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DOI: 10.1590/1413-81232021269.2.

04452020 3743

Osteopatia na atenção primária à saúde: resultados parciais de

POLÍTICA DE SAÚDE, IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS HEALTH POLICY, IMPLEMENTATION OF PRACTICES


uma experiência de educação permanente e alguns efeitos iniciais

Osteopathy in primary health care: partial results of continuing


education experience and some initial outcomes

Leonardo Mozzaquatro Schneider (https://orcid.org/0000-0003-3743-0365) 1


Charles Dalcanalle Tesser (http://orcid.org/0000-0003-0650-8289) 1

Abstract This paper presents partial results of Resumo Este artigo apresenta resultados parciais
a research-intervention, through training of PHC de uma pesquisa-intervenção, por meio de capaci-
work teams. Initial consultation was made in a tação, relativas à socialização de saberes/técnicas
group by HC professionals, and the osteopath then da abordagem osteopática para profissionais da
performed the consultation. The socialization and Atenção Primária à Saúde (APS), na sua con-
training of practical knowledge and techniques of frontação com os processos de trabalho e cuidado
the osteopathic approach was done between con- na APS, conforme a lógica da educação perma-
sultations. Multiprofessional teams from three nente em saúde. Participaram das capacitações,
health centers from Florianópolis, southern Bra- equipes multiprofissionais de três centros de saúde
zil, participated in the training, and the process de Florianópolis, região sul do Brasil, sendo o pro-
was audio and videorecorded, along with a final cesso registrado em áudio e vídeo e acrescido de
interview. Data was analyzed using the Grounded uma entrevista final. A análise dos dados foi feita
Theory. Apprehending the osteopathic knowledge por meio da Grounded Theory. A aprendizagem
was a triggering tool for reflective processes about de saberes osteopáticos mostrou-se como instru-
care. Faced with the efficiency and resolution of mento disparador de processos reflexivos acerca
this approach in practice, participants showed a do cuidado. Confrontados com a eficácia e resolu-
willingness to transform their acts of care of pa- bilidade percebidas desta abordagem na prática,
tients and also their self-care. The professionals os participantes demonstraram disposição para
argue that the common understanding about transformar seus atos de cuidado consigo mesmo
self-regulating mechanisms and the inclusion of e dentro do seu processo de trabalho. Segundo os
the tissue mobility in their anamnesis, including profissionais, o entendimento comum sobre os me-
the stimulation of endogenous mechanisms, con- canismos de autorregulação e a inclusão do estudo
tributed to less protocol-based care, more appro- da mobilidade tecidual em sua anamnese contri-
priate care for each case, better multidisciplinary buíram para o trabalho em equipe envolvendo um
1
Programa de Pós- team work, the rational use of additional tests, cuidado menos protocolar, mais adequado à cada
Graduação em Saúde medication, and surgical procedures. caso, que inclui o estímulo de mecanismos endó-
Coletiva, Universidade Key words Osteopathic medicine, Medicaliza- genos, o uso racional de exames complementares,
Federal de Santa Catarina.
R. Eng. Agronômico tion, Primary Health Care, Physical therapy medicação e procedimentos cirúrgicos.
Andrei Cristian Ferreira Palavras chave Osteopatia, Medicalização, Aten-
s/n, Trindade. 88040-900 ção Primária à Saúde, Fisioterapia
Florianópolis SC Brasil.
leonardomozza@gmail.com
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Schneider LM, Tesser CD

Introdução Percurso metodológico

A osteopatia/medicina osteopática é um estilo A pesquisa-intervenção foi pactuada com a Se-


clínico peculiar que pode ser definido como um cretaria Municipal de Saúde (SMS) de Florianó-
sistema de cuidados à saúde centrado na pessoa, polis, incluindo sua Comissão de Práticas Inte-
que inclui um senso altamente desenvolvido do grativas e Complementares (CPIC), a gestão de
toque como um componente significativo para atenção básica municipal e os coordenadores e
estabelecimento de diagnóstico e conduta te- equipes de três de seus Centros de Saúde (CS).
rapêutica. Nela, se considera necessário um en- Ela foi precedida por 4 meses de exploração do
tendimento avançado da relação entre estrutura campo do cuidado clínico na APS, em que um
e função corporal e é aplicada para otimizar as pesquisador acompanhou e realizou atendimen-
capacidades de autorregulação, visando a home- tos compartilhados com uma equipe de saúde da
ostase dos indivíduos por meio de mecanismos família uma manhã por semana, objetivando co-
endógenos1. nhecer as principais demandas, tipos de proble-
No Brasil, a osteopatia foi reconhecida como mas e respectivas abordagens ali utilizadas. Esta
ocupação pelo Ministério do Trabalho em 2013, foi a base para a proposição e negociação multi-
em 2011 tornou-se especialidade da fisioterapia2 e lateral de capacitações em osteopatia voltadas aos
no ano de 2015 iniciou-se a tramitação do proje- profissionais da Saúde da Família.
to de Lei PL2778/2015 na câmara dos deputados, As capacitações se organizaram segundo pre-
que reconhece a osteopatia como ramo específico ceitos da EPS, principalmente no que concerne
da saúde e regulamenta a profissão de osteopa- a: lidar com a imprevisibilidade do campo; con-
ta. No Sistema Único de Saúde (SUS), foi inclu- siderar os interesses e desejos dos participantes;
ída como Prática Integrativa e Complementar procurar a inserção na realidade cotidiana e pro-
(PIC) em 2017, havendo um incentivo para sua fissional dos mesmos; aproximar a aprendizagem
inserção na atenção primária à saúde (APS)3. A da transformação participativa dos contextos
Política Nacional de Práticas Integrativas e Com- estudados e lidar com a resolução de problemas
plementares (PNPIC)4 enfatiza a necessidade de práticos4.
se transformar o modelo de cuidado no sentido Foram realizadas duas ondas de capacitação
da integralidade e humanização do cuidado, em com carga horária de 32h, divididas em 8 en-
caráter multiprofissional e em conformidade contros semanais cada uma. Participaram delas
com os princípios e diretrizes estabelecidos para 35 profissionais de equipes de saúde da família
Educação Permanente em Saúde (EPS)5, que di- e núcleos de apoio a saúde da família (NASF),
reciona esforços de aprendizagem para dentro do incluindo 3 médicos, 7 enfermeiros, 5 fisiotera-
processo de trabalho. peutas, 1 psicólogo, 1 técnico de enfermagem,
A adequação da osteopatia à Atenção Primá- 10 agentes comunitários, 3 educadores físicos e
ria à Saúde (APS) não é nova e está amplamen- alguns residentes e acadêmicos de medicina. Par-
te fundamentada na sua história fora do Brasil6, ticiparam também 21 usuários dos CS, que fo-
porém, é ainda pouco explorada neste nível de ram atendidos ao longo do processo. A pesquisa
atenção no Brasil. Este artigo deriva da pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa
de doutorado em saúde coletiva que envolveu a com seres humanos e ocorreu dentro do horário
construção participativa de uma experiência de de trabalho dos profissionais. Foram utilizados
capacitação na lógica da educação permanen- pseudônimos para manter a identidade em sigilo.
te em osteopatia para/com profissionais da APS As capacitações procuraram ao máximo
do município de Florianópolis7. O objetivo deste aproximar a teoria da prática, através de ciclos de
artigo é apresentar e discutir resultados do pro- ação-reflexão-ação inseridos no processo de tra-
cesso de pesquisa-intervenção, por meio de capa- balho. Cada turno de capacitação (4h) teve sua
citação, relativas à socialização/ensino de aspec- dinâmica organizada em vivências da seguinte
tos dos saberes/técnicas/abordagens osteopáticas maneira: o grupo elencava casos clínicos (entre
para/com profissionais da saúde da família, na seus membros ou de usuários dos CS), havia uma
sua confrontação com os processos de trabalho consulta inicial realizada em grupo pelos profis-
e cuidado na APS, conforme a lógica da EPS, na sionais do CS e em seguida a consulta era realiza-
perspectiva dos profissionais envolvidos. da pelo osteopata.
Ao longo dos atendimentos, os profissionais
tinham liberdade e estímulo para realizarem
questionamentos segundo suas necessidades e
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dúvidas. O osteopata/pesquisador, ao longo dos análise do material foi orientada pela Grounded
atendimentos, mantinha sua atenção no pacien- Theory9, por permitir explorar a diversidade dos
te e na possibilidade de socializar conhecimen- dados de forma criativa, abrangente e interativa.
tos, reservando um segundo momento para Esta metodologia nos instrumentalizou a partir
possibilitar aos profissionais que vivenciassem dos achados empíricos para buscar conceitos
em si, as técnicas utilizadas no caso atendido. A e referências teóricas e não o contrário. Os da-
partir disto, surgiam espontaneamente assuntos dos foram transcritos, agrupados, categorizados,
e diálogos entre os participantes. Estes, foram comparados entre si, interpretados e discutidos
organizados por meio de dinâmicas reflexivas e com autores capazes de aprofundar e fortalecer
posteriormente sintetizados em mapas mentais as relações entre as categorias temáticas9.
(organizando graficamente um conjunto de pa-
lavras-chave)8 e as conversas foram registradas
em materiais audiovisuais. Resultados e discussão
As dinâmicas reflexivas envolviam a constru-
ção de perguntas disparadoras conduzidas pelo As categorias iniciais emergentes do processo de
pesquisador. Para a construção das perguntas nossa pesquisa/intervenção remetem aos seguin-
disparadoras o pesquisador revisitou sistemati- tes contextos: processo de trabalho; relações de
camente as anotações e gravações do encontro cuidado consigo e com o outro; crenças e pressu-
anterior, atento as narrativas que indicassem postos dos participantes sobre saúde; aprendiza-
estranhamentos, lacunas ou tensionamentos do gem em saúde; e modelo de atenção compartilha-
grupo frente aquilo que estava sendo vivenciado. do pelos profissionais do serviço. Ao analisarmos
As perguntas procuravam iluminar as situações e trabalharmos estas categorias iniciais, por meio
ainda não compreendidas pelos mesmos, per- das dinâmicas reflexivas nas capacitações, foram
mitindo que o grupo se expressasse em relação produzidos mais materiais que em análise final
àquilo que ainda não parecia muito bem estabe- geraram os tópicos que fazem parte de nossos
lecido, organizado ou até aceitável do seu ponto resultados.
de vista. Houve um esforço consciente por parte
do pesquisador em aproximar a intervenção ao Daquilo que se mostrou socializável da
dia a dia, seja por meio da experiência do próprio osteopatia para profissionais da APS
corpo dos participantes, suas queixas e seu uso
diário ou aproximando-se das situações reais nas Os conteúdos que foram socializados são
consultas compartilhadas dentro do serviço. Ou- apresentados como parte de nossos resultados e
tro esforço metodológico foi deixar ao máximo a não como parte do método, pois, a triagem das
teorização a cargo dos participantes e suas inter- abordagens passiveis de socialização se deu no ca-
pretações de tal forma que criassem vocabulários lor das intervenções. Tornou-se mais importante
próprios acerca das técnicas e daquilo que fora instrumentalizar uma atitude investigativa acerca
vivenciado. do movimento e das capacidades de auto-regula-
Encerrados os encontros de capacitação, to- ção (aspectos subdesenvolvidos no saber biomé-
dos os materiais produzidos foram revisitados dico), estabelecendo critérios simplificados para
seguindo a ordem cronológica em que foram fei- sua eleição (abaixo sintetizados), do que nomear
tos. Depois foi realizada uma rodada de entrevis- uma série de técnicas específicas para cada seg-
tas visando captar os significados e sentidos atri- mento corporal. Esta atitude incluiu alguns crité-
buídos pelos participantes a sua experiência na rios presentes na racionalidade osteopática e que
capacitação e em sua prática diária. O roteiro da pareceram não estar presentes no estilo clínico
entrevista continha perguntas de caráter amplo utilizado pelos profissionais dos serviços.
e aberto no intuito de não influir nas respostas Três principais critérios se mostraram re-
mas sim de situar os profissionais frente à capa- levantes de serem socializados: 1) avaliação da
citação (no passado: o que foi a capacitação para mobilidade dos tecidos, explorando palpatoria-
você?; presente: você percebe alguma mudança na mente os tecidos mais tensos e os principais eixos
sua relação com a saúde?; e futuro: qual o impac- de movimento partindo da flexão e extensão das
to da capacitação para o serviço se prosseguirmos articulações; 2) observação e avaliação da relação
com ela?). As entrevistas ocorreram em sequência do organismo como um todo e com suas partes,
por conveniência (facilidade de encontro, agen- percebendo possíveis relações anatômicas, prin-
damento e realização) até ser percebida a satu- cipalmente no que se refere a vascularização e
ração dos dados, sendo 20 os entrevistados. A inervação, partindo da coluna vertebral para os
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membros, bem como considerando como os as- entre os profissionais, a partir da eficácia da clí-
pectos emocionais e sociais podem ter relação nica produzida10,11:
com as tensões encontradas; 3) observação da O que eu pude observar foi uma resolução mui-
relação entre a função (incluindo o movimento to grande nos casos de dores crônicas e não crônicas
realizado nas atividades laborais, de lazer e con- que a gente atendeu, com uma melhora bem sig-
vívio) e os sinais e sintomas, questionando sobre nificativa... isso foi o que me marcou bastante no
onde (contexto) e quando(tempo) o problema se curso. (Pedro, enfermeiro).
manifesta, quais os movimentos que agravam e Na tipologia desenvolvida por Merhy12, que
quais trazem conforto7. compreende as densidades tecnológicas no cam-
po da saúde, a osteopatia parece se enquadrar em
Para além do prognóstico biomédico: um espaço até então pouco habitado ou reconhe-
o resgate da curiosidade clínica cido, uma espécie de lacuna entre as tecnologias
e a surpresa da eficácia dos mecanismos ditas leves-duras, (que incluem os saberes clíni-
de autorregulação cos estruturados, envolvendo a eficácia clínica, a
semiologia, a fisiologia e a anatomia, aplicados
A questão da avaliação clínica para além do no cuidado) e as tecnologias leves (questões re-
modelo biomédico foi levantada por boa parte lacionais, como o acolhimento e o estabeleci-
dos profissionais após a capacitação: mento de vínculos e parcerias entre profissionais
Eu pude aprofundar essa parte investigativa... e destes com usuários). Isso porque, embora a
do porque, dessa linha histórica, de tentar entender osteopatia se apresente com uma boa quantida-
quando ela surgiu e como. Não só do ponto de vista de de saberes relacionados à clínica dita “dura”,
mecanicista, biomecânico, mas considerar todo o incluindo saberes fisiológicos e epidemiológicos
contexto social de vida do paciente... (Caio, edu- comuns à biomedicina, por outro lado possui
cador físico). todo um grande componente de trabalho vivo em
A aprendizagem da osteopatia se mostrou um ato que busca criar relações que integrem as in-
dispositivo capaz de gerar processos reflexivos formações duras e leves-duras com as sensações e
acerca da clínica, da importância de se testar as referenciais do próprio indivíduo, aproximando-
hipóteses diagnósticas e de verificar se a visão de se de sua singularidade e facilitando o resgate de
futuro construída para cada caso (prognóstico) uma maior autonomia frente à seu corpo e suas
converge ou diverge de sua evolução. Isto pois, questões de saúde.
no momento em que os profissionais reavaliaram
os prognósticos por eles esperados na primeira Da ampliação do olhar clínico
consulta e confrontaram com a evolução após a ao trabalho em equipe
abordagem osteopática, observaram a eficácia ou
ineficácia do modelo clínico que utilizam diaria- Para os profissionais, a socialização do saber
mente no seu processo de trabalho. osteopático em um contexto multiprofissional
A osteopatia apresenta evidências de sua efi- incluiu a valorização de diferentes olhares, a am-
cácia em diversas patologias (lombalgias, cefa- pliação da clínica na prática e o fortalecimento
leias, refluxo em bebês, por exemplo), todavia boa do trabalho em equipe. Ao atuarmos, via educa-
parte dos estudos carecem de ainda de padrão de ção permanente, na aprendizagem de diferentes
qualidade metodológica7,10. As manipulações têm profissionais, fortalecemos as possibilidades da
o objetivo de restabelecer a mobilidade dos teci- transformação do processo de trabalho a partir
dos corporais. Seus mecanismos são complexos do consenso sobre a inclusão de novas estratégias
e, por isso, coexistem modelos explicativos (bio- de cuidado:
mecânico, vascular, neurológico, biopsicossocial Não foi como um livro que tu pega uma linha
e bionergético)1,7. e vai lendo, mais de uma forma que todo mundo
Em nosso estudo os relatos de melhora e consegue entender e trabalhar junto (Fabiane,
eficácia durante a capacitação foram fortalece- ACS).
dores da confiança do grupo na aprendizagem A transformação necessária dos serviços de
e na capacidade inerente de autocura do corpo. saúde, no sentido do fortalecimento do trabalho
Para a educação permanente, a transformação em equipe centrado na pessoa, por meio de for-
não envolve apenas a pedagogia e os processos de mação interdisciplinar, é bastante reconhecida13.
ensino e aprendizagem, mas também uma incor- Para Merhy et al.14, o acompanhamento e discus-
poração crítica de saberes/técnicas, padrões de são coletiva de casos clínicos é um dispositivo
escuta, relações estabelecidas com os usuários e potente para identificar a complexidade dos pro-
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blemas, tornando necessário articular diferentes crenças geralmente ganham força na relação
saberes e recursos na produção de projetos tera- clínica por meio de recomendações de repouso
pêuticos. Quando desafiados pela complexidade prolongado e retirada irracional de atividades
das situações, ampliam-se as possibilidades de físicas, sendo respaldadas em diagnósticos de
os trabalhadores se mobilizarem a produzir uma patologias, legitimados ou não por exames com-
equipe para um melhor cuidado, pois nessas situ- plementares e indicações de estratégias terapêu-
ações é que vale a pena o esforço da articulação e ticas vitalícias17,18. Este processo gera atrasos ou
da interdisciplinaridade14. impede a recuperação, além de gerar aumento
pela procura dos serviços de saúde convencionais
Abrindo os olhos para o fenômeno e não convencionais, maior consumo de medi-
da catastrofização camentos e maior realização de cirurgias desne-
cessárias18. Isso por vezes é induzido por saberes
Os profissionais perceberam ao longo do biomédicos estabelecidos, relativos à cronificação
processo, o quanto o exercício da abordagem bio- de doenças ou situações para as quais não se tem
médica pode gerar interpretações equivocadas, cura (segundo o modelo dominante) e sublimi-
associadas a narrativas sobre prognóstico catas- narmente há um implícito (inscrito no saber e
trófico e tendo como consequência a diminuição na cultura profissional) de evolução para pior,
das atividades do paciente, medo do movimento sobretudo quando há diagnósticos de lesões ou
e consequente piora no quadro como um todo: doenças crônicas tecnicamente confirmados por
A gente percebeu a importância de observar exames complementares.
como a gente fala... porque se a gente não expli-
ca ele vai passar a vida toda sem fazer mais nada Quantidade X qualidade dentro do serviço
(Fernanda, fisioterapeuta).
A capacitação em muitos momentos con- Um importante obstáculo à mudança das
frontou os participantes com os fenômenos as- práticas de cuidado foi a rígida organização do
sociados da cinesiofobia e catastrofização. Estes processo do trabalho em relação ao tempo e a
são conceitos comuns na osteopatia mas pouco demanda. Esse fato, por um lado, aponta para
discutidos na saúde coletiva, na biomedicina e na um achado recorrente na literatura relativo ao
APS, e podem ser observados como uma faceta subdimensionamento da APS e a sobrecarga da
da biomedicalização da vida15. O fenômeno da demanda19. Por outro lado, indica que modelos
catastrofização pode ser caracterizada por ge- de aprendizagem permanente devem ter con-
ração ou reforço de antecipação ou expectativa tinuidade por se tratar de espaços de encontro
de desfechos negativos por parte dos pacientes. acerca de temas que não se encerram, por serem
Já a cinesiofobia é definida como medo de mo- inerentes ao trabalho e necessitarem ciclos de ex-
vimentar-se. Eles têm relação coma qualidade perimentação/reflexão/ação para alcançarem as
da interação profissional-usuário e são relativos devidas negociações nas agendas visando as mu-
às expectativas de melhora ou piora do quadro danças necessárias:
do paciente. A conduta clínica e a qualidade da [...] aqui no Centro de Saúde, para a gente fa-
relação profissional/usuário, incluindo a comu- zer o que aprendeu no curso, eu precisaria de mais
nicação verbal e não verbal, podem reforçar cren- de 10 min de consulta. Pensando que a minha
ças limitantes, aumentar a dor, gerar ansiedade e agenda é de 10 a 15 min e que é alta a demanda....
estresse16,17: pra gente é muito mais fácil dar a receita com os
Para nós foi uma surpresa... o médico falou medicamentos do que a gente posicionar, avaliar,
para ela que ela ia piorar com o tempo, que ela conversar e testar. Ao mesmo tempo que eu estou
não ia mais engolir... Aí a depressão veio a aflorar com a paciente, estou pensando no meu atraso e
muito. O que marcou para mim, foi que uma coi- nas pessoas que estão lá fora esperando... que eu
sa que ela gostava muito de fazer era caminhar na preciso atender bem rápido. (Roberta, enfermei-
praia e o médico falou para ela “não, tu não pode ra).
caminhar na praia”... Ela era muito ativa e a partir O cuidado em saúde é um ato singular, sendo
daquele acidente ela passou a viver aquilo que o imprescindível que o ser cuidado e o ser cuida-
médico falava para ela viver... (Clara, técnica de dor se encontrem em interação qualitativamente
enfermagem). produtiva20,21. Esta interação envolve ações, atitu-
Em muitas situações, o processo de catas- des e comportamentos guiados por fundamenta-
trofização desestimula o paciente a seguir com ção científica, experiência, intuição e pensamen-
sua vida livre de crenças de incapacidade. Tais to crítico. Este processo necessita que a atenção
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Schneider LM, Tesser CD

do profissional esteja na relação com o outro, ção em série de procedimentos. Contatore et al.25
visando promover, manter e/ou recuperar não afirma que existe um obstáculo para a efetivação
apenas sua integridade física, mas sobretudo sua das PIC, pois os serviços estão vinculados a uma
dignidade e totalidade humanas21,22. Do contrá- política que privilegia evidências quantitativas
rio, deixados às normas e ao automático, sabe-se em detrimento das qualitativas.
que os trabalhadores tendem a reproduzir o he-
gemônico, tendem a produzir descuidado12,23. Refletindo sobre as condutas clínicas e a
Neste contexto o profissional vê a sua atenção conquista de maior autonomia com
dividida entre metas externas e o exercício de se compartilhamento de responsabilidades
colocar disponível a perceber o outro, colocan-
do-se no lugar deste para estabelecer relações Quando em contato com os recursos tera-
empáticas e que transmitam algo a mais do que pêuticos apresentados na capacitação, os profis-
informações técnicas protocolares. sionais pareceram motivados a participar mais
Por conta da demanda, a gente às vezes atro- do próprio serviço, no sentido de buscar e tes-
pela o processo terapêutico, quer fazer tudo muito tar novas possibilidades terapêuticas ao invés de
rápido.... e a capacitação traz de volta a questão simplesmente aderir a condutas que em sua ex-
do toque e a importância de acolher aquela pessoa, periência prévia não se mostraram satisfatórias:
não apenas a dor da pessoa mas o que ela está tra- A capacitação foi uma maneira de ajudar o
zendo com um olhar mais sensível, mais integrati- próximo de ter uma visão... como aconteceu com
vo... (Joana, fisioterapeuta). a minha amiga, ela chegou falando: eu vou fazer
A habilidade relacional de construção de vín- uma tomografia e uma ressonância; e eu falei: es-
culo pode determinar a escolha deste ou daquele pera, calma aí, vamos ver se tem alguma alterna-
profissional como centro do cuidado no acom- tiva... foi uma forma de eu ter essa autonomia de
panhamento longitudinal, todavia isto pareceu falar isso. (Fabiane, ACS).
não estar sendo computado nos indicadores de A autonomia em recomendar ou questionar
produtividade do serviço. Em nosso estudo o tra- determinada estratégia de cuidado, seja para si
balho em saúde, repleto de significados, vínculo ou para o próximo, pode gerar uma desconfian-
e pactuações, como se preconiza para uma maior ça quanto a segurança envolvida nesse processo.
eficácia da APS, se mostrou desvalorizado. Isto Será que todos os profissionais têm condição de
dificulta a transformação do modelo de atenção realizar determinados questionamentos? Quem
no que compete a introduzir olhares singulares tem o poder sobre essas decisões? Em nosso ver,
e não protocolares, como propõe o estilo clínico a experiência dos profissionais em acompanha-
osteopático. Nas palavras da técnica de enferma- rem diferentes casos ao longo do tempo, traz
gem, Clara: um valioso arcabouço de vivências capazes de
[...] parto muito de olhar, [...] da pessoa em contribuir para uma tomada de decisão segura e
si, não só da doença [...], do indivíduo como um mais assertiva acerca da escolha de tratamento.
todo.... a equipe me pergunta, “porque os pacien- Por outro lado, é previsível e inevitável que os
tes só querem vir quando você está?” Eu sou muito profissionais tragam suas experiências prévias,
cobrada por essa atitude [...] porque tem aquela tanto vivenciadas em si quanto testemunhadas
coisa... “vamos, vamos, não dá tempo, tem uma lis- no acompanhamento de outros casos, como ele-
ta enorme te esperando... não é aqui que você tem mentos norteadores das recomendações em seu
que fazer isso”... o paciente chegou com uma recei- ato de cuidado com os usuários.
ta, você confere, administrou, “pá, pum” e manda Tratando da construção de uma relação de
embora. [...] essa coisa de números, números e nú- cuidado que envolva autonomia e compartilha-
meros! Isso me deixa angustiada como profissional. mento da tomada de decisão, Menéndez26 recu-
(Clara, técnica de enfermagem). pera um tipo de comportamento caracterizado
Segundo Scherer et al.24 para a superação do pelo não cumprimento da prescrição, que se
modelo de cuidado biomédico são necessárias conhece como o caso do indivíduo “bem infor-
ferramentas cognitivas afiadas para desempe- mado”. Um descumprimento não por ignorância
nhar todas as funções demandadas em seu dia a das suas consequências ou por não entender a
dia com qualidade e sensibilidade, o que deter- prescrição, senão devido, por um lado, à quanti-
mina um maior ‘uso de si’. Em nosso percurso, dade de informação técnica que possui este tipo
observamos que os trabalhadores mais atentos às de paciente, e por outro, que sua modificação do
singularidades acabavam sendo sobrecarregados tratamento obedece a sua própria experiência.
e cobrados a aderir a uma contraditória produ- O indivíduo decide aumentar, reduzir a dose ou
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espaçá-la segundo seu conhecimento e sua ex- enfermidade e a diferenciar uma patologia da ou-
periência, o que não oculta e sim discute com a tra tão cuidadosamente quanto qualquer outro
equipe. Fazendo isto, este usuário ou profissional médico”27(p.125).
não questiona o “poder médico” nem a eficácia Este assunto toca uma importante barreira
da biomedicina, é um partidário da mesma, não referente a autonomia sobre a tomada de decisão
lhe interessa discutir o poder na relação médico/ sobre utilização de estratégias terapêuticas medi-
paciente, e sim melhorar a saúde, controlando o camentosas e outras que tencionam os territórios
melhor possível o padecimento crônico. Este tipo circunscritos pela atuação exclusiva de profis-
de usuário ou profissional se caracteriza por seu sionais/especialistas ou a gradual dissolução de
saber e também pelo aprendizado com sua pró- saberes em campos de atuação conjunta, dialo-
pria experiência de enfermidade e atenção26. gada e multiprofissional. A simples negação des-
Essa postura relacional estimulada na capaci- se fenômeno parece apenas distanciar o conhe-
tação envolve uma atitude questionadora e dialó- cimento empírico do saber técnico, o que torna
gica que busca fundir as informações técnicas e o cuidado mais ineficaz e diminui o diálogo e o
experiências próprias para uma decisão compar- vínculo entre as partes envolvidas.
tilhada e responsável, e revela uma prática entre Tesser28 destaca quatro eixos onde as PIC po-
profissionais e usuários que é sistematicamente tencialmente podem contribuir para a promoção
velada e por isso não notificada nem tampouco de saúde. Pudemos observar três destes eixos em
tecnicamente desenvolvida. Essa prática tem re- nossa intervenção. O primeiro envolve um certo
lação com a utilização de medicamentos já per- “empoderamento do coletivo” para que indivídu-
tencentes ao arcabouço de autoatenção dos usu- os e coletividades possam participar ativamente
ários, utilizados na prática diária para sintomas na construção de uma vida e uma sociedade mais
recorrentes como dores músculo-esqueléticas, saudável. Este eixo pode ser observado tanto no
cefaleias, problemas gastro-intestinais comuns fortalecimento do trabalho em equipe e na sen-
como azia, refluxo, má digestão, gases, prisão de sação de autonomia em procurar alternativas e
ventre, etc. Na capacitação, houve casos em que estratégias menos invasivas como forma de tera-
a avaliação osteopática foi utilizada para o reco- pêutica. O segundo eixo compreende concepção
nhecimento de diagnósticos diferenciais (refor- de saúde positiva e ampliada, o que pode ser ob-
mulando hipóteses diagnósticas) e estratégias servado em diversos relatos onde os participan-
terapêuticas, o que possibilitou um redireciona- tes trouxeram a importância de compreender o
mento de certas estratégias de autoatenção. Nas contexto incluindo as histórias de vida de cada
palavras de Cilene: pessoa, bem como quando se depararam com a
[...] eu estava com uma dor abdominal, o eficácia produzida ao promover mecanismos de
médico tinha pedido os exames de sangue e dado autocura por meio da flexibilização dos tecidos
antibiótico (sem qualquer melhora). Achávamos (técnicas manuais osteopáticas). E o terceiro eixo
que era cistite, mas depois (após a avaliação pal- refere-se à transformação das práticas pedagógi-
patória) a gente veio a descobrir que eram gases e cas em algo mais dialógico e menos diretivo28.
melhorou. (Cilene, ACS).
Nesse caso, a avaliação osteopática apontou A reestruturação do saber a partir
para um tensionamento e perda de mobilidade da vivência da abordagem osteopática em si
dos tecidos na região do intestino grosso e au- e no outro
mento de gases. A ACS por conta própria, esco-
lheu uma medicação que já havia utilizado para Os profissionais reconheceram o fomento de
gases e em dois dias estava sem os sintomas que uma postura “humana” durante a capacitação.
já perduravam por duas semanas, mesmo já ten- Esta característica é esperada de todo profissional
do realizado o uso de antibiótico sem nenhum exercite no cuidado clínico aos usuários, ou seja,
efeito. um interesse genuíno, solidário e empático pelo
Esta capacidade de estabelecer hipóteses outro, nas palavras de Fabiane “acima de tudo, foi
diagnósticas baseadas no estudo de sinais fisio- muito humano” e segundo Fernanda:
lógicos caracteriza a osteopatia desde seu nasci- acho que você foi muito verdadeiro com a gente
mento, no século XIX. Flexner27, mesmo sendo e com os pacientes. Tu não veio aqui só para mos-
abertamente avesso à esta abordagem, manteve a trar o trabalho, aplicar o teu trabalho, tu se impor-
osteopatia como escola médica em seu histórico tou mesmo com os pacientes.
relatório em 1910, pois, observou que, “na seita, A vivência da abordagem osteopática pareceu
os osteopatas eram treinados a reconhecer uma acessar parte da subjetividade e dos afetos envol-
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Schneider LM, Tesser CD

vidos no ato de cuidado, como trabalhadores da foram praticamente unânimes sobre uma mu-
saúde e como pacientes. Para Bessa et al.29, afetos dança de olhar na prática do cuidado. Segundo
envolvidos no processo de trabalho em saúde são as enfermeiras Isabel: “Uma nova forma de ver
sentimentos que se fazem com base na história o cuidado, uma outra vertente do cuidado”, para
pessoal de cada um e na imagem produzida pelo Diana: “a gente vê que não é algo teórico...”, e para
serviço ou pelo profissional. Esses afetos podem Roberta: “Na capacitação a gente já muda o olhar,
contribuir ou não para a eficácia da conduta te- a gente testa... dá um olhar diferenciado, não só
rapêutica e para a manutenção da vida em cada aquela questão engessada”.
pessoa afetada, o trabalhador ou o usuário. É Por fim, quando questionados sobre qual
imprescindível considerar os afetos na aprendi- seria o impacto desta estratégia de educação
zagem em saúde, sobretudo no estabelecimento permanente a longo prazo, os profissionais apre-
das interações intersubjetivas dos cuidados e de sentaram elementos que apontam no sentido da
sua aprendizagem. mudança da cultura envolvida no ato de cuida-
Para Ceccin e Feuerwerker30, das atividades do, tanto por parte dos profissionais quanto da
de educação permanente, das problematizações população. As falas vieram acompanhadas de um
do pensar-agir-perceber e de sua interpretação, repertório relacionado ao que atualmente se de-
emerge como aprendizagem significativa, a in- fende como “boas práticas”:
venção de si. Nesse processo há a dissolução de Vai diminuir a demanda por exemplo de re-
identidades, de formas de agir, dentro e também médio para a dor, pra ansiedade... É um curso que
fora do trabalho, o que reconfigura novas sub- ensina a perceber a pessoa como um ser humano
jetividades acerca dos assuntos vivenciados. Es- total. (Isabel, enfermeira).
tas novas metodologias produzem uma ruptura,
pois põem as pessoas frente a si mesmas, subs-
tituem um processo educativo heterônomo por Considerações finais
um processo mais autônomo. Em nosso proces-
so, a aprendizagem da osteopatia, por meio da O objetivo de nossa pesquisa/intervenção foi
vivência desta abordagem em si e no outro, mos- procurar transformar o processo de trabalho, no
trou-se um disparador de processos reflexivos sentido de fomentar ações terapêuticas mais re-
indutores de transformar em alguma medida o solutivas, por meio de capacitações sobre a abor-
cuidado e a si próprio. Nas palavras da enfermei- dagem osteopática para equipes de APS e NASF.
ra Roberta: “Aqui eu tenho uma reflexão sobre O pesquisador teve o comprometimento meto-
mim mesma”, e para João, médico de Família, a dológico em manter-se inserido na prática, no
capacitação conseguiu impactar na qualidade de corpo e no dia a dia do trabalhador. Para tal, não
sua identidade profissional: “Depois desses dois foram utilizados muitos momentos teóricos, nem
meses de capacitação, eu me sinto um profissio- tampouco a separação dos grupos de aprendiza-
nal melhor”. gem em diferentes profissões, como é comum. A
estratégia pareceu facilitar a instrumentalização
Sinais de superação do modelo biomédico da avaliação e do agir profissional focado na to-
talidade de cada ser humano, recolocando a téc-
Ao longo da capacitação, os profissionais nica em um “segundo plano”, no sentido de ficar
puderam visualizar possibilidades de superação em uma posição adequada, a serviço dos sujeitos,
do modelo biomédico vigente e alguns de seus que a praticam ou acessam (ou não), com maior
problemas mais evidentes para além da teoria. A ou menor expertise. Também permitiu a sociali-
formação de enfermagem, por exemplo, tem sua zação da osteopatia como uma abordagem e não
formação mais recente inclinada a competências apenas como um conjunto de técnicas isoladas.
e conceitos característicos de APS, porém, pare- O processo aqui sintetizado e analisado parece
ce haver ainda obstáculos integração entre teoria ter conseguido motivar os profissionais a trans-
e prática destes conceitos dentro da formação31. formarem em algum grau seu agir profissional, o
Em nosso estudo os profissionais trouxeram que pode vir a ter algum impacto em indicadores
exemplos de aplicação da abordagem na rotina do serviço. O acompanhamento de indicadores
de trabalho, que incluíam assuntos relativos à de impacto não foi um objeto avaliado neste es-
diferenciação diagnóstica, testagem de hipóteses, tudo, assim se sugere para estudos futuros que
superação de conduta puramente protocolar, uso sejam acompanhados indicadores simples como
racional de fármacos e exames complementares, taxas de dispensação de medicação, utilização de
e consequente resolubilidade. Os participantes exames complementares, satisfação dos usuários,
3751

Ciência & Saúde Coletiva, 26(Supl. 2):3743-3752, 2021


etc. Nosso estudo indica que pelo menos parte
do conjunto dos saberes e técnicas da osteopatia
podem ser socializados, aprendidos e praticados
de forma segura pelas equipes de APS, e que isto
potencialmente amplia sua compreensão clínica,
o centramento na pessoa, favorece o trabalho em
equipe e aumenta resolubilidade do serviço.

Colaboradores Referências

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