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Grupo focal e entrevista semiestruturada como método para coleta dos


dados no processo de formação do fisioterapeuta

Ana Carolina Ferreira Tsunoda Del Antonio1, Mara Quaglio Chirelli2, Silvia Franco da Rocha Tonhom2
1
Universidade Estadual do Norte do Paraná, Brasil. anacftsunoda@hotmail.com
2
Faculdade de Medicina de Marília, Brasil. mara@famema.br; siltonhom@gmail.com

Resumo. Objetivou-se analisar o processo de formação dos fisioterapeutas na graduação para atuação na
atenção básica e a forma de utilização das técnicas na coleta de dados. Abordagem qualitativa com 14
fisioterapeutas. Primeira fase: Grupo 1 – Grupo Focal; Grupo 2 – Entrevista semiestruturada. Segunda fase:
Oficina de trabalho, para validação dos dados e reflexão acerca do processo de formação dos fisioterapeutas.
Aplicado Análise de Conteúdo, modalidade temática. Observamos a graduação focada no modelo biomédico,
ausência de formação teórica e prática para atuação neste cenário. Na oficina de trabalho propuseram
estratégias para melhorar a formação, visando prepará-los para atuação na Atenção Básica. Consideramos
que o fisioterapeuta possui desafios para transformação da formação, entretanto a necessidade de pesquisas
que abordem este tema é latente, onde métodos como grupo focal e oficina de trabalho permitem que os
profissionais identifiquem problemas, reflitam sobre o processo e proponham mudanças, por meio de
espaços adequados.
Palavras-chave: grupo focal, entrevista, análise temática, fisioterapia, Atenção Básica.

Focal group and semi-structured interview as a method for collecting the data in the physiotherapist
training process
Abstract. The objective of this study was to analyze the training process of physiotherapists in undergraduate
courses in basic care and in the use of techniques in data collection. Qualitative approach with 14
physiotherapists. First phase: Group 1 - Focus Group; Group 2 - Semistructured interview. Second phase:
Workshop for validation of data and reflection throughout the training process of physiotherapists. Applied
Content Analysis, thematic modality. We observed a focused graduation without biomedical model, absence
of theoretical and practical training to update in the scenario. At the workshop they proposed strategies to
improve training, aiming at preparing for action in Primary Care. We consider that the physiotherapist has
challenges for the transformation of training, between the need for research that addresses this issue and
latent, where methods such as focus group and workshop, which are the professionals identified, reflect on
the process and propose changes through spaces.
Keywords: focal group, interview, thematic analysis, physiotherapy, Primary Care.

1 Introdução

A fisioterapia pode ser considerada uma profissão recente quando comparada à outras na área da
saúde, como enfermagem e medicina. Entretanto, tal fato não diminui sua importância para a saúde
pública de modo geral (Simoni, Carvalho, Moreira, Morera, Maia, & Boreinstein, 2015).
Sua origem é datada em meados do século XX, quando epidemias de poliomielite espalhadas pelo
mundo, deixaram milhares de pessoas com sequelas motoras. No Brasil, os relatos de casos de
poliomielite surgiram por volta do século XIX, afetando em sua maior parte crianças, o que serviu como
gatilho para o crescimento da profissão no Brasil. Entretanto, somente em 13 de outubro de 1969 a
fisioterapia foi oficialmente regulamentada como profissão no Brasil (Cavalcante, Rodrigues, Dadalto,
& Silva, 2011).
A formação em fisioterapia, experimenta ao longo de sua trajetória, grande influência dos contextos
políticos, econômicos e sociais existentes no país. (Andrade, 2015).

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Em meados do ano 2000, os cursos de graduação em fisioterapia foram ampliados de maneira


desordenada pelo país, estimulados pela necessidade gerada pelo novo modelo assistencial de saúde,
o que provocou baixa qualidade, falta de planejamento e currículos ainda fundamentados na lógica
curativo reabilitadora focada no modelo biomédico de cuidado.
Somente a partir de 2002, com a criação e regulamentação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
para os cursos de graduação em Fisioterapia, pelo Conselho Nacional de Educação e a Câmara de
Educação Superior, foi almejado uma melhor formação para os fisioterapeutas, partindo da construção
destas diretrizes. (Cavalcante et al., 2011; Diretrizes Curriculares Nacionais, 2002).
De acordo com as DCN, os cursos de graduação em Fisioterapia têm como perfil: construir profissionais
com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capaz de atuar em todos os níveis de atenção
à saúde com base no rigor científico e intelectual. Além de dotar o profissional dos conhecimentos
requeridos para o exercício de competências e habilidades como: atenção à saúde, tomada de
decisões, comunicação, liderança, administração e educação permanente (Diretrizes Curriculares
Nacionais, 2002).
Partindo destes princípios, cria-se a compreensão de que há, por meio das DCN, uma proposta de
mudança estrutural e conceitual na formação do fisioterapeuta, que continua tendo como objeto de
estudo o movimento humano, entretanto, a atuação profissional se amplia para os níveis primário e
secundário de atenção à saúde, bem como propõe-se a integralidade como princípio norteador do
cuidado junto aos pacientes, ou seja, deverão ser trabalhadas ações de promoção e de prevenção de
agravos, o que até então não ocorria (Andrade, 2015).
Para que esta construção do cuidado seja por meio da integralidade, os profissionais da saúde precisam
partir dos princípios da escuta ampliada, ver e se aproximar mais dos pacientes e tomando esta atitude,
consequentemente haverá a transformação de sua prática clínica. (Teixeira & Vilas Boas, 2013; Ayres,
2009).
Compreendendo que a fisioterapia é uma profissão que foi regulamentada recentemente e que sua
inserção na Rede de serviços de Atenção Básica (AB) data de período mais recente ainda, pode-se
justificar, assim, a dificuldade dos cursos de graduação para inserir verdadeiramente as práticas
realizadas na AB na organização curricular da formação em fisioterapia.
Buscando reforçar os pilares da AB, dando suporte principalmente às equipes da Estratégia Saúde da
Família (ESF), em 2008 foram instituídos os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), buscando a
ampliação da forma de se cuidar da população, integrando a equipe da ESF com ações apoiadas no
matriciamento. Entretanto, identifica-se que a organização estrutural do NASF possui uma lacuna
expressiva de modo que sua política não garanta a plena inserção do fisioterapeuta, no entanto,
contêm em si claramente esta possibilidade, ficando a opção a cargo do gestor municipal (Souza &
Costa, 2010)
Deve ser destacado que foi precisamente a partir do NASF que a fisioterapia teve sua entrada na ESF,
e que o papel do fisioterapeuta nesse nível de atenção é algo ainda novo, se considerarmos que se
trata de uma profissão tradicionalmente vinculada à reabilitação, e com mínima inserção no campo da
promoção e da atenção à saúde (Carvalho & Batista, 2017).
Diante do contexto de mudanças nos serviços de saúde e da formação, esta pesquisa propõe analisar
o processo de formação dos fisioterapeutas na graduação para atuação na atenção básica, bem como
analisar a forma de utilização das técnicas na coleta de dados.

2 Metodologia

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório. A utilização da pesquisa qualitativa tem
sido imensamente valorizada, pois sabe-se que este tipo de estudo busca insistentemente

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compreender e interpretar da forma mais fiel possível a lógica interna dos participantes ao qual
pretende estudar e dar a estes o conhecimento de sua verdade, além de despertar a compreensão, a
descrição e a análise da realidade por meio da dinâmica das relações sociais. (Taquette & Minayo,
2015; Kinalski, Paula, Padoin, Neves, Kleinubing, & Cortes, 2017).
O cenário de investigação, refere-se às Unidades do Serviço de AB, de um município de médio porte
do interior do Estado de São Paulo, Brasil. Atualmente, o serviço de AB é composto por 12 Unidades
Básicas de Saúde (UBS) e 34 Unidades de ESF, estando distribuídos em diversos setores como: Unidade
Municipal de Fisioterapia, Programa Interdisciplinar de Internação Domiciliar (PROIID), Centro Estadual
e Regional de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), e quatro equipes do NASF, divididas em
regiões Norte, Sul, Leste e Oeste.
Consideramos como critérios de inclusão dos participantes nesta pesquisa: ser fisioterapeuta em um
dos serviços da AB do município há pelo menos 6 (seis) meses; contemplar todas as áreas que os
serviços da AB dispõem e que os fisioterapeutas atuam.
A coleta de dados foi dividida em duas fases. Na primeira fase, os profissionais eram convidados a
participar de um grupo focal com roteiro previamente preparado, com o intuito de identificar os
pontos de vista acerca de seu processo de formação, além das expectativas para existência de
formação contínua. A técnica de grupo focal permite levantar e compreender as opiniões, relevâncias
e inclusive valores dos participantes, partindo de uma discussão que ocorre em uma ou várias reuniões
(Gatti, Witter, Gil, & Vitorino, 2015).
Os participantes da pesquisa foram divididos em dois grupos, conforme afinidade em suas áreas de
atuação. Consideramos que no grupo 1 (G1) os fisioterapeutas realizavam atendimento ambulatorial,
sendo composto por seis profissionais da Unidade Municipal de Fisioterapia, um do CEREST e um do
PROIID. A amostra foi intencional buscando a representatividade de pelo menos um profissional de
cada área. O grupo 2 foi constituído por seis profissionais do NASF, conforme a inserção nas regiões
de saúde, totalizando 14 sujeitos na pesquisa.
Após prévio agendamento com diversos fisioterapeutas do grupo 1, houve a necessidade de realizar
um grupo focal com quatro sujeitos, o que não compromete a qualidade de nossos dados, visto que,
estudos afirmam que a quantidade ideal de participantes é aquela que permite a participação efetiva
de todos e uma discussão adequada do tema (Silva, 2012).
Fez-se vários contatos buscando agendar data e horário de comum acordo para coleta de dados com
o grupo 2. Após duas tentativas e a presença de somente dois fisioterapeutas em um encontro e
nenhum deles no outro, optou-se por realizar a técnica de entrevista semiestruturada para estes
profissionais na primeira fase, utilizando o mesmo roteiro que havia sido preparado para o grupo focal.
A entrevista semiestruturada seguiu um roteiro previamente preparado pelo pesquisador (Batista,
Matos & Nascimento, 2017).
Deste modo, nesta fase o grupo 1 teve quatro participantes, e o grupo 2 com cinco, totalizando nove
participantes. Todos os encontros foram gravados com autorização após a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Na segunda fase, foram apresentados os resultados sistematizados e analisados da primeira fase para
os grupos 1 e 2, separadamente, por meio da oficina de trabalho, buscando despertar um processo de
reflexão acerca dos dados encontrados. Nesta fase houve presença de oito profissionais no grupo 1 e
6 no grupo 2, totalizando 14 participantes dessa fase.
As oficinas têm sido utilizadas em diferentes contextos como por exemplo em reflexões sobre temas
diversos e programas de prevenção/promoção, na perspectiva de saúde coletiva (Spink, Menegon &
Medrado, 2014). A oficina também foi utilizada para reconhecimento dos problemas frente a análise
e reflexão sobre a formação dos fisioterapeutas e identificação de possíveis estratégias de resolução
para o que anteriormente foi detectado.

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Realizou-se a análise dos dados por meio da análise de conteúdo – modalidade temática. A condução
da análise dos dados abrange várias etapas, com o intuito de que se possa conferir significação aos
dados coletados. A modalidade temática desdobra-se em três etapas: pré-análise, exploração do
material e tratamento dos resultados obtidos. A pré-análise divide-se em: leitura flutuante, escolha
dos documentos, formulação das hipóteses e objetivos e elaboração de indicadores. (Silva & Fossa,
2015; Minayo, 2013). A segunda etapa compreende a exploração do material, onde o pesquisador
constrói operações de codificação, considerando os recortes dos textos em unidades de registros. Tal
codificação é definida como a transformação, por meio de recorte, agregação e enumeração,
baseando-se em regras precisas sobre as informações textuais representativas das características do
conteúdo (Silva & Fossa, 2015; Minayo, 2013). O tratamento dos resultados obtidos, baseia-se em
captar os conteúdos manifestos e latentes contidos no material coletado. A partir deste momento, o
pesquisador propõe inferências e realiza interpretações inter-relacionando os conteúdos com o
quadro teórico que inicialmente foi desenhado (Silva & Fossa, 2015; Minayo, 2013).
Esta pesquisa foi submetida ao Conselho Municipal de Avaliação em Pesquisa (COMAP) do município
em questão e ao Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de ensino a qual o pesquisador esteve em
formação, sendo aprovado com o Parecer nº 861.287
Com o intuito de garantir o sigilo, na identificação dos sujeitos, os integrantes do grupo 1 foram
identificados pela inicial deste agrupamento de setores nominados por F1PUMC (PROIID, Unidade
Municipal e CEREST), F2PUMC, F3PUMC e F4PUMC. Nas entrevistas do Grupo 2, identificamos as falas
dos sujeitos como F1NASF, F2NASF, e assim por diante com os demais participantes.

3 Resultados e Discussão

Para categorização dos grupos, identificamos que o grupo 1 foi composto por três fisioterapeutas do
gênero masculino e cinco do gênero feminino, sendo que estes eram atuantes na Atenção Básica num
período que varia de seis a 11 anos.
O grupo 2, foi constituído por um do gênero masculino e cinco do gênero feminino, atuantes na
Atenção Básica num período que varia de 11 meses a seis anos.
Após a análise da primeira fase os temas encontrados foram organizados conforme descritos a seguir:

3.1 Formação do fisioterapeuta focada no modelo biomédico

Quanto a formação dos fisioterapeutas, os profissionais participantes identificaram que esta deu-se
focada no modelo biomédico, baseado no curativismo.
“Na graduação é tudo muito focado na patologia. Você aprende sobre a patologia. Agora,
como lidar com ela (...) esquece! Isso a gente não aprende. (F3PUMC)”
Todo o processo de formação do fisioterapeuta, traz consigo um forte caráter curativo-reabilitador
privatista, reflexo da origem da profissão com o intuito de reabilitar indivíduos com sequelas de
traumas e lesões musculoesqueléticas (Simoni, Carvalho, Moreira, Morera, Maia, & Boreinstein, 2015;
Dyer, Hudon, Tourangeau, Charlin, Mamede, & Gog, 2017.). Em tal cenário, a doença é vista como uma
condição abstrata, independente do comportamento social ou da personalidade do indivíduo. Trata-
se de uma visão reducionista do corpo humano às suas estruturas e aos processos biológicos, centrada
na cura e reabilitação do organismo (Almeida, Martins & Escalda, 2014).
Para que seja possível descontruir esse caráter reabilitador do fisioterapeuta e introduzi-lo num
contexto onde seja capaz de atuar em todos os níveis de atenção, faz-se necessário um olhar para as
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Tais diretrizes defendem em suma, o perfil do fisioterapeuta

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que vê além das patologias, capaz de observar o indivíduo doente ou não. Neste contexto, aponta-se
a importância da aplicação do conceito de integralidade, que permite a identificação dos sujeitos como
totalidades, mesmo que não sejam alcançadas em plenitude, mas considerando todas as dimensões
em que se possa intervir (Almeida, Martins & Escalda, 2014).
Identificaram ainda que a prática do cuidado com os pacientes deu-se a partir de observações de
atitudes dos acadêmicos da graduação de outros anos durante os atendimentos.
“Formação teórica eu não tive nenhuma. Talvez prática, vai aprendendo com os estagiários
que tão no nível acima, mas na verdade, nada, nada técnico (...), tem muita coisa da formação
que a gente observava os estagiários em como trabalhar. (F2PUMC)”
O perfil de formação destes profissionais continua distante do esperado, fato este, comprovado por
diversos estudos que apontam o real distanciamento dos processos de formação universitária em
fisioterapia dos princípios e realidades do SUS. Somado a este fator, está a ênfase em conteúdos
técnicos e disciplinas biomédicas, o que exclui quase que totalmente os espaços para discussões
situadas na interface com o campo das ciências humanas e sociais (Almeida, Martins & Escalda, 2014;
Bessette & Camden, 2016). Deste modo, o estágio curricular supervisionado, tem na teoria, o objetivo
básico de estimular o sentido de autonomia e de responsabilidade profissional, que surge a partir dos
estudos, do manejo de métodos e técnicas e da interação com os pacientes. Entretanto, pelo relato
trazido pelos fisioterapeutas participantes do estudo de Simoni, Carvalho, Moreira, Morera, Maia, &
Boreinstein (2015) tal realidade não tem acontecido na prática.
Destacaram ainda que no que se refere à atuação na AB, ou seja, setor primário de atenção à saúde,
não possuem nenhuma formação específica.
“Eu tive no primeiro ano, noções básicas de saúde pública, mais tudo muito teórico, muito em
cima das leis (...) não da prática. E nem na hora do estágio. (F4NASF)”
Pesquisadores tem defendido a imensa necessidade do desenvolvimento de uma prática em saúde
pública atuante dentro dos cursos da área da saúde, começando a partir de um quadro teórico ideal,
fornecendo as ferramentas necessárias para que estes profissionais possam enfrentar a crítica
realidade da prática. Tais perspectivas geram questionamentos quanto as adequações necessárias nos
currículos atuais, que além do conhecimento e das habilidades, construam valores e capacitem os
estudantes para serem agentes de mudança em sua prática (Davó-Blanes, Cases, Dardet, Benedicto,
Llonch, & Benavides, 2014; Coyle & Gill, 2017).
Um desafio presente está na constituição de modelos curriculares que proporcionem a desconstrução
de um cenário de prática idealizado, que os futuros profissionais tenham oportunidade de vivenciar o
mundo do trabalho e a partir desta construir competência para saber operar com os problemas da
realidade, considerando o contexto, a cultura e a ética a ser aplicada nas diferentes situações
abordadas.

3.2 Resultado das oficinas de trabalho

Após reflexão sobre os dados encontrados na primeira etapa da pesquisa, os fisioterapeutas de ambos
os grupos, em oficinas distintas, refletiram sobre os dados analisados a partir da coleta da 1ª fase e
identificaram aspectos/problemas semelhantes e apontaram que existe a necessidade de uma
reconstrução no processo de formação dos fisioterapeutas, para que estes possam executar a prática
do cuidado com melhor qualidade para atuação na Atenção Básica.
“Nossa formação é na reabilitação, não tem como. Era uma aula para falar do envelhecimento
saudável e o ano inteiro da doença. (F3NAF)”
“Poderia na graduação, ter a parte de saúde pública mais aprofundada, direcionada mesmo,
mas também ter a parte de educação em saúde. (F5PUMC)”

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E que a valorização do cuidado para alguns, despertou-se a partir de aprimoramentos e


especializações.
“Por que quando a gente entrou no aprimoramento a gente se encantou? Porque aquilo se
tornou significativo, porque foi feito de maneira diferente, não apenas leis que foram dadas, e
explicações de como trabalhar no SUS, aquilo não era significativo, mas lá foi feito de um jeito
diferente. (F4NASF)”
A utilização da técnica de oficina de trabalho como meio para gerar processo reflexivo em profissionais
de diversas áreas têm sido discutido atualmente, pois são consideradas espaços com potencial crítico
de negociação de sentidos, permitindo a visibilidade de argumentos, posições, mas também de
deslocamentos, construção e contraste de versões, portanto, ocasiões privilegiadas para processos de
análise (Spink, Menegon & Medrado, 2014).
Os profissionais de ambos os grupos, trouxeram sugestões para mudanças no processo de graduação,
e consequentemente sobre a realização de práticas continuadas, já que muitos dos que estão atuando,
possuem pouca formação sobre o sistema onde trabalham, o que interfere diretamente no
atendimento e tratamento dos pacientes.
“Podiam ter discussões, como essa que nós estamos tendo agora dentro da rede, envolvendo
outras pessoas, envolvendo o secretário, envolvendo o pessoal da enfermagem, assistência
social. Dentro da instituição, poderiam ter essas discussões. Tirar um dia de trabalho, mas que
vai fortalecer a nossa educação mesmo, pra gente poder atingir melhor as pessoas. (F1PUMC)”
“Acredito que as faculdades do município precisavam se inserir no modelo no NASF, pra inserir
o fisioterapeuta na experiência profissional que ele vai ter. Além de valorizarem o contexto do
NASF. (F3NASF)”
“Trabalhando no NASF foi que eu tive essa visão mais ampliada e específica de como trabalhar
com saúde pública, então a graduação podia ajudar a inserir o acadêmico nesse tipo de
contexto, que ajuda o futuro profissional que vai entrar no mercado de trabalho a ter uma
experiência prática e não chegar sem preparo, como diz aquele ditado: Cair de paraquedas. e
ter que aprender na prática mesmo como acontece. (F4NASF)”
Ao tratar-se do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), a avaliação dos processos formativos para
os profissionais atuantes nesta área, indicam que a Residência Multiprofissional em Saúde da Família
é uma das estratégias positivas para a formação de profissionais com perfil para trabalhar com as
ferramentas propostas pelo NASF, pela imersão no contexto da prática ao longo do processo de
formação, já que a proposta do NASF tem na clínica ampliada o conceito norteador das ações, não com
o intuito de reduzir os usuários a um recorte diagnóstico por áreas profissionais, mas como uma
ferramenta facilitadora para que os gestores dos serviços e profissionais da saúde possam enxergar e
atuar na clínica para além de pedaços fragmentados, sem deixar de reconhecer e utilizar o potencial
desses saberes (Rodrigues, Silva, Peruhype, Palha, Popolin, Crispim, ..., Arcênio , 2014)

2.3 Discussão sobre o método

Para identificação dessas necessidades nos profissionais, a utilização de estratégias de pesquisa como
o grupo focal ou entrevistas, é utilizada com o intuito de levar os profissionais a refletirem acerca de
diversos temas, que rodeiam o processo de formação e a prática clínica dos mesmos.
Valença, Germano, Malveira, Azevêdo e Oliveira (2014), utilizou a técnica de grupo focal buscando
compreender a articulação da teoria e da prática na formação em saúde e a realidade do SUS para
enfermeiros, o que o levou a identificar aspectos e serviços que podem despertar nos acadêmicos o
sentido da integralidade.

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Kinalski, Paula, Padoin, Neves, Kleinubing, e Cortes (2017), afirma em seu estudo que a técnica do
grupo focal, mostra-se coerente em estudos que têm o objetivo de discutir a realidade vivenciada por
seus sujeitos, além de planejar intervenções em saúde, valorizando a interação entre os participantes
e o pesquisador, o que proporciona a troca de experiências, conceitos e opiniões entre os
participantes. Tais autores ainda afirmam que o grupo focal vem conquistando espaço, e sendo
reconhecida como técnica de produção de dados em pesquisa qualitativa em diversas áreas da saúde,
embora ainda tenha muito espaço a conquistar.
Bracarense, Duarte, Soares, Côrtes e Simões (2014) corroboram com esta ideia quando, afirmam que
a abordagem em grupo estimula a discussão entre os participantes e permite que o tema a ser
discutido seja mais problematizado, construindo maior riqueza dos dados.
Autores ainda apontam que a coleta de dados por meio desta técnica, oferece grande flexibilidade e
espontaneidade, fazendo aumentar a riqueza dos dados. Por este motivo, grupos focais têm sido
frequentemente utilizados para pesquisas nas áreas sociais e no campo da saúde, instigando novos
saberes, reestruturando posturas profissionais e aproximando a pesquisa dos cenários de prática e
vice-versa (Gatti, Witter, Gil, & Vitorino, 2015).
Quanto a utilização da técnica de entrevista, sabe-se que é utilizada para obtenção de informações
que busquem compreender a subjetividade do indivíduo por meio de seus depoimentos, extraindo
daquilo que é subjetivo e pessoal do sujeito (Batista, Matos & Nascimento, 2017).
Autores descrevem que a escolha por utilizar esta técnica, decorre da maior flexibilidade para o
agendamento de horário e local da realização, entretanto não dispensa o pesquisador do
planejamento prévio, e da manutenção do componente ético, que vai desde a boa escolha para o local
da entrevista e até mesmo do melhor momento para sua realização. (Batista, Matos & Nascimento,
2017). Fato ocorrido nessa pesquisa, pois inúmeras tentativas foram realizadas para o encontro do
grupo focal, até que optou-se pela entrevista semiestruturada com o grupo 2. A dinâmica das
entrevistas deu-se de maneira natural, onde os profissionais sentiram-se a vontade ao tratar dos
assuntos propostos pelo pesquisador. Cabe ressaltar, que o pesquisador se deslocou até as unidades
de atendimento onde os fisioterapeutas estavam e permaneceu aguardando o melhor momento para
a entrevista. Barret, Hayes, Kelleher, Conroy, Robinson, O’Sullivan e McCreesh (2018), utilizaram a
técnica de entrevista semiestruturada com acadêmicos de fisioterapia, buscando compreender as
percepções destes em relação ao tratamento para dor inespecífica no ombro, entretanto realizaram-
na por telefone. Neste estudo, após a análise dos dados os temas identificados estavam relacionados
ao apoio, motivação e o papel do fisioterapeuta como educador, além das crenças que circundam a
prática dos exercícios propostos. Para os autores, a riqueza dos dados coletados veio pelo método
escolhido, sendo que este atingiu os objetivos propostos para a pesquisa, entretanto não sabiam dizer
se em entrevistas presenciais a riqueza poderia ser maior.
Uma desvantagem percebida pela troca entre grupo focal para entrevista, foi que por meio do grupo
houve possibilidade de troca de ideias com reflexão sobre as práticas do fisioterapeuta e sua formação,
surgindo ampliação das ideias na medida em que o grupo interagia.
Por outro lado, ao realizarmos as oficinas de trabalho, proporcionou-se certa reflexão e proposição
sobre a formação dos fisioterapeutas. Davó-Blanes, Cases, Dardet, Benedicto, Llonch e Benavides
(2014) utilizaram em seu estudo a técnica de oficina de trabalho para discutir as competências e
conteúdos em comum relacionados à saúde pública dos programas de graduação de cursos na área da
saúde. Neste estudo, as oficinas foram importantes pois permitiram que os profissionais de diversos
cursos de graduação discutissem e refletissem acerca de suas matrizes curriculares e propusessem
alterações.
Assim, os efeitos da oficina não se limitam ao simples registro de informações para pesquisa, uma vez
que sensibilizam as pessoas para a temática proposta, possibilitando aos seus participantes a

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convivência com a multiplicidade de versões e sentidos sobre o tema (Spink, Menegon & Medrado,
2014).
Pode-se dizer que a técnica de oficina de trabalho, herdou alguns conceitos do grupo focal, mas
especificamente a focalização em um tema específico, e a busca em conduzir as produções discursivas
do grupo em torno desse tema. Entretanto, a intenção das oficinas, não é a de identificar tendências
e consensos, mas ao contrário, o foco desta técnica recai no produto e nas trocas, ou seja, no processo
de produção de sentidos que se desenvolve no grupo, resultando em deslocamentos, tensões e
contrastes (Spink, Menegon & Medrado, 2014).

4 Conclusões

Consideramos que o fisioterapeuta possui grandes desafios para transformação do processo de


formação, devido as raízes desta profissão estarem fixadas no processo curativo, quando a reabilitação
já é necessária. Fato este, considerado aceitável devido ao modo como a profissão surgiu e
desenvolveu-se com o passar dos anos.
No Brasil, após a inserção destes profissionais na Atenção Básica, dentre eles o NASF, o fisioterapeuta
observou a necessidade de repensar suas práticas, para atender as diretrizes propostas pelo SUS,
principalmente a integralidade. Embora, os já formados necessitem despertar em si este desejo para
a transformação por conta própria, os que ainda não se formaram, ou que irão ingressar na
fisioterapia, poderiam ter a possibilidade de uma vivência teórica e prática que atendesse a tais
necessidades.
Para sanar tais carências, a base das DNC haveriam de se reestruturar, fornecendo maior e adequado
suporte aos cursos de graduação em fisioterapia. Entretanto, qual suporte e mudanças são
necessárias, deve partir de processos reflexivos dos profissionais que atuantes, vivem a realidade
destas práticas.
Deste modo, técnicas como grupo focal, entrevista semiestruturada e oficina de trabalho, são
importantes ferramentas para que se possa criar espaços onde estes profissionais são acolhidos e
ouvidos. A escolha da melhor técnica, varia de acordo com os objetivos propostos para cada situação,
embora cada uma delas possua suas vantagens e desvantagens.
As propostas trazidas pelos profissionais, são de extrema importância para que, em um futuro
próximo, os novos fisioterapeutas estejam capacitados para suprir toda a demanda existente em nosso
sistema de saúde, fornecendo um atendimento de alta qualidade à população atendida.
Identificamos como limite desta pesquisa, a necessidade de se analisar os currículos para a formação
dos fisioterapeutas, o que se torna essencial como uma das investigações necessárias para aprofundar
a compreensão do problema da formação dos fisioterapeutas.

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