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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem

Direito Administrativo

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Sumário

Aula 11/11/2023 – Turno da manhã............................................................................................. 4


Aula 17/11/2023 – Turno da noite .............................................................................................. 33

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Aula 11/11/2023 – Turno da manhã

1. Atos administrativos
1.1. Elementos (competência e motivo)
Todo ato administrativo possui cinco elementos, elencados no art. 2º, da Lei n° 4.717/65
(Lei de ação popular): competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
a) Competência: é definida em lei ou atos administrativo gerais, bem como, em algumas
situações decorrem de previsão na Constituição Federal e não pode ser alterado por vontade
das partes ou do administrador público.
Marçal Justen Filho, ao tratar da matéria, define que “competência administrativa é a
atribuição normativa da legitimação para a prática de um ato administrativo”.
Inicialmente o ato deve ser praticado por um agente público, amplamente considerado.
Isso significa que não se restringe aos servidores públicos a atuação em nome do Estado, mas a
todo e qualquer agente, conceituados como toda e qualquer pessoa que atue em nome do Estado,
a qualquer título e, ainda que sem remuneração, por prazo determinado ou com vínculo de
natureza permanente.
Neste sentido, são considerados agentes, para fins de edição de atos administrativos, os
agentes políticos, quais sejam os detentores de mandatos eletivos, os secretários e ministros de
Estado, além dos membros da magistratura e do Ministério Público.
Os atos também podem ser praticados por particulares em colaboração com o poder
público, assim considerados os que exercem função estatal, sem vínculo previamente definido,
como ocorre com jurados e mesários, por exemplo.

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Os servidores estatais também podem praticar atos administrativos, abrangendo neste


conceito os agentes estatutários, os regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho e, ainda,
os servidores temporários, contratados, nos moldes do art. 37, IX da Constituição da República.
Atenção: para a prática do ato administrativo não basta ostentar a qualidade de agente
público, devendo ter capacidade para tanto, devendo ser analisada, ainda, a existência, inclusive,
de algum óbice legal à atuação deste agente.
Agente deve possuir competência para a prática do ato administrativo especificado. Toda
competência é limitada.
Por fim, vale destacar que é possível a atribuição da mesma competência para mais de
um agente, não sendo admitida, no entanto, um número ilimitado de agentes públicos com
legitimidade para o exercício de determinada atividade.
Atenção: a competência é sempre elemento vinculado.
Delegação: é a extensão de competência, de forma temporária, para um outro agente de
mesma hierarquia ou de nível hierárquico inferior, para o exercício de determinados atos
especificados no instrumento de delegação.
Em um ato de delegação, deve-se definir o tempo e a matéria a ser delegada de forma
específica, estabelecendo os limites de atuação do agente delegado. Isso porque os atos de
delegação genérica são considerados nulos. Por fim, o ato de delegação deve ser publicado, para
que seja conhecido por todos.
Ademais, a delegação é ato temporário, pode ser revogada a qualquer tempo e não implica
renúncia de competência. Salvo disposição em contrário, como regra geral, presume-se a
cláusula de reserva, ou seja, o agente delegante não transfere a competência, mas apenas a
amplia, mantendo-se competente após a delegação juntamente com o agente delegado, ou seja,
o agente delegante se reserva na competência delegada.
O ato praticado por delegação deve ser considerado como praticado pelo agente delegado
(art. 14, §3°, da Lei n° 9.784/99 c/c Súmula n° 510, do STF).
Por fim, cumpre salientar que a lei expressamente proíbe a delegação de competência (e
consequentemente a avocação) nas três situações a seguir descritas:
• No caso de competência exclusiva, definida em lei;
• Para decisão de recurso hierárquico;
• Para edição de atos normativos.

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Ressalte-se que a legislação proíbe a delegação de competências definidas como


exclusivas, sendo admitida a delegação para a prática de atos decorrentes de competências
privativas de determinado agente público.
Avocação: ocorre quando o agente público chama para si competência de outro agente
(artigo 15 da Lei n° 9.784/99). Na avocação deve haver subordinação. É ato de alteração de
competência de caráter temporário e restrito, ou seja, não se admite a avocação genérica de
competências. A avocação visa evitar decisões contraditórias dentro da atuação administrativa.
Atenção: não é possível a avocação de competências nas hipóteses SUPRACITADAS
em que a legislação proíbe a delegação.
b) Motivo: quanto a este elemento, inicialmente, vale ressaltar que os motivos são as
razões de fato e de direito que dão ensejo à prática do ato, ou seja, a situação fática que precipita
a edição do ato administrativo.
Há uma coincidência entre a situação prevista em lei como necessária à precipitação da
conduta estatal e a circunstância fática.
Atenção:
Art. 2º, parágrafo único, “d”, da Lei n° 4.717/65. A inexistência dos motivos se verifica
quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente
inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido.

Para alguns doutrinadores, a congruência entre os motivos que deram ensejo à prática do
ato e seu resultado recebe o nome de causa do ato administrativo, configurando-se pressuposto
de validade da conduta.
Móvel não se confunde com motivo, por ser a real intenção do agente público quando
pratica a conduta estatal. A definição do móvel que precipitou a prática do ato administrativo
somente será relevante diante de atos administrativos discricionários.
Motivo e motivação: não se deve confundir motivo, enquanto elemento formativo dos
atos administrativos, com a motivação.
A motivação representa somente a exposição dos motivos do ato. Motivação integra a
“formalização do ato”, é feita pela autoridade administrativa competente para a sua prática. Se
houver motivação, mas os motivos forem falsos ou não corresponderem com a lei. O ato é
viciado, por ilegalidade no elemento motivo. Por outro lado, se a situação fática for verdadeira e
tiver correspondência legal, mas a motivação não foi realizada. Trata-se de ato com vício no
elemento forma.

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Para a doutrina majoritária, com base no art. 50 da Lei n° 9.784/99, a motivação é


obrigatória a todos os atos administrativos (vinculados e discricionários), configurando um
princípio implícito na Constituição Federal.
A súmula 684, do STF, dispõe que “é inconstitucional o veto não motivado à participação
de candidato a concurso público”.
Motivação aliunde: em algumas situações, a motivação do ato não precisa estar
expressa em sua redação, se admitindo, no ordenamento jurídico brasileiro, o que se
convencionou denominar motivação aliunde, presente sempre que, ao invés de expor os motivos
que deram ensejo à prática do ato, o administrador público remete sua motivação aos
fundamentos apresentados por um ato administrativo anterior que o justificou. Art. 50, §1º, da Lei
n° 9.784/99.
Ademais, quando se tratar da solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser
utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique
direito ou garantia dos interessados. Trata-se de forma de garantir uma maior eficiência e rapidez
na solução das controvérsias.
Além disso, ressalta-se que, em determinados casos, todavia, pode ser dispensada a
motivação pela lei ou por disposição da própria Constituição Federal, como ocorre na hipótese de
exoneração de servidor público comissionado, designada como exoneração ad nutum. Ocorre
que, mesmo nas situações em que a motivação não se faz necessária, por expressa dispensa
legal, se o ato for motivado e o motivo apresentado não for verdadeiro ou for viciado, o ato será
inválido, haja vista o fato de que o administrador está vinculado aos motivos postos como
fundamento para a prática do ato administrativo, configurando vício de legalidade a falta de
coerência entre as razões expostas no ato e o resultado nele contido.
Noutro giro, resta necessário destacar que a teoria dos motivos determinantes define
que os motivos apresentados como justificadores da prática do ato administrativo vinculam este
ato e, caso os motivos apresentados sejam viciados, o ato será ilegal.
Na análise acerca da motivação dos atos administrativos, ainda cumpre ressaltar que a
Lei de Introdução ao Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-Lei n° 4.657/42) dispõe, em seu art. 20,
que as decisões proferidas na esfera administrativa devem tomar por base as consequências
práticas da decisão.

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Ainda no mesmo sentido, o art. 21, do mesmo diploma legal, regulamenta que a decisão
que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências.
O referido diploma legal foi regulamentado pelo Decreto n° 9.830/19 que reforça a
necessidade de demonstração das consequências práticas da decisão administrativa. No que
tange às decisões que invalidarem atos e contrato administrativos, deverão indicar, de modo
expresso, as suas consequências jurídicas e administrativas, limitada aos fatos e fundamentos
de mérito e jurídicos que se espera do decisor no exercício diligente de sua atuação.

1.2. Atributos dos atos administrativos


Os atributos, conferidos por lei, são as prerrogativas de poder público presentes no ato
administrativo, em decorrência do princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse
privado.
Não obstante a inexistência de uma definição uniforme acerca destas características, a
doutrina majoritária costuma apontar a presunção de legitimidade e de veracidade dos atos, a
imperatividade, coercibilidade e autoexecutoriedade como atributos dos atos administrativos,
assim como a tipicidade, também definida por alguns estudiosos da matéria. Vejamos cada
atributo.
a) Presunção de veracidade: trata-se de prerrogativa presente em todos os atos
administrativos. Até prova em contrário – uma vez que a presunção é relativa ou juris tantum – o
ato administrativo estampa uma situação de fato real, ou seja, o ato goza de fé pública e os fatos
apresentados em sua prática presumem-se verdadeiros, em conformidade com os fatos
efetivamente ocorridos.
A presunção de veracidade diz respeito a fatos e causa a inversão do ônus da prova dos
fatos alegados no ato administrativo.
b) Presunção de legitimidade: até prova em contrário, o ato foi editado em conformidade
com a lei e com o ordenamento jurídico (presunção relativa).
Não há qualquer espécie de inversão do ônus probatório.
O ato pode ser questionado judicialmente, mas o ônus da prova é do particular que visa à
impugnação do ato administrativo.

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Confere maior celeridade à atuação administrativa, uma vez que, após a prática do ato,
esse estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se válido fosse, até que se declare
sua ilegalidade por decisão administrativa ou judicial.
c) Imperatividade: imposição de obrigações, pela Administração Pública, independente
da vontade do particular.
Atenção: os atos que definem direitos e vantagens não são imperativos.
Enquanto não declarada a ilegalidade do ato praticado, o particular deve cumprir as regras
nele expostas.
d) Exigibilidade: não sendo cumprida a obrigação imposta pelo ato administrativo, o
poder público terá que, valendo-se de meios indiretos de coação, executar indiretamente o ato
desrespeitado.
Atenção: não dispensa o respeito ao devido processo legal.

Súmula 312 do STJ. No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são
necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.

e) Executoriedade ou autoexecutoriedade: em situações pontuais, a aplicação de


meios indiretos de coerção não atende ao interesse público, tornando necessária a aplicação de
meios diretos de execução dos atos administrativos. Em tais situações, o Estado executa o ato
administrativo diretamente, frente ao descumprimento pelo particular. Novamente, salta aos
olhos a desnecessidade de recurso ao Judiciário para a prática do ato, podendo ser executado
imediatamente.
Atenção: esse atributo não está presente em todos os atos administrativos, dependendo
sempre da previsão de lei ou de uma situação de urgência, na qual a prática do ato se imponha
para garantia do interesse público.
f) Contraditório diferido ou postergado: nos casos de urgência, o poder público poderá
executar o ato administrativo, sem que tenha havido processo anterior. Nestes casos, após a
prática do ato e evitado o dano ao interesse público, será admitido o exercício do contraditório
pelo interessado.
g) Tipicidade: a exigência de que todo ato administrativo esteja previsto em lei, ou seja,
corresponda a um tipo legal previamente definido.
Não se configura prerrogativa concedida ao ente estatal, mas sim limitação para a prática
de atos não previamente estipulados por lei.

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2. Desapropriação
2.1. Aspectos gerais
A desapropriação ocorre quando determinado ente público determina a retirada de bem
privado do seu proprietário, para que esse faça parte do patrimônio público, sempre embasado
nas necessidades coletivas, mediante o pagamento de indenização, previamente definida, de
forma justa ao proprietário.
Trata-se, esta modalidade de intervenção do Estado na propriedade privada, de uma
situação excepcional que, é também uma forma originária de aquisição de propriedade.
No que concerne, ao caso do pagamento da indenização a particular não proprietário, este
fato não enseja em nulidade, podendo o proprietário requerer o pagamento da mesma, sem o
retorno do bem ao seu domínio. Ademais, qualquer direito real, que recaía sobre o bem, fica sub-
rogado no valor da indenização.

2.1.1. Objeto da desapropriação


Poderá recair sobre todos os bens de valor econômico sejam eles móveis ou imóveis,
corpóreos ou incorpóreos, privados e até mesmo públicos conforme dicção do art. 2º, § 2º, do
Decreto-Lei n° 3.365/41.
É possível, ainda, a desapropriação do espaço aéreo ou do subsolo somente quando de
sua utilização resultar prejuízo patrimonial do proprietário do solo, bem como de direito de
créditos e ações referentes a cota de sociedades em pessoas jurídicas.
Ademais, podem ser objeto de desapropriação, os direitos reais em que se admite a
desapropriação do domínio útil (enfiteuse), do mesmo modo que os bens das empresas públicas
e sociedades de economia mista que não ostentem a qualidade de bens públicos.

2.1.2. Objetos vedados à desapropriação


A doutrina aponta algumas vedações ao poder de desapropriar, definindo que a
possibilidade de aquisição de propriedade coercitivamente pelo poder público deve respeitar
alguns limites, não sendo admitida em face de alguns direitos e bens.
Desta forma, não é possível a desapropriação de direitos personalíssimos tais como a
honra, intimidade, liberdade, do mesmo modo que não é suscetível de desapropriação a moeda
corrente no país.

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Ainda, não se admite a desapropriação de pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, tal
como “as margens dos rios navegáveis são domínio público, insuscetíveis de expropriação e,
por isso mesmo, excluídas de indenização” também não são desapropriáveis em consonância
com o disposto na Súmula 479 do STF.

2.1.3. Pressupostos da desapropriação


Para que a desapropriação seja executada de forma legítima, se faz necessária a presença
de dois pressupostos cumulativos, quais sejam, o interesse público – que pode se manifestar por
meio de demonstração de utilidade ou necessidade pública e ainda em razão de interesse social
– e o pagamento da indenização, pelo ente estatal, que deve, como regra, ser prévia à imissão
na posse, justa e em dinheiro.
Importante frisar que a utilidade pública é a situação em que o ente público terá
necessidade de utilizar o bem diretamente, nas situações não exaustivas elencadas no art. 5 o do
Decreto-Lei n° 3.365/41, enquanto que a necessidade pública se verifica nas mesmas situações
não exaustivas do supracitado artigo mas nas hipóteses em se poderia imaginar uma situação
de utilidade, acrescida da urgência na solução do problema.
Já o interesse social é o pressuposto que visa reduzir desigualdades sociais e conferira
uma destinação social ao bem expropriado, na forma descrita no art. 2 ° da Lei n° 4.132/62.
Por fim, o pagamento da indenização, como regra, deve ser justo, em dinheiro e prévio à
imissão na posse salvo as exceções trazidas pela própria Constituição no art. 5°, XXIV, da CF/88.

2.2. Desapropriação comum


A desapropriação comum depende da existência de uma situação de utilidade ou
necessidade pública, ou, ainda, da demonstração de uma hipótese de interesse social, em
consonância com o inciso XXIV, do art. 5°, CF/88 e deve ser precedida de pagamento de valor
indenizatório prévio, justo e em dinheiro.
Importante frisar que pagamento justo é aquele que compreende valor de mercado, danos
emergentes e lucros cessantes com correção monetária.
Ademais, se a desapropriação se der através da via judicial, a este pagamento
indenizatório serão acrescidos os honorários advocatícios e, quando couber, juros moratórios e
compensatórios.

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Sobre esta indenização justa, ainda, é importante informar que somente serão
indenizadas as melhorias feitas até a data da declaração de utilidade pública ou interesse social,
com exceção das benfeitorias úteis e necessárias, pagas ainda que executadas após esta data.
De outro giro, o Superior Tribunal de Justiça já se posicionou no sentindo de que, em caso
de divergência entre a área registrada e a área real do imóvel, a indenização será calculada
somente sobre o espaço constante no registro.
Os danos extraordinários, causados em decorrência da desapropriação, também poderão
ser indenizados no curso do mesmo processo em decorrência da responsabilidade civil do
Estado.

2.3. Desapropriação especial urbana


Inicialmente, cumpre ressaltar que a propriedade urbana deverá atender as exigências
definidas no Plano Diretor da Cidade, de forma a atender à sua função social. Nesse sentido, o
atendimento da função social deve-se dar, assegurando o atendimento das necessidades dos
cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades
econômicas. O art. 182, da Constituição Federal, neste sentido, dispõe que “A política de
desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade
e garantir o bem-estar de seus habitantes”.
O Plano Diretor que deve conter o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o
orçamento anual tem ser aprovado por lei municipal, com revisão, ao menos, a cada dez anos,
sendo que em seu processo de elaboração deve ter garantido a promoção de audiências públicas
e debates, bem como o respeito a publicidade e o acesso de qualquer interessado aos
documentos e informações produzidas.
Este Plano Diretor é obrigatório para todas as cidades que possuam mais de vinte mil
habitantes, bem como nas cidades que sejam integrantes de regiões metropolitanas ou
aglomerações urbanas, da mesma forma que nas áreas de especial interesse turístico e nos
municípios inseridos na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo
impacto ambiental de âmbito regional ou nacional e nas cidades incluídas no cadastro nacional
de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos.

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A desapropriação especial urbana ocorrerá nos casos em que não for cumprida a função
social da propriedade prevista no citado Plano Diretor da cidade, após a imposição gradativa e
sucessivas de determinadas restrições. São elas:
a) Parcelamento ou edificação compulsória, sendo que a notificação deverá ser averbada
no Cartório de Registro de Imóveis e realizada por funcionário do órgão competente do Poder
Público Municipal, ao proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem
tenha poderes de gerência geral ou administração, ou, por edital, somente quando for frustrada,
por três vezes, a tentativa de notificação pessoal.
Nestes casos, o proprietário deverá efetivar o parcelamento, a edificação ou a utilização
compulsória do terreno. Notificado, o proprietário terá 1 (um) ano para apresentar o projeto,
protocolando-o no órgão competente, e, contados da apresentação do projeto, terá 2 (dois) anos
para começar as obras do empreendimento com vistas a conferir função social à propriedade
(§4º do art. 5º da Lei nº 10.257/01). Estes prazos não serão interrompidos em caso de
transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, sendo que o novo proprietário se sub-
roga em todas as obrigações definidas no ato administrativo.
b) Não sendo suficiente a medida anterior para garantir a função social da propriedade, o
poder público municipal poderá determinar a aplicação de imposto sobre a propriedade predial
e territorial urbana progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota, pelo prazo de
cinco anos consecutivos, limitada a 15%. Trata-se de coação e sanção impostas pelo poder
público em razão da inércia em face da notificação.
A maioria da doutrina entende, que o limite aqui é temporal para a progressividade do
tributo, conforme art. 7º, §2º, da Lei nº 10.257/01 e que de um ano para o outro só se pode
acrescentar na alíquota o máximo de 100% do valor anterior.
Ademais, trata-se de medida coercitiva e sancionatória que neste tipo de desapropriação
reveste o tributo com uma roupagem extrafiscal.
Neste caso, a indenização justa refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado
o montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área onde se
localiza e não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios.
Por fim, após ocorrida a desapropriação, o Município deverá aproveitar o imóvel no prazo
máximo de cinco anos, diretamente pelo Poder Público ou por meio de alienação ou concessão
a terceiros.

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2.4. Desapropriação especial rural


A propriedade rural tem seus critérios de utilização definidos no Estatuto da Terra (Lei nº
4.504/64), o qual regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os
fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.
Inclusive, a supracitada legislação informa que caso o proprietário não cumpra a função
social do imóvel rural, compete à União desapropriar através de um decreto que declare o
interesse social, para fins de Reforma Agrária, o referido imóvel, mediante prévia e justa
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis
no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será
definida em lei.
A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando
simultaneamente favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam,
assim como de suas famílias, mantém níveis satisfatórios de produtividade, assegura a
conservação dos recursos naturais e observa as disposições legais que regulam as justas
relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem em consonância com o art. 186, da
CF/88.
Em relação a sua indenização, cumpre ressaltar que as benfeitorias úteis e necessárias
anteriores à declaração expropriatória, serão indenizadas em dinheiro e que o orçamento fixará
anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para
atender ao programa de reforma agrária.
Ademais, bem como que a Lei Complementar 76/93 estabelece o procedimento
contraditório especial e que estarão isentas de impostos federais, estaduais e municipais, as
operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Frise-se que, conforme dicção no art. 185 da CF/88, não podem ser desapropriados: a)
terrenos produtivos, mesmo sem função social; e b) a pequena e média propriedade rural, desde
que o proprietário não possua outra.

2.5. Desapropriação confisco


Trata-se de desapropriação específica, cujo rito encontra-se regulado na Lei nº 8.257/91
e deve ser proposta pela União, que não prevê o pagamento de qualquer espécie de indenização.
Com efeito, esta desapropriação NÃO É INDENIZÁVEL e, por isso, parte da doutrina designa

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esta retirada da propriedade do particular de expropriação, diferenciando das desapropriações


propriamente ditas que seriam sempre mediante indenização.
A norma constitucional estabelece duas situações diversas, tratando a expropriação de
bens móveis e de bens imóveis, que em qualquer hipótese não podem ser incorporados ao
patrimônio público. Nestes termos, serão expropriados os bens móveis utilizados para o tráfico
de drogas, cuja destinação será a de reversão a fundos especiais de natureza específica, e os
bens imóveis utilizados para plantação de psicotrópicos ilícitos e para a exploração de trabalho
escravo, cuja destinação será à reforma agrária e a programas de habitação popular.
Frise-se que, as plantas psicotrópicas são elencadas no rol emitido pelo órgão sanitário
competente do Ministério da Saúde e que o STF tem entendimento de que todo o terreno será
desapropriado, ainda que a plantação se restrinja a uma parcela da propriedade.
Após a propositura da ação pela União, o Juiz determinará a citação dos expropriados, no
prazo de cinco dias, nomeando, neste ato, o perito que terá oito dias de prazo para entregar o
laudo em cartório.
No que tange ao prazo para contestação e indicação de assistentes técnicos, este é de
dez dias, a contar da data da juntada do mandado de citação aos autos.
A audiência de instrução e julgamento será determinada pelo Juiz em data não superior a
quinze dias, a contar da data da contestação e nesta assentada cada parte poderá indicar até
cinco testemunhas.
Excepcionalmente, a audiência poderá ser postergada em virtude da impossibilidade de
produção de toda a prova oral no mesmo dia, sendo que, em relação a imissão de posse, o juiz
poderá determiná-la garantindo um contraditório postergado, durante a audiência de justificação.
A sentença será prolatada em cinco dias, sendo a mesma passível de apelação, no prazo
de quinze dias.
Por fim, incomumente, se após o trânsito em julgado da sentença, não puder ocorrer em
cento e vinte dias a destinação prevista na CF/88, a gleba será incorporada ao patrimônio da
União, reservada, até que sobrevenham as condições necessárias àquela utilização.

2.6. Competência para desapropriar


a) Competência legislativa: em relação a competência para legislar sobre o direito civil,
quem a detém é a União que pode, inclusive, editar leis que tratem acerca do direito de
propriedade e dos demais direitos reais em conformidade com o inciso I, do art. 22, da CF/88.

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Frise-se que Lei Complementar poderá autorizar os estados a legislar sobre questões
específicas.
b) Competência declaratória: a atribuição para declarar a utilidade ou necessidade
pública e o interesse social dos bens privados para fins de desapropriação será, concorrente, de
todos os entes federativos.
c) Competência executiva: trata-se de competência incondicionada e é atribuída,
inicialmente, ao ente federativo que declarou sendo admitida a sua delegação para entes da
Administração Indireta, para concessionárias de serviços públicos e, até mesmo, para consórcios
públicos, firmados nos moldes da Lei nº 11.107/05.

2.7. Procedimento da desapropriação


A desapropriação deve ser efetivada em respeito a um procedimento administrativo
definido em lei, no qual será garantido ao particular expropriado o direito ao contraditório e à
ampla defesa. Em não sendo possível solucionar o problema administrativamente, a lei
determina que seja realizado o procedimento na via judicial.
Este procedimento se desenvolve em duas fases distintas: a da declaração e da execução,
sendo que em relação as desapropriações comuns e especial urbana a legislação vigente é o
Decreto-Lei nº 3.365/41, enquanto que para a desapropriação especial rural a norma corrente é
a Lei Complementar 76/93.
Na fase declaratória, o Poder Público, através de Decreto Expropriatório editado pelo
chefe do Poder Executivo ou através de lei com efeitos concretos elaborada pelo Poder
Legislativo, informa que o bem apontado atende às necessidades públicas, definindo qual a
finalidade que será dada à propriedade, após sua aquisição pelo ente estatal e fixando o seu
estado atual.
Aqui o bem continua da propriedade do particular, mas com algumas restrições e sujeito
à força expropriatória do Estado, tal como o ingresso do Poder Público no bem para fazer
avaliações, medições, podendo, inclusive, recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força
policial.
Importante frisar que esta declaração tem natureza de ato discricionário e esta sujeita ao
controle judicial e administrativo.
Ressalte-se, ainda, que o cidadão não pode ficar, por prazo indeterminado, sujeito à força
expropriatória do Estado, razão pela qual a legislação prevê um prazo de caducidade do ato

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declaratório. Ultrapassado o referido prazo, ocorre a perda dos efeitos do ato declaratório em
razão do decurso do tempo sem que seja efetivada a desapropriação, não se admitindo que o
poder público promova a execução desse.
A caducidade é contada a partir da data da expedição do decreto, conforme art. 10 do
Decreto-Lei 3.365/41 e o seu prazo varia de acordo com a natureza da declaração expropriatória
sendo de cinco anos na declaração de utilidade ou necessidade pública e de dois anos na
declaração de interesse social.
Já a fase executória ocorre quando o Estado paga o valor da indenização, previamente
fixado, efetivando a imissão do poder público na posse do bem. Pode ocorrer
administrativamente (quando ocorre acordo entre o Poder Público o proprietário) não
necessitando de homologação judicial. Ademais, pode ocorrer judicialmente (quando não há
acordo em relação ao quantum indenizatório ou se o ente expropriante não souber quem ostenta
a qualidade de proprietário do bem) através da Ação de Desapropriação.

Resolva a questão a seguir:

1) FGV – 2020 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase


Otacílio, novo prefeito do Município Kappa, acredita que o controle interno é uma das principais
ferramentas da função administrativa, razão pela qual determinou o levantamento de dados nos mais
diversos setores da Administração local, a fim de apurar se os atos administrativos até então praticados
continham vícios, bem como se ainda atendiam ao interesse público.
Diante dos resultados de tal apuração, Otacílio deverá

A) revogar os atos administrativos que contenham vícios insanáveis, ainda que com base em valores
jurídicos abstratos.
B) convalidar os atos administrativos que apresentem vícios sanáveis, mesmo que acarretem lesão ao
interesse público.
C) desconsiderar as circunstâncias jurídicas e administrativas que houvessem imposto, limitado ou
condicionado a conduta do agente nas decisões sobre a regularidade de ato administrativo.
D) indicar, de modo expresso, as consequências jurídicas e administrativas da invalidação de ato
administrativo.

Resolva a questão a seguir:

2) FGV – 2021 – OAB – Exame de Ordem Unificado XXXIII – Primeira fase


Luciano, proprietário de um terreno localizado no Município Ômega, viajou para o exterior, pelo período de
8 meses, para realizar curso de especialização profissional.
Quando retornou de viagem, verificou que o Município, sem expedir qualquer notificação, de forma irregular
e ilícita, invadiu sua propriedade e construiu uma escola, em verdadeiro apossamento administrativo. As
aulas na nova escola municipal já se iniciaram há dois meses e verifica-se a evidente impossibilidade de
se reverter a situação sem ensejar prejuízos aos interesses da coletividade.

17
Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Administrativo

Ao buscar assistência jurídica junto a conhecido escritório de advocacia, foi manejada em favor de Luciano
ação de

A) indenização por retrocessão, por abuso de poder da municipalidade, que gera direito à justa e imediata
indenização, exigível quando do trânsito em julgado da ação.
B) indenização por desapropriação indireta, que visa à justa e posterior indenização, a ser paga por meio
de precatório.
C) reintegração de posse por tredestinação ilícita, por desvio de finalidade, que visa à justa e posterior
indenização, a ser paga por meio de precatório.
D) interdito proibitório por desvio de finalidade, que gera direito à justa e imediata indenização, exigível
quando do trânsito em julgado da ação.

3. Organização da administração pública


*Para todos verem: esquema.

Particulares que
prestam serviço Administração direta Administração indireta
público

União Autarquias
Permissionárias
Estados Fundações públicas
Concessionárias
Distrito Federal Sociedade de economia
Autorizatários mista
Municípios
Empresa pública
Órgãos
Associação pública
Descentralização
Ato unilateral (no caso de
autorização) e contrato Desconcentração Descentralização
administrativo (no caso Criação e extinção de
de concessão e Criada ou autorizada
órgão ocorre por lei; por lei;
permissão);
Não tem personalidade Tem personalidade
Tem personalidade jurídica própria.
jurídica própria. jurídica própria;
Sofre controle
finalístico.

Veja o esquema na página a seguir...

18
Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Administrativo

*Para todos verem: esquema.

Pessoa jurídica de direito público

Autarquia e Fundação
Por lei específica
Pública de Direito Público

A própria lei é o ato constitutivo


Criação

Pessoa jurídica de direito privado

Fundação Pública de Direito Lei específica apenas autoriza a


Privado/ S.E.M/ E.P criação da entidade

Deve ser providenciada a sua


criação no registro público.

Atenção: como já foi cobrado diversas vezes pela banca, é muito importante o estudo da
lei das Estatais, dos consórcios públicos e das principais características das Agências
Reguladoras, então vou indicar alguns artigos para leitura de tema de casa:
• Lei 13.303/2016: artigos 3º, 4º e 5º;
• Lei 9.986/2000: artigos 4º, 6º, 8º, 8º-A, 8º-B, e 9º;
• Lei 13.848/19: artigos 3º, 7º, 8º, 9º e 34 da Lei 13.848/19;
• Lei 11.107/2005: artigos 1º, 2º, 4º, 6º, 8º e 11.

Resolva a questão a seguir:

3) FGV – 2022 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase


A Agência Reguladora federal Alfa, criada no ano corrente, tem a intenção de formalizar um acordo de
cooperação com a Agência Reguladora estadual Beta. O acordo visa à descentralização das atividades
normativas, fiscalizatórias, sancionatórias e arbitrais, com o intuito de conferir maior eficiência à atuação
das duas entidades. Nesse contexto, à luz do disposto na CRFB/88 e na Lei nº 13.848/18, assinale a
afirmativa correta.

A) O acordo de cooperação poderia ter por objeto a delegação de competência normativa da Agência
Alfa.
B) A execução da fiscalização do objeto da delegação pela Agência Beta, por ser estadual, não precisa
observar as normas federais pertinentes.
C) A execução de competência delegada pelo acordo de cooperação à Agência Beta independe do
acompanhamento e da avaliação pela Agência Alfa.
D) A Agência Alfa, havendo delegação de competência, permanecerá como instância superior e recursal
das decisões tomadas no exercício da competência delegada à Agência Beta.

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Direito Administrativo

4. Responsabilidade civil do Estado


4.1. Teoria do risco administrativo: responsabilidade objetiva

*Para todos verem: esquema.

Culpa exclusiva
Caso fortuito Força maior da vítima (se a
Excludentes vítima concorre
(imprevisível) (natureza) com o dano, o
ônus é repartido)

Resolva a questão a seguir:

4) FGV – 2023 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase


Mateus e Geraldo foram presos em decorrência de sentença penal com trânsito em julgado, pelo crime
de latrocínio. Ambos ficaram, inicialmente, na mesma cela prisional, em condições absolutamente
precárias e insalubres, sendo certo que Geraldo evadiu-se da cadeia. Seis meses após a fuga, Geraldo
praticou novo latrocínio, que levou Tânia a óbito. Mateus, que ficou muito deprimido pelas condições
degradantes do cárcere, cometeu suicídio, cortando seus pulsos com faca adquirida irregularmente de
Rodrigo, agente penitenciário, fato que poderia ter sido evitado, portanto, se o Estado tivesse adotado
precauções mínimas. Diante das circunstâncias narradas, assinale a afirmativa correta.

A) O Estado poderia ser civilmente responsabilizado pela morte de Tânia, pois tinha o dever de evitar a
fuga de Geraldo, mas não pelo óbito de Mateus, em razão de fato exclusivo da vítima, tendo em conta a
adoção da teoria do risco administrativo.
B) Ambas as mortes acima descritas seriam passíveis de configurar a responsabilização civil do Estado,
nos termos da Constituição, que adota expressamente a teoria do risco integral, nas situações
relacionadas à segurança pública.
C) Nenhum dos óbitos narrados pode caracterizar a responsabilização civil do Estado, na medida em que
nas hipóteses de omissão do Estado deve ficar caracterizado o elemento culpa, imprescindível no âmbito
da teoria do risco administrativo.
D) O Estado poderia ser civilmente responsabilizado pela morte de Mateus, pois tinha o dever de proteger
a incolumidade física de pessoa sob sua custódia, mas não pelo óbito de Tânia, na medida em que não
há nexo de causalidade entre a fuga de Geraldo e o evento danoso.

5. Improbidade administrativa
O ato de improbidade é conduta DOLOSA e ilegal cometida por um agente público, o
qual deve ser responsabilizado com sancionamento adequado à gravidade do fato. Se a conduta
foi praticada junto com o particular, a ação civil pública de improbidade administrativa deve ser
ajuizada contra o agente público e o particular (art. 2º e 3º da Lei 8.429/92). Cuidado, segundo

20
Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Administrativo

o entendimento do STJ, a ação de improbidade não poderá ser ajuizada somente contra o
particular.
Tanto o Ministério Público (art. 17, da Lei 8.429/92), quanto a pessoa jurídica lesada
(entendimento do STF) são legitimados para propor a ação que visa a responsabilização
daqueles que cometem atos ímprobos. A ação de improbidade não impede a responsabilização
do agente em outras esferas (administrativa e penal).
Veja na tabela abaixo, resumidamente, quais são os atos improbos e suas respectivas
sanções (artigos 9º, 10, 11 e 12, da Lei 8.429/92):
*Para todos verem: quadro/tabela.

Atos de improbidade e
sancionamento

Enriquecimento ilícito: auferir Lesão ao erário: qualquer Atentar contra os princípios


qualquer tipo de vantagem ação ou omissão dolosa, que da administração pública: a
patrimonial indevida em razão do enseje, efetiva e ação ouomissão dolosa que
exercício de cargo,de mandato, comprovadamente, perda viole os deveres de
de função, de emprego ou de patrimonial, desvio, honestidade, de
atividade: apropriação, malbaratamento imparcialidade e de
ou dilapidação dos bens ou legalidade:
haveres públicos:

Independentemente do ressarcimento integral do dano patrimonial, se efetivo, e das sanções penais


comuns e de responsabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

- Perda dos bens ou valores - Perda dos bens ou valores - Pagamento de multa civil de
acrescidos ilicitamente ao acrescidos ilicitamente ao até 24 vezes o valorda
patrimônio; patrimônio; remuneração percebida pelo
agente;
- Perda da função pública; -Perda da função pública;
- Proibição de contratar com o
- Suspensão dos direitospolíticos - Suspensão dos direitos poder público ou de receber
até 14 anos; políticos até 12 anos; benefícios ou incentivosfiscais
ou creditícios, direta ou
- Pagamento de multa civil - Pagamento de multa civil indiretamente, ainda que por
equivalente ao valor do equivalente ao valor do dano; intermédio de pessoa jurídica
acréscimo patrimonial; da qual seja sócio majoritário,
- Proibição de contratar com o pelo prazo não superior a 4
- Proibição de contratar com o poder público ou de receber anos.
poder público ou de receber benefícios ou incentivos
benefícios ou incentivos fiscaisou fiscaisou creditícios, direta ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica

21
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intermédio de pessoa jurídica da da qual seja sócio majoritário,


qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 12
pelo prazo não superior a 14 anos.
anos.

As sanções previstas no artigo 12 somente poderão ser executadas após o trânsito em julgado da
sentença condenatória.

Prescrição: tema sensível e que sofreu diversas alterações com as Lei nº 14.230/2021.
Se antes o prazo de prescrição era (basicamente) de cinco anos, agora o prazo é de 8 anos para
prescrição. O objetivo da prescrição é dar estabilidade às relações jurídicas.
Nos parágrafos do artigo 23 da LIA há previsões de suspensão e interrupção de prazo
prescricional. Uma novidade na nova redação da LIA é que, agora, haverá possibilidade da
chamada prescrição intercorrente no prazo de 4 anos, ou seja, prescrição que ocorre no decorrer
do processo judicial: “§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da
interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste artigo”.
Atenção: o artigo 16 trata sobre a possibilidade de indisponibilidade de bens, não deixe
de estudar esse artigo, pois o assunto está em alta. Assim como o acordo de não persecussão
cível, conforme o artigo 17-B!

Resolva a questão a seguir:

5) FGV – 2022 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase


Na semana passada, o Ministério Público ajuizou ação em desfavor de Odorico, prefeito do Município
Delta, em decorrência da prática de ato doloso de improbidade que causou enriquecimento ilícito. Após
os devidos trâmites processuais, o Juízo de primeiro grau verificou a configuração dos elementos
caracterizadores da improbidade, incluindo o dolo específico, razão pela qual aplicou as penalidades
cominadas na legislação. Sobre as penalidades aplicadas ao prefeito Odorico, assinale a afirmativa
correta.

A) É cabível a execução provisória da penalidade de perda da função pública, com seu imediato
afastamento do cargo.
B) Poderia ser aplicada a penalidade de suspensão de direitos políticos por prazo superior a quinze anos,
em razão da presença de dolo específico.
C) O Juízo de primeiro grau não poderia cumular as penalidades de suspensão dos direitos políticos e de
proibição de contratar com a Administração, sob pena de bis in idem.
D) O Juízo de primeiro grau poderia cumular a determinação de ressarcimento integral ao erário com a
aplicação da penalidade de multa equivalente ao valor do acréscimo patrimonial.

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6. Controle da administração pública


O controle é o instrumento jurídico de fiscalização sobre a atuação dos agentes, órgãos e
entidades da Administração Pública.
*Para todos verem: esquemas.

Atos eivados de
Poder-dever Anular
vício/ilegais
Administração
Atos legais, por
Pode Revogar conveniência ou
oportunidade

• Mandado de Segurança, Habeas Corpus, Ação Civil Pública, Ação


Popular, Mandado de Injunção, Habeas Data, Ação de Improbidade
Ação de Administrativa e Ação Direta de Inconstitucionalidade.
controle

• Regra é de 5 anos, salvo má-fé - prazo DECADENCIAL do art. 54, da


Prazo para Lei 9784/99.
anular

• Administrativo – decorre do poder de autotutela;


• Legislativo – controle parlamentar direto ou pelo Tribunal de Contas;
Órgão de • Judicial – mediante provocação.
controle

No controle externo realizado pelo Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas,
tenha cuidado com o artigo 71 da Constituição Federação, especificamente com inciso III:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório.

23
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Resolva a questão a seguir:

6) FGV – 2022 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase


Túlio era servidor público federal e falsificou documentos para, de má fé, obter a sua aposentadoria por
tempo de contribuição junto ao Regime Próprio de Previdência Social – RPPS. Por não ter sido verificado
o problema dos documentos, o pedido foi deferido pelo órgão competente de origem e, pouco depois,
registrado perante o Tribunal de Contas da União – TCU, que não verificou o embuste e não conferiu
oportunidade de manifestação para Túlio. Ocorre que, seis anos após o aludido registro, a Corte de
Contas tomou conhecimento do ardil de Túlio e da nulidade dos documentos apresentados, razão pela
qual instaurou processo administrativo para fins de anular o registro promovido em dissonância com o
ordenamento jurídico. Diante dessa situação hipotética, aponte a assertiva correta.

A) A conduta do TCU foi irregular, na medida em que a aposentadoria de Túlio é ato administrativo
simples, que não deveria ter sido submetido a registro perante a Corte de Contas.
B) O exercício da autotutela, para fins de anular a aposentadoria de Túlio, não está fulminado pela
decadência, diante de sua má-fé.
C) O registro da aposentadoria de Túlio foi irregular, pois dependia da garantia da ampla defesa e
contraditório perante o TCU.
D) A anulação da aposentadoria não é mais viável, considerando que transcorrido o prazo prescricional
de cinco anos para o exercício da pretensão.

7. Bens públicos
7.1. Classificação
*Para todos verem: esquema.

Bens de uso comum do


Bens de uso especial Bens dominicais
povo

• São bens que todos • São destinados às • São os que pertencem


podem usar, como as instalações e aos ao acervo do poder
ruas e praças. serviços públicos, como público, sem destinação
os prédios das especial.
repartições ou escolas
públicas.

Essas classificações estão no artigo 99, do Código Civil, aliás, nos seus estudos vale a
leitura do artigo 98 ao 103 do CC!

7.2. Características
Inalienabilidade: significa que bens públicos não podem ser vendidos livremente, mas
essa regra não é absoluta! Os bens de uso especial e os bens de uso comum são inalienáveis

24
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(são bens fora do comércio), essa é a regra.


Impenhorabilidade: os bens públicos não podem ser objeto de uma constrição judicial,
de uma execução. Não poder ser objeto de garantia.
Imprescritibilidade: trata-se da prescrição aquisitivas (usucapião). Nesse sentido, os
bens públicos não podem ser adquiridos pela posse mansa e pacífica por determinado espaço
de tempo continuado, nos moldes da legislação civil.
Importante salientar que a imprescritibilidade atinge inclusive os bens não afetados, não
sendo estes, também, passíveis de usucapião (art. 183, §3º e 191, parágrafo único, ambos da
Constituição Federal).
Não onerabilidade: os bens públicos não podem ser objetos de direito real de garantia,
ou seja, não fica sujeito à instituição de penhor, anticrese ou hipoteca para garantir débitos do
ente estatal.

8. Agentes públicos
*Para todos verem: esquema.

Mandato eletivo + secretários/


Agentes políticos
ministros + alto escalão
Forças Armadas + polícias militares
Agentes militares
Agentes públicos

+ bombeiros militares

Particulares em Em algum momento exercem função


colaboração + particulares serviço público
Servidores temporários (contrato
prazo determinado) art. 37, IX, CF + Função Pública
Lei nº 8.745

Cargo Público
Agentes Servidores públicos (estatutários) Lei
administrativos n° 8.112/90
Cargo em
Comissão

Empregados públicos (celetistas) CLT


+ Lei nº 9.962 Emprego Público

8.1. Conceito de servidor público

Art. 2o da Lei 8.112/90. Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida
em cargo público.
Art. 3o da Lei 8.112/90. Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

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Estabilidade servidores públicos:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.

*Para todos verem: esquema.

Apenas para
servidor efetivo
Função de
confiança
Chefia, direção e
assessoramento

Cargo
Concurso Estabilidade
Servidores efetivo
públicos
(Estatutários) Livre nomeação SEM
Lei nº 8.112/90 e exoneração estabilidade
Cargo em
comissão
Chefia, direção e
assessoramento

Resolva a questão a seguir:

7) FGV – 2020 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase


Maria foi contratada, temporariamente, sem a realização de concurso público, para exercer o cargo de
professora substituta em entidade autárquica federal, em decorrência do grande número de professores
do quadro permanente em gozo de licença. A contratação foi objeto de prorrogação, de modo que Maria
permaneceu em exercício por mais três anos, período durante o qual recebeu muitos elogios. Em razão
disso, alunos, pais e colegas de trabalho levaram à direção da autarquia o pedido de criação de um cargo
em comissão de professora, para que Maria fosse nomeada para ocupá-lo e continuasse a ali lecionar.

A) Não é possível a criação de um cargo em comissão de professora, visto que tais cargos destinam-se
apenas às funções de direção, chefia e assessoramento.
B) É adequada a criação de um cargo em comissão para que Maria prolongue suas atividades como
professora na entidade administrativa, diante do justificado interesse público.
C) Maria tem estabilidade porque exerceu a função de professora por mais de três anos consecutivos,
tornando desnecessária a criação de um cargo em comissão para que ela continue como professora na
entidade autárquica.
D) Não é necessária a criação de um cargo em comissão para que Maria permaneça exercendo a função
de professora, porque a contratação temporária pode ser prorrogada por tempo indeterminado.

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9. Concurso público
Importante o destaque a outros artigos aplicáveis aos concursos públicos: o artigo 5º, §2º,
da Lei nº 8.112, e a Lei nº 12.990/2014 dispõem sobre as reservas de vagas em concursos
públicos, disciplinando as porcentagens de vagas destinadas a pessoas com deficiência, em
atribuições compatíveis, e a pessoas negras.
Súmula importante:

Súmula 683 do STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima
em face do art. 7º, XXX, da CF/88, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.

Reservas legais em concursos públicos

Art. 5º, § 2o da Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o


direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições
sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Art. 1º da Lei nº 12.990. Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela
União, na forma desta Lei.

Duas súmulas importantes do Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 377 do STJ. O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em


concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.
Súmula 552 do STJ. O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com
deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.

Veja o esquema na página a seguir...

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Direito Administrativo

*Para todos verem: esquema.

Concurso

Nomeação

Posse

Exercício

Estabilidade

Sobre esse tema, cabe referir uma súmula super importante sobre o momento, no qual
pode ser exigida a comprovação dos requisitos para o exercício do cargo público:

Súmula 266 do STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser
exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.

10. Formas de provimento


Readaptação: conferir também o artigo 24 da Lei nº 8.112.

Art. 37, § 13 da CF: O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para
exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto permanecer
nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o
cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem.

Reversão: Lei 8.112.

Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado:


I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da
aposentadoria; ou
II - no interesse da administração, desde que:
a) tenha solicitado a reversão;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade;

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d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação;


e) haja cargo vago.
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transformação.

Reintegração: ver também artigo 41, §2º da Constituição Federal.

Art. 28 da Lei nº 8.112/90. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no


cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando
invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de
todas as vantagens.
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade, observado
o disposto nos arts. 30 e 31.
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo
de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em
disponibilidade.

Recondução:

Art. 29 da Lei nº 8.112/90. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo


anteriormente ocupado e decorrerá de:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado
em outro, observado o disposto no art. 30.

*Para todos verem: esquema.

Adapta quando
Readaptação sofre limitação

Ilegalidade -
Reintegração demissão legal

Volta - aposentado
Reversão volta ao cargo

Conduz para cargo


Recondução anterior, é o RE
que sobrou

Tá disponível? Vou
Aproveitamento aproveitar
disponibilidade

Antiguidade e
Promoção merecimento,
mesma carreira

29
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Resolva a questão a seguir:

8) FGV – 2018 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase


Maria foi aprovada em concurso para o cargo de analista judiciário do Tribunal Regional Federal da 2ª
Região, mas, após ter adquirido a estabilidade, foi demitida sem a observância das normas relativas ao
processo administrativo disciplinar. Em razão disso, Maria ajuizou ação anulatória do ato demissional, na
qual obteve êxito por meio de decisão jurisdicional transitada em julgado. Nesse interregno, contudo,
Alfredo, também regularmente aprovado em concurso e estável, foi promovido e passou a ocupar o cargo
que era de Maria.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) A invalidação do ato demissional de Maria não poderá importar na sua reintegração ao cargo anterior,
considerando que está ocupado por Alfredo.
B) Maria, em razão de ter adquirido a estabilidade, independentemente da existência e necessidade do
cargo que ocupava, deverá ser posta em disponibilidade.
C) Maria deverá ser readaptada em cargo superior ao que ocupava anteriormente, diante da ilicitude de
seu ato demissional.
D) Em decorrência da invalidade do ato demissional, Maria deve ser reintegrada ao cargo que ocupava e
Alfredo deverá ser reconduzido para o cargo de origem.

11. Processo administrativo disciplinar

*Para todos verem: esquema.

Processo Administrativo
Sindicância Disciplinar
(Art. 145, Lei 8.112)
(Art. 146, Lei 8.112)

Da sindicância poderá resultar: Quando houver:

Penalidade de suspensão por


Arquivamento do processo; mais de 30 dias;

Demissão;
Aplicação de penalidade de
advertência ou suspensão de até
30 dias; Cassação de aposentadoria ou
disponibilidade;

Instauração de processo Ou destituição de cargo em


disciplinar. comissão.

30
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Resolva a questão a seguir:

9) FGV – 2018 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase


O Ministério Público Federal denunciou Marcos, fiscal da Receita Federal, pelo crime de peculato doloso,
em decorrência da existência de provas contundentes de que tal servidor apropriou-se de dinheiro público
de que tinha guarda. Ao tomar conhecimento de tais fatos, durante o trâmite do processo penal, a
autoridade administrativa competente determinou a instauração de processo administrativo disciplinar,
que, após o devido processo legal, levou à demissão de Marcos antes do julgamento da ação penal.
Sobre a questão apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) A Administração fica vinculada à capitulação estabelecida no processo penal, vedada a incidência de


qualquer falta residual no âmbito administrativo, considerando que o peculato constitui crime contra a
Administração Pública.
B) A demissão de Marcos na esfera administrativa é válida, mas a superveniência de eventual sentença
penal absolutória, por ausência de provas, exige a reintegração do servidor no mesmo cargo que ocupava.
C) O processo administrativo disciplinar deveria ter sido instaurado para apurar a conduta de Marcos,
mas impunha-se sua suspensão diante da existência de processo criminal pelos mesmos fatos.
D) Deve ser aplicado ao processo administrativo disciplinar o prazo prescricional previsto na lei penal
para o crime de peculato cometido por Marcos.

12. Poder de polícia

Art. 78, CTN. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interessepúblico concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Características/ atributos:
*Para todos verem: esquema.

Discricionariedade
• Oportunidade/conveniência ao aplicar

Auto-executoriedade
• Execução direta de suas decisões

Coercibilidade
• Imposição das medidas

Atenção: poder de polícia é delegável?


Em regra, não, a exceção é no que se refere a atos materiais:

31
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Direito Administrativo

• Normatizar e sancionar: não cabe;


• Consentir (licença, alvará, autorização) e fiscalizar: cabe.

Tese de repercussão geral STF: é constitucional a delegação do poder de polícia, por


meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta
de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de
atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.

Resolva a questão a seguir:

10) FGV – 2019 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase
Após comprar um terreno, Roberto iniciou a construção de sua casa, sem prévia licença, avançando para
além dos limites de sua propriedade e ocupando parcialmente a via pública, inclusive com possibilidade
de desabamento de parte da obra e risco à integridade dos pedestres. No regular exercício da fiscalização
da ocupação do solo urbano, o poder público municipal, observadas as formalidades legais, valendo-se
da prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza-o a restringir o uso e o gozo da liberdade e
da propriedade privada em favor do interesse da coletividade, determinou que Roberto demolisse a parte
irregular da obra. O poder administrativo que fundamentou a determinação do Município é o poder:

A) de hierarquia, e, pelo seu atributo da coercibilidade, o particular é obrigado a obedecer às ordens


emanadas pelos agentes públicos, que estão em nível de superioridade hierárquica e podem usar meios
indiretos de coerção para fazer valer a supremacia do interesse público sobre o privado.
B) disciplinar, e o particular está sujeito às sanções impostas pela Administração Pública, em razão do
atributo da imperatividade, desde que haja a prévia e imprescindível chancela por parte do Poder
Judiciário.
C) regulamentar, e os agentes públicos estão autorizados a realizar atos concretos para aplicar a lei,
ainda que tenham que se valer do atributo da autoexecutoriedade, a fim de concretizar suas
determinações, independentemente de prévia ordem judicial.
D) de polícia, e a fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo, por meio do qual os agentes
públicos procuram impedir um dano social, e um repressivo, que, face à transgressão da norma de polícia,
redunda na aplicação de uma sanção.

13. Lei anticorrupção


Aplicabilidade da Lei anticorrupção (Lei nº 12.846):

Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
(Não possui natureza penal).
Art. 3º. A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de
seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou
partícipe do ato ilícito.

Responsabilidades:
a) Objetiva (não há necessidade de comprovar dolo ou culpa) - para a Pessoa Jurídica.

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Direito Administrativo

Basta: prática da conduta ou omissão; nexo de causalidade e resultado.


b) Subjetiva - para os dirigentes e administradores.

§ 2º. Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos


na medida da sua culpabilidade. (Responsabilidade subjetiva).

Resolva a questão a seguir:

11) FGV – 2021 - OAB – Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase
A sociedade empresária Espertinha praticou atos de corrupção contra determinada organização pública
internacional, mediante oferecimento de suborno para a obtenção de vantagens indevidas. Em razão
disso, a Controladoria Geral da União (CGU) instaurou procedimento administrativo para apurar a
responsabilização administrativa de tal sociedade. Considerando o disposto na Lei nº 12.846/13 (Lei
Anticorrupção), assinale a afirmativa correta.

A) Não é possível a responsabilização administrativa da sociedade empresária Espertinha por atos de


corrupção praticados contra organização pública internacional.
B) A responsabilização administrativa pela CGU não necessita da caracterização do elemento subjetivo
na conduta da sociedade empresária Espertinha, pois tal responsabilidade é objetiva.
C) A aplicação de penalidades administrativas pela CGU depende da responsabilização individual de
pessoa natural, na figura de sócio ou dirigente da sociedade empresária Espertinha.
D) O processo administrativo instaurado pela CGU poderá resultar na aplicação das penalidades de multa
e de dissolução compulsória da sociedade empresária Espertinha.

Aula 17/11/2023 – Turno da noite

1. Agente de contratação
A necessidade de agentes de contrato existe porque a autoridade máxima do órgão não
realiza o procedimento licitatório, apesar de ser responsável pela elaboração do edital e
exposição de motivos da contratação. Logo, normalmente, quem procede à licitação é um
servidor público especialmente designado por essa autoridade, responsável pela realização dos
trâmites do procedimento.
A legislação anterior previa a necessidade de uma comissão de licitação que, no
regramento atual não é necessária, em regra, sendo suficiente a designação do agente de
contratação.
Ficará a cargo do agente de contratação, portanto, a condução de todo o procedimento
licitatório.

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Direito Administrativo

Ele será auxiliado por equipe de apoio e responderá individualmente pelos atos que
praticar, salvo quando induzido a erro pela atuação da equipe.
Atenção: em se tratando de licitação na modalidade pregão, o agente de contratação será
designado pregoeiro.

1.1. Procedimento comum (concorrência e pregão)


O procedimento comum é o mais extenso e o seu estudo serve de apoio para os demais.

1.1.1. Fase preparatória


A Lei 14.133/21 aponta no sentido de que o início da licitação se dá com o ato que instaura
o procedimento administrativo, dando início ao que se convencionou chamar de fase
preparatória da licitação. Nesse momento, o procedimento licitatório já está formalmente iniciado,
tendo sido atribuído um número ao processo administrativo.
Nesta fase, a Administração Pública está, internamente, se organizando para licitar, com a
abertura do processo administrativo respectivo e com a realização dos atos preparatórios que
justifiquem a realização do certame. O texto legal define requisitos a serem observados para início
do procedimento.
Primeiramente, deverá ser formulada a exposição de motivos da contratação, justificando
a necessidade da celebração do contrato e sua importância às atividades do ente estatal e à
persecução do interesse público.
Também o ente estatal deve apresentar a definição do objeto para o atendimento da
necessidade, por meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo,
conforme o caso, inclusive com a definição das condições de execução e pagamento, das
garantias exigidas e ofertadas e das condições de recebimento.
Ademais, a lei estabelece a necessidade de declaração de adequação orçamentária
para a celebração do contrato que advirá do certame, inclusive em consonância com o disposto
na Lei Complementar 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Atenção: a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem se formando no sentido de
que a lei não exige a real disponibilidade financeira antes do início da licitação, mas tão somente
a previsão de recursos orçamentários.

34
Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Administrativo

Ademais, o poder público deve ter um orçamento, definindo o valor máximo que está
disposto a pagar pela aquisição do bem ou serviço ou pela execução da obra a ser contratada
(art. 18, IV, da Lei 14.133/21).
Despesas de caráter continuado: são hipóteses em que os gastos com o contrato a ser
celebrado devam ultrapassar um exercício financeiro, devendo haver contemplação do produto
ou serviço nas metas estipuladas na lei do Plano Plurianual (no art. 165 da Constituição Federal
e no art. 165, da Lei 14.133/21).
Em casos de contratação para execução de obras, a lei exige ainda a realização de um
projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para que os interessados em
participar da licitação tenham amplo conhecimento (art. 6º, XXV, da Lei 14.133/21).
A lei prevê pessoa jurídica poderá participar de licitação em consórcio, salvo vedação
expressa e justificada no próprio edital. Nesses casos, para que seja lícita a participação em
consórcio, devem ser observados os requisitos previstos na legislação.
O art. 21, da Lei 14.133/21 prevê a possibilidade de convocação de audiência pública,
com antecedência mínima de 8 (oito) dias úteis, que poderá ser realizada presencialmente ou a
distância – por meio eletrônico - com disponibilização prévia de informações pertinentes,
inclusive de estudo técnico preliminar, elementos do edital de licitação e outros, permitindo a
manifestação de todos os interessados.
Também, é possível que a Administração submeta a licitação a consulta pública. Neste
caso, não haverá uma audiência com a participação dos interessados, mas serão
disponibilizados a eles o acesso aos elementos da futura contratação, permitindo que enviem
sugestões em prazo fixado.
O edital ainda poderá contemplar matriz de alocação de riscos entre o contratante e o
contratado, estabelecendo as responsabilidades de cada uma das partes do acordo, assim como
buscando encontrar e estipular medidas que reduzam as possibilidades de desequilíbrio
financeiro ao longo da relação contratual.
Orçamento da Administração Pública: o poder público deverá, na fase interna,
apresentar o valor estimado da contratação, compatível com os valores praticados pelo mercado,
considerados os preços constantes de bancos de dados públicos e as quantidades a serem
contratadas, observadas a potencial economia de escala e as peculiaridades do local de
execução do objeto.

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Direito Administrativo

Além disso, ainda nesta fase interna, o Poder Público elabora a minuta do edital de
licitação que será encaminhado ao órgão de consultoria jurídica para aprovação.
O edital é o instrumento convocatório das licitações na modalidade concorrência e
configura uma convocação a todos os interessados em contratar com a Administração Pública,
desde que atendam às exigências nele contidas.
O edital pode prever margem de preferência para aquisição de:
a) bens manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas técnicas
brasileiras;
b) bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis, conforme regulamento.

Em casos de execução de obras ou atividades administrativas, o Poder Público pode


adotar o regime de execução direta ou indireta.
A execução direta, como se percebe pela nomenclatura utilizada, ocorre todas as vezes
que o objeto do contrato é executado pela própria Administração Pública por meio de seus órgãos
e agentes públicos.
A execução indireta está presente sempre que o órgão ou ente da Administração Pública
celebra contrato com terceiro para realização do objeto do contrato, conforme previsão expressa
do instrumento convocatório. Admite-se seis hipóteses de contratação para execução indireta de
obras, quais sejam: a) empreitada por preço global; b) empreitada por preço unitário; c)
empreitada por tarefa; d) empreitada integral; e) contratação integrada; f) contratação
semi-integrada.
Respeitadas todas as normas previamente estabelecidas, o procedimento será
encaminhado para órgão de consultoria jurídica para emissão de parecer (art. 53, §1º, da Lei
14.133/21).

1.1.2. Fase externa


Inicia-se essa fase mostrando aos interessados como participarão da disputa, através da
publicação do edital.
Dispõe a Lei 14.133/21:
O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência: I – preparatória; II –
de divulgação do edital de licitação; III – de apresentação de propostas e lances, quando for o
caso; IV – de julgamento; V – de habilitação; VI – recursal; VII – de homologação.

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Direito Administrativo

Verifique-se que o procedimento licitatório geral se desenvolve com a fase externa tendo
início com a divulgação do edital. Posteriormente, serão abertos os envelopes de propostas e
será feita a seleção da proposta vencedora. Somente após o julgamento das propostas, o poder
público irá proceder à habilitação do licitante vencedor.
Todavia, mediante justificativa do ente estatal, as fases podem ser invertidas por
determinação do edital, quando, então, serão habilitados os licitantes e, somente depois, será
feita a classificação das propostas.
Ademais, as licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma eletrônica,
admitida a utilização da forma presencial, desde que motivada, devendo a sessão pública ser
registrada em ata e gravada mediante utilização de recursos tecnológicos de áudio e vídeo e,
em casos de licitação por meio eletrônico, o ente público pode exigir que os atos dos licitantes
também sejam praticados nesse formato.

1.1.3. Divulgação do edital de licitação


A divulgação do edital é feita obrigatoriamente no sítio eletrônico oficial do Portal Nacional
de Contratações Públicas (PNCP) e facultativamente no sítio eletrônico oficial do órgão ou
entidade responsável pelo certame, sendo que a lei determina que o inteiro teor do instrumento
convocatório esteja disponível no mesmo local a quaisquer interessados. Ainda é facultada ao ente
público a divulgação direta a interessados devidamente cadastrados para esse fim.
Com a publicação, a Administração Pública marca uma data para que sejam abertos os
envelopes de propostas e documentação dos licitantes, respeitado o prazo de intervalo mínimo
exigido para cada modalidade de licitação. Nesse mesmo momento, se inicia a contagem do prazo
para a impugnação administrativa do edital.
Conforme a lei, qualquer cidadão pode impugnar o edital por irregularidade na aplicação
desta Lei ou para solicitar esclarecimento sobre os seus termos, devendo protocolar o pedido
até 3 (três) dias úteis antes da data de abertura das propostas.
O poder público deverá responder à impugnação ou ao pedido de esclarecimento com a
divulgação em sítio eletrônico oficial também no prazo de 3 (três) dias úteis. Se nenhum
interessado impugnar dentro do prazo estabelecido, precluirá o direito de fazê-lo na via
administrativa, o que não impede de fazê-lo judicialmente, por meio da propositura da ação
judicial cabível, dependendo do caso concreto.

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Direito Administrativo

1.1.4. Apresentação de propostas e lances


Nesse momento, o poder público irá receber as propostas apresentadas pelos licitantes.
A lei permite que o edital do certame preveja modo de disputa fechado ou aberto. Assim,
caso opte pelo modo de disputa aberto, os licitantes deverão apresentar suas propostas por meio
de lances sucessivos e, caso se determine a utilização do sistema fechado, as propostas serão
entregues em envelope lacrado e permanecerão em sigilo até a data marcada para a abertura
de todas em conjunto.
Ressalte-se que o sistema pode ser fechado e aberto, quando, então, se apresentarão as
propostas fechadas e, posteriormente, serão selecionadas aquelas que seguirão na
apresentação dos lances sucessivos.
Não será permitida a utilização do modo de disputa aberto, quando se tratar de licitação
cujo critério de julgamento seja técnica e preço, assim como não se pode utilizar o modo fechado
para licitações do tipo menor preço e maior desconto.

1.1.5. Julgamento
A primeira etapa da atividade do julgamento consiste na avaliação da regularidade formal
e material das propostas. Os envelopes das propostas dos licitantes serão abertos em sessão
pública e os interessados têm que verificar se os envelopes não foram violados, pois, caso haja
violação, há nulidade do procedimento e a licitação deverá ser anulada.
Na fase de classificação, serão aplicados os critérios de julgamento que foram
previamente estipulados no instrumento convocatório.

1.1.6. Habilitação
Concluído o julgamento, o agente de contratação passará ao recebimento do envelope
de documentação do licitante vencedor. Nessa fase, então, a Administração Pública deve
proceder à abertura do envelope que contém as documentações do licitante classificado em
primeiro lugar, com a finalidade de analisar se está apto e idôneo a contratar com o Poder Público.
A habilitação poderá ser realizada por processo eletrônico de comunicação a distância, nos
termos dispostos em regulamento.
Essa fase é também conhecida como fase de qualificação, quando devem ser analisados
os requisitos e documentos pessoais dos licitantes. É a fase de análise da documentação dos
licitantes a fim de verificar se têm idoneidade para contratar com o Poder Público.

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Direito Administrativo

É importante frisar que o edital não pode estabelecer critérios não previstos em lei, mais
especificamente no art. 62, da Lei 14.133/21, evitando assim restringir a licitação de forma
desarrazoada. Para cumprimento desses requisitos, basta que se realize a apresentação de
documentos enumerados pela própria lei, que podem ser originais ou cópias do cartório
competente. Vejamos um elenco legal dos requisitos de habilitação.
A – Habilitação jurídica: para parte da doutrina, essa exigência, assim como a exigência
de regularidade fiscal e respeito ao art. 7º, XXXIII, da CF são inconstitucionais, por estarem
previstos em lei, sem que haja disposição similar no art. 37, XXI, da Carta Magna, ensejando
burocratização indevida da licitação. Porém, este entendimento não prevalece, por se tratar de
posição minoritária.
A habilitação jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer direitos e
assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada por ele limita-se à comprovação de
existência jurídica da pessoa e, quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a
ser contratada.
B – Qualificação técnica: trata-se de demonstração de que a empresa tem condições
técnicas de cumprir o contrato celebrado em conformidade com as exigências de qualidade e
celeridade impostas pela Administração Pública.
C – Qualificação econômico-financeira: é a demonstração de idoneidade financeira da
entidade a ser contratada. Considerando-se que, como regra, o Poder Público não realiza o
pagamento antes da disponibilização do objeto do contrato, a empresa deve ter qualificação para
arcar com todos os custos da contratação.
D – Regularidade fiscal, social e trabalhista: configura demonstração de que a entidade
que pretende participar da licitação não possui débitos em atraso com a Fazenda Pública ou com
a justiça do trabalho e que não viola disposições constitucionais que vedam a exploração de
trabalho infantil.
Microempresas e empresas de pequeno porte: a LC 123/06 estabelece que essas
empresas poderão participar da licitação ainda que não tenham regularidade fiscal e
trabalhista. Ao final da licitação, se forem declaradas vencedoras, terão o prazo de 5 (cinco)
dias úteis, prorrogável por igual período, cujo termo inicial corresponderá ao momento em que
o proponente for declarado o vencedor do certame, prorrogável por igual período, a critério da
Administração Pública, para a regularização da documentação, pagamento ou parcelamento
do débito e emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de certidão

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Administrativo

negativa, ou seja, para fazer o saneamento do débito. Essa regra está disposta nos arts. 42 e
43 da referida lei complementar, alterados, inclusive pela LC 155/16.
Divulgada a decisão final acerca da habilitação e inabilitação de licitantes, o prazo para
que os interessados interponham recurso com a intenção de modificar o quanto decidido é de 3
(três) dias úteis, a contar da lavratura da ata, conforme disposto expressamente no art. 165 da
Lei 14.133/21.
Lavrada a ata de habilitação do licitante, será aberto o prazo para a interposição de
recurso administrativo. Se o recurso disser respeito à fase anterior (de julgamento das
propostas), a intenção de recorrer já foi apresentada aos autos, sob pena de preclusão, e o
interessado deverá apresentar as razões recursais.
Os atos da Administração praticados no bojo do procedimento licitatório podem ser
impugnados por meio de recurso ou através de pedido de reconsideração.
O recurso deve ser interposto no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de
intimação ou de lavratura da ata, em face do julgamento das propostas, do ato de habilitação ou
inabilitação de licitante, ou ainda do ato que determine a anulação ou revogação da licitação
A lei estabelece o cabimento de pedido de reconsideração, também no prazo de 3 (três)
dias úteis, contado da data de intimação, relativamente a ato do qual não caiba recurso
hierárquico.
Encerramento: concluídas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os recursos
administrativos, está encerrado o trabalho do agente de contratação, que encaminhará o
procedimento à autoridade do órgão para verificação e encerramento do feito. Assim, o processo
será enviado à autoridade superior, a quem compete verificar os atos anteriores praticados pelo
agente de contratação ou comissão de contratação, analisando sua adequação às normas legais
e princípios constitucionais pertinentes.

Resolva a questão a seguir:

12) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


O Município XYZ iniciou determinado procedimento licitatório para realização de uma obra pública que
pretende beneficiar toda a coletividade local. No âmbito do certame, foram estabelecidas todas as
cláusulas necessárias à sua efetivação. Com o intuito de garantir a eficiência na execução da obra, como
requisito foi definido que a empresa deveria possuir sede no Município XYZ. Considerando que empresas
localizadas em Municípios próximos poderiam efetivar a obra, sem prejuízo ao Poder Público, bem como,
diante do fato de que apenas uma empresa cumpria todos requisitos do edital e também possuía sede no
Município, marque a alternativa correta:

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Administrativo

A) o Município deve contratar a única empresa que cumpriu todos os requisitos do edital, pois não há
ilegalidade na licitação promovida pelo Município.
B) o Município deve contratar a única empresa que cumpriu todos os requisitos do edital, pois o Poder
Público pode estabelecer cláusulas no edital de licitação que não tenham previsão legal e que não sejam
indispensáveis à execução do contrato.
C) a pretexto de habilitar os licitantes, o Município XYZ escolheu a empresa que queria contratar, violando
o Princípio da Competitividade previsto no caput, do art. 5º, da Lei 14.133/21.
D) apesar do Município não poder efetivar a contratação da empresa que cumpriu todos os requisitos do
edital, não se verifica fraude na licitação, pois havia o intuito de garantir a eficiência na execução da obra.

2. Teses de repercussão geral que podem inspirar a banca


Algumas teses de repercussão geral do STF e jurisprudência importante do STJ que
podem ser objeto da prova:
*Para todos verem: tabela.

Teses de repercussão geral do STF


1055 RE É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a
1209429 profissional da imprensa ferido por agentes policiais
durante cobertura jornalística, em manifestações em que
haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes.
Cabe a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva 10/06/2021
da vítima, nas hipóteses em que o profissional de imprensa
descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a
áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua integridade
física.
512 RE O Estado responde subsidiariamente por danos materiais
662405 causados a candidatos em concurso público organizado por
29/06/2020
pessoa jurídica de direito privado (art. 37, § 6º, da CRFB/88),
quando os exames são cancelados por indícios de fraude.
362 RE Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não
608880 se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por
danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida
08/09/2020
do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo
causal direto entre o momento da fuga e a conduta
praticada.

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
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366 RE Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do


136861 Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de
11/03/2020
artifício, é necessário que exista a violação de um dever
jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for
concedida a licença para funcionamento sem as cautelas
legais ou quando for de conhecimento do poder público
eventuais irregularidades praticadas pelo particular.
Precedente do STJ

O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de forma


determinante e específica para homicídio praticado em suas dependências, responde
objetivamente pela conduta omissiva. (REsp 1.708.325-RS, Rel. Min. Og Fernandes,
Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 24/05/2022).

Resolva a questão a seguir:

13) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


Ana Carolina é médica cirurgiã ocupante de cargo efetivo no hospital do Estado Beta. Por estar exaurida
de tantos plantões que tem cumprido no hospital público, cometeu um erro médico grave ao realizar
cirurgia no paciente Mévio, amputou seu braço saudável, no lugar do que estava enfermo e que
necessitava de intervenção. Em razão disso, Mévio procurou você para entender quais são seus direitos
indenizatórios em decorrência do trágico evento. À luz da jurisprudência dos tribunais superiores, você
informa a ele:

A) Deverá ajuizar ação contra o Estado Beta, que responderá objetivamente pelos danos causados, na
medida que Ana Carolina não poderá compor o polo passivo da ação.
B) Poderá optar por ajuizar a ação em face de Ana Carolina ou do Estado Beta, na medida que ambos
são objetivamente responsáveis pelo ocorrido.
C) Poderá ajuizar ação exclusivamente contra Ana Carolina, que responde subjetivamente pelo exercício
de sua prática profissional.
D) Não poderá ajuizar ação contra Ana Carolina, pois o Estado Beta deve responder pelos danos que
seus agentes, nesta qualidade, causem a terceiros, mediante demonstração de dolo e culpa.

3. Dica especial de improbidade administrativa


Agora que você já estudou o conteúdo de improbidade administrativa, já sabe o que é,
quais são os atos e sanções, vamos acrescentar mais uma informação importante: o acordo de

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Administrativo

não persecução cível! No passado ele já foi vedado pela Lei de Improbidade Administrativa, mas
agora é possível, desde que atendido os requisitos do artigo 17-B da LIA.
Como esse conteúdo tem caído com muita frequência nas provas de concursos da FGV
e foi objeto da 2ª fase em administrativo, existe a forte possibilidade dele ser objeto da 1ª fase!
Vamos estudá-lo por partes:

Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso concreto,


celebrar acordo de não persecução civil, desde que dele advenham, ao menos, os
seguintes resultados:
I - o integral ressarcimento do dano;
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que oriunda
de agentes privados.

Perceba, o ressarcimento do dano é fundamental para que haja negociação, o acordo de


não persecução cível interrompe o prazo da contestação, a interrupção pode ocorrer até 90 dias.
Esse acordo pode ser celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso da
ação de improbidade ou no momento da execução da sentença condenatória (segundo o §4º)
do artigo 17-B, bem como, em fase recursal, segundo o STJ.
Mas a celebração do acordo dependerá (conforme §1º):
• Da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou posterior à
propositura da ação;
• De aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério
Público competente para apreciar as promoções de arquivamento de inquéritos
civis, se anterior ao ajuizamento da ação;
• De homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou depois
do ajuizamento da ação de improbidade administrativa.

Importante observar que apesar do caput e §5º do artigo 17-B mencionarem a


competência do MP para celebrar o acordo, o STF entende que a pessoa jurídica lesada também
poderá celebrar o compromisso.
Por fim, se o investigado ou o demandado descumprir com o acordo ficará impedido de
celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do conhecimento pelo Ministério
Público do efetivo descumprimento.

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Administrativo

Resolva a questão a seguir:

14) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil para apurar a prática de ato de improbidade
administrativo doloso praticado pelo agente público Tício, ocorrido em novembro de 2021, que causou
prejuízo ao erário da União em decorrência de um superfaturamento em licitação. Ao final das
investigações advogado de Tício propôs ao MPF a celebração de acordo de não persecução civil (ANPC)
para evitar o ajuizamento da ação de improbidade. De acordo com a atual redação da Lei 8.429/92:

A) Não é possível a realização de acordo antes do ajuizamento da ação de improbidade administrativas.


B) Se preenchido os requisitos legais para o acordo, deve ocorrer a aprovação do ANPC pelo órgão do
Ministério Público competente para apreciar promoções de arquivamento de inquéritos civis e, ainda, a
homologação judicial.
C) Não é possível a celebração do ANPC antes do ajuizamento da ação de improbidade, pois o acordo
somente pode ser celebrado no curso da ação de improbidade.
D) Não deve ocorrer homologação judicial, porque se trata de acordo celebrado antes do ajuizamento da
ação de improbidade administrativa.

4. Serviços públicos
4.1. Formas de delegação de serviço público

*Para todos verem: esquema.

- Não cabe para


obra pública;
- Sem prazo – caso
Por contrato + fixado, cabe
Permissão exigência de indenização;
licitação
- Precária;
- Poder concedente
fiscaliza.

Veja o esquema na página a seguir...

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Administrativo

*Para todos verem: esquema.

Poder concedente fiscaliza e pode


aplicar penalidades;

Cabe intervenção;

Possível a subconcessão, com prévia


licitação e autorização do concedente;
Comum
Lei nº 8.987
Responsabilidade objetiva e direta da
concessionária e subsidiária do Poder
concedente.

Concessão
(Por contrato
+ exigência
de licitação - Contraprestação pública + tarifa cobrada
concorrência/ Patrocinada
do usuário;
diálogo Parceria
competitivo) Público
Privada Contraprestação apenas pública;
Administrativa
Serviço em que a Administração é
usuária direta ou indireta.
Especial
Lei nº 11.079
Aplicação subsidiária da Lei nº 8.987/95;

Responsabilidade solidária entre concedente


e concessionária;

Características Contraprestação entregue apenas quando


disponibilizado o objeto de contrato de PPP;

Criação prévia de Sociedade de Propósito


Específico;

Concessões patrocinadas com mais de 70%


de contraprestação pública necessitam
autorização legislativa específica.

Princípio da continuidade do serviço público:

Art. 6º, Lei nº 8.987. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço
adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas
normas pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade
das tarifas.
§ 3° Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade

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§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não


poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no
dia anterior a feriado.

Atenção: STJ proíbe a interrupção de serviço essencial.


• Mesmo quando há falta de pagamento, mas é necessário para a sobrevivência da
pessoa;
• Quando a Administração Pública não pagar a conta de serviço essencial prestado.

A concessão, ainda que possua prazo determinado, possui outras possibilidades de


extinção: termo final do prazo, rescisão, anulação, caducidade, encampação e falência ou
extinção da concessionária. Cabe tratar um pouco sobre cada uma delas, elencadas no artigo
35 da Lei nº 8.987.

Art. 35. Extingue-se a concessão por:


I - advento do termo contratual;
II - encampação;
III - caducidade;
IV - rescisão;
V - anulação; e
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do
titular, no caso de empresa individual.

a) Advento do termo contratual: é o fim do contrato em razão da chegada do prazo


determinado, desvinculando-se o concessionário da prestação do serviço público. Como bem
destaca Carvalho Filho (2021, p. 442) “ainda que extinto o contrato, responde o concessionário
pelos atos praticados quando ainda vigente o ajuste. Na verdade, o advento do termo final não
pode significar um status integral de irresponsabilidade administrativa e civil do concessionário”.
b) Rescisão: como traz o artigo 39 da Lei nº 8.987 “o contrato de concessão poderá ser
rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais
pelo poder concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim”,
destacando o parágrafo único desse dispositivo a impossibilidade de que a prestação dos
serviços públicos seja interrompida até sentença judicial transitada em julgado.
c) Anulação: podendo ocorrer pela via administrativa ou judicial, a anulação se dá quando
existente vício de legalidade no contrato). Assim, “Presente o vício, há presumida lesão ao
patrimônio público, o que permite o ajuizamento de ação popular para postular-se a anulação do
ajuste” (CARVALHO FILHO, 2021, p. 443).

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d) Caducidade – ato vinculado:

Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem


prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão.

e) Caducidade – ato discricionário:

Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder


concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções
contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas
convencionadas entre as partes.
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente quando:
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as
normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou
regulamentares concernentes à concessão;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses
decorrentes de caso fortuito ou força maior;
IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para
manter a adequada prestação do serviço concedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos
prazos;
VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de
regularizar a prestação do serviço; e
VII - a concessionária não atender a intimação do poder concedente para, em 180 (cento
e oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal, no curso da
concessão, na forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da
inadimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de
ampla defesa.
§ 3o Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de comunicados
à concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais referidos no § 1º
deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para
o enquadramento, nos termos contratuais.
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a caducidade
será declarada por decreto do poder concedente, independentemente de indenização
prévia, calculada no decurso do processo.

f) Encampação: como definido no artigo 37 da Lei nº 8.987, a encampação refere-se à


retomada, por parte da Administração Pública, da prestação do serviço público. Faz-se
necessária autorização legislativa e indenização prévia.
g) Extinção da concessionária: a extinção da concessionária por falência ou extinção
da empresa ou, ainda, falecimento ou incapacidade do titular, ocorre, como pontua Carvalho
Filho (2021, p. 447) “pela singela razão de que fica inviável a execução do serviço público objeto
do ajuste”, retornando a prestação do serviço público o concedente, até nova concessão.
Atenção: não confundir as formas de extinção com a intervenção. A intervenção não é
forma de extinção, mas sim um momento em que o Poder Público intervém para corrigir a
prestação do serviço:

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Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a
adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais,
regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta dias,
instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da medida
e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa.
§ 1o Se ficar comprovado que a intervenção não observou os pressupostos legais e
regulamentares será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente
devolvido à concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização.
§ 2o O procedimento administrativo a que se refere o caput deste artigo deverá ser
concluído no prazo de até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a
intervenção.
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a administração do serviço
será devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que
responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.

Resolva a questão a seguir:

15) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


Após a celebração de uma parceria público-privada, a empresa Rapidinho procura você informando que
o poder concedente não realizou os repasses da contraprestação pública definidos em contrato, já tendo
sigo entregue o serviço público objeto do contrato. Sobre esse fato, é correto afirmar:

A) Caberá a declaração de caducidade da concessão, por se tratar de uma violação contratual evidente,
a ser declarada em ação judicial.
B) Não há remédio previsto legalmente para a rescisão contratual quando a Administração Pública
descumpre o contrato, em face do interesse público.
C) Caberá a rescisão por iniciativa da concessionária mediante ação judicial, contudo, a mesma não
poderá interromper a prestação do serviço até o trânsito em julgado da decisão.
D) Apenas caberá a rescisão contratual se o poder concedente deixar de cumprir com mais de uma
exigência contratual, não sendo suficiente o não pagamento da contraprestação.

5. Acumulação de cargos públicos

Art. 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas;
Art. 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.

Resolva a questão a seguir:

16) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


Bruna Tavares, bacharela em direito, foi aprovada em concurso público para cargo técnico no Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul. Anos depois, quando já possuía estabilidade, visando aumentar sua renda,

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decide realizar novo concurso público para outro cargo técnico do Instituto Nacional do Seguro Social.
Por possuir compatibilidade de horários, Bruna procura você para informar-se se poderá acumular ambos
os cargos públicos, de forma lícita, sendo correto afirmar que:

A) Por possuir compatibilidade de horários, Bruna faz jus a acumulação remunerada de cargos públicos,
não havendo vedação legal em seu caso.
B) Se Bruna acumular referidos cargos públicos, precisará observar o teto remuneratório existente, sendo
o mesmo válido para a soma das remunerações de ambos os cargos.
C) Bruna não poderá acumular os cargos públicos referidos, ainda que haja compatibilidade de horários,
pois não se encontram dentro das exceções constitucionais autorizadas.
D) Bruna apenas poderia acumular os cargos se fossem dois cargos de profissões regulamentadas da
saúde, não havendo mais nenhuma hipótese de acumulação legal de cargos admitida pela Constituição
Federal.

6. Lei anticorrupção e acordo de leniência

*Para todos verem: esquema.

A identificação dos demais envolvidos na infração, quando


couber; e
Dele precisa
resultar
(art. 16) A obtenção célere de informações e documentos que comprovem
o ilícito sob apuração.

Acordo de A pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu


Leniência interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito;

Requisitos para A pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na


celebração infração investigada a partir da data de propositura do acordo;
(art. 16, §1º)

A pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere


plena e permanentemente com as investigações e o processo
administrativo, comparecendo, a todos os atos processuais.

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Gabaritos das questões:

1–D 2–B 3–D 4–D 5–D 6–B 7–A

8–D 9–D 10 – D 11 – B 12 – C 13 – A 14 – B

15 – C 16 – C

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