, ou seja,


seu patrimônio permanecerá o mesmo, advindo-lhe um PROVEITO
ECONÔMICO correspondente a R$50 mil;

b. de parcial procedência, tendo o autor êxito em R$40 mil, o PROVEITO


ECONÔMICO do réu seria equivalente a R$10 mil (valor da condenação
que se impediu ou diferença entre valor pretendido e valor da
condenação), quantia que ele não precisará pagar.

E nesse último caso ter-se-iam duas bases de cálculo para aplicação do


percentual dos honorários sucumbenciais.

Portanto, a r. decisão contraria a previsão do art. 85, §2º, do CPC, eis


que esse dispositivo não deixa dúvidas quanto a forma a ser seguida para a fixação do
percentual dos honorários de sucumbência, qual seja, somente se utiliza do valor atualizado
da causa quando não é possível ser apurar o proveito econômico que o réu obteve.

Novamente se mostra clara a forma de apuração do proveito econômico


que a Agravante obteve, que foi o valor pedido e que foi afastado com o reconhecimento da
prescrição.

Diante do que, pugna-se pelo reforma da decisão para que recurso


especial seja admitido e os honorários de sucumbência incidam sobre o benefício
econômico obtido pela Recorrente (ou seja, sobre as parcelas declaradas prescritas) em
percentual minimo de 10%.
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

4. DO NECESSÁRIO CONHECIMENTO DAS RAZÕES RECURSAIS PELO COLEGIADO

Com efeito, as decisões judiciais nos Tribunais são todas


colegiadas. Entretanto, para se dar velocidade aos feitos, a legislação processual permite as
decisões monocráticas do relator, que age como delegado do órgão colegiado.

Porém, o artigo 557 do CPC prevê o inconformismo da parte e


a possibilidade de esta apresentar o recurso interno, pedindo a retratação pelo Relator ou
que o Colegiado reveja o ato, esta última não podendo ser suprimida, e que poderá
confirmar ou reformar o entendimento do relator.

O Superior Tribunal de Justiça já decidiu caso semelhante:

PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA


ATO JUDICIAL. AGRAVO REGIMENTAL DECIDIDO
MONOCRATICAMENTE. 1. O agravo regimental ou agravo
interno é o instrumento de que se serve a parte para buscar a
retratação da decisão monocrática, ou exame pelo colegiado,
de quem não pode ser suprimido o conhecimento. 2.
Segurança concedida. (STJ-Corte Especial, MS 8.093-DF, rel.
Min. Eliana Calmon, j. 15.5.02, DJU 21.10.02, pág. 263).

Assim, para que seja respeitado o texto do artigo 557 e demais


dispositivos do Código de Processo Civil, bem como, o contraditório, a ampla defesa e o
devido processo legal, requer a ora agravante sejam as razões do Agravo interposto para
contra a decisão que negou seguimento ao Recurso Especial apreciadas pelo órgão
colegiado dessa E. Corte, caso não haja retratação por parte desse eminente Ministro
Relator.

5. DOS PEDIDOS.

Diante do exposto, REQUER respeitosamente a essa Egrégia


Corte:
a) Seja recebido e processado o presente Agravo.
b) Sejam os autos apresentados em mesa, para ser a decisão
apreciada, sem audiência da parte contrária e independentemente de inscrição em pauta.
Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

Rua Barão do Rio Branco, 45


80010-180 Centro Curitiba PR
Tel.: 41 3221-8100 Fax 41 3221-8072
cohabct@cohab.curitiba.pr.gov.br
www.cohabct.com.br

c) Sejam conhecidas e acatadas as razões apresentadas,


dando-se, no mérito, por todas ou quaisquer dos fundamentos invocados, total provimento
ao Agravo para o fim de reformar a r. decisão agravada, dando-se seguimento à apreciação
e julgamento do Recurso Especial, com a reforma do decisum para reconhecer a a
ilegitimidade ativa do Agravado ou, alternativamente, declarar a ilegitimidade passiva da
Agravante com a consequente improcedência do pedido inicial, pugna-se ainda pela
adequada fixação da sucumbência.
Ainda, e por oportuno, ratifica a COHAB-CT as razões e os
pleitos do recurso especial interposto.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, 08 de junho de 2020.

Raphael Wotkoski Rafael Fernando Portela


OAB/PR 62.783 OAB/PR 54.780

Samir Braz Abdalla Cleverson Tuoto Benthien


OAB/PR 31.374 OAB/PR 45.001

Você também pode gostar