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Acadêmico do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa
Catarina – Campus Pedra Branca, Palhoça, Santa Catarina, Brasil.
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Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa
Catarina – Campus Pedra Branca, Palhoça, Santa Catarina, Brasil.
Autor correspondente
Prof. Dra. Karoliny dos Santos
Avenida Pedra Branca, n. 25, Bairro Cidade Universitária Pedra Branca
88137-270, Palhoça – Santa Catarina, Brasil
e-mail: fisio.karoliny@gmail.com
Telefone: +55 48 32791047
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RESUMO
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ABSTRACT
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INTRODUÇÃO
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muitos fisioterapeutas desconheçam a Auriculoterapia ou, mesmo conhecendo-a, não a
utilize na prática clínica.
Tendo em vista os efeitos clínicos e científicos evidenciados na aplicação da
Auriculoterapia, e sendo o fisioterapeuta um profissional habilitado a realizar este
método de intervenção, tornou-se relevante identificar como os profissionais dessa área
fazem uso da Auriculoterapia no tratamento de pacientes com diversas disfunções.
Deste modo, este estudo buscou fazer um levantamento de informações sobre
fisioterapeutas que utilizam a Auriculoterapia em Santa Catarina, reunindo dados sobre
a utilização e conhecimento do método, explicitando a realidade local.
METODOLOGIA
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tipos de disfunção são tratáveis, profissionais que podem aplicar, e caso não utilize, se
pondera que a modalidade pode tornar mais eficiente sua prática clínica).
Antes de iniciar a coleta de dados foi realizado um estudo piloto para
verificar a adequação e clareza do questionário, sendo realizado com quinze graduandos
de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina do 9° período. Desse modo, a
clareza das questões pôde ser avaliada e alguns ajustes na redação das perguntas bem
como nas opções de respostas foram realizadas.
O estudo foi divulgado em ambientes virtuais (redes sociais e e-mail), com
disponibilização do link de acesso ao questionário. Para participarem da pesquisa, os
indivíduos concordaram com as informações presentes no Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, apresentado na primeira página do questionário virtual. Este estudo
foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de
Santa Catarina, sob o CAAE: 05391119.0.0000.5369.
Os dados foram analisados em planilha do programa Microsoft Excel. Para
análise e interpretação dos dados foi utilizada frequência absoluta e relativa. Os
resultados também foram expressos em medidas de tendência e dispersão.
RESULTADOS
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A maioria dos profissionais (82,8%) relataram perceberem os efeitos da
Auriculoterapia, e apenas uma pequena parcela não soube opinar ou não perceberam os
efeitos deste método (17,2%). De modo similar, quando questionados sobre o potencial
de uso da Auriculoterapia, 78,8% referiram que este método pode ser utilizado como
agente potencializador do tratamento fisioterapêutico; os outros 18,2% não souberam
opinar ou não vislumbram a Auriculoterapia como potencializador do tratamento
fisioterapêutico (3,3%).
Quando questionados sobre o meio de acesso aos conhecimentos sobre a
Auriculoterapia, a maioria dos fisioterapeutas respondeu ter sido por colegas (40,4%),
seguido por cursos de extensão (28,3%). No que tange ao conhecimento sobre os
materiais utilizados na aplicação do método, os itens mais reconhecidos como
alternativas foram sementes de mostarda (96,0%), esferas de metal (47,5%) e agulhas
filiformes (46,5%) (Tabela 2).
No que tange aos tipos de disfunções tratáveis por meio da Auriculoterapia, 98%
dos participantes responderam que este método pode tratar disfunções psicossomáticas,
e 79,8% responderam disfunções de natureza muscular. Quando interrogados a respeito
dos profissionais que são legalmente permitidos a aplicar a Auriculoterapia, 100% da
amostra reconheceu que o método pode ser aplicado por fisioterapeutas.
DISCUSSÃO
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uma disciplina referente aos conhecimentos desta natureza na formação acadêmica de
Fisioterapia.
Ao analisar a situação do ensino superior em relação aos métodos integrativos e
sua presença na formação de profissionais da área da saúde, percebe-se ainda
dificuldade na implementação de métodos que não sigam a metodologia ocidental de
diagnóstico e tratamento. Desse modo, verifica-se que a conduta de avaliação e
intervenção ainda é realizada de acordo com o método hospitalocêntrico, e desconsidera
ou ignora o tratamento integrativo e complementar14.
Um estudo realizado por Nascimento e colaboradores (2018) analisou
informações a respeito da presença das PICs nos currículos de formação de profissões
da área da saúde em instituições de ensino superior. Dentre as instituições de ensino
superior que ofertavam as PICs, aproximadamente 67% apenas apresentavam aos
alunos algumas características teóricas superficiais dos métodos. Desse modo, as PICs
eram abordadas em profundidade insuficiente para a posterior aplicação das mesmas nas
rotinas clínicas. Quanto às instituições que ofertavam alguma disciplina referente às
PICs na modalidade formativa (33%), não havia menção destas voltadas ao curso de
Fisioterapia, sendo citados os cursos de Enfermagem, Medicina, Terapia Ocupacional,
Farmácia e Medicina Veterinária15.
Thiago e Tesser (2011) realizaram uma pesquisa sobre a percepção de
profissionais da Estratégia de Saúde da Família sobre as PICs, avaliando suas
perspectivas sobre o assunto, como implementação na atenção básica e na graduação, e
interesse em realizar formação em algum dos métodos. Neste estudo conduzido na
cidade de Florianópolis e que incluiu 177 profissionais da Medicina e Enfermagem,
87% dos participantes alegaram desconhecimento sobre a PNPIC. Apesar disso, 6,8%
afirmaram possuir pouco ou nenhum interesse em realizar formação em uma das PICs, e
quando questionados sobre a implementação das mesmas na formação acadêmica,
100% dos participantes concordaram com a inclusão da temática nos currículos de
graduação16.
Outra pesquisa conduzida mais recentemente investigou o grau de
implementação das PICs em aproximadamente 1470 equipes da atenção básica à saúde
no estado de Santa Catarina17. Do total de equipes analisadas, 428 (29,1%) aplicavam
alguma modalidade de PIC na rotina clínica. Considerando os dados presentes no
mesmo estudo, verificou-se que 96 equipes (12,4%) do estado de Santa Catarina
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aplicavam a Auriculoterapia, número inferior à prática de Fitoterapia por exemplo, que
estava presente em 42,1% do total de equipes que aplicavam alguma PIC17.
Algumas hipóteses podem justificar o baixo nível de conhecimento e utilização
da Auriculoterapia pelos fisioterapeutas. A PNPIC foi promulgada no dia 03 de maio de
2006, incluindo um conjunto de diferentes intervenções e métodos que abordam a
existência e a relação entre o ser humano e a natureza de uma forma ampla13. Desde que
as PICs foram incorporadas em um programa de saúde federal, as modalidades
terapêuticas nela incluídas vem sendo difundidas, como acontece com a
Auriculoterapia. Este método especificamente tornou-se uma prática chancelada aos
profissionais da Fisioterapia no ano de 2010 através da resolução COFFITO N° 380, e
transformou-se em uma especialidade fisioterapêutica no ano de 2015, pela resolução
N°462, trazendo consigo métodos como a Reflexologia e a Terapia Reflexa
Auricular11,18. Considerando que as resoluções sobre a utilização da Auriculoterapia são
relativamente recentes, é de certo modo compreensível o reduzido número de
fisioterapeutas que a aplicam.
O presente estudo apresentou algumas limitações. O método de divulgação e
aplicação do questionário (on-line) inicialmente demonstrou grande potencial de
utilização, tendo em vista a participação de profissionais de diversas cidades de Santa
Catarina. Em contrapartida, a taxa de resposta esteve aquém do desejado. Desse modo,
acredita-se que a utilização excessiva da internet fez com que muitas mensagens de e-
mail e aplicativos fossem facilmente ignoradas. Além disso, muitos fisioterapeutas
podem ter se sentido inibidos por conhecerem pouco a técnica, e acreditarem que a
pesquisa estava direcionada apenas para profissionais que aplicavam a Auriculoterapia.
Em contrapartida, este estudo foi relevante ao demonstrar a a possibilidade de inserção
de uma visão integrativa nos currículos de formação em Fisioterapia quanto às Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde. Os resultados demonstraram que essas
práticas ainda não foram adequadamente introduzidas nos currículos de formação dos
cursos de Fisioterapia, sendo, portanto pouco presentes na formação acadêmica da
maioria dos cursos do estado de Santa Catarina. A partir desses achados e considerando
o potencial benéfico da utilização da Auriculoterapia, sugere-se a adequação dos
currículos dos cursos de Fisioterapia.
Na atual conjuntura política, conclui-se que a reavaliação dos projetos
pedagógicos dos cursos de Fisioterapia pode contribuir com a formação mais atualizada
às demandas e necessidades da PNPIC.
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CONCLUSÃO
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Tabela 1 - Caracterização da amostra
N %
Idade (anos)* 35,59 ± 7,92
Gênero
Feminino 77 77,7
Masculino 22 22,3
Instituição (graduação)
Comunitária/privada 71 71,7
Estadual 12 12,1
Municipal 12 12,1
Federal 4 4,1
Titulação
Especialização 44 44,4
Bacharelado 32 32,3
Mestrado 16 16,2
Doutorado 5 5,1
Pós Doutorado 2 2,0
Tempo de atuação
Mais de 10 anos 52 52,5
0 a 3 anos 20 20,2
3 a 7 anos 14 14,1
7 a 10 anos 13 13,1
Local de atuação
Clínica 58 58,6
Domicílio 39 39,4
Outro 29 29,3
Consultório 23 23,2
Hospital 14 14,1
* Dados expressos em média ± desvio padrão
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Tabela 2 – Conhecimentos acerca da Auriculoterapia
N %
Via de acesso às informações sobre Auriculoterapia
Colegas 40 40,4
Curso de extensão 28 28,3
Graduação 27 27,3
Internet 24 24,2
Curso de especialização 22 22,2
Livros 14 14,1
Outros 10 10,1
Redes sociais 7 7,1
Televisão 2 2,0
Familiares 1 1,0
Materiais utilizados na Auriculoterapia
Semente de mostarda 95 96,0
Esferas de metal 47 47,5
Agulhas filiformes 46 46,5
Digito-pressão 44 44,4
Cristais 42 42,4
Agulhas semipermanentes 35 35,4
Laser de baixa potência 26 26,3
Semente de Vacaria 19 19,2
Moxabustão 17 17,2
Manobras de terapia 8 8,1
manual
Disfunções tratáveis com Auriculoterapia
Emocional 97 98,0
(Psicossomática)
Muscular 79 79,8
Digestiva 74 74,7
Metabólica 67 67,7
Endócrina 64 64,6
Articular 62 62,6
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Visceral 62 62,6
Respiratória 58 58,6
Cardiológica 51 51,5
Neurológica 49 49,5
Óssea 46 46,5
Profissionais que podem utilizar Auriculoterapia
Fisioterapeutas 99 100
Médicos 76 76,8
Naturólogos 64 64,6
Enfermeiros 56 56,6
Farmacêuticos 43 43,4
Dentistas 35 35,4
Educadores físicos 23 23,2
Outros 16 16,2
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Figura 1 – Distribuição dos participantes da pesquisa de acordo com as mesorregiões de
Santa Catarina
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REFERÊNCIAS
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10. Picanco VV, Comparin KA, Hsieh FH, Schneider DSLG, Peres CPA, Silva JR da.
Qualidade de vida de pacientes com migrânea relacionada ao período menstrual
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14. Carvalho DK. A política nacional de práticas integrativas e complementares em
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https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/558/107821_Daniella.pdf?seque
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integrativas e complementares na Atenção Básica em Santa Catarina, Brasil. Saúde
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