Você está na página 1de 3

TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS

Psicopatologia: em acepção mais ampla, pode ser 3 Tipos De Fenômenos Humanos:


definida como o conjunto de conhecimentos referentes
 Fenômenos semelhantes em todas ou quase
ao adoecimento mental do ser humano. É um
conhecimento que se esforça por ser sistemático, todas as pessoas. (fome, sede ou sono)
 Fenômenos em parte semelhantes e em parte
elucidativo e desmistificante.
diferentes. (tristeza, normal x depressiva)
 Ciência foi criada por Jeremy Benthon (1817).  Fenômenos qualitativamente novos, distintos
das vivências normais. (alucinações e delírios)

Psicopatologia E A Medicina: ramo da medicina que


tem como objetivo fornecer a referência, a classificação
e a explicação para as modificações do modo de vida,
do comportamento e da personalidade de um indivíduo,
que se desviam da norma e/ou ocasionam sofrimento e
são tidas como expressão de doenças mentais.
Etimologicamente:
 Psico (Psyché) – alma, psiquismo e mente.
 Pato (Páthos) – sofrimento, doença, razão.
Abordagens Psicopatologia: as abordagens são
 Logia (Logos) – estudo, discurso, ciência.
múltiplas e possuem diferentes referências teóricas. O
fenômeno psicopatológico convoca multiplicidade de
Três campos de significação: passividade (sofrer ação enfoques e de referências teóricas que devem dialogar
sem qualquer papel na determinação), sofrimento e entre eles, para a construções de um diagnóstico e
padecimento (“a paixão de Cristo”), âmbito da paixão e tratamento adequados.
do passional (emoções arrebatadoras insubordinadas à
razão).  Impor uma solução simplista e artificial
deformaria o fenômeno psicopatológico.
Psicopatologia e Ciência: é uma ciência que ajuda a
explicar os transtornos de desenvolvimento, seus  A psicopatologia tem à avançar no debate das
sintomas, suas formas de ocorrência e os primeiros diferenças conceituais e teóricas.
caminhos para o diagnóstico, assim auxiliar no decorrer
do tratamento do indivíduo depois ter o diagnóstico
identificado. Semiologia: em sentido geral é a ciência dos signos. É
Área De Investigação: investiga como se desenvolvem campo de grande importância para o estudo da
os transtornos e as doenças manifestadas em alguns linguagem e de todos os campos de conhecimento e de
sujeitos no decorrer da vida; atividades humanas que incluam a interação e a
comunicação entre dois interlocutores por meio de
Objetivo: estudo da dimensão psíquica do sujeito, a sistemas de signos.
psicopatologia corresponde a ciência que investiga o
fenômeno psíquico patológico Semiologia Psicopatológica: é o estudo dos sinais
e sintomas dos transtornos mentais. A semiologia e
Limites Da Psicopatologia: consistem precisamente a psicopatologia tratam particularmente os signos
em nunca se poder reduzir por completo o ser humano que indicam a existência de transtornos e patologias
a conceitos psicopatológicos. Não se pode compreender
ou explicar tudo o que existe em um ser humano por Semiologia Médica: é o estudo dos sintomas e dos
meio de conceitos psicopatológicos. sinais das doenças, o qual permite ao profissional da
“Ao investigarmos a psicopatologia como uma ciência capaz de saúde identificar alterações físicas e mentais,
ordenar os fenômenos observados, formular
estudar a doença mental, suas causas, suas mudanças
diagnósticos e empreender terapêuticas.
estruturais e suas formas de manifestações, aponta que ela
pode ser definida como um conjunto de conhecimentos
referente ao adoecer mental do ser humano.”
TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS

3 Campos Distintos No Interior Da Os SINAIS, por sua vez, são definidos como sinais
Semiologia: comportamentais objetivos, verificáveis pela
observação direta do paciente pelo examinador (sinal de
 Semântica: responsável pelo estudo das Romberg, sinal de Babinski, etc.).
relações entre os signos e os objetos a que se
referem;
 Sintaxe: que compreende as regras e leis que
Divisões da Semiologia
regem as relações entre os vários signos de um
sistema;  Semiotécnica: refere-se a observação e coleta
 Pragmática: que se ocupa das relações entre os de sintomas, através da entrevista direta com o
signos e seus usuários, os sujeitos que os paciente, seus familiares e demais pessoas
utilizam concretamente, em situações e com as quais convive.
contextos sociais e históricos do dia a dia.
 Semiogênese: é o campo de investigação da
origem, dos mecanismos de produção, do
“O signo é o elemento nuclear da semiologia. Os signos de significado e do valor diagnóstico e clínico dos
maior interesse para a psicopatologia são os sinais sinais e sintomas.
comportamentais e os sintomas”
SÍNDROMES E ENTIDADES NOSOLÓGICAS
(TRANSTORNOS ESPECÍFICOS)
O SIGNO é um tipo de sinal. Define-se sinal como
Na prática clínica, os sinais e os sintomas não ocorrem
qualquer estímulo emitido pelos objetos do mundo (ex. de forma aleatória; surgem em certas associações, certos
a fumaça, a cor vermelha, etc.). O signo é um sinal clusters (agrupamentos) mais ou menos frequentes.
especial, constituído dois elementos:
Definem-se, portanto, as SÍNDROMES como
 Significante: que é o suporte material, o agrupamentos relativamente constantes e estáveis de
veículo do signo; determinados sinais e sintomas.
 Significado: é aquilo que é designado e que
está ausente, o conteúdo do veículo.  A síndrome é um conjunto momentâneo e
recorrente de sinais e sintomas
Há três tipos de signos:
Em geral, quando se estudam os SINTOMAS
Ícone: no qual o elemento significante evoca
imediatamente o significado, graças a uma grande PSICOPATOLÓGICOS, dois aspectos básicos do
semelhança entre eles, como se o significante fosse uma sintoma devem ser enfocados:
“fotografia” do significado (O desenho esquemático no
 Forma: isto é, sua estrutura básica,
papel de uma casa pode ser considerado um ícone do
relativamente semelhante nos diversos
objeto casa);
pacientes e nas diversas sociedades (a forma
Indicador ou índice: a relação entre o significante e o “alucinação”, “delírio”, “ideia obsessiva”,
significado é de contiguidade; o significante é um “fobia”, etc.),
índice, algo que aponta para o objeto significado.  Conteúdo: aquilo que preenche a alteração
Assim, uma nuvem é um indicador de chuva, e a estrutural (o conteúdo de culpa, religioso, de
fumaça, de fogo. perseguição, de um delírio, de uma alucinação
Símbolo: um tipo de signo totalmente diferente, nele o ou de uma ideia obsessiva, por exemplo).
elemento significante e o objeto ausente (significado) Segundo, KARL BIRBAUM: a forma dos sintomas se
são distintos em aparência e sem relação. Não há
qualquer relação direta entre eles. Entre o conjunto de relaciona ao que ele chamou de PATOGÊNESE, que
letras agrupadas “C-A-S-A” e o objeto “casa” não existe representa o processo de como os diferentes sintomas
qualquer semelhança (visual ou de qualquer outro tipo), da psicopatologia se formam e se estruturam. À
o que constitui uma relação totalmente convencional. configuração e preenchimento dos conteúdos dos
TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS

sintomas, ou seja, como a forma é preenchida pelos trabalhar operacionalmente com esses
conceitos, aceitando as consequências de tal
temas específicos, denominou PATOPLASTIA.
definição prévia.
“a forma (patogênese) seria mais geral e universal, comum a
todos os pacientes, em todas ou quase todas as culturas,
enquanto o conteúdo (patoplastia) seria algo bem mais pessoal,
dependendo da história de vida singular do indivíduo, de seu
universo cultural específico e da personalidade e cognição
prévias ao adoecimento.”

Critérios de normalidade: Há vários e distintos critérios


de normalidade e anormalidade em medicina e
psicopatologia. Os principais critérios de normalidade
utilizados em psicopatologia são:
 Normalidade como ausência de doença O
primeiro critério que geralmente se utiliza é o
de saúde como “ausência de sintomas, de sinais
ou de doenças”. Aquele indivíduo que
simplesmente não é portador de um transtorno
mental definido.
 Normalidade ideal: Tal norma é, de fato,
socialmente constituída e referendada.
Depende, portanto, de critérios socioculturais e
ideológicos arbitrários e, às vezes, dogmáticos
e doutrinários.
 Normalidade estatística: A normalidade
estatística identifica norma e frequência. Trata-
se de um conceito de normalidade que se aplica
especialmente a fenômenos quantitativos, com
determinada distribuição estatística na
população geral.
 Normalidade como bem-estar: A
Organização Mundial da Saúde (WHO, 1946)
definiu, em 1946, a saúde como o “completo
bem-estar físico, mental e social”, e não
simplesmente como ausência de doença.
 Normalidade funcional: Tal conceito baseia-
se em aspectos funcionais e não
necessariamente quantitativos. O fenômeno é
considerado patológico a partir do momento em
que é disfuncional e produz sofrimento para o
próprio indivíduo ou para seu grupo social.
 Normalidade subjetiva: Aqui, é dada maior
ênfase à percepção subjetiva do próprio
indivíduo em relação a seu estado de saúde, às
suas vivências subjetivas.
 Normalidade como liberdade: Dessa forma, a
saúde mental se vincularia às possibilidades de
transitar com graus distintos de liberdade sobre
o mundo e sobre o próprio destino.
 Normalidade operacional: Define-se, a priori,
o que é normal e o que é patológico e busca-se

Você também pode gostar