Conceitos de

Psicopatologia
Definição de Psicopatologia: como o conjunto de conhecimentos referentes ao
 Estudo descritivo dos fenômenos psíquicos de cunho adoecimento mental do ser humano. O psicopatológico
anormal, exatamente como se apresentam à não julga moralmente o seu objeto, busca apenas
experiência imediata, de formal independente dos observar, identificar e compreender os diversos
problemas clínicos. Estudando os gestos, o elementos da doença mental. Ela é uma ciência
comportamento e as expressões dos enfermos além de autônoma, e não um mero prolongamento da
relatos e autodescrições feitas pelos mesmos. neurologia ou da psicologia.
Definições de Semiologias:  Limites da psicopatologia: Nunca se pode reduzir,
 Semiologia geral é a ciência dos signos; Semiologia compreender ou explicar o ser humano a conceitos
médica é os estudos dos sintomas e dos sinais das psicopatológicos.
doenças, permitindo aos profissionais da saúde  Forma e conteúdo dos sintomas: Quando se estudam os
identificar alterações físicas e mentais; Semiologia sintomas psicopatológicos, costumam-se enfocar dois
psicopatológica é os estudos dos sinais e sintomas dos aspectos básicos: a forma do sintoma, isto é, sua
transtornos mentais. estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos
Signo: pacientes (alucinação, delírio, etc) e seu conteúdo, ou
 É o elemento nuclear da semiologia; é um tipo de sinal seja, aquilo que preenche a alteração estrutural
especial sempre provido de significação. A Semiologia (conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, etc). Os
médica e a psicopatológica tratam particularmente dos conteúdos estão relacionados aos temas centrais da
signos que indicam a existência de sofrimento mental, existência humana como a sobrevivência, segurança e
transtornos e patologias. a sexualidade.
 Os Signos são de maior interesse para a Ordenação dos fenômenos em psicopatologia:
psicopatologia: Sinais comportamentais objetivos,  O estudo da doença mental inicia-se pela observação
verificáveis pela observação direta do paciente; cuidadosa de suas manifestações. A observação
enquanto os sintomas são vivências subjetivas articula-se dialeticamente com a ordenação dos
relatadas pelos pacientes, suas queixas e narrativas, fenômenos; isto supõe que para observarmos,
aquilo que o sujeito experimenta e, de alguma forma, precisamos produzir definições, classificações,
comunica a alguém. interpretar e ordenar o observando em uma
Definição de psicopatologia e ordenação dos seus determinada perspectiva, segundo uma certa lógica.
fenômenos: Classifica-se três tipos de fenômenos humanos para
 A psicopatologia é um ramo da ciência que trata da a psicopatologia:
natureza essencial da doença mental, suas causas, as 1- Fenômenos semelhantes em todas as pessoas (fome,
mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e sede ou sono, etc.)
suas formas de manifestação. Ela pode ser definida
 2- Fenômenos em parte semelhantes e em partes  Orientação e capacitação profissional: exercício
diferentes: (tristeza, adequado a certas profissões;
depressão)  Prática clínica: avaliação e intervenção clínica;
3- Fenômenos qualitativamente novos, diferentes: Definições de Critérios de Anormalidades:
próprios apenas a certas  Pode-se dizer, de uma maneira geral, que há vários
doenças e estados mentais. critérios de normalidade e anormalidade em
Conceito de Normalidade em Psicopatologia: psicopatologia, e a adoção de um ou de outro depende,
 O que é ser normal? - O Outro, o diferente de mim, entre muitas coisas, das opções filosóficas, ideológicas
minoria? e pragmáticas do profissional.
Sujeito diferente de mim: Menor que eu Os principais critérios utilizados em psicopatologia:
Meu ''Eu'': Maior que o sujeito.  Normalidade como ausência de doença;
Tudo que é considerado estranho é colocado para fora  Normalidade ideal: “sadio”; “evoluído”.
''Abjeto'' - aquilo que precisa ser expelido do ''eu'' para
 Normalidade estatística: norma e frequência;
garantir a normalidade, pois a diferença é tida como
 Normalidade como bem-estar: físico, mental e
algo inferior.
social;
As pessoas idealizam a normalidade e acabam
 Normalidade funcional: não produz sofrimento;
sofrendo por não conseguirem alcança-la.
 Normalidade como processo: visão estática do
 Normalidade: Ausência de doença? O ideal?
desenvolvimento;
Trabalhar, comer e viver?
 Normalidade subjetiva: visão de sua própria saúde;
 Normalidade é um conceito passivo de críticas (que
 Normalidade como liberdade: trânsito entre o
sofre uma ação), de onde ela veio e como se constitui.
mundo do sujeito e seu destino;
Gera invisibilidade, vergonha, medo, insegurança,
 Normalidade operacional;
sofrimento, afirmações generalizadas.
Os principais campos e tipos de psicopatologia.
 Conceito de normalidade em psicopatologia é uma
Psicopatologia Descritiva versus Psicopatologia
questão de grandes controvérsias. É óbvio que quando
Dinâmica
se trata de casos extremos, onde as alterações
 A Psicopatologia Descritiva interessa-se
comportamentais e mentais são de intensidade
fundamentalmente pela forma das alterações psíquicas,
acentuada e de longa duração, o delineamento das
aquilo que caracteriza a vivência patológica como
fronteiras entre o normal e o patológico não é tão
sintoma mais ou menos típico. Já a Psicopatologia
problemático.
Dinâmica interessa-se pelo conteúdo das vivências, os
 Desdobramentos em várias áreas da saúde e doença
movimentos internos dos afetos, desejos e temores do
mental:
indivíduo, sua experiência particular e pessoal, não
 Psiquiatria legal ou forense: implicações legais,
necessariamente classificável em fenômenos
criminais e éticas;
previamente descritos.
 Epidemiologia psiquiátrica: objeto de trabalho e
Psicopatologia médica versus psicopatologia
pesquisa;
existencial.
 Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria: análise do
 A perspectiva médico-naturalista trabalha com uma
comportamento sociocultural;
noção de homem centrada no corpo, no ser biológico
 Planejamento em saúde mental e políticas de saúde:
como espécie natural e universal. O adoecimento é
demandas assistenciais.
considerando, então, um mau funcionamento. Já na
 perspectiva existencial, o doente é visto
principalmente como “existência singular”.
Psicopatologia comportamental-cognitivista versus
psicopatologia psicanalítica
 Na visão comportamental, o homem é visto como um
conjunto de comportamentos observáveis; perspectiva
cognitivista centra atenção sobre as representações
cognitivas conscientes de cada sujeito. Em
contraposição, na visão psicanalítica, o homem é visto
como ser “determinado” por forças, desejos e conflitos
inconscientes.
Psicopatologia biológica versus psicopatologia
sociocultural:
 A psicopatologia biológica enfatiza os aspectos
cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das
doenças e dos sintomas mentais. Já a sociocultural visa
estudar os transtornos mentais como comportamentos
desviantes que surgem a partir de certos fatores
socioculturais.
Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico:
 Podemos identificar duas posições extremas de
diagnóstico: uma que afirma que o diagnóstico não tem
nenhum valor, pois cada pessoa é uma realidade única
e inclassificável. Nesse caso, o diagnóstico teria a
função apenas de rotular as pessoas diferentes,
excêntricas, permitindo o poder médico e o controle
social sobre o indivíduo desadaptado ou questiona
(diagnóstico puro). A segunda diz que o diagnóstico é
imprescindível na avaliação das patologias mentais,
pois observar os aspectos singulares e subjetivos do
indivíduo é muito importante, mas sem um diagnóstico
psicopatológico aprofundado não se pode compreender
adequadamente o paciente e seu sofrimento, nem
escolher o tipo de estratégia terapêutica mais
apropriado.
 Na natureza humana, pode-se distinguir três grupos de
fenômenos em relação à sua possibilidade de
classificação:
 Aspectos e fenômenos que encontramos em todos os
seres humanos: este grupo de fenômenos faz parte de
uma ampla categoria que é demais para a classificação,
sendo pouco útil para a mesma. Fenômenos como: a
privação das horas de sono causa sonolência; a
restrição alimentar, causa fome; ou seja, são
fenômenos notórios, comuns a todos, que não
despertam grande interesse à psicopatologia e são
triviais.
 Aspectos e fenômenos que encontramos em algumas
pessoas, mas não em todas: estes são os fenômenos
de maior interesse para a classificação diagnóstica em
psicopatologia, onde se situam a maior parte dos
sinais, sintomas e transtornos mentais.
 Aspectos e fenômenos que encontramos em apenas
um ser humano em particular: tais fenômenos,
embora de interesse para a compreensão do ser
humano, são restritos demais e de difícil classificação
e agrupamento, tendo maior interesse os seus aspectos
antropológicos, existenciais e estéticos do que
propriamente taxionômicos (classificatórios).
Alguns aspectos particulares apresentados a partir do
ponto de vista clínico:
 Diagnóstico de um transtorno psiquiátrico baseado nos
dados clínicos;
 Diagnóstico psicopatológico baseado em possíveis
mecanismos etiológicos supostos pelo entrevistador;
não existem sinais ou sintomas psicopatológicos
totalmente específicos;
 Diagnóstico psicopatológico apenas com a observação
do curso da doença;
 Diagnóstico psiquiátrico sempre pluridimensional;
Confiabilidade e validade do diagnóstico em
psiquiatria.
Contribuições de algumas áreas do conhecimento à
psicopatologia:
Contribuições das neurociências à psicopatologia
 Visão geral dos sistemas neuronais.
 A riqueza do cérebro humano está basicamente
relacionada a capacidade de receber, armazenar e
elaborar informações, intimamente dependente das
conexões neuronais via sinapses.
 Funções e áreas cerebrais.  Plausibilidade;
 Porção anterior (frontal) do cérebro versus porção  Temporalidade;
posterior do cérebro  Reversibilidade;
 A porção posterior do cérebro contém as áreas  Força da associação;
sensoriais primárias. É a zona que recebe o mundo  Dose-resposta;
(percepção); A porção anterior do cérebro relaciona-se  Consistência;
muito mais intimamente com as atividades dos
 Especificidade;
indivíduos sobre o mundo. Os lobos frontais são
 O problema da verdade em psicopatologia: A
responsáveis pelo planejamento da ação e do futuro,
questão da verdade é fundamental para qualquer
assim como pelo controle dos movimentos.
campo cientifico ou de saber.
Neuropsicologia e psicopatologia.
 A neuropsicologia investiga as relações entre as
funções psicológicas e a atividade cerebrais.
 Sistema Funcional Complexo (SFC): Constituído por
amplas e dinâmica redes neurais.
 Plasticidade Neural: Experiencias negativas e
Transtornos mentais: Tanto o estresse prolongado
como possivelmente as experiências de depressão e
ansiedade graves e duradouras exercem importante
efeito negativo sobre a plasticidade neuronal.
Contribuições da psicologia à psicopatologia.
 Psicopatologia como patologia do psicológico-
patologia vista enquanto um ramo da psicologia geral;
 Psicopatologia como psicologia do patológico;
 Psicopatologia como propedêutica psiquiátrica- Estudo
dos princípios e dos métodos do adoecimento mental,
visando elucidar as bases conceituais da psiquiatria;
 Contribuições da reflexão filosófica à psicopatologia.
 A relação mente-cérebro (espírito-matéria);
 Dualismo paralelista;
 Dualismo epifenomenista;
 Dualismo interacionista;
 Monismo materialista;
 Monismos eliminativo;
 Monismos espiritualista;
 Identidade matéria-espírito;
 Teoria da mente como emergente;
 O problema da causalidade em psicopatologia
(complexidade);