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SUMÁRIO
GUIA PRÁTICO DE AVALIAÇÃO PARA AURICULOTERAPEUTA - por Carla Mendes e Felipe Gomes 2
SOBRE OS AUTORES
GUIA PRÁTICO DE AVALIAÇÃO PARA AURICULOTERAPEUTA - por Carla Mendes e Felipe Gomes 3
INTRODUÇÃO
Atenciosamente,
Carla Mendes e Felipe Gomes
UP CURSOS EM SAÚDE.
Conforme a lei 9.610/98 é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial sem autorização
prévia e expressa do autor (artigo 29).
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A importância de registrar os dados da avaliação de maneira
clara e objetiva
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ANAMNESE: conhecendo a história do seu paciente
SUGESTÕES DE PERGUNTAS:
– O que o(a) senhor(a) está sentindo?
– Qual o motivo da sua consulta?
– O que te trouxe aqui?
– O que mais te incomoda?
– Qual a sua queixa principal?
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No item “História da doença Atual (HDA)”, você deve colher todas as informações
sobre os sinais e sintomas, utilizando uma organização cronológica dos fatos até o
momento atual, além da descrição do comportamento dos sintomas. É importante
levar em consideração: início, duração, intensidade e características dos sintomas,
evolução, fatores de alívio e de agravo, e condições associadas, bem como a
repercussão do sintoma na vida do paciente. Nesse tópico use de preferência termos
técnicos. As perguntas devem ser elaboradas de forma simples e acessíveis ao nível
cultural do paciente.
SUGESTÕES DE PERGUNTAS:
– Quando e como começou seu sintoma?
– O que já foi feito?
– O que piora e o que melhora o seu sintoma?
– Qual a frequência do sintoma?
– Qual a duração?
– Quais são as características do sintoma?
– Quais são os medicamentos que você usa atualmente?
SUGESTÕES DE PERGUNTAS:
– Você possui outras doenças associadas?
– Você já recebeu outros diagnósticos médicos? (tais como: diabetes mellitus,
hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias, neoplasias, alterações renais, alterações
digestivas...)
– Você já fez alguma cirurgia?
– Você já passou por internação hospitalar?
– Você já fez ou está fazendo outro tratamento de saúde atualmente?
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No item “História Familiar” iremos arguir sobre patologias frequentes no âmbito
familiar, bem como um breve histórico de saúde física e mental dos pais, irmãos, avós
e filhos. Nos casos de óbitos, é interessante identificar os fatores causais. Questões
de ordem genética e de hereditariedade, bem como étnicas, são relevantes, devido
aos dados de prevalências de certas patologias em algumas populações.
SUGESTÕES DE PERGUNTAS:
– Existem doenças genéticas ou hereditárias na sua família?
– Como é a saúde dos seus pais e avós?
– Se falecidos, quais foram as causas dos óbitos?
– Seus filhos apresentam alguma condição patológica?
– Existem doenças crônicas na sua família? (tais como: diabetes mellitus,
hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias, neoplasias, alterações renais,
reumatológicas, auto-imunes, digestivas...?)
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relacionamentos, condições de moradia e acessibilidade. Esse tópico trará um
panorama geral sobre o estilo de vida e o ambiente social que cerca o indivíduo, e
possibilita dessa forma uma compreensão ampla sobre o meio o qual o paciente está
inserido.
SUGESTÕES DE PERGUNTAS:
– O que você costuma fazer nas horas vagas?
– Você pratica alguma atividade física ou esporte?
– Onde e com quem você mora?
– Como são as suas condições de moradia e acessibilidade?
– Você tem hábitos como tabagismo, etilismo ou uso de substâncias químicas
para fins recreativos?
SUGESTÕES DE PERGUNTAS:
– Qual é a sua atividade profissional?
– Como é a sua rotina de trabalho? (verificar aspectos posturais, movimentos
repetitivos, estresse físico ou mental)
– Sua queixa tem relação com sua atividade laboral atual ou prévia?
– Já sofreu algum acidente de trabalho?
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Inspeção e palpação da orelha
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avaliação. Por exemplo, manipulação prévia da orelha, luz colorida na sala de
avaliação e acessórios que possam comprimir a orelha.
A cor normal da orelha, depende logicamente da cor da pele do indivíduo. Deve ser
uniforme, sem variações de intensidade, bem como, sem discrepância da cor da pele
do resto do corpo. A mudança de coloração indica desarmonias, doenças ou a zona
do problema. Quando a cor é vermelha, em geral, consideramos um estado Yang de
energia, sendo que quando o vermelho é intenso, vivo e brilhante, pode-se considerar
um estado de excesso energético, fator patogênico de Calor ou fase aguda da
patologia. Além disso, pode indicar processo doloroso inicial na área correspondente.
A foto abaixo, representa um caso de fase aguda com excesso de energia Yang.
Quando existe uma patologia crônica, a orelha pode
apresentar um vermelho pálido. Além, disso a palidez,
ou ausência de sangue, indicam um estado de
deficiência energética. Nas patologias crônicas e
degenerativas é comum encontrarmos essas alterações.
A estagnação energética pode estar associada a
padrões de excesso ou deficiência. No geral, é comum
perceber manchas escuras ou roxas nesses casos. A
energia (Qi) deve circular junto com o sangue (Xue), e se
não há fluxo livre de Qi, a circulação de Xue é afetada, e
a saúde será prejudicada. Sendo assim, a cor violeta ou
arroxeada, indicam estagnação de sangue.
Condições crônicas podem deixar manchas escuras num
tom amarronzado, preto ou cinza. Sendo que a
coloração cinzenta indica patologias mais graves, e
inclusive pode estar associada a processos tumorais.
O processo de inspeção deve ser feito com cautela e não deve gerar conclusões
precipitadas. As informações de cada etapa da avaliação não devem ser vistas de
forma isolada. Assim, todo o processo de avaliação deve ser relacionado com as
queixas e o histórico do paciente verificado na anamnese.
Em muitos casos, existem manchas residuais de processos patológicos antigos, que
são uma espécie de “cicatriz”, uma marca impressa, na área correspondente à doença
prévia e pode não ter relevância clínica.
Com relação ao formato da orelha podemos observar a presença de deformidades e
cicatrizes traumáticas ou cirúrgicas. Indivíduos que praticam esportes de contato
podem apresentar mudanças na conformação auricular. Podemos encontrar ainda,
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alterações relacionadas a constituição e herança genética do indivíduo. Por exemplo,
tamanho, proporção dos acidentes anatômicos e aspecto geral.
No quesito vascularização é relevante observar a presença de vasos sanguíneos
aparentes (vermelhos ou azulados), presença de edema em área específica ou geral
da orelha. Geralmente os sintomas de calor ou excesso, na fase aguda, podem deixar
os vasos mais dilatados e com a coloração avermelhada. Os vasos com aspecto
azulado, têm características de cronicidade dos processos patológicos.
A orelha pode ter alterações epiteliais, tais como: descamações, provenientes de
processos patológicos crônicos; e atividade sebácea aumentada que pode ser um
indicativo de umidade e/ou calor, em fase aguda ou crônica. Inclusive sendo possível
verificar a presença de comedões, pápulas e pústulas.
Na inspeção ainda podemos verificar, alterações morfológicas que serão percebidas
como Nódulos, Cistos ou Cordões. Essas ocorrem quando existem processos
patológicos inflamatórios, geralmente crônicos, associados a estagnação e presença
do fator patogênico de Umidade. Os cordões podem estar associados a condições
patológicas articulares e os nódulos podem trazer uma informação de patologia
degenerativa.
A palpação da orelha deve ser feita de
forma cuidadosa e sistematizada. Deve
obedecer ao sentido de cima para baixo
e de fora para dentro, buscando os
pontos auriculares em todas as regiões.
Ela pode ser realizada com o uso de um
palpador de pressão, ou lápis
exploratório. Esse é um instrumento
com a ponta arredondada, que possui
uma mola, e permite uma palpação
homogênea em todo pavilhão
auricular, como exemplificado na figura
ao lado. Com ele, é possível observar
pontos dolorosos que podem indicar algum tipo de desarmonia energética e
condições patológicas. Vale ressaltar que existem no mercado diversos tipos de
palpadores, com molas de intensidades diferentes. Ao realizar a palpação, ocorre
aumento da circulação, sendo possível visualizar aumento da vascularização local,
bem como a presença de sinais de cacifos e de descamação.
A palpação pode ser classificada em relação a reatividade dolorosa, em três graus:
grau I - o paciente refere dor verbalmente, grau II - o paciente tem uma expressão
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facial de dor e grau III - o paciente apresentará uma reação de retirada, afastando-se
do estímulo doloroso. Para registrar a intensidade da dor de forma quantitativa, o uso
da Escala Visual Analógica (EVA) é uma excelente opção. Nessa escala, usaremos a
referência numérica de zero a dez. Sendo 0: ausência de dor; e 10: dor insuportável.
É importante que se observe a subjetividade do teste, e que ele seja repetido ao longo
do tratamento para acompanhamento da evolução clínica.
Avaliação Energética
Nessa etapa, o Auriculoterapeuta deve observar o paciente diante das bases da
medicina tradicional chinesa. A interpretação das funções dos órgãos e vísceras, trará
uma noção sobre os desequilíbrios que podem culminar numa deficiência, excesso ou
estagnação, bem como padrões associados dessas características. Além disso, é de
fundamental importância entender a influência dos fatores patogênicos externos, e
das emoções, que podem atuar como elementos de geração de síndromes
energéticas.
INSPEÇÃO
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exemplo, cabelos brancos e calvície em indivíduos jovens, demonstram uma
deficiência do meridiano do Rim.
A espessura e o brilho dos cabelos, depende do meridiano do Fígado. Cabelos
opacos e quebradiços indicam deficiência de sangue no Fígado. Por outro lado,
os demais pelos do corpo são mantidos pela energia do meridiano do Pulmão.
INSPEÇÃO DA LÍNGUA
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Ao avaliar a língua iremos verificar principalmente: Tamanho, Forma,
Coloração, Saburra, Umidade e Movimento.
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de deficiência do Qi do Baço. Essas alterações podem influenciar a dicção e a
deglutição do indivíduo.
Uma outra alteração na forma da língua é a presença de rachaduras. Elas podem
sugerir calor cheio ou deficiência de Yin. Rachaduras curtas indicam deficiência do Yin
do Estômago, Rachadura profunda na linha média, chegando até a ponta, indica um
padrão de calor do coração. Quando a rachadura é localizada na linha média, sem
chegar à ponta, indica deficiência de Yin do Estômago. Outra alteração comum é a
língua denteada, cujo aspecto é relacionado ao contato com os dentes, geralmente
por conta do edema causado pela deficiência do Qi do Baço.
A cor normal do corpo da língua deve ser vermelho claro ou rosa, e esse aspecto indica
o estado do sangue do Qi nutritivo e dos órgãos Yin. As alterações de cor estão
classificadas em cinco cores patológicas: Pálida, Vermelho Vivo, Vermelho escuro,
Roxa e Azul.
A cor pálida indica deficiência de Yang, cuja aparência é úmida, ou deficiência de
sangue, onde a língua tende a ficar seca. Quando a língua apresenta um vermelho
vivo, indica a presença de calor. O mesmo acontece se o vermelho for escuro, no
entanto, haverá maior gravidade de sintomas. Se o vermelho é acompanhado de
saburra amarela, existe a condição de calor cheio, quando não apresenta saburra
indica calor vazio.
Toda vez que a língua apresenta uma cor roxa indica a estagnação de sangue. Se a
cor roxa tem um tom mais avermelhado, indica também a presença de Calor, e se a
cor roxa tiver um tom azulado, indica associação de Frio.
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Avaliação dos sistemas / 5 Elementos
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Aplicando o conceito dos 5 elementos no corpo humano, o equilíbrio das energias
corresponde ao estado de saúde plena.
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e emocionais. Além disso, apresentaremos os sintomas referentes a padrões de
desequilíbrios energéticos que são comuns em cada elemento.
FOGO
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Sangramentos e hemorragias contribuem para gerar uma deficiência de Xue do
Coração. Por outro lado, a deficiência do Qi do Baço, que forma o sangue, também
pode levar a uma deficiência que irá afetar o coração.
Quando falamos do Intestino Delgado, os sintomas como borborigmos e flatulência
são relacionados a estagnação de Qi desse meridiano. Diarréias são causadas por
deficiência e Frio, principalmente, pela dificuldade do Intestino em transformar e
separar os alimentos e fluidos. Mediante o fator patogênico do Frio, ocorre a
obstrução energética do Intestino e isso provoca dor abdominal difusa, que alivia com
pressão, e gera desejo de ingerir alimentos quentes. As diarréias podem também
estar associadas a deficiência de yang do Baço, e para diferenciá-las, a presença do
borborigmo e flatulência são determinantes para indicar a disfunção do Intestino
Delgado.
O meridiano do Coração abre-se energeticamente na língua, sendo assim, alterações
na linguagem e comunicação podem ser um sintoma desse meridiano. Geralmente os
quadros de excesso deixam o indivíduo agitado, e como consequência, a fala torna-
se rápida e excessiva, o que iremos chamar de taquilalia. Quando existe a presença
do fator patogênico da Fleuma, o meridiano pode ficar obstruído, impedindo que a
língua se movimente, explicando assim o surgimento de afasias, "fala errolada", ou
fala incoerente, já que a Fleuma pode causar também confusão mental.
TERRA
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O paladar que tonifica esse elemento é o doce. Além disso, alimentos quentes e
secos beneficiam a energia do Baço, enquanto alimentos frios são difíceis de serem
digeridos, pois exigem muita energia, além disso, podem gerar Umidade. O Estômago
se beneficia de alimentos úmidos, como caldos e mingaus. A ingestão exagerada de
carnes, condimentos e álcool causam calor no estômago. A ingestão exagerada de
alimentos crus, vegetais, frutas e bebidas geladas, causam frio no Estômago.
Quando existe deficiência do Qi do Estômago, podem ocorrer alterações como: perda
de paladar, ausência de apetite ou pouca fome, desconforto no epigástrio com dor
ligeiramente ardente, fadiga principalmente pela manhã, e fraqueza dos quatro
membros. Quando há deficiência do Yin do Estômago, pode haver sinais de calor,
sensação de fome, sudorese noturna, calor nos cinco palmos (mãos, pés e tórax),
constipação intestinal e sensação de sede.
A estagnação do Qi do Estômago causada pelas emoções, promovem dor em
queimação, eructações, soluços, náuseas e vômitos. Comer exageradamente pode
também causar estagnação no aquecedor médio, o que impede o Qi do Estômago de
descer, e provoca a retenção de alimentos. Isso também pode provocar a sensação
de distensão do epigástrio.
Padrões de calor no Estômago podem causar dor epigástrica ardente, sede intensa
com vontade de beber líquidos gelados, boca seca, ulcerações na boca com
sangramento gengival, refluxo gastroesofágico, náuseas e vômitos depois de comer,
fome excessiva, e halitose.
Devido a seu trajeto na face, o meridiano no Estômago quando atingido pelo Calor e
Umidade, pode manifestar-se na face amarelada e opaca do paciente. Os sintomas de
sinusite crônica, ou de secreção nasal amarela, também são sinais de Fleuma e Calor
no canal do Estômago.
A deficiência do Qi do Baço, pode ser notada pela fadiga crônica, que se explica pela
dificuldade em nutrir com sangue os quatro membros, ou de transportar os nutrientes
para todo corpo. O Baço apresenta também, a função de controlar o sangue. Quando
ele está em deficiência, pode haver sangramentos, evidenciados na urina e nas fezes,
sangramento uterino excessivo durante a menstruação, ou equimoses, além de
palidez facial. A deficiência de Xue do Baço provoca menstruações escassas ou
amenorréia. O indivíduo com esse padrão de deficiência tem falta de apetite e a
tendência a ser magro.
Além disso, a deficiência energética desse meridiano, pode manifestar-se através de
flacidez muscular, hipotrofia e até mesmo atrofia da musculatura. No tratamento
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estético, é muito importante entender dos aspectos de deficiência do Qi do Baço, uma
vez que a energia dos tecidos de conexão depende do equilíbrio desse meridiano.
Uma grave deficiência do Qi do Baço, pode se manifestar através da sensação de
peso para baixo no abdomem, prolapso do útero, ânus ou bexiga, ptose mamária e
palpebral, devido a flacidez tecidual; além de tendência à obesidade e fadiga.
Padrões de excesso do Baço podem ocorrer com a invasão de Umidade externa,
como por exemplo: questões climáticas ou exposição prolongada a ambientes
úmidos. A Umidade causa sensação de peso devido a obstrução do fluxo de energia e
pode estar acompanhada de Frio ou Calor. A invasão de Umidade-Frio, pode trazer
edemas de membros, sensação de peso na cabeça e no corpo, fezes amolecidas,
sensação de frio no epigástrio e ausência de sede.
Quando existe o padrão de Umidade-Calor, o fator causal pode ser o clima quente e
úmido, ou a ingestão de alimentos contaminados. Provoca sensação de plenitude no
epigástrio, falta de apetite, fezes amolecidas com odor fétido, sensação de ardência
no ânus, urina escassa e escura, suor oleoso, prurido ou erupções cutâneas, e febre
baixa ao longo do dia.
METAL
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que podem gerar um comportamento de isolamento social, negativismo e rigidez com
ele mesmo e com outros ao seu redor.
A energia do elemento metal pode ser tonificada pelo sabor picante. Deve-se evitar
a ingestão excessiva de alimentos crus, frios, gordurosos ou laticínios, para não
acontecer a invasão de Umidade e Fleuma, gerados pelo Baço e armazenados pelo
Pulmão. Nesse caso, o paciente apresentará secreções profusas de escarro.
A deficiência de Qi do Pulmão pode manifestar-se clinicamente através de dispnéia
branda, tosse e voz fraca. Além disso, o paciente apresenta aversão ao falar, pele
pálida e brilhante, tendência a contrair resfriados, e aversão ao Frio.
A tosse é provocada pela incapacidade de descida do Qi do Pulmão quando esse
está em deficiência. Se esse déficit energético acomete o Yin do Pulmão, a tosse é
seca ou com escarro escasso e pegajoso, além de voz rouca e fraca, boca seca e
garganta pegajosa. Se o fator patogênico da Secura está presente, o indivíduo
desenvolve tosse, boca e garganta secas, voz rouca, e pele seca. Quando o fator
patogênico presente é a Umidade, o paciente apresenta tosse com expectoração
profusa, com escarro branco e pegajoso; se há presença de Frio e Fleuma, a tosse
apresenta escarro líquido e branco; se houver Calor e Fleuma, a tosse se torna intensa
com escarro abundante, espesso, de cor amarela ou esverdeada; e nos casos de
Fleuma e Secura, a tosse é seca com expectoração ocasional e com pouco muco. Essa
última ocorre apenas nos idosos, nos casos de processos patológicos prolongados.
Quando o Pulmão é invadido pelo Vento-Frio, a tosse é branda, há coceira na
garganta, pode ocorrer dispnéia, nariz entupido ou escorrendo e espirros.
No sistema respiratório a presença de Umidade e Fleuma, com Calor ou Frio, podem
obstruir o Qi dos pulmões e dessa forma obstruir os orifícios da cabeça (boca, nariz,
ouvidos e olhos) e provocar sintomas como tontura, entorpecimento e sensação de
peso na cabeça. A dificuldade de descensão do Qi do pulmão, causada pela Fleuma e
Calor pode ainda gerar uma sensação de opressão no tórax. O tabagismo também
influencia no surgimento desse padrão, devido ao tabaco ter uma energia quente e
seca.
No Intestino Grosso, deve-se observar as características da evacuação, aspecto das
fezes, além de fatores patogênicos como Frio e Umidade, estresse emocional, e dieta.
Quando há Umidade-Calor no Intestino Grosso, o paciente apresenta dor abdominal
que não alivia com a evacuação, plenitude abdominal, diarréia com muco e sangue,
além de odor fétido nas fezes. Alimentos gordurosos e quentes contribuem para o
surgimento desse padrão de desarmonia energética.
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A energia do Calor isoladamente, pode causar constipação intestinal, com fezes
ressecadas, e sensação de ardência no ânus. Quando o Calor obstrui o meridiano, o
paciente relata distensão e dor abdominal que pioram com pressão, e febre alta. A
invasão de Frio pode ocorrer pela exposição ao ambiente, e pode causar cólicas
súbitas, diarréia com dor, sensação de frio no abdômen e no corpo em geral.
Quando há estagnação de energia do Intestino Grosso, o paciente queixa-se de dor
e distensão abdominal, constipação intestinal com fezes em pedaços, irritabilidade e
piora dos sintomas de acordo com o humor. Esse padrão pode acontecer devido a
hábitos alimentares irregulares e inadequados como por exemplo, comer
apressadamente, comer em pé, ou enquanto faz outras atividades. Além disso, esse
padrão pode estar associado ao Qi do Fígado estagnado, e a fatores emocionais
como irritabilidade, frustração e raiva.
O fator patogênico da Secura pode tornar as fezes ressecadas e de difícil evacuação.
Já o fator patogênico do Frio, pode causar fezes amolecidas e dor abdominal difusa e
borborigmos, além de sensação de membros frios.
A deficiência grave da energia do Intestino Grosso, pode ser manifestada com diarréia
crônica, prolapso anal, hemorróidas, fadiga após evacuar, desconforto abdominal que
alivia com pressão (massagens).
ÁGUA
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enurese, muito comum nas crianças. Além disso, o sentimento de ansiedade e
insegurança também pode afetar os Rins dos infantes. Já nos adultos, o Qi não
descende e sim ascende, principalmente nos casos de estresse emocional prolongado
advindo da ansiedade. Isso gera sintomas de calor vazio, como: boca seca, rubor
malar, inquietude mental e insônia.
Os Rins podem também ser afetados pelo sentimento de culpa. A bexiga também será
afetada pelo medo, além disso é prejudicada pelos sentimentos de desconfiança e
ciúmes. O elemento água deficiente pode ainda provocar apatia e ausência de força
de vontade.
Para manter equilibrada a energia dos Rins e da Bexiga, deve se evitar atividade
sexual excessiva, pois a ejaculação e o orgasmo consomem a energia do Rim. Se a
Bexiga se tornar deficiente energeticamente por esse motivo, podem surgir casos de
noctúria, micções volumosas e frequentes, ou até mesmo incontinência urinária.
A deficiência da energia do Rim, pode manifestar-se como dor lombar, dor nos
joelhos, sensação de frio nestas regiões e em todo o corpo, fadiga, apatia, edema nas
pernas e urina abundante. Na deficiência do Yang do Rim, a urina é clara, o paciente
sofre de impotência, ejaculação precoce, infertilidade feminina, contagem baixa de
espermatozoides, e redução da libido. Para evitar esse quadro, o paciente não deve
realizar a ingestão exagerada de alimentos crus e frios. O paladar Salgado tem a
capacidade de tonificar a energia da Água.
Na deficiência do Yin do Rim, a urina é escassa e escura, os homens sofrem de
poluções noturnas, as mulheres sofrem com as ondas de calor da menopausa, e a
presença de calor vazio promove o calor dos cinco palmos (mãos, pés e tórax). O
paciente pode ainda desenvolver tontura, tinido e memória fraca, devido à baixa
nutrição energética do sistema nervoso pelo meridiano do Rim.
Nos casos de deficiência grave do Qi do Rim, é possível observar gotejamento após
urinar e jato de urina fraco. O paciente relata sensação de peso pra baixo no
abdômen, e pode ocorrer prolapso de útero e leucorréia nas mulheres.
A presença de ardência ao urinar pode indicar Umidade e Calor no meridiano da
Bexiga, o que causa também micções frequentes e urgência urinária. Quando o
paciente reclama de micções difíceis e urgentes, e com urina turva e clara, é sinal de
Umidade e Frio no meridiano da Bexiga.
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MADEIRA
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paciente apresenta suspiros frequentes, com o intuito de liberar a estagnação do Qi
do tórax.
Quando a estagnação promove a geração de calor, as menstruações se tornam
volumosas além de irregulares, o indivíduo tem tendência a ter picos de raiva. Nos
casos de estagnação de sangue, existem coágulos escuros e a menstruação se torna
dolorosa, podendo ocorrer inclusive, infertilidade, formação de massas no abdômen,
vômitos com sangue, unhas, lábios e pele arroxeados ou escuros, com formação de
petéquias.
Quando existe um Calor cheio, podemos chamar de Fogo do Fígado, e este padrão
remete a uma ascenção da energia Yang para a cabeça. Justificando assim, sintomas
como cefaléia temporal, face e olhos avermelhados, tontura, sono perturbado por
sonhos, e acentuação dos sintomas emocionais. Além disso, o Fogo do Fígado pode
ressecar os fluídos corporais, provocando constipação intestinal, com fezes secas e
urina escura. Em alguns casos, o Fogo do Fígado pode ainda aquecer o sangue e
promover o seu extravasamento através de epistaxe, hematêmese e hemoptise.
Nos casos de Calor associado a Umidade, podemos verificar sensação de plenitude
abdominal, e devido a sua densidade elevada, a Umidade descende e gera sintomas
genitais como por exemplo edemas e eczemas. Além disso, secreção vaginal
amarelada, prurido, feridas genitais, eritema e edema na bolsa escrotal.
A deficiência de sangue do Fígado pode causar sintomas como amenorréia ou
menstruação escassa, fraqueza muscular e fragilidade tendínea, dormência nos
membros, câimbras, visão turva, unhas esbranquiçadas e quebradiças, além de
cabelos secos.
Os pacientes com relato de sensação de gosto amargo na boca e incapazes de digerir
alimentos gordurosos, podem estar sendo acometidos por Umidade e Calor na
Vesícula Biliar. Além disso, haverá sensação de peso e dormência nos membros e
plenitude abdominal.
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para baixo. O uso desse recurso pode ser personalizado pelo profissional, nós por
exemplo, além das legendas, usamos pequenas anotações ao lado de cada elemento,
para destacar um determinado sintoma ou informação relevante.
Conclusão Diagnóstica
Ao fim da avaliação, teremos uma grande quantidade de dados a serem
correlacionados e interpretados a fim de chegar a uma conclusão diagnóstica dos
desequilíbrios energéticos do paciente.
Exemplo 1: Ao avaliar um paciente com queixas de ansiedade, falta de concentração,
além de distensão abdominal e soluços persistentes, ponta da língua vermelha, e dor
ao palpar o centro da concha cava da orelha esquerda, podemos concluir que: o
paciente apresenta sinais de excesso e Calor no meridiano do Coração, associado a
estagnação do meridiano do Estômago.
Exemplo 2: Ao avaliar um paciente que apresentou quadro de tendinites, tremores,
fraqueza muscular, com língua arroxeada nas laterais, palpação dolorosa nos pontos
Fígado, Vesícula Biliar, e ápice da orelha direita, podemos concluir que: o paciente
apresenta estagnação de energia no meridiano do Fígado, com sinais de invasão de
vento.
O ideal é identificar as alterações mais importantes, os sintomas predominantes de
cada elemento, e como esses influenciam os outros elementos. É importante definir
quais meridianos estão em excesso, deficiência, estagnação ou harmonizados. A
partir da interpretação desses dados, a escolha terapêutica será mais objetiva.
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Agradecemos a todos que colaboraram na produção deste
e-book e, em especial, a você, que busca um aprimoramento
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Anexo 01: Modelo de ficha de Avaliação
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Anexo 02: Modelo de Folha de Evolução
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