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HAMEL, Gary; PRAHALAD, C. K. Competindo pelo Futuro: Estratégias inovadoras para obter o controle
do seu setor e criar os mercados de amanhã - Estratégia como Alavancagem. Tradução: Outras
Palavras. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1995. p. 180-203.
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Visão da Empresa Baseada em Recursos
defensiva.
(3) A terceira premissa é que existem grandes diferenças entre as empresas no mercado e o
impacto competitivo que elas são capazes de gerar com uma determinada quantidade de
recursos. A Honda estabeleceu-se como líder na área de motores e transmissão, as áreas
de competências essenciais, a despeito de ter um orçamento para P&D muito mais
reduzido do que o da General Motors. A NEC conseguiu ganhar participação no mercado
em relação à Siemens (equipamentos de telecomunicações), à Texas Instruments
(semicondutores) e à IBM (computadores) a despeito de um orçamento para P&D
substancialmente inferior ao de suas rivais durante a maior parte de sua história. A Chrysler
desenvolveu seu carro pequeno, o Neon, por uma fração dos recursos normalmente
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lucros líquidos), e não da redução do denominador (investimento e número de
funcionários). Com o objetivo de reduzir o volume de capital para um determinado
empreendimento ao invés de aumentar o escopo do empreendimento para um determinado
volume de capital, os programas de reestruturação de empresas voltados para o deno-
minador lidam mais com a redução de recursos do que com a alavancagem de recursos.
Uma firma ineficiente que parte para o downsizing sem melhorar sua capacidade de
alavancagem de recursos descobrirá que a produtividade aumenta - mas só durante um
tempo. A liderança tecnológica, a fidelidade à marca, o alcance da distribuição e o serviço
ao cliente não se deterioram imediatamente, mas a não ser que encontre novas
abordagens para a alavancagem de recursos (por exemplo, formas de preservar sua
liderança tecnológica com um orçamento para P&D mais apertado, o desenvolvimento de
fidelidade à marca com menores investimentos em propaganda, o aprofundamento do
alcance da distribuição mais eficaz em relação aos custos e o aperfeiçoamento do serviço
ao cliente mais rápido do que a taxa de comprometimento de um volume maior de recursos
a essa tarefa), a empresa descobrirá, em alguns meses ou em alguns anos, que o
numerador encolheu e que será necessário recorrer a outra rodada de cirurgias não
eletivas. Nesses casos, a empresa continuará a apertar sua base de recursos até que os
investidores encontrem um novo proprietário com uma capacidade comprovada de
alavancagem de recursos.
(5) O que isso também sugere é que embora o corte de recursos não seja uma atividade
essencialmente criativa, a alavancagem de recursos é. Trata-se da busca contínua de
novas formas, que façam uso menos intensivo de recursos, de se alcançar os objetivos
estratégicos. Reduzir a força de trabalho e cortar os investimentos demandam menos
intelectualmente da alta gerência do que descobrir formas de aumentar a produção com
uma base de recursos estática ou de crescimento lento. Reduzir os gastos é mais fácil do
que aumentar o escopo do empreendimento; portanto, as organizações preferem o primeiro
ao segundo. Os gerentes e os consultores da área de melhoria operacional precisam se
questionar exatamente quanto do problema da eficiência estão tentando resolver. Se sua
visão de "eficiência" englobar apenas o denominador, se eles não tiverem uma visão de
alavancagem de recursos que aborde o numerador, terão muito pouca chance de alcançar
e sustentar uma eficiência classe mundial.
(6) Nossa quinta premissa é que a tarefa de alocação de recursos da alta gerência recebeu
atenção excessiva quando comparada à tarefa da alavancagem de recursos. Enquanto
inúmeros livros, cursos e consultores buscaram aumentar a eficiência alocativa
(sustentanto as oportunidades mais promissoras com os recursos certos através de
técnicas de planejamento de portfólio e definição de orçamento de capital), houve
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relativamente pouca ênfase no papel desempenhado pela alta gerência no acúmulo e
orquestração dos recursos da empresa, principalmente quando o foco se afasta dos
recursos financeiros. Se a alta gerência dedicar mais esforço à avaliação da viabilidade
estratégica dos projetos em seu papel alocativo do que com a tarefa de multiplicar a
eficácia dos recursos, seu valor agregado realmente será modesto.
(7) Quaisquer que sejam as vantagens iniciais em termos de recursos dos líderes do setor,
mais cedo ou mais tarde, em todos os setores, a batalha evolui em torno da capacidade de
alavancar recursos, e não da capacidade de gastar mais do que os rivais. Uma medida
aproximada da capacidade de uma empresa de alavancar recursos é a proporção de
ganhos (ou perdas) relativos(as) de participação no mercado em relação a sua fatia relativa
de investimento ou faturamento; o crescimento do faturamento em relação aos recursos
seria outra medida. Portanto, embora a IBM e a General Motors sejam altamente bem
classificadas em termos de sua habilidade, e até disponibilidade, em fazer investimentos
estratégicos (onde a capacidade estratégica do investimento é medida pelo número de
zeros que se seguem a um número inteiro), sua classificação não passa de “ruim" em
termos de alavancagem de recursos. Historicamente, a Philips fez tantos investimentos
“estratégicos" e sua capacidade de alavancagem de recursos era tão ruim que, a despeito
da abundância de seus recursos, chegou à beira da catástrofe financeira.
(8) Isso aponta para uma sexta e última premissa: a capacidade de alavancagem de recursos
é o mecanismo de seleção definitivo, separando vencedores de perdedores nas
prolongadas batalhas pela liderança no setor. Não basta chegar ao futuro primeiro,
precisamos também chegar lá por menos.
(9) A alavancagem de recursos pode ser obtida de cinco formas fundamentais: através da
concentração mais eficaz dos recursos nos principais objetivos estratégicos, através do
acúmulo mais eficaz de recursos, através da complementação de um tipo de recurso com
outro a fim de criar uma ordem de maior valor, através da conservação de recursos, quando
possível, e através da recuperação de recursos, minimizando-se o tempo entre o
investimento e as recompensas. Vamos considerar alguns dos componentes específicos da
alavancagem de recursos dentro de cada uma dessas amplas categorias.
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Concentração de Recursos
inteira convergirão para o mesmo objetivo. Em muitas empresas que conhecemos, não
existe essa convergência de objetivos a longo prazo. Solicitamos freqüentemente aos
gerentes que analisem os seis ou sete últimos planos estratégicos e testem sua
consistência na orientação a longo prazo. O que esses gerentes normalmente descobrem é
que as trajetórias de desenvolvimento, as definições dos mercados servidos, os programas
de investimento e até a definição das competências e negócios específicos da organização
são alterados com maior freqüência do que as mudanças nas circunstâncias competitivas
poderiam justificar. O objetivo da intenção estratégica é garantir que haja alguma
comulatividade nas decisões mês a mês e ano a ano.
(11) Quase tão ruim quanto não ter um objetivo aspiracional nítido é ter vários objetivos
competindo entre si. Nas empresas onde não há prioridades compartilhadas para
crescimento e desenvolvimento de novos negócios, o provável resultado será a
fragmentação e subotimização de recursos. Não queremos dizer com isso que toda
empresa composta de várias divisões possa, ou deva, ter uma aspiração que englobe a
organização como um todo. No entanto, nas empresas com diversas divisões que
competem com uma faixa setorial única e ampla, freqüentemente concluímos que os
gerentes das unidades de negócios têm crenças radicalmente diferentes e às vezes
mutuamente excludentes sobre a estrutura do setor no futuro e a intenção estratégica
adequada da empresa. Muito freqüentemente, os gerentes de divisão parecem mais inte-
ressados em "lutar por seus objetivos” do que em compartilhar de uma visão geral. Os
gerentes tornam-se defensores de qualquer ponto de vista sobre o futuro que ameace
menos a sustentação de seus negócios individuais. Em um ambiente como esse, não é
surpresa alguma que os esforços dos gerentes de nível médio e baixo sejam
descoordenados e muitas vezes tenham propósitos divergentes.
(13) Este fato sugere também que pode haver um custo oculto quando os gerentes
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seniores pulam de cargo em cargo a cada dois ou três anos. O que geralmente estimula
uma mudança na estratégia em uma grande empresa não é o surgimento de um novo
concorrente, uma nova tecnologia ou uma mudança na regulamentação. É muito fácil uma
sucessão de executivos com mandatos curtos lançar o leme da corporação para um lado e
depois para o outro, confundindo os funcionários quanto ao rumo da empresa e retardando
o progresso. Não conhecemos nenhuma empresa que tenha conquistado uma intenção
estratégica de dez ou quinze anos com uma sucessão de executivos no comando a cada
dois anos. Quando se trata de alavancagem de recursos, a consistência conta. Uma porta
giratória no escritório dos executivos frustra o acúmulo constante de insights sobre onde
está o futuro. Obviamente, não há grande mérito na continuidade gerencial se os gerentes
que comandarem a empresa pegarem no sono ao volante, mas presumindo-se que uma
empresa tenha investido no desenvolvimento da previsão do futuro e almeje chegar ao
futuro primeiro, ela precisa dar duro para garantir que os principais executivos fiquem no
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(16) Consideremos mais uma vez a busca da qualidade empreendida pela Komatsu.
Muitas empresas estão lutando com a questão da qualidade há uma década ou mais e
ainda não podem pretender ter chegado aos padrões da qualidade classe mundial; a
Komatsu saiu do nada e conquistou o prêmio Deming em trás anos. Onde está a diferença?
Quando a Komatsu iniciou seu programa de TQC, todos os gerentes receberam instruções
explícitas: Quando se tratar de uma opção entre custo e qualidade, opte pela qualidade.
Embora a qualidade possa acabar vindo de graça, os gerentes da Komatsu perceberam
que a busca da qualidade certamente não é de graça no curto prazo. Envolve tempo de
paralisação de máquinas, investimentos em melhor equipamento de produção, despesas
com treinamento e assim por diante. Por isso, a Komatsu concentrou-se quase que
exclusivamente na qualidade durante um período; depois de alcançar os níveis mundiais,
continuou a manter-se atenta à qualidade e, ao mesmo tempo, concentrou-se
sucessivamente na engenharia do valor, racionalização da produção, velocidade de
desenvolvimento do produto e obtenção de variedade a baixo custo. Cada novo nível de
vantagem era o alicerce para o próximo.
(17) O foco não é desculpa para ignorar todos os outros aspectos - isso seria ingênuo e
perigoso. Ao contrário, ao fornecer o foco operacional, a alta gerência simplesmente
predetermina as negociações que espera dos funcionários operacionais quando, inevi-
tavelmente, tiverem que alocar tempo e recursos escassos. O foco proporcionou à Motorola
um sucesso tão impressionante quanto o da Komatsu. Em 1987, a Motorola estabeleceu a
qualidade sigma seis (3,4 defeitos de produção por milhão) como meta corporativa suprema
- tudo mais vinha em segundo lugar. De lá para cá, o número de defeitos caiu de 6.000 por
milhão para 40 por milhão e a empresa espera alcançar o sigma seis nos próximos anos.
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reação quando a alta gerência tenta forçar cinco ou seis metas fundamentais de melhoria
com prioridade indiferenciada. Agora, imagine alguém jogando uma única bola de golfe em
sua direção, esperando alguns segundos até você pegá-la e então jogando mais uma, outra
e outra. Em cerca de meio minuto, você pegará todas as bolas.
(20) Os gerentes de nível médio são constantemente apontados como culpados por não
conseguirem traduzir diligentemente as iniciativas da alta gerência em ação. Por outro lado,
a gerência de nível médio freqüentemente se surpreende tentando compensar a falha da
alta gerência de classificar as melhorias operacionais em termos de prioridade. Mensagens
confusas e sinais conflitantes impedem um avanço no desenvolvimento das tarefas de me-
lhoria. Evidentemente, quando a maioria dos parâmetros operacionais de uma empresa
estão próximos do padrão mundial e a empresa compreende bem a interação de custos,
qualidade, variedade, tempo do ciclo e assim por diante, ela pode avançar em todas as
frentes. Contudo, um desafio em uma área fundamentalmente nova exige um foco claro,
negociações predeterminadas e uma massa crítica de esforços. Em termos simples, quanto
maior a tarefa de melhoria e menor a base de recursos, mais crítico é o foco operacional.
(23) Direcionamento A meta não é apenas concentrar-se em algumas coisas de cada vez,
mas concentrar-se nas corsas certas; concentrar-se nas atividades que causarão o maior
impacto em termos do valor percebido pelo cliente. O truque aqui é identificar as áreas
onde a razão entre o valor percebido pelo cliente e o custo de criação deste valor é a mais
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alta possível. A Microsoft direcionou seus recursos para as atividades que causam o maior
impacto no valor adquirido pelas pessoas através do uso de um computador pessoal (por
exemplo, o sistema operacional, a interface com o usuário e os principais aplicativos). Da
mesma forma, a British Airways trabalhou para proteger suas margens e evitar os grandes
descontos, direcionando-se aos aspectos da experiência de vôo que dão a maior
contribuição ao valor atribuído pelo cliente em vôos internacionais de longa distância. Uma
das inovações da British Airways foi o excelente salão de desembarque em Heath-row,
onde passageiros que desembarcavam de vôos noturnos poderiam tomar banho, passar
suas roupas e tomar um café da manhã rápido antes de sair para reuniões importantes
.Para qualquer pessoa que já tenha cruzado o Atlântico e entrado diretamente em uma
reunião de negócios, com os olhos ainda vermelhos e inchados, a sala de desembarque é
uma dádiva celestial. Em termos simples, os recursos são alavancados quando são direcio-
nados às áreas que fazem a maior diferença para os clientes.
Acúmulo de Recursos
(25) Por exemplo, a Honda lançou uma fração do número de novos modelos de
automóveis lançado pela Ford ou pela GM. Como é possível, então, explicar o fato de que,
a despeito de sua base de experiências relativamente escassa, a Honda sempre pareceu
capaz de desenvolver novos modelos de automóveis em uma fração do tempo e gastando
uma fração dos custos da Ford ou da GM? A Honda zomba da curva de experiência. Não
existe uma relação fechada entre o volume acumulado e a melhoria de produtividade; é a
eficiência relativa com a qual a empresa aprende com cada experiência nova que
determinará a taxa de melhorias. Quanto menor a base relativa de experiências de uma
empresa, mais sistemática ela deve ser na extração de suas experiências para perceber os
indícios de onde e como as melhorias podem ser efetuadas. Há um ditado comum no
Japão: Um problema identificado é uma bênção, pois representa uma oportunidade de me-
lhoria. Essa atitude é diferente da observada em muitas empresas, onde os problemas são
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camuflados ou repassados para outras pessoas. O ponto fundamental é que cada nova
experiência, cada sucesso ou fracasso tem que ser visto como uma oportunidade de
aprendizado.
(26) Aqui estão alguns dados sólidos. O professor Hermann Simon, um professor de
administração alemão, participou de um estudo realizado pelo Instituto de Economia da
Alemanha que comparou operários japoneses e alemães em termos de sua contribuição
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(29) Um gerente sênior de uma empresa japonesa manifestou a lógica simples do
empréstimo. As empresas ocidentais, observou ele, “cortam as árvores e nós construímos
as casas". Em outras palavras, nossos parceiros fazem o trabalho de descoberta científica,
mais difícil e mais exigente em termos de recursos, e nós exploramos essas descobertas
para criar novos mercados. É interessante lembrar que foi a Sony a primeira empresa a
comercializar o transistor e o dispositivo de carga acoplado, ambas tecnologias descobertas
pela Bell Labs. Cada vez mais, a tecnologia está perdendo a nacionalidade: Ela atravessa
rapidamente as fronteiras sob a forma de documentos científicos, patrocínio estrangeiro de
pesquisas universitárias, investimentos de capital em líderes da alta tecnologia,
conferências acadêmicas internacionais etc. A extração da tecnologia do mercado global é
uma fonte potencialmente importante de alavancagem de recursos. Em uma amostra de 74
empresas de alta tecnologia da Califórnia beneficiadas por investimentos estrangeiros, uma
empresa japonesa era responsável por 58% desses investimentos. Colher as sementes da
tecnologia plantadas em um outro país é um método de alavancagem de recursos.
(30) O empréstimo pode ser usado para multiplicar recursos em qualquer estágio da cadeia
de valor. Empresas como a Canon, Matsushita e Sharp, todas fabricantes de equipamentos
originais, vendem componentes e produtos acabados para a Hewlett-Packard, Eastman
Kodak, Thomson, Philips e outras como uma forma de financiar sua pesquisa avançada nas
áreas de imagens, tecnologia de vídeo e telas planas. A participação de quase todas as
empresas japonesas que conhecemos nos gastos mundiais com desenvolvimento nas
principais áreas de competência e com a produção dos principais componentes em nível
mundial é maior do que a participação de suas marcas nos mercados finais. Mesmo
atualmente, a empresa coreana de eletrônica Samsung vende cerca de metade de sua
produção para parceiros de estágios posteriores da cadeia de produção. Isso pode ser
considerado como um empréstimo da fatia de mercado de parceiros de estágios posteriores
da cadeia de produção para alavancar os esforços internos de desenvolvimento da
Samsung. A meta é captar a iniciativa de investimento de empresas que não estão
dispostas ou não são capazes de investir na liderança das principais competências, a fim
de conquistar o controle da próxima geração de competências.
(31) Nesses casos, pode-se esperar que os parceiros de estágios anteriores da cadeia de
produção trabalhem arduamente para internalizar a compreensão das necessidades do
cliente, padrões de compra e canais de distribuição de parceiros dos estágios posteriores
da cadeia. Nesse sentido, as alianças freqüentemente representam uma corrida para o
aprendizado. Se um parceiro de um estágio anterior da cadeia de produção internaliza
habilidades únicas do parceiro de um estágio posterior mais rapidamente do que o inverso,
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o poder de barganha inevitavelmente passa para o parceiro do estágio anterior da cadeia
de produção. De modo mais geral, sempre que existe uma assimetria entre os parceiros no
que se refere à sua capacidade de aprender com o outro, o poder de barganha cabe ao
parceiro que está digerindo mais rapidamente as habilidades do outro. Eventualmente, este
parceiro pode ser capaz de sair do relacionamento e readquirir sua liberdade ou pode
preferir explorar seu controle cada vez maior sobre o parceiro.
(33) O empréstimo pode assumir uma miríade de outras formas: consolidação de elos
fortes com os fornecedores para explorar melhor sua inovação, compartilhamento dos
riscos de desenvolvimento com clientes críticos, empréstimo de recursos de mercados mais
atraentes (por exemplo, quando a Texas Instruments emprega programadores a custo
relativamente baixo na Índia ligados com os Estados Unidos via satélite) ou participação em
consórcios internacionais de pesquisa (por exemplo, tomar emprestado o dinheiro de
contribuintes estrangeiros). Independente da forma, o motivo é o mesmo - suplementar os
recursos internos com recursos que estão fora das fronteiras formais da empresa.
Complementação de Recursos
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válvula variável, materiais avançados, injeção de combustível e talvez até alcançassem a
liderança científica nessas áreas mas, ainda assim, continuariam atrás da Honda em
termos de desempenho geral do motor.
(35) O essencial não é apenas possuir as habilidades distintas, mas ter a capacidade de
misturar essas tecnologias para criar um motor classe mundial. Isso exige conhecimentos
genéricos de tecnologia, reflexão sobre os sistemas e otimização de negociações
(36) Uma segunda forma de mistura é a capacidade de integrar com sucesso diversas
habilidades funcionais - P&D, produção, marketing e vendas - para fabricar um produto
bem-sucedido. Em empresas onde a especialização funcional limitada e as chaminés
organizacionais impedem essa integração, a excelência funcional raramente consegue ser
totalmente traduzida em excelência do produto. Nesses casos, a empresa pode investir
muito mais do que seus concorrentes em todas as áreas funcionais, mas obter
recompensas menores no mercado.
(38) Equilíbrio A mistura e o equilíbrio são diferentes - uma envolve a combinação criativa
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(39) Vamos começar com um exemplo. No início da década de 70, a empresa britânica EMI
inventou a tomografia axial computadorizada. Independente de possuir um produto
inovador, a EMI carecia de uma rede internacional forte de vendas e serviços e de
habilidades de produção adequadas. Com um perfil de recursos tão desequilibrado, a EMI
era como um banco de uma perna só — rica em tecnologia mas pobre em distribuição e
produção. Por isso, a EMI não era capaz de captar e manter o que, segundo ela, era sua
fatia justa do mercado de exames auxiliados por computador. Grande parte da riqueza
financeira criada pela inovação da EMI terminou nos bolsos da General Electric e de outros
concorrentes que, depois de encontrarem uma saída para contornar ou adquirir as patentes
da EMI, usaram seu poder de distribuição e excelência de produção para expulsar a EMI do
mercado.
(40) Para ser equilibrada, uma empresa, como um banco, precisa ter no mínimo três
pernas: uma forte capacidade de desenvolvimento de produtos, uma capacidade de fabricar
seus produtos ou fornecer seus serviços em níveis de custo e qualidade classe mundial e
uma infra-estrutura suficientemente ampla de distribuição, marketing e serviços; em suma,
a capacidade de inventar, fabricar e entregar. Se uma das pernas for mais curta do que a
outra, a empresa não será capaz de explorar totalmente o investimento feito em suas áreas
fortes. O impacto na alavancagem surge quando, ao adquirir controle sobre os recursos
complementares, a empresa torna-se capaz de multiplicar os lucros extraídos de seus
próprios recursos únicos.
(41) Muitas pequenas empresas de alta tecnologia estão tão desequilibradas quanto a EMI.
Uma empresa que possui uma forte capacidade de desenvolvimento de produtos, mas é
relativamente fraca em termos de marca ou distribuição ou carece das disciplinas de custo
e qualidade, provavelmente não captará uma grande parte do fluxo de lucratividade
resultante de sua inovação. Embora possa fazer parcerias com empresas que possuem os
recursos complementares críticos, a empresa inovadora provavelmente se encontrará em
uma má posição de barganha com essas empresas quando chegar a hora de dividir os
lucros. Isso explica porque todas as empresas japonesas que conhecemos, embora
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(42) Na indústria internacional de bebidas, a IDV, a Seagrams e a Guiness se
consideravam as principais criadoras e gerentes de marcas. Contudo, hoje, elas percebem
que para alavancar totalmente o patrimônio de marcas como a Smirnoff, a Johnny Walker e
a Chivas Reagal, precisam controlar os distribuidores no mundo inteiro. Essa percepção
iniciou uma competição frenética pela compra e consolidação de distribuidores no mundo
todo.
em cartuchos da Canon, que surgiu pela primeira vez nas copiadoras pessoais, migrou
para as impressoras a laser e fax. A Sharp explora sua competência em monitores de cristal
líquido (LCD) em calculadoras, agendas de bolso eletrônicas, mini TVs, TVs de projeção
em telões e laptops. A Honda reciclou inovações relacionadas a motores em motocicletas,
automóveis, motores de popa, geradores e tratores de jardinagem. Não é surpreendente
que essas empresas tenham uma eficiência inigualável em P&D. Disse que no Japão uma
tecnologia nunca é abandonada, é guardada para uso futuro. Essas empresas são a prova
dessa máxima.
(45) A não ser que os gerentes seniores de toda empresa cheguem a um acordo sobre as
principais prioridades de desenvolvimento, o potencial de reciclagem será gravemente
limitado. Os gerentes de divisão estarão mais propensos a ocultar os recursos escassos do
que a emprestá-los a empresas irmãs. Às vezes pedimos aos vice-presidentes de divisão
que classifiquem o que acreditam ser as dez principais oportunidades da empresa. Quando
essas classificações diferem substancialmente de uma divisão para outra, não existe uma
base consensual para reciclagem de recursos escassos além das fronteiras das unidades.
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Uma marca também pode ser reciclada. Mais uma vez, não é surpreendente que as
empresas japonesas, limitadas em termos de recursos, tenham eleito quase universalmente
o uso de banner brands,*1 em vez de marcas isoladas de produtos isolados, para captar as
economias do escopo das banner brands. A familiaridade com uma banner brand de alta
qualidade cria uma forte predisposição por parte do cliente de pelo menos considerar a
compra de novos produtos que levam a "marca do fabricante”. Pense na alavancagem
obtida pela Sony quando ela lança um novo produto; considere o custo relativamente baixo
da Sony em dar credibilidade a um novo produto junto a varejistas e consumidores;
considere a quantidade de boa vontade de que um produto é imbuído simplesmente porque
carrega a marca da Sony.
1
* Marca genérica (por exemplo, Sony, GM) que abriga uma série de marcas específicas, por exemplo,
Walkman, Handycam, Saturn e Buick. (N.E.)
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empresas na busca de um objetivo comum.
(50) Uma empresa que busca a cooptação de outros participantes do setor precisa primeiro
identificar um objetivo comum - esse é o elemento de sedução. O processo de cooptação
começa com uma pergunta: Como posso convencer outras empresas de que elas têm
interesse no meu sucesso? A cooptação é freqüentemente impulsionada pela lógica de que
o inimigo de meu inimigo é meu amigo. Isso pode sugerir que um pouco de maquiavelismo
não é desvantajoso quando se trata de cooptar recursos. O interesse comum na
reconstrução de um setor de equipamentos de produção de semicondutores baseado nos
Estados Unidos motivou um grupo de empresas norte-americanas de semicondutores a
formar a Sematech com a ajuda do governo.
(51) Às vezes a cooptação exige uma certa firmeza, além da sedução. Normalmente, a
firmeza é o controle sobre alguns recursos críticos com os quais os outros participantes do
setor são forçados a contar. A idéia implícita é: “Ou você joga o jogo do meu jeito ou eu
pego minha bola e levo para casa.” Um bom exemplo de cooptação foi o relacionamento da
Fujitsu com seus parceiros no negócio de computadores: A ICM na Inglaterra, a Siemens na
Alemanha e a Amdahl nos Estados Unidos. Todos os parceiros compartilhavam um objetivo
comum - desafiar o domínio da IBM. Este é o elemento de sedução. A firmeza da Fujitsu é a
dependência substancial e, em alguns casos, quase total de seus parceiros em relação aos
semicondutores, processadores centrais, unidades de disco, impressoras, terminais e
componentes da Fujitsu.
(53) Proteção Um general sábio garante que suas tropas não sejam expostas a riscos
desnecessários: Ninguém ataca uma posição solidamente protegida, mas dissimula suas
verdadeiras intenções, reconhece cuidadosamente o território antes de avançar, estuda
diligentemente os pontos fracos do inimigo, cria um estratagema para afastar as forças
inimigas do ponto de ataque desejado, explora o elemento surpresa e assim por diante.
Quanto maior a vantagem numérica de um inimigo, maior o incentivo para evitar um
confronto direto. A meta é maximizar as perdas impostas ao inimigo e, ao mesmo tempo,
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minimizar os riscos às suas próprias forças. Esta é a noção de “proteção”.
(54) O ataque a um concorrente no seu mercado interno, a tentativa de igualar suas forças
às do concorrente, a aceitação da definição de estrutura de mercado do líder do setor ou a
rendição à posição de prisioneiro da “prática aceita no setor” são atitudes semelhantes à de
John Wayne, que combatia todos os malfeitores sem a ajuda de ninguém. Isso funciona
melhor em Hollywood do que na competição global. O judô talvez seja uma abordagem
melhor para alavancar recursos do que a queda de braço. O primeiro princípio do judô é
usar o peso e a energia do oponente em seu próprio benefício: Desviar ao invés de
absorver a energia do ataque de seu oponente, desequilibrá-lo e então deixar que o
impulso e a gravidade façam o resto.
(55) A Dell Computer, uma das empresas de computação de crescimento mais rápido dos
Estados Unidos, nunca poderia esperar igualar-se à rede de revenda da Compaq ou à força
de vendas direta da IBM. Em vez disso, a Dell preferiu vender seus computadores pelo
correio. Os líderes do setor, com grande interesse nos arranjos de distribuição existentes,
encontraram dificuldade em alcançar rapidamente a Dell - não porque não tivessem os
recursos, mas porque enfrentaram elementos poderosos (por exemplo, os revendedores)
que tinham um grande interesse na manutenção do status quo. Os fatores críticos ao
sucesso tornam-se ortodoxos quando um concorrente muda com sucesso as regras de
engajamento competitivo. Essa inovação competitiva é uma forma importante de proteger
recursos.
(56) A busca de um território mal defendido ou um “ponto fraco" é uma outra abordagem à
proteção de recursos. O sucesso da Honda com as motocicletas pequenas, as primeiras
incursões da Komatsu na Europa Oridental e a entrada da Canon no segmento de
copiadoras de “conveniência” não chamaram a atenção dos líderes do setor, que estava
voltada para outros problemas. A compreensão da maneira como o concorrente define seu
mercado servido é o primeiro passo na busca de um espaço competitivo mal defendido. A
meta é reunir forças fora do campo de visão dos concorrentes mais fortes.
Recuperação de Recursos
de recursos. Uma empresa capaz de fazer qualquer coisa duas vezes mais rápido do que
seus concorrentes, com o mesmo comprometimento de recursos, desfruta de uma
vantagem de alavancagem duas vezes maior. Essa aritmética rudimentar explica, em parte,
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por que as empresas japonesas buscaram com tanta diligência a aceleração dos tempos de
desenvolvimento de produtos.
(58) No início da década de 90, estimava-se que as Três Grandes de Detroit precisavam de
uma média de oito anos para desenvolver uma linha inteira de um novo modelo; no Japão,
o valor era quatro anos e meio, com alguns modelos específicos desenvolvidos em metade
desse tempo. Isso permitiu às indústrias automobilísticas japonesas recuperar seus
investimentos mais rapidamente, dispor de mais produtos atualizados e proporcionar aos
clientes maiores oportunidades de assumir compromissos de fidelidade. Uma abordagem
disciplinada no que se refere a chegar a um acordo em relação às prioridades de
desenvolvimento de produtos (foco), uma integração funcional sem emendas (mistura) e
uma forte integração com uma rede de fornecedores capazes (empréstimo e cooptação)
também explica por que as indústrias automobilísticas japonesas foram capazes de
desenvolver um novo modelo com 1,7 milhão de homens-hora de esforço, ao invés dos 3
milhões de homens-hora típicos das indústrias norte-americanas. As empresas japonesas
não só recuperam mais rapidamente seu investimento como precisam de um retorno menor
para colocar a contabilidade de um determinado modelo na azul.
(59) Não estamos fazendo nenhuma tentativa de apresentar uma lista exaustiva de
possíveis estratégias para alavancagem de recursos. A meta é simplesmente desafiar os
gerentes a serem mais criativos ao refletir sobre formas de obter o máximo com o mínimo.
A Tabela 7-1 resume os aspectos da alavancagem de recursos que acabamos de discutir. A
capacidade de alavancagem de recursos de uma empresa pode ser calculada, pelo menos
em parte, em termos do seu estoque. Desafiamos nossos leitores a descobrir outras rotas
de alavancagem de recursos. Entretanto, acreditamos que as cinco arenas amplas de
alavancagem de recursos delineadas na Figura 7-6 abrangem a gama de oportunidades
potenciais de alavancagem. Através de concentração suficiente, acúmulo eficaz,
complementação criativa, conservação cuidadosa e recuperação rápida de recursos, as
empresas podem eliminar a defasagem entre onde estão e onde querem estar.
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Reciclagem Reutilização de habilidades e recursos
Cooptação Descoberta de uma causa comum a outras empresas
Proteção Proteção de recursos contra o ataque dos concorrentes
Expedição Minimização do tempo de retorno
Concentração
Recuperação
(61) “Se nós tivéssemos mais recursos, poderíamos ser mais estratégicos” é uma opinião
expressa com freqüência pelos gerentes. Contudo, com uma visão de estratégia como
expansão e alavancagem, é evidente que a verdadeira questão para a maioria desses
gerentes não é a falta de recursos, mas o excesso de prioridades e a escassez capacidade
de expansão e de pensamento criativo sobre como alavancar recursos. Não é
surpreendente que muitos desses gerentes sintam-se limitados em termos de recursos: Em
certo sentido, eles realmente estão limitados. Mas cobri-los de novos recursos, na falta de
uma melhoria fundamental em sua capacidade de alavancar recursos, não proporcionaria
mais do que um alívio temporário às suas frustrações.
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a gerência sênior precisa fazer para navegar entre os mercados de hoje e os mercados de
amanhã.
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