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CENTRO UNIVERSITARIO SANTA MARIA - UNIFSM

CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA


ESTÁGIO BÁSICO V- PROCESSOS DE SAÚDE

Isabel Cristhina dos Santos Ferreira


Kalidianny Ribeiro de Sousa
Natana Silva Campos
Vitória Aparecida Alves Leite

RELATÓRIO DE ESTÁGIO: PROCESSOS DE SAÚDE

CAJAZEIRAS – PB
2023
ISABEL CRISTHINA DOS SANTOS FERREIRA
KALIDIANNY RIBEIRO DE SOUSA
NATANA SILVA CAMPOS
VITÓRIA APARECIDA ALVES LEITE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO: PROCESSOS DE SAÚDE

Relatório parcial de estágio apresentado como


requisito de avaliação, correspondente à
segunda unidade temática (AV2), do
componente curricular Estágio Básico V –
Processos de Saúde, ministrado pela
professora Heloisa Cavalcante Lacerda

CAJAZEIRAS – PB
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................3

2. REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................................4

2.1 Contexto Histórico da Psicologia da Saúde e Hospitalar..................................................4

2.2 A Psicologia no Hospital: Aspectos Conceituais e Práticos.............................................5

2.3 Realidade Brasileira e o Mercado de Trabalho.................................................................8

3. ATIVIDADES REALIZADAS……………..
……………………………………………….9
4. DISCUSSÕES……………………………………………...………………………………10
5. RELATO DE
EXPERIÊNCIA……………………………………………………………..12
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………13
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:................................................................................14

8. ANEXOS…………………………………………………………………………………..16
1. INTRODUÇÃO
A Psicologia Hospitalar tem seus primeiros registros de 1818 em um hospital, na
cidade de Massachussets onde continha em sua equipe multiprofissional a presença do
profissional de psicologia. Nesse aspecto, a atuação do psicólogo em setores hospitalares se
deu especificamente após a segunda guerra mundial com a necessidade de atendimento aos
militares hospitalizados em sofrimento psíquico consequentes do período da guerra.
Entretanto, no contexto brasileiro o psicólogo começa a adentrar no contexto hospitalar
apenas em 1970 para atender e estudar demandas ortopédicas específicas.
Atualmente, o trabalho da psicologia nesses espaços de saúde consiste em trabalhar o
processo de saúde e doença através de acompanhamento dos pacientes, familiares e equipe.
(SCHEFER et al., 2022). É importante que o profissional de psicologia não se baseie apenas
na teoria, mas sim estar fundamentado na prática. Para isso faz-se necessário que este conheça
bem o espaço de atuação. Com isso, através do estágio o futuro profissional pode aumentar
seus conhecimentos e alia-los a teoria e a prática.
O estágio no contexto hospitalar é um componente curricular essencial na formação
profissional, sendo uma boa oportunidade do estudante se autodescobrir profissionalmente, de
ter convivência com outros profissionais e de ter vivencias essenciais na formação, podendo
utilizar-se de todo o conhecimento adquirido e desenvolver as habilidades obtidas durante o
curso. Assim, é de extrema importância, pois é a partir deste que é possível o contato direto
com o paciente já que é a prática possibilita a compreensão e conciliação da teoria aprendida
em sala de aula, com a prática.
Diante disso, o estágio hospitalar na disciplina de Estágio V – Processos de Saúde está
sendo realizado no hospital Regional da cidade de Cajazeiras- PB, com os alunos de
psicologia do 7° período do Centro Universitário Santa Maria (UNIFSM) com o intuito de por
em prática nesse processo os conteúdos teóricos trabalhados em sala de aula e aliá-los a uma
visão mais concreta da realidade de atuação.
A metodologia utilizada para a produção do relatório consiste na metodologia
qualitativa descritiva onde são recolhidas informações mais específicas e detalhadas afim de
descrever uma realidade, explorando o subjetivo e pessoal do entrevistado na sua experiência
vivida, que será expressada de forma descritiva.
Os principais resultados obtidos durante a prática de estágio foram a diversidade de
casos envolvendo saúde e adoecimento, o choque entre as vivências encontradas e as vividas
pelo psicólogo e as maneiras de lidar com isso de forma profissional. Além da importância de
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fortalecer a prevenção e o cuidado físico e psicológico tanto de quem cuida como de quem é
cuidado.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Contexto Histórico da Psicologia da Saúde e Hospitalar.

Fora na década e 70 que a psicologia da saúde (PS) se iniciou, com um grupo de


trabalho. As doenças mentais, até então, eram vistas como de cunho espiritual, espíritos bons
e maus, a qual era tratada por meio de rituais, exorcismo e também a trepanação (prática que
consistia em perfurar o crânio do paciente para que através dessa perfuração os espíritos
malignos saíssem). Diante de um contexto histórico voltado para espiritualidade, a psicologia
da saúde desenvolve-se através e estudos e comprovações que se estenderam diante desse
percurso.
A Psicologia da Saúde começa em 1973, nos Estados Unidos da América. Neste país,
no seio da American PsychologicalAssociation (APA) for a criada uma Task Force on Health
Research, com a expectativa de estudar "a natureza e a extensão da contribuição dos
psicólogos para a investigação básica e aplicada dos aspectos comportamentais nas doenças
físicas e na manutenção da saúde" (APA TASK FORCE ON HEALTH RESEARCH, 1976).
Em 1976 esta Task Force publica um relatório sobre as relações entre a Psicologia e os
contextos tradicionais de saúde e doenças, propondo orientações doutrinárias. Nesse relatório,
afirmava-se: O foco da força-tarefa tem sido as contribuições de pesquisa de psicólogos que
estão trabalhando em problemas de saúde e doença que estão fora das preocupações
tradicionais com saúde mental e doença mental.
A primeira definição de Psicologia da Saúde deve-se a Stone, em 1979, que, num dos
primeiros livros que tinha no título a expressão "Psicologia da Saúde", dizia que esta é,
qualquer aplicação científica ou profissional de conceitos e métodos psicológicos, a todas as
situações próprias do campo da saúde, não apenas nos cuidados de saúde, mas também na
saúde pública, educação para a saúde, planificação da saúde, financiamento, legislação, etc.
Deu origem à definição clás- sica de Matarazzo, (1980; 1982) que afirmava que a Psicologia
da Saúde consiste no domínio da Psicologia que recorre aos conhecimentos provenientes das
diversas áreas da Psicologia com vista à promoção e proteção da saúde, à prevenção e trata-
mento das doenças, à identificação da etiologia e diagnósticos relacionados com a saúde, com
as doenças e disfunções associadas, à análise e melhoria do sistema de cuidados de saúde, e
ao aperfeiçoamento da política de saúde .

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Mais a diante a Conferência de Arden House que discutiu a formação e a prática da
Psicologia da Saúde, adotou uma declaração de consenso que pretende esclarecer a definição
anterior onde afirma que a Psicologia da Saúde é um campo genérico da Psicologia, com o
seu próprio corpo de teoria e conhecimento, que se diferencia de outros campos da psicologia
(OLBRISCH; WEIß; PEDRA; SCHWARTZ, 1985). O que segue uma via contraditória com a
definição clássica de Matarazzo no sentido em que diz que tem um corpo próprio de teoria e
conhecimento que se diferencia dos outros campos da Psicologia, onde anteriormente dizia
que recorria aos conhecimentos provenientes das outras áreas da Psicologia.
Na década de 1970, ocorreu, nos EUA, uma série de questionamentos relacionados à
atuação do psicólogo nos projetos que incluíam promoção da saúde, prevenção e tratamento
de doenças. Em 1973, iniciaram-se as investigações para analisar as atribuições desse
profissional no contexto da saúde e os dados destacaram sua importância, mas foi somente em
1978 que a American Psychological Association oficializou a Divisão 38. Esse fato marcou o
surgimento da área denominada de Psicologia da Saúde (Straub, 2008).
No Brasil, a Psicologia da Saúde está fundamentada no princípio da integralidade, uma
concepção dinâmica que enfatiza a inter-relação de aspectos envolvidos no processo saúde e
doença (Mattos, 2003) e na interdisciplinaridade. Esses aspectos estabelecem diálogo e
fundamentam estratégias alternativas nas práticas de atenção à saúde (Bonaldi, Gomes,
Louzada, & Pinheiro, 2007).A atuação do psicólogo no hospital geral, que representa uma
especificidade da Psicologia da Saúde no setor terciário, iniciou-se na década de 1950 com
poucos profissionais psicólogos. Havia, no país, profissionais com formação nas áreas das
Ciências Humanas os quais eram responsáveis pela assistência psicológica aos pacientes
hospitalizados. Entretanto, verificou-se a necessidade do surgimento dos cursos de graduação
em Psicologia para delimitar a atuação do psicólogo nas instituições de saúde (Angerami-
Camon, 2002).

2.2 A Psicologia no Hospital: Aspectos Conceituais e Práticos

O termo Psicologia Hospitalar é utilizado apenas no Brasil e tem sido usado para
designar um trabalho que é feito por psicólogos da saúde em hospitais, agregando assim
conhecimentos que são aplicados em contextos que envolvem os processos de doença,
internação e tratamento, assim, trata-se de uma subespecialidade de atuação profissional que
muitos autores argumentam ter um termo inadequado por se referir especificamente ao local
de prática do psicólogo e não especificamente as atividades que são desenvolvidas nesses
locais (YANAMOTO,TRINDADE & OLIVEIRA, 2002).
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Para compreender sobre os aspectos de surgimento e consolidação do termo Psicologia
Hospitalar no Brasil, deve-se ressaltar alguns aspectos históricos que influenciaram essa
prática como as políticas públicas de saúde no país que majoritariamente são centrados nas
instituições hospitalares desde a década de 40, período que o hospital passa a assumir grande
papel como o maior símbolo de atenção em saúde .Sendo esse possivelmente um dos motivos
pelos quais esse campo de atuação seja denominado Psicologia Hospitalar e não Psicologia da
Saúde. (Sebastiani 2003, apud CASTRO & BORNHOLDT, 2004).
Sabe-se que o processo de adoecimento e hospitalização simboliza para a maioria das
pessoas um momento delicado não só pela adoecimento mas por outros fatores que também
impactam na vida do mesmo como a perda da autonomia, distanciamento dos entes queridos e
a possibilidade de morte e/ou agravamento de sua doença entre outros fatores, o que ocasiona
no paciente um sofrimento para além daquele biológico tornando-se fundamental estratégias
de enfrentamento para atravessar as dificuldades de hospitalização e das consequências que
ela provoca( CREPOP,2019). Nesse aspecto Barbosa et al. (2007, p. 76) cita:

‘‘essa angústia do desamparo, atualizada nas situações de doença, muitas vezes


torna-se paralisante, imobilizando e congelando nossa existência e nossa relação
com o mundo. Assim, a entrada no hospital, motivada pelo adoecimento, e ainda
pela porta da emergência, potencializa esse impacto.’’

Assim, a psicologia hospitalar pode-se então ser considerada como um campo de


entendimento e tratamento de aspectos psicológicos em torno do adoecimento que busca dar
voz aos sujeitos que estão em sofrimento, resgatando suas singularidades como emoções,
crenças e desejos, que muitas vezes são aspectos do paciente perdidos pela equipe
multidisciplinar no processo de internação e desumanização dos serviços prestados
acarretando uma despersonalização do sujeito que é caracterizada pela perda de suas
características subjetivas (AYRES&NOVAES ).
Nessa perspectiva é necessário uma visão de cuidado integral sobre o mesmo visto que
ele é um ser biopsicossocioespiritual onde sua saúde pode ser influenciada por fatores
biológicos, psicológicos, sociais e espirituais, a psicologia traz um olhar diferente das demais
especialidades, ou seja, para além das patologias, enfoques médicos e dos sintomas que
possam ser apresentados pelo mesmo, mas volta-se para a escuta e o acolhimento daquele
paciente em sofrimento e através disso buscar o fortalecimento enfrentamento de situações
difíceis.(MOSIMANN& LUSTOSA, 2011).

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Diante do apresentado psicólogo deve colaborar para a travessia nesse contexto de
adoecimento, validando os sentimentos presentes, escutando e acolhendo os aspectos
subjetivos e emocionais do paciente e de seus familiares já que eles também sofrem no
processo de hospitalização, além de também buscar identificar consequências emocionais do
adoecimento como por exemplo a insatisfação e a negação, auxiliando o indivíduos na
adaptação e no enfrentamento do mal-estar que foi instaurado, restaurando a subjetividade e
aliviando o sofrimento psíquico do mesmo(VIEIRA , 2010).
Nesse processo as famílias podem se sentir angustiadas, devido à rotina privada
hospitalar, sendo tratada de maneira robotizada pela equipe, gerando um sentimento de
despersonalização e a perda de autoridade e entendimento sobre os procedimentos que são
realizados no mesmo o que pode gerar sofrimento, sentimentos de abandono e confusão nas
famílias em um momento já difícil (ISMAEL, 2004). Sendo esse alguns fatores que
contribuem para o aumento ainda maior do descontrole emocional e o sentimento de
impotência e culpa por acreditar que deveria cuidar melhor de seu familiar, promovendo, com
isso, um aumento da angústia e da ansiedade (SANTOS, 2007).
Assim, além de proporcionar suporte ao paciente hospitalizado o psicólogo deve
prestar assistência a família e acompanhantes proporcionando apoio e suporte, informações,
orientações e alívio para a tensão. Preocupando-se também com a família diante dos cuidados,
auxiliado e acolhendo diante das dificuldades de reabilitação ou em possíveis perdas e mortes
(Pinheiro, 2005, apud MOREIRA, MARTINS e CASTRO, 2012). Também é essencial que o
psicólogo busque uma aproximação entre a família e a equipe, contribuindo com
comunicações e fortalecendo vínculos.
O ser humano é além de um corpo físico, necessitando assim de um cuidado integral à
saúde, tendo em vista o aspectos biopsicossociais que exercem influência sobre a saúde, é
necessário uma integração da equipe de saúde com olhares para á amplitude das diversas
necessidades do paciente e de seus familiares. O papel do psicólogo com a equipe é atuar
como mediador do vínculo entre paciente e demais profissionais que executam os
procedimentos técnicos, através do diálogo e da troca de informações entre equipe-família,
também escutando e acolhendo o usuário, a família e membros da equipe (SALDANHA,
ROSA& CRUZ, 2013).
Torna-se função do Psicólogo Hospitalar desenvolver medidas terapêuticas como por
exemplo o próprio suporte emocional, psicológico, intervenções breves e focais que
contribuem para padrões que sejam mais adaptativos no contexto de internação.

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(BORGES,2009; SIMON,1989; SAFRA,2003).Deve direcionar sua atuação não apenas para
o paciente, mas sim trabalhando em uma articulação atráves da tríade de atuação sendo ela
com pacientes, familiares/acompanhantes e profissionais da equipe de saúde, visando a
minimização do sofrimento provocado pela hospitalização

2.3 Realidade Brasileira e o Mercado de Trabalho

A atuação do psicólogo hospitalar no Brasil é ainda fortemente marcada pelo modelo


clínico, conservando assim o caráter elitista e psicologizante da profissão desde o seu
surgimento. O que acaba por não considerar os aspectos sociais que estão envolvidos nos
problemas de saúde, assim como um trabalho multiprofissional, que em conjunto possibilite
uma intervenção preventiva e de promoção a saúde. (Chiattone,2002 apud Castro e Bornholdt,
2004).
A realidade é que o sujeito não deve ser visto de forma separada do seu contexto
social, político e cultural, tendo em vista que para além do seu adoecimento psíquico e físico,
existem outras demandas, que devem ser atendidas: a fome, a desigualdade social, falta de
moradia, entre outros problemas. Já que:

Para trabalhar na área da saúde é preciso unir o conhecimento técnico a uma visão
humana da profissão. Dessa forma, é necessário estar comprometido socialmente
com as situações e os diversos tipos de demanda que poderão ocorrer na região em
que exercerá a sua função, conhecendo a população daquele local e estando ciente

dos direitos e deveres da equipe de saúde e dos pacientes. (Torres, 2020)

Miyazak (2000) apud Castro e Bornholdt(2004) aponta a necessidade de um


aprimoramento na Psicologia da saúde, já que a apenas intervenção individual não dar conta
das demandas apresentadas pelo ambulatório, hospital, centro de saúde-escola e na
comunidade. Visto que a psicologia da saúde abrange os níveis primário, secundário e
terciário de atendimento, trabalho esse realizado a partir de uma equipe multidisciplinar,
sempre associado a elaboração de pesquisas que justifiquem tais ações.
A partir dessa realidade, evidencia-se a necessidade dos psicólogos se aprimorarem e
utilizar-se de recursos que os levem até a dura realidade brasileira, através de uma busca ativa,
ao invés do indivíduo vir até eles. Os programas de saúde são ferramentas de extrema
importância para viabilizar uma intervenção psicológica a partir de uma perspectiva mais 6
abrangente, rompendo assim com uma prática que enxerga o indivíduo de forma isolada, mas

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sim enquanto um sujeito biopsicossocial, que necessita de um olhar integral e crítico diante
das suas demandas mais variadas.

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3. Atividades realizadas

Datas Atividades realizadas


25/10/2023 Foi feita a visita técnica no Hospital Regional de Cajazeiras para
o conhecimento do local onde ocorreria os estágios.

22/11/2023 Leito 1: Foi realizado uma escuta com uma senhora de 81 anos.
Ela se encontrava em internação com um quadro de falta de ar e
se queixava de haver necessidade para ajuste de sua medicação
para dormir. A paciente, embora com sua idade, mostrava-se
lúcida da sua condição.

Leito 2: Foi realizado uma escuta com uma senhora de 84 anos.


Ela apresentava Alzheimer a 15 anos, sendo assim a escuta foi
direcionada para sua acompanhante(sobrinha), que fazia
rodízios com outra familiar. A mesma retratou a necessidade de
não apenas cuidados direcionados para a paciente, mas também
para o cuidador, pois mostrava-se cansada emocionalmente.

Leito 3: Foi realizada uma escuta e acolhimento com uma


mulher que tinha em média 40 anos.
Ela apresentava complicações de um procedimento cirúrgico
anterior sendo necessário refaze-lo, a mesma apresentou-se
angustiada e triste pois já faziam 15 dias de sua internação e isso
a trazia sofrimento por esta afastada de seus dois filhos.

Leito 4: Foi realizada uma escuta e acolhimento direcionado a


uma paciente do sexo feminino com entre 50 à 60 anos.
A mesma chegou com febre alta após infecção de um ferimento
na perna. Mostrou luto intenso e se emocionou diversas vezes
contando no decorrer da conversa o motivo do mesmo.

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4.DISCUSSÕES

Foi realizado uma escuta com uma senhora de 82 anos, a qual mostrava-se lúcida e
totalmente ciente da sua condição. Apesar da mesma encontra-se ali com o seu acompanhante
(filho) ela fora quem respondeu todas as perguntas feitas. Ela se encontrava com quadro de
falta de ar (o que é constante em seu cotidiano). A paciente falou das suas medicações e se
posicionou frente a mesma dizendo que sentia a necessidade de uma regulação da medicação
que já era-se tomada à anos. Nesse primeiro caso foi feita a escuta após ser analisado a
lucidez da paciente e não houve interrupções por parte da acompanhante, além da profissional
orientá-la a passar pelo médico psiquiatra para ajuste das medicações para o alinhamento do
sono.
A paciente, Antônia de 84 anos, possuía um quadro de Alzheimer, mostrando-se muito
inquieta e sem muita condição para responder as perguntas que foram feitas. Acompanhada de
um sobrinhas que fazia rodízios com outra acompanhante, também familiar da paciente. Sua
acompanhante delineou a sensação de vida que emerge em seus cuidados prestados para com
sua tia que, com quadro de Alzheimer já avançado, traz uma grande carga psicológica e física
demonstrando em sua fala a necessidade sentida de cuidados para aqueles que também
cuidam. A psicóloga sentiu a necessidade de acolher a demanda da acompanhante que se
mostrava cansada tanto fisicamente quanto emocionalmente.
A paciente, Helena está na faixa dos 40 anos de idade, mostrou-se consciente e no seu
quadro apresentava complicações de um procedimento cirúrgico feito anteriormente, sendo
necessário refazer novamente a cirurgia, sendo esse o motivo de sua internação que já se
estendia durante o período de 15 dias. A mesma estava acompanhada do esposo, quando foi
feita inicialmente a escuta a paciente apresentou na sua fala muita angústia ao falar que seria
necessário passar por o procedimento novamente, além dos procedimentos que antecediam a
cirurgia, tendo em vista que estava em antibióticos por um período de tempo já considerável,
a mesma também apresentou-se muito triste e abalada emocionalmente ao recordar-se dos
filhos nos quais não via devido a distância ocasionada pela hospitalização.
Nessa perspectiva, a psicologia buscou amenizar esse sofrimento que a hospitalização
gera no paciente, colaborando no processo de travessia fazendo uma escuta e acolhendo os
anseios apresentados pela mesma, além de mostrar alternativas como a opção de ver os filhos
de forma virtual, a paciente relata que sentiu-se amparada e, possivelmente, ampliou seus
recursos para enfrentamento da cirurgia e recuperação, ela também apresenta na sua fala
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alívio das tensões e ansiedades que consequentemente impactam no enfrentamento do
adoecimento.
A paciente, Luciana tem em média 59 anos, apresenta quadro de infecção causado por
um ferimento na perna, que como primórdio houvera a tentativa de ser amenizado em casa
com medicações, entretanto seu quadro não foi amenizado, ocasionando sintomas como febre
alta em torno de 39° que a levou a internação na qual a paciente vinha evitando por ter
vivenciado a perda de sua mãe e que havia sido internada no mesmo hospital chegando a
óbito. A mesma apresentou na sua fala está experienciando um cenário de luto nas quais
provocou crises de choro durante a escuta, evidenciando que os aspectos emocionais estavam
tão latentes quanto os biológicos.
Diante do exposto, a psicóloga acolheu os sentimentos perpassados da paciente e
buscou além desse acolhimento a profissional sentiu a necessidade de aconselha-la a buscar
atendimento psicológico diante das condições de sofrimento apresentadas. Sendo essa uma
forma de enfretamento quanto ao luto, apesar da mesma apresentar em sua fala que seu
adoecimento físico não se nivelava ao seu sofrimento psicológico, pois embora faça quase um
ano de sua perca ainda era muito emergente.
Mediante a evidenciação vê-se a precisão de falar sobre os aspectos que norteiam o
luto Pires (2010) define o luto como um processo cognitivo no qual, diante de uma perda, o
sujeito inicia a busca por um significado, acionando lembranças associadas à pessoa falecida,
como via de adaptação a uma nova realidade. Em complemento, Franqueira et al. (2015) e
Parkes (1998) afirmam que o luto é experienciado de modo ímpar onde não há um padrão a
seguir, havendo variações de intensidade e período, influenciadas por princípios como a
circunstância da morte e as características do enlutado.
Em questões estruturais o hospital referente ao espaço de estágio é dividido em 4
blocos sendo eles a maternidade, urgência e emergência, clinicas medicas e setor de
infectologia, possuindo uma amplitude no que diz respeito a variedade de condições de saúde
em que atende, além da equipe multiprofissional completa. No bloco das clinicas medicas
onde foi realizado o estágio no andar superior do ambiente o mesmo é dividido em 4 setores
no qual podem mais ser feitas intervenções psicológicas através de solicitação e busca-ativa
nos leitos. Nas Clínicas Médicas são divididos em setores masculinos e femininos evitando
situações que gerem desconforto, além de em cada quarto abrigar em média 4 leitos.
No quarto onde houve a observação das autoras do presente artigo haviam diversas
demandas dispares as quais apresentava-se casos pré-cirúrgicos, pacientes com infecções,

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Alzheimer a aproximadamente 15 anos e outro enfermo apresentando falta de ar, com
dificuldades para dormir.
5. RELATO DE EXPERIENCIA

O estágio no contexto hospitalar é essencial na formação profissional do estudante de


psicologia, além de configurar como uma ótima oportunidade de se autodescobrir
profissionalmente, de ter convivência com outros profissionais e de obter vivencias essenciais
na formação podendo utilizar-se de todo o conhecimento adquirido em sala e desenvolver
habilidades.
É importante que o profissional de psicologia não se baseie apenas na teoria, mas
sim estar fundamentado na prática. Portanto, nesse momento, onde ocorre o estágio é possível
o contato direto com o paciente já que possibilita a compreensão e conciliação da teoria
aprendida com a prática, além de ampliar seus conhecimentos e alia-los a teoria e a prática.
Precedentemente, foi realizada uma visita técnica ao hospital Regional de
Cajazeiras-PB onde toda a turma do curso de psicologia pode conhecer os espaços do
hospital, as especialidades ofertadas e a região onde o estágio iria ser realizado
posteriormente. Esse momento de visita prévia é de extrema importância, pois é necessário
que o profissional conheça bem o espaço de atuação e esteja atento ao regime hospitalar e ao
regulamento estabelecido pela instituição onde irá atuar.
Posteriormente, foram divididos grupos de quatro pessoas, onde acompanhados pela
professora, tivemos a oportunidade de experienciar a atuação do psicólogo hospitalar na
prática, observando suas nuances e peculiaridades que diferenciam das demais áreas de
atuação do psicólogo. Após cada atividade realizada houve uma discussão e orientação a
cerca das vivências e dos casos observados. Esse momento de partilha fortaleceu ainda mais o
aprendizado.
Destarte, todos os casos observados pelo grupo foram de extrema relevância. Houve
grande diversidade nos casos encontrados, permitindo aos componentes do grupo experiências
múltiplas e particulares. Conflitos entre as próprias vivências e sentimentos frente as situações
de vulnerabilidade encontradas no setor hospitalar foram o principal ponto em comum do
grupo. Ressaltando que é crucial a necessidade de o profissional de psicologia que trabalha no
contexto hospitalar esteja em acompanhamento psicológico.
Vale destacar também a importância de incentivo do profissional de psicologia
frente a prevenção e cuidado em saúde dos pacientes hospitalizados. Além da importância da
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empatia e acolhimento do profissional com as pessoas que enfrentam o processo de

adoecimento. Observando o modo como o indivíduo lida com o seu adoecimento e suas
expectativas e anseios. Bem como, averiguar a necessidade de realizações de
encaminhamento para algo específico.

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível concluir diante da experiência obtida com o estágio supervisionado, o


quão importante é a atuação do psicólogo no campo hospitalar, visando entender e tratar os
fatores psicológicos em torno do adoecimento. Configura-se enquanto um suporte
imprescindível nesse processo, atuando tanto de forma preventiva, como também viabilizando
a reabilitação e adaptação do paciente. Vale salientar que para lidar com a dimensão
emocional e afetiva o apoio psicológico é oferecido não só para o paciente, mas sim para os
seus familiares e os profissionais de saúde. Aspectos singulares e inerentes a cada indivíduo
são considerados, como por exemplo suas crenças, emoções, desejos, comportamentos,
fantasias. Já que esses podem ser a causa do adoecimento. Dessa forma, diante da experiência,
notou-se a importância de uma rede de apoio capaz de oferecer todo suporte necessário no
processo de adoecimento, por meio tanto dos profissionais de saúde, como também dos
familiares do paciente.
Permitir um espaço de fala para o paciente a partir de uma escuta qualificada e
sensível ameniza as sequelas do adoecimento e é favorável para o paciente esvaziar as suas
emoções, sentindo assim acolhido emocionalmente.
Para além da escuta, o psicólogo exerce também um papel de traçar estratégias
capazes de viabilizar o acesso a um atendimento integral, considerando assim o mesmo
enquanto um sujeito biopsicossocial, tendo em vista que o mesmo apresenta diversas
demandas para além do adoecimento, o que implica dizer que o psicólogo também atua no
processo de encaminhamentos, além de realizar uma busca ativa, não esperando assim que
apenas o paciente tome a iniciativa de buscar apoio.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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16
8.ANEXO- FREQUENCIA
ISABEL CRISTHINA DOS SANTOS FERREIRA

KALIDIANNY RIBEIRO DE SOUSA

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NATANA SILVA CAMPOS

VITÓRIA APARECIDA ALVES LEITE

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