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Vincent Mancini, um homem branco e solteiro de 26 anos, foi levado para uma

avaliação ambulatorial por seus pais porque eles estavam angustiados com
seus sintomas. Desde os 13 anos, ele sempre havia se preocupado com sua
pele “cheia de cicatrizes”, seu cabelo “escasso”, suas orelhas “assimétricas” e
sua constituição física “magricela” e “muscularmente inadequada”. Embora
tivesse uma aparência normal, o sr. Mancini estava totalmente convencido de
que era “feio e medonho” e acreditava que as outras pessoas falavam dele e o
ridicularizavam por causa de sua aparência. Ele passava de 5 a 6 horas por dia
verificando compulsivamente as áreas do corpo das quais não gostava na
frente de espelhos e de outras superfícies refletoras, como janelas, arrumando
excessivamente o cabelo para “criar uma ilusão de volume”, puxando as
orelhas na tentativa de “deixá-las parelhas” e comparando sua aparência com a
de outras pessoas. Ele beliscava a pele compulsivamente, às vezes usava
aparelhos de barba, na tentativa de “limpá-la”. Levantava pesos todos os dias e
regularmente vestia várias camadas de camisetas para parecer maior. Quase
sempre usava um boné para esconder o cabelo. Havia recebido tratamento
dermatológico devido às preocupações com a pele, mas achava que não
surtira efeito. O sr. Mancini perdeu vários meses de aula quando estava no
ensino médio porque estava preocupado demais para fazer o dever de casa, se
sentia obrigado a sair da sala de aula para se olhar no espelho e constrangido
demais por ser visto pelos outro. Por esses motivos, não conseguiu frequentar
a faculdade. Retraiu-se socialmente e não namorava “porque nenhuma garota
iria querer namorar alguém tão feio como eu”. Ele considerava suicidar-se
frequentemente porque achava que não valia a pena viver “com essa aparência
esquisita” e porque se sentia isolado e ignorado devido à sua “feiura”. Seus
pais manifestaram preocupação com os seus “arroubos violentos”, que
ocorriam quando ele se sentia particularmente zangado e angustiado com sua
aparência ou quando tentavam afastá-lo do espelho. O sr. Mancini relatou
humor deprimido, anedonia, desvalia, má concentração e ideação suicida,
atribuindo todos esses sintomas às suas preocupações com a aparência. Com
o intuito de se automedicar para lidar com o sofrimento causado por sua
aparência, consumia álcool e maconha. Usava proteína em pó para “criar
músculos”, mas negou o uso de esteroides anabolizantes ou outros fármacos
de intensificação de desempenho e todas as substâncias de abuso. Sofrera de
ansiedade angustiante e problemática em situações sociais no final da
adolescência, o que ele atribuía ao fato de se sentir “burro”, mas negou
ansiedade social recente. Ele não tinha história médica significativa e não
estava tomando medicamentos. Sua mãe tinha transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC). O sr. Mancini estava bem-vestido, bem -cuidado e usava
um boné. Ele não apresentava nenhum defeito físico óbvio. Seu contato visual
era escasso. Estava orientado e sua cognição estava amplamente preservada.
Seu afeto era irritável; seu humor, deprimido com ideação suicida passiva. Ele
não tinha anormalidades psicomotoras; seu discurso estava normal. Estava
totalmente convencido de que era feio, mas não tinha outros sintomas
psicóticos. Acreditava que seus “defeitos” na aparência eram reais e não
atribuíveis a um transtorno psiquiátrico.
DIAGRAMA
Dados Relevantes da Infância – Desde os 13 anos, ele sempre havia se
preocupado com sua pele “cheia de cicatrizes”, seu cabelo “escasso”, suas
orelhas “assimétricas” e sua constituição física “magricela” e “muscularmente
inadequada”.
Crenças Central
1: Sou feio, inadequado (DESVALOR).
2: Sou feio, defeituoso (DESVALOR).
3. Sou feio, incapaz de ser gostado (DESAMOR).
4. Sou fraco, feio. (DESVALOR)
5. Sou esquisito, indesejável (DESAMOR).
6: Sou burro. (DESVALOR).

Suposições condicionais/ crenças/ regras


1: Se eu não me arrumar, então serei inadequado para as outras pessoas.
2: Se eu não me arrumar, então serei defeituoso para mim mesmo.
3: Se eu não me arrumar, então serei incapaz de ser gostado por alguém.
4: Se eu me olhar várias vezes no espelho, posso então me arrumar para
esconder minha má aparência.
5: - Se eu não me expor frente outras pessoas e principalmente moças, então
posso não ser desprezado por outros e levar um “fora” de uma moça.
6: Se eu me recordar da minha adolescência, então me lembrarei de que sou
“burro”.

Estratégias Compensatórias
Perdeu vários meses de aula quando estava no ensino médio porque estava
preocupado demais para fazer o dever de casa, se sentia obrigado a sair da
sala de aula para se olhar no espelho e constrangido demais por ser visto pelos
outro.
Usava proteína em pó para “criar músculos”,
Com o intuito de se automedicar para lidar com o sofrimento causado por sua
aparência, consumia álcool e maconha.
Situação 1 -sair da sala de aula
Situação 2- usar proteína
Situação 3- consumir álcool e maconha
Pensamento automático (P.A.)- “Tenho que sair daqui para me ver no
espelho”./ “Tenho que tomar essa proteína para criar musculo” / Tenho que
consumir álcool e maconha para poder lidar com a minha feiura”
Significado do PA - Sou defeituoso (DESVALOR) / Sou inadequado
(DESVALOR) / Sou incapaz de ser gostado (DESAMOR)
Emoção - Frustação/Desgosto; Desapontamento/Raiva ;
Angustia/Preocupação
Comportamento- Não assistia aula. / Faz uso da proteína, pois não se sente
satisfeito com ele mesmo. /Se sente incapacitado, usando álcool e maconha
para suprir a feiura.

Resumo de caso

Dados de identificação: Vincent Mancini, um homem branco e solteiro de 26


anos
Queixa principal: Auto estima baixa, sempre preocupando com sua pele, seu
cabelo, suas orelhas e sua constituição física.
História da doença atual: Desde os 13 anos, ele sempre havia se preocupado
com sua pele “cheia de cicatrizes”, seu cabelo “escasso”, suas orelhas
“assimétricas” e sua constituição física “magricela” e “muscularmente
inadequada”. Embora tivesse uma aparência normal, o sr. Mancini estava
totalmente convencido de que era “feio e medonho” e acreditava que as outras
pessoas falavam dele e o ridicularizavam por causa de sua aparência.
Sintomas emocionais: deprimido, anedonia, desvalia
Sintomas cognitivos: Dificuldade de concentração ou atenção.
Sintomas comportamentais: afastamento social
Sintomas fisiológicos: nenhum

História pessoal e social:


Desde os 13 anos, ele sempre havia se preocupado com sua pele “cheia de
cicatrizes”, seu cabelo “escasso”, suas orelhas “assimétricas” e sua
constituição física “magricela” e “muscularmente inadequada. perdeu vários
meses de aula quando estava no ensino médio porque estava preocupado
demais para fazer o dever de casa, se sentia obrigado a sair da sala de aula
para se olhar no espelho e constrangido demais por ser visto pelos outro. Por
esses motivos, não conseguiu frequentar a faculdade. Retraiu-se socialmente e
não namorava “porque nenhuma garota iria querer namorar alguém tão feio
como eu”.
História médica: Vincent Mancini não teve nenhum problema médico que
tenha influenciado seu funcionamento psicológico ou o processo de tratamento.
Verificação do estado mental: Estava orientado e sua cognição estava
amplamente preservada.
Diagnósticos do DSM-IV-TR: Conforme o
DSM-5, ele tem transtorno dismórfico corporal (TDC).

Referências:
Barnhill, John W. Casos clínicos do DSM-5 [recurso eletrônico] / John
W.Barnhill ; tradução : Régis Pizzato ; revisão técnica: GustavoSchestatky. –
Porto Alegre : Artmed, 2015.
Beck, judith S. Terapia cognitivo-comportamental : teoria e prática / Judith s. beck ;
tradução: Sandra Mallmann da Rosa : revisão técnica: Paulo knapp, Elisabeth Meyer.

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