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PROJUDI - Recurso: 0026175-15.2020.8.16.0000/2 - Ref. mov. 17.

1 - Assinado digitalmente por Rafael Fernando Portela


23/09/2021: JUNTADA DE PETIÇÃO DE REQUERIMENTO DE PRIORIZAÇÃO NA TRAMITAÇÃO. Arq: Petição

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ6MT 5EBM5 45NCB B6VZB
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR Luiz Osório Moraes Panza VICE-PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

Autos nº 0026175-15.2020.8.16.0000 Pet 2


De Recurso Especial

Recorrente: COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA – COHAB-CT


Recorridos: CONJUNTO RESIDENCIAL MORADIAS CAIUÁ I – COND. III E OUTROS

COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA - COHAB-CT, já


qualificada nos presentes autos, por seus advogados subscritos, vem respeitosamente perante
Vossa Excelência, requerer a concessão de efeito suspensivo ao Recurso Especial interposto,
nos termos do art. 1.029, § 5º, III, CPC.

DOS FATOS

Trata-se de ação de cobrança movida pelo Condomínio Recorrido em face


do promitente comprador com o intuito executar os encargos condominiais deferidos em
sentença.

A Recorrente foi excluída da lide no mov. 12, por ser considerada ilegítima
(tal decisão não foi objeto de recurso).

O réu Natalicio foi citado por edital e foram constituídos defensores públicos
para atuar em sua defesa.

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A COHAB-CT pediu pelo saneamento do feito posto que ainda constava
como ré no sistema PROJUDI e pediu pelo levantamento de penhora de seu imóvel, posto que
eventual penhora apenas deveria recair sobre os direitos de NATALICIO SANTOS GENU.

A decisão de mov. 264 negou o pedido de levantamento da penhora, foram


opostos Embargos de Declaração, contudo eles foram conhecidos e desprovidos (mov. 280).

Interposto Agravo de Instrumento apontando a violação à coisa julgada e a


ilegitimidade passiva do promitente vendedor.

Contudo o recurso foi conhecido e desprovido nos seguintes termos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO


DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. – COTAS CONDOMINIAIS. EXCLUSÃO DA
PROMITENTE VENDEDORA POR ILEGITIMIDADE PASSIVA. POSTERIOR
RESOLUÇÃO DO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA COM
REINTEGRAÇÃO DA COHAB NA POSSE DO IMÓVEL. POSSIBILIDADE
DE INCLUSÃO DA PROPRIETÁRIA NO POLO PASSIVO.
RESPONSABILIDADE PELOS DÉBITOS ANTERIORES AO
DESFAZIMENTO DO CONTRATO. OBRIGAÇÃO DE NATUREZA
PROPTER REM. MANUTENÇÃO DA PENHORA SOBRE O IMÓVEL. –
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Note-se que apesar de reconhecer que o imóvel estava na posse do


promitente comprador o tribunal a quo impõe a promitente vendedora a responsabilidade pela
dívida condominial contrariando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, como se
passa a demonstrar.
Trata-se de Recurso Especial interposto em face de r. acórdão que indeferiu
levantamento da penhora do imóvel da promitente vendedora, sob o argumento de que a dívida
condominial é propter rem, podendo atingir imóvel do Recorrente, independentemente dela ter
feito parte do processo de conhecimento ou constar do título executivo judicial.
Esclarece-se que no momento o juízo de primeiro grau deu impulso a
execução e o imóvel da promivente vendora será encaminhado a hasta pública:

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“1. Indefiro o pedido de seq. 400.1, haja vista a ausência, até o presente
momento, de atribuição de efeito suspensivo ao Recurso Especial interposto
pela terceira interessada.
2. Assim sendo, cumpra-se a decisão de seq. 368. Intimações e diligências
necessárias.”

Portanto o deferimento do efeito suspensivo é medida crucial para


salvaguardar os interesses da recorrente, tendo em vista que o imóvel seria alienado em hasta
pública. Ademais, a suspensão da constrição do imóvel durante o processo visa proteger o
interesse de terceiros que viessem adquirir o imóvel em leilão, e, com a procedência do
Recurso Especial, poderiam ter a compra anulada.

DO DIREITO
Do Efeito Suspensivo

Conforme dispõe o art. 1.029, § 5º, III, CPC, o pedido de atribuição do efeito
suspensivo deve ser encaminhado ao Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal de origem
que poderá ser concedido efeito suspensivo, em caso de risco de danos grave ou de difícil
reparação:

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos


na Constituição Federal , serão interpostos perante o presidente ou o vice-
presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:
(…)
§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou
a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
(…)
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período
compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de
admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado,

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nos termos do art. 1.037. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
(Vigência)

Nessa visão, nos termos doo art. 1.029, § 5º, III, CPC, é possível requerer a
concessão do efeito suspensivo.
Conforme demonstram os fatos e argumentos expostos no Recurso
Especial, a recorrente foi surpreendida pela penhora e tentativa de hasta pública de seu imóvel
em processo da qual não é parte, não participou do processo de conhecimento, ou seja, não
exerceu o direito ao contraditório e à ampla defesa, bem como não consta no título executivo.
Nessa visão, é imprescindível a concessão de efeito suspensivo, sob pena
de causar dano irreparável para Recorrente, pois não participou da ação de cobrança, e seu
patrimônio está sendo refém de um título executivo judicial cujos limites subjetivos não lhe
atingem.
Tal medida preventiva, aliás, se coaduna com o espírito do art. 300 do CPC:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Nessa visão, para a concessão do efeito suspensivo, imprescindível a


demonstração de perigo de dano grave ou de difícil reparação.
No presente processo, verifica-se que caso não seja concedido o efeito
suspensivo o imóvel irá a hasta pública. Ou seja, o Recorrente perderá sua propriedade. Este é
o perigo de dano a que o apelante está exposto.
No mesmo sentido, eventual arrematante do imóvel também estará exposto
a dano, pois pagará pela aquisição de imóvel que, em caso de procedência do Recurso
Especial, acarretará na perda da propriedade arrematada. Nessa visão, a concessão de efeito
suspensivo também objetiva proteger terceiro de boa-fé.
Com relação à probabilidade do direito, esclarece-se que a apelante não fez
parte do processo de conhecimento que gerou o título executivo, ou seja, não teve o direito à
ampla defesa e ao contraditório respeitados.

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Ademais, a apelante não consta do título executivo, ou seja, há desrespeito
aos limites subjetivos da coisa julgada, nos termos do art. 506, CPC:

Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
prejudicando terceiros.

A atual jurisprudência do E. STJ têm reconhecido a necessidade de


existir uma correspondência entre o polo passivo da ação de conhecimento e o polo
passivo dos cumprimentos de sentença, mesmo nos casos em que a dívida tem natureza
real (propter rem), como demonstram as ementas abaixo:

RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. DESPESAS


CONDOMINIAIS. PENHORA. EXECUÇÃO QUE ATINGIU O IMÓVEL GERADOR
DA DÍVIDA, AFETANDO PATRIMÔNIO DA PROPRIETÁRIA QUE NÃO
PARTICIPOU DA AÇÃO DE CONHECIMENTO. INADMISSIBILIDADE.
PRECEDENTES.
1. "A penhora do unidade condominial em execução não pode ser autorizada
em prejuízo de quem não tenha sido parte na ação de cobrança na qual se
formou o título executivo. Necessária a vinculação entre o polo passivo da
ação de conhecimento e o polo passivo da ação de execução" (REsp
1273313/SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado
em 03/11/2015, DJe 12/11/2015).
2. Recurso especial provido. (RESP 1.818.807-PR, Ministro Luis Felipe Salomão,
DJU 24/06/2019)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO.


ILEGITIMIDADE PASSIVA. PENHORA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça não admite a substituição
da parte executada, na fase executiva, para incluir terceiro que não
participara do processo de conhecimento e, por conseguinte, não integrou o
título executivo judicial, ainda que seja para a cobrança de cotas
condominiais.
2. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. (RESP 1.771.394-PR,
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJU 09/10/2019)

Demonstra-se inconcebível o fato de privar o domínio, por meio de penhora


e consequente alienação judicial do bem, de quem não figurou no polo passivo, tampouco foi
considerado, em meio às reiteradas decisões dos Tribunais Superiores, como parte legítima a
responder por débitos contraídos na vigência de promessa de compra e venda que transmitiu a
posse a terceiros.

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Aprofundando no tema, qual seja, de apontar o legitimado a responder pelos
débitos condominiais, o Colendo Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no
sentido de apurar, caso a caso, a existência do binômio imissão na posse e conhecimento da
posse pelo Condomínio. Presente essas circunstâncias, fica a cargo do promitente comprador,
a responsabilidade pelas despesas condominiais no período em que tiver exercido a posse do
imóvel.
Transcreve a ementa e um trecho extraído do acórdão proferido pela
Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do RESP n° 1.079.177/MG de
relatoria do Ministro MASSAMI UYEDA:

RECURSO ESPECIAL - DESPESAS CONDOMINAIS – TRANSFERÊNCIA DA


POSSE EM VIRTUDE DE CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA
NÃO REGISTRADO - PROMISSÁRIO-COMPRADOR - IMISSÃO NA POSSE,
COM O PLENO CONHECIMENTO DOCONDOMÍNIO - LEGITIMIDADE PASSIVA
AD CAUSAM - REGISTRO - DESINFLUÊNCIA - RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. (…) I - A teor da jurisprudência desta a. Corte, a responsabilidade pelas
despesas de condomínio, ante a existência de promessa de compra e venda, pode
recair tanto sobre o promissário comprador quanto sobre o promitente vendedor, a
depender das circunstâncias do caso concreto ; II - Esclareça-se, entretanto, que,
com tal assertiva, não se está a afirmar que a legitimação passiva ad causam da
ação que objetiva o adimplemento das despesas condominiais ficará, em qualquer
hipótese, ao alvedrio do autor da ação, que poderá optar, aleatoriamente, pelo
promitente vendedor ou pelo compromissário comprador, tal como entenderam as
Instâncias ordinárias. Na verdade, revela-se necessário aferir com quem,
efetivamente, restou estabelecida a relação jurídica material; III - Como é de
sabença, as despesas condominiais, assim compreendidas como obrigações
propter rem, são de responsabilidade, em princípio, daquele que detém a qualidade
de proprietário do bem, ou, ainda, de titular de um dos aspectos da propriedade,
tais como a posse, o gozo ou a fruição; IV - Não há, assim, qualquer relevância,
para o efeito de se definir a responsabilidade pelas despesas condominiais, se o
contrato de promessa de compra e venda foi ou não registrado, pois, conforme
assinalado, não é aquele que figura, no registro, como proprietário, que,
necessariamente, responderá por tais encargos; V - Para a correta definição do
responsável pelos encargos condominiais, em caso de contrato de promessa
de compra e venda, deve-se aferir, pontualmente, se houve efetiva imissão na
posse por parte promissário comprador (ainda que em caráter precário) e se
o condomínio teve ou não o pleno conhecimento desta. Presentes tais
circunstâncias, a responsabilidade pelas despesas condominiais deve ficar a
cargo do promissário comprador, no período em que tiver exercido a posse
do bem imóvel; VI- Recurso Especial provido. (Grifou-se)

Ante o exposto, requer a concessão de efeito suspensivo ao Recurso


Especial, evitando-se, assim, a hasta pública do imóvel até a decisão do presente recurso.

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PEDIDOS

Ante o exposto, requer a concessão de efeito suspensivo à presente


apelação, nos termos do art. 1.029, § 5º, III, CPC.

Nestes termos
Pede deferimento.
Curitiba, 23 de setembro de 2021

Raphael Wotkoski Rafael Fernando Portela


OAB/PR 62.783 OAB/PR 54.780

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