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Ministério da Educação

Universidade Federal de São Paulo


Campus Baixada Santista
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

ISABELA LOPES DE SANTANA

A PRÁTICA CLÍNICA DO FISIOTERAPEUTA NA SAÚDE MENTAL

Santos
2019
Ministério da Educação
Universidade Federal de São Paulo
Campus Baixada Santista
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

ISABELA LOPES DE SANTANA

A PRÁTICA CLÍNICA DO FISIOTERAPEUTA NA SAÚDE MENTAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Universidade Federal de São Paulo como parte
dos requisitos para obtenção do título de
bacharel em Fisioterapia.

Orientador: Prof. Dr. Juarez Pereira Furtado

Santos
2019
Dedico este trabalho a todos aqueles que
lutaram e lutam por uma sociedade sem
manicômios.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, com todo meu amor, pelo apoio incondicional,
pois sem eles nada disso seria possível.

Com muita admiração, agradeço ao meu orientador Juarez Pereira


Furtado, pela paciência, didática, incentivo e sabedoria.

Agradeço aos meus professores do eixo Trabalho em Saúde (TS), por


terem despertado em mim o interesse na área da saúde mental e por todo o
incentivo.

Por fim, obrigada a todas amigas e amigos que de alguma forma fizeram
parte dessa etapa e que sempre estiveram por perto, sendo luz nessa
caminhada.
RESUMO

Atualmente, o fisioterapeuta ao ampliar suas abordagens e práticas


terapêuticas, busca a compreensão do corpo, almejando equilíbrio e harmonia
para o paciente. De modo que sua atuação não se restringe somente à
reabilitação física. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo, conhecer
e analisar a prática clínica do fisioterapeuta no âmbito da saúde mental, assim
como, identificar as referências teóricas utilizadas e compreender a relação
terapeuta-paciente, visto que, há uma clínica de abordagem corporal em
pacientes com transtorno mental, ainda pouco divulgada. Portanto, foi realizada
uma pesquisa qualitativa, utilizando-se estudos de casos múltiplos com
amostragem intencional, não probabilística se dando de maneira progressiva,
até a saturação teórica. A análise a partir da interação entre as informações
coletadas e questões teóricas, buscou identificar as principais problemáticas.
Assim, concluímos que há diferentes profissionais fisioterapeutas nessa área
de atuação, distribuídos em diversos estados do Brasil e que a divulgação,
através de mais pesquisas científicas de qualidade, assim como, a
regulamentação da especialidade e maiores discussões dentro dos cursos de
graduação em fisioterapia são imprescindíveis.

Palavras-chave: Fisioterapia; saúde Mental; biopsicossocial; prática clínica.


ABSTRACT

Nowadays, the physiotherapist, when expanding its approaches and therapeutic


practices, seeks knowledge of the body, aiming for balance and harmony for the
patient, so that its performance won’t be restricted only to physical
rehabilitation. Therefore, the present study aims to understand and analyse the
clinical practice of the physiotherapist in the context of mental health, as well as
to identify theoretical references used and to comprehend the patient-therapist
relationship, seeing that there is a corporal approach clinic involving patients
with mental disorders, but still is poorly recognized. Consequently, a qualitative
research was conducted using multiple cases studies with intentional sampling,
non-probabilistic going on progressively to theoretical saturation. The analysis
based on the interaction between the collected information and theoretical
questions sought to identify the main problems. As a result, it was concluded
that there are different physiotherapists in this field distributed in several states
of Brazil and that the divulgation through more quality scientific studies, as well
as the regulation of the specialty and major discussions within physiotherapy
undergraduate courses, are indispensable.

Keywords: Physiotherapy; Mental Health; Biopsychosocial; Clinical Practice.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 8
2. JUSTIFICATIVA................................................................................................... 10
3. OBJETIVOS ........................................................................................................ 10
3.1. GERAL ......................................................................................................... 10
3.2. ESPECÍFICOS ............................................................................................. 11
4. PRESSUPOSTO ................................................................................................. 11
5. METODOLOGIA .................................................................................................. 11
5.1. DELINEAMENTO ......................................................................................... 11
5.2. AMOSTRA INTENCIONAL ............................................................................... 12
5.3. FORMAÇÃO DA INFORMAÇÃO ...................................................................... 13
5.4. ASPECTOS ÉTICOS........................................................................................ 13
5.5. ANÁLISE .......................................................................................................... 14
6. RESULTADO E DISCUSSÃO.............................................................................. 14
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 26
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 28
9. APÊNDICE .......................................................................................................... 32
Apêndice I – Entrevista Semiestruturada................................................................. 32
Apêndice II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................... 33
Apêndice III – Termo de Confidencialidade ............................................................. 35
10. ANEXO ............................................................................................................ 36
Anexo I: Aprovação do comitê de ética ................................................................... 36
8

1. INTRODUÇÃO

A fisioterapia, desde sua regulamentação em 1969, quando foi reconhecida


como um curso de nível superior, cresce em diversas áreas da saúde, com inúmeras
especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (COFFITO), como Cardiovascular, Traumato-Ortopédica,
Neurofuncional, Oncologia, entre outras, além de atuar em todos os níveis de
atenção à saúde (TEIXEIRA, 2004).
No Brasil, embora já seja possível encontrarmos o fisioterapeuta inserido nas
equipes multiprofissionais de atenção à saúde mental, representa uma realidade
escassa. Dessa maneira, ainda busca ocupar e evidenciar seu espaço dentro das
novas perspectivas no cuidado em saúde mental, ampliando suas possibilidades de
atuação (FURTADO, 1995).
Historicamente, desde todas as mudanças advindas da reforma psiquiátrica,
que envolve um grande conjunto de mudanças políticas governamentais e nos
serviços de saúde, assim como, nos processos políticos e sociais, reinserir o louco
na sociedade, devolvendo sua cidadania junto ao cenário de reabilitação
psicossocial, com um novo olhar sobre o sofrimento psíquico, traz sentido aos
aspectos subjetivos do sujeito assistido (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005; PASSOS e
AIRES, 2013; TENÓRIO, 2002).
É então a partir da construção desse movimento que surgem propostas e
ações para a reorganização da assistência. Assim, no ano de 1989 ocorre no
município de Santos uma intervenção de suma importância no hospital psiquiátrico
Anchieta, local de maus-tratos e mortes de pacientes. Nesse período, são
implantados os Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS) e residências para os
egressos, tornando-se um marco, efetivando a seguir a transição de um modelo
centrado no hospital psiquiátrico, para um modelo de atenção comunitário
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
Para a Organização Mundial da Saúde (2005), existem muitas maneiras de
melhorar a vida das pessoas com transtornos mentais. Uma maneira importante é
aquela que oferece boas políticas, bons planos e bons programas que resultem em
melhores serviços. Buscando a autonomia desses indivíduos, com processos que
visem à elaboração de práticas que enriqueçam a subjetividade do usuário, assim
9

como, para que as abordagens terapêuticas possam contextualizar-se e não se


restringirem à medicina e aos saberes psicológicos tradicionais (KINOSHITA, 2010;
TENÓRIO, 2002).
Michel Probst (2017) entende que a fisioterapia por ainda ter um papel não
totalmente elucidado, nem sempre é considerada uma profissão significativa dentro
do serviço de saúde mental, no entanto, as abordagens que podem ser realizadas
por esse profissional, são capazes de oferecer intervenções que envolvam
exercícios terapêuticos, psicomotricidade, consciência corporal, psicossomática e
relaxamento. São abordagens que visam o alívio dos sintomas e convidam cada
indivíduo a iniciar um diálogo de autoconfiança e qualidade de vida, com ênfase na
conscientização do movimento e na facilitação de um processo de mudança. E,
mesmo em serviços que lidam apenas na perspectiva da doença física, se deparar
com indivíduos que estão com a saúde mental frágil e/ou sofrem com problemas
psicossomáticos, pode ser cada vez mais comum. Dessa maneira, o fisioterapeuta
quando inserido dentro de um serviço, onde as demandas acabam se relacionando
à complexidade da saúde mental, é fundamental que sua prática seja baseada em
evidências científicas, contribuindo então, com a equipe multiprofissional.
Alexander Lowen (1982, p. 13) considera a vida de um indivíduo como sendo
a vida de seu corpo. Dessa forma, ele trás como verdadeiro que a maioria das
pessoas não tem consciência de suas deficiências, e estas acabam se tornando sua
segunda natureza, compondo sua forma habitual de viver, gerando padrões de
tensões musculares crônicos, denominados por ele de couraças musculares,
instaurados para proteger o indivíduo contra experiências emocionais dolorosas e
ameaçadoras. ”São como um escudo que o protege contra impulsos perigosos
oriundos de sua própria personalidade, assim como das investidas de terceiros”.
O corpo é capaz de se expandir ou se contrair em decorrência de
circunstâncias que são psicológicas, influenciadas por fatores sociais e gerenciadas
por aspectos fisiológicos, sendo considerado na fisioterapia psiquiátrica como um
acumulador de experiências da vida de uma pessoa, indicando que tanto as
experiências iniciais, como as frustrações atuais, podem deixar marcas no
organismo e nas funções corporais, podendo qualquer alteração mental repercutir no
aspecto físico desse indivíduo (SCATOLIN, 2012; METAMOROS, 2007).
10

Com isso, as práticas corporais no campo da fisioterapia têm recebido


contribuições que possibilitam estratégias terapêuticas que envolvem a comunicação
entre mente e corpo, ressignificando a consciência corporal. Para Tessitore (2006, p.
23) “a fisioterapia pode então, ampliar sua maneira de ver e entender o ser humano
e seu corpo, buscando a compreensão do corpo somático e almejando equilíbrio e
harmonia para o paciente”. Contribuindo de maneira ampliada na organização físico-
mental-emocional, através de um trabalho corporal, levando-o a distanciar-se de sua
zona de conforto, permitindo novas emoções e sentimentos (PROBST, 2017).

2. JUSTIFICATIVA

Há diversas dificuldades pelas quais muitos fisioterapeutas que optam por


atuar na área da saúde mental enfrentam, começando pela ausência de referencial
durante a graduação, escassez de literatura e consequente desconhecimento da
área de atuação. Por fim, também existem dificuldades relacionadas à terapêutica
desses pacientes com transtornos mentais.
Por isso, estudos a serem realizados acerca da prática clínica do
fisioterapeuta na saúde mental são de extrema importância e o presente estudo visa
elucidar essa lacuna.

3. OBJETIVOS

3.1. GERAL

Conhecer e analisar como se dá a prática clínica do fisioterapeuta no âmbito


da saúde mental no Brasil.
11

3.2. ESPECÍFICOS

Identificar as referências teóricas utilizadas pelos fisioterapeutas inseridos no


campo da saúde mental e a partir disto apresentá-las de maneira sistemática.
Compreender a relação terapeuta-paciente, assim como, as estratégias
terapêuticas utilizadas.

4. PRESSUPOSTO

Há uma clínica de abordagem corporal de acordo com diferentes referenciais


teóricos e metodológicos, em pacientes com transtorno mental, ainda pouco
divulgada.

5. METODOLOGIA

5.1. DELINEAMENTO

O estudo realizado é de abordagem qualitativa, e busca trabalhar com os


aspectos da realidade que não podemos quantificar, centrando-se na compreensão
e explicação da dinâmica estudada (GERHARDT E SILVEIRA, 2009). Podemos
classificá-lo como uma pesquisa exploratória, devido ao objetivo principal em
conhecer a prática clínica do fisioterapeuta na saúde mental, área ainda em difusão.
Para analisar os fatos do ponto de vista empírico, confrontar teoria e
realidade, faz-se necessário o delineamento da pesquisa (GIL, 2002), no qual
utilizaremos estudos de casos múltiplos, que visa conhecer em profundidade o
“como” e o “por que”, a partir de uma perspectiva interpretativa, completa e coerente
(FONSECA, 2002).
12

5.2. AMOSTRA INTENCIONAL

O estudo foi realizado com amostragem intencional, não probabilística, pois


há o interesse em compreender as determinadas práticas que existem em contextos
específicos, possibilitando assim, a exploração de informações relevantes à
pesquisa, para serem estudadas em profundidade (GRAY, 2012). Portanto, a
amostra progressiva, ou seja, com acréscimo de novos casos até o momento em
que se alcança a saturação teórica, quando os elementos obtidos passam a
apresentar, na avaliação do pesquisador, certa redundância ou repetição (GIL,
2002), corresponde um total de seis participantes.
Os critérios de inclusão e exclusão utilizados na seleção dos profissionais
voluntários para a participação do estudo são:
Inclusão - profissionais fisioterapeutas formados e devidamente registrados
no Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO) de sua
região, que atuem na prática clínica da saúde mental com pacientes que apresentam
algum tipo de transtorno mental.
Exclusão – profissionais fisioterapeutas que não desejarem participar de
qualquer etapa do estudo.
Os participantes foram recrutados a partir de redes sociais de comunicação,
onde já estão agrupados e reunidos por interesses próprios a fim de tratar de
assuntos relacionados à fisioterapia. Sendo assim, foram convidados a partir do
envio de e-mail ou mensagem em rede social a realizarem a entrevista via chamada
de vídeo ou pessoalmente, a depender da localização do entrevistado.
O texto de recrutamento consistiu no seguinte convite: “Caro (a), me chamo
Isabela Lopes de Santana e sou graduanda do curso de fisioterapia da Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP) – Campus Baixada Santista. Estou realizando
uma pesquisa para o meu trabalho de conclusão de curso (TCC) com o tema “A
prática clínica do fisioterapeuta na saúde mental”. Com isso, o/a convido a participar
de uma entrevista semiestruturada, que poderá acontecer pessoalmente ou via
chamada de vídeo, com duração em média de 40 minutos. Caso tenha interesse em
participar, encontraremos a melhor data e horário e encaminharei o Termo de
13

Consentimento Livre e Esclarecido. Desde já, agradeço imensamente a contribuição


para o avanço dessa ciência e estou à disposição para demais esclarecimentos”.

5.3. FORMAÇÃO DA INFORMAÇÃO

A formação da informação nos estudos de casos pode se basear em


diferentes fontes de evidências (YIN, 2001). Dessa maneira, foi colocado em prática
o uso de entrevistas semiestruturadas e a análise do referencial teórico utilizado
para o embasamento de um curso voltado para o tratamento complementar e
integrativo em saúde mental e doenças psicossomáticas - Toque Integrativo Somato
Emocional (T.I.S.E.). Um método terapêutico manual, proveniente de diversas
técnicas, com foco em saúde mental e qualidade de vida, desenvolvido no Centro de
Reabilitação e Hospital Dia (CRHD) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC FMUSP) por
uma fisioterapeuta.
As entrevistas semiestruturadas consistem em um importante método de
levantamento de dados, podendo ser conduzidas de forma espontânea, fornecendo
percepções e interpretações sob o assunto, assim como, sugerindo novas. Foram
realizadas individualmente, pessoalmente e via chamada de vídeo, com duração em
média de 40 minutos, sendo gravadas em áudio para posterior transcrição e análise.

5.4. ASPECTOS ÉTICOS

O estudo respeitou as diretrizes e critérios da Resolução 466/12 do Conselho


Nacional de Saúde e foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de São Paulo, via Plataforma Brasil, com parecer número
3.499.045 (Anexo I).
Todos os participantes tiveram acesso ao termo de consentimento livre e
esclarecido aplicado de forma online, por meio de formulário da plataforma Google,
14

sendo obrigatório o aceite das condições da pesquisa e o preenchimento do nome


completo (Apêndice II).

5.5. ANÁLISE

A partir da contínua interação entre as questões teóricas estudadas e dos


dados coletados (YIN, 2001), a análise dos dados foi realizada. O método utilizado
corresponde à análise de conteúdo, que propõe, segundo Gray (2012) fazer
inferências sobre os dados, identificando de forma sistemática e objetiva
características entre eles. Organizando o conteúdo em torno de três pólos
cronológicos, que são a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos
resultados.
A pré-análise, consiste em estabelecer contato com os documentos que
serão analisados, através de uma leitura exaustiva do corpus da pesquisa, tendo
como característica a homogeneidade. Após, na exploração do material, faz-se
necessário, a organização do conjunto de textos com base em estratégias extraídas
da própria leitura, categorizando os dados de acordo com a frequência de aparição,
apresentando o que há em comum entre eles, tendo como principal objetivo a
condensação, ou seja, uma representação simplificada dos dados brutos. Em
seguida, no tratamento dos resultados, é feito a descrição com base em conceitos
que giram em torno das categorizações construídas ao longo da análise e das
temáticas entre corpo simbólico e corpo biológico. Desse modo, por fim, haverá a
interpretação em torno da exploração dos significados das categorias contrastando
com fundamentação teórica, dando embasamento e perspectivas para o estudo
(BARDIN, 1977).

6. RESULTADO E DISCUSSÃO
15

Universidade
Ano de Local de
Participante Idade pública ou
formação trabalho
privada
Consultório
A 43 anos 1999 Privada
particular
Centro de
Atendimento
e Estudos da
B 27 anos 2016 Pública
Saúde do
Servidor
Público
Consultório
C 40 anos 2001 Privada
particular
Secretária de
D 42 anos 2006 Privada
Saúde
Consultório
E 45 anos 1999 Privada
particular
Hospital Dia
Adulto e
F 55 anos 1984 Pública
consultório
particular

A partir da análise das entrevistas realizadas, as respostas foram organizadas


em categorizações distintas baseadas nas problemáticas que mais se apresentam:
Mente, corpo e visão biopsicossocial; Déficit na grade curricular da graduação em
fisioterapia; Regulamentação pelo conselho federal de fisioterapia; Reconhecimento
da atuação do fisioterapeuta na saúde mental; Principais abordagens; Outras áreas
da saúde mental.

a) Mente, corpo e visão biopsicossocial

Quando questionados sobre como lidam com profissionais que ainda separam
o paciente em mente e corpo, unanimemente, todos compartilham de uma visão
semelhante de que a melhor maneira de lidar com esse reducionismo é o
esclarecimento, e que não há, atualmente, mais como separá-los, apesar de serem
conceitualmente distintos.

A visão cartesiana mente e corpo, foi importante naquela época em que foi
descoberta. Hoje em dia, às vezes ainda nos deparamos com profissionais
16

que tendem a separá-los e é muito individual, mas sempre digo que apesar
de serem diferentes, estão conectados, se influenciando... E pensar de
maneira reducionista que não há interação, não cabe mais. (Entrevistado).

Definir mente e corpo a partir de seus conceitos reais nos coloca diante das
claras diferenças. De acordo com o dicionário brasileiro da língua portuguesa
Michaelis, temos:

Mente – 1. Conjunto de faculdades racionais do homem, voltadas para a


apreensão cognitiva da realidade. 2. Estado de consciência ou
subconsciência relacionado aos pensamentos processados pelo cérebro
humano. 3. Poder de criar na imaginação. 4. Conjunto de valores morais de
um indivíduo ou de um grupo social.
Corpo – 1. Conjunto de elementos físicos que constitui o organismo do
homem ou do animal, formado por cabeça, tronco e membros. 2. Formação
anatômica, embriológica ou histológica. 3. A estrutura física de uma pessoa.
4. A matéria conformada que é parte da individualidade de cada ser humano
ou animal.

No entanto, a interação entre eles, nos direciona para o que chamamos de


psicossomática. Tratando-se da influência das emoções no desenvolvimento de
doenças, envolvendo agentes multifatoriais, dentre eles ambientais, culturais,
emocionais, genéticos e fisiológicos. Desde as primeiras relações com a mãe, o
corpo biológico é construído, assimilando diversos significados, deixando se ser
apenas um organismo-máquina descoberto pela ciência (ANGERAMI, 2012; FILHO
e BURD, 2010).
Para Castro et al. (2006) as doenças psicossomáticas questionam a divisão
existente entre doenças físicas e psíquicas, decorrente da tradicional divisão
cartesiana que separa a mente do corpo. Na psicossomática, o objeto de estudo não
deve ser a doença, mas o sujeito, enxergando que estados emocionais podem
perturbar o funcionamento de qualquer órgão, podendo pela continuidade ou
intensidade, acarretar lesões estruturais (ANGERAMI, 2012).
Com isso, articular sintomas com histórias de vida, dando espaço para a fala
e para a narrativa singular de cada paciente, possibilita o acesso a momentos que
muitas vezes são os responsáveis pela sintomatologia presente e que se encontram
na subjetividade de cada indivíduo. Para Ballone, Ortolani e Neto (2007) é diante
17

dos estímulos do mundo que o sujeito reage, desencadeando alergias, frio, choro,
medo, pânico, alegria etc. Essas reações não se dão somente àquilo que acontece
momentaneamente, mas, inclusive, em relação às memórias e sentimentos
interiorizados, ou seja, frustrações, carências, tendo então, ligação constante não só
com o presente, mas com o passado e com o futuro.

A saúde mental é importantíssima quando a gente vai trabalhar com


doenças psicossomáticas, que é o que enche os nossos consultórios
fisioterapêuticos, só que como a gente não tem a formação, o conhecimento
mais aprofundado com essas questões, não conseguimos reconhecer que
aquela enxaqueca crônica, lombalgia crônica, podem ser decorrentes de um
transtorno psicossomático. Por isso, é fundamental que o fisioterapeuta
conheça essa área da psiquiatria e psicologia para assim poder atuar de
forma mais objetiva e assertiva. (Entrevistado).

Logo, a compreensão das doenças e transtornos mentais, pelo fisioterapeuta,


dentro dessa perspectiva, enriquece o entendimento sobre os mecanismos
biopsicossociais relacionados com o adoecer e favorece um tratamento singular e
integrador, reconhecendo a complexidade do indivíduo, justamente por ser
indivisível (FIGUEIRA e IDEHARA, 2009; GALVÁN, 2007).

A gente começa a abordar o indivíduo que apesar de não ter doença, ele
não está saudável. Questões sociais ao redor dele são deletérias pra que
ele consiga ter qualidade de vida. (Entrevistado).

A compreensão do que é estar saudável, para muitos profissionais ainda se


baseia no fato de não apresentar doenças, devido a todo o processo histórico de
formação voltado ao modelo biomédico e que muitas vezes ainda predomina na
atenção à saúde, sendo focado na doença e em sua explicação. Nele, há conceitos
de desajuste ou falha dos mecanismos de adaptação do organismo, tratando o
corpo em partes cada vez menores, reduzindo a saúde a um funcionamento
mecânico. No entanto, paralelamente ao avanço da ciência, foi surgindo a
impossibilidade de respostas conclusivas para muitos problemas, sobretudo, para os
componentes psicológicos e subjetivos que se apresentam em qualquer doença,
representando um momento de insatisfação com alguns pressupostos (ALVES,
MINAYO, 1994; BARROS, 2002).
18

Mesmo que muitos profissionais admitam a influência e existência de


componentes psicossociais no processo das doenças, ainda não se sentem à
vontade para lidar, pois não foram preparados, nos colocando diante da
necessidade da aproximação de disciplinas com essa visão biopsicossocial, durante
a graduação.

[...] a saúde mental me aproximou de outras áreas como filosofia, que nos
ajudam a ter uma melhor compreensão do modelo biopsicossocial.
(Entrevistado).

O termo psicossocial surge então para tentar responder e significar essas


questões não explicadas pelo modelo biomédico que adere a um comportamento
cartesiano, dificultando o entendimento do todo, devido à intensificada divisão do ser
humano em pedaços. (BARROS, 2002; DUARTE, 1994).

A gente começa a entender que tratar só o pé ou só a mão, não vai


resolver, quando queremos resolver o problema de fato [...]. (Entrevistado).

Assim, para que haja um estado de saúde plena, que a Organização Mundial
de Saúde (OMS) define como: “um estado de completo bem-estar físico, mental e
social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Faz-se necessário a
integralidade, um dos princípios do SUS, que busca a compreensão dos indivíduos
de maneira abrangente, incluindo o contexto social em que está inserido.

b) Déficit na grade curricular da graduação em fisioterapia

A formação profissional do bacharel em fisioterapia está em constante


processo de mudança e avanço. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino de Graduação em Fisioterapia (2002) o egresso tem como perfil ser
um profissional generalista, humanista, crítico e reflexivo, capacitado a atuar em
todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor científico e intelectual. Com
visão ampla e global, respeitando os princípios éticos/bioéticos, e culturais do
indivíduo e da coletividade. Capaz de ter como objeto de estudo o movimento
humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades, quer nas
19

alterações patológicas, cinético-funcionais, quer nas suas repercussões psíquicas e


orgânicas, objetivando a preservar, desenvolver, restaurar a integridade de órgãos,
sistemas e funções, desde a elaboração do diagnóstico físico e funcional, eleição e
execução dos procedimentos fisioterapêuticos pertinentes a cada situação. Além
disso, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção e
reabilitação da saúde.
Os conteúdos essenciais abordados para o curso de fisioterapia devem
contemplar mais do que os conhecimentos fisioterapêuticos e de ciências biológicas
e da saúde, é necessário o estudo das ciências sociais e humanas, compreendendo
o homem e suas relações sociais, assim como, do processo saúde-doença em seus
múltiplos aspectos, psicossociais, culturais, filosóficos, antropológicos e
epidemiológicos (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE
EDUCAÇÃO SUPERIOR, 2002).
É a partir dessa perspectiva de perfil profissional, atuação e abordagem
teórica da grade curricular na graduação de fisioterapia que podemos identificar um
ponto importante e de grande presença nas entrevistas: o déficit na grade curricular
da graduação em fisioterapia em relação ao estudo de transtornos mentais e as
possibilidades de atuação, uma vez que, está definido dentro de nossas
competências a abordagem às alterações psíquicas e orgânicas.
É esperado que o egresso tenha desenvolvido ao longo de sua trajetória
acadêmica as competências necessárias descritas acima, mas ao se tratar de
assuntos relacionados à transtornos mentais, surge uma enorme lacuna e que
muitas vezes não são preenchidas.

O conhecimento que deve existir é muito grande e hoje nós fisioterapeutas


não temos nem o básico na graduação. E se temos é por que fomos buscar
fora. Entrevistado).

Disciplinas específicas voltadas ao estudo de psicopatologias e farmacologia


se faz necessário pela enorme complexidade do assunto e real implicação na prática
clínica. Assim como é dado com os conteúdos de cardiologia, pneumologia,
ginecologia etc., onde são abordadas as patologias básicas, compreender os
transtornos mentais e que hoje estão presentes em uma parcela significativa da
população, é fundamental.
20

Vendo minha formação, por exemplo, é muito cartesiana, corpo é corpo,


mente é mente. E, apesar dela já ter sido diferente, num processo que vem
sofrendo essa transformação, ainda foi muito biomédica, então não tinha
esse olhar pra saúde mental. Não tive na minha universidade nenhuma
matéria da psicologia, eu fiz depois em outra universidade durante a
graduação, no intercâmbio, mas na grade obrigatória não tinha nenhuma
matéria, nenhuma aproximação com a saúde mental nesse sentido.
(Entrevistado).

Estima-se que a depressão afete globalmente 350 milhões de pessoas, a


esquizofrenia 23 milhões e o transtorno neurocognitivo maior (demência) 50 milhões
de pessoas. No mundo, uma em cada 160 crianças têm transtorno do espectro
autista (OPAS, 2017; OPAS 2018). Esses números crescem e cada vez mais,
resultado da interação complexa de fatores biopsicossoais, fica claro a urgência de
um entendimento real sobre os transtornos mentais que impactam significativamente
a saúde dos indivíduos em todos os países do mundo.

O egresso do curso de fisioterapia tradicional que ainda não tem essa


disciplina vai ter um trabalho redobrado, porque ele vai ter que procurar
formações adequadas [...] da maneira que hoje é feita e com minha
graduação propriamente dita, eu, por exemplo, não seria capaz de atuar.
(Entrevistado).

Se quisermos profissionais capacitados para atuar com todas as demandas


relacionadas à saúde mental, é de suma importância que esse conhecimento venha
de base, fazendo parte do conteúdo generalista do fisioterapeuta durante os anos de
graduação. Assim, estreitando ainda mais a relação entre mente e corpo e
terminando com limitações de que os fisioterapeutas trabalham apenas o físico, ou
seja, o corpo biológico dos indivíduos.

c) Regulamentação pelo conselho federal de fisioterapia

Muitos dos fisioterapeutas que atuam na área de saúde mental, já


apresentam carreira consolidada de anos, seja na iniciativa privada ou no setor
público. Não necessariamente podemos considerar como uma nova área de
21

atuação, visto que, podemos encontrar profissionais com dez e até mesmo vinte
anos de experiência.

A grande questão é a falta de conhecimento. É uma área em que existem


muitas pessoas no Brasil que trabalham, mas que estão todas isoladas,
acham que não existem outros fisioterapeutas atuando, mas existe sim.
(Entrevistado).

É consenso de que atualmente já existem mobilizações para que a atuação


do fisioterapeuta em saúde mental ocorra, evidenciando os benefícios àqueles que
são atendidos, além de expandir o mercado para os profissionais (GOULARDINS,
CANALES, ODA, 2019).
Portando, para que de fato, seja possível uma visão ampliada sobre mente e
corpo e seja um conteúdo verdadeiramente abordado nas universidades brasileiras
públicas e privadas, envolvendo essa área de atuação da fisioterapia, é primordial a
regulamentação e reconhecimento da especialidade pelo Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).

d) Reconhecimento da atuação do fisioterapeuta na saúde mental

Nem sempre a aceitação do fisioterapeuta em saúde mental acontece de


imediato. Resultado do desconhecimento e por considerar que nossa atuação está
centrada apenas no corpo. Há sempre um trabalho de convencimento, de se
mostrar, explicar e principalmente apresentar resultados.

[...] é um trabalho de formiguinha, em todos os lugares que chegamos e


falamos que somos fisioterapeutas, existe uma primeira relutância.
(Entrevistado).

Tratando-se de instituições hospitalares, acaba sendo uma situação ainda


mais notável, visto que a atuação nestes lugares muitas vezes, ainda está centrada
nos saberes e na atuação médica.

No hospital não senti uma valorização por que às vezes pediam um parecer
da fisioterapia e no mesmo dia eu ia avaliar, mas o paciente já havia
22

recebido alta. Então eles davam alta mesmo antes de receber o parecer e
nas reuniões de equipe eu não via essa questão de valorização do trabalho
da fisioterapia. (Entrevistado).

A valorização do fisioterapeuta caminha e depende de diversos fatores. Mas,


principalmente a união quanto equipe, significa expor os benefícios e resultados,
apresentando e argumentando cientificamente.
Atualmente em serviços de referência em psiquiatria no estado de São Paulo,
já encontramos tratamentos que vão além da medicação. Isso inclui não só o
tratamento fisioterapêutico, mas também terapias que envolvem teatro, Reich, ioga
entre outras. Essa abordagem diferenciada passou a ser introduzida e hoje faz parte
dos tratamentos, apresentando inúmeros ganhos aos pacientes e mostrando que
cada profissional tem, dentro de suas competências, como contribuir e não
substituir.

e) Principais abordagens

Atualmente, muitos tratamentos de transtornos mentais têm como padrão


ouro de evidência o uso de medicamentos. Porém, uma parcela de pacientes não
alcançam os benefícios da remissão total ou apresentam efeitos colaterais. Dessa
forma, práticas da medicina complementar e alternativa surgem como recurso
(VIDAÑA et al., 2017). Na busca por qualidade de vida e harmonia corpo-mente,
cria-se um ambiente inclusivo com base no pluralismo terapêutico, acolhendo os
indivíduos e integrando corpo, mente, espírito e cultura com sua participação ativa
(SCHVEITZER e ZOBOLI, 2014).
Para atingir determinados objetivos estabelecidos em seus planos
terapêuticos, cada fisioterapeuta recorre a conceitos, práticas e técnicas diversas.
Entre elas, podemos citar a consciência e imagem corporal, mindfulness,
psicomotricidade, ioga, tai chi chuan, terapia floral, homeopatia, fitoterapia, hipnose
terapêutica, osteopatia, quiropraxia, estimulação nervosa, microfisioterapia e terapia
craniossacral além da abordagem de redução de danos.
23

[...] podemos atuar através do corpo, que é exatamente o que significa a


fisioterapia. O trabalho do corpo pelo corpo, com efeitos na saúde mental.
(Entrevistado).

Na perspectiva do corpo enquanto cadeias musculares é comprovado que o


corpo é capaz de se transformar e desequilibrar. Exemplo disso é quando ocorre em
nós, um estado de tensão muscular em decorrência do estresse. Logo, essa
estrutura corporal pode determinar e influenciar estados comportamentais. E estar
consciente na organização de seus próprios movimentos, significa ter consciência de
si. Logo, através da prática corporal, é possível proporcionar diferentes sensações
seja de relaxamento, conforto, autoconfiança e bem-estar, favorecendo o contato
com estados emocionais melhores, além de ser suporte para o alcance da
autonomia, aspecto muito presente e de relevância nos tratamentos fisioterapêuticos
(BARROS, 1996; TESSITORE, 2006).
A imagem corporal engloba diferentes significados. E o corpo como
expressão do sofrimento mental simboliza de maneira particular suas vivências
(ZAGO, 2007). Por isso, o trabalho de consciência e imagem corporal, presente em
todas as falas dos entrevistados, busca a compreensão dos sentidos internos e
externos do indivíduo, que muitas vezes, não são percebidos e sim automatizados.
Busca ampliar a consciência de modo que a atenção plena se faça presente diante
das alterações, conduzindo a contextos de percepção que reforçam
comportamentos conscientes e torna possível o conhecimento fora do ambiente
terapêutico.

[...] é como se eu estivesse relembrando seu potencial corporal. São coisas


simples, mas que trazem muito significado para aqueles que não têm essa
noção. E como, geralmente, são pessoas muito mente, muito pensamento,
então eu tento trazer pra eles a valorização do corpo. (Entrevistado).

Dentro da psicomotricidade, onde se tem o objetivo de romper com a


separação psico-motora e considerar sua integração, propostas variadas de
exercícios envolvendo o relaxamento, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação,
percepção corporal, atenção e memória favorecem melhor qualidade de vida que
implicam em resultados positivos na saúde dos indivíduos, visto que a prática de
exercício físico surge como potencial intervenção, uma vez que se apresenta como
24

uma alternativa menos estigmatizada (BANZATTO et al., 2015; FONSECA, 2010;


GOLDSTEIN et al., 2018).
Muitas das abordagens citadas se incluem dentro das práticas integrativas e
complementares (PICS), que buscam através de outros modos, praticar o cuidado e
o autocuidado, considerando o bem-estar físico, mental e social, integrando saberes
e práticas em diversas áreas do conhecimento para desenvolvimento de projetos
humanizados, integrais e transdisciplinares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
Não é incomum, diagnósticos de transtornos mentais associados às dores
crônicas que incapacitam e diminuem cada vez mais a qualidade de vida dos
indivíduos. Peeke e Frishett, (2002) abordam em seu estudo, o papel das práticas
integrativas e complementares na saúde mental de mulheres, expondo que as
principais condições para a procura dessas práticas, envolvem os fatores de
cronicidade de sintomas físico e/ou mentais.
No setor privado ou público, as concepções dos profissionais fisioterapeutas
em relação às PICS são harmoniosas em concordância de que apresentam
resultados clínicos satisfatórios. No entanto, dentro de serviços hospitalares,
marcados por visões biomédicas, ainda há determinadas relutâncias e pré-conceitos
às práticas integrativas e complementares, predominando assim, tratamentos
exclusivamente medicamentosos.

Infelizmente, dentro do hospital psiquiátrico ainda tem muito a questão


apenas medicamentosa. Aqui fora, conseguimos associar e somar outros
tratamentos, como homeopáticos e fitoterápicos para ter bons resultados.
Lembrando que também é de nossa competência, uma vez que está na
resolução do COFFITO. (Entrevistado).

Levando em consideração a relação das PICS com a profissão de fisioterapia,


o COFFITO normatizou a prática da homeopatia, fitoterapia, práticas corporais,
manuais e meditativas, terapia floral, magnetoterapia, fisioterapia antroposófica,
termalismo/crenoterapia/balneoterapia e hipnose, por meio da Resolução nº
380/2010, nos dando respaldo para a atuação.
Dentro das abordagens em saúde mental, as técnicas de terapias manuais
desempenham um importante papel. Buscam solucionar a causa primária das
queixas dos indivíduos atendidos e assim, alterar padrões que desencadeiam
diversos sofrimentos.
25

Com isso, podemos citar, ainda que, com limitações a cerca de evidências
científicas, a microfisioterapia, técnica desenvolvida na França por dois
fisioterapeutas na década de 80, cujo embasamento teórico se dá pelo estudo de
questões relacionadas à embriologia, ontogenia, filogenética e anatomia.
Compreende gestos manuais específicos que são aplicados de maneira suave
estimulando a auto-cura do organismo (INSTITUTO SALGADO, 2019).

f) Outras áreas da saúde mental

O consumo e abuso de substâncias psicoativas torna-se um problema


crescente de saúde pública (ABREU et al. 2016). É neste contexto que a abordagem
multidisciplinar se insere e os fisioterapeutas atuam além das psicoses, trabalhando
também com a dependência química junto às demandas biopsicossociais desses
indivíduos.

Hoje, meu público especifico são indivíduos que fazem uso abusivo de
álcool e outras drogas e que têm consequências biopsicossociais em
decorrência desse uso. (Entrevistado).

É comum a busca pela abstinência através de internações quando falamos


em dependência química, no entanto, a redução de danos aparece como alternativa
à abstinência, uma vez que, nem sempre os usuários estão dispostos a parar, visto
que os problemas que enfrentam se relacionam a outras questões complexas.
Desde o início, a experiência brasileira de redução de danos dialoga profundamente
com a luta antimanicominal e busca proporcionar o direito à cidadania, assim como,
seu direito de liberdade e de escolha (CARDOZO, 2014; PETUCO, MEDEIROS,
2010).
Baseado em ações que visam à redução de danos sociais e à saúde,
decorrentes do uso de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência e
considerando a crescente utilização, indivíduos que fazem uso crônico de drogas
como cocaína e crack tendem a apresentar distúrbios graves de autorregulação
comportamental, inclusive, da atividade psicomotora (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2005; STELLA, ANSELMO e GOVONE, 2005).
26

[...] eles me trazem um sofrimento por causa da dor, não necessariamente


pela droga, mas em todas as histórias a droga está envolvida.
(Entrevistado).

A estratégia de redução de danos apresenta-se aqui, como uma realidade da


iniciativa privada, nos colocando diante de circunstâncias que se aproximam das
condutas do setor público. Reconhecendo que independente do poder aquisitivo do
sujeito, a educação em saúde é uma necessidade e que nós fisioterapeutas também
temos papel importante, em qualquer que seja a área de atuação.

Se a gente ensina que determinadas ações trazem consequências para sua


saúde, o papel do fisioterapeuta como promotor da saúde é essencial.
(Entrevistado).

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao proporcionar meios para o desenvolvimento de tratamentos alternativos e


complementares aos tradicionais, os fisioterapeutas oferecem mais opções e
consequentemente, ampliam a visão para as diferentes formas do cuidar,
expandindo as possibilidades de se alcançar um tratamento individualizado e efetivo.
Abordar as dimensões da mente e corpo humano é uma tarefa complexa,
principalmente, quando partimos de um lugar onde enxergamos apenas o corpo
biológico, no entanto, essa tendência tende a diminuir, conforme mais profissionais
se aproximam desses conhecimentos.
As delimitações e competências de cada profissão se fazem necessárias, no
entanto, por em prática a escuta qualificada e compreender a singularidade de cada
paciente, com novos olhares sobre um mesmo acontecimento, sem a necessidade
de anular tudo o que já foi construído é fundamental. Além disso, o encontro e o
cuidado terapêutico devem propiciar a ambas as partes a quebra de barreiras, sendo
um encontro educativo, onde precisamos estar livres de pré-conceitos e estigmas,
não só com a doença propriamente dita, mas com os medicamentos e sintomas,
para que a integralidade do cuidado seja possível.
27

Apesar de reconhecer grandes lacunas na formação dos fisioterapeutas no


que diz respeito as temática da saúde mental, a identificação dessa problemática
abre espaço para discussões futuras dentro dos espaços acadêmicos, quebrando
estigmas ao redor das questões relacionadas aos transtornos mentais, aumentando
assim, a divulgação dessa prática.
Ainda nos deparamos com uma escassa literatura referente à fisioterapia em
saúde mental e, na busca por estudos atualizados e de qualidade, muitas vezes se
faz necessário, a utilização de artigos de outras áreas profissionais, como da
psicologia e psiquiatria. Ainda assim, foram identificadas similaridades de autores
utilizados como referencial teórico entre os entrevistados. Entre eles podemos citar
Alexander Lowen, Michel Probst, Philippe Souchard e Roberto T. Kinoshita.
Portanto, a necessidade de que mais fisioterapeutas brasileiros realizem
pesquisas científicas na área é de suma importância, para que assim, cada vez
mais, esse conhecimento seja difundido e as experiências e resultados sejam
compartilhados com todos que se interessam por essa atuação. E, para aqueles que
não conhecem, que possam melhor compreender esse trabalho, sendo capaz de
orientar pacientes que se beneficiam com novas práticas terapêuticas.
28

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGERAMI, V.A. Psicossomática e suas interfaces: O processo silencioso do


adoecimento. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

BALLONE, G.J.; ORTOLANI, I.V.; NETO, E.P. Da emoção à lesão: Um guia de


medicina psicossomática. 2.ed. Barueri, SP: Manole, 2007.

BANZATTO, S. et al. Análise da efetividade da fisioterapia através da


psicomotricidade em idosos institucionalizados. Rev. Brasileira em Promoção da
Saúde, Fortaleza, v.28, n.1, p. 119- 125, mar., 2015.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa. Editora: Edições 70. 1977.

BARROS, D.D. Antiginástica como perspectiva de desenvolvimento da


consciência corporal. 1996. 44p. Monografia – Faculdade de Educação Física,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

BARROS, J. A. C. Pensando o processo saúde doença: a que responde o


modelo biomédico? Revista Saúde e Sociedade, São Paulo, v.11, n.1, p.1-11,
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Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fisioterapia. Brasília, 2002.

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distância. 1.ed. Porto Alegre. Editora: UFRGS, 2009. Apostila. Disponível em:
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TENÓRIO, F. A reforma psiquiátrica brasileira, da década de 1980 aos dias


atuais: história e conceito. Rio de Janeiro, v.9, n.1, p.29-31, 2002.

TESSITORE, E. C. Os talentos do corpo: uma experiência de trabalho corporal


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Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

VIDAÑA, D.I.S. et al. The Effectiveness of Aromatherapy for Depressive


Symptoms: A Systematic Review. Evidence-Based Complementary and
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Monografia – Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas,
Campinas.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre:


Bookman, 2001.
32

9. APÊNDICE

Apêndice I – Entrevista Semiestruturada

1. Como surgiu seu interesse em atuar com pacientes da saúde mental e qual
caminho percorreu até aqui?

2. O que significa, para você, trabalhar com pacientes da saúde mental?

3. Por que você considera que muitos fisioterapeutas ainda desconhecem a


atuação na saúde mental?

4. Quais as competências profissionais do fisioterapeuta em um serviço de


saúde mental?

5. Quais são suas principais abordagens utilizadas?

6. Como avalia os impactos de suas intervenções no cotidiano dos pacientes


atendidos?

7. Quais seus principais referenciais teóricos e formas de manter-se atualizado?

8. Em sua opinião, qual a percepção e aceitação dos outros profissionais de


saúde sobre sua inserção no serviço de saúde mental?

9. Como você lida com profissionais e serviços que ainda separam o paciente
em mente e corpo?

10. Diante de sua experiência clínica, você considera que os fisioterapeutas


recém-formados pela graduação estão aptos a realizar o cuidado de
pacientes com transtornos mentais?
33

11. No Brasil, quais os desafios que ainda devemos enfrentar para alcançar o
reconhecimento da importância do fisioterapeuta no cuidado ao paciente com
transtornos mentais?

12. Teria algo para acrescentar?

Apêndice II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – CAMPUS BAIXADA SANTISTA


INSTITUTO SAÚDE E SOCIEDADE
CURSO DE FISIOTERAPIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
[VERSÃO ANEXADA PARA ACESSO DOS/DAS PARTICIPANTES]
PESQUISA: A prática clínica do fisioterapeuta na saúde mental

Caro/a, gostaria de convidá-lo/a a participar da pesquisa intitulada “A prática


clínica do fisioterapeuta na saúde mental” para realização de Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) de Fisioterapia da Universidade Federal de São Paulo –
Campus Baixada Santista – UNIFESP/BS pela estudante Isabela Lopes de Santana
sob orientação do Prof. Dr. Juarez Pereira Furtado.
O objetivo desta pesquisa é conhecer e analisar como se dá a prática clínica
do fisioterapeuta no âmbito da saúde mental no Brasil. Sua participação se dará por
meio de uma entrevista semiestruturada, realizada individualmente, em chamada de
vídeo ou pessoalmente em local, dia e horário a combinar, com duração média de
40 minutos, contendo questionamentos a respeito de sua experiência como
profissional da área. A entrevista será gravada em áudio, para posterior transcrição
e análise. Sendo de responsabilidade da pesquisadora, manter sigilo absoluto de
seus dados pessoais, garantindo que você não seja identificado em nenhum
momento.
34

Aos/as participantes, será garantido o direito de retirar o consentimento e


deixar de participar da pesquisa a qualquer momento. E, somente a pesquisadora e
o orientador terão acesso ao estudo.
Não existem despesas ou compensações pessoais para o/a participante em
qualquer fase do estudo.
A pesquisa poderá gerar riscos mínimos aos participantes, envolvendo
desconforto ou constrangimento em relação às perguntas realizadas.
Mesmo não tendo benefícios diretos em participar, indiretamente você
estará contribuindo para a compreensão e avanço dessa ciência, favorecendo
com o desenvolvimento dessa área de atuação do fisioterapeuta.
Os dados coletados serão utilizados somente para a pesquisa que, depois de
finalizada, poderá ter seus resultados veiculados no meio acadêmico, científico e
enviados para instâncias decisórias de políticas públicas. É garantida também ao/a
participante o direito de ter acesso aos resultados parciais e finais da pesquisa.
Para aqueles que realizarem a entrevista pessoalmente, o termo poderá ser
aplicado presencialmente, sendo disponibilizado em duas vias originais, ficando uma
para o participante e a outra para o pesquisador.
Caso tenha dúvidas a respeito da pesquisa, poderá entrar em contato com a
pesquisadora Isabela Lopes de Santana, pelo e-mail Isabela.l.santana@outlook.com
e através do telefone (11) 97794-0156. Assim como, entrar em contato com o
orientador da pesquisa Juarez Pereira Furtado através do e-mail
juarezpfurtado@gmail.com e pelo telefone (13) 98131-1401. Endereço: Universidade
Federal de São Paulo, Campus Baixada Santista, Departamento de Políticas
Públicas e Saúde Coletiva. Rua Silva Jardim, 136 Vila Mathias, 11015020 - Santos,
SP – Brasil.
Considerações ou dúvidas sobre a ética da pesquisa entre em contato com o
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Unifesp – Rua Prof. Francisco de Castro, n.:
55, - 04020-050, tel.: (11) 5571-1062; (11) 5539-7162. E-mail: cep@unifesp.edu.br.
Horário de atendimento telefônico e presencial: Segundas, terças, quintas e sextas,
das 9 às 13 horas.

Isabela Lopes de Santana


_____________________________________
35

Juarez Pereira Furtado


_____________________________________

Nome completo e assinatura do participante


_____________________________________

Declaro que li e compreendi os objetivos dessa pesquisa e que concordo em


participar do estudo, sabendo que posso deixar de participar a qualquer momento.
[lugar para clicar, dando aceite].

Apêndice III – Termo de Confidencialidade

Eu, Juarez Pereira Furtado, CPF nº 529.684.216-20 e Isabela Lopes de


Santana, CPF nº 435.868.848-93, assumimos o compromisso de manter
confidencialidade e sigilo sobre todas as informações técnicas e outras relacionadas
ao projeto de pesquisa intitulado “A prática clínica do fisioterapeuta na saúde mental”,
desenvolvido nas dependências da Universidade Federal de São Paulo - Campus
Baixada Santista, Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletiva.
Por este Termo de Confidencialidade e Sigilo comprometo-me:
1. A não utilizar as informações obtidas no projeto/laboratório, para gerar
benefício próprio exclusivo e/ou unilateral, presente ou futuro, ou para o uso de
terceiros;
2. A não repassar o conhecimento das informações confidenciais,
responsabilizando-me por todas as pessoas que vierem a ter acesso às informações,
por meu intermédio, e obrigando-me, assim, a ressarcir a ocorrência de qualquer
dano e/ou prejuízo oriundo de uma eventual quebra de sigilo das informações
fornecidas.
Neste Termo, as seguintes expressões serão assim definidas: Informação
Confidencial significará toda informação produzida por meio de experimentação
realizada a partir de projetos de pesquisa. Pelo não cumprimento do presente Termo
36

de Confidencialidade e Sigilo, ficam os responsáveis cientes de todas as sanções


judiciais que poderão advir.

Ass._____________________________
Juarez Pereira Furtado
Ass._____________________________
Isabela Lopes de Santana

10. ANEXO

Anexo I: Aprovação do comitê de ética

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA


Título da Pesquisa: A prática clínica do fisioterapeuta na saúde mental.
Pesquisador: Juarez Pereira Furtado
Versão: 2
CAAE: 12260919.9.0000.5505
Instituição Proponente: Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/EPM
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 3.499.045
Apresentação do projeto: Projeto CEP/UNIFESP n:0441/2019 (PARECER FINAL)
PROJETO APROVADO.
Trata-se de projeto com a participação da aluna de graduação, ISABELA LOPES DE
SANTANA, do Curso de Fisioterapia, UNIFESP. Orientador: Prof. Dr. Juarez Pereira
Furtado; Projeto vinculado ao Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletiva,
Instituto Saúde e Sociedade, Campus Baixada Santista, UNIFESP.
37

-As informações elencadas nos campos "Apresentação do Projeto", "Objetivo da


Pesquisa" e "Avaliação dos Riscos e Benefícios" foram retiradas do arquivo
Informações Básicas da Pesquisa gerado em 21/4/2019.
APRESENTAÇÃO: Atualmente, o fisioterapeuta ao ampliar suas abordagens e
práticas terapêuticas, busca a compreensão do corpo, almejando equilíbrio e
harmonia para o paciente. De modo que sua atuação não se restringe somente à
reabilitação física. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo, conhecer e
analisar a prática clínica do fisioterapeuta no âmbito da saúde mental, assim como,
identificar as referências teóricas utilizadas e compreender a relação terapeuta-
paciente, visto que, há uma clínica de abordagem corporal em pacientes com
transtorno mental, ainda pouco divulgada. Será realizada uma pesquisa qualitativa,
utilizando-se estudos de casos múltiplos com amostragem intencional, não
probabilística que se dará de maneira progressiva, até a saturação teórica. A análise
será a partir da interação entre as informações coletadas e questões teóricas,
identificando características entre eles.
Considerações Finais a critério do CEP:
O CEP informa que a partir desta data de aprovação, é necessário o envio de
relatórios parciais (semestralmente), e o relatório final, quando do término do estudo,
por meio de notificação pela Plataforma Brasil.
Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:

Tipo
Arquivo Postagem Autor Situação
Documento
Informações Juarez
PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P 29/05/2019
básicas do Pereira Aceito
ROJETO_1328254.pdf 17:24:27
projeto Furtado
Projeto
Detalhado / Projeto_TCC_Final_revisado_parecer_a 29/05/2019 Juarez
Aceito
Brochura nexarPB.pdf 17:22:22 Pereira
Investigador
PENDENCIAS_PARECER_RESPONDI 29/05/2019
Outros Furtado Aceito
DAS.docx 17:18:10
Declaração de Termo_de_confidencialidade_assinado_ 29/05/2019 Juarez
Aceito
Pesquisadores final.pdf 17:12:40 Pereira
TCLE /
Termos de
29/05/2019
Assentimento / TCLE_PB_revisado.pdf Furtado Aceito
17:08:50
Justificativa de
Ausência
Folha de 21/04/2019 Juarez
Plataforma_Brasil_Juarez_09abr19.pdf Aceito
Rosto 23:58:18 Pereira
09/04/2019
Outros FormularioCEP.pdf Furtado Aceito
20:24:19
TCLE / termo_pratica_clinica_fisioterapeuta_sau 09/04/2019 Juarez Aceito
38

Termos de de_mental.pdf 20:18:24 Pereira


Assentimento /
Justificativa de
Ausência
Projeto
Detalhado / Projeto_tcc_final_pratica_clinica_fisioter 09/04/2019
Furtado Aceito
Brochura apeuta_saude_mental.pdf 20:17:10
Investigador

Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
SAO PAULO, 10 de Agosto de 2019.

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