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Fisioterapia gerontológica

FISIOTERAPIA GERONTOLÓGICA

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Sumário

Breve histórico ............................................................................................................. 3

Diretrizes curriculares e formação do profissional ....................................................... 4

Atuação profissional .................................................................................................... 5

Atendimento domiciliar ................................................................................................ 8

Avaliação fisioterapêutica do paciente idoso ............................................................. 15

ENVELHECIMENTO: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS ......................................... 22

O IDOSO NA GERIATRIA E NA GERONTOLOGIA.................................................. 36

Características da Fisioterapia Gerontológica ........................................................... 38

FISIOTERAPIA COMO PREVENÇÃO ...................................................................... 47

O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE BRASILEIRO (SUS) E O SUAS


ESTRATÉGIAS EM SAÚDE...................................................................................... 51

POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO IDOSO ......................................................... 55

FISIOTERAPIA NA SAÚDE DO IDOSO .................................................................... 58

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

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Sobre a fisioterapia

O surgimento da Fisioterapia no Brasil ocorre no final do século XIX.


Contudo, somente em 1959 é criada a Associação Brasileira de Fisioterapeutas
que, juntamente com a criação do primeiro curso superior de Fisioterapia em
São Paulo e com a regulamentação da profissão sob Decreto-Lei 938/69 de
1969, impulsionou o desenvolvimento da profissão enquanto atividade de
saúde (GAVA, 2004, P.27).

Breve histórico

Segundo Rebelatto (1999, p.42), as primeiras definições de Fisioterapia


surgiram “menos como área de estudo e mais como ramo de trabalho”,
avançando frente a demanda da reabilitação. Contudo, conforme aponta Gava
(2004, p.32), “avançava sem autonomia sobre os seus tratamentos, sendo
estes restritos aos médicos, (...) trazendo a herança do auxiliar técnico e do
profissional restrito à reabilitação”. Assim, avançava sem desenvolver, a
princípio, uma observação crítica, uma reflexão, um estudo sobre sua prática.
Para Nascimento (2006, p.244), “a formação desse profissional
atravessada pela medicina parece ter dificultado a autonomia e a vinculação do
fisioterapeuta com a comunidade, transformando-o em um profissional auxiliar,
subordinado às regras emitidas pelos médicos”. A valorização do saber sobre a
técnica, traduzida como condições necessárias para a obtenção de resultados
na atuação profissional, sempre presente na prática da fisioterapia, é também
evidenciada nos referenciais teóricos. Como bem lembra Bienfait (1997, p.13),
“tal postura é vista nos livros acadêmicos que se preocupam com cálculos de
ângulos precisos, raciocínios teóricos baseados em princípios mecânicos que,
na maioria das vezes, não levam a algo prático e sim, apenas constatações
mecânicas”. Essa postura contribuiu significativamente para a consolidação da
profissão na área da saúde, porém, os raciocínios teóricos mecânicos
incipientes orientaram uma prática fragmentada.
Assim, de forma circular, as bibliografias disponíveis influenciavam o
estudo da prática vinculada ao modelo biomédico. A tudo isso, se soma o
desenvolvimento do aparato tecnológico e a massificação dos atendimentos e

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dos tratamentos de fisioterapia. Atualmente a Fisioterapia, em seu contexto


profissional, busca preencher suas lacunas históricas e ao mesmo tempo
propor a atualização de seu conteúdo, solidificado em uma base prática,
fragmentada e mecanicista, sem grandes reflexões e estudos específicos sobre
o ser humano e o seu corpo, em sua amplitude nas dimensões biológica,
psicológica e social. Sabe-se da difícil e trabalhosa tarefa de se criar
possibilidades de abertura para novos conceitos, novas proposições de
abordagem e novas propostas práticas. A fisioterapia deve buscar
conhecimentos que permitam orientar uma proposta de tratamento condizente
com a faixa etária e com a realidade de cada paciente, evoluindo para
compreender o significado do corpo e a dimensão que o movimento tem para
esse indivíduo, em seu particular e no seu social.

Diretrizes curriculares e formação do profissional

Em 2002, após 33 anos de profissão no Brasil com base nesse modelo


biomédico, o Conselho Nacional de Educação, através da Câmara de
Educação Superior, apresenta as novas diretrizes curriculares propostas para
os cursos de graduação em Fisioterapia a fim de orientar a organização
curricular das Instituições do Sistema de Educação Superior do País. O
objetivo é formar o egresso/profissional – o Fisioterapeuta – com uma visão
ampla e global, respeitando os princípios éticos/bioético e culturais do indivíduo
e da coletividade.
As diretrizes curriculares, através do artigo 5°, diz do papel social da
fisioterapia destacando, o objetivo de dotar o profissional de conhecimentos
requeridos para o exercício de suas competências e habilidades, contribuindo
para a manutenção da saúde, bem-estar e qualidade de vida das pessoas,
famílias e comunidades, considerando suas circunstâncias éticas, políticas,
sociais, econômicas, ambientais e ecológicas. Deve exercer sua profissão de
forma articulada ao contexto social, entendendo-a como uma forma de
participação e contribuição social.
O entendimento do papel social da profissão, como citam Gava (2004) e
Almeida e Guimarães (2009), contribui para o desenvolvimento de uma postura

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ética, generalista, reflexiva, crítica, humanizada e criativa que devem estar,


através da formação acadêmica, presentes na prática fisioterapêutica.
A tentativa é de balizar os cursos e conferir a eles maior qualidade,
sugerindo uma formação profissional generalista, humanista, crítica e reflexiva,
capacitando o profissional a atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com
base no rigor científico e intelectual. Logo, fica estabelecido que seja
competência do fisioterapeuta mais que somente aplicar técnicas, respeitar a
integralidade do paciente, como um ser que está no mundo e como um corpo
que carrega uma identidade.
Assim, a temática de humanização na fisioterapia, inserida nas diretrizes
curriculares, se dá através de uma perspectiva de atuação profissional que se
preocupa em atender o sujeito/paciente e não apenas o membro/patologia. No
momento, se faz necessário interpretar a sugestão de uma formação
generalista, entendendo, a princípio, que é necessário abarcar diferentes
saberes e associá-los a uma postura crítica e reflexiva dа prática
fisioterapêutica, para além da técnica, contribui para uma formação
humanizada.
Acredita-se necessário rever a prática fisioterápica e as práticas de
“tratamento em massa”, de cunho tecnicista e tradicional, que aborda o
indivíduo de forma fragmentada, produzindo pacientes insatisfeitos com o
tratamento. Há que se considerar o impacto das ações do profissional da
fisioterapia, no indivíduo e no grupo social no qual está inserido. Essas
considerações orientam a uma prática mais humana, socializada e completa
em sua conduta. É igualmente importante uma contínua avaliação e
acompanhamento desse indivíduo, estabelecendo também uma preocupação
com a forma como ele utiliza seu corpo para atuar instintiva e deliberadamente
na vida. Espera-se que tal diretriz oriente a uma prática sistêmica em relação
às queixas, aos sinais e aos sintomas, para os quais o indivíduo idoso busca
auxílio no tratamento fisioterapêutico.

Atuação profissional

No transcorrer da legitimação profissional, através da Lei n° 6.316 de 17


de Dezembro de 1975, é criado o Conselho Federal e os Conselhos Regionais

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de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, constituindo, em conjunto, uma


autarquia federal vinculada ao Ministério do Trabalho. Nessa mesma lei, nos
artigos 5, 6 e 7 são estabelecidas as competências do conselho federal e dos
conselhos regionais, como normatizar e exercer o controle ético, científico e
social das atividades da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional, das profissões
de Fisioterapeuta e de Terapeuta Ocupacional e das empresas prestadoras de
tais tipicidades assistenciais ao meio social.
Assim, seis anos após legitimar a profissão, a criação dos conselhos
confere maior controle sobre o exercício profissional, elaborando a proposta de
seu regimento e funcionando como um Tribunal Superior de Ética Profissional.
Define a fisioterapia como uma ciência da Saúde que estuda, previne e trata os
distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo
humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças
adquiridas. Fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios,
sistematizados pelos estudos da Biologia, das ciências morfológicas, das
ciências fisiológicas, das patologias, da bioquímica, da biofísica, da
biomecânica, da cinesia, da sinergia funcional, e da cinesia patologia de órgãos
e sistemas do corpo humano e as disciplinas comportamentais e sociais.
Como áreas de atuação profissional estabelece a clínica (ambulatórios,
consultórios, centros de reabilitação, hospitais e clínicas), a saúde coletiva
(ações básicas de saúde, fisioterapia do trabalho, programas institucionais e
vigilância sanitária), a educação (direção e coordenação de cursos, docência
em níveis secundário e superior, extensão, pesquisa, supervisão técnica e
administrativa) e outras (esporte e indústria de equipamentos de uso
fisioterapêutico). Observa-se a ausência do profissional autônomo, sem
vínculos, principalmente no contexto da atuação domiciliar.
Em 2002, é aprovada a Lei n° 10.424, que dispõe sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento de serviços correspondentes e dá outras providências,
regulamentando a assistência domiciliar no Sistema Único de Saúde. Fica
evidente uma priorização do domínio de atuação pública.
A fim de normatizar o exercício profissional, o conselho federal dispõe de
resoluções para o reconhecimento de determinadas especialidades. São elas:
Acupuntura, fisioterapia dermatofuncional, fisioterapia esportiva, fisioterapia do

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trabalho, fisioterapia neurofuncional, fisioterapia oncofuncional, fisioterapia


respiratória, fisioterapia traumato-ortopédica, osteopatia e quiropraxia,
fisioterapia em saúde coletiva e fisioterapia em saúde da mulher. Contudo,
outras especialidades não são reconhecidas, mas constituem o universo de
atuação profissional, como a fisioterapia pediátrica e a fisioterapia geriátrica.
Segundo Gava (2004, p.37), a criação dos Conselhos deu caráter
regulamentador e fiscalizador à profissão que começava a ter condições de
controlar e quantificar o número de profissionais, de cursos e de
estabelecimentos que possuíam os serviços de fisioterapia. Porém, notam-se
lacunas em relação à descrição dos serviços oferecidos pela fisioterapia, visto
que os conselhos não conseguiram ainda regulamentá-los de forma a atingir
todo o contexto profissional. Como citado anteriormente, não há
reconhecimento da fisioterapia pediátrica nem da fisioterapia geriátrica como
especialidades. Também não é reconhecida a atuação profissional domiciliar.
Muito contraditoriamente, o Referencial Nacional dos Honorários
Fisioterapêuticos (RNHF) inclui a assistência fisioterapêutica domiciliar
(capítulo X). O RNHF tem a finalidade de estabelecer índices mínimos
quantitativos para a adequada assistência fisioterapêutica, enquanto
instrumento básico para remuneração do trabalho do fisioterapeuta no Sistema
de Saúde Brasileiro.
Estas considerações tentam apontar para os conflitos existentes no
reconhecimento perante o Conselho Federal em relação aos serviços, as áreas
de atuação e as especialidades em fisioterapia. Desse modo, busca-se refletir
sobre a atuação profissional autônoma como livre exercício da profissão. Por
não possuir vínculos profissionais com o setor público ou o setor privado e não
havendo a regulamentação, por parte do conselho, o fisioterapeuta, profissional
de cunho liberal-autônomo, é marginalizado, mesmo sendo esse domínio de
atuação, por muitas vezes, a possível iniciação profissional.
As discussões em congressos recaem sobre o mercado ou nicho
comercial domiciliar, sobre de que forma é possível potencializar esse
atendimento para minimizar custos do setor público e privado, sobre como o
profissional irá representar a instituição perante o cliente e sua família. Raras
discussões a respeito de estratégias de abordagem e de atendimento, sobre a
prática interdisciplinar, sobre propostas de políticas públicas, direitos e deveres

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do idoso, da família e do Estado. A ausência de debates mais aprofundados no


contexto científico sobre as considerações da prática domiciliar, já
evidenciados no meio acadêmico, torna-se ainda mais exposta essa lacuna no
aprendizado gerontológico.

Atendimento domiciliar

As novas configurações demográficas do país imprimem a necessidade


de novos modelos de assistência na área da saúde. Colodetti et al. (2005, p.5),
aponta que “com o crescimento da população idosa, a preocupação em relação
à capacidade funcional vem surgindo como novo destaque para a estimativa da
saúde desse segmento etário”. Nesse sentido, a assistência domiciliar é vista
como um conjunto de ações preventivas, conforme dispõe a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA). Assim, acentua-se a preocupação em
abordar o atendimento fisioterapêutico domiciliar de maneira sistematizada,
enquanto área de atuação profissional determinado por especificidades
distintas das práticas desenvolvidas nas áreas de atuação regulamentadas
pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).
Na prática, a atuação no campo domiciliar aponta também que muitas
pessoas demandam este modelo devido a praticidade de ser atendido em
casa, complementando Alencar (2008, p.12), que considera a assistência em
domicilio “uma atividade básica, que é realizada em atenção primária à saúde
para responder às necessidades de assistência das pessoas, que de forma
temporária ou permanente estão incapacitadas de se deslocar aos serviços de
saúde”. Entretanto, esta visão do atendimento domiciliar desconsidera
pacientes que se utilizam deste serviço não somente como alternativa ao
atendimento disponibilizado pela saúde suplementar (convênios) e saúde
pública (SUS) ou por impedimentos, mas por buscar a qualidade do
atendimento individualizado.
Nesta perspectiva, o atendimento domiciliar aponta em direção aos
novos modelos de prestação de serviço em saúde. Contudo, Almeida (2012,
p.9), ressalta que “ainda são ilimitados o debate e o investimento político na
atenção domiciliar como alternativa para os processos de trabalho e no modo
de produzir o cuidado, caracterizando o caráter substitutivo das práticas em

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saúde”. Atualmente busca-se a organização do serviço domiciliar em diferentes


frentes. Mesmo discreta essa organização se mostra mais eficientemente
organizada por parte de instituições e empresas/convênios, do que por parte de
profissionais liberais, autônomos. A demanda latente nesse campo de atuação
vem sendo cada vez mais ampliada, acentuada pelo aumento da população
idosa no país.
A área de atuação domiciliar requer do profissional uma articulação dos
saberes obtidos na formação acadêmica e os obtidos com a prática efetiva,
uma vez que se desenvolve em ambiente e contexto diferenciados, sujeito a
interferências específicas, particulares, muito diferente do consultório/clínica ou
hospital/instituição. A lógica do tempo e do espaço sofre constantes alterações.
A lógica de o paciente procurar o profissional também é distinta, pois o
profissional é quem vai ao encontro do paciente e dá o primeiro passo em
estabelecer a relação profissional-paciente. Esta nova relação interpessoal se
desenvolve em um ambiente que não pertence ao profissional, pois se trata da
residência do paciente. É um ambiente que demanda interação com a família e
com os demais (cuidadores e outros prestadores de serviço) que frequentam
este espaço do paciente. Ademais, trata-se de um espaço não adaptado ao
trabalho fisioterapêutico, mesclando o espaço-cotidiano da pessoa com o
espaço tratamento do paciente.
Importante ressaltar que todas as particularidades apresentadas no
contexto da atuação domiciliar demandam estudos próprios, que demandam
outros saberes, para além do campo da saúde. No contexto acadêmico, mostra
relevante ampliar os estudos sobre essa área de atuação domiciliar,
desenvolvendo referenciais teóricos que orientem a prática para a promoção de
um atendimento contextualizado, que propicie o desenvolvimento motor e o
desempenho das capacidades funcionais. Acima de tudo, referenciais que
auxiliem uma prática profissional que potencialize o desenvolvimento do ser
humano em tratamento fisioterapêutico domiciliar.
É preciso refletir, enfrentar e buscar vencer os desafios impostos ao
processo da formação profissional no que diz respeito à atuação
fisioterapêutica domiciliar, em especial com idosos. Esta prática, não pensada
e não organizada na formação acadêmica como um campo específico de
atuação, porém descrita nos referenciais de honorários da profissão,

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desenvolve-se marginalizada, muitas vezes apenas como alternativa para


aprimorar o conhecimento do profissional recém-formado, para pacientes que
não têm acessibilidade aos locais de tratamento ou como possibilidade de
inserção no campo de trabalho da rede pública e privada.
É necessário preencher a lacuna do atendimento domiciliar na grade
curricular, na formação profissional, na produção e na divulgação deste
conhecimento e na contextualização desta prática em fisioterapia. A
representação do profissional de fisioterapia que atua de forma liberal,
autônoma é inexpressiva socialmente, refletindo na falta de organização dessa
prática, reforçando a marginalização desse saber no contexto do atendimento
domiciliar. Quando esta prática não condiz com o modelo ensinado na
graduação, constata-se essa marginalização na escassez de referencial teórico
e na ausência de comprometimento científico com a prática fisioterapêutica,
evidente na narrativa dos pacientes durante o tratamento, relatando as
condutas anteriores de outros profissionais da fisioterapia. Entende-se aqui a
importância de mais estudos e oportunidades de formação profissional sobre o
tema fisioterapia domiciliar e sobre a contextualização dessa prática
profissional.
Em uma pesquisa de revisão bibliográfica, por meio da base de dados
científicos SCIELO realizada com a palavra fisioterapia, no ano de 2011, foram
encontradas 232 referências, das quais em nenhum dos títulos dos artigos
foram encontrados temas relacionados à fisioterapia no âmbito do profissional
liberal/autônomo. Os poucos artigos encontrados que faziam uma aproximação
ao assunto fisioterapia domiciliar diziam respeito ao profissional vinculado a
alguma instituição ou empresa.
Portes et al. (2011) realizou uma revisão da literatura brasileira sobre a
atuação do fisioterapeuta na atenção básica à saúde. O autor encontrou nove
artigos que abordam a atividade domiciliar, relacionadas aos pacientes que
apresentam impossibilidade de se deslocar até as unidades de saúde. Para
uma postura ética e a prática do papel social da fisioterapia, na atuação
domiciliar, se faz necessário compreender as particularidades da abordagem
fisioterapêutica nesse contexto. Busca-se fundamentar a prática profissional
da fisioterapia domiciliar sob os preceitos da ética e do seu papel social no
trabalho direto com o ser humano e com o seu movimento. Essa questão faz

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sentido também em relação ao novo conceito de saúde - um “estado de


completo bem-estar, físico, mental e social”, elaborado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), que ressalta a importância das variáveis biológicas,
psicológicas e sociais enquanto determinantes de saúde. O novo conceito
também revela a necessidade de adequação do sistema de saúde para as
novas realidades apresentadas aos profissionais que atuam na área, em
diferentes contextos como, por exemplo, o domiciliar.
Com base nos preceitos éticos e no papel social da profissão considera-
se a importância de uma leitura mais ampliada da pessoa (aspectos físicos,
sociais e psicológicos) durante a abordagem, a avaliação e a conduta
fisioterapêutica. Entende-se aqui que a relação fisioterapeuta-paciente deve se
estabelecer como base para o desenvolvimento de todo o tratamento proposto.
Toda a particularidade da atuação domiciliar vem reforçar a importância de
uma prática profissional preocupada com o paciente e com o mundo que o
cerca e, aqui, a fisioterapia domiciliar interage com a perspectiva humanizada
em sua prática e aproxima-se na interação com outras disciplinas.

Humanização em Fisioterapia

Enfatizada nas novas diretrizes curriculares para os cursos de


graduação em fisioterapia no Brasil, a humanização, segundo Fortes (2004),
refere-se à possibilidade de uma transformação cultural da gestão e das
práticas desenvolvidas nas instituições de saúde, assumindo-se uma postura
ética de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido, de respeito ao
usuário, o mesmo passando a ser entendido como cidadão e não apenas como
um consumidor de serviços de saúde. Nesse sentido, Sumiya e Jeolás (2010,
p.49) , acreditam que a humanização na saúde surge como um movimento
“para sensibilizar o profissional da área biomédica em relação ao
distanciamento provocado pelo avanço tecnológico sobre o comportamento
entre terapeuta e paciente, no qual a pessoa se torna objeto de investigação
clínica”, e não somente a patologia e exames complementares.
De acordo com o Programa Nacional de Humanização (PNH) criado em
2003 para atender as demandas do Sistema Único de Saúde, “a humanização
é entendida como o processo de transformação das práticas de saúde através

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da transformação dos sujeitos implicados nestas práticas”. Silva e Silveira


(2010, p.1537) apontam essa transformação como “um grande desafio para a
implementação de medidas humanizadoras no âmbito assistencial”. O objetivo
é transformar os sujeitos (profissionais de saúde) para então transformar as
práticas em saúde. A transformação dos sujeitos se dá, principalmente, através
do processo de formação profissional.
Embora a utilização do termo humanização no campo da saúde não seja
recente e esteja presente na formação do fisioterapeuta desde 2002, somente
alguns poucos artigos foram encontrados sobre o tema da humanização na
fisioterapia (Silva & Silveira, 2010). Cabe aqui citar o estudo de Bernadi e
Santos (2010) para ilustrar esta questão. Após desenvolverem no segundo
semestre de 2007 o modelo do Grupo de Trabalho de Humanização (GTH),
vinculado aos objetivos de atendimento para usuários do SUS, proposto no
Programa Nacional de Humanização na Assistência Hospitalar (PNHAH), em
uma clínica de assistência fisioterapêutica regional, estes autores constataram
a constituição de espaços de troca democrática, propiciando encontro dos
participantes da equipe e um fazer/refazer constantes no processo de trabalho
dessa instituição.
Bernadi e Santos (2010) apontam ainda que o processo de humanização
do trabalho é um dispositivo importante para os serviços de saúde,
monitorando os resultados e realizando novas adequações necessárias a uma
melhoria constante do serviço. Nesse caso, a formação humanizada se deu
após a formação acadêmica, mostrando que é possível proporcionar a
formação humanizada ao profissional da saúde em diferentes momentos.
Contudo, as dificuldades apresentadas na clínica, anterior à intervenção do
GTH, de certa forma denunciam a importância de trabalhos de formação
humanizada na base das formações acadêmicas.
Assim, uma formação humanizada em fisioterapia deve considerar,
independentemente do domínio de atuação profissional (público, privado e
autônomo), a contextualização do tratamento proposto, desenvolvendo
conteúdos na terapia que ampliem a conduta durante o processo de
abordagem, de tratamento e de alta fisioterapêutica. Durante e ao finalizar o
tratamento, o processo terapêutico deve produzir sentido e significado para o
profissional e para o paciente em tratamento, sendo a relação fisioterapeuta-

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paciente (a relação humana) a base para o desenvolvimento de uma prática


profissional condizente com as novas diretrizes e com a realidade do paciente,
а sua história de vida e аs suas perspectivas em relação ao seu corpo e as
suas funções reabilitadas.
Para Santana o cuidado fisioterapêutico, nessa perspectiva de
humanização dos atendimentos em saúde e de promoção do bem-estar, vem a
cada dia ocupando maiores espaços e conquistando maior relevância e
reconhecimento social. Neste contexto, é inegável que o fisioterapeuta pode
desempenhar importantes funções na luta pela preservação da dignidade da
vida humana (SANTANA, 2008, p.31).
Em qualquer nível de atenção à saúde do paciente, cabe ao
fisioterapeuta, com preceitos na ética profissional, ater-se à contextualização
da abordagem e do tratamento proposto. Petri também se aproxima desta
concepção: Humanizar a relação com o paciente realmente exige que o
profissional valorize a afetividade e a sensibilidade como elementos
necessários ao cuidar. Porém, entende-se que tal relação não supõe um ato de
caridade, mas um encontro entre sujeitos, pessoas humanas, que podem
construir uma relação saudável, compartilhando saber e experiência vivida
(PETRI, 2006, p.51).
Dessa forma, faz-se necessário atuar na prática fisioterapêutica com os
princípios da humanização e da sua relação com a contextualização da prática
fisioterapêutica, seja ela realizada em qualquer domínio de atuação profissional
(público, privado e autônomo). É possível observar, através do artigo 6° das
Diretrizes Curriculares (Resolução n° 4, de 19 de fevereiro de 2002), o esforço
do Conselho Nacional de Educação em integrar diferentes disciplinas,
instituindo nos conteúdos essenciais para o curso de graduação em
Fisioterapia os conhecimentos das Ciências Sociais e Humanas. Destaca-se
essa necessidade de interação de diferentes disciplinas, áreas e práticas com o
intuito de mostrar que para a atuação profissional humanizada, em qualquer
domínio de atuação profissional, é imprescindível ao fisioterapeuta preparar-se
para atender o paciente, estabelecendo diretrizes essenciais para a abordagem
e o tratamento proposto ao sujeito-cidadão.
A este respeito, Gava destaca que as atividades integradas, entre as
disciplinas do curso de Fisioterapia e outros cursos, são de extrema

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importância para a formação humanizada. Portanto um profissional com


competências para a atuação multiprofissional, interdisciplinar e com
consciência político-social levam invariavelmente, а qualidade nos
atendimentos, tornando-os mais humanizados, independentes da área de
atuação (GAVA, 2004, p.104).
A atuação, nesse sentido, reforça o papel social da profissão que,
segundo Almeida e Guimarães (2009, p.83) “é construído pelos fisioterapeutas
por suas práticas, que carregam significados relacionados com a forma de
compreender a sociedade, com sua visão de saúde, com as relações de poder
estabelecidas em seu espaço”. Nesse sentido, entende-se que a perspectiva
humanizada no processo de formação do futuro profissional funciona como um
intercâmbio entre os indivíduos diretamente envolvidos no processo de
tratamento – o fisioterapeuta e o paciente e os indiretamente envolvidos (outros
profissionais, familiares, cuidadores, etc.).
Portanto, uma formação humanizada pressupõe ao fisioterapeuta uma
reflexão ética profissional de sua atuação e a responsabilidade com o processo
de reabilitação, em seus diferentes contextos, estritamente ligado ao seu papel
na sociedade. O contexto prático da profissão impõe questões fundamentais
que podem contribuir para a reorientação da conduta profissional. Como parte
desse processo de reorientação, em seu contexto atual, a fisioterapia busca
rever o seu papel profissional e social.
Assim, cabe ao fisioterapeuta, mais que somente aplicar técnicas,
respeitar a integralidade do paciente, como um ser que está no mundo e como
um corpo que carrega uma identidade. Corroborando Martins, o profissional de
saúde que desenvolve atividade assistencial (médico, enfermeiro,
fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, odontólogo, nutricionista, terapeuta
ocupacional, assistente social, ortoptista, dentre outros), além das ações e
procedimentos técnicos ligados à sua área específica, estabelece sempre, com
as pessoas que atende, relações interpessoais (MARTINS, 2001, p.21).
Seu trabalho depende, portanto, da qualidade técnica e da qualidade
interacional. Eis a base do trabalho humanizado, em qualquer domínio de
atuação profissional (público, privado e autônomo): interagir dimensão técnica
e dimensão sensível do humano que trata outro humano. Isto fundamenta uma

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atuação com real significado prático, para um maior potencial para promover
saúde e melhor qualidade de vida para ambos, profissional e paciente.

Avaliação fisioterapêutica do paciente idoso

Em conjunto, a abordagem, a avaliação e a proposta fisioterapêutica


formam uma tríade que promove suporte ao tratamento fisioterapêutico. A
abordagem e a avaliação são importantes etapas que antecedem a elaboração
de uma proposta, pois, possibilitam o acesso a variadas informações sobre o
paciente, sobre a patologia e o contexto de vida no qual está inserido. Estas
informações direcionam para a construção de uma proposta de tratamento
pautada no diagnóstico médico, no diagnóstico fisioterapêutico e também por
questões apresentadas pelo paciente, além de dados relevantes sobre as
diferentes esferas que compõem sua vida. A proposta fisioterapêutica,
construída com o paciente e para ele, é então colocada em prática através da
conduta terapêutica – o tratamento, propriamente dito.
Antes de definir o tratamento a ser realizado, o profissional deve se ater
aos elementos que o antecedem, corroborando Driusso e Chiarello a fim de
determinar os tipos de assistência necessários para a população idosa e ajudar
a realizar os ajustes para o seu tratamento, o fisioterapeuta deve conduzir uma
ampla avaliação, tornando possível um cuidadoso diagnóstico fisioterapêutico
que deve preceder todo tipo de decisão fisioterapêutica (DRIUSSO;
CHIARELLO, 2007, p.11).
Esta decisão fisioterapêutica é construída com o paciente desde o
primeiro contato profissional.
Driusso e Chiarello (2007, p.23), reforçam ainda que “a escolha do
tratamento adequado (técnica a ser utilizada), a indicação e a periodicidade
devem ser definidas pelo diagnóstico fisioterapêutico (anamnese)”. Ou seja,
muito antes da proposta de tratamento e da conduta prática em si, o
fisioterapeuta deve se preocupar com a abordagem e a avaliação, auxiliando a
conclusão assertiva no diagnóstico e no direcionamento do tratamento
fisioterapêutico proposto. De acordo com Izzo (2003, p.22), “a programação do
tratamento fisioterapêutico deve ser elaborada de acordo com as informações
obtidas na avaliação, dependendo da necessidade de cada paciente”. Esta

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programação do tratamento diz respeito ao diagnóstico fisioterapêutico e sua


proposta de atendimento para alcançar os resultados esperados.
O termo Avaliação Geriátrica Ampla (AGA), segundo Costa e Monego
(2003), começou a ser utilizado pela médica britânica Marjory Warren, no final
da década de trinta, quando advogou que todo idoso deveria receber este tipo
de avaliação. Para estes autores, Costa e Monego, Os conceitos básicos e
parâmetros utilizados atualmente na AGA evoluíram ao longo de setenta anos
incorporando elementos do exame clínico tradicional, da avaliação realizada
por assistentes sociais, da avaliação funcional realizada pelos especialistas em
reabilitação, da avaliação nutricional e dos métodos de avaliação
neuropsicológica. (COSTA; MONEGO, 2003, p.1).
No ano de 1987, a Sociedade Americana de Geriatria (American
Geriatrics Society) definiu avaliação geriátrica ampla (AGA) – Comprehensive
Geriatrics Assessment – como “uma avaliação multidisciplinar na qual os
múltiplos problemas das pessoas idosas são descobertos, descritos e
explicados, se possível, e na qual os recursos e potencialidades da pessoa são
catalogados, necessidades de serviços avaliados e um plano de assistência
coordenada, desenvolvido para concentrar as intervenções no problema das
pessoas” (JAGS, 1989, p. 473, tradução livre). Este conceito corrobora o ponto
de vista do presente estudo, principalmente relacionado às intervenções com
foco nos problemas das pessoas. Adicionalmente ao padrão propedêutico em
fisioterapia, uma avaliação abrangente e estruturada possibilita ampliar os
recursos para o diagnóstico e o acompanhamento do tratamento proposto,
além de fornecer parâmetros validados para os resultados apresentados.
No Brasil, como apontam Paixão e Reichenheim (2005, p. 8), “na área
da avaliação funcional permanece o uso assistemático de instrumentos.
Possivelmente, pouco existe em termos de adaptação de instrumentos
funcionais para o contexto brasileiro, fato que exige um aprofundamento”.
Assim, cabe destacar a importância do profissional de fisioterapia no
alinhamento da conduta de abordagem e de avaliação, contribuindo para a
adaptação e validação de instrumentos utilizados na avaliação da capacidade
funcional do idoso.
Camara (2008), Shubert (2006) e Okuma (1997) destacam que o
conceito de capacidade funcional pode ser definido como a eficiência do idoso

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em corresponder às demandas físicas do cotidiano, que compreende desde as


atividades básicas para uma vida independente até as ações mais complexas
da rotina diária. Assim, evidencia-se a preocupação em utilizar instrumentos de
abordagem e, sobretudo, de avaliação da capacidade funcional, principalmente
se destina a avaliar idosos que, conforme ressalta Spirduso, têm uma
variedade mais ampla de diferenças individuais na função física do que
qualquer outra faixa etária. Indivíduos variam desde aqueles que são
fisicamente incapazes de cuidar de si mesmos, e consequentemente são
dependentes de outros, até indivíduos que estão em seus 80 anos e ainda
correm maratonas (SPIRDUSO, 2005, p. 400).
Dessa forma, a importância em avaliar a capacidade funcional do idoso
reside na possibilidade de predizer incapacidades funcionais que podem
repercutir negativamente em outras dimensões da vida, afetando a interação
dos elementos que garantem a manutenção da qualidade de vida dos idosos.
Segundo Litvoc e Brito (2004), em relação ao que fundamenta a importância da
capacidade funcional, pode-se destacar a prevalência de idosos com
capacidade funcional plenamente preservada, o caráter de indicador de
evolução negativa e o sofrimento a que o idoso é submetido quando ocorre
perda de função.
Tendo em vista a importância da avaliação da capacidade funcional de
idosos e a fim de colaborar com a prática fisioterapêutica, destaca-se a
importância do uso de instrumentos de avaliação de capacidade funcional,
validados e adaptados para uso no Brasil. Paixão e Reichenheim (2005)
argumentam que há pouca preocupação em se adaptar formalmente
instrumentos na dimensão de estado funcional no Brasil e que usar um
instrumento não adaptado formalmente pode invalidar todo um processo de
investigação que deve ser o constante processo avaliativo funcional.
Dentre os instrumentos de avaliação de capacidade funcional, a AGA
sugere o uso da escala de Barthel; Índice de Katz e MIF para avaliar ABVD
(Atividades Básica de Vida Diária) e sugere o uso da escala de Lawton;
Questionário de Atividades Funcionais Pfeffer e o MIF (Medida de
Independência Funcional) para avaliar AIVD (Atividades Instrumentais de Vida
Diária). Dentre os instrumentos validados e adaptados para uso no Brasil,
espera-se contemplar tanto as escalas de Atividades Básica de Vida Diária

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(ABVD), que avaliam atividades relacionadas às questões de sobrevivência:


alimentar-se, vestir-se, banhar-se, higiene pessoal, transferir-se de um local a
outro, citadas por Maciel, 2002; Rebelatto e Morelli, 2004; Perracini e Fló, 2009;
bem como as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), citados pelos
mesmos autores, que avaliam atividades como, por exemplo, gerir as próprias
finanças, utilizar o telefone, sair só, fazer compras; Assim como as Atividades
Avançadas de Vida Diária (AAVD) que avaliam questões relacionadas às
atividades sociais, ocupacionais e de lazer, citado por Paixão e Reichenheim,
2005; Melo, 2009 e Dias, 2009. Os autores Paixão e Reichenheim (2005),
ainda incluem a avaliação do Estado Geral de Saúde e Qualidade de Vida ou
Medidas de Qualidade de Vida relacionada à Saúde (EGS-QUAL).
Assim, entende-se que a avaliação fisioterapêutica do paciente idoso
deve contemplar uma compreensão de capacidade funcional em, no mínimo,
três níveis instrumentais de atividades: básico (ABVD), instrumental (AIVD) e
avançado (AAVD), além de incluir a qualidade de vida relacionada à saúde
(EGS-QUAL) do paciente. Os dois primeiros grupos de atividades (ABVD e
AIVD) são avaliados mediante protocolos/instrumentos bastante utilizados por
profissionais de saúde, tanto em pesquisas como na atuação prático
profissional. O último grupo de atividade (AAVD) aparece discretamente nas
pesquisas e de maneira informal na atuação prático-profissional.
Após uma revisão sobre instrumentos de avaliação do estado funcional
do idoso, o estudo de Paixão e Reichenheim (2005) apontaram que o
instrumento da Escala de Barthel (1965), embora tenha sido o instrumento
mais utilizado e com maior validade/confiabilidade para avaliar as Atividades
Básicas de Vida Diária (ABVD) este instrumento não possui adaptação para o
contexto brasileiro e apontam o The Health Assessment Questionnaire (HAQ)
como o instrumento mais utilizado e com maior validade/confiabilidade para
avaliar as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), contudo, destacam
que somente a dimensão incapacidade física ou habilidades físicas do
questionário foi adaptada para o contexto brasileiro, através dos estudos de
Ferraz et al (1990). Outros estudos como o de Maciel, 2002; Rebelatto e
Morelli, 2004; Perracini e Fló, 2009 também citam a Escala de Barthel como
uma das mais conhecidas e utilizadas na avaliação das ABVDs e a Escala de
Lawton e Brody (1969) como uma das preferidas para avaliar as AIVDs.

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Contudo, não aprofundam nas questões relacionadas a confiabilidade, a


adaptação e a validação desses instrumentos de avaliação das capacidades
funcionais para o contexto brasileiro.
A Escala de Atividades Avançadas de Vida Diária, AAVD, ainda não
representa um instrumento com confiabilidade, adaptação e validação para o
contexto brasileiro visto que, para o estudo de Paixão e Reichenheim (2005,
p.10), “não foram encontrados instrumentos estruturados que avaliassem
especificamente a subdimensão AAVD”, mesmo sendo originalmente
desenvolvida por Reuben e Solomon (1989) e referida no Brasil em estudos
como o de Dias, 2009; Melo, 2009; Aykawa e Neri, 2005 e Pascoal, 1986. Para
avaliar as Medidas de Qualidade de Vida relacionada à Saúde (EGS-QUAL),
Paixão e Reichenheim (2005), destacam os estudos de Ciconelli (1997), por
realizarem a adaptação do instrumento SF-36 para o contexto brasileiro.
Dessa forma, considerando Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) e com
base na literatura científica sobre a avaliação das capacidades funcionais é
necessário ao fisioterapeuta ampliar o conhecimento sobre instrumentos
validados e adaptados para o Brasil. Para Paixão e Reichenheim (2005, p.17),
“um 'mapeamento' mais sistemático e elaborado de instrumentos de avaliação
de idoso servirá de auxílio na tomada de decisão (...) e o desenvolvimento do
instrumental de aferição relativa ao idoso e à AGA em particular, certamente se
beneficiará desta perspectiva”. Parte desta premissa para o debate a respeito
do alinhamento da conduta fisioterapêutica na avaliação de pacientes idosos.
Spirduso (2005, p. 402) lembra que “existem poucos testes que podem
discriminar ou detectar o risco de membros desse grupo se moverem da
independência física para a fragilidade física”. No processo entre a
independência física - almejada no trabalho da reabilitação, e a fragilidade
física - tema central do trabalho preventivo com idosos, a prática do
fisioterapeuta, no que diz respeito a avaliação do idoso, deve corroborar com o
conceito de avaliação geriátrica ampla.
Isso reforça a importância para a fisioterapia em se preocupar com as
dimensões que afetam a capacidade funcional do paciente, a qual não se
resume às ABVD e às AIVD, mas também inclui as AAVD, a QV e outras
dimensões da vida do paciente. E, isso corrobora autores como Maciel (2002),
Rebelatto e Morelli (2004), e Perracini e Fló (2009) que apontam a importância

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de uma avaliação geriátrico-gerontológica abrangente, multidimensional. O


presente estudo propõe, com base nos diferentes autores e inspirado no
modelo de Avaliação Geriátrica Ampla se ater às questões referentes à
funcionalidade do paciente e da qualidade dessas funções em interação com a
saúde mental e o funcionamento social do idoso em tratamento fisioterapêutico.
Somente avaliar as ABVDs e as AIVDs não traduziria a capacidade funcional
do paciente idoso em sua totalidade.
Considera-se importante avaliar, em relação aos parâmetros associados
à capacidade funcional, não somente as atividades básicas e instrumentais,
mas também as atividades avançadas do paciente, indo ao encontro de Dias
(2009) e Melo (2009), corroborando Reuben e Solomon (1989). Estes autores
referem que a perda da capacidade funcional para AAVD prediz o declínio
funcional nas ABVDs e AIVDs. A inclusão da atenção às AAVDs se faz de
grande importância para uma avaliação mais abrangente em fisioterapia, assim
como as medidas de qualidade de vida em saúde.
A avaliação realizada no contexto do atendimento domiciliar permite ao
profissional de fisioterapia uma maior na exploração/observação da capacidade
funcional do paciente e do seu desempenho em diferentes atividades no
contexto em que vive. Nesse contexto de atendimento, a avaliação ampla é
ainda mais importante em virtude da inserção do profissional na vida/domicílio
do paciente idoso, mediante uma nova díade de relação interpessoal que
precisa cooperar para a promoção/prevenção de saúde. Driusso e Chiarello
(2007, p.11) apontam que “infelizmente, a avaliação funcional cuidadosa do
idoso geralmente é negligenciada”, tanto por questões relacionadas ao
ambiente de trabalho, ao tempo, à formação acadêmica ou mesmo à postura
do profissional em relação ao enfrentamento das questões sobre
envelhecimento. Gazzola (2009, p.28), aponta também alguns aspectos
relacionados à utilização de instrumentos de capacidade funcional como a falta
de tempo e de contexto ambiental apropriado para a avaliação do domínio de
saúde físico-funcional do idoso.
O trabalho de reabilitação com idoso, muitas vezes portador de
patologias crônicas, sem possibilidades de cura, requer um esforço maior por
parte do profissional para conseguir atender às queixas do paciente e à
controlar as condições patológicas, principalmente as crônicas, que contribuem

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para o aumento de perdas funcionais, prejudicando sua condição de saúde.


Para Mendes as condições de saúde podem ser definidas como as
circunstâncias na saúde das pessoas que se apresentam de forma mais ou
menos persistentes e que exigem respostas sociais reativas ou proativas,
episódicas ou contínuas e fragmentadas ou integradas, dos sistemas de
atenção à saúde, dos profissionais de saúde e das pessoas usuárias
(MENDES, 2012, p.31).
Logo, é pertinente ao fisioterapeuta fornecer respostas proativas em
relação à condição de saúde crônica, a qual o paciente idoso, muitas vezes, se
encontra.
É importante considerar uma postura profissional comprometida com a
promoção da saúde deste paciente Corroborando Mendes, Se, de um lado, as
condições agudas manifestam-se inequivocamente por eventos agudos,
percebidos subjetiva e/ou objetivamente, as condições crônicas podem
apresentar, em determinados períodos de sua história, eventos agudos,
também percebidos objetiva ou subjetivamente, muitas vezes causados pelo
mau manejo dessas condições crônicas. (...) Portanto, os eventos agudos são
diferentes de condições agudas e é comum que ocorram, também, nas
condições crônicas. As condições agudas manifestam-se, em geral, por
eventos agudos; as condições crônicas, também, podem se manifestar, em
momentos episódicos e de forma exuberante, sob a forma de eventos agudos.
(MENDES, 2012, p.33)
Desta perspectiva, portanto, é esperado do profissional de fisioterapia,
principalmente o que trabalha com idosos, a compreensão dos diferentes níveis
de atenção à saúde física/funcional do paciente. As condições crônicas não
significam condições sem possibilidades de intervenção fisioterapêutica e, cabe
lembrar, que as orientações são, dentre os outros recursos disponíveis,
necessárias a uma atuação profissional pautada em qualidade.
A preocupação central do fisioterapeuta deve estar focada no paciente e
no seu contexto de vida e, segundo Gazzola (2009, p.29), “trata da capacidade
do idoso em locomover-se dentro e fora de casa”. O fisioterapeuta deve
observar e realizar uma avaliação físico-funcional, relacionadas à aptidão do
paciente para realizar diferentes atividades, considerando sua funcionalidade
em questões relacionadas ao equilíbrio, à marcha e à capacidade funcional.

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De certa forma, ainda hoje, a herança do modelo biomédico impregna a


conduta fisioterapêutica. Cabe destacar o modelo de atendimento adotado nos
estágios, realizados nas clínicas dos cursos de graduação, que enfatizam o
atendimento em grupo, com base no volume de atendimento; o modelo
adotado por clínicas (de convênio ou particulares) que utilizam da mão de obra
de estagiários, sem supervisão de um profissional, para realização de
tratamentos e a excessiva objetividade à avaliação funcional, preocupada em
demasia com ângulos e medidas, que são importantes indicadores, mas que
não podem se constituir como um único parâmetro de avaliação.

ENVELHECIMENTO: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

De acordo com Veras (2008), a longevidade da população não é um


fenômeno mundial novo e traz importantes repercussões nos campos social e
econômico. Este processo, vem se manisfetando de forma distinta entre os
diversos países do mundo.
China, Japão e outros países da Europa, além da América do Norte,
convivem, já há algum tempo, com um grande contingente de idosos. Na
atualidade, entre os 11 países com as maiores populações de idosos, oito
pertencem ao grupo dos chamados países em desenvolvimento (GARRIDO &
MENEZES, 2002; KALACHE, 1987; NETTO, 2002; RAMOS, 1987).
Durante as quatro primeiras décadas do século XX, a população
brasileira era extremamente jovem; o grupo com menos de 15 anos
representava entre 42% e 46% da população total; neste período, os idosos
representavam tão somente 2,5% da população. A partir de 1940, nosso País
começou a experimentar o declínio das taxas de mortalidade; declínio que se
prolonga até a atualidade (CHAIMOWICZ, 1997; NETTO, 2002).
A queda das taxas de mortalidade resultou de razões diversamente
situadas: urbanização crescente, melhoria nutricional, elevação dos níveis de
higiene pessoal e melhores condições sanitárias (tanto nos espaços
domésticos, como no trabalho), desenvolvimento de novas tecnologias
diagnósticas, de procedimentos terapêuticos e de medicamentos, descoberta
de vacinas, dentre outros. De início, o declínio das taxas de mortalidade
ocorreu entre os portadores de doenças infectocontagiosas; antes, a pessoa ou

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era tratada do quadro clínico agudo ou falecia. Os que sobreviviam estavam


sujeitos a complicações de caráter crônico degenerativo, como ocorreu na
Europa no século XIX, no caso da tuberculose. As pessoas que sobreviveram
foram as que, de alguma forma, se beneficiaram dos avanços ocorridos na
área da saúde, seja através de exames radiográficos, da vacina BCG e de
drogas potentes no combate da incidência e prevalência da tuberculose
(KALACHE, 1987; VERAS, 1987).
Paulatinamente, o perfil epidemiológico da população foi se modificando.
Ao invés de processos agudos que “se resolvem” rapidamente (pela cura ou
óbito), as doenças crônicas e suas complicações tornaram-se predominantes.
A consequência foi o aumento de incapacidades e dependência;
aumento que levou à maior utilização dos serviços de saúde. É dentre os
profissionais que atuam nestes serviços que se encontra o fisioterapeuta. Mas
foi somente a partir de 1960, com o declínio das taxas de fecundidade em
algumas regiões mais desenvolvidas do Brasil, como Regiões Sudeste e Sul,
que teve início o processo de envelhecimento populacional. À época, a
porcentagem de jovens declinou de 41,9% para 34,7% e a proporção de idosos
cresceu de 3,1% para 4,8% (CHAIMOWICZ, 1997; PETRINI, 2003 e RAMOS,
1987).
Como se sabe, o envelhecimento populacional resulta da articulação
entre a queda das taxas de fecundidade, a diminuição da mortalidade e o
aumento da expectativa de vida ao nascer. (PASCHOAL & SALLES &
FRANCO, 2006).
De acordo com o último PNAD (2008; IBGE, 2009) a população com 60
anos ou mais de idade representava, no Brasil, 11,1% da população total. Em
números absolutos, os idosos somavam, em 2008, 21 milhões de pessoas.

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Estes dados são apresentados nas figuras que se seguem.

Figura: Brasil: Esperança de Vida ao Nascer


Fonte: Data Sus/GOV.BR

Figura: Esperança de Vida aos 60 anos, por sexo.


Fonte: Data Sus/GOV.BR

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Figura- Brasil: Evolução das Taxas de Fecundidade


Fonte: IBGE/ PNADs e Censo

Matéria publicada na Folha OnLine, em 09/10/2009, revela que: O


número de brasileiros com mais de 80 anos de idade cresceu cerca de 70%
entre 1998 e 2008, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais 2009, feita com
base em dados da Pnad 2008 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o
envelhecimento da população fez com que o número de brasileiros nesta faixa
etária atingisse o número de 3 milhões de pessoas no ano passado. Já a
população com mais de 60 anos corresponde a cerca de 21 milhões dos
brasileiros. De 1998 e 2008, a proporção de pessoas nesta faixa etária
aumentou de 8,8% para 11,1%. Rio de Janeiro (14,9%) e Rio Grande do Sul
(13,5%) são os Estados com maior percentual de idosos.
Segundo Schwarz (2009), o Brasil pode ser considerado um país de
meia-idade; conforme dados da ONU, deverá ser nos próximos 40 anos, o país
mais envelhecido do continente latino-americano, considerando-se a população
com mais de 60 anos no conjunto da população brasileira. Estima-se que entre
2000 e 2025 será registrado o mais rápido aumento na proporção de idosos; a
participação destes na população total deverá atingir 14,2%. Por volta de 2080,
à proporção de jovens e idosos deverá se estabilizar, com respectivamente

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20% e 15% do total. Entre 1960 e 2025, o Brasil deverá passar da 16ª para a 6ª
posição mundial em termos de números absolutos de indivíduos com 60 anos
ou mais (CHAIMOWICZ, 1997; KALACHE, 1987; e RAMOS, 1987).
Como citado anteriormente, o perfil da população idosa modificou,
passando a existir um maior número de idosos com algum grau de
dependência ou incapacidade na realização das atividades diárias. Para que o
idoso consiga realizar as atividades diárias é necessário que ele passe por uma
avaliação conforme a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (1999) do
Ministério da Saúde.
Tal política preconiza a realização de uma avaliação funcional no idoso,
já que ela é fundamental e determinará o seu comprometimento funcional.
Esta avaliação representa uma maneira de medir se uma pessoa é ou
não capaz de desempenhar as atividades do seu cotidiano. Didaticamente
estas atividades podem ser subdivididas em:
Atividades de Vida Diária (AVD): são as atividades relacionadas ao
autocuidado e que, no caso de limitação de desempenho, requerem a presença
de um cuidador para auxiliar a pessoa idosa a desempenhá-las. São elas:
alimentar-se; banhar-se; vestir-se; mobilizar-se; deambular; ir ao banheiro;
manter controle sobre suas necessidades fisiológicas.
a) Atividades Instrumentais da Vida Diária: (AIVD) são as
atividades relacionadas à participação do idoso na sociedade e indicam a
capacidade com que ele é independente dentro da comunidade. São elas:
utilizar meios de transporte; manipular medicamentos; realizar compras;
realizar tarefas domésticas leves e pesadas; utilizar o telefone; preparar
refeições; cuidar das próprias finanças.
Hoje existem vários instrumentos à disposição do profissional para
realizar a avaliação destas atividades, que podem ser utilizados no momento
da avaliação ao idoso.
Quando se avalia a funcionalidade da pessoa idosa é necessário
diferenciar os termos “desempenho” e “capacidade funcional”:
O “Desempenho” avalia o que o idoso realmente faz no seu dia-a-dia;
A “Capacidade Funcional” avalia o potencial que a pessoa idosa tem
para realizar a atividade, podendo esta ser utilizada ou não.

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Um exemplo é quando o idoso tem carro, mas não o dirige, pois, a


família tem medo que ocorra um acidente. Por conta disto, o idoso não
desempenha a função de dirigir por impedimento da família, embora possua
capacidade funcional para executá-la.
Portanto, no contexto do envelhecimento, o conceito de “capacidade
funcional” é muito importante, sendo definido como o grau de preservação da
habilidade em executar, de forma autônoma e independente, as atividades de
vida diária e as atividades instrumentais de vida diária. Em vista disto, este
conceito está intimamente ligado à manutenção de autonomia e qualidade de
vida. (GARRIDO & MENEZES, 2002).
E em se tratando da questão da autonomia, dois outros conceitos estão
intimamente relacionados; “independência” e “dependência”.
A “autonomia” pode ser definida como a capacidade de se autogerir, de
ter controle sobre si mesmo; ela se expressa na liberdade para agir e tomar
decisões; a autonomia significa a condição de relacionar-se com as pessoas de
modo igualitário, permitindo o respeito pelas capacidades do outro. (Cadernos
de Atenção Básica, 2006; MONTEIRO, 2008)
Para Monteiro (2008) independência física é o ato de agir com o corpo
em todos os sentidos, significa ser capaz de realizar as atividades sem ajuda
de outra pessoa. Por fim, “dependência” significa incapacidade de realizar as
atividades cotidianas sem a ajuda de outra pessoa.
Muitas pessoas mantêm sua autonomia (capacidade de decisão)
embora sejam dependentes (incapacidade física para executar uma
determinada ação). A título de exemplificação podemos citar um idoso que
apresenta, após um infarto, limitação em sua mobilidade, requerendo auxílio
para se alimentar (dependência), mas com capacidade de decidir o horário da
refeição e a comida que prefere comer (autonomia). As capacidades de tomar
decisões e de se autogerir podem ser comprometidas por doenças físicas e/ou
mentais ou por restrições econômicas e educacionais.
(Cadernos de Atenção Básica, 2006).
Com o aumento no número de idosos (absoluto e relativo) que o Brasil
tem e espera atingir, envelhecer nos dias de hoje já não constitui um grande
desafio. O que realmente importa é conferir e garantir, aos idosos de hoje e aos
que o serão no futuro, melhoria na qualidade de vida. No entanto, a

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manutenção da autonomia e da independência funcional nas atividades da vida


diária é tarefa complexa; tarefa que deve representar uma significativa
conquista social (KALACHE, 1987; PASCHOAL, 2002; e PETRINI, 2003).
Para Ramos (1987) o pressuposto básico é manter a autonomia do
idoso pelo maior tempo possível, pois com a perda da autonomia, a sobrecarga
para família e para o sistema de saúde tende a se tornar insuportável, já que o
idoso pode entrar em um estado de incapacidade.
Considerando a valorização da autonomia e da independência funcional,
o que observamos, na atualidade, é uma mudança de paradigma; começamos
a superar o paradigma cartesiano-newtoniano – pautado nos princípios da
racionalidade, objetividade e quantificação como únicos meios de se chegar ao
conhecimento - e passamos a nos orientar pelo paradigma funcional, que
valoriza a funcionalidade do indivíduo a partir de uma perspectiva
multidimensional.
A distância que separa os dois paradigmas é grande; o que está em jogo
são sistemas médicos antigos e opostos: um ocidental, outro oriental. O
primeiro, ocidental hipocrático, emergiu de uma tradição grega de cura. No
âmago da medicina hipocrática, as doenças são consideradas fenômenos
naturais que podem ser cientificamente estudadas e influenciadas por
procedimentos terapêuticos e pela conduta ou disciplina de vida de cada
indivíduo. O segundo - o oriental – em oposição ao pensamento grego, os
chineses não estavam muito interessados em relações causais, mas nos
modelos sincrônicos de coisas e eventos, esse pensamento é do tipo
correlativo e dinâmico (TEIXEIRA, 1996).
Nesse último, a saúde é estudada como um grande sistema, como um
fenômeno multidimensional que envolve aspectos físicos, psicológicos, sociais
e culturais; todos interdependentes e não organizados em uma sequência de
passos e medidas isoladas para atender cada uma das dimensões apontadas.
É preciso um novo conceito de saúde; um conceito que a considere
como equilíbrio dinâmico. Há que se rever o papel do paciente. É preciso
mostrar ao indivíduo a possibilidade de sua autocura. Um dos enfoques deste
novo modelo é a manutenção da saúde. Os profissionais de saúde deverão
redimensionar suas práticas e relações com seus pacientes; a finalidade
principal será educar o paciente acerca da natureza e do significado da

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enfermidade e das possibilidades de mudança no estilo de vida que o levou à


doença. (CAPRA apud TEIXEIRA, 1986).
Diante da afirmação acima de (CAPRA apud TEIXEIRA, 1986),
menciono a seguinte citação de Freire (2009): O que realmente importa ao
ajudar o homem é ajudá-lo a ajudar-se; é fazê-lo agente de sua própria
recuperação, é colocá-lo numa postura consciente diante de seus problemas.
Para melhor compreender esta mudança no paradigma da saúde é
fundamental recorrer ao histórico das Classificações Internacionais de Saúde,
formuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Elas representam
modelos consensuais a serem incorporados pelos Sistemas de Saúde,
gestores e usuários, visando a utilização de uma linguagem comum para a
descrição de problemas ou intervenções em Saúde (FARIAS, e BUCHALLA,
2005).
Ao estudar a trajetória da “Família de Classificações Internacionais”
formuladas pela Organização Mundial de Saúde (WHO; Family of International
Classifications - WHO-FIC), é interessante observar o quanto elas estão
evoluindo para um modelo de classificação que seja mais abrangente,
funcional e que consiga realizar uma avaliação biopsicossocial do paciente.
A “Família de Classificações Internacionais” tem o objetivo de promover
a seleção apropriada de classificações em vários campos da saúde, em todo o
mundo. Estas facilitam o levantamento, consolidação, análise, interpretação de
dados e a formação de bases de dados nacionais consistentes, além de
permitirem a comparação de informações sobre populações ao longo do tempo
entre regiões e países (FARIAS, e BUCHALLA, 2005).
As condições de saúde relacionadas às doenças, transtornos ou lesões
são classificadas na CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde), fornecendo um modelo baseado na
etiologia, anatomia e causas externas das lesões.
Para incorporar mudanças em relação aos avanços médicos, a CID é
revisada periodicamente. Até hoje já foram feitas dez revisões, na seguinte
ordem cronológica: 1ª revisão: 1900/1909; 2ª revisão: 1910/1920; 3ª revisão:
1921/1929; 4ª revisão: 1930/1938; 5ª revisão: 1939/1948; 6ª 1949/1957; 7ª
revisão 1958/1967; 8ª revisão 1968/1978; 9ª revisão 1979/1992; e 10ª revisão
1993.

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A 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) foi


aprovada em Genebra no ano de 1989; entrou em vigor quatro anos depois,
em primeiro de Janeiro de 1993, após a necessária preparação de material de
orientação e formação.
A Classificação Internacional de Doenças (CID) foi projetada com o
intuito de:
• Classificar informações de mortalidade e morbidade para a
realização de análises estatísticas;
• Promover análises internacionais comparativas em relação à
coleta, processamento, classificação e apresentação de estatísticas de morbi-
mortalidade;
• Permitir a indexação de dados hospitalares em relação a doenças
e procedimentos cirúrgicos para que os mesmos sejam armazenados e
futuramente analisados.
Consiste em uma lista contendo:
Códigos numéricos das doenças em forma tabular;
Um índice alfabético para a procura de doenças;
Um sistema de classificação para procedimentos cirúrgicos,
diagnósticos e terapêuticos.
Dessa forma, a CID-10 constitui um instrumento útil para as estatísticas
de saúde, tornando possível monitorar as diferentes causas de morbidade e de
mortalidade em indivíduos e populações. A necessidade de se conhecer o que
acontece com os pacientes após o diagnóstico, no decorrer do tempo -
principalmente em relação às doenças crônicas e aos acidentes, - torna-se
cada vez mais importante para a área da saúde. Conhecer as causas de morte
e as doenças mais frequentes, em época que a expectativa de vida aumenta e
a tecnologia ajuda a medicina a prolongar a vida humana, pode não ser
suficiente para o planejamento de ações de saúde (SAMPAIO ET AL, 2005).
Paralelamente ao uso e revisões da CID foram propostos alguns
modelos para nortear as discussões e pesquisas sobre o tema “incapacidade”;
estes modelos refletem a mudança de uma abordagem baseada na doença
para outra que enfatiza a funcionalidade como um componente da saúde. Por
“incapacidade” se entende o(s) impacto(s) que as condições agudas e crônicas

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têm nas funções corporais e na habilidade de o indivíduo atuar de modo


esperado e pessoalmente desejável na sociedade. (SAMPAIO ET AL, 2005).
O primeiro modelo de incapacidade foi desenvolvido por Saad Nagi, na
década de 1960 (tabela 1). Fundamentado na teoria sociológica, descreve o
processo de “incapacidade” tendo como ponto central quatro conceitos:
“patologia ativa”, “disfunção”, “limitação funcional” e “incapacidade”. Nagi
estabeleceu uma relação linear entre os componentes presentes desde o início
da doença até a instalação da incapacidade (SAMPAIO ET AL, 2005).

Tabela - Perspectiva histórica dos principais modelos de função e


disfunção humana.

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Fonte: (SAMPAIO ET AL, 2005)

Em 1980, uma versão modificada do modelo de Nagi foi proposta pela


Organização Mundial de Saúde (OMS) com o objetivo de responder às
necessidades de se conhecer mais sobre as consequências das doenças. A
versão - denominada de International Classification of Impairment, Disabilities
and Handicaps (ICIDH) – foi traduzida para o português como
Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e
Desvantagens (CIDID) (FARIAS, e BUCHALLA, 2005).

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De acordo com esta classificação, a “impairment” (deficiência) é descrita


como anormalidades nos órgãos, sistemas e estruturas do corpo; nesta
classificação, “disability” (incapacidade) é caracterizada como consequência da
deficiência do ponto de vista do rendimento funcional, ou seja, no desempenho
das atividades. Enquanto “handicap” (desvantagem) reflete a adaptação do
indivíduo ao meio ambiente resultante da deficiência e incapacidade. (FARIAS,
e BUCHALLA, 2005)
O modelo da CIDID descreve, como uma sequência linear, as condições
decorrentes da doença: Doença Deficiência Incapacidade Desvantagem. Ao
se analisar esta sequência observa-se alguns equívocos. Isto porque esta
sequência não pode, na prática, ser linear, ou seja, uma doença pode tornar o
indivíduo incapaz, não necessariamente tendo passado pela etapa da
deficiência, como é muitas vezes verificado quando o paciente sofre um AVC
(acidente vascular cerebral). Outro equívoco neste modelo da CIDID é a
desconsideração de aspectos sociais, ambientais e relacionais do indivíduo.
Enfim, o que verificamos é um enfoque negativo; enfoque no qual considera o
que o indivíduo não está fazendo mais (FARIAS, e BUCHALLA, 2005).
Embora esses modelos tenham contribuído para uma compreensão
mais abrangente do processo de incapacidade, diversos autores argumentam
sobre suas limitações em explicar os fenômenos de funcionalidade e de
incapacidade humana.
Em 2000, após diversas revisões, a ICIDH-2 foi aprovada. A nova
versão engloba o chamado modelo biopsicossocial, uma síntese das
abordagens médica e social no processo de incapacidade. As três dimensões
descritas previamente na ICIDH foram então definidas como: disfunção,
limitação de atividade e restrição de participação. Esses domínios apresentam
a mesma significância e são independentes uns dos outros no processo de
incapacidade. (SAMPAIO ET AL, 2005).
No ano de 2001, a OMS finalmente aprovou a International Classification
of Functioning, Disability and Health (ICF). A versão em língua portuguesa foi
traduzida pelo Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para a
“Família de Classificações Internacionais em Língua Portuguesa” com o título
de “Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, CIF”.

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Na versão final da OMS, o modelo da CIF, substitui o enfoque negativo


da deficiência e da incapacidade por uma perspectiva positiva em que a
funcionalidade engloba todas as funções do corpo e a capacidade do indivíduo
de realizar atividades e tarefas relevantes da rotina diária, bem como sua
participação na sociedade (SAMPAIO ET AL, 2005).

FIGURA - Interação entre os componentes da CIF. Adaptação: OMS


(2003)
Fonte: (SAMPAIO ET AL, 2005)

A CIF representa uma mudança de paradigma para se pensar e


trabalhar a deficiência e a incapacidade (paradigma funcional), como
mencionado anteriormente. A funcionalidade é usada no aspecto positivo; a
incapacidade corresponde ao aspecto negativo. A CIF descreve a
funcionalidade e a incapacidade relacionadas às condições de saúde,
identificando o que uma pessoa “pode ou não pode fazer na sua vida diária”
(FARIAS, e BUCHALLA, 2005).
A CIF é baseada, portanto, numa abordagem biopsicossocial que
incorpora os componentes de saúde nos níveis corporais e sociais.

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Segundo a OMS, a CID-10 e a CIF são complementares: a informação


sobre o diagnóstico acrescido da funcionalidade fornece um quadro mais amplo
sobre a saúde do indivíduo ou populações.
Não existe a CIF sem a CID. A CID fala o que o paciente tem, sua
doença, mas não como ele vive. Por exemplo: duas pessoas com a mesma
doença podem ter diferentes níveis de funcionalidade, enquanto duas pessoas
com o mesmo nível de funcionalidade não têm necessariamente a mesma
condição de saúde (FARIAS, e BUCHALLA, 2005).
No modelo da CIF cada nível age sobre e sofre a ação dos demais,
sendo todos influenciados pelos fatores ambientais, como já foi mostrado na
Figura. A CIF possui diversos usos. Pode ser utilizada nos setores da saúde,
educação, previdência social, medicina do trabalho, estatísticas e políticas
públicas; pode, também, servir de modelo de atendimento multidisciplinar. Nos
dias atuais, a CIF tem sido mais usada no setor de Medicina Física e
Reabilitação.
Uma das vantagens do uso do modelo da CIF é a possibilidade de
uniformização de conceitos e de uma linguagem padrão que permite a
comunicação entre pesquisadores, gestores, profissionais de saúde,
organizações da sociedade civil e usuários em geral.
Por ser um modelo ainda recente encontram-se alguns desafios para
sua implantação, tais como: existem poucos estudos sobre a avaliação de seu
impacto na atenção à saúde; a classificação é recente, complexa e apresenta
certo grau de dificuldade em sua utilização; sua aplicação requer um tempo
muitas vezes maior do que a própria consulta (FARIAS, e BUCHALLA, 2005).
Por isso tudo, recomenda-se que mais estudos sejam realizados por
profissionais e pesquisadores de diversas disciplinas e setores da saúde,
incluindo a participação de membros de organizações da Sociedade Civil. No
que tange à autonomia física e à capacidade funcional – antes mencionadas -
relacionada ao modelo da CIF, a atuação do profissional fisioterapeuta é de
fundamental importância, principalmente nos dias de hoje, em se tratando do
novo paradigma, o paradigma funcional.
A utilização do modelo de funcionalidade e incapacidade humana
possibilita ao fisioterapeuta, em suas avaliações e de intervenções, considerar
um perfil funcional específico para cada indivíduo. Norteado por esse modelo, o

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profissional pode identificar as capacidades e as limitações que envolvem a


saúde e desenvolver um plano de tratamento centrado no paciente (SAMPAIO
ET AL, 2005).

O IDOSO NA GERIATRIA E NA GERONTOLOGIA

O termo Gerontologia foi usado pela primeira vez em 1903 por Elie
Metchnicoff, sucessor de Pasteur; é formado pela união das palavras gregas
gero (que significa velho) e logia (que significa estudo). Na época, Metchnicoff
previu que esse campo seria de grande importância no século XX, em
decorrência do aumento da longevidade, provocado pelos avanços da ciência.
(NETTO, 2006).
Em 1909, o médico Ignatz L. Nascher introduziu na literatura o
neologismo “Geriatria” para denotar o estudo clínico da velhice, por analogia à
Pediatria, que é o estudo clínico da infância. Fundou a Sociedade de Geriatria
de Nova Iorque em 1912 e publicou o livro Geriatrics em 1914. Hoje, o campo
da Geriatria compreende a prevenção e o manejo das doenças do
envelhecimento. (BEAUVOIR, 1990; NERI,2005).
Em 1942, foi criada a American Geriatric Society e, em 1946, a
Gerontological Society of America e a Division of Maturity and Old Age da
American Psychological Association. Ambas surgidas em decorrência do
aumento no interesse pelo estudo da velhice e pelo crescimento no número de
idosos nos Estados Unidos.
De acordo com Netto (2006), em 1961 foi fundada a Sociedade
Brasileira de Geriatria (SBG), que teve como primeiro presidente Roberto
Segadas e, posteriormente, em 1968, devido a inclusão de sócios não médicos
passou a ser designada Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
(SBGG).
Segundo Netto (2006), a gerontologia é a ciência que estuda os idosos,
as características da velhice enquanto fase final do ciclo de vida e seus
determinantes biopsicossociais; estuda também o processo de envelhecimento
normal e patológico. Por todas as vertentes envolvidas e por estudar o idoso
em todos os seus aspectos – físicos, biológicos, psíquicos e sociais – a

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Gerontologia deve ser considerada um campo de conhecimento multidisciplinar


e interdisciplinar.
De acordo com Neri (2005), embora a gerontologia seja um campo que
envolve muitas disciplinas, a pesquisa está em torno do eixo formado pela
biologia, pela psicologia e pelas ciências sociais, com seus modelos, métodos
e teorias. Outras disciplinas e interdisciplinas, a exemplo da filosofia, da
história, da neuropsicologia e da biodemografia, contribuem para a descrição e
a explicação da dinâmica da velhice e do envelhecimento.
A Gerontologia também mantém interfaces com outras áreas
profissionais e de conhecimento, dentre as quais se destacam a clínica médica,
a psiquiatria, a geriatria, a fisioterapia, enfermagem, o serviço social, direito,
arquitetura, entre outras, das quais derivam respostas aos problemas
individuais e sociais, novas tecnologias, evidências e hipóteses para a
pesquisa. Por tudo isto, os achados de Neri (2005) corroboram com os
achados de Netto (2006) quando este diz que a Gerontologia é um campo
multiprofissional e multidisciplinar.
Quando determinada área recebe esta influência da gerontologia, ou
seja, aborda o idoso considerando os seus aspectos biológicos, psicológicos e
sociais, por exemplo, a fisioterapia gerontológica, isto denota que, sob o olhar
dos aspectos fisioterapêuticos, o idoso deve ser abordado em sua totalidade.
De acordo com Beauvoir (1990), Neri (2005) e Netto (2006), diante deste
vasto campo de conhecimento, a Gerontologia pode ser dividida em:
Gerontologia Social: esse termo foi usado pela primeira vez por Clark
Tibbits em 1954 para descrever a área da gerontologia que se ocupa com os
aspectos não orgânicos do envelhecimento, com o impacto das condições
sociais e socioculturais sobre o processo do envelhecimento e das
consequências sociais. São assuntos importantes nesse campo: atitudes em
relação à velhice, práticas e políticas sociais, formas de gestão da velhice pelas
instituições sociais e pelas organizações governamentais e não
governamentais, redes de suporte social, entre outros. A Gerontologia Social
envolve conhecimentos produzidos na Filosofia, nas Ciências da Saúde e em
ciências como a Antropologia, a Sociologia, a Economia, a Psicologia, o Direito,
a Demografia, o Urbanismo etc.

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Geriatria: tem por objetivo estudar as doenças do


envelhecimento/velhice e ao tratamento das mesmas, além dos aspectos
curativos e preventivos da atenção à saúde do idoso. Guarda relação com
disciplinas da área médica, como a neurologia, cardiologia, psiquiatria entre
outras, além de manter ligação com áreas não médicas como a fisioterapia,
enfermagem, nutrição, entre outras.
Quando determinada área recebe influência da geriatria, ou seja, tem
um caráter mais voltado ao tratamento de doenças, por exemplo, a fisioterapia
geriátrica, demonstra que o seu foco de estudo concentra-se nas doenças do
envelhecimento e nos métodos e técnicas para preveni-las.
Gerontologia Biomédica: estuda o envelhecimento do ponto de vista
molecular e celular (biogerontologia), além de pesquisar a prevenção de
doenças associadas. Na gerontologia biomédica, as pesquisas estão
direcionadas para obter respostas sobre “como” e “por que” envelhecemos.
A gerontologia é, portanto, uma ciência que considera o indivíduo idoso
como um ser complexo; ser que demanda uma visão holística, ou seja, uma
visão que articula os aspectos bio-fisiológicos, psicológicos, existenciais,
econômicos, culturais e sociais.
Segundo Camacho (2002), a equipe multidisciplinar que assiste o idoso
pode aliar os resultados de múltiplas especialidades, cada uma com seus
esquemas conceituais de análise, instrumentos e técnicas metodológicas de
assistência e de pesquisa, com uma integração conveniente em relação ao
idoso.

Características da Fisioterapia Gerontológica

Diante do que foi exposto sobre a geriatria e a gerontologia, a seguir


vamos detalhar as áreas de especialização da fisioterapia:

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Fisioterapia Geriátrica: área que contempla conteúdos voltados ao


processo de tratamento das doenças e aos métodos e técnicas para preveni-
las, sob a ótica dos conhecimentos da Fisioterapia.
Fisioterapia Gerontológica: área que atua na prevenção e reabilitação
do idoso, com o objetivo de minimizar as consequências das alterações
fisiológicas e patológicas do envelhecimento, tendo como base de
conhecimento as técnicas e métodos aprendidos na Fisioterapia.
Assim sendo, o enfoque da fisioterapia gerontológica não é apenas o
tratamento das doenças do envelhecimento e o modo de preveni-las; seu
grande diferencial é que a abordagem feita ao idoso considera os seus
aspectos biológicos, psicológicos e sociais. O fisioterapeuta especialista em
gerontologia ou que tenha um conhecimento sobre a gerontologia deve incluir,
em seu tratamento, uma abordagem diferenciada do paciente; um olhar
humanizado e integral pautado pelo princípio de quem tem à frente um sujeito
idoso; uma pessoa que possui uma longa história de vida, ou seja, alguém que
apresenta – ainda que com grandes variações individuais – particularidades do
processo de envelhecimento.
A estas reflexões sobre particularidades do envelhecimento, acrescento
Mucida (2004; pg. 16), para quem “cada um envelhece de seu próprio modo.
Como um quadro, a velhice depende das mãos de seu pintor, da escolha das
tintas, do desenho a ser delineado por um olhar que escapa [...]”.
Tratando-se da singularidade, não podemos nos esquecer da definição
de Morin, cada indivíduo numa sociedade é uma parte de um todo, que é a
sociedade, mas esta intervém, desde o nascimento, com sua linguagem, suas
normas, suas proibições, sua cultura, seu saber; [...] O todo está na parte.
(Mas) o princípio ‘o todo está na parte’ não significa que a parte seja um reflexo
puro e simples do todo. Cada parte conserva sua singularidade e sua
individualidade, mas, de algum modo, contém o todo. (1996:275)
De acordo com Netto (2006), há que observar alguns aspectos centrais -
histórico clínico, familiar, social e psicológico do idoso - buscando a integração
multidisciplinar, além do envolvimento com a família e cuidadores.
Segundo Karsch (2008), o cuidador principal é aquele que mais conhece
o idoso; é aquele que sabe das suas resistências, das reações aos
medicamentos. É quem conhece o sono e a insônia do idoso, seu humor, as

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coisas que o alegra e entristece. Sem dúvida, é ele o melhor e mais eficiente
informante sobre o paciente, podendo relatar sobre as ocorrências entre uma
visita e outra. Ele pode ser um grande parceiro do profissional da saúde, seja
ele fisioterapeuta, médico, enfermeiro, entre outros profissionais que prestam
assistência a este idoso.
O cuidador deve ser muito bem orientado pelo profissional, já que em
caso de emergência será ele que cuidará e prestará assistência ao idoso.
No caso, específico da fisioterapia, a atuação do cuidador é ainda mais
importante; se o fisioterapeuta explicar alguns exercícios e orientar algumas
técnicas que o cuidador pode utilizar no paciente, este pode ter uma melhora
ainda maior. Isto porque o paciente, em alguns casos até necessitaria de
atendimento fisioterapêutico 3 a 4 vezes por semana, mas por dificuldades
financeiras que a família apresenta, ou questões burocráticas do plano de
saúde, não é possível realizar as sessões com esta frequência.
Ainda de acordo com Netto (2006), o fisioterapeuta com especialização
em gerontologia deve ter um conhecimento amplo; conhecimento necessário
tanto para atender ao paciente, como para interagir com a equipe de
profissionais. Mesmo nos casos em que os pacientes não tenham condições de
o tratamento ser realizado por diversos profissionais, cabe ao fisioterapeuta ter
uma abordagem integral do mesmo.
A fisioterapia gerontológica supõe um atendimento global do paciente;
como antes mencionado; a seguir, será mais detalhado atendimento que se
inicia com uma anamnese minuciosa, uma avaliação detalhada e prossegue
com plano de tratamento, podendo o fisioterapeuta utilizar os vários recursos
oferecidos pela fisioterapia, incluindo o treino de equilíbrio e marcha, ganho de
força muscular, flexibilidade e propriocepção, um programa para prevenção de
quedas por meio de orientações e adaptação ambiental, além de outras
condutas de acordo com as necessidades de cada idoso.
Entretanto, atualmente o que se observa é uma falta de profissionais
qualificados, o que nos faz refletir sobre a necessidade de uma melhor
qualificação quando se trata do atendimento ao idoso; contribuindo,
igualmente, para que este novo campo do saber - a fisioterapia gerontológica -
ganhe cada vez mais espaço, com o intuito de possibilitar respostas

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interdisciplinares às novas e variadas demandas surgidas com o atual processo


de envelhecimento populacional.
De acordo com Sá (2006), apesar dos avanços significativos, a formação
dos profissionais que atuam na área da gerontologia carece, até o momento,
de um referencial que permita explicitar a real inteligibilidade desse processo
de formação profissional.
Para Netto e Yuaso (2007), em se tratando desta qualificação
profissional objetivando propiciar atenção abrangente à saúde do idoso o ideal
seria incentivar a formação de equipes de profissionais de diferentes
disciplinas, que, imbuídos dos mesmos princípios e atuando nas suas áreas de
conhecimento e prática, pudessem interagir com os demais, constituindo assim
a essência da interdisciplinaridade/ inter-profissionalidade.
Na epígrafe deste capítulo, Paulo Freire afirma que só há vida quando
existem projetos. De acordo com ALMEIDA (2005; p.107) a essa afirmação,
acrescentaríamos que os projetos dependem, por sua vez, da plena
constituição de sujeitos. Isso porque existe uma incompatibilidade radical entre
a situação de heteronomia (dependência) e a condição de sujeito; condição
que implica a reapropriação, pelo homem, dos meios que lhe permitam “traçar
um caminho pessoal e original na organização de sua vida, meios que não se
restringem, apenas, à capacidade de reflexão, mas à possibilidade de ter
esperança e potencializar esta esperança em ação”(apud. Sawaia; 1994:52).
ALMEIDA acrescenta, ainda, que a: Autonomia e emancipação lastreiam
a concepção de sujeito [...] (nesta concepção reside uma nova ambiguidade)
[...] assumir a condição de sujeito não é uma “rua de mão única”, não é algo
que dependa exclusivamente dos próprios idosos. Por maiores que sejam os
esforços, eles serão incrivelmente discretos se permanecerem distante das
representações que habitam o imaginário construído em torno da velhice.
Assim, a emancipação depende, fundamentalmente, da desconstrução de um
imaginário prenhe de estigmas e preconceitos, e pelo reconhecimento social
dos que envelhecem e dos que já se situam na categoria “idosos”. (2005; p.
108)
A esta discussão sobre o imaginário social construído em torno da
velhice, vale ressaltar as considerações de Mercadante (2008). Segundo a
autora, o conhecimento da existência de um modelo social amplo e geral de

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velho, presente no imaginário social, que se constrói pela contraposição à


identidade de jovem, leva-nos a pensar sobre questões relativas à construção
da identidade do idoso e de como esta mesma identidade é sentida e vivida por
aqueles indivíduos classificados como velhos.
De acordo com Mercadante (2008), no modelo social de velho, as
qualidades a ele atribuídas são estigmatizadoras e contrapostas às atribuídas
aos indivíduos jovens. Com isto, qualidades como atividade, produtividade,
memória, beleza e força são características presentes no corpo dos jovens e as
qualidades opostas estão presentes no corpo dos idosos.
Para expandir um pouco as reflexões acima, ALMEIDA, escreve que:
“[...]nas sociedades modernas, a velhice é sinônimo de recusa e banimento.
Recusa vestida com diferentes roupagens: algumas, bastante evidentes,
passam pela segregação e pelo isolamento social, pela ruptura dos laços
afetivos, familiares e de amizade, pela negação do direito de pensar, propor,
decidir e fazer; outras, mais sutis, são encontradas, no tom protetor, muitas
vezes cercado de cinismo, com que lidamos com nossos “velhinhos”. (2003;
pg. 41)
ALMEIDA (2003; p. 41) comenta que “o uso, amplamente difundido, da
palavra ‘velho’ no modo diminutivo, surge cercado de ambiguidades”. Um
deles é o caráter afetivo e carinhoso, em que algumas vezes pode representar
a reciprocidade desejada nas relações inter-relacionais. Outro significado é
quando esta denominação expressa à condição de “menoridade”, negando ao
velho a possibilidade de ele constituir-se como sujeito.
GOLDFARB (1998) corrobora estas afirmações no momento em que
descreve que o fato de ser jovem ou ser velho, aparentemente uma questão
simples para o indivíduo, passa a tornar-se incerto quando as noções de
juventude e velhice sofrem sérias transformações ao longo dos tempos e
acrescenta: Quando temos 5 anos o velho tem 30, quando atingimos os 40, o
velho não pode ter menos de 70. E quando estamos nos 80.........o velho é
sempre o outro, como dizia Simone de Beauvoir (1970), que incluía a velhice
na categoria dos “irrealizáveis” sartreanos. Irrealizável porque não podemos
reconhecer a velhice em nós mesmos, só podemos vê-la nos outros, embora
eles tenham a nossa idade. A dificuldade principal para categorizar a velhice
consiste em que ela não é unicamente um estado, mas um constante e sempre

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inacabado processo de subjetivação. Assim podemos dizer que na maior parte


do tempo não existe um “ser velho”, mas um “ser envelhecendo”.
(GOLDFARB, 1998, p 10)
E pode ser exatamente por isto; por envelhecermos a cada dia, que
acabamos não “percebendo” este envelhecimento; é como se quem
envelhecesse fosse sempre o outro, como menciona Messy (1992; p. 10)
“Somos sempre o velho de alguém”. Para o autor o envelhecimento é um
processo que se inscreve na temporalidade do indivíduo, começando com o
nascimento até o fim da vida, sendo efeito de uma sucessão de perdas e
aquisições. Acrescenta ainda dizendo, envelhecemos como vivemos, nem
melhor, nem pior. Trata-se de uma questão de equilíbrio entre estas duas
noções. (p. 16); Se o envelhecimento é o tempo da idade que avança, a velhice
é o da idade avançada, entenda-se, em direção à morte. (1992; p. 17)
Corroborando as afirmações acima, encontramos Beauvoir (1990)
mencionando que na velhice, a decadência e a finitude são características
percebidas mais pelos outros que convivem com o idoso do que ele próprio. O
sujeito, portanto, vê o seu envelhecimento, a sua velhice, pelo olhar do outro ou
ele se vê velho pela imagem que o outro lhe devolve.
Na década de 70 Beauvoir já observava que as pessoas tinham
dificuldade para aceitar e enfrentar as mudanças que ocorriam com o
envelhecimento, tendendo a se fixarem no antigo eu visando se sentirem
imutáveis. O passado para os idosos representa o que é conhecido e lhes dá
segurança, enquanto o presente e o futuro são uma incógnita, tanto em relação
à sua posição na sociedade como à sua identidade.
Mucida (2004) acrescenta que o idoso tende a recordar insistentemente
seu passado porque nesse tempo ele era sujeito da sua história e, ao recordar
e recontar os passos vividos, ele tenta atualizar o que já foi. Ainda para a
autora, esse movimento do idoso no sentido de reconhecer-se como contador
de sua história é fundamental para sua vida e para se fortalecer ante uma
cultura que tende a despojá-lo de sua posição de sujeito desejante.
Independente da idade cronológica, o sujeito que deixa de desejar, de
sonhar, de ter objetivos de vida, envelhece, pois, a velhice é um estado de
espírito, nada tem a ver com a idade cronológica.

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Segundo Mucida (2004), existem velhos de 20 anos e jovens de 90;


porém, não se pode desconsiderar que o tempo passa e as incidências da
“velhice” aos 20 anos e aos 90 anos são bem diferentes, pois há uma distância
entre os projetos que se gostaria de realizar e a possibilidade de realização,
quando se está em cada fase da vida. Muitos dos projetos futuros tornam-se
inviáveis a partir de determinada idade. No entanto, se os desinvestimentos do
sujeito em relação ao mundo externo tornam-se muito significativos na vida
dele, a velhice tomaria a forma de morte real ou psíquica.
De acordo com Neri (2001), viver plenamente a maturidade e a velhice
dependem de ressignificar a finitude, já que a morte faz parte do curso natural
da vida. A negação desta realidade reflete-se nas maneiras como indivíduos e
sociedades escondem, evitam e rejeitam a velhice.
Para ampliar esta discussão, vale destacar Medeiros que se refere à
finitude e à morte quando define o que é envelhecimento e velhice, colocando
de forma sintética e brilhante assuntos tão profundos e complexos: O
envelhecimento não é um evento com data marcada, mas é um processo que
se dá durante toda a nossa trajetória. Nascemos envelhecemos, e durante toda
a nossa vida sempre somos mais jovens e mais velhos que alguém. O
envelhecimento é um processo e a velhice é uma etapa da vida. Somos finitos,
portanto morremos, fato que pode ocorrer em qualquer momento de nossa
existência, e não somente na velhice. (Medeiros; 2008: 189)
ALMEIDA (2003, apud Bosi; 1973), lembra que a velhice é, ao mesmo
tempo um destino biológico do indivíduo e uma categoria social, tendo em cada
sociedade um estatuto contingente. Assim, a sociedade industrial é maléfica
para a velhice [....]. A sociedade rejeita o velho, não oferece nenhuma
sobrevivência à sua obra. Perdendo força de trabalho já não é produtor nem
reprodutor. (1973:35)
De acordo com Mucida (2004) a velhice enquanto categoria social não
diz nada a respeito de cada sujeito. Dizer que uma pessoa tem 60 anos, 70 ou
mais, mesmo que isso nos dê algumas sugestões sobre os aspectos corporais,
fisiológicos ou mesmo sociais, não indica como cada sujeito vivencia tais
inscrições, de acordo com seus traços e sua história.
Apesar de nossa sociedade inspirar-se nos princípios do respeito e da
amizade, para Lasch os idosos são vistos como, [...] inúteis, força-os a se

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aposentar antes de ter exaurido sua capacidade para o trabalho e reforça seu
senso de superfluidade em todas as oportunidades...Ao desvalorizar a
experiência e dar muito valor à força física, destreza, adaptabilidade e à
capacidade de surgir novas ideias, a sociedade define a produtividade em
modos que automaticamente excluem os cidadãos mais velhos. (apud.
ALMEIDA; 2003; p.42)
Diante de toda esta discussão sobre a estigmatização do idoso na
sociedade podemos perceber o quanto este assunto é complexo. E quando nos
referimos a complexidade não podemos nos esquecer das reflexões de Edgar
Morin. Em um de seus textos, intitulado “Epistemologia da Complexidade”,
Morin afirma: Quando dizemos: “É complexo, é muito complexo!, com a palavra
“complexo” não estamos dando uma explicação, mas sim assinalando uma
dificuldade para explicar.” Designamos algo que, não podemos realmente
explicar, vamos chamar de “complexo”. Por isto é que, se existe um
pensamento complexo, este não será um pensamento capaz de abrir todas as
portas, mas um pensamento onde estará sempre presente a dificuldade. No
fundo, gostaríamos de evitar a complexidade, gostaríamos de ter ideias
simples, leis simples, fórmulas simples, para compreender e explicar o que
ocorre ao nosso redor e em nós. Mas, como essas fórmulas simples e essas
leis simples são cada vez mais insuficientes, estamos confrontando com o
desafio da complexidade..... Pode-se dizer que há complexidade onde quer que
se produza um emaranhado de ações, de interações, de retroações.(MORIN,
1996, p. 274)
Em se tratando da complexidade na velhice, retomamos Mercadante
(2005) quando esta autora afirma que se tentarmos responder a questão sobre
o que é a velhice, podemos encontrar respostas simples, que definem a velhice
como um fenômeno biológico, como um processo natural que acontece a todos
os seres vivos, e encontramos na literatura muitas referências sobre este
assunto.
De acordo com Morin (1996) o ser humano aprende muito bem a
separar as coisas; afirma que a tendência é separamos um objeto de seu
ambiente, isolar um objeto em relação ao observador que o observa,
acrescenta ainda, que o nosso pensamento é disjuntivo e, além disso redutor;

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enfim, buscamos a explicação de um todo através da constituição de suas


partes.
Segundo Mercadante (2005), este pensamento redutor e disjuntivo, ao
qual Morin (1996) se refere não contribui para analisar de forma ampla e
profunda a velhice, que se mostra como um fenômeno multifacetado em que ao
lado dos fatores biológicos, temos também as diversas situações socioculturais
e históricas deste mesmo fenômeno. Para Mercadante (2005; p. 25), “a
diversidade sociocultural indica a existência de uma pluralidade de formas de
viver a vida pelos assim denominados velhos”.
Em sua pesquisa sobre o assunto, a autora observou que a análise da
diversidade evidencia relações desiguais, formas diferenciadas de
comportamento que ocorrem no interior dos vários grupos sociais em que há a
presença de idosos. A diversidade investigada e analisada por Mercadante
(2005) revela a heterogeneidade da velhice, evidenciando assim uma situação
complexa. A complexidade também está presente nos estudos realizados pela
antropologia, entre as várias sociedades primitivas, em que se encontra em um
primeiro momento a presença da heterogeneidade.
Se o envelhecimento é complexo, nada mais natural do que “querer
eliminar este problema”; como isto não é possível, recorremos às reflexões de
Simone de Beauvoir, na clássica obra, A Velhice (1990), em que a autora
escreve algumas palavras bem interessantes que auxiliam na compreensão do
“por quê” da velhice ser uma questão tão complexa. Para a autora velhice é: É
um fenômeno biológico: o organismo do homem idoso apresenta certas
singularidades. Acarreta consequências psicológicas: determinadas condutas,
que são consideradas típicas da idade avançada. Tem uma dimensão
existencial como todas as situações humanas: modifica a relação do homem no
tempo e, portanto, seu relacionamento com o mundo e com sua história. Por
outro lado, o homem nunca vive em estado natural: seu estatuto lhe é imposto
tanto na velhice, como em todas as idades, pela sociedade a que pertence. A
complexidade da questão é devida à estreita interdependência desses pontos
de vista. Sabe-se, hoje em dia, que considerar isoladamente os dados
fisiológicos e os fatos psicológicos constitui uma abstração: eles são
interdependentes. O que denominamos vida psíquica de um indivíduo só pode
ser compreendida à luz de uma situação existencial: também esta, portanto,

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tem repercussões no organismo e vice-versa: o relacionamento com o tempo é


sentido de maneiras diferentes, segundo esteja o corpo mais ou menos
alquebrado. Finalmente, a sociedade determina o lugar e o papel do velho
levando em conta suas idiossincrasias individuais: sua importância, sua
experiência, reciprocamente, o indivíduo é condicionado pela atitude prática e
ideológica da sociedade a seu respeito. De modo que uma descrição analítica
dos diversos aspectos da velhice não pode ser suficiente: cada um deles reage
sobre todos os outros e é por ele afetado. É no movimento indefinido desta
circularidade que temos de apreendê-la. (BEAUVOIR, 1990, p. 156)
A partir das reflexões de Beauvoir (1990), podemos compreender um
pouco mais a respeito da complexidade existente em torno da velhice; temos
que entendê-la na sua totalidade, não a olhar apenas em uma perspectiva, seja
ela biológica ou cultural.
Para Lopes (2000) a velhice vista apenas do ponto de vista biológico
significa reduzir a questão e não a analisar em sua complexidade, o que
implica não levar em conta aspectos psicológicos, sociais e culturais.
Sobre a questão da “totalidade”, as afinidades entre Beauvoir (1990) e
Morin (1996) são grandes. Para Morin, a totalidade é a não verdade. O todo
está na parte, que está no todo. Podemos enriquecer o conhecimento das
partes pelo todo e do todo pelas partes, em um mesmo movimento produtor de
conhecimento. (Morin, 1996, p. 278)
Portanto, de acordo com o que foi discutido pelos autores, Mercadante
(2005) destaca que a perspectiva da complexidade faz compreender que não
se tem saída, não há como escaparmos da dúvida, da ambiguidade e de que
nunca será possível deter todo o conhecimento, independente da área em que
se esteja.

FISIOTERAPIA COMO PREVENÇÃO

O Termo prevenir tem como significado “Impedir que se execute ou que


aconteça” (FERREIRA, 2009).
Segundo Leavell & Clarck (1976), a prevenção é dada a uma ação
antecipada, baseada em um conhecimento prévio a fim de evitar o surgimento
da doença em sua incidência e prevalência com o objetivo de controle da

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transmissão de doenças infecciosas e de redução do risco de doenças


degenerativas ou outros agravos específicos.
Os conceitos relacionados com a prevenção de doenças não se
distinguem claramente na prática do setor saúde. As práticas de prevenção de
doenças fazem uso do conhecimento técnico e científico específico do campo
da saúde. As intervenções podem ser feitas através de procedimentos
médicos, bem como mudanças de estilo de vida, informações à comunidade,
entre outros (FLORIN & BASHAM, 2000).
Ao longo das duas ou três últimas décadas conseguiu-se demonstrar
que a grande maioria dos problemas de saúde pública que afetam a população
– relativos não somente às doenças transmissíveis como às não transmissíveis
– são possivelmente previsíveis. Tais evidências são demonstradas através da
mortalidade por doenças coronarianas, acidentes vasculares encefálicos,
câncer de pulmão, boca e fígado provenientes do consumo de álcool e fumo,
que poderiam ser evitadas tanto em termos sociais como econômicos
(NICHOLLS, 1998).
Cuidados primários dizem respeito aos principais problemas de saúde
da comunidade, por meio dos quais são proporcionados serviços de proteção,
cura e reabilitação, conforme as necessidades.
De acordo com Leavell & Clarck (1976), a prevenção pode ser dividida
em três partes:
- A prevenção primária é a realizada no período de pré-patogênese,
ou seja, antes da doença se instalar. É neste nível que a promoção da saúde
aparece definida como estratégias para uma saúde de boa qualidade. Um
segundo nível da prevenção primária seria a proteção específica contra
agentes patológicos ou pelo estabelecimento de barreiras contra os agentes do
meio ambiente, através de vacinas e outras formas de profilaxia;
- A prevenção secundária também apresenta-se em dois níveis: o
primeiro, diagnóstico e tratamento precoce e o segundo, limitação da invalidez.;
- A prevenção terciária diz respeito a ações de reabilitação.
Mudanças de comportamento dependem do conhecimento dos fatores
de risco, dos modos culturais de comportamento, do apoio de familiares e
amigos e da orientação de profissionais de saúde (STACHENKO, 1998).

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Portanto, o ponto principal do trabalho preventivo que é, no momento do


encontro, do usuário com o profissional de saúde, se possa identificar o meio
de realizar tais ações.
Esses profissionais de saúde são fonte legítima de informações não
somente sobre as doenças mais na explanação dos fatores. A melhoria da
prestação de serviços preventivos exige estratégias múltiplas centradas em
todos os participantes do processo a afim de um só objeto que é a saúde de
todos.
A fisioterapia como parte importante da chamada “área de saúde” sofreu
muitas oscilações no decorrer da história, mas suas primeiras definições foram
dadas por volta da década de cinquenta. Nesse período, a incidência de
poliomielite atingia índices alarmantes, como consequência, a quantidade de
indivíduos portadores de sequelas motora e que necessitava de uma
reabilitação para a sociedade” era muito grande (REBELATTO & BOTOMÉ,
1999).
O Fisioterapeuta hoje é o profissional de Saúde, com formação
acadêmica superior, habilitado à construção do diagnóstico dos distúrbios
cinéticos funcionais, a prescrição das condutas fisioterapêuticas, sua
ordenação e indução no paciente, bem como, o acompanhamento da evolução
do quadro funcional e a sua alta do serviço (CREFITO 3, 2009).
Na Saúde Coletiva, a fisioterapia tem como atribuição principal a
educação, prevenção e assistência fisioterapêutica da comunidade no âmbito
da atenção primária em saúde. Em relação às atribuições específicas na saúde
coletiva, incluem-se: Programas institucionais, ações básicas de saúde,
fisioterapia do trabalho e vigilância sanitária (CREFITO 3, 2009; DELIBERATO,
2002).
O fisioterapeuta que atua na saúde do idoso deve, antes de mais nada,
possuir uma visão prevencionista, pois muitos problemas de saúde que afetam
potencialmente os idosos podem ser evitados através de um trabalho
preventivo. É necessário o conhecimento das alterações biológicas e
psicológicas, bem como alguns fenômenos de caráter social, para que se
possa estruturar e desenvolver programas adequados para esta população.
Dentre todos os grupos etários, os idosos são aqueles que apresentam o maior
risco de morbidade e de mortalidade+. Ao atingir a faixa etária de 60 anos, a

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expectativa de vida média é de 14,5 anos para os homens e 18,6 para as


mulheres, e medidas preventivas podem fazer com que ocorra melhora da
qualidade de vida, podendo atingir 80 anos de idade ou mais em condições
satisfatória (DELIBERATO, 2002).
Na saúde preventiva, o fisioterapeuta atua de forma educativa realizando
palestra, diálogos informativos, participação em campanhas e incentivando aos
bons hábitos de saúde (como sono, alimentação, lazer, higiene), bem como
promovendo atividades físicas de cunho preventivo às futuras complicações de
saúde. Neste nível de prevenção, o fisioterapeuta se manifesta na assistência
precoce inviabilizando, na maioria das vezes, agravos que possam causar
internações hospitalares ou quedas nas condições gerais de vida (como
infecção respiratória, crises hipertensivas, piora do grau de dor, entre outras)
bem como perda da qualidade de vida (ALBIERO et. al, 2005).
Bispo Junior (2010) reafirma que algumas limitações da capacidade
funcional apresentam maiores probabilidades de surgimento nessa população
específica, como, por exemplo, doenças relacionadas aos aparelhos
cardiocirculatório e musculoesquelético.
Doenças de aspectos cerebrovasculares também participam dessas
limitações, uma vez que, quase sempre deixam sequelas que levam à
limitações da locomoção humana ou incapacidade física, além de
apresentarem altos índices de óbitos. Devido a isso e outros aspectos, a
saúde da população idosa merece, de fato, uma atenção especial, em virtude
da longevidade trazer consigo limitações na funcionalidade do aparelho
locomotor, restringindo a deambulação e marcha dos idosos. Essa situação
torna-se digna de ser monitorada, visto que a restrição à mobilização dos
idosos ou o confinamento no leito apresentam-se como fatores de risco para o
desenvolvimento de uma série de outras doenças.
Nesta fase primária de prevenção, são necessárias medidas para
impedir o aparecimento de condições mórbidas; na prevenção secundária, o
importante é se preocupar em impedir ou retardar a progressão de um
problema já existente e, somando-se a esses dois tipos, acrescenta-se a
prevenção terciária, que procura reduzir o desconforto, a incapacidade e a
dependência. O mapeamento bem-sucedido de tais medidas pode não diminuir
necessariamente a mortalidade, assim como a prevenção nem sempre

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contribui para diminuir os gastos públicos, porém se a meta é prevenir ou


minimizar as doenças e incapacidades que ocorrem com o envelhecimento,
quanto mais precocemente forem iniciadas, mais rapidamente se chegará ao
desejado (CARVALHO FILHO & PAPALÉO NETTO, 2006).
Uma das grandes preocupações especificamente na saúde do idoso
está relacionada às tendências de queda.
As quedas podem ser definidas como momentos de desequilíbrios por
uma insuficiência súbita do controle postural, que envolve problemas
biológicos, psicológicos ou sociais, estando entre as grandes síndromes
geriátricas e sendo causadora principal dos acidentes em idoso. Essas quedas
levam a graves consequências, como fraturas, principalmente, as de quadril,
perda da confiança para caminhar, medo de cair novamente, ansiedade e
depressão, formando, assim, um ciclo vicioso, pois a restrição às atividades
normais de vida levam à diminuição da força muscular, enfraquece os MMII
(membros inferiores) e causa, muitas vezes, a dependência e isolamento.
Os objetivos da fisioterapia preventiva, especificamente no caso da
prevenção de quedas, são eliminar ou, pelo menos, minimizar as causas das
quedas, evitar quedas futuras, restabelecer a segurança e a auto-estima, evitar
o decúbito prolongado, promover a reeducação funcional, melhorando a força e
o equilíbrio e a promoção de orientação como: controle médico regular,
lembretes para dias de vacinas específicas dos idosos, adequação domiciliar -
como retirar tapetes ou fixá-lo, barras de suporte no banheiro, entre outras
(DELIBERATO, 2002).

O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE BRASILEIRO (SUS) E O SUAS


ESTRATÉGIAS EM SAÚDE

No Brasil, foi criado pela Constituição Federal Brasileira em 1988 o


Sistema Único de Saúde. Antes, a saúde era garantida apenas a alguns
brasileiros. O modelo de saúde adotado até então dividia três categorias: os
que podiam pagar por serviços de saúde privados; os que tinham direito à
saúde pública por serem segurados pela previdência social (trabalhadores com
carteira assinada); e os que não possuíam direito algum.

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As ações de saúde eram desenvolvidas de maneira fragmentada e sem


nenhuma integração. A saúde coletiva era considerada um direito de todos e a
assistência médica hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores
contribuintes do Sistema Nacional de Previdência Social. Na época, cabia ao
Ministério da Saúde, ao menos formalmente, a responsabilidade da formulação
das políticas e o desenvolvimento das ações coletivas; ao Ministério da
Previdência e Assistência Social a realização da assistência médica através do
INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica e de Previdência Social; ao
Ministério da Educação a formação de recursos humanos para saúde e a
prestação de serviços nos hospitais universitários; ao Ministério do Interior as
ações de saneamento e ao Ministério do Trabalho cuidar da higiene e
segurança do trabalho.
Assim, o SUS foi criado para oferecer atendimento igualitário com
objetivo de tornar-se um importante mecanismo de prevenção, promoção e
reabilitação, de maneira a atender as necessidades da população (BRASIL,
Ministério da Saúde, 2008).
A todos os brasileiros é garantido acesso universal aos serviços de
saúde, cabendo a União, Estados e Municípios o cumprimento deste
dispositivo constitucional. O SUS é norteado com base nas seguintes diretrizes:
descentralização político-administrativa; atendimento integral priorizando
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e a
participação social. Neste âmbito, os municípios tornam-se responsáveis pela
execução de serviços de saúde e ações preventivas, ganhando destaque na
política de saúde pública (PEIXOTO, 2008).
O Sistema Único de Saúde (SUS) está subdividido em três esferas:
atenção primária (atenção básica – estratégia saúde da família), atenção
secundária (média complexidade, exemplo; policlínicas) e atenção terciária
(hospitais).
Essa organização é baseada nos princípios do SUS, que são:
- Universalidade: todos os brasileiros têm direito à saúde;
- Integralidade: a assistência à saúde deve abranger ações de
promoção, prevenção, cura e reabilitação;
- Descentralização: as decisões devem estar o mais próximo
possível da população;

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- Hierarquização: a organização dos serviços de saúde deve ser


feita em níveis de complexidade;
- Regionalização: os serviços de saúde devem estar organizados
dentro de uma área definida;
- Controle social: a população deve participar do planejamento e
das decisões dos serviços de saúde.

A atenção está centrada na saúde e não na doença, e o indivíduo é


tratado como sujeito integrado à família, ao domicílio, à comunidade. Busca-se,
assim, um vínculo entre as famílias e os profissionais da equipe (BRASIL,
1997).
Segundo Brasil (2004) preconiza, a atenção básica tem os seguintes
objetivos específicos:
- Assistência às demandas espontâneas das principais morbidades
do território; dentro de uma nova abordagem na qual estão integrados a cura, a
prevenção e a promoção, o indivíduo e a coletividade, objetivando a autonomia
e o apoderamento das pessoas e produção e tecnologias adequadas a cultura
local, promovendo mudanças de comportamento;
- Atenção integral às morbidades infecto-contagiosas e crônico
degenerativas;
- Promover a articulação com outros setores necessários a
promoção de saúde local;
- Promover a mobilização das pessoas para a co-gestão e o
desenvolvimento local;
- Desenvolver e/ articular a vigilância ambiental, incluindo aí a
vigilância sanitária;
- Organizar e gerir o serviço segundo os objetivos gerais da
estratégia do PSF com qualidade e resolutividade, articulado ao setor
secundário.

A Atenção Básica foi gradualmente se fortalecendo, tornando-se o ponto


de partida para a estruturação dos sistemas locais de saúde, e a porta de
entrada do usuário ao sistema de saúde, favorecendo o desenvolvimento de
capacitação e qualificação profissional, pois através desta pode-se articular a

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promoção à saúde, prevenção, tratamento, reabilitação e acolhimento da


população (BRASIL, 2000).
De acordo com a Portaria nº 648/GM de 28 de março de 2006, a
Atenção Básica tem como princípios gerais:
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no
âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde,
a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a
manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas
gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em
equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais
assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente
no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada
complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde
de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos
usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da
universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e
continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da
equidade e da participação social (BRASIL, 2006b, p.11).
A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na
complexidade, na integralidade e na inserção sócio-cultural e busca a
promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de
danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de
viver de modo saudável.
A Atenção Básica tem como fundamentos:
I - Possibilitar o acesso universal e contínuo aos serviços de saúde
de qualidade e resolutivos, caracterizados como a porta de entrada preferencial
do sistema de saúde, com território descrito de forma a permitir o planejamento
e a programação descentralizada, e em consonância com o princípio da
equidade;
II - Efetivar a integralidade em seus vários aspectos, a saber:
integração de ações programáticas e demanda espontânea; articulação das
ações de promoção à saúde, prevenção de agravos, vigilância à saúde,
tratamento e reabilitação, trabalho de forma interdisciplinar e em equipe, e
coordenação do cuidado na rede de serviços;

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III - Desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as


equipes e a população adscrita garantindo a continuidade das ações de saúde
e a longitudinalidade do cuidado;
IV - Valorizar os profissionais de saúde por meio do estímulo e do
acompanhamento constante de sua formação e capacitação;
V - Realizar avaliação e acompanhamento sistemático dos
resultados alcançados, como parte do processo de planejamento e
programação; e
VI - Estimular a participação popular e o controle social.

O idoso requer dos profissionais de atenção primária um enfoque que


englobe a prevenção e a detecção precoce dos agravos à saúde. O
atendimento a essa parcela da população já existe de forma desordenada e
fracionada com abordagem centrada na doença Propõe-se uma forma de
organização das ações em saúde do idoso em que haja: a descentralização do
atendimento e o fortalecimento das ações em Atenção Primária, na qual se
solucionam 85% dos problemas de saúde dessa população; a utilização
racional da rede de serviços já existente, com a implantação da Rede de
atendimento e a criação dos Núcleos Regionais em Atenção ao Idoso,
localizados nas microrregiões, podendo também estar localizados em cada
município, e dos Centros de referências em atenção ao Idoso nas macro
regiões do Estado.

POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO IDOSO

A partir da década de 80, a incorporação da visão de promoção da


saúde nos programas para idosos supõe uma abordagem crítica da prevenção
e da educação em saúde e pode ser vista como um processo social em curso,
complexo, que vem sendo estimulado em nível internacional por fóruns e
documentos institucionais. As experiências de avaliação em promoção da
saúde do idoso revelam um campo multifacetado com atividades educativas
e/ou preventivas (ASSIS; HARTZ; VALLA,2004).
Considerando o avanço populacional, em 1996 foi realizado o Seminário
Internacional do Envelhecimento Populacional, em Brasília, em que um grupo

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de especialistas em envelhecimento se reuniu e elaborou um documento


chamado “Declaração de Brasília sobre envelhecimento”.
Ações de programas subsidiados de atenção a saúde, alimentação,
habitação e outras necessidades sociais foram estimuladas pelo que, o
Governo Federal, em conjunto com algumas Organizações não-
governamentais (ONGs), instituiu uma política destinada apenas à terceira
idade chamada Política Nacional do Idoso, perpetuando a Lei nº8842 de 4 de
janeiro de 1994. Tal política sem dúvidas foi um avanço significativo para a
área gerontológica, firmando compromisso e levantando e questões da velhice
para o Cenário da agenda pública.
O Estatuto do Idoso, de iniciativa do Projeto de Lei nº 3.561 de 1997 de
autoria do então Deputado Federal Paulo Paim, foi fruto da organização e
mobilização dos aposentados, pensionistas e idosos vinculados à
Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (COBAP), resultado
de uma grande conquista para a população idosa e para a sociedade. e
sancionado pelo presidente Lula, ampliou em muito a resposta do Estado e da
sociedade às necessidades dessas pessoas. Trata dos mais variados aspectos
da sua vida, abrangendo desde direitos fundamentais até o estabelecimento de
penas para crimes mais comuns cometidos contra as pessoas idosas.
O Artigo. 3.º da Lei N.º 10.741,De 1.º de Outubro de 2003 diz que:
É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder
Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária (art.3).
Em 1999, foi aprovada a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI),
substituindo a PNI anteriormente citada.
Seu conteúdo é notável, principalmente por tratar da preocupação com a
promoção do envelhecimento saudável, com a manutenção e a melhoria, ao
máximo, da capacidade funcional dos idosos, da prevenção de doenças,
recuperação da saúde dos que adoecem e da reabilitação daqueles que
venham a ter uma capacidade funcional restringida.
Ao estabelecer tais diretrizes, a política Nacional de Saúde do Idoso
rompe o paradigma de considerar a saúde como ausência de doença, limitando

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a abordagem ampla que o atendimento à saúde realiza baseado em múltiplos


fatores. Essa política visa a questão interdisciplinar, como questões sociais,
políticas, econômicas e culturais, além de considerar a velhice como ciclo vital
e não apenas como uma fase de vida.

Na proposta da PNSI, são definidas como diretrizes:


- A promoção do envelhecimento saudável;
- A manutenção da capacidade funcional;
- A assistência às necessidades de saúde do idoso;
- Reabilitação da capacidade funcional comprometida;
- Capacitação de recursos humanos especializados;
- O apoio ao desenvolvimento de cuidados informais;
- O apoio a estudos e pesquisas.

A política reconhece a importância da parceria entre os profissionais de


saúde e as pessoas que cuidam dos idosos apontando que esta parceria
deverá possibilitar a sistematização das tarefas a serem realizadas no próprio
domicílio, privilegiando-se aquelas relacionadas à promoção da saúde, à
prevenção de incapacidade e à manutenção da capacidade funcional do idoso
dependente e do seu cuidador, evitando-se, assim, na medida do possível,
hospitalizações, asilamento e as outras formas de segregação e isolamento.
Para isso, no dia 1º de outubro de 2003, foi instituído a Lei de nº10.741,
que dispôs sobre o Estatuto do Idoso e representou um grande avanço na
legislação brasileira iniciado com a promulgação da Constituição de 1988.
Elaborado com intensa participação das entidades de defesa dos
interesses das pessoas idosas, ampliou em muito a resposta do Estado e da
sociedade às suas necessidades.
Em relação as questões da saúde, o artigo 15 da Lei acima referida diz
que: É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do
Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário,
em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção,
promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às
doenças que afetam preferencialmente os idosos (BRASIL, 2009).

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Essa política vem sendo implementada no Brasil de maneira gradativa: o


aumento acelerado da população idosa torna cada vez mais fundamental a
união de esforços para a prática de políticas públicas voltadas a este segmento
populacional, assim como a conscientização dos seus direitos e espaços a
serem conquistados.
Logo, quanto a mudanças nas políticas públicas para amparar de forma
adequada o idoso, há necessidade de uma reorientação dos serviços de
saúde, pois quanto maior for o acesso aos bens e serviços da sociedade, maior
será a qualidade de vida no processo de envelhecimento, investindo-se
principalmente na atenção básica com rediscussões de estratégias preventivas
e de promoção à saúde. Por outro lado, se observa a necessidade de que os
profissionais de saúde, principalmente aqueles que atuam na rede de atenção
básica, recebam treinamento e capacitação continuados para se adequarem às
necessidades da população idosa. Levando em consideração que o ambiente
familiar constitui-se uma principal fonte de apoio ao idoso, há que se estimular
o fortalecimento das relações familiares com o propósito de se minimizarem as
dificuldades e angústias vivenciadas por ambos, idosos e familiares (MALTA,
2008).
Sob esta ótica, os serviços de saúde têm papel fundamental na atenção
à saúde, para que a população idosa possa usufruir a vida com tudo aquilo que
construiu.

FISIOTERAPIA NA SAÚDE DO IDOSO

Como processo terapêutico, a fisioterapia, através de recursos próprios


e de conhecimento, baseando-se nas condições biopsicossociais, busca
promover, aperfeiçoar ou adaptar os idosos a suas limitações funcionais por
meio da terapêutica. Visto que os mesmos possuem pluripatologias, a
fisioterapia tem espaço garantido no atendimento especificado a este público,
tanto de modo preventivo, reabilitativo ou adaptativo de suas funcionalidades,
contribuindo para sua autonomia. O movimento do corpo é algo relacionado ao
alto conhecimento e suas potencialidades, podendo contribuir para a melhora
da auto-estima e aumentar a capacidade de auto-cuidado, possibilitando novas

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descobertas e abertura de uma maior participação social, mesmo de forma


inconsciente (VIEIRA, 2004).
A falta de atividade física regular tem sido apontada como um
comportamento nocivo à saúde e como determinante negativo da qualidade de
vida dos indivíduos, sobretudo, de idosos, em que o sedentarismo pode
acelerar o processo de envelhecimento.
De acordo com Vieira (2004), o exercício ativo é fundamental para
manutenção e melhoria da disposição, da capacidade funcional e do estado
biopsicossocial impedindo e/ou retardando acima de tudo a progressão da
doença aterosclerótica e evitando diversas alterações provenientes do
envelhecimento. Em níveis psíquicos, produz sensação de bem-estar,
diminuindo a ansiedade e a depressão, aumentando gradualmente a
autoconfiança, podendo favorecer uma vida mais dinâmica. No tecido ósseo,
aumenta a densidade prevenindo a osteoporose, principalmente do sexo
feminino, melhora os níveis de tolerância à glicose, reduzindo a necessidade
de hipoglicemiantes, entre outros inúmeros benefícios.
A atividade física é capaz de beneficiar pessoas de todos os grupos
etários, mas ela é especificamente importante para saúde do idoso.
Quando há prática de exercícios fiscos, o corpo humano normatiza a
relação entre tensão e comprimento dos músculos, há aumento de suprimento
sanguíneo, melhora do metabolismo muscular, aumento na deposição de sais
de cálcio ao longo das linhas de tração e compressão dos ossos envolvidos
com a atividade física e aumento na capacidade de os ligamentos e tendões se
submeterem à força de tensão. Essas modificações corporais melhoram a
qualidade da contração muscular, a resistência óssea e a organização do
equilíbrio, postura e marcha (CORAMANO ET AL, 2007).
Numa visão geral, a fisioterapia aplicada à geriatria dentro de um grupos
de idosos, facilita sua manutenção, pelo compromisso com os demais
membros do grupo, apoio social, investimento em novas relações pessoais e
diversão e trabalha realizando as seguintes atividades: orientação da postura
corporal; exercícios de relaxamento, alongamento e auxílio ao retorno venoso;
caminhadas e atividades físicas moderadas; orientação quanto ao
posicionamento adequado do mobiliário do lar, banheiros e dispositivos

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auxiliares; atividades lúdicas para incentivar e socializá-los, dentre outras


(WEINBERG; GOULD, 1996).
O trabalho de equilíbrio corporal é uma atividade bastante complexa que
requer informações de vários sistemas sensoriais, integração desses dados
pelo sistema nervoso, e sistema musculoesquelético adequado para
implementar esses comandos do sistema nervoso central, no qual o controle
postural passa por diversas condições de posturas deslocando o centro de
massa corporal em relação à base de suporte em que o indivíduo necessita de
habilidades para sentir seu limite de estabilidade (KONRAD, 1999).
Freitas (2006) relata que a instabilidade corporal em idosos acontece
porque há uma alteração na harmonia entre as informações sensoriais e a
ação motora representada pela dificuldade que os idosos apresentam em
integrar as informações sensoriais, identificar as mais relevantes, e selecionar
a resposta postural mais adequada para manter o corpo mais equilibrado e na
posição desejada.
A flexibilidade é um componente muito instável da capacidade física,
razão pela qual se recomenda o treinamento frequente. Existem diversos tipos
de alongamentos capazes de melhorar a flexibilidade, mas, no idoso, o
alongamento lento e a manutenção em posição de alongamento durante certo
tempo mostra-se o mais adequado. Tais exercícios melhoram a circulação
muscular, aprimoram a atenção, reduzem a ansiedade, diminuindo a fadiga e o
estresse, proporcionando uma melhor agilidade, melhora da força e potência
muscular, reduzindo os efeitos físicos ocasionados pelo processo de
envelhecimento, melhorando o desempenho físico durante as atividades
funcionais e de vida diária (FERNANDES, et. al., 2010).
É possível também citar os exercícios de resistência, os quais se
revelam promissores como meio para substituir a massa muscular perdida
(sarcopenia) ou para aumentar o teor dos ossos e substâncias minerais. O
idoso pode participar sem nenhum perigo do treinamento da resistência e obter
um aumento significativo de sua força muscular, da tonicidade muscular e da
hipertrofia muscular.
Partindo para as doenças isoladamente e visto anteriormente que os
idosos, em sua maioria, apresentam pluripatologias, os processos

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degenerativos são os mais incidentes, possuindo várias denominações como:


artrite degenerativa, osteartrose, artrite deformante.
Segundo Deliberato (2002), a definição desse processo independe de
sua sinonímia, concluindo que: É um distúrbio de caráter degenerativo e
crônico, que atinge a cartilagem articular com eventual crescimento ósseo ao
redor e seus sinais e sintomas incluem rigidez articular, principalmente matinal
e após curtos períodos de repouso, podendo ser aliviada pelo movimento
suave da articulação; crepitações, inclusive com presença de bloqueios
articulares e dor extremamente variável, diminuindo com o repouso (p.50).
Os procedimentos adotados pela fisioterapia incluem a interrupção do
ciclo de degeneração e imobilismo, prevenção de deformidades que
representem a causa principal da incapacidade funcional, com trabalho de
atividade física de pouco impacto, cinesioterapia com movimentos ativo livre,
exercícios de fortalecimento da musculatura corporal, entre outras opções.
A dor crônica, segundo o autor supracitado, é definida como uma
sensação desagradável associada a uma resposta emocional que surge em
decorrência de uma lesão tecidual real ou potencial. Esse evento não pode ser
medido como resultante de uma extensão ou gravidade de uma lesão, mas
está relacionado com a interpretação pessoal de cada indivíduo de acordo com
as influências psicológicas associadas (como depressão, ansiedade, medo,
etc.).
De acordo Nanda (2002), a American Nursing Diagnosis Association
define a dor crônica como: Experiência sensorial e emocional desagradável
que surge de lesão tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão
com início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, constante ou
recorrente, sem um termino antecipado ou previsível e com duração de maios
de seis meses (p.100).
Aos procedimentos fisioterapêuticos sugeridos que atuam em nível
secundário ou terciário de prevenção, denotam-se exercícios de amplitude de
movimento ativo ou ativo assistido, visando a prevenção de complicações
musculoesqueléticas associadas, alongamentos com objetivos de manter e/ou
aumentar a amplitude de movimento (ADM), exercícios resistidos, manuais
e/ou mecânicos que trabalhem a força muscular, trabalho de relaxamento e

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exercícios respiratórios para diminuir a tensão muscular e a ansiedade, entre


outras técnicas fisioterapêuticas (DELIBERATO, 2002).
A prática frequente e sistemática do trabalho fisioterapêutico é
grandiosamente conhecida como sendo um fator benéfico no processo de
envelhecimento, amenizando a progressão das doenças crônico degenerativas,
melhorando e/ou mantendo a capacidade funcional, melhorando a força
muscular, a resistência aeróbia, equilíbrio e flexibilidade corporal, contribuindo
para melhor satisfação pessoal e qualidade de vida do idoso.
Observe que, mesmo que a maior parte dos idosos (55%) seja composta
do sexo feminino, as mulheres brasileiras vivem, em média, oito anos a mais
que os homens. Por isto, muitas idosas responsáveis pelos domicílios (93%)
vivem sem o cônjuge, mesmo que ainda morem com filhos ou outros parentes.

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