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Prefeitura Municipal de Curitiba

Companhia de Habitação
Popular de Curitiba

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EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA


DA COMARCA DO FORO CENTRAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE
PINHAIS/PR.

Autos n.º 0014307-77.2016.8.16.0033


Autor: Município de Pinhais/PR
Réu: COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA – COHAB-CT

COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA –


COHAB-CT, já qualificada nos autos em epígrafe, através dos advogados que esta
subscrevem, vem respeitosamente à presença de V. Exa., requerer interpor a
presente OBJEÇÃO DE NÃO EXECUTIVIDADE em face da pretensão executiva
descrita no presente feito.

1. SÍNTESE PROCESSUAL.

O Município exequente ajuíza a presente demanda a fim de executar


supostos débitos referentes ao IPTU do ano de 2012 a 2015 do imóvel da seguinte
indicação fiscal: 27050.0080.001.00.00

Contudo, não há que se falar em débito em relação à executada, vez


que esta não é legitima para figurar no polo passivo da presente demanda e também
porque goza da imunidade tributária, como se passa a demonstrar.

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2. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA COHAB-CT

De acordo com informações dos departamentos internos desta


Companhia, o Contrato nº 00117020048-1 de titularidade de AGEU AMARAL foi
quitado por término de prazo contratual em 11 de janeiro de 2007, consoante
declaração e matrícula anexa.

Dessa forma, desde referida data (quitação do financiamento), a


COHAB-CT não figura mais como proprietária do bem, razão pela qual se mostra
descabida sua inclusão no pólo passivo da presente Ação de Execução Fiscal.

Neste quadro, é imperativo reconhecer que nos contratos em que


o preço foi inteiramente pago, não é possível ao vendedor exercer qualquer
dos direitos inerentes à propriedade do imóvel. Assim, por não mais exercer
estes direitos e deveres, evidencia-se que a COHAB-CT é parte ilegítima na
presente demanda.

De fato, a parte autora deve requerer a citação daqueles cujos


nomes estiverem registrados os imóveis; todavia, compete a esta Companhia
informar que o imóvel encontra-se integralmente quitado, não sendo mais possível
se falar em “propriedade” da COHAB-CT.

Nesse sentido, a requerida considera que, caso ainda esteja


constando no Registro de Imóveis como proprietária dos imóveis, houve erro ou
negligência do promitente comprador em NÃO transferir definitivamente a
propriedade do bem imóvel para o seu nome.

Embora exista nos autos comprovação da existência de contrato de


compromisso de compra e venda com cláusula de irretratabilidade incidente sobre a
unidade geradora dos alegados débitos registrados na respectiva matrícula
imobiliária, e embora esteja incontroverso nos autos que o uso e fruição do bem

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sempre foi do compromissário comprador, o Município direcionou a cobrança a essa


Companhia.

É cediço na jurisprudência do E. STJ que o promitente comprador


do imóvel é o responsável pelo pagamento das taxas de IPTU, quando o Município
tem conhecimento da alienação do imóvel.

Nesse sentido, se foram os promitentes compradores que se


beneficiaram dos serviços durante o período, residindo no imóvel sem pagar os débitos
relativos a dívida de IPTU, são eles que respondem pela dívida.

Portanto, o correto entendimento é o de que quem responde pela


dívida é quem ocupava diretamente o imóvel à época em que a dívida está sendo
cobrada, e mais, quem se beneficiava dos serviços.

A partir do momento em que firma contrato de


compromisso de compra e venda com a COHAB-CT, o mutuário assume para si
todas as responsabilidades inerentes ao imóvel, dentre elas a obrigação exclusiva
de efetuar o pagamento das taxas de IPTU.

Como se vê, o responsável pelo pagamento dos impostos e taxas é


AGEU AMARAL, pois foi ele que usufruiu do bem, na qualidade de promitente
comprador da unidade imobiliária, inclusive com contrato registrado na matrícula do
imóvel, o que torna ausente, por essa ótica, toda e qualquer responsabilidade da
COHAB-CT em arcar com a dívida de outrem.

Ante o exposto, requer-se a extinção do processo sem julgamento


do mérito devido à ilegitimidade passiva da COHAB-CT.

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3. DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

Ainda que seja afastada a preliminar de ilegitimidade passiva o


débito tributário não pode ser exigido da executada, pois deve-se levar em
consideração que a COHAB-CT é Sociedade de Economia Mista cuja criação foi
autorizada pela Lei Municipal nº 2.545, de 29/04/1965, e sua missão é fornecer
moradia digna à população de menor ou nenhum poder aquisitivo.

No exercício de sua missão institucional, a Executada adquire lotes


e terrenos, muitos dos quais em situação de disputa sobre a posse e a propriedade,
para edificar empreendimentos imobiliários destinados exclusivamente à parcela da
população desprovida de recursos financeiros para aquisição de casa própria no
mercado imobiliário da livre concorrência.

No presente caso, a definição acerca da imunidade tributária as


empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
acarretará amplas consequências econômicas e orçamentárias ao estado brasileiro
o que por si só demonstra a repercussão geral do tema.

A COHAB como Sociedade de Economia Mista e prestadora de


serviço fundamentalmente voltado à regularização fundiária goza de imunidade
recíproca, conforme previsão art. 150, vi, alínea “a” da constituição federal, que
estabelece a imunidade tributária entre os entes da federação.

Acerca deste tema, importante transcrever parcela do teor de


decisão do e. STF favorável à Companhia de Habitação do Acre – COHAB/ACRE,
contra a União, veiculada em ação declaratória de inexistência de relação jurídica-
tributária:

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“Em juízo de estrita delibação, considero plausível a


alegação de que a exploração dos serviços de
'planejamento, execução e coordenação, juntamente
com diversos órgãos do Governo do Estado do Acre,
dos programas diretores, projetos e orçamentos,
destinados à construção de Conjuntos Habitacionais,
na área urbana e rural, visando a eliminação de
favelas mocambos e outros aglomerados em
condições sub-humanas de habitação do Estado” (fls.
17) constitua atividade estatal de primário interesse.
(STF, ACO 1411, rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 2.9.09).

Logo, a Recorrente exerce serviço público essencial do


Estado, pois sua a missão social não é outra que não seja dar acesso à habitação à
população de baixa renda.

Por todas estas razões, a COHAB faz jus à imunidade recíproca,


eis que, a despeito de constituir sociedade de economia mista, exerce serviço
público essencial do Estado, não propiciando retorno econômico que não o
meramente suficiente à cobertura das despesas operacionais de implantação (vale
dizer, a COHAB-CT não distribui lucros ou dividendos).

4. DO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.

Por fim, requer que seja afastada qualquer condenação relacionada


a sucumbência, pois percebe-se que a requerida não deu causa à presente ação. O
contrato celebrado com o mutuário desta Companhia foi devidamente cumprido, nos
termos firmados. Antes mesmo de proposta a presente ação, o bem já era apenas
formalmente da COHAB-CT, que aguardava o comprador providenciar a escritura e
o registro imobiliário (art. 490 do Código Civil).

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Como é cediço, as despesas processuais e os honorários de


sucumbência devem obedecer ao princípio da causalidade, pois quem não deu
causa à demanda não deve arcar com os seus ônus, ainda que formalmente seja
sucumbente no processo. Nesse sentido, encontra-se a jurisprudência pátria:

Recurso especial. Processual civil. Imóvel. Contrato de compra e


venda não registrado. Penhora. Embargos de terceiro. Consectários
da sucumbência. Princípio da causalidade. O princípio da
causalidade não se contrapõe ao princípio da sucumbência.
Antes, é este um dos elementos norteadores daquele, pois, de
ordinário, o sucumbente é considerado responsável pela
instauração do processo e, assim, condenado nas despesas
processuais. O princípio da sucumbência, contudo, cede lugar
quando, embora vencedora, a parte deu causa à instauração da
lide (REsp 303597/SP, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi,
j.17.04.01) (grifamos)

Diante do exposto, tendo em vista que a requerida não tem interesse


no bem objeto da demanda e não se opõe à pretensão do autor em relação ao pleito
inicial, os quais deverão apenas comprovar os requisitos legais necessários à
alienação do imóvel, requer não seja imposto nenhum ônus sucumbencial à
COHAB-CT, não sendo esta condenada ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios, com fundamento nos princípios da causalidade e do
interesse.

5. DENUNCIAÇÃO À LIDE

Como se vê, o responsável pelo pagamento dos impostos e taxas é


AGEU AMARAL, pois foi ele que usufruiu do bem, na qualidade de promitente
comprador da unidade imobiliária, inclusive com contrato registrado na matrícula do
imóvel, o que torna ausente, por essa ótica, toda e qualquer responsabilidade da
COHAB-CT em arcar com a dívida de outrem.

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Diante do exposto, denuncia-se à lide o sr. AGEU AMARAL, na


forma do art. 125, I e II do CPC para que apresente defesa, posto que pode ter seu
imóvel alienado em hasta pública.

6. DOS PEDIDOS FINAIS

Diante das razões de fato e de direito expostas, requer-se, o


reconhecimento da ilegitimidade passiva da COHAB-CT ou subsidiariamente a
extinção da execução em face o reconhecimento da imunidade tributária.

Subsidiariamente, requer-se que a COHAB-CT não seja condenada


aos ônus da sucumbência e que seja deferida a denunciação a lide do Sr. AGEU
AMARAL que deve ser citado no endereço do imóvel que deu origem a execução
tributária situado no lote 09, quadra 16, vila Maria Antonieta no Município de
Piraquara-PR.

Pugna, por fim, a habilitaçao de todos os advogados constantes na


procuração e que todas as intimações sejam feitas em nome de Daniel Brenneisen
Maciel, OAB/PR 40.660 e Raphael Wotkoski, OAB/PR 62.783, sob pena de
nulidade.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba, 14 de abril de 2020

Rafael Fernando Portela


OAB/PR 54.780

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