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Índice

1) Imputabilidade Penal
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2) Questões Comentadas - Imputabilidade Penal - Cebraspe 7

3) Lista de Questões - Imputabilidade Penal - Cebraspe 10


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IMPUTABILIDADE PENAL MILITAR
A imputabilidade incide sobre a culpabilidade. Ser imputável é ter o discernimento necessário para
compreender a prática de um ato ilícito. As pessoas que não tem nenhum discernimento são consideradas
inimputáveis.

Os inimputáveis em geral não se submetem a penas, mas somente a medidas de segurança.

O legislador não define a imputabilidade, mas apenas determina quem é inimputável, adotando um critério
biopsicológico: não basta que a pessoa sofra de uma doença mental, mas também é preciso que esta doença
seja suficiente para que a pessoa não tenha o discernimento necessário acerca da conduta praticada.

Existem regras acerca do incidente de insanidade mental do acusado. Em geral é convocada uma perícia
médica, e as questões que devem ser respondidas pelos peritos estão no art. 159 do Código de Processo
Penal Militar.

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR


QUESITOS PERTINENTES
Art. 159. Além de outros quesitos que, pertinentes ao fato, lhes forem oferecidos, e dos esclarecimentos
que julgarem necessários, os peritos deverão responder aos seguintes:
QUESITOS OBRIGATÓRIOS
a) se o indiciado, ou acusado, sofre de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou
retardado;
b) se no momento da ação ou omissão, o indiciado, ou acusado, se achava em algum dos estados
referidos na alínea anterior;
c) se, em virtude das circunstâncias referidas nas alíneas antecedentes, possuía o indiciado, ou acusado,
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo com esse entendimento;
d) se a doença ou deficiência mental do indiciado, ou acusado, não lhe suprimindo, diminuiu-lhe,
entretanto, consideravelmente, a capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de
autodeterminação, quando o praticou.

Perceba que essas questões explicitam o critério biopsicológico. Se a resposta às questões das alíneas A ou
B for negativa, o acusado será considerado imputável. Se a resposta da alínea C for positiva, ele será
considerado imputável. Caso a resposta da C seja negativa, será feita a questão da alínea D para verificar se
o acusado poderá ser considerado semi-imputável.

Voltemos ao estudo dos dispositivos do Código Penal Militar.

INIMPUTÁVEIS
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de
doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
REDUÇÃO FACULTATIVA DA PENA
Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas diminui consideravelmente a
capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a
imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113.

Perceba que não importa, para fins de imputabilidade penal, se o sujeito é civilmente capaz ou incapaz, ou
se é interdito. O que importa é o entendimento do agente no momento da prática da conduta típica.

A sentença por meio da qual o acusado é absolvido, mas submetido a medida de segurança é chamada de
sentença absolutória imprópria. É interessante saber que, mesmo diante da inimputabilidade, o processo
penal militar deve seguir até as alegações finais, pois a conclusão do processo pode ser, por exemplo, pela
negativa de autoria ou pela inexistência da conduta típica.

O parágrafo único trata de uma redução facultativa da pena, aplicável no caso em que o acusado não é
considerado inimputável, mas tem sua capacidade de compreensão da conduta criminosa reduzida. Este é o
caso do semi-imputável, com resposta positiva na questão da alínea D do art. 159 do CPPM.

Mais uma vez o dispositivo trata de redução de pena, mas não determina o quantum. Aplica-se, portanto, a
regra geral do art. 73.

EMBRIAGUEZ
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de caso
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por embriaguez proveniente
de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

A embriaguez é vista no Código Penal de diversas maneiras. Ela pode ser agravante, atenuante ou excluir a
imputabilidade.

A embriaguez voluntária (não acidental) não isenta o agente de responsabilidade sobre a conduta, pois ele
fez a opção de embriagar-se. Na realidade, em alguns casos a embriaguez voluntária é até elementar do tipo,
como no caso da “lei seca” por exemplo.

É possível também que haja a embriaguez patológica, decorrente do alcoolismo, que é tratada pela Doutrina
como doença, e por isso pode conduzir o agente à inimputabilidade, nos termos do art. 48 do CPM e do art.
159 do CPPM.

Já a embriaguez habitual é tratada pelo Direito Penal comum como uma contravenção penal, e não um
crime. O CPM, por outro lado, tipifica a conduta de o militar apresentar-se para o serviço embriagado (art.
202).

A embriaguez preordenada é a situação em que o agente decide embriagar-se para “tomar coragem” de
cometer o crime. Nesta situação a embriaguez se torna um agravante.
A espécie do art. 49 é a embriaguez acidental, ou seja, é resultado de caso fortuito ou força maior. Não é
necessário, para a sua prova, diferenciar essas duas situações. O importante é que você saiba que este tipo
de embriaguez pode levar o agente à inimputabilidade, se impedir que o agente tenha o discernimento
necessário para compreender sua própria conduta.

Um bom exemplo é o de um militar que, tendo sido ferido em serviço, na fala de medicamentos adequados
é anestesiado por meio da ingestão de grandes quantidades de bebida alcoólica.

O parágrafo único traz mais uma situação de semi-imputabilidade, a ser aplicável quando o agente, por força
de embriaguez acidental, não estava em sua plena capacidade mas tinha alguma compreensão do fato.
Interessante que aqui não se aplica a regra do art. 73, pois o próprio parágrafo único determina os limites
de redução.

MENORES
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos, revela
suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo
com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até a metade.

Podemos ver que este dispositivo não foi inteiramente recepcionado pela Constituição Federal de 1988. A
regra geral é de que o menor de dezoito anos seja inimputável, mas o CPM abria a possibilidade de o menor
entre dezesseis e dezoito anos poderia ser considerado imputável em razão de perícia médica.

Esta era mais uma manifestação do critério biopsicológico, e a regra era de que haveria diminuição de pena
se houvesse suficiente desenvolvimento psíquico.

EQUIPARAÇÃO A MAIORES
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham atingido essa idade:
a) os militares;
b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados temporariamente desta,
deixam de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento;
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina militares, que já
tenham completado dezessete anos.

Este dispositivo também não foi recepcionado pela Constituição. Não há regra constitucional que
estabeleça a maioridade para os convocados e nem para os alunos das escolas militares.

Apenas uma observação acerca dos estabelecimentos de ensino. As forças armadas mantêm diversas
escolas, entre elas os famosos colégios militares. Há, entretanto, escolas que tem a função específica de
preparar jovens para a carreira militar, a exemplo da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (ESPCex),
Ecola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCar), e o Colégio Naval.

Os alunos dessas escolas não são hoje considerados maiores de idade, exceto quando efetivamente
completarem dezoito anos.
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de dezesseis
inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em
legislação especial.

Esta é a regra geral, segundo a qual os menores infratores estão sujeitos ao Estatuto da Criança e do
Adolescente.
QUESTÕES COMENTADAS

1. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.


Um adolescente com dezessete anos de idade que, convocado ao serviço militar, após ser
incorporado, praticar conduta definida no CPM como crime de insubordinação praticado
contra superior será alcançável pela lei penal militar, a qual adotou, para os menores de
dezoito e maiores de dezesseis anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o
reconhecimento da imputabilidade fica condicionado ao seu desenvolvimento psíquico.

Comentários

É verdade que o CPM adotou o critério biopsicológico no art. 51, mas vimos também que este dispositivo
não foi recepcionado pela Constituição de 1988. Qualquer menor de dezoito anos, independentemente de
ter sido incorporado ao serviço militar, responde por infrações nos termos do Estatuto da Criança e do
Adolescente.

GABARITO: ERRADO

2. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.


A embriaguez patológica recebe o mesmo tratamento que a embriaguez voluntária ou culposa
no CPM, segundo o qual ambas isentam de pena o agente, por não possuir este consciência no
momento da prática do crime.

Comentários

A embriaguez patológica decorre do alcoolismo, e é tratada como doença, podendo levar o agente à
inimputabilidade, nos termos do art. 48 do CPM. Lembre-se de que o art. 49 trata da embriaguez acidental,
decorrente de caso fortuito ou força maior, que exclui a culpabilidade do agente ou o torna semi-imputável.

GABARITO: ERRADO

3. STM - Analista Judiciário - Área Judiciária – 2018 - CESPE


À luz do Código Penal Militar, julgue o item a seguir, no que diz respeito a aplicação da lei penal,
imputabilidade penal, crime e extinção da punibilidade.
Situação hipotética: Um cabo das Forças Armadas escalado para serviço na organização militar
a que servia compareceu e assumiu a incumbência em estado de embriaguez, tendo ingerido,
voluntariamente, grande quantidade de bebida alcoólica momentos antes de se apresentar no
serviço. Todavia, seu estado não foi notado, e, nas primeiras horas da atividade, ao discutir
com um militar que também estava em serviço, disparou sua arma de fogo na direção deste,
matando-o instantaneamente. Assertiva: Nessa situação, será considerado inimputável o cabo,
se ficar comprovado que, naquele momento, sua embriaguez era completa e que ele era
plenamente incapaz de entender o caráter criminoso do fato.

Comentários

Errado! Conforme o art. 49 do CPM, apenas a embriaguez completa e oriunda de caso fortuito ou força
maior torna o agente inimputável.

O enunciado da questão é claro ao indicar que o cabo das Forças Armadas ingeriu voluntariamente grande
quantidade de bebida alcoólica. Sendo assim, era o agente completamente imputável ao tempo da ação
criminosa, devendo ser devidamente responsabilizado por sua conduta.

Em complemento, ressalto que o Código Penal Militar, assim como o Código Penal comum, adotou a teoria
da actio libera in causa (ação livre na causa), segundo a qual não se torna inimputável quem, de modo
voluntário ou culposo, se colocou na posição de incapacidade de entender o caráter ilícito do fato, isto é, na
posição de inconsciência ou de incapacidade autocontrole.

GABARITO: ERRADO
LISTA DE QUESTÕES
1. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
Um adolescente com dezessete anos de idade que, convocado ao serviço militar, após ser
incorporado, praticar conduta definida no CPM como crime de insubordinação praticado
contra superior será alcançável pela lei penal militar, a qual adotou, para os menores de
dezoito e maiores de dezesseis anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o
reconhecimento da imputabilidade fica condicionado ao seu desenvolvimento psíquico.
2. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.
A embriaguez patológica recebe o mesmo tratamento que a embriaguez voluntária ou culposa
no CPM, segundo o qual ambas isentam de pena o agente, por não possuir este consciência no
momento da prática do crime.
3. STM - Analista Judiciário - Área Judiciária – 2018 - CESPE
À luz do Código Penal Militar, julgue o item a seguir, no que diz respeito a aplicação da lei penal,
imputabilidade penal, crime e extinção da punibilidade.
Situação hipotética: Um cabo das Forças Armadas escalado para serviço na organização militar
a que servia compareceu e assumiu a incumbência em estado de embriaguez, tendo ingerido,
voluntariamente, grande quantidade de bebida alcoólica momentos antes de se apresentar no
serviço. Todavia, seu estado não foi notado, e, nas primeiras horas da atividade, ao discutir
com um militar que também estava em serviço, disparou sua arma de fogo na direção deste,
matando-o instantaneamente. Assertiva: Nessa situação, será considerado inimputável o cabo,
se ficar comprovado que, naquele momento, sua embriaguez era completa e que ele era
plenamente incapaz de entender o caráter criminoso do fato.

GABARITO

1. ERRADO 2. ERRADO 3. ERRADO

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