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PSICOPATOLOGIA I

Profª Flávia Monteiro Teodoro


Ementa
• Delimitação do campo teórico da psicopatologia.

• Histórico, evolução, etiologia, semiologia, diagnóstico diferencial dos transtornos


psicológicos e do desenvolvimento da infância e da adolescência.
• Transtornos psicopatológicos: da atenção e memória, da consciência, senso-
percepção. Manifestações psicopatológicas características dos quadros
neuróticos, psicóticos e limítrofes: transtorno de alimentação da primeira infância
e da adolescência, transtorno de tique, transtorno de excreção, transtorno
desafiador de oposição, outros transtornos da infância e da adolescência, fatores
psicológicos que afetam a condição médica, transtorno relacionado a
substâncias.
• Critérios diagnósticos do DSM-IV e da CID-10; os procedimentos, seus alcances e
limites. Exame psicopatológico, identificação e analise de quadros.
• Formulação de hipóteses diagnósticas com verificação de evolução do quadro,
realização de prognóstico e proposição de intervenções terapêuticas.
Referências
Bibliografia Básica
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2008. v. 1.
HOLMES, D. S. Psicologia dos Transtornos Mentais. 2 ed. Porto Alegre: Artmed,
1997.
KAPLAN, H.I., SADOCK, B.J. Compêndio de Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed,
2007.
Bibliografia Complementar
ORGANIZAÇÃO Mundial de Saúde. Manual de Classificação dos Transtornos
Mentais da CID-10. Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Porto Alegre:
Artmed, 1993.
SILVA, Heitor Antonio da. Psicopatologia. Rio de Janeiro: Isbn, 2001.
ASSOCIAÇÂO Americana de psiquiatria. Manual Diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais DSM-5. 5.ed. – Porto Alegre: Artmed, 2014.
INTRODUÇÃO GERAL À
SEMIOLOGIA
PSIQUIÁTRICA.
SEMIOLOGIA
Oque é?
Ciência dos signos que nos permite estudar a vida dos
signos no meio social.
É toda atividade humana que inclui a integração e a
comunicação entre dois interlocutores por meio dos
signos.

A semiologia médica, é o estudo dos sintomas e dos


sinais das doenças. Permite ao profissional de
saúde, identificar alterações físicas e mentais no
individuo.

Semiologia psicopatológica, é o estudo dos sinais e


sintomas dos transtornos mentais.
CHARLES MORRIS 1946
DISCRIMINA TRES CAMPOS DISTINTOS NO INTERIOR DA SEMIOLOGIA.

CAMPOS

semântica pragmática
estudo das relações entre relação entre os signos e
signo e objeto o usuário

sintaxe
regras e leis que regem a
relação entre os signos
SIGNO elementar na semiologia

• É um Tipo de sinal provido de significação

• Febre= sinal de infecção.


SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA

• É o estudo dos sintomas e sinais produzidos


pelos transtornos mentais – gestos, atitudes,
comportamentos não verbais....

• Os sinais de maior interesse na psicopatologia


são os comportamentos ou sinais
comportamentais.
SIGNOS DE MAIOR IMPORTÂNCIA

SINAIS COMPORTAMENTAIS
verificados pela observação direta do
paciente

SINAIS OU VIVÊNCIAS OBJETIVAS


Relatadas pelo paciente – queixas,
narrativas – o que é experimentado
pelo sujeito e comunicado a alguém
• SIGNO
• Elementos básicos nos signos
• SIGNIFICANTE – é o veículo do signo, suporte material, aspecto
sensorial
• SIGNIFICADO – conteúdo do veículo, o que está ausente,
aspecto compreensível.

• A relação da percepção com o entendimento, resulta na


significação.

• Na relação do significado e significante, há


três tipos de signos: O ícone, o indicador e
o símbolo.
O ícone

• O ícone= elemento do signo que irá evocar o


significado. Por ter muita semelhança entre eles.
• Como se o significante fosse uma fotografia entre
eles.

• Exemplo de um esboço de uma casa, Fotografias,


estátuas...
• São signos mais fáceis de serem reconhecidos
• O INDICADOR OU ÍNDICE

A relação do significante e o significado é de continuidade


ou proximidade.
O significante é o índice o indicador o que irá apontar para
o significado.
Ex: Nuvens carregadas= sinal de chuva
Fumaça= sinal de fogo.
Rasgar dinheiro= sinal de loucura.

• SÍMBOLO
• Totalmente diferente do ícone e do indicador.
• é distinto em aparência e sem relação do significante e significado, a
relação existente é convencional e arbitrária (ex. palavra casa e a
imagem casa)
SÍMBOLO

• São mais complexos. Não apresentam semelhança ou


relação de contiguidade, proximidade com a situação
representada.

• Para compreender um símbolo é preciso aprender o que


ele significa. É cultural.

• Ex: logotipos de marcas.


SINTOMA PSICOPATOLOGICO
• São tanto indicadores como símbolos.

• O sintoma como índice ou indicador, indica uma


disfunção em outro ponto ou parte do organismo ou
do aparelho psíquico.

• Porém, aqui a relação do sintoma com a disfunção de


base é, de contiguidade.
• Ex febre, relação de contiguidade com a infecção de
base.

• Ao serem nomeados pelo paciente ou pelo médico,


através do seu meio cultural, eles passam a ser
símbolos linguísticos.
SINTOMA
PSICOPATOLÓGICO
INDICADOR SÍMBOLO
sintomas
nomeados pelo signo linguístico
paciente ou pelo arbitrário que só
médico de acordo pode ser
com seu meio compreendido
cultural naquela cultura
DIVISÕES DA SEMILOGIA
 A semiologia pode ser dividida em duas áreas.

SEMIOTÉCNICA – são técnicas e procedimentos


específicos de observação para coleta de sinais e
sintomas e sua descrição.

Entrevista com o paciente e seus familiares. Coleta de


sinais e sintomas.

Entrevistas adequadas para possível identificação dos


transtornos mentais.

É fundamental a observação minuciosa e atenta do discurso,


da postura, vestimenta etc.
SEMIOGÊNESE
Campo de investigação da origem dos mecanismos,
significados e do valor diagnóstico clínico dos sinais e
sintomas.
Estuda os mecanismos formadores dos sinais e
sintomas em seus mínimos detalhes
(etiofisiopatogenia).

• (propedêutica) – É o conjunto de técnicas utilizadas onde


o médico se orienta para chegar a um diagnóstico. As
técnicas envolvem: informações orais; dados de exame
físico; outros exames norteados pelo volume de
conhecimento coletado.
• No fim todas essas técnicas auxiliarão em um
diagnóstico preciso.
• SEMIOTÉCNICA
técnica da pesquisa dos sinais e sintomas e se
resolve na arte de explorar(coleta dos dados
básicos).

• PROPEDÊUTICA CLÍNICA
Clinicar é estar ao lado do paciente

• SEMIOGÊNESE
estudar os mecanismos formadores dos sinais e sintomas
em seus mínimos detalhes.
SÍNDROMES E ENTIDADES NOSOLÓGICAS
ENTIDADES NOSOLÓGICAS, DOENÇAS OU
TRANSTORNOS ESPECÍFICOS


HISTÓRICO, EVOLUÇÃO DOS TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS

• Pode ser definida como um Conjunto de conhecimentos


referentes ao adoecimento mental do ser humano, um
conhecimento que visa ser cientifico, sem aceitar dogmas ou
verdades absolutas.

• A Psicopatologia estuda o homem em sua enfermidade


mental.
FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS
Existem dois aspectos básicos em relação aos sintomas

FORMA – estrutura básica relativamente semelhante nos


diversos pacientes. – alucinações, delírio, ideia
obsessiva, labilidade afetiva.

CONTEÚDOS – estão relacionados aos temas centrais da


existência humana, constituindo a experiência
psicopatológica. Alterações estruturais de- culpa, religioso,
de perseguição....).

É mais pessoal, historia de vida do individuo. Ex: Júlio.


Temas existenciais que frequentemente se expressam no
conteúdo dos sintomas psicopatológicos

Temas e interesses
O que busca e deseja
centrais para o ser humano

Sexo
Alimentação Sobrevivência e prazer
Conforto físico

Dinheiro
Poder Segurança e controle sobre o outro
prestígio
Temores que frequentemente se expressam no conteúdo dos
sintomas psicopatológicos

Temores centrais do Formas comuns de


ser humano lidar com tais temores

Religião/mundo místico
morte Continuidade através de novas
gerações

Ter uma doença grave


Vias mágicas/medicina/psicologia,
Sofrer dos física ou moral
etc...
Miséria

Elações pessoais significativas


Falta de sentido existencial
Cultura
O estudo dos transtornos mentais, inicia pela
observação cuidadosa de suas manifestações.

Para observar é necessário definir, classificar e


interpretar o observado.
Classicamente,
três tipos FENÔMENOS DISTINGUIDOS NA
PSICOPATOLOGIA.

Classificação, são três tipos de fenômenos que acontecem nos


indivíduos.

• Aqueles que são comuns a


todas as pessoas
• Fome, sede, sexo, medo,
1 FENÔMENOS desejo.....
SEMELHANTES
• Medo, ansiedade prova.
• São experiências semelhantes
a todos.
Classificação, são três tipos de fenômenos que
acontecem nos indivíduos.
Parcialmente semelhante a tristeza normal.

2 • São sintomas comuns, mas


Fenômenos apenas em partes são
em parte parecidos aos de um transtorno
grave, uma patologia. Pode
semelhantes sentir tristeza, mas a
e em parte alteração profunda é
diferentes. parcialmente semelhante.
Classificação, são três tipos de fenômenos que
acontecem nos indivíduos.

• São próprios apenas


3 Fenômenos a certas doenças e
qualitativamente, estados mentais. Ex
diferentes.
psicoses, delírios,
alucinações.
ATIVIDADE
Com base no estudo de caso 21.2 – “O estranho caso da
mulher que queimava dinheiro” ( HOLMES, p.468-469),
faça o que se pede:
1) Avalie os critérios de avaliação da normalidade e da
anormalidade;
2) A semiologia do transtorno mental;
3) Identifique os signos usados para avaliação do caso;
4) Os sintomas psicopatológicos;
5) A semiotécnica e a semiogênese do caso.
Delimitação do campo teórico da psicopatologia
o Conceito de normalidade
Anormalidade
Variações
deve-se considerar
culturais
seguintes critérios:

Em relação ao
A época em que se
comportamento
vive
humano

Anormal – o que Ambiente social –


Normal – o que é
não é Fatores etários permissividade,
compreensível
compreensível tolerância
O conceito de normalidade em psicopatologia
implica a definição do que é saúde e doença
metal.

Na psiquiatria legal ou forense: a anormalidade


pode definir implicações legais, definir o destino
social do individuo.
Critérios para avaliação da normalidade
• Normal
Lei da maioria • Comum, habitual
ou média • Adaptado à realidade

• segurança
Sentimentos • Adaptação
• Iniciativa
subjetivos do • Esperança
indivíduo • confiança de ser capaz de lidar com as
situações da vida

• uso de suas capacidade


Performance do • talento x oportunidades
indivíduo • nível de stress ao realizar suas atividades
• trabalho x lazer
Critérios para avaliação da normalidade

Nível de • Reações apropriadas ao desenvolvimento


cronológico e psicológico
maturidade • Reações regressivas
emocional

• capacidade de tolerar separações e


perdas e de aceitra substitutos;
Capacidade de • capacidade de tolerar regressões e
lidar com afetos indiferenciações entre eu-não eu;
• capacadidade de tolerar a presença de
dissonantes: irracionalidades;
• respostas psicológicas ao estres.
Critérios para avaliação da normalidade
relação com a realidade
como percebe o mundo
externo e como é sua
representação desse mundo?
senso de realidade
despersonalização, irrealidade,
alienação e distúrbios no sentimento do
sintonia do ego tempo, estados hipnóticos,
FUNÇÕES DO sentimentos oceânicos e
EGO cósmicos

teste da realidade
constância da realidade e do capacidade de chegar a
objeto conclusões lógicas a partir
dos fenômenos observados
Critérios de normalidade
• Há vários critérios de normalidade e anormalidade em medicina e em
psicopatologia.

• Apresentam-se em seguida os principais critérios de normalidade


utilizados em psicopatologia.

• Normalidade como ausência de doença.

• Saúde como ausência de sintomas, sinais ou de doenças. Normal


seria o individuo que não apresenta nenhuma doença ou transtorno
mental.

• Tal critério é bastante falho e precário, pois, além de redundante,


baseia-se em uma "definição negativa", ou seja, define-se a
normalidade não por aquilo que ela supostamente é, mas, sim, por
aquilo que ela não é, pelo que lhe falta.
NORMALIDADE IDEAL
• a) Tomada como certa utopia.
• Vem a ser o que se imagina como sendo perfeito e ideal.

• b) Estabelece uma norma ideal, o que é supostamente


“sadio”, mais “evoluído.

• c) Socialmente constituída e referendada, por critérios


socioculturais e ideológicos, às vezes, doutrinários e
religiosos.
Normalidade estatística
•É um conceito de normalidade que se aplica
especialmente a fenômenos quantitativos, com
determinada distribuição estatística na população
geral (como peso, altura, tensão arterial, horas de sono,
quantidade de sintomas ansiosos, etc.).

• O normal passa a ser aquilo que se observa com mais


frequência. Os indivíduos que se situam,
estatisticamente, fora (ou no extremo) de uma curva de
distribuição normal, passam, por exemplo, a ser
considerados anormais ou doentes.
Normalidade estatística

• É um critério muitas vezes falho em saúde geral e mental,


pois nem tudo que é frequente é necessariamente
"saudável", assim como nem tudo que é raro ou
infrequente é patológico.
Normalidade como bem-estar
Em 1958, a Organização Mundial da Saúde definiu
a saúde como o completo bem-estar físico, mental
e social, e não simplesmente como ausência de
doença.

É um conceito criticável por ser muito vasto e


impreciso, pois bem-estar é algo difícil de se definir
objetivamente. Além disso, este completo bem-
estar físico, mental e social é tão utópico que
poucas pessoas se encaixariam na categoria
"saudáveis".
Normalidade funcional

• fenômeno é considerado patológico a partir do momento


em que é disfuncional, provoca sofrimento para o próprio
indivíduo ou para seu grupo social.
Normalidade como processo
• Neste caso, consideram-se os aspectos dinâmicos do
desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e
reestruturações ao longo do tempo, de crises, de
mudanças próprias a certos períodos etários.

• Este conceito é particularmente útil em psiquiatria infantil


e de adolescentes, assim como em psiquiatria geriátrica.
Normalidade subjetiva
• ênfase na percepção subjetiva do próprio indivíduo em
relação ao seu estado de saúde, às suas vivências
subjetivas.

• O ponto falho deste critério é que muitos indivíduos que


se sentem bem, "muito saudáveis e felizes", como no
caso de pessoas em fase maníaca, apresentam de fato
um transtorno mental grave.
Normalidade como liberdade
a) Autores de orientação existencial propõem conceituar
a doença mental como perda da liberdade existencial.

b) A doença mental é constrangimento do ser.

c) Saúde seriam as possibilidades de transitar com graus


distintos de liberdade sobre o mundo.
Normalidade operacional

• É um critério assumidamente arbitrário, com finalidades


pragmáticas explícitas.

• Busca Definir o que é normal e o que é patológico e busca-se


trabalhar operacionalmente com tais conceitos, aceitando-
se as consequências de tal definição prévia.

• Define-se o que é normal e patológico e opera-se de acordo


com estas definições.

• visa encontrar a melhor forma de tomar decisões acertadas,


que permitam alcançar os melhores resultados.
• Opções filosóficas do profissional.
• Diante dessa variedade de critérios de normalidade e de
doença em psicopatologia o profissional deve ter
permanentemente uma postura crítica e reflexiva.

• Que áreas da saúde mental estão relacionadas com e


implicadas no conceito de normalidade em
psicopatologia?

• Portanto, de modo geral, pode-se concluir que os critérios


de normalidade e de doença em psicopatologia variam
consideravelmente em função dos fenômenos específicos
com os quais trabalhamos e, também, de acordo com as
opções filosóficas do profissional.
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO DOS TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS

ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA

DEMONOLOGIA
graça ou castigo castigo divino ou
CRENÇAS
divino possessão
demoníaca

práticas
TRTAMENTO Persuasão
religiosas
DRENAGEM
DO
EXCESSO DE
LÍQUIDO
ALTERAÇÃO EXERCÍCIO
DA DIETA
HIPÓCRATES
Humores responsáveis
pelo trastorno
Bile negra, bile
amarela, fleuma,
sangue

MUDANÇA
INGESTÃO DO ESTILO
ÁLCOOL DE VIDA
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO DOS TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS

SÉCULO XVI renascimento –


RETORNO A DEMONOLOGIA
de 500 a 1500 d.c. introdução ao cuidado
humanista

O comportamento dos
doentes mentais era Em 1610 essa prática foi
CRENÇAS descrito em um manual proibida por lei diminuindo
como possuídos pelo a perseguição as pessoas
com transtornos mentais.
demônio e comparados
as bruxas.

Expulsavam-se os demônios Pessoas com transntorno


com a morte ou queimando- mental necessitavam de
TRTAMENTO se em fogueiras como atendimento e não de
exorcismo ou condenação.
forma de proteção as (Pinel, Dix, Tuke, Rush)
outras pessoas.
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO DOS TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS

SÉCULO XV E XVI
SÉCULO XVIII
renascimento

sofrimento mental é
doença tem início a
busca da localização
CRENÇAS observação
orgânica da doença
sistemática (Pinel,
Esquirol)

Tem início hipnotismo e


Paracelsus fluído a crença na relação
TRTAMENTO magnético Mesmer médico- paciente
magnetismo animal (Braid, Charcot,
Babinsk...)
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO DOS TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS

SÉCULO XIX
• Elaboração da primeira nosologia clínico-etiológica das
psicoses.
• Predomínio da Escola Alemã de Psiquiatria.
CONCEPÇÃO • Conceito de psicose: Viena, 1844.
• Edmund Husserl (1859-1938) desenvolve um método
filosófico novo: a Fenomenologia, que se caracteriza
pela realização de uma série de “reduções”
fenomenológicas que descrevem os traços essenciais,
as intenções, da consciência concebidas como
universais e necessárias. Seu maior expoente na
Psiquiatria: Karl Jaspers.
[nosologia – ciência que trata da classificação das doenças]
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO DOS TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS
século XIX
CRENÇAS Demência precoce
Psicoses Endógenas
Psicose maníaco-depressiva
(funcionais)
Emil Kraepelin Paranóia
(1856-1926) Psicoses Exógenas
Psicoses Orgânicas

 Pierre Marie Felix Janet (Paris, 1859-1947) presença de


idéias fixas na origem da histeria, as quais provocariam uma
MÉTODOS restrição ou uma dissociação da consciência.
 Josef Breuer (Viena, 1842-1925) presença de reminiscências
na origem da histeria levando a uma dissociação da consciência
Os principais campos e tipos de
psicopatologia.

Umas das principais características da psicopatologia, como


campo de conhecimento, é a multiplicidade de abordagens e
referencias teóricas.

A psicopatologia é por natureza um campo que requer muitos


debates e estudos.

Os conflitos entre as teorias é uma necessidade e não uma


debilidade.

A seguir será apresentado as principais correntes da


psicopatologia.
Psicopatologia descritiva X Dinâmica.
DESCRITIVA
Importância: Os sintomas, as formas, as alterações...
FORMA – estrutura básica relativamente semelhante nos
diversos pacientes. – alucinações, delírio, ideia obsessiva,
labilidade afetiva.

Já a Dinâmica: Foco no conteúdo.

CONTEÚDOS – estão relacionados aos temas centrais da


existência humana, constituindo a experiência psicopatológica
alterações estruturais de- culpa, religioso, de perseguição....)
Desejos, temores, experiência particular...
DINAMICA

A Psiquiatria Dinâmica define-se como sendo uma


abordagem de diagnóstico e tratamento caracterizada por
um modo de pensar sobre o paciente e clínico, que inclui o
conflito inconsciente, déficits e distorções de estruturas
intrapsíquicas e relações objetais internas.
MÉDICA X EXISTENCIAL
PAREI AQUI
A perspectiva médica, trabalha com foco no
funcionamento biológico, mau funcionamento do cérebro,
uma disfunção em alguma parte do funcionamento.

Existencial: Vê as psicopatologias como modo


particular de existência, como a forma que se constrói
no mundo.
COMPORTAMENTAL COGNITIVISTA
X
PSICANÁLISE

COMPORTAMENTAL: o homem é visto como um conjunto


de comportamentos observáveis que são regulados por
estímulos.

COGNITIVA ASSOCIADA: Representações cognitivas


de cada individuo.
PSICANALISE

• Homem é dominado por instintos, desejos, conflitos


inconscientes que geram sintomas, patologias.

• As psicopatologias são representações de conflitos


inconscientes, desejos que não são realizados, temores
aos quais o sujeito não tem acesso.
Psicopatologia categorial versus
Psicopatologia dimensional

• As entidades nosológicas ou transtornos


mentais específicos podem ser
compreendidos como entidades
completamente individualizáveis, com
contornos e fronteiras bem demarcados. As
categorias diagnósticas seriam “espécies
únicas”, tal qual espécies biológicas, cuja
identificação precisa seria uma das tarefas da
psicopatologia.
Em contraposição a essa visão
“categorial”, a visão “dimensional”

Haveria, então, dimensões como, por


exemplo, o esquizofrênico, que incluiria
desde formas muito graves, ate formas
menos deteriorantes de esquizofrenia,
formas com sintomas afetivos, chegando
até o polo de transtornos afetivos,
incluindo formas com sintomas psicóticos
até formas puras de depressão e mania.
Psicopatologia biológica versus
Psicopatologia sociocultural

A psicopatologia biológica enfatiza os aspectos


cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das
doenças e sintomas transtornos mentais.

A base de todo transtorno mental são alterações


de mecanismos neurais e de determinadas áreas
e circuitos cerebrais. Doenças mentais são (de
fato) doenças cerebrais.
Em contraposição, a perspectiva sociocultural
pretende estudar os transtornos mentais como
comportamentos desviantes que surgem a partir de
determinados fatores socioculturais, como a
discriminação, a pobreza, a migração, o estresse
ocupacional, a desmoralização sociofamiliar e outros.

Os sintomas e síndromes devem ser estudados,


segundo tal perspectiva, no seu contexto
eminentemente sociocultural, simbólico e histórico. É
nesse contexto de normas, valores e símbolos
culturalmente construídos que os sintomas recebem
seu significado e, portanto, poderiam ser precisamente
estudados e tratados.
Psicopatologia operacional-pragmática
versus Psicopatologia fundamental
Na visão operacional-pragmática, as definições básicas
dos transtornos mentais e dos sintomas são formuladas e
tomadas de modo arbitrário, não acompanha nem depende
de regras ou normas.

Não se questiona a natureza da doença ou do sintoma ou


os fundamentos filosóficos ou antropológicos de
determinada definição.

É o modelo adotado pelas modernas classificações de


transtornos mentais: o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais 4ª edição (DSM-IV), da Associação
Americana de Psiquiatria e a Classificação Internacional de
Doenças, versão número 10 (CID-10), da OMS.
O projeto de psicopatologia fundamental,
proposto pelo psicanalista francês Pierre Fedida,
objetiva centrar a atenção da pesquisa
psicopatológica sobre os fundamentos de cada
conceito psicopatológico. Além disso, tal
psicopatologia enfatiza a noção de doença mental
enquanto pathos, que significa sofrimento, paixão e
passividade.

Sendo a catástrofe um constituinte do ser humano,


inclui-se aí a questão da dor e a do sofrimento.
PRINCÍPIOS GERAIS DO
DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO
Discute-se muito sobre o valor e os limites do diagnóstico
psiquiátrico. Pode se identificar, inclusive, duas
posições extremas.

A primeira afirma que o diagnostico em psiquiatria não


tem valor algum, pois cada pessoa é uma realidade única
e inclassificável. O diagnostico psiquiátrico só serviria para
rotular as pessoas diferentes, excêntricas, permitindo e
legitimando o poder médico, o controle social sobre o
individuo desadaptado ou questionador.
A segunda, em defesa do diagnostico
psiquiátrico, sustenta que o valor e o lugar do
diagnostico em psiquiatria são absolutamente
são absolutamente semelhantes ao valor e ao
lugar do diagnostico nas outras especialidades
médicas. O diagnostico, nessa visão é o
elemento principal e mais importante da pratica
psiquiátrica.
A posição deste autor é a de que apesar de
ser absolutamente imprescindível
considerar os aspectos pessoais, singulares
de cada individuo, sem um diagnostico
psicopatológico aprofundado não se pode
nem compreender adequadamente o
paciente e seu sofrimento nem escolher o
tipo de estratégia terapêutica mais
apropriada.
Há, no processo diagnóstico uma relação
dialética permanente entre o particular,
individual (aquele paciente especifico, aquela
pessoa em especial) e o geral, universal
(categoria diagnóstica á qual essa pessoa
pertence).
Podem-se distinguir três grupos de fenômenos em relação
a possibilidade de classificação:

1. Aspectos e fenômenos encontrados em todos os seres


humanos.
ramo da Biologia e da Botânica que cuida
de descrever, identificar e CLASSIFICAR os seres vivos,
animais e vegetais.

2. Aspectos e fenômenos encontrados em algumas pessoas,


mas não em todas.

3. Aspectos e fenômenos encontrados em apenas um ser


humano em particular
1- Aspectos e fenômenos encontrados em todos os seres
humanos. Todos sentem sono, (privados de dormir), fome, etc.

2. Aspectos e fenômenos encontrados em algumas pessoas,


mas não em todas.
Sintomas de transtornos mentais.

3. Aspectos e fenômenos encontrados em apenas um ser


humano em particular.
São restritos demais e de difícil classificação e agrupamento,
tendo maior interesse os seus aspectos antropológicos,
existenciais e estéticos que propriamente taxonômicos.
A AVALIAÇÃO DO PACIENTE EM
PSICOPATOLOGIA
• Avaliação em psicopatologia é feita principalmente por
meio da entrevista.

• Não ser simplesmente perguntar.

• A entrevista e a observação são fundamentais em


psicopatologia.
• A entrevista psicopatológica permite a realização dos dois
principais aspectos da avaliação:

O exame psíquico
A Anamnese (Exame do estado
mental)
ANAMNESE

• VER NO QUADRO 8.5

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