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Jurisdição e competência na justiça do

trabalho
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA TRABALHISTASDIREITO PROCESSUAL DO TRABALHOJURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

Jurisdição e competência na justiça do trabalho


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Publicado por Barbara Oliveira
há 5 anos

1. JURISDIÇÃO
A princípio, é importante que se entenda o conceito de jurisdição. Trata-se da
obrigação do Estado em dizer o direito, ou seja, de dirimir os conflitos de
forma imparcial. Segundo Manoel Antonio Teixeira Filho (2009, p.147), “[...]é
o poder-dever que a lei atribui ao Poder Judiciário para solucionar os
conflitos de interesses entre indivíduos ou coletividades ou entre uns e
outros.”.

A Justiça do Trabalho trata-se de justiça federal. Portanto, sua jurisdição


pode se estender a todo território nacional. Em se tratando do Tribunal
Superior do Trabalho, tem este jurisdição nacional. Já os Tribunais Regionais,
possuem jurisdição no estado, enquanto que as Varas do Trabalho possuem
jurisdição no município.

2. COMPETÊNCIA
Competência compreende o limite de jurisdição dos órgãos judiciais,
realizando a distribuição do dever de julgar entre os órgãos do judiciário.

Na justiça do trabalho, existem quatro tipos de competência: Em razão da


matéria; da pessoa; da função; do local.

2.1. EM RAZÃO DA MATÉRIA


A competência em razão da Matéria diz respeito à natureza jurídica da relação
que está sendo questionada em juízo. Ou seja, ainda que o direito material
que verse sobre a demanda não seja de direito trabalhista, se a relação entre
as partes assim o for, caberá à Justiça Trabalhista julgar o pleito.

O artigo 114 da Constituição Federal de 1988 prevê os casos em que será da


Justiça do Trabalho a Competência. Em alteração recente, a competência
antes limitada à relação de emprego, se estendeu às relações de trabalho,
abrangendo as relações informais.
Portanto, a causa de pedir é fator determinante para estabelecer a
competência, uma vez que esta apresentará as razões pelas quais o
reclamante ingressou com a demanda, permitindo que se reconheça a relação
entre as partes.

2.2. EM RAZÃO DA PESSOA


A competência em razão da Pessoa se baseia nos integrantes da demanda. É
essencial que haja vínculo de trabalho entre os polos da ação, independente
das formalidades que regem esta relação. Para tanto, a CLT, em seus
artigos 2º e 3º, expõe os conceitos de empregador e empregado:
“Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviço.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as
associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que
admitirem trabalhadores como empregados.
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou
administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de
qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de
emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das
subordinadas.
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e
manual.”
Neste sentido, não se excluem os trabalhadores rurais ou domésticos,
devendo ser observados os conceitos de forma ampla.

Quanto aos servidores públicos, apenas aqueles que forem contratados


pela CLT, chamados empregados públicos, poderão recorrer à Justiça do
Trabalho para reclamar a relação com a administração pública. Os demais
têm suas relações regidas pela Lei 8.112/90, devendo, portanto, recorrer à
justiça comum.
É importante analisar quem são as partes que realmente fazem parte do
vínculo trabalhista que está sendo reclamado na demanda. É muito comum
que o reclamante, equivocadamente, ingresse ação contra o empregador
errado. Este fator é determinante para averiguar se há ou não competência da
Justiça do Trabalho em julgar aquela questão.
2.3. EM RAZÃO DO LOCAL
A competência em razão do local, diferente das demais, é relativa. Cabe às
partes arguir exceção de incompetência para que a mesma seja reconhecida,
caso contrário, terá o juiz plena competência para julgar o pleito.

São avaliadas as condições geográficas para verificar-se a competência em


razão do local. Para tanto, existem regras que norteiam a matéria.

A principal regra encontra-se no artigo 651, caput, da CLT. Nela consta que
será competente para julgar a demanda o juízo do local da última prestação
de serviço do reclamante, ainda que o contrato tenha sido celebrado em outro
local. Esta regra tem como principal objetivo facilitar a produção de provas.
Neste sentido, respeitada a intenção do legislador ao redigir a norma, nos
casos em que os serviços foram prestados em mais de um local, caberá ao
reclamante optar pelo local em que encontra-se a maior oportunidade de
produzir provas, independente de ser este o último local trabalhado.
Já nos casos em que o trabalhador for viajante, será competente o juízo do
local em que o empregador mantiver agência ou filial a qual o empregado
esteja subordinado e, na ausência desta, do domicílio do trabalhador, é o que
diz o parágrafo 1º do artigo 651 da CLT.
Quanto às empresas que não tenham local fixo de trabalho, poderá o
empregado reclamar no local da celebração do contrato, ou no ultimo local da
prestação de serviço, ou na localidade de menor custo ao empregado.

Na fixação de competência em razão do local é importante que sejam


observadas as condições que viabilizem ao empregado reclamar de sua
relação de trabalho, visando, assim como nas demais regras trabalhistas,
proteger a parte hipossuficiente.

2.4. EM RAZÃO DA FUNÇÃO


A competência em razão da função diz respeito às funções que são atribuídas
aos órgãos da Justiça do Trabalho.

Existe uma organização da justiça do trabalho, a qual é dividida em três


instâncias. Dentro de cada instância, existem órgãos que possuem distintas
funções. As funções atribuídas a cada órgão é o que delimita a competência de
cada um em julgar determinada matéria.

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