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“Toda reforma interior e toda

mudança para melhor


dependem exclusivamente da
aplicação do nosso próprio
esforço.”
Immanuel Kant

Mentoria em Gestão
Financeira
Mentora: Priscila Alves
Os 5 Pilares da
Gestão Financeira
1º Pilar – A Responsabilidade
financeira
A falta de educação financeira é um problema muito comum
entre os brasileiros, e tem trazido grandes problemas
principalmente para os pequenos negócios.
Quando o sócio acha que todo o dinheiro do seu negócio é seu e
que com ele faz oque bem entender, é aí que a luz de atenção
começa a piscar!
Essa ação está por trás da maioria dos problemas financeiros
das pequenas empresas, a maioria até vende bem, mas não
sabe onde o dinheiro vai parar.
Antes de começarmos, é necessário esclarecer alguns pontos:
normalmente existe uma confusão entre os conceitos de Pró
labore e Lucro, vamos entender melhor?
O Pró Labore
Pró-labore é a valor mensal (fixo) retirado pelo sócio
a título da sua atividade laboral. Em termos gerais
podemos dizer que é o salário do sócio que trabalha
na empresa.
Lucro
o lucro é tudo aquilo que sobra de dinheiro depois de pagar
os custos e despesas. É o resultado de uma administração
bem aplicada!
Tem direito ao lucro o sócio que trabalha na empresa e o que
não.
Resumindo: O sócio que trabalha na empresa tem direito
ao pró-labore e ao lucro, o que não trabalha, apenas ao
lucro.
Voltando ao assunto, o que encontramos de forma
recorrente no mercado é uma confusão financeira entre
sócio e empresa, uma “contaminação” entre essas duas
entidades, oque é extremamente perigoso para a
estabilidade financeira do seu negócio! Tão expressiva é
essa confusão, que é comum até utilizarem a mesma conta
corrente! Mas, como fazer a separação correta das contas e
resolver esse problema?
Listamos 5 orientações básicas para te auxiliar nessa
jornada!
5 Ações da responsabilidade
financeira
1º Separar as contas bancárias: Literalmente, abra uma conta para a empresa e
outra para você. De preferência em bancos diferentes para não haver desculpas.

2º Organizar as suas finanças pessoais e entender quanto você precisa para


viver mensalmente: Crie um orçamento mensal em uma planilha, sistema,
aplicativo ou até mesmo no papel, anote todas as suas despesas atuais e faça uma
análise do que pode ser reduzido ou eliminado, faça um orçamento do zero! Como
se sua vida estivesse começando agora, e anote tudo oque for extremamente
necessário para se manter, a principio sem luxos.
3º Defina um pró-labore: Defina seu pró-labore considerando quanto o mercado
pagaria para uma pessoa que faz a mesma função que você, claro, considerando a
capacidade de pagamento da sua empresa! Não adianta querer retirar 5 mil reais de
pró-labore todo mês, se neste momento a empresa pode pagar apenas 2 mil.
Aconselho que o valor deve ser igual ao de seu orçamento pessoal, mas caso seja
menor, não aumente as retiradas da empresa de forma alguma! Volte ao seu orçamento
e revise!

4º Busque o Lucro: Com o orçamento pessoal equilibrado com o pró-labore fica mais
fácil de você separar as contas e assim achar o seu lucro! É com ele que o sócio e a
empresa vão prosperar, o lucro “aparece” quando todas as despesas da empresa foram
pagas e seu pró-labore foi retirado, o lucro é o valor que resta e você pode investir para
gerar mais vendas e consequentemente, mais lucro! Infelizmente existem empresas tão
desorganizadas financeiramente, que não sabem nem se existe lucro ou não; Se o
propósito da existência de uma empresa é ter lucro, sem lucro, porque ela existe?
5º O uso dos recursos da empresa:
A responsabilidade financeira não deve existir apenas no uso do dinheiro e
sim em todos os recursos da empresa. Se você utiliza um produto ou
serviço da empresa, precisa pagar! Vale até descontar do pró-labore do
mês, mas tem que pagar. Se você “dono” adotar esse comportamento, ser
exemplo, ninguém terá autoridade moral para fazer diferente.
Seja a mudança que você quer ver! Isso é realmente eficaz para a sua
imagem junto aos funcionários e aos herdeiros quando já trabalham na
empresa.

Fique esperto! Se você está passando por isso, implante o quanto


antes este pilar, porque sem ele os outros 4 não funcionam!
2º Pilar – Controle financeiro
De acordo com as estatísticas do SEBRAE e do IBGE, com relação as pequenas empresas,
85% não sabem o que é gestão financeira e 74% das empresas que foram á falência não
acompanham regularmente as finanças
Isso é descontrole financeiro! e se uma empresa não tem controle, ela não tem
informações concretas para tomar decisões, e o sucesso de todo negócio depende
basicamente de tomar mais decisões corretas, e para isso toda informação é
indispensável.
Controle financeiro em 3 passos
1º Mapear as contas a pagar e receber – Ter controle de todas as entradas e saídas é
importante para fazer a conciliação financeira da sua empresa, isso te ajuda a
demonstrar corretamente como está sendo utilizado o dinheiro e recursos do seu
negócio, e também para encontrar pontos de atenção onde se deve tomar alguma ação
de correção ou ajuste.
2º Adeque um sistema de gestão: O Sistema de gestão vai te ajudar a manter esses
dados sempre atualizados e te entregar análises detalhadas sobre as contas da
empresa; inicialmente pode ser feito em planilha, mas o ideal é investir em um sistema
ERP para ter uma visão completa do cenário econômico da sua empresa e otimizar o
seu tempo, pois o sistema integra todos os setores da sua empresa: Estoque, caixa,
fornecedores, emissão de Notas fiscais e etc.
3º Estruturação dos lançamentos: É importante ter muita atenção aos
lançamentos para que não ocorra erros de digitação ou omissões!
É interessante neste processo, ter uma pessoa responsável pela
alimentação das informações para estar sempre atualizado e com a menor
margem de erro possível, que possa organizar e tratar corretamente dos
documentos inerentes a esses lançamentos;

Por fim, não se esqueça de manter uma relação direta com o seu
contador. Se as suas finanças estiverem organizadas será mais fácil e
rápido para o contador lhe passar informações sobre a saúde
econômica do negócio de forma mais assertiva.
3º Pilar – Análise financeira
A análise financeira trata de compreender o que os números, aqueles coletados no pilar
2 com o controle financeiro, estão querendo nos dizer.
Isso mesmo, os números falam! Só é preciso saber ouvir.
Infelizmente a maioria dos pequenos empresários não conseguem ouvir os gritos de
alerta que vem dos relatórios financeiros. E é isso que vem causando tantos problemas
ao ecossistema dos pequenos negócios. Lembre-se que uma empresa pode resistir a
falta de Lucro, mas não a falta de caixa.
Aprender a interpretar os números e consequentemente, planejar o uso do dinheiro, é o
caminho para levar a empresa rumo ao quinto pilar, a estabilidade financeira. Mas como
isso pode ser feito?
Para você que está implantando agora a gestão financeira na sua empresa, sugiro
utilizar dois relatórios como indicadores do seu negócio: O Fluxo de caixa, e o centro de
custos, onde você tem registrado todas as despesas inerentes á empresa.

Vamos ver na pratica?


Usando o Fluxo de Caixa
Com o relatório de fluxo de caixa é possível verificar a evolução
dos saldos além da relação entre as contas.
A Analise de caixa indica ao gestor os números sobre o dinheiro
do negócio, a principal função desta análise é mostrar se houve
evolução ou queda de faturamento dentro de um determinado
período (dias, semanas, meses e anos)
Quem está contribuindo mais com a receita? E com as despesas?
Terei dinheiro para honrar os compromissos assumidos? Essa
análise mostra como está a liquidez do negócio, ou seja, a
capacidade de pagar as contas utilizando os recursos das vendas.
Usando o centro de
custos
Com o centro de custos você consegue analisar quais são as suas
despesas, fazer uma projeção de quais custos são extremamente
necessários e quais estão consumindo receita sem necessidade,
podendo agir neste ponto de atenção, criando metas de redução de
custos para trabalhar junto á sua equipe e melhorar a liquidez de
faturamento da sua empresa (Ex: Redução de energia, consumo de
agua, desperdício de materiais/produtos.
4º Pilar – Planejamento
Financeiro
Podemos definir que um planejamento financeiro, é destinar parte dos recursos da
empresa para atingir um determinado objetivo através de um estudo das contas.
As duas principais ferramentas para o planejamento financeiro são: o fluxo de caixa e o
centro de custos;
É através destes relatórios que você ou seu gestor financeiro, fará o planejamento
financeiro da empresa. Na verdade, o que acontece na prática, é que as empresas
fazem o planejamento financeiro sem conhecimento técnico, sem saber ou sem usar
qualquer ferramenta de apoio para a tomada de decisão: Ao decidir deixar de comprar
algum produto ou solicitar um capital para compra de um novo maquinário, ou mesmo
ao decidir investir parte do caixa, você está fazendo planejamento financeiro, mesmo
que inconscientemente.
Mas não seria mais eficaz e seguro tomar essas decisões de forma planejada? Com os
indicadores de resultado e informações ao alcance para intervir ou se organizar?
Sem sombra de duvidas! Vamos mostrar como a ferramenta de fluxo
de caixa pode ser útil para planejar as finanças da sua empresa.
E mais uma vez... O Fluxo de caixa!
O fluxo de caixa é a principal ferramenta de controle da gestão financeira. É utilizado
diariamente para controlar os saldos, ou seja, as entradas da empresa. Mas lembre-se,
você só terá um fluxo de caixa confiável, se os outros pilares: a responsabilidade,
controle e análise financeira estiverem presentes no seu negócio, e se as informações
estiverem sendo alimentadas pontualmente, e corretamente.

Um fluxo de caixa bem organizado, fornece toda a base do planejamento financeiro.


Com ele, você pode fazer previsões e provisões para suprir necessidades em épocas de
queda de faturamento sazonal, situações de crise, alocações de recursos, planejar os
investimentos em caso de abundância de caixa e assim destinar o dinheiro da sua
empresa de forma organizada e sem surpresas desagradávei$.

Vamos considerar duas situações:


A Falta de caixa
Essa talvez seja a situação mais comum nos pequenos negócios,
tirando períodos extraordinários como em crises econômicas, ela
acontece na maioria das vezes por falta de gestão financeira.
O ideal é que toda empresa consiga ter fluxo de caixa bem
estruturado que ofereça uma visão de pelo menos 6 meses a
frente, assim é possível agir com antecedência e buscar a melhor
solução sem estar encurralado. É ideal negociar buscando
opções, podendo analisar com calma qual solução resolveria da
melhor maneira o seu problema atual, mas se o seu negócio já
está nesse ponto critico, como agir?
Vejamos:
1. Voltar ao orçamento pessoal: Analisar se existem custos supérfluos dos quais podem ser
reduzidos ou então excluídos para reduzir o custo com pró-labore e assim aliviar o caixa da empresa;
2. Antecipação de recebíveis ou desconto de duplicatas: se sua empresa vende á prazo, seja por
cartão de crédito ou boletos, pode solicitar junto a sua instituição financeira de relacionamento, que
antecipe o pagamento destes títulos de forma parcial ou total, este adiantamento tende a ser um dos
“financiamentos” mais baratos e te ajuda a ter o folego que precisa para arcar com os compromissos á
vencer
3. Promoções: Outra forma de levantar recursos, é elevando o faturamento da sua empresa através de
promoções de mercadorias ou serviços; mas é preciso cautela pois deve-se calcular todos os custos
diretamente proporcionais á este produto, desde a entrada até a saída, para que não gere prejuízos e
aumente ainda mais o problema: o ideal é queimar o estoque mais antigo.
4. Empréstimos Bancários: Buscar empréstimos em instituições bancárias pode ser uma solução caso
as medidas anteriores não estejam disponíveis. Busque a linha correta para o que sua empresa
precisa e tente sempre a melhor negociação de prazos e juros. Agora, é sempre bom lembrar que toda
empresa deveria manter um linha aberta de empréstimo mesmo que não esteja precisando. O ideal,
como já disse antes, é negociar justamente quando não há a necessidade de dinheiro, assim quando
as coisas apertarem você já terá essa linha disponível para solucionar pontualmente o problema e não
deixar de cumprir com os devidos pagamentos.
5. Renegociar os pagamentos com fornecedores – Caso você perceba que em
algum período futuro existirá a falta de caixa para honrar os compromissos assumidos, é
possível mudar o vencimento de alguns pagamentos fazendo uma negociação com
seus fornecedores. Essa é a ultima medida a ser tomada, lembre-se que assim como
você depende de seus funcionários para produzir no mesmo volume, você depende de
mercadorias para ter oque vender, e é o papel do fornecedor no seu planejamento
financeiro, jamais deixe de cumprir os seus pagamentos com os fornecedores,
imprevistos em pagamentos acontecem em um negócio mas não deve jamais se tornar
rotina!
IMAGINE: que você é funcionário ou fornecedor de uma empresa, e
seu cliente comunica que haverá atrasos
nos pagamentos mas nas redes sociais só posta fotos viajando,
ostentando um estilo de vida de luxo, enquanto você
quebra a cabeça para pagar as suas contas? Não causa uma boa
impressão, não é mesmo? Isso gera uma quebra de confiança e
credibilidade, então evite a todo custo.
Abundância de Caixa
É o sonho de todo empresário! Quando a abundância de
caixa acontece, também é parte do papel do gestor
financeiro alocar esse recurso de forma inteligente para
que o dinheiro não fique parado.
Neste cenário, devemos tomar algumas ações para que
o dinheiro tenha rendimento e seja utilizado da forma
correta.
Vejamos:
1. Investir na empresa: Melhoria tecnológica, melhorar o marketing, aumentar o
espaço físico ou reformar, fazer aquisição de equipamentos e etc;
2. Aplicar o dinheiro: Aplicar o dinheiro – Neste caso você deve procurar a melhor
aplicação de acordo com taxa de administração, rendimentos e prazo para
resgate. Não aplique todo o dinheiro em um só local. Faça uma diversificação
principalmente com relação ao prazo de resgate. É aconselhável manter parte
deste investimento em aplicações de resgate rápido para cobrir qualquer
emergência. Tente manter investidos pelo menos o equivalente a 6 meses de
gastos necessários para manter a operação (o famoso capital de giro). Assim você
cria um colchão para enfrentar momentos de turbulência como em crises
econômicas.
3. Realizar a distribuição de lucro entre os sócios: Se a empresa já possui um
bom capacity para manter o negócio nas horas difíceis e não está necessitando
fazer investimentos com o capital próprio, é possível fazer a distribuição de lucro
com o excedente.
5º Pilar – Estabilidade financeira
A estabilidade financeira é o prêmio que a empresa
recebe pelo esforço feito por seus gestores em gerir
corretamente as finanças do negócio. Ela é a cereja
do bolo e resultado de um trabalho realizado por
anos!
É o momento de celebrar todo o trabalho duro,
redução de custos, as vacas magras e se
orgulhar de ter cuidado bem dos seus negócios;
agora você deve manter o acompanhamento das
suas finanças a risca, e desfrutar do bom
sucesso.
“E tudo o que não é
abundância na sua vida é
disfunção. E toda
disfunção deve e merece
ser tratada”
Paulo Vieira
Obrigada(o)!

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